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NECROSE E APOPTOSE e Acúmulos intracelulares • Bogliolo/Patologia Geral. Brasileiro-Filho, Geraldo. Editora Guanabara Koogan 2009. • Bases Clinicopatológicas da Medicina. Rubin, Emanuel.Editora Guanabara Koogan 2006. • Patologia Básica 8 edição. Robins, Abbas; Abul K.; Kumar, Vinay; Fausto, Nelson; Mitchell, Richard N. Editora. Elsevier 2008. E-mail: aulafase@yahoo.com.br CONTEÚDO 3 1 LESÃO CELULAR - irreversível Existem 2 tipos de expressão morfológica para a morte celular: Necrose Apoptose NECROSE É conjunto das alterações morfológicas que ocorrem após a morte celular num tecido ou em órgãos vivos. Dois processos são responsáveis pelas alterações morfológicas básicas da necrose: 1 - Digestão enzimática das organelas e de outros componentes da célula 2 - Desnaturação de proteínas 2 A necrose se caracteriza pela perda da integridade da membrana plasmática quanto a sua permeabilidade. Diferentes insultos patológicos como isquemia, hipóxia, hipertermia, irradiação e metabólitos tóxicos podem levar à perda abrupta da integridade da membrana plasmática (citólise) e à alteração de seus gradientes eletroquímicos. Ademais, a liberação dos constituintes intracelulares para o meio extracelular estimulam a resposta inflamatória e ampliam a lesão tecidual. OBS: A necrose causa inflamação nos tecidos adjacentes para a eliminação dos tecidos mortos e posterior reparo. A necrose 3 Necrose As membranas das células necróticas perdem a sua integridade, ocorrendo extravasamento de substâncias contidas nas células. Isto tem importância clínica, pois algumas delas são especialmente abundantes em determinados tipos celulares. Estas substâncias entram na corrente circulatória, podendo ser detectadas e interpretadas como evidência de morte celular. Nos casos de infarto agudo do miocárdio, por exemplo, Troponinas (Tn-I e Tn-T) e creatina quinase (CK-MB) acham-se presentes ou elevadas no sangue periférico, onde podem ser dosadas, constituindo assim importante método diagnóstico. 4 A apoptose é um processo ativo cuja marca registrada é a autodigestão controlada dos constituintes celulares, devida à ativação de proteases endógenas e pode ser comparada metaforicamente a um "suicídio celular". A ativação dessas proteases compromete a integridade do citoesqueleto, provocando verdadeiro colapso da estrutura celular. Durante a apoptose ocorrem alterações características no núcleo celular graças à ativação de endonucleases que degradam o DNA. Como resultado, o núcleo torna- se picnótico e a cromatina se condensa nas porções adjacentes à membrana nuclear. Finalmente, o núcleo entra em colapso e se fragmenta Apoptose 5 Apoptose (núcleos picnóticos) 6 AS CÉLULAS NECRÓTICAS APRESENTAM OS SEGUINTES ASPECTOS MORFOLÓGICOS: - destruição dos lisossomos e retículo endoplasmático - lesão na membrana celular - alterações mitocondriais e nucleares - presença de figuras de mielina ( fosfolipídeos); 7 NECROSE (cont.) É dividida nos seguintes padrões: 1 - Necrose coagulativa coagulação de proteínas causa a desnaturação (ex: isquemia->hipóxia). É caracterizada por essa desnaturação, degradação das organelas celulares e tumefação celular. Ocorre no rim, miocárdio (infarto do miocárdio), fígado. 2 - Necrose liquefativa é observado mais frequentemente em infecções bacterianas localizadas (ex: Staphilococus) e no cérebro. Presença de pus 8 2. NECROSE DE LIQUEFAÇÃO (coliquação) - 9 NECROSE (cont.) É dividida nos seguintes padrões: 3 - Necrose gangrenosa é provocada por isquemia ou pela ação de microrganismos. Pode ser úmida ou seca, dependendo da quantidade de água existente. A forma seca ocorre quando há perdas de líquidos por evaporação, insuficiência de afluxo de líquidos nutrientes, ou quando os tecidos sofrem a ação de determinadas substâncias químicas. Os tecidos apresentam-se secos, duros, escuros e apergaminhados (como as múmias). A forma úmida está associada com a proliferação de germes da gangrena, devido à presença de líquidos nutridores nos tecidos. Exalam um odor pútrico; frequentemente há a formação de bolhas gasosas. 10 Necrose gangrenosa 11 Necrose com mumificação simétrica dos membros inferiores. Membros inferiores apresentando comprometimento da pele músculo e estruturas tendinosas. NECROSE BILATERAL SIMÉTRICA PERIFÉRICA APÓS MENINGOCOCCEMIA NECROSE (Cont.) 4 - Necrose caseosa semelhante a necrose coagulativa, porém com aspecto esbranquiçado (ex: tuberculose). 5 – Esteatonecrose (Necrose gordurosa enzimática) ocorre a degradação de gordura (triglicerídeos) por fosfolipases que se ligam aos íons de cálcio e formam sabões de cálcio (ocorre na pancreatite aguda). 6 - Necrose fibrinóide o tecido necrótico adquire uma aspecto hialino, acidofílico, semelhante à fibrina. Pode aparecer na ateroesclerose, na úlcera péptica etc. 7 - Necrose hemorrágica quando há presença de hemorragia no tecido necrosado; essa hemorragia às vezes pode complicar a eliminação do tecido necrótico pelo organismo. 13 14 Necrose fibrinóide 15 Necrose hemorrágica 4. TUBERCULOSE PULMONAR 16 5. NECROSE GORDUROSA: Necrose gordurosa de MAMA Necrose gordurosa de PÂNCREAS 17 LESÃO IRREVERSÍVEL - APOPTOSE (Cont.) A função desse processo é eliminar seletivamente as células indesejáveis. A exposição de células à radiação ou a agentes quimioterápicos induz apoptose através de um mecanismo iniciado pela lesão do DNA. Quando isso ocorre há a ativação da enzima P53 que inicia dentro da célula o processo de morte celular programada. 18 AS CÉLULAS APOPTÓTICAS APRESENTAM OS SEGUINTES ASPECTOS MORFOLÓGICOS diminuição do volume celular condensação e fragmentação da cromatina formação de bolhas celulares ou vesículas citoplasmáticas e fragmentação em corpos apoptóicos fagocitose dos corpos apoptóicos por células sadias ou macrófagos adjacentes; ausência de inflamação. 19 APOPTOSE (Cont.) Quando ocorre: Durante o desenvolvimento (embriogênese) Como um mecanismo homeostático para manter as populações celulares nos tecidos No mecanismo de defesa, como nas reações imunes Quando as células são lesadas por uma doença ou agentes nocivos No envelhecimento Morte celular por injúria (radiação) Atrofia patológica por obstrução (glândula salivar) Injúria celular por virose (HPV) 20 APOPTOSE (Cont.) Esse processo de morte celular é responsável por numerosos eventos fