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Aula 01 Penal IV

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Aula 01 – Direito Penal IV
Crimes contra a Administração Pública, praticados por funcionário público 
I - Crimes praticados por Funcionário Público 
1.1. Conceitos de Administração Pública e funcionário público para o Direito Penal.
Conforme dispõe o art. 37 da CRFB/1988, a Administração Pública é regida
pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
* LIMPE (regrinha para gravar) 
 Logo, nos delitos contra a Administração Pública, o agente público atuando isoladamente ou em unidade de desígnios com pessoas estranhas à Administração Pública atua de forma contrária aos referidos princípios e sua conduta pode ser caracterizada como desvio de poder de modo a lesionar a probidade administrativa, na medida em que o interesse particular se sobrepõe ao interesse público.
Consoante interpretação do o art. 30 do Código Penal, podemos concluir que as elementares objetivas ou subjetivas se comunicam desde que o outro agente tenha ciência desta elementar. Lembremos que a elementar funcionário público possui natureza subjetiva, pois se refere à condição específica do agente.
Para fins de exemplificação, vejamos algumas narrativas hipotéticas:
Narrativa 1: O agente A, funcionário público de determinada repartição pública, com o fim de subtrair um notebook da sua seção, decide ir ao prédio no qual trabalha na noite de sexta-feira e, aproveitando-se do fato de o vigia o reconhecer, mente informando que irá buscar sua mochila que havia esquecido. Ainda, pede a seu cunhado B que o acompanhe com o fim de auxiliá-lo caso haja algum problema. 
Nessa situação, podemos afirmar que A praticou o delito de peculato furto, previsto no art. 312, §1º, do Código Penal, sendo a mesma conduta típica aplicável a seu cunhado, uma vez que este tinha conhecimento da condição de funcionário público utilizada por A.
Narrativa 2: Suponhamos que A pratique a mesma conduta com o auxílio de uma nova namorada que desconheça sua condição de funcionário público. Neste caso, teremos o rompimento da teoria monista ou unitária do concurso de agentes, na medida em que sua namorada desconhecia a elementar funcionário público, razão pela qual sua conduta restará tipificada como furto, e não peculato.
Narrativa 3: A, com o auxílio de seu cunhado, decide arrombar a janela de sua seção para que ninguém o veja subtraindo o notebook. Neste caso, como o agente em momento algum se utilizou da condição de funcionário público, não há que se falar no delito de peculato, mas no delito de furto qualificado pelo concurso de agentes e pelo rompimento de obstáculo, majorado pelo repouso noturno.
1.3. Distinção entre crimes funcionais próprios e impróprios.
Haverá o confronto e necessidade de distinção entre os crimes contra a Administração Pública e, por exemplo, os crimes contra o patrimônio.
Podemos definir crimes funcionais como aqueles praticados por funcionário público no exercício de suas funções ou em decorrência destas, podendo ser esses classificados como próprios ou impróprios (mistos).
Crimes funcionais próprios: são aqueles em que, caso não esteja presente a elementar do tipo “funcionário público”, a conduta será considerada atípica, como o delito de prevaricação, previsto no art. 319 do Código Penal. 
Uma vez retirada a elementar funcionário público, a conduta será atípica.
Crimes funcionais impróprios: são aqueles nos quais, uma vez excluída a elementar funcionário público, a conduta será tipificada como outro crime, como o exemplo citado no qual podemos confrontar os delitos de peculato (art. 312, CP) e apropriação indébita (art.168, CP) ou furto (art.155, CP).
1.4. Conceitos de funcionário público e, funcionário público por equiparação, previstos no Código Penal; distinção do conceito de múnus público (art.327, do CP)
Compreende-se como funcionário público, para fins penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
São considerados funcionários públicos por equiparação “quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública”.
Com relação aos servidores temporários, podemos citar os mesários eleitorais, jurados e até mesmo conselheiros. 
Todavia, não podemos confundir serviço público temporário com múnus público.
