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02. JURISDIÇÃO

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JURISDIÇÃO
1. Conceito
É função atribuída a terceiro imparcial [...]
Impartialidade: Alguém que é estranho ao problema decidido. Por isso que se diz que a jurisdição é um exemplo de heterocomposição, ou seja, uma composição feita por outra pessoa. Já a autocomposição é quando os próprios conflitantes resolvem o problema. Essa condição de um juiz ser um terceiro, portanto um estranho, tem um nome pedante que precisamos constar. Fala-se que esse atributo de ser terceiro em relação à causa se chama imparTialidade (circunstância do juiz não ser parte).
Obs. – O exercício da jurisdição é monopólio do Estado? No Brasil NÃO! Existe a jurisdição arbitral, que é heterocompositiva e não Estatal. Mas só há essa possibilidade porque o próprio Estado autoriza. O Estado detém a jurisdição mas pode autorizar que entes privados a exerçam. O exercício, portanto, não é monopólio. A jurisdição é sim monopólio do Estado.
*#INF. 568 - STJ
O art. 32 da Lei nº 9.307/96 elenca hipóteses nas quais a sentença arbitral é nula. Essa nulidade é declarada pelo Poder Judiciário. Verificando alguma das situações do art. 32, a parte interessada poderá propor ação de declaração de nulidade da sentença arbitral. A ação de declaração de nulidade deve ser proposta em, no máximo, 90 dias após o recebimento da notificação da sentença arbitral. Imagine agora a seguinte situação: em fevereiro de 2014 foi proferida sentença arbitral parcial; em abril de 2014, foi prolatada sentença arbitral final. Suponhamos que a parte interessada deseja anular a sentença arbitral parcial. O prazo para a ação anulatória começou a correr em fevereiro ou em abril? Em fevereiro. O prazo decadencial de 90 dias para o ajuizamento de ação anulatória (art. 33, § 1º, da Lei nº 9.307/96) em face de sentença arbitral parcial conta-se a partir do trânsito em julgado desta (sentença parcial), e não do trânsito em julgado da sentença arbitral final. Obs: neste julgado o STJ afirmou que, mesmo antes da alteração promovida pela Lei 13.129/2015, era possível a prolação de sentença arbitral parcial, especialmente na hipótese de as partes signatárias assim convencionarem. STJ. 3ª Turma. REsp 1.519.041-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 1º/9/2015 (Info 568). 
- Sentença arbitral parcial é aquela na qual o árbitro, em definitivo (ou seja, finalizando a arbitragem na extensão do que restou decidido), resolve parte da causa, com fundamento na existência ou não do direito material alegado pelas partes ou na ausência dos pressupostos de admissibilidade da tutela jurisdicional pleiteada (Min. Marco Aurélio Bellizze).
Substitutividade: Outra característica da jurisdição é a substitutividade (Chiovenda diz que essa é a principal característica da jurisdição). O órgão julgador quando decide ele substitui a vontade das partes pela vontade dele.
Imparcialidade: Circunstância do juiz ser desinteressado. Não basta ser terceiro; tem de ser terceiro E imparcial. Neutralidade é outra coisa. O juiz não pode ser neutro. É impossível. Todo mundo é um conjunto de experiências, de circunstâncias. Imparcial é conseguir revelar um desinteresse na causa,mesmo tendo em vista todas as suas circunstâncias 
Obs.: encaixam-se nesse aspecto os tribunais administrativos das agências reguladoras, fugindo, no entanto, do conceito de jurisdição por suas decisões não terem definitividade. Podem ser revistas pelo Poder Judiciário.
[...] para, mediante um processo [...]
O exercício da jurisdição não é instantâneo, consistindo o processo em pressuposto para que seja exercida. Não é qualquer processo, e sim um processo devido, com todos os atributos deste princípio. 
[...] reconhecer, proteger ou efetivar [...]
É o que se espera da jurisdição. 
[...] situações jurídicas (direitos) concretamente deduzidas. 
Juiz não é filósofo para indagar sobre questões abstratas. O juiz é chamado a resolver um caso concreto, real, específico. A jurisdição é exercida por encomenda. 
Obs.1: E em uma ADIN? A própria inconstitucionalidade da lei é um fato concreto. Mesmo nos processo de controle concentrado de constitucionalidade há um caso concreto a ser resolvido. 
