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Direitos Humanos
Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos 
Professor Mestre Luiz André de Carvalho Macena 
Direitos Humanos 
O maior problema dos direitos humanos hoje “não é mais fundamentá-los e sim protegê-los” Bobbio, Norberto. 
Direitos Humanos 
A Constituição Federal de 1988 o processo de redemocratização e os direitos e garantias fundamentais. 
 Redemocratização
A CF de 1988 e os direitos e garantias fundamentais
Princípios Constitucionais nas relações internacionais. 
Principio da prevalência dos direitos humanos. 
Direitos Humanos 
Tratados Internacionais
Principal fonte de obrigação dos direitos internacional. ( antes era o costume internacional)
Tratados são: acordos obrigatórios celebrados entre sujeitos de Direito Internacional. ( convenções, pactos, protocolo, carta, convênio acordo etc...)
A Convenção de Viena 1969 cuida de regular o processo de formação dos tratados internacionais.
Tratados só se aplicam aos Estados que consentiram com a sua adoção. 
Uma parte não pode invocar disposições do seu direito interno para não cumprir o tratado. 
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Qual o status normativo os tratados e convenções sobre direitos humanos poderiam ter:
Natureza supra constitucional
Caráter constitucional.
Status de lei ordinária
Caráter supralegal. 
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; ( SV 25/09)
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Após a Ratificação do PR – este deverá:
 Promulgar por Decreto Presidencial;
Publicar o texto em Diário Oficial.
A partir deste momento o texto adquire executoriedade como norma infraconstitucional em paridade com as leis ordinárias. 
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Tratados Internacionais que versarem sobre direitos humanos, se forem:
Aprovados em dois turnos de votação;
Nas duas casas do congresso nacional;
Por 3/5 dos votos
Serão equiparados a Emendas Constitucionais.
Ex: DL 186/08 – DP 6.949/09 .Convenção sobre direitos das pessoas com deficiência e do seu protocolo facultativo. (30/03/07)
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Tratados materialmente constitucionais – são todos os tratados de direitos humanos – aprovados ou não pelo quórum de emenda Constitucional
Tratados materialmente e formalmente constitucionais – são os tratados de direitos humanos que foram aprovados pelo quórum de emenda constitucional. 
A diferença entre estes está no ato de denúncia – que é ato privativo do Executivo – neste caso se for materialmente constitucional poderá ocorrer a denúncia e caso seja formalmente ou materialmente constitucional poderá ou não ocorrer a denuncia coma a aprovação do CN – com divergências. 
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Art. 5º, § 2º CF: José Afonso da Silva: a circunstancia de a Constituição mesma admitir outros direitos e garantias individuais não enumerados , quando, no parágrafo 2º, do Artigo 5º, declara que os direitos e garantias previstos neste artigo não excluem outros decorrentes dos princípios e dos regime adotado pela Constituição e dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
Para este temos então:
Direitos individuais expressos
Direitos individuais implícitos
Direitos individuais decorrentes do regime dos tratados internacionais que o Brasil firmou. 
Direitos Humanos 
Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos. 
Evolução histórica e primeiros delineamentos do “Direito Internacional dos Direitos Humanos” – precedentes históricos.
Soberania do Estado x Indivíduo como sujeito de direito internacional. (relativizar) 
Direito Humanitário –
Liga das Nações.) 
Organização Internacional do Trabalho. 
Quer em conjunto, quer em separado, esses institutos foram a base para a internacionalização dos direitos humanos
Direitos Humanos 
Direito humanitário
É o direito aplicável ao caso estrito de guerra. Não é direito à guerra, mas o direito de guerra. Direito aplicável aos casos de conflito bélico.
O direito humanitário é protegido por convenções, sendo as mais famosas a convenção de Genebra sobre Dir. Humanitário. Elas são a institucionalização jurídica desse direito humanitário internacional.