Pois serviço público temporário, exerce função pública, enquanto múnus público, exerce encargo público, a exemplo dos inventariantes judiciais e síndicos (administradores) de massa falida.
1.5. Distinção entre o conceito de funcionário público, previsto no Código Penal, e autoridade pública, prevista na Lei n 4898/1965: natureza das funções exercidas; aplicação do princípio da especialidade e derrogação tácita de dispositivos do Código Penal.
A distinção entre funcionário público, empregado público, ocupantes de cargos em comissão ou servidores temporários reside, dentre outros aspectos, na forma com a qual o agente passou a integrar a administração pública (concurso público, cargo em comissão, contrato de trabalho celetista) ou, ainda, nos regimes de trabalho (celestista, estatutário ou até mesmo, sem que haja qualquer remuneração).
1.6. A aplicação do princípio da insignificância aos crimes contra Administração Pública. 
O questionamento acerca da incidência do princípio da insignificância visa, em última análise, à exclusão da responsabilidade jurídico-penal mediante o reconhecimento da exclusão da tipicidade da conduta.
No que concerne aos crimes contra a Administração Pública, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que não há que se cogitar a incidência do referido princípio para fins de exclusão da tipicidade da conduta, ainda que em alguns casos sejam atendidos os requisitos afetos à lesão patrimonial, pois, segundo o melhor entendimento, busca-se tutelar não apenas o erário (patrimônio) público, mas, principalmente, a moralidade e a probidade da Administração Pública no exercício de suas funções.
Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido da possibilidade da aplicação do referido princípio (Habeas Corpus)
II. Crimes em espécie, praticados por funcionário público.
2.1. Peculato. (art.312, do CP)
Consistente na subtração de coisas pertencentes ao Estado.
Tem por objeto jurídico a própria moralidade da Administração Pública e, indiretamente, seu patrimônio; e por objeto material todo e qualquer bem móvel, dinheiro ou valor.
Análise do tipo penal
O delito de peculato se caracteriza como delito funcional impróprio ou misto, pois as condutas dolosas previstas descrevem figuras especiais dos delitos de apropriação indébita (caput) e de furto (§1º), uma vez que excluída a elementar funcionário público da figura típica, esta será caracterizada como um destes delitos contra o patrimônio.
Por outro lado, no caso da conduta culposa, prevista no parágrafo segundo, o agente público, por meio da quebra do dever objetivo de cuidado (portanto culpa), concorre para a prática de peculato doloso por outrem.
Sujeitos do delito
Configura-se como delito próprio, mas admite o concurso de pessoas, desde que o estranho à Administração Pública tenha conhecimento da condição do sujeito ativo. 
Sujeito passivo: O Estado figura tanto como sujeito passivo indireto quanto direto, na medida em que ocorre a lesão ao seu patrimônio (inclusive ao patrimônio moral). Ou seja, também será considerado sujeito passivo de direto na medida em que se configure como titular do bem jurídico-penal lesionado.
Peculato de uso – irrelevante penal / sendo a conduta caracterizada como improbidade administrativa.
É importante destacar ainda duas exceções nas quais não haverá a caracterização do peculato de uso para fins de exclusão de responsabilidade penal: 
quando a conduta for praticada por prefeito (crime de responsabilidade)
quando a conduta for praticada por militar
Classificaçãodoutrinária 
O delito de peculato pode ser classificado como:
crime próprio (exige qualidade especial de seu sujeito ativo); 
unissubjetivo (pode ser praticado por um único agente); 
de forma livre (admite qualquer meio executório);
instantâneo e plurissubsistente (seu iter criminis é fracionável), logo admite a tentativa nas modalidades dolosas.
• Peculato apropriação (art. 312, caput, 1ª parte, CP) - Pena: reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos e multa. Peculato desvio (art. 312, caput, parte final, CP) - Pena: reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos e multa.
O peculato apropriação, como dito anteriormente, diferencia-se do delito de apropriação indébita em decorrência da elementar funcionário público, pois se configura como a apropriação de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, do qual o funcionário público tenha a posse em razão do cargo. Desta forma, consuma-se no momento em que o funcionário inverte o animus sobre a res e passa a agir como se seu titular fosse, caracterizando-se como delito material. 