Obs.2: O que se pode discutir é se esse caso concreto tem de ser sempre uma lide. Lide é um conflito. Jurisdição sempre se exerce sobre lide? NÃO! Esta é apenas a situação mais comum. Jurisdição sempre se desenvolve numa situação jurídica, seja ela contenciosa ou não. Ex.: alteração do nome não é lide. 
[...] de modo imperativo e criativo [...]
Imperativo: A jurisdição é um ato de poder, de império. O juiz decide, impõe. Por isso que se diz que a jurisdição é inevitável, no sentido de que ninguém pode escapar da jurisdição (“não aceito ser réu”). 
Criativo: O exercício da jurisdição é como qualquer atividade interpretativa criativa. O juiz exerce sua criatividade, todavia, limitada por dois fatores:
(1) De um lado, o juiz se limita pelo CASO. A criatividade será sobre aquele caso que lhe foi submetido. Ele não pode decidir, ser imperial em relação a problemas que não lhe foram submetidos. 
(2) Outro limite é o DIREITO OBJETIVO. O juiz não pode negar o direito e decidir em conformidade unicamente com a sua vontade. Ele pode interpretar o direito de uma forma “x”, mas não pode deixá-lo de lado.
Obs. – Dupla dimensão da criatividade: a criatividade judicial se revela em duas dimensões; na primeira, o juiz determina a norma jurídica que vai regular o caso. Na segunda, cabe ao órgão judicial criar um padrão de solução para casos futuros semelhantes (precedente). Quando o juiz julga um caso, ele cria uma norma para aquele feito e cria modelos para casos futuros. Isso ocorre com qualquer decisão judicial. 
[...] em decisão insuscetível de controle externo [...]
Atos administrativos e legislativos não podem controlar a jurisdição. Uma lei não pode afetar a coisa julgada. O ato judicial só é controlado judicialmente (recorribilidade). É uma característica muito marcante da jurisdição, pois ela pode controlar ato normativo (lei) e administrativo, mas não pode ser controlada por eles.
[...] e com aptidão para a coisa julgada
A coisa julgada é um tipo de estabilidade somente alcançável pelo ato jurisdicional. Coisa julgada administrativa é metáfora, é apenas uma preclusão no âmbito administrativo.
	Jurisdição é função atribuída a terceiro imparcial para, mediante um processo, reconhecer, proteger e efetivar situações jurídicas concretamente deduzidas, de modo imperativo e criativo, em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para a coisa julgada.
*#OUSESABER: Jurisdição, no conceito tradicional, é o poder atribuído a autoridade judiciária de dizer o direito de modo imperativo através de decisões insuscetíveis de controle externo e com aptidão de se tornarem indiscutíveis. Já a jurisdição condicionada, também chamada de instância administrativa de curso forçado, é a imposição do exaurimento das instâncias administrativas previamente ao ajuizamento da ação. O acesso à jurisdição é uma garantia fundamental assegurada no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. O texto constitucional não impõe qualquer ressalva ou restrição ao acesso à jurisdição, assim as imposições que restrinjam esta garantia devem ter previsão constitucional ou passarem pelo crivo da proporcionalidade e respeitarem os princípios da máxima efetividade e mínima restrição dos direitos fundamentais. O único exemplo de jurisdição condicionada na Constituição está previsto no artigo 217, parágrafo primeiro, o qual determina o prévio esgotamento das instâncias da justiça desportiva para que seja possível o ajuizamento de ações que envolvam lides esportivas. Outros dois exemplos de jurisdição condicionada são encontrados na jurisprudência do STF e STJ, são eles: a constitucionalidade da necessidade de recusa administrativa ao acesso ou retificação da informação para que seja impetrado Habeas Data (HD 87 AgR, rel. a Min. CarmemLúcia, j. em 25/11/2009) e a prévia negativa do pedido de benefício previdenciário ou omissão na análise do requerimento pelo INSS por mais de 45 dias, cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que nesses casos o requerimento administrativo prévio somente será dispensado se a pretensão fundada em tese notoriamente rejeitada pelo INSS, quando será dispensado o requerimento administrativo prévio.
2. Equivalentes jurisdicionais
Consistem em meios de solução de conflitos não jurisdicionais. Por isso são chamados de equivalentes. 