Para gerir essas convenções de direito humanitário foi criada uma instituição internacional, que é a Cruz Vermelha Internacional – CICV (comitê internacional da cruz vermelha é o gestor do direito humanitário internacional).
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Liga das Nações 
Foi criada após a 1ª guerra mundial, chamada liga das nações (LDN) ou sociedade das nações (SDN).
Foi a 2ª vez que os Estados consentiram em relativizar a sua soberania em prol de compromissos no plano internacional; não funcionou, contudo, na prática porque tinha por objetivo tentar evitar uma 2ª guerra mundial.
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Organização Internacional do Trabalho (mais importante precedente histórico).
O terceiro grande precedente, surgido em 1.920, foi a OIT e suas convenções
Criada com o objetivo de regular a condição dos trabalhadores no âmbito mundial, promover os parâmetros básicos de trabalho e de bem estar social. 
Suas inúmeras convenções sempre receberam consideráveis adesões e razoável observância. 
Direitos Humanos 
O Pós-Guerra
Diz o Prof. Buergenthal: “O moderno Direito Internacional dos Direitos Humanos é um fenômeno do pós-guerra. Seu desenvolvimento pode ser atribuído às monstruosas violações de direitos humanos da era Hitler e à crença de que parte destas violações poderiam ser prevenidas se um efetivo sistema de proteção internacional de direitos humanos existisse”.
No momento em que seres humanos se tornam supérfluos e descartáveis, no momento que vige a lógica da destruição, em que cruelmente se abole o valor da pessoa humana, torna-se necessária a reconstrução dos direitos humanos. ( PIOVESAN, Flávia) 
O Estado era grande violador dos direitos humanos.
A titularidade dos direitos estava condicionada a pertença a determinada raça. 
Direitos Humanos 
Chegava o fim da era em que a forma pela qual o Estado tratava seus nacionais era concebida como um problema de jurisdição doméstica, restrito ao domínio reservado do Estado, decorrência de sua soberania, autonomia e liberdade. Aos poucos, emerge a idéia de que o indivíduo é não apenas objeto, mas também sujeito de direito internacional. A partir desta perspectiva, começa a se consolidar a capacidade processual internacional dos indivíduos, bem como a concepção de que os direitos humanos não mais se limitam à exclusiva jurisdição doméstica, mas constituem interesse internacional – (COMPARATO, Fábio Konder) 
Direitos Humanos 
“Neste contexto, o Tribunal de Nuremberg, em 1945-1946, significou um poderoso impulso ao movimento de internacionalização dos direitos humanos. Ao final da Segunda Guerra e após intensos debates sobre o modo pelo qual poder-se-ia responsabilizar os alemães pela guerra e pelos bárbaros excessos do período, os aliados chegaram a um consenso, com o Acordo de Londres de 1945, pelo qual ficava convocado um Tribunal Militar Internacional para julgar os criminosos de guerra”. 
“O Tribunal de Nuremberg aplicou fundamentalmente o costume internacional para a condenação criminal de indivíduos envolvidos na prática de crime contra a paz, crime de guerra e crime contra a humanidade, previstos pelo Acordo de Londres – (costume não precisa de tratado para ser respeitado)
Direitos Humanos 
O Tribunal de Nuremberg reconhece:
A necessidade de limitação da soberania.
Que o indivíduo é protegido por instrumentos internacionais. 
Direitos Humanos 
Os direitos humanos tornam-se uma legítima preocupação internacional com o fim da Segunda Guerra Mundial e com a criação das Nações Unidas, coma a adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembleia Geral da ONU, em 1948 e, como consequência passam a ocupar um espaço central na agenda das instituições internacionais. ( PIOVESAN) 
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A Organização das Nações Unidas – ONU
Carta das Nações Unidas
– 1945 – Consolida o movimento de internacionalização dos direitos humanos.