• Peculato furto (art. 312, §1º, CP) - Pena: reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos e multa.
Peculato furto Também denominado peculato impróprio, configura-se como a conduta do funcionário público que, embora não tenha a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, para si ou para outrem, prevalecendo-se da condição de funcionário público. 
• Peculato culposo (art. 312, §2º, CP) - Pena: detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
A figura típica de peculato culposo, se configura quando o funcionário público quebra o seu dever objetivo de cuidado de modo a facilitar a prática do crime de outrem.
• Peculato mediante erro de outrem (art. 313, CP) - Pena: reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Também é conhecida como peculato estelionato, na medida em que o funcionário público se utiliza de ardil ou fraude para a apropriação de dinheiro ou qualquer outra utilidade recebida face ao erro de outrem, ou seja, terceiro. 
• Peculato eletrônico (arts. 313-A e 313-B, CP) - Pena: reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos e multa; e detenção de 3 (três) meses a 2 (dois) anos e multa, respectivamente.
Diferenciaremos as figuras típicas denominadas pela doutrina de “peculato eletrônico”.
Art. 313-A: Inserir dados da pessoa no sistema
Art. 313-B: Mexer no sistema ou programa de informática
É importante destacar que o delito se consuma no momento em que há a alteração dos dados constantes no banco de dados da Administração Pública.
Crime formal (não exige a produção do resultado para a consumação) 
2.2 Concussão.(art.316, do CP):
Análise do tipo penal
O delito de concussão, previsto no art. 316 do Código Penal, descreve figura especial do delito de extorsão, caracterizando-se, portanto, como delito funcional impróprio ou misto.
Em razão da função pública, exige de outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida. 
Diferencia-se do delito de corrupção passiva, previsto no art. 317 do Código Penal, pois neste o núcleo do tipo descreve a conduta de “solicitar”, diferentemente do delito de concussão, no qual o agente “exige” para si ou para outrem a vantagem indevida, ou seja, impõe à vítima a prática de uma conduta que o beneficie, e esta cede por temor a possíveis represálias. 
Sujeitos do delito 
Configura-se como delito próprio porque a condição de funcionário público como sujeito ativo do delito é elementar do tipo. Entretanto, não é necessário que ele esteja no exercício da função pública, mas que se valha dela, mesmo antes de assumi-la, como forma de constranger o sujeito passivo.
Sujeito ativo: o funcionário encarregado da arrecadação do tributo ou contribuição social.
Sujeito passivo: o Estado figura tanto como sujeito passivo indireto quanto direto.
Classificação doutrinária
O delito de concussão pode ser classificado como crime próprio, unissubjetivo, doloso, de forma livre, plurisubsitente e instantâneo.
Consumação e tentativa
 Configura-se, em regra, como delito formal, ou seja, se consuma com a conduta de exigir, para si ou para outrem, mas em razão da função, a vantagem indevida; caso esta ocorra, será caracterizada como mero exaurimento da conduta. Da mesma forma que a extorsão, o delito de concussão é plurissubsistente, logo, admite tentativa quando não ocorrer o efetivo constrangimento, ou seja, quando a vítima não se sentir coagida.
Figuras típicas 
• Simples – art. 316, caput, Código Penal - Pena: reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos e multa. 
• Excesso de exação – art. 316, §1º, Código Penal - Pena: reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos e multa. 
Pode ser compreendido como a exigência rigorosa de tributos (imposto, taxa ou contribuição de melhoria) ou contribuição social e se perfaz mediante duas modalidades: exigência indevida do tributo ou contribuição social e cobrança vexatória ou gravosa não autorizada em lei. 
Exigência indevida do tributo ou contribuição social - Parte-se da premissa de que o agente saiba ou deva saber que o tributo ou contribuição social são indevidos. 