Autotutela
Na Autotutela, um dos conflitantes impõe a solução do conflito ao outro. Por consistir em forma de se promover ajustiça com as próprias mãos, é excepcional, podendo configurar, inclusive, crime. Mas se admite, em alguns casos, a autotutela. Ex.: legítima defesa, o direito de greve, a guerra, o desforço incontinenti (possibilidade de o possuidor poder reagir imediatamente a uma violência a sua posse), possibilidade que a administração pública tem de executar/efetivar suas próprias decisões.
Autocomposição
É a solução negocial do conflito. O conflito é resolvido consensualmente entre os conflitantes. Não é uma solução imposta, mas acordada. A autocomposição é bastante incentivada, pois gera um índice de efetividade maior. No Brasil há uma política pública nacional de estímulo à autocomposição. Todos os poderes devem implementar essa política. Legislativo tem de elaborar leis que incentivem a autocomposição (ex.: divórcio cartorário, câmaras administrativas para resolução de conflitos com a Administração). O Judiciário também cumpre um papel importante nessa política nacional. O juiz tem o dever de tentar conciliar as partes. O CNJ se transformou em órgão com competência para implementar essa política no âmbito do judiciário, através da Resolução 125,que implementa essa política nacional no âmbito do poder judiciário. Essa resolução obriga os Tribunais a criar os seus centros de solução de conflitos com pessoas treinadas para isso. Tem de haver um conjunto de técnicas; falar com clareza, de forma simples; roupas compatíveis com as pessoas litigantes; o ambiente deve ter cores claras; mesa redonda. 
Obs.1 – Princípio de promoção da autocomposição pelo Estado (art. 3o, §2o, NCPC)
Obs.2 – Lei 13.140/2015: A Autocomposição hoje é vista enquanto regra no ordenamento jurídico. Reforça-se, com este método, a autonomia do jurisdicionado.
Obs.3 – A sigla em inglês “A.D.R.”, que significa alternative dispute resolution, refere-se a toda forma de solução (alternativa) de conflito, distinta da jurisdição estatal. A autocomposição é a grande estrela desta sistemática.
A autocomposição pode ser classificada de várias maneiras:
a) Judicial ou Extrajudicial. 
Se foi celebrada perante o juiz ou fora do processo. A autocomposição extrajudicial gera um título executivo extrajudicial ou ela pode ser homologada pelo juiz, quando passa a ser título executivo judicial. Os termos de ajustamento de conduta(TAC’s) celebrados para a solução de problemas coletivos são exemplos de autocomposição extrajudicial, que têm caráter de título executivo. Os mediadores/conciliadores serão essencialmente cadastrados e facultativamente concursados (servidores públicos). As partes podem escolher consensualmente conciliador e mediador.
Obs.: a conciliação e a mediação judiciais encontram-se totalmente reguladas no NCPC e na Lei n. 13.140/2015. Apesar de poderem ocorrer a qualquer momento, a exigência é feita já antes da apresentação da contestação.
b) Transação, Renúncia ou Reconhecimento.
Na Transação, há concessões recíprocas. Na Renúncia, quem pleiteia abdica. No Reconhecimento, aquele a quem se imputa um dever reconhece que deve. 
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como: 
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública; 
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública; 
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
[...]
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
 Arts. 32 a 40, da Lei 13.140: disciplina a autocomposição promovida pelo Poder Público.
c) Sem ou com a participação de terceiro
O terceiro é aquele que dispõe de técnicas que auxiliam/catalisam o êxito da solução. É apenas uma ajuda. Não deixa de ser autocomposição. Quando a autocomposição pressupõe a existência de terceiro como facilitador/catalisador, fala-se em conciliação e mediação, que são técnicas pelas quais um terceiro auxilia as partes a construir a solução do seu problema, mas as partes é quem fazem a composição. 
Obs. – Qual a diferença entre conciliação e mediação? É uma diferença técnica. A conciliação parte de uma técnica mais agressiva, participativa, incisiva, ativa. E, por isso, fala-se que a conciliação é recomendável para conflitos entre pessoas que não mantinham uma relação prévia. São os chamados conflitos episódicos(ex.: acidente de trânsito). O conciliador pode propor soluções. Já a mediação se restringe à facilitação, à interlocução. O mediador não pode propor soluções, sob pena de quebrar a confiança que as partes têm nele, por isso a mediação é recomendada para resolver conflitos entre pessoas que já mantinham uma relação duradoura/permanente(ex.: relações conflituosas societárias, de família, entre vizinhos). O mediador tem que ter a confiança clara de que não está favorecendo ninguém. Já a arbitragem é a jurisdição privada (heterocomposição).