A Carta das Nações Unidas foi elaborada pelos representantes de 50 países presentes à Conferência sobre Organização Internacional, que se reuniu em São Francisco de 25 de abril a 26 de junho de 1945. No dia 26 de junho, último dia da Conferência, foi assinada pelos 50 países a Carta.
As Nações Unidas, entretanto, começaram a existir oficialmente em 24 de outubro de 1945
Direitos Humanos 
NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS
a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla. 
Direitos Humanos 
...e para tais fins, praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos. resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução desses objetivos. Em vista disso, nossos respectivos Governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas.
Direitos Humanos 
Carta das Nações Unidas, adotada e aberta à assinatura pela Conferência de São Francisco em 26.6.1945 e assinada pelo Brasil em 21.9.1945;
Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Resolução n. 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10.12.1948 e assinada pelo Brasil nesta mesma data
Direitos Humanos 
A carta da ONU fala de direitos humanos e liberdades fundamentais; inaugura o sistema porque da o principio, mas não fala do que se tratam direitos humanos, e liberdades fundamentais. (importante pois consagra estes direitos)
Ela traz o direito, mas não define o conteúdo destas expressões: os direitos humanos e as liberdades fundamentais.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos complementa a carta da ONU porque positiva direitos mínimos da humanidade, definindo com precisão o elenco dos direitos humanos e liberdades fundamentais. 
Trouxe os direitos mínimos mas não dá o amparo, a garantia da proteção desse direito. Não trouxe, portanto, os mecanismo de implementação desses direitos. 
Para isso é que os tratados de Nova York foram celebrados para dar exequibilidade as previsões da Declaração. 
Sistema Global de proteção dos DH é formado pelos instrumentos:
 - Carta da ONU de 1945;
 - Declaração Universal dos DH de 1948;
 - Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, adotado pela ONU em 1966 (1ª geração).
 - Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, sociais e culturais, adotado pela ONU em 1966 (2ª geração).
Sistema Especial de proteção:
 - Convenção sobre todas as formas de discriminação
 - Convenção para discriminação contra a Mulher.
 - Convenção contra a tortura e outros tratamentos e Penas Cruéis 
 - Convenção sobre direitos da criança.
 - Convenção sobre proteção dos direitos de todos os trabalhadores migrantes.
 - Convenção sobre direitos da pessoa deficiente. 
 - TPI 
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Lembrando: 
Os países signatários tem responsabilidade primária e a comunidade internacional responsabilidade subsidiária. 
Esses direitos são direitos protetivos mínimos – cabe ao estado ampliá-los. 
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Direitos Humanos 
Os objetivos principais da ONU são:
a manutenção da paz e segurança internacionais; ( segurança)
Promover os direitos humanos no âmbito universal.( Direitos Humanos)
cooperação internacional para a solução de problemas mundiais de ordem social, econômica e cultural.(Econômico e social)
A ONU se compõe de seis órgãos principais, que são (Carta das Nações Unidas, art. 7.º):
Assembleia Geral;
Conselho de Segurança;
Conselho Econômico e Social;
Conselho de tutela
Corte Internacional de Justiça;
Secretaria.
*Conselho de Direitos Humanos
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A)Assembleia-Geral:
É o órgão máximo da ONU, do qual todos os seus membros fazem parte com direito a voto de peso igual. 
Atualmente são 193 membros
Esta trata de todos os assuntos da Carta, menos um: desarmamento e segurança coletiva.
Não é órgão permanente mas pode ser convocado extraordinariamente em caso de urgência. 
Promove decisões que serão seguidas pelos Estados. 
As votações podem ser tomadas considerando os votos de 2/3 dos presentes ou maioria. Vai depender da matéria tratada. 
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Resoluções da Assembleia Geral:
Não possuem caráter vinculativo.
Os estados não estão obrigados a obedecer.
Tem apenas um efeito moral.
Não tem força de tratado e sim de uma recomendação
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A)Conselho de Segurança:
Responsável pela manutenção da paz e da segurança internacional; 
15 membros, cinco são permanentes:
Os demais 10 são não-permanentes: estes têm mandato de dois anos permitida uma recondução. 