Cobrança vexatória ou gravosa não autorizada em lei - Neste caso, ainda que o tributo ou contribuição social sejam devidos, a forma com a qual foram cobrados pelo funcionário público tipifica a conduta. 
As duas modalidades se consumam independentemente do recebimento de qualquer valor corresponde ao tributo ou contribuição social, logo se classificam como delito formal.
• Figura qualificada – art. 316, §2º, Código Penal - Pena: reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos e multa.
Esta figura qualificada, também considerada norma penal do mandato em branco, descreve a conduta na qual o funcionário público que tenha recebido indevidamente valores cobrados os desvie em proveito próprio ou alheio. Ou seja, ainda que recebidos indevidamente, os valores cobrados deveriam ser recolhidos aos cofres públicos e, neste caso, além do recebimento indevido dos tributos ou contribuições sociais, o funcionário público apropria-se destes valores em benefício próprio ou alheio.
ATENÇÃO: 
Se o desvio for realizado antes dos valores ingressarem nos cofres públicos, a conduta será a prevista no §2º do art. 316; caso os valores sejam desviados após o recolhimento dos cofres públicos, restará caracterizado o peculato.
2.3. Corrupção passiva (art.317, do cp):
A moralidade pública o bem jurídico penal protegido. 
A expressão “corrupção” na sociedade brasileira é muito associada ao conhecido “jeitinho brasileiro”, na medida em esta expressão contempla a obtenção de qualquer vantagem indevida mediante um “acordo” entre as partes.
Objeto jurídico: a administração pública
Objeto material: a vantagem indevida. 
Os Tribunais Superiores já firmaram entendimento no sentido de que, embora não envolva violência ou grave ameaça à pessoa, o delito de corrupção passiva traz conseqüências nefastas e devastadoras à sociedade, pois os danos não se limitam à Administração Pública, mas atingem um número indeterminado de pessoas, lesionando bens públicos de interesse geral.
O ordenamento jurídico prevê condutas típicas tanto para o agente que se corrompe quanto para o terceiro à Administração Pública que o corrompe – corrupção passiva e corrupção ativa. 
A conduta praticada pelo funcionário público será tipificada no art. 317 (corrupção passiva)
A conduta praticada pelo particular, no art. 333 do Código Penal (corrupção ativa).
Análise do tipo penal
Configura-se como tipo penal de ação múltipla ou tipo misto alternativo face à possibilidade da realização de mais de uma conduta, sendo considerado crime único, ainda que haja a prática de mais de uma conduta no mesmo contexto fático.
Caput do art.317 do Código Penal: 
(a) solicitar vantagem indevida – a proposta emana do agente público e consuma-se independentemente da entrega da vantagem; 
(b) receber vantagem indevida – a proposta emana do terceiro e consuma-se no momento em que o agente recebe a vantagem indevida
(c) aceitar promessa de tal vantagem: neste caso, não é necessário o recebimentoda vantagem; o delito restará consumado com o mero consentimento do agente público.
ATENÇÃO
Nas condutas de receber vantagem indevida ou aceitar promessa de tal vantagem, haverá bilateralidade de condutas – corrupção ativa e passiva.
No delito de concussão, são elementares do delito de corrupção passiva: a vantagem indevida, a possibilidade de a conduta ser praticada diretamente pelo funcionário público ou indiretamente, bem como não há necessidade de que o funcionário esteja no exercício da função pública, mas que se valha dela para a prática da conduta.
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: configura-se como delito próprio (funcionário)
Sujeito passivo: o Estado figura tanto como sujeito passivo indireto quanto direto, à medida que ocorre a lesão ao seu patrimônio (inclusive moral). Já o sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, a pessoa que possa vir a ser prejudicada pela corrupção.
Classificação doutrinária 
Crime próprio, formal, de forma livre, unissubjetivo, misto alternativo e instantâneo.
Figuras típicas
 • Corrupção passiva simples – Art. 317, caput, do Código Penal - Pena: reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos e multa. 
