Buscar

petição aula 2

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE SALVADOR DO ESTADO DA BAHIA.
FREDERICO, brasileiro, casado, profissão..., portador do RG nº..., inscrito no CPF nº..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na rua..., nº..., bairro..., CEP..., na cidade de Fortaleza, estado do Ceará, por intermédio de seu advogado legalmente constituído conforme instrumento procuratório em anexo, com endereço profissional..., endereço eletrônico..., endereço que indica para fins do artigo 106 do CPC, vem a este juízo propor:
AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO,
pelo rito COMUM, em face de GEOVANA, nacionalidade.., estado civil..., profissão..., portador do RG nº..., inscrito no CPF nº..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na rua..., nº..., bairro..., CEP..., na cidade de Salvador, estado da Bahia, pelas razões de fato e de direito que passa a expor.
I- DOS FATOS
O autor narra que foi surpreendido por uma ligação exigindo o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) pelo resgate de sua filha, Julia, que fora sequestrada. No dia 13 de janeiro de 2014, recebeu, dos sequestradores, um pedaço da orelha de sua filha, esta acompanhada de um bilhete afirmando que caso não efetuasse o pagamento do resgate sua filha seria devolvida sem vida.
O autor conseguiu arrecadar apenas o valor de R$ 220.000,00 (duzentos e vinte mil reais) e por isso no dia 16 de janeiro de 2014, vendeu seu único imóvel situado em Fortaleza, Ceará pelo valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para a Ré que era conhecedora da situação de risco de sua filha. Ressalta-se ainda que o imóvel em questão tem o valor venal de R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais).
Ocorre que no dia 20 de janeiro de 2014, antes do pagamento do resgate, a filha do autor foi encontrada pela polícia com vida. Assim, diante do exposto o autor tentou desfazer o negócio, entrando em contato com a Ré, contudo não logrou êxito. 
II- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Os fatos narrados demonstram que o autor realizou a venda do imóvel motivado exclusivamente pelo Estado de Perigo em que se encontrava. Dessa forma, a presente demanda encontra-se legalmente amparada no artigo 171, II, do Código Civil que caracteriza o Estado de Perigo como uma das causas de anulabilidade do negócio jurídico. O risco de morte ao qual a filha do autor fora submetida, por meio das ameaças dos sequestradores, representa perfeitamente o conceito apresentado no artigo 156 do Código Civil para esse instituto:
‘‘Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa’’.
A ratificar o exposto, da mesma forma esclarece Maria Helena Diniz quanto ao Estado de Perigo:
“O lesado é levado a efetivar negócio, bilateral ou unilateral, excessivamente oneroso em razão de um risco pessoal (perigo de vida, lesão à saúde, integridade física ou psíquica de uma pessoa: o próprio contratante ou alguém a ele ligado) que diminui a capacidade de dispor livre e conscientemente”. (DINIZ, Código Civil Anotado, Saraiva, 2005, p.189). ”
Para César Fiúza, o mesmo ensina que “o estado de perigo se caracteriza pelo temor que leva a vítima a praticar um ato que, em outras condições, não praticaria”. (FIÚZA, Direito Civil, Curso Completo, Del Rey, 2004, p.231). 
Destaca-se, ainda, que era de conhecimento da Ré que o autor fora coagido a vender seu único imóvel por um valor muito inferior ao valor venal, comprovando o dolo de aproveitamento da beneficiada que causou forte prejuízo patrimonial ao autor. 
Dessa forma, o instituto citado corrobora como instrumento capaz de proteger o autor do dano sofrido, uma vez que o negócio não seria realizado se não estivesse sob o Estado de Perigo relatado. Assim, evidencia-se o vício na manifestação da sua vontade, que não foi despontada de forma livre. Nesse sentido ensina Carlos Roberto Gonçalves:
 “A manifestação de vontade é indispensável para a existência do negócio jurídico, e para o negócio ser considerado válido, é necessário que a vontade seja manifestada livremente, pois se ocorrer um vício na sua declaração, que traga como consequência algum prejuízo ao próprio agente, a um terceiro ou mesmo a ordem pública, pode-se dizer que o negócio é defeituoso” (GONÇALVES, Direito Civil Brasileiro: parte geral, Saraiva, 2012, p.399).
O mesmo entendimento é também é ratificado pela jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, no recurso de Apelação, nº. 7977624 PR 797762-4:
Relator: Gamaliel Seme Scaff - Julgamento: 18/04/2012 – 11ª Câmara Cível
APELAÇÃO ­ AÇÃO MONITÓRIA JULGADA IMPROCEDENTE ­ TERMO DE RESPONSABILIDADE ASSINADO POR TERCEIRO "CONDUTOR" ­ INTERNAMENTO FEITO MEDIANTE APRESENTAÇÃO DA CARTEIRINHA DO PLANO DE SAÚDE ­ AUSÊNCIA DE PLENO CONHECIMENTO DAS CLÁUSULAS DO TERMO DE RESPONSABILIDADE ­ VÍCIO DE CONSENTIMENTO ­ ESTADO DE PERIGO ­ CONFIGURAÇÃO ­ HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA ­ REQUERIMENTO PARA MINORAÇÃO ­ POSSIBILIDADE DESDE QUE RESPEITADO O MÍNIMO DA TABELA DA OAB. I - Tendo o Hospital aceitado internar o paciente ante seu convênio com plano de saúde, não pode pretender a cobrança de valores de terceira pessoa que apenas levou o paciente ao hospital e assinou termo de responsabilidade que lhe fora imposto para garantir o atendimento médico devido ao grave estado de saúde em que se encontrava o paciente. Estado de perigo evidenciado no presente caso, sendo motivo suficiente para anular a obrigação com relação à apelada. II - A redução de honorários advocatícios in casu é possível desde que observada a tabela da OAB que não estabelece nenhum valor inferior ao salário mínimo vigente, sob pena de tornar os honorários irrisórios. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO
Assim, conclui-se que o autor tem completo respaldo legal em sua demanda, uma vez que ficou demostrado que o negócio jurídico foi fruto de um momento de desespero, o qual caracteriza o Estado de Perigo. Portanto pede-se a resposta positiva do juízo para os pedidos expostos.
III- DOS PEDIDOS
Diante do exposto, vem requerer a Vossa Excelência:
1 – a citação da Ré para comparecer a audiência de conciliação designada ou, querendo, apresentar contestação, sob pena de revelia;
2 – que seja realizada a audiência de conciliação ou mediação, nos termos do artigo 334 do CPC;
3 – seja averbado na matrícula do imóvel, junto ao Cartório de Registro de Imóveis, o presente litígio, possibilitando o conhecimento de terceiros de boa-fé;
4 – seja julgado procedente o pedido de anulação do negócio jurídico celebrado entre as partes, motivado pelo estado de necessidade do autor; retornando, portanto, as partes ao status quo ante;
5 – que seja a Ré condenada ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios.
 IV- DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal dos réus.
V- DO VALOR DA CAUSA
	Dá-se à causa o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
	