Nas questões que envolvem segurança, a carta coloca no art. 27 a seguinte regra: cada membro do conselho de segurança terá um voto (são 15 votos);
As decisões do conselho de segurança em questões processuais serão tomadas pelo voto afirmativo de nove membros  aqui os nove membros independem de contar com votos dos cinco permanentes ou não;
	
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As decisões do conselho de segurança em todos os outros assuntos (questão de mérito; ex.; EUA quer invadir o Iraque), serão tomadas pelo voto afirmativo de nove membros, inclusive os votos afirmativos de todos os membros permanentes.  Aqui se exige o voto afirmativo de todos os cinco membros permanentes;
Poder de veto se eu não consigo o voto de todos os membros permanentes, veta a disposição aprovada pelos demais. 
Um voto negativo de um membro permanente configura um veto à resolução. 
A abstenção de um membro permanente não configura veto.
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A)Corte Internacional de Justiça (CIJ):
É o Órgão Judiciário das Nações Unidas, responsável pelo processo e julgamento de todas as lides entre Estados membros das Nações Unidas.
Se ela é a responsável por processar e julgar as causas técnicas entre Estados, o certo é que o Estado tem que manifestar o seu aceite para ser parte perante a corte.
Então por regra deve-se incluir cláusula no tratado aceitando, de antemão, ser demandado pelo outro Estado na CIJ.
Jamais ela julgará pessoa física
Tem sede em Haia.
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Somente os Estados podem ser parte perante a corte: ONGs, e empresas não podem ser parte.
A corte é composta por 15 juízes 
Competência contenciosa e consultiva
De fato só existem 10 vagas abertas para os países do mundo. Os membros permanentes do conselho de segurança estão sempre representados. 
Somente membros da ONU podem ser parte da CIJ.
A corte é um órgão global para causas genéricas entre Estados (ex.: modificação do curso de um rio, ou de uma fronteira entre estados).
Não é um tribunal especializado em direitos humanos. Não julga diretamente causas de direitos humanos, é um tribunal técnico, clássico para questões estatais. Pode julgar direitos humanos por via reflexa.
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Secretariado:
É a secretaria da organização; é quem resolve os problemas administrativos da ONU.
Escolhido pela Assembleia Geral, a partir de recomendação do conselho de segurança. 
Tem por atividade principal o registro e publicidade de Tratados Internacionais (art. 102 da carta da ONU)
 Todo e qualquer tratado e acordo internacional deve ser registrado pelo Secretariado. 
A ONU diz que não é obrigado a registrar todos os tratados, mas o não registro sofre sanção. Se não houver registro o tratado continua valendo, só que não será possível reclamar tal tratado perante o órgão da ONU (a CIJ).
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 Conselho de tutela:
Praticamente se extinguiu em 1.994 – com as atuações da ONU no Timor Leste (quando a ONU consegue implantar a idéia de independência em países que ainda se submetiam a tutela internacional).
O ideal que é o país seja independente.
O conselho de tutela tinha por objetivo o desenvolvimento nos territórios desse espírito de independência (o ideal é que nenhum país seja dependente de outro).
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	Conselho Econômico e Social:
Tem competência para promover a cooperação em questões econômicas, sociais e culturais incluindo direitos humanos.
Faz recomendações para a promoção da defesa de direitos humanos.
 Composto por 54 membros.
era formado por dois grandes subórgãos:
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Comissão de Direitos Humanos (CDH) – é desse comitê de direitos humanos que nasceram todos os instrumentos internacionais de direitos humanos do sistema global de proteção dos direitos humanos. Desde as declarações mais primitivas como a declaração universal de 1.948, a convenção sobre o genocídio (1.948), convenção contra o racismo, dos refugiados, a convenção contra a tortura, contra o terrorismo, contra a corrupção, etc.