EXEMPLO 
Um advogado oferece vantagem indevida, consistente em determinada quantia em dinheiro, para determinar que um dado funcionário público retarde a prática de ato de ofício de sua competência com o fim de beneficiar seu cliente. Suponhamos que o funcionário público aceite a vantagem e, ainda assim, pratica o ato de ofício que era de sua competência.
*Ele aceita mas exerce a função
• Corrupção passiva majorada – Art. 317, §1º, do Código Penal - Pena: a pena é aumentada de um terço se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
Em síntese, nesta conduta o agente público realiza o prometido ao terceiro na conduta prevista no caput do referido artigo.
*Ele aceita e cumpre o combinado
• Corrupção passiva privilegiada – Art. 317, §1º, do Código Penal- Pena: detenção de 3 (três) meses a um 1 (ano) ou multa.
Nesta figura típica, diferentemente das figuras previstas no caput e no §1º o funcionário público não visa atender a interesse próprio, mas cede à solicitação de terceiro “comum na reciprocidade do tráfico de influência. Em outras palavras, significa dizer que o funcionário público não retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício em decorrência da obtenção de vantagem indevida, mas porque cede à solicitação de outrem (interesse de outrem), razão pela qual sua pena passa a ser de detenção, de três meses a um ano, ou multa.
*Ele não recebe nada em troca e cumpre o combinado
Questões relevantes
• Confronto com o delito de concussão: a conduta prevista no delito de corrupção passiva compreende a “solicitação” do agente público sem que haja qualquer forma de constrangimento ou coação, diferentemente da conduta prevista no tipo penal de concussão. 
• Confronto entre o delito de corrupção passiva privilegiada e o delito de prevaricação: neste caso, a conduta do agente público tem por motivo determinante a satisfação de interesse ou sentimento pessoal, enquanto na corrupção passiva o agente visa a obtenção de vantagem indevida.
Exemplos: 
Corrupção passiva privilegiada - Joana, delegada de polícia, negou-se a registrar ocorrência de estupro de vulnerável contra o filho de sua empregada doméstica, Marilza, a pedido desta, que alegou conhecer o rapaz que praticara a conduta, bem como concordava com o namoro de ambos. Nesta situação, a delegada de polícia, cedendo a pedido de outrem e sem o dolo de obtenção de vantagem indevida.
Prevaricação - Suponhamos que a delegada de polícia, sob o argumento de que conhecia o jovem e que a suposta vítima, de 13 anos à época dos fatos, era, como afirmado pela mãe do suposto autor dos fatos, namorada deste, por ato voluntário, negou-se a registrar a referida ocorrência de estupro de vulnerável. 
2.4. Facilitação de contrabando ou descaminho. (art.318, do CP):
CONCEITO 
A expressão contrabando compreende toda a “importação ou exportação cujo ingresso ou saída do país seja absoluta ou relativamente proibida”. 
A expressão descaminho, compreende “toda fraude empregada para iludir, total ou parcialmente, o pagamento de impostos de importação, exportação ou consumo (cobrável na própria aduaneira antes do desembaraço das mercadorias importadas)”
Análise do tipo penal 
O delito em exame descreve a conduta de funcionário público que colabora ou concorre para a prática das condutas de descaminho ou contrabando praticadas por particular. 
Objeto jurídico: possui a própria administração pública como objeto jurídico, seja pelo aspecto moral ou patrimonial. 
Objeto material da conduta: podemos considerar os produtos ou mercadorias contrabandeados ou dos quais os impostos não foram recolhidos. 
A conduta nuclear de “facilitar”, através de conduta comissiva ou omissiva, a prática de contrabando ou descaminho exige que o funcionário público que a cometa seja o responsável pelo controle, fiscalização e impedimento da entrada de mercadoria proibida, no caso do contrabando, ou pelo controle, fiscalização e arrecadação do imposto devido, no caso do descaminho. 
• Pena: reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos e multa.
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: o funcionário público que possuir competência específica para o controle, fiscalização, arrecadação do tributo ou proibição.