Arts. 165-175, do NCPC
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. 
[...]
§ 2oO conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que nao houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. 
§ 3oO mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. 
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. 
Art. 2o, da Lei 13.140/2015 - A mediação (e a conciliação) será orientada pelos seguintes princípios: 
I - imparcialidade do mediador; 
II - isonomia entre as partes; 
III - oralidade; 
IV - informalidade; 
V - autonomia da vontade das partes; 
VI - busca do consenso; 
VII - confidencialidade; 
VIII - boa-fé. 
 Princípios que regem a conciliação/mediação:
a) Independência;
b) Imparcialidade: aplicam-se as mesmas regras da magistratura;
c) Autonomia da vontade: as partes, junto aos conciliadores/mediadores, podem fixar, inclusive, que normas regerão o procedimento autocompositivo;
d) Confidencialidade: dever de sigilo;
Art. 166. [...]
§ 1oA confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. 
§ 2oEm razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgarou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação. 
e) Oralidade e Informalidade: a linguagem utilizada pelo conciliador deve ser simples, coloquial, direta, acessível às partes. O ambiente deve ser informal, com as partes sentadas em mesa circular, em plano idêntico.
f) Decisão informada: qualidade do acordo (as partes devem ter consciência – estar bem informadas – do acordo que estão fazendo).
Solução de conflitos por Tribunais Administrativos
Uma das características do direito administrativo dos nossos dias é a multiplicação dos Tribunais Administrativos. Exs.: Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) – resolve conflitos relacionados à proteção à concorrência; TED da OAB; Tribunal de Contas; Tribunal de Contribuintes; Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Todos resolvem o problema por heterocomposição e nesse ponto se assemelham muito à jurisdição, mas o que lhes falta é a definitividade, ou seja, a aptidão para a coisa julgada e insuscetibilidade de controle externo.
! Tribunal Marítimo: Localizado no Rio de Janeiro, sua lei data de 1964 e decide fatos e acidentes da navegação. O NCPC foi aprovado em dezembro/2015 com a previsão de que as decisões deste tribunal teriam caráter jurisdicional. O dispositivo, todavia, foi vetado pela Chefe do Executivo, tendo por base o fato do Tribunal Marítimo ser puramente Administrativo (não jurisdicional). Suas decisões servem, entretanto, como meio de prova para o processo jurisdicional.
3. Arbitragem (Lei 13.129/2015)
3.1 Conceito: Na Arbitragem, um terceiro, escolhido pelos conflitantes, julga/decide a causa. É heterocomposição: forma de jurisdição privada. O árbitro é escolhido pelas partes. O Brasil é considerado hoje o quarto país do mundo em arbitragem, atrás tão somente dos EUA, Inglaterra e França. Não é tão vista em razão do sigilo, que, apesar de facultativo, é bastante comum. No Brasil, o árbitro é juiz de fato e de direito.
Art. 3o, NCPC - Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
§ 1oÉ permitida a arbitragem, na forma da lei. 
[...]
Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz, não necessariamente formada em Direito, escolhida pelas partes. Há a possibilidade de exercer a arbitragem um árbitro ou um Tribunal deles.
Pode a arbitragem, ademais, ser institucional ou não. Diz-se não institucional quando desvinculada de qualquer instituição (ex.: Câmara de Comércio, FGV). 
! Pode se valer da arbitragem qualquer pessoa capaz, inclusive a Fazenda Pública. É vedado, no último caso, o sigilo.
Art. 1o  […]
§ 1oA administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
§ 2oA autoridade ou o órgão competente da administração pública direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização de acordos ou transações.
Art. 2o […]
§ 3oA arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará o princípio da publicidade.
A Lei de Arbitragem diz que o método serve à solução de conflitos envolvendo direitos patrimoniais disponíveis (aqueles que podem se resolver mediante acordo). Esta também é a explicação para a possibilidade de aplicação da arbitragem no âmbito do Poder Público.Fala-se até mesmo em arbitragem envolvendo direitos coletivos (direitos trabalhistas, por ex.).