A Comissão de, mesmo com toda a importância e relevante trabalho efetuado desde 1946, em 24 de março de 2006 a Comissão foi extinta. 
No seu lugar foi criado o Conselho de Direitos Humanos, que é composto por 47 membros eleitos diretamente, por voto secreto, pela Assembleia Geral. Agora, o Conselho de Direitos Humanos esta subordinado a Assembleia Geral. (3 anos) – Deve guiar-se pelos princípios da universalidade, objetividade, não seletividade e imparcialidade. 
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NATUREZA JURÍDICA DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL:
P: O que é a Declaração Universal Dos Direitos Humanos, juridicamente falando? 
A Declaração não é Tratado internacional. 
Ela não tem natureza jurídica de tratado internacional, pois ela não passou pelas fases que tem que passar os tratados, desde sua celebração até sua entrada em vigor 
Não tem força de lei
Não foi referendada pelo congresso, não foi ratificado pelo presidente.
Ela apenas foi assinada pelo executivo do Estado brasileiro. Nem poderia ser tratado porque não nasce de uma parte só, e ela nasceu de uma resolução da ONU.
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Aspecto Formal: 
No aspecto formal a Declaração Universal é uma Resolução da ONU  Resolução 217-A da Assembleia Geral da ONU.
Aspecto Material: sob o aspecto material, há duas correntes:
Minoritária: trata-se de uma mera recomendação de conteúdo moral. Não tem qualquer valor jurídico.
Majoritária: é mais do que um tratado, é ius cogens (direito cogente) exatamente por complementar, integrar a carta da ONU e ser dela a interpretação mais autêntica.
Tem força jurídica vinculante por compor o direito costumeiro internacional. 
Vincula todos os Estados. ( Flávia Piovesan)
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Direitos Humanos 
Flávia Piovesan e Fábio Konder Comparato, entre outros, entendem que a Declaração tem força jurídica obrigatória e vinculante, pelo qual os Estados, à luz desse documento, têm o compromisso de assegurar tais direitos às pessoas. Assim, entendem que a Declaração integra o Direito Internacional, que, a par dos tratados e convenções, também recebe o influxo dos costumes e princípios gerais de direito.
Direitos Humanos 
Finalizando o tema J. A. Lindgren Alves: “independentemente da doutrina esposada, o que se verifica na prática é a invocação generalizada da Declaração Universal como regra dotada de jus cogens, invocação que não tem sido contestada sequer pelos Estados mais acusados de violação de seus dispositivos.
Inegável a contribuição deste documento para a formação e garantia dos direitos humanos. 
Vem complementar a Carta da ONU, preencher o vazio que existia na Carta da ONU em relação à expressão “direitos humanos e liberdades fundamentais”. Vem, ainda, ser a interpretação mais autentica da expressão “direitos humanos e liberdades fundamentais” constante da Carta da ONU.
Raras vezes a ONU realiza assembléia geral fora de NY, e essa declaração ocorreu em Paris (se deslocou para a França para assinar a declaração universal); na Franca porque o jurista que redigiu o texto primário dessa declaração foi Renée Cassin, que era francês (sempre puxando a sardinha para seu país e a Revolução Francesa).
Ela possui 30 artigos corridos, precedidos de um preâmbulo com 7 “considerandos”.
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Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, 
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos bárbaros que ultrajam a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, 
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, 
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,
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A Assembleia Geral proclama:
A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo 1º - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
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 Se a Declaração Universal foi feliz ao dar azo a duas categorias de direitos, dando origem a indivisibilidade, e trouxe conteúdo material à expressão “direitos humanos e liberdades fundamentais”, ela pecou porque não obstante ter colocado no papel o que se entende por isso, não trouxe os instrumentos processuais pelos quais se pode fazer valer um direito da declaração num tribunal internacional, ou num foro, numa instância nacional.