Caso contrário, sua conduta será tipificada como participação à conduta do particular que praticar o descaminho (art. 334 do Código Penal) ou o contrabando (art. 334-A do Código Penal). 
Sujeito passivo: a Administração Pública.
Classificação doutrinária 
Configura-se como delito próprio, doloso, de forma livre, unissubjetivo, instantâneo, unissubstente ou plurissubsistente e formal.
Consumação e tentativa
Por caracterizar-se como delito formal, se consuma no momento em que o agente pratica a conduta de facilitação, por meio de conduta comissiva ou omissiva, infringindo dever funcional, sendo, portanto, irrelevante se o particular logrou êxito no descaminho ou contrabando. 
Não obstante trata-se de crime formal, por admitir o fracionamento do iter criminis (plurissubsistente). É possível a caracterização da tentativa como causa de diminuição de pena.
2.5. Prevaricação. (art.319, do CP):
Em sua descrição típica a situação na qual o agente público sobrepõe seu interesse ou sentimento pessoal ao interesse público, independentemente da obtenção de qualquer vantagem indevida, na medida em que sua conduta de deixar de praticar ou retardar a prática de ato de ofício tem por motivação ou especial fim de agir a satisfação de interesse ou sentimento pessoal.
Configura-se como delito especial próprio e admite o concurso de pessoas por particular, na modalidade de participação.
Análise do tipo penal 
Por “interesse ou sentimento pessoal” - compreende-se o interesse que não tenha caráter econômico, mas pelo qual o agente público coloca seu interesse acima do interesse público - “é qualquer proveito, ganho ou vantagem auferida pelo agente e que não tenha natureza econômica”.
Por sentimento pessoal - “é a disposição afetiva do agente em relação a algum bem ou valor” 
A ação nuclear contempla as condutas de retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou, ainda, praticá-lo contra disposição expressa de lei. 
Objetivo material do delito: o ato de ofício
Ato de ofício: “todo aquele que se encontra na esfera de atribuição do agente que pratica qualquer dos comportamentos típicos”
Configura-se como tipo subjetivamente complexo, pois contempla o dolo genérico de retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício ou praticá-lo contra disposição expressa de lei e o especial fim de agir ou especial motivação de atender a interesse ou sentimento pessoal.
Sujeitos do delito 
Sujeito passivo: O Estado, na figura da Administração Pública.
Sujeito Ativo: O funcionáriopúblico com a incumbência da prática do ato de ofício.
Classificação doutrinária 
Classifica-se como delito próprio, funcional impróprio, subjetivamente complexo, de forma livre, instantâneo, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente, bem como formal.
Consumação e tentativa 
Por tratar-se de delito formal, consuma-se no momento em que o funcionário público retarda ou deixa de praticar indevidamente ato de ofício ou ainda quando o pratica contra disposição expressa de lei, ou seja, consuma-se independentemente da efetiva satisfação de interesse ou sentimento pessoal. 
Ainda que caracterizado como delito formal, admite a modalidade tentada nas condutas comissivas.
Figuras típicas
• Prevaricação própria – Art. 319 do CP -Pena : detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa
• Prevaricação imprópria – Art. 319-A do CP - Pena: detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
Configura-se como a prevaricação de agente penitenciário que permite, através da quebra de seu dever funcional, que o preso tenha acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, possibilitando a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Este funcionário público deve ser o responsável pelo impedimento ao acesso a aparelhos de comunicação.
Configuram-se como infrações penais de menor potencial ofensivo e admitem a aplicação de pena alternativa (transação penal) e suspensão condicional do processo.
2.6. Condescendência criminosa. (art.320, do CP:
Diferentemente do que ocorre nos demais crimes contra a Administração Pública praticados por funcionário público estudados até o momento, nesta infração penal a relação entre a quebra do dever funcional pelo funcionário público se dá em decorrência da conduta de outro funcionário público, não de particular. O elemento normativo “indulgência” pode ser compreendido como “clemência, tolerância para com a falta de subalterno.