A arbitragem se constitui por meio de um negócio jurídico, no mínimo bilateral, escrito, chamado de “Convenção de Arbitragem”. Consiste, portanto, na fonte normativa da arbitragem. São espécies do gênero Convenção de Arbitragem:
a) Cláusula compromissória: Convenção de Arbitragem feita sem referência a conflito concreto. Ex.: “Se sobrevier um conflito no futuro, este será resolvido por meio de arbitragem”. Costuma estar inserida nos contratos. Pode ser do tipo cheia ou vazia. Vazia é a cláusula que somente diz que o fato será resolvido por meio de arbitragem. Já a cheia disciplina detalhada e previamente uma série de regras, indicando, por exemplo, quem é o árbitro, a instituição, o procedimento. 
O Poder Judiciário pode decretar a nulidade de cláusula arbitral (compromissória) sem que essa questão tenha sido apreciada anteriormente pelo próprio árbitro? Regra: Não. Segundo o art. 8º, parágrafo único da Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/96), antes de judicializar a questão, a parte que deseja arguir a nulidade da cláusula arbitral deve formular esse pedido ao próprio árbitro. Exceção: compromissos arbitrais patológicos. O Poder Judiciário pode, nos casos em que prima facie é identificado um compromisso arbitral "patológico", isto é, claramente ilegal, declarar a nulidade dessa cláusula, independentemente do estado em que se encontre o procedimento arbitral. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.076-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/9/2016 (Info 591).
b) Compromisso arbitral: Refere-se a conflito já existente. O compromisso arbitral, portanto, pode ou não ser precedido de cláusula compromissória.
Obs.: O NCPC trouxe duas regras sobre Convenção de Arbitragem que sanaram discussões ardentes sobre a matéria.
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: 
[...]
§ 5oExcetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. 
 O juiz não pode conhecer de ofício da Convenção de Arbitragem. Deve ser suscitada pelo réu em virtude do Autor ser o desobediente. 
§ 6oA ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral. 
 Funciona como uma espécie de distrato, ou seja, de renúncia à jurisdição arbitral.
*É válida a cláusula compromissória que excepcione do juízo arbitral certas situações especiais a serem submetidas ao Poder Judiciário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.331.100-BA, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 17/12/2015 (Info 577).
*Imagine que um contrato preveja uma confissão de dívida (líquida, certa e exigível). Neste mesmo contrato, há uma cláusula compromissória dizendo que eventuais divergências sobre o ajuste deverão ser dirimidas via arbitragem. Se a parte que se obrigou a pagar o valor confessado mostrar-se inadimplente, a parte credora poderá executar o contrato na via judicial ou terá que instaurar o procedimento arbitral? Poderá propor diretamente a execução na via judicial. Ainda que possua cláusula compromissória, o contrato assinado pelo devedor e por duas testemunhas pode ser levado a execução judicial relativamente à cláusula de confissão de dívida líquida, certa e exigível. Isso porque o juízo arbitral não possui poderes coercitivos (executivos). Ele não pode penhorar bens do executado, por exemplo, nem levá-los à hasta pública. Em outras palavras, o árbitro até decide a causa, mas se a parte perdedora não cumprir voluntariamente o que lhe foi imposto, a parte vencedora terá que executar esse título no Poder Judiciário. Logo, não há sentido instaurar a arbitragem para exigir o valor que já está líquido, certo e exigível por força uma confissão de dívida. Portanto, SENDO TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, DEVE-SE AJUIZAR DIRETAMENTE UMA EXECUÇÃO. JUÍZO ARBITRAL NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA EXECUTAR. STJ. 3ª Turma. REsp 1.373.710-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 7/4/2015 (Info 560).
*#OUSESABER: O que é carta arbitral? Atenção, trata-se de NOVIDADE do NCPC. Além das conhecidas cartas de ordem, rogatória e precatória, o NCPC previu também a carta arbitral! Cuida-se, assim como as demais cartas, de uma modalidade de comunicação dos atos processuais. É um instrumento jurídico onde formalmente se darão os pedidos de cooperação entre os juízes e árbitros. Como dispõe o CPC: Art. 237. Será expedida carta: [...] IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formuladopor juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória.
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
1. Conceito e características gerais: atividade de fiscalização da prática de determinados atos jurídicos e de integração da vontade de determinados sujeitos, realizada pelo órgão jurisdicional, com o fim de torná-los aptos à produção de efeitos jurídicos .O juiz torna a vontade do sujeito uma vontade completa, íntegra, pronta para produzir efeitos. E por isso se diz que é uma atividade de fiscalização, pois para permitir que aquele efeito produza, o juiz tem que fiscalizar se o ato está sendo praticado regularmente dessa forma .Ex.: mudança de nome, naturalização, alteração de registro, interdição, adoção, tutela, divórcio consensual.