Encontram liberdade, mas não se encontra o habeas corpus, por exemplo, nem o mandado de segurança, ou do amparo em língua hispânica.
Por isso sob os auspícios da então Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas (então vinculada ao ECOSOC – hoje não mais), é que em 1.966 concluíram dois tratados (resoluções) internacionais a fim de dar operacionalidade jurídica à declaração universal:
PIDCP;
PIDESC.
São os famosos pactos de Nova York de 1.966.
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Quando a Declaração Universal juntou dois momentos históricos num só documento (direitos de 1ª e 2ª geração – sec. XVIII e sec. XIX), ela criou o Princípio
Da Indivisibilidade segundo o qual os Direitos Humanos não se sucedem em gerações, mas se cumulam durante o tempo. A esse princípio serão agregados outros. São indivisíveis.
Principio da indivisibilidade, segundo o qual os Direitos Humanos de 1ª geração hão de ser somados com os Direitos Humanos de 2ª geração. E por sua vez os Direitos Humanos de 2ª geração hão de ser somados aos Direitos Humanos de 1ª geração. O direito de 1ª não sobrevive sem o direito da 2ª geração.
Os Direitos Humanos não se excluem. Eles se cumulam, se completam dialogam (diálogo são duas lógicas). Posso usar o que me for mais conveniente.
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Marcel Sibert - a Declaração é uma extensão da carta da ONU.
Brierly – “o mero emprego da palavra declaração em documentos internacionais não é de forma alguma inconciliável com a declaração de obrigações jurídicas”.
IMPACTO INTERNO E INTERNACIONAL DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL:
A nossa CF copia, em alguns trechos, partes da declaração Universal, sobretudo em seu artigo 5º que traz os direitos individuais do homem. 
Ex.: caput do art. 5º, art. IV da declaração; art. V da declaração  art. 5º, III da CF; 
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Direitos Humanos 
Declaração Universal dos Direitos Humanos – 1948. (características)
Compreende um conjunto de direitos e faculdades sem as quais um ser humano não pode desenvolver sua personalidade física, moral e intelectual. (Amplitude)
Universal: aplicável a todas as pessoas, todos os países, raças, sexo, credo e seja qual for o regime político. 
A declaração conjuga o valor da liberdade com o valor da igualdade. 
 
Direitos Humanos 
O resgate da dignidade humana é o sentido maior dessa Declaração, uma vez que assinala que basta ser pessoa humana para ter dignidade e ser titular dos direitos que enumera.
A princípio, é interessante destacar, a Declaração revive os princípios da Revolução Francesa, uma vez que, no seu artigo I, destaca que “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade
ESTRUTURA DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL:
A Declaração Universal de 1948 tem uma estrutura bipartite ou bifronte: 
a.Parte A
b.Parte B.
Parte A:
Nesta parte a declaração universal versa do art. 1º ao art. 21º
Esta versa à primeira geração dos direitos: direitos civis e políticos (DCP);
Trata dos direitos de liberdade lato senso  conquista do séc. XVIII.
Parte B:
Esta parte vai do art. 22 ao art. 30.
Esta parte versa sobre direitos econômicos, sociais e culturais.
Trata dos direitos de igualdade lato senso  conquista do séc. XIX.