Nestes termos pede deferimento.
Vitória, 29 de Agosto de 2016.
ADVOGADO....
OAB/UF nº ...
PROCURAÇÃO
OUTORGANTE: CONDOMÍNIO BOSQUE DAS ARARAS, neste ato, representado pelo seu síndico, MARCELO RODRIGUES, nacionalidade..., estado civil..., sínico, portador do RG nº..., inscrito no CPF nº..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na rua..., nº..., bairro..., CEP..., cidade do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro.
OUTORGADO: Dr...., nacionalidade..., estado civil..., advogado, inscrito na OAB/UF, sob nº..., portador do RG nº..., inscrito no CPF nº..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na rua..., nº..., bairro..., CEP..., na cidade..., estado..., endereço profissional...
 PODERES: pelo presente instrumento o outorgante confere ao outorgado amplos poderes para o foro em geral, com cláusula "ad-judicia et extra", em qualquer Juízo, Instânciaou Tribunal, podendo propor contra quem de direito, as ações competentes e defendê-lo nas contrárias, seguindo umas e outras, até final decisão, usando os recursos legais e acompanhando-os, conferindo-lhe ainda, poderes especiais para receber citação inicial, confessar, e conhecer a procedência do pedido, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, transigir, firmar compromissos ou acordos, receber e dar quitação, podendo agir em Juízo ou fora dele, assim como substabelecer esta a outrem, com ou sem reservas de iguais poderes, para agir em conjunto ou separadamente com o substabelecido.
 FINALIDADE: para o fim de propor CONTESTAÇÂO à AÇÃO DE INDENIZAÇÃO, proposta por JOÃO. 
Cidade..., Estado..., _____de _________de _____
 
_______________________________ 
Outorgante (assinatura)

Continue navegando