Em regra, a jurisdição voluntária é necessária (não opcional). É um atributo bem generalizado, por isso se questiona se ela é mesmo voluntária. 
! Há casos excepcionais de jurisdição voluntária opcional, como na homologação de divórcio consensual sem incapazes envolvidos, celebrável extrajudicialmente, perante os Cartórios.
Aplicam-se à jurisdição voluntária todas as normas fundamentais do processo civil, como o é o direito ao contraditório. Ex.: intervenção do Ministério Público nos casos de jurisdição voluntária nas hipóteses previstas no art. 178, do NCPC (art. 721, do NCPC):
Art. 721. Serão citados todos os interessados, bem como intimado o Ministério Público, nos casos do art. 178, para que se manifestem, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias. 
Os processos de jurisdição voluntária possuem uma carga maior de inquisitoriedade, estruturados a dar certo protagonismo ao juiz. Alguns processos de jurisdição voluntária podem ser instaurados de ofício (arts. 723, p.ú., 738, 744 e 746, todos do NCPC).O juiz pode, inclusive, ajustar o procedimento conforme as peculiaridades do caso.
Art. 723. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna. 
 Decisão nos processos de jurisdição voluntária fundadas na equidade.
 Ex.: juiz que dispensa a entrevista em caso de interditando em coma.
Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens. 
Art. 744. Declarada a ausência nos casos previstos em lei, o juiz mandará arrecadar os bens do ausente e nomear-lhes-á curador na forma estabelecida na Seção VI, observando-se o disposto em lei. 
Art. 746. Recebendo do descobridor coisa alheia perdida, o juiz mandará lavrar o respectivo auto, do qual constará a descrição do bem e as declarações do descobridor. 
A jurisdição voluntária é resolvida por meio de sentença que é, inclusive, apelável.
Detém um Procedimento Comum (arts. 719 à 725, do NCPC) – a regra – e outros ritos Especiais, reservados a casos legalmente previstos (art. 726 e ss., do NCPC). O Prof. sugere a leitura das hipóteses exemplificativas previstas no art. 725, do NCPC.
É atividade essencialmente constitutiva, objetivando a criação, extinção ou modificação de situações jurídicas. Pode ser receptícia (recebe documentos – notificações), probatória (ex. justificação), declaratória, executória (arrecadação de bens) e tutelar (nomeação de tutor/curador).
2. Natureza jurídica:
2.1 Corrente Tradicional ou Escola Paulista (concepção majoritária): defende que a jurisdição voluntária não tem natureza jurisdicional, e sim de atividade administrativa exercida pelos juízes. Partem da premissa de que não há lide, e, portanto, inexiste a jurisdição. De modo semelhante, também não se fala em ação, e sim em requerimento; não se fala em processo e sim procedimento.
! A afirmação de que na jurisdição voluntária não há processo, tão somente procedimento, é inadmissível, afinal, mesmo que se trate de atividade administrativa, ainda assim haverá processo e contraditório.
Não há partes e sim interessados. Não haveria coisa julgada e sim preclusão. 
2.2. Corrente minoritária(Ovídio Batista, Calmon de Passos, Leonardo Grecco, Fred Didier): a jurisdição voluntária seria sim atividade jurisdicional. Não é correta a afirmação que não há lide em jurisdição voluntária; isto porque pode ser que a lide não exista. O que há é uma lide potencial: pode não haver como pode haver. Tanto a lide pode existir em jurisdição voluntária que os interessados são citados. Dessa forma, há ação, há processo, há partes e coisa julgada. 
Acerca da coisa julgada, o NCPC não trouxe nenhum indicativo de que a jurisdição voluntária não a faça. Do contrário, prevê a existência de coisa julgada em decisão processual, ou seja, que sequer adentra no mérito da questão, o que reforçaria a discutida corrente.
Obs.: Nos autos do REsp 1.412.260, apreciado pelo STJ em 2014, a Corte fixou que jurisdição voluntária não faz coisa julgada, adotando a concepção teórica tradicional, todavia proibiu a rediscussão da mesma questão algum tempo depois. Tratava-se de caso de mudança de nome.
! Deve-se atentar para a mudança do contexto fático (possível alteração da causa de pedir).

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