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Direitos Humanos 
Qual seria o conteúdo dos direitos previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos:
 •	direitos pessoais: incluindo os direitos à vida, à nacionalidade, ao reconhecimento perante a lei, à proteção contra tratamentos ou punições cruéis, degradantes ou desumanas, e à proteção contra a discriminação racial, étnica, sexual ou religiosa (artigos II a VII e XV);
•	direitos judiciais: incluindo o acesso a remédios por violações dos direitos básicos, a presunção de inocência, a garantia de processo público justo e imparcial, a irretroatividade das leis penais, a proteção contra prisão, detenção ou exílio arbitrários, e contra a interferência na família, no lar e na reputação (artigos VIII a XII);
Direitos Humanos 
•	liberdades civis: especialmente as liberdades de pensamento, consciência e religião, de opinião e expressão, de movimento e residência, e de reunião e de associação pacífica (artigos XIII e XVIII a XX);
•	direitos de subsistência: particularmente os direitos à alimentação e a um padrão de vida adequado, à saúde e ao bem-estar próprio e da família (artigo XXV);
•	direitos econômicos: incluindo principalmente os direitos ao trabalho, ao repouso e ao lazer, e à segurança social (artigos XXII a XXVI – proposital ou acidentalmente, Donnely omite o artigo XVII, sobre o direito à propriedade, que acabaria excluído dos Pactos Internacionais de Direitos Humanos, conforme se verá adiante);
Direitos Humanos 
•	direitos sociais e culturais: especialmente os direitos à instrução e à participação na vida cultural da comunidade (artigos XXVI e XXVIII);
•	direitos políticos: principalmente os direitos a tomar parte no governo e a eleições legítimas com sufrágio universal e igual (artigo XXI), mais os aspectos políticos de muitas liberdades civis
Direitos Humanos 
•	Principais significados da Declaração.
Impõe um código de atuação e de conduta para os Estados integrantes da comunidade internacional.
Consagra o reconhecimento universal dos direitos humanos.
Servem de fonte para decisões judiciais – internacional e nacional.
Estimula a elaboração de instrumentos voltados a proteção dos direitos humanos. 
Serve de referencia na adoção de resoluções pelas Nações Unidas. 
Exerce impacto nas Constituições dos estado.	
Sistema Global
O sistema global de proteção é composto de instrumentos de alcance geral (pactos) e instrumentos de alcance especial (convenções específicas), e sua incidência não se limita a uma determinada região, podendo alcançar qualquer Estado integrante da ordem internacional.
Estes Estados têm total liberdade para aceitar ou não o documento, mas se aderirem ao regramento internacional, ficam obrigados a cumprir o seu conteúdo, o que equivaleria dizer “terem aberto mão de parte de sua soberania”.
Sistema Global
O sistema global é o da ONU, e ele é único.
Dentro desse primeiro sistema encontramos a:
 Carta das Nações Unidas (1.945), 
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1.948), 
Pacto Internacional dos Dir. Civis e Políticos e;
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (pacto de Nova York de 1.966). 
Carta Internacional dos Direitos Humanos. (International Bill of Rights)
Sistema Global
O PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS – 1966
J. A. Lindgren Alves que “a razão de tal demora se encontra fundamentalmente em seu caráter obrigatório para os Estados-partes. E todos os tipos de controvérsias se fizeram presentes, primeiro no sentido Leste-Oeste, depois no sentido Norte-Sul” .
Sistema Global
Fábio Konder Comparato, “as potências ocidentais insistiam no reconhecimento, tão-só, das liberdades individuais clássicas, protetoras da pessoa humana contra os abusos e interferências dos órgãos estatais na vida privada.
 Já os países do bloco comunista e os jovens países africanos preferiam pôr em destaque os direitos sociais e econômicos, que têm por objeto políticas públicas de apoio aos grupos ou classes desfavorecidas, deixando na sombra as liberdades individuais.
Aplicabilidade imediata x norma programática – a natureza das normas acabou levando a criação de dois pactos. 
Sistema Global
Foi assinado em 1966 e entrou em vigor em 1976.
O pacto detalha os direitos da Declaração e cria mecanismos de monitoramento internacional
Entrou em vigor no Brasil em 1992 – Decreto 592/92.
São 53 artigos dividos em seis partes. 