Análise do tipo penal 
Configura-se como delito especial próprio. O núcleo do tipo contempla duas condutas, a saber: 
deixar de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo;
deixar de comunicar o fato ao conhecimento da autoridade competente para a respectiva responsabilização. 
Objeto material: a infração não punida ou não comunicada.
Sujeitos ativo: O funcionário público
Sujeito passivo: O Estado, na condição de Administração Pública.
Classificação doutrinária 
Classifica-se como delito próprio, doloso, omissivo, formal, de forma livre, unissubjetivo e unissubsistente.
Consumação e tentativa 
Por se tratar de crime formal, se consuma quando da prática da conduta omissiva pelo funcionário público hierarquicamente superior, independentemente da impunidade do subalterno. 
Ainda, por ser unissubsistente, não admitirá a tentativa.
Confronto com o delito de prevaricação 
Não se confunde com o delito de prevaricação.
Prevaricação – neste, a conduta omissiva do agente público visa satisfazer interesse ou sentimento pessoal próprio.
Condescendência criminosa - a conduta do agente público tem por motivação a indulgência em relação a terceiro.
2.7. Advocacia administrativa. (art.321, do CP)
Análise do tipo penal 
A expressão “patrocinar” compreende as condutas de proteger, beneficiar ou defender, direta ou indiretamente, interesse privado, que pode ser legítimo ou. 
Cabe salientar que o patrocínio pode configurar-se como mero “favor”, não sendo exigido, portanto, que o agente público receba qualquer vantagem.
Desta forma, podemos concluir ser possível o concurso formal de crimes com os delitos de concussão, corrupção ativa e corrupção passiva. 
Objeto material: o interesse privado patrocinado.
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: o funcionário público
Sujeito passivo: a Administração Pública na qualidade de sujeito passivo.
Classificação doutrinária 
Classifica-se como delito próprio, doloso, comissivo, formal, de forma livre, unissubjetivo e plurissubsistente.
Consumação e tentativa 
Por tratar-se de crime formal, se consuma quando da prática da conduta comissiva pelo funcionário público, independentemente de efetivo prejuízo à Administração Pública. 
Por ser plurissubsistente, em tese, admitirá a tentativa.
Confronto com o delito de prevaricação 
No delito de advocacia administrativa - o agente público não tem competência para a prática de determinado administrativo e se vale de sua função para influenciar aquele que possui a referida competência com o fim de auferir qualquer benefício a terceiro estranho à Administração Pública.
Questões relevantes 
• Admite-se o concurso formal de crimes com os delitos de concussão, corrupção ativa e corrupção passiva. 
• Nos casos de crimes contra a ordem tributária ou relacionados a licitação pública, reger-se-ão pelas regras especiais contidas, respectivamente, na Lei nº 8137/1990 (art. .3º) e na Lei nº 8.666/1993 (art. 91).
2.9. Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado. (art. 324, do CP)
Análise do tipo penal 
Configura-se como norma penal do mandato em branco no que concerne à expressão “exigências legais”. A figura apresenta-se como dolosa e contempla apenas o dolo genérico, todavia para a caracterização da expressão “sem autorização”, elementar normativa do tipo a ser valorada no caso concreto, necessário, nos casos de exoneração, remoção, substituição ou suspensão, para a caracterização do delito que o agente público tenha sido comunicado pessoalmente pela autoridade superior, não sendo a publicação em Diário Oficial suficiente para a configuração do delito.
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: o funcionário público
Sujeito passivo: a Administração Pública.
Classificação doutrinária Classifica-se como delito próprio, doloso, comissivo, formal, de forma livre, unissubjetivo e plurissubsistente.
Consumação e tentativa
Configura-se como delito formal, sendo admissível a tentativa por tratar-se de delito plurissubsistente.
Questões relevantes 
Distinção entre exoneração, remoção, substituição e suspensão: 
(a) exoneração é perda do cargo; 
(b) remoção é a mudança do funcionário de um posto para outro, sendo mantido o cargo; 
(c) substituição é a colocação de um funcionário em local de outro; e 
(d) suspensão é a sanção disciplinar na qual o funcionário é afastado temporariamente de cargo ou função.
UM ESBOÇO CONCEITUAL DOS TÓPICOS RELACIONADOS 
(tirado da internet)
Considerações gerais. 
Para o Direito Penal, entretanto, a expressão Administração Pública deve ser compreendida como toda a atividade funcional do Estado, seja subjetivamente (órgãos instituídos para a concreção de seus fins), seja objetivamente (atividade estatal realizada com fins de satisfação do bem comum
Crimes funcionais: são aqueles perpetrados por funcionário público no exercício de suas funções ou em decorrência destas sendo, classificados em próprios e impróprios (mistos). 
Crimes funcionais próprios: são aqueles em que, caso não esteja presente a elementar do tipo funcionário público, a conduta será considerada atípica, 
Delitos funcionais impróprios: são aqueles nos quais, uma vez excluída a elementar funcionário público, a conduta será tipificada como outro crime.
 O delito de peculato, previsto no art.312, do Código Penal, descreve figuras especiais dos delitos de apropriação indébita (caput) e de furto (§1º), caracterizando-se, portanto, como delitos funcionais impróprios ou mistos. Apresenta como figuras típicas os delitos de peculato próprio, impróprio (peculato-furto), peculato culposo e peculato mediante erro de outrem. Por outro lado, no caso da conduta culposa, o agente público, por meio da quebra do dever objetivo de cuidado, concorre para a prática de peculato doloso por outrem. 
 O delito de Concussão, previsto no art.316, do Código Penal, descreve a figura especial do delito de extorsão caracterizando-se, portanto, como delito funcional impróprio ou misto. 
 No que concerne ao excesso de exação, previsto no §1º, é compreendida como a exigência rigorosade tributos ou contribuição social. Ainda, o §2º prevê a modalidade qualificada nos casos em que o funcionário desvia em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos.
 O delito de Corrupção passiva, previsto no art.317, do Código Penal, configura-se como tipo penal de ação múltipla ou tipo misto alternativo face à possibilidade da prática de mais de uma conduta sem que, com isso, seja caracterizada a pluralidade de infrações penais. Nas condutas de receber vantagem indevida ou aceitar promessa de tal vantagem haverá bilateralidade de condutas entre os delitos de corrupção ativa e passiva, este último praticado por particular contra a Administração Pública. Além da figura prevista no caput, comporta as figuras qualificada e privilegiada - §§1º e 2º. 
 No delito de facilitação de contrabando ou descaminho, previsto no art.318, do Código Penal, o legislador rompeu com a teoria unitária do concurso de pessoas na medida em que optou por tipificar a conduta do agente que, na verdade, realiza conduta acessória às condutas de contrabando ou descaminho. Trata-se de delito formal e plurissubsistente. Insta salientar que, no que concerne aos delitos de contrabando e descaminho houve alteração legislativa pela lei n. 13008 de 26/06/2014. 
 Com relação ao delito de prevaricação, previsto no art.319, do Código Penal, caracteriza-se tipo subjetivamente complexo cujo especial fim de agir é o interesse ou sentimento pessoal. Configura-se como delito formal e somente admite a modalidade tentada nas condutas comissivas.
 O delito de condescendência criminosa, art.320, do Código Penal, configura-se como delito formal, admite condutas comissivas e omissivas e consuma-se independentemente da efetiva impunidade do subalterno.
 O delito de advocacia administrativa, art.321, do Código Penal, compreende em sua figura típica a conduta de patrocinar interesse privado perante a administração pública, sendo a expressão patrocinar compreendida pelas condutas de proteger, beneficiar ou defender, direta ou indiretamente, interesse privado, que pode ser legítimo ou não. Saliente-se que a referida conduta configura-se como delito formal e não exige a obtenção de qualquer vantagem por parte do funcionário público. 
 Por fim, o delito de exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado, previsto no art. 324, do Código Penal, configura-se como norma penal do mandato em branco por força da expressão à expressão exigências legais.

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