Sistema Global
Verificando esse Pacto, podemos assinalar seis partes, compreendendo dispositivos que dizem respeito:
I) à autodeterminação dos povos e à livre disposição de seus recursos naturais e riquezas (artigo 1.º);
II) ao compromisso dos Estados de garantir os direitos previstos e as hipóteses de derrogação de certos direitos (artigos 2.º ao 5.º);
III)rol dos direitos efetivamente reconhecidos (artigos 6.º ao 27);
IV) aos mecanismos de supervisão e controle desses direitos (artigos 35 ao 39);
V) à integração e interação com a Organização das Nações Unidas (artigos 35 ao 39);
VI) à ratificação e entrada em vigor (artigos 40 ao 47).
 
Sistema Global
Na seqüência, o Pacto enuncia os direitos e liberdades que contempla, e que são os seguintes:
direito à vida;
direito de não ser submetido à tortura ou a tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes;
direito de não ser escravizado, nem submetido à servidão;
direitos à liberdade e à segurança pessoal e de não ser
sujeito à prisão ou detenção arbitrárias;
direito a julgamento justo;
direito à igualdade perante a lei;
direito à proteção contra interferência arbitrária na vida privada;
Sistema Global
direito à liberdade de movimento;
direito a uma nacionalidade;
direito de casar e de formar família;
direito às liberdades de pensamento, consciência e religião;
direito às liberdades de opinião e de expressão;
direito à reunião pacífica;
direito à liberdade de associação e direito de aderir a sindicatos;
direito de votar e de tomar parte no Governo .
Sistema Global
Finalmente, vale lembrar, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos é acompanhado de um Protocolo Facultativo, por meio do qual os Estados-partes, que o ratificam, reconhecem a competência desse Comitê dos Direitos Humanos para receber e considerar comunicações individuais quanto aos descumprimentos do Pacto. 
Protocolo facultativo: petição individual ao comitê de direitos humanos.
Segundo protocolo facultativo: objetivo abolir a pena de morte – o Brasil assinou com reservas ( no caso de guerra) 
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PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS (1966)
Foi criado para dar força jurídica aos preceitos relacionados aos Direitos Econômicos, Culturais e Sociais estabelecidos na Declaração da Organização das Nações Unidas de 1948.
Brasil aprovou o texto em 1991 – entrando em vigor em 1992. Decreto 591. 
Possui 31 artigos divididos em 5 partes. 
São direitos de implementação progressiva protegidos pela proibição de retrocesso
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o direito ao trabalho, o direito a condições justas e favoráveis de trabalho; o direito a formar sindicatos e participar deles; o direito de greve, exercido em conformidade com as leis de cada país; o direito à segurança social, inclusive aos seguros sociais; o direito à proteção e assistência familiar, especialmente às mães e às crianças; o direito à educação e o direito a participar da vida cultural e dos benefícios da ciência . 
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Thomas Buergental: “Ao ratificar este Pacto, os Estados não se comprometeram a atribuir efeitos imediatos aos direitos nele enumerados. Os Estados se obrigam meramente a adotar medidas, até o máximo dos recursos disponíveis, a fim de alcançar progressivamente a plena realização destes direitos”
Norma de aplicabilidade limitada
Analisando o que ocorre na prática, a comunidade internacional ainda tolera violações de tais direitos, o que não ocorre com os direitos civis e políticos, demonstrando que, ainda hoje, estes são considerados mais importantes que os econômicos, sociais e culturais.
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Enquanto o Pacto dos Direitos Civis e Políticos estabelece os direitos dos indivíduos, o Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais determina os deveres dos Estados. Assim, os direitos civis e políticos, garantidos pelo Estado, são aplicados imediatamente; os direitos sociais, econômicos e culturais, de acordo com o Pacto, têm uma realização progressiva...
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“Com efeito, democracia, estabilidade e paz não podem conviver com condições de pobreza crônica, miséria e negligência. Além disso, essa insatisfação criará grandes e renovadas escalas de movimentos de pessoas, incluindo fluxos adicionais de refugiados e migrantes, denominados ‘refugiados econômicos’, com todas as suas tragédias e problemas. (...) Direitos sociais, econômicos e culturais devem ser reivindicados como direitos e não como caridade ou generosidade”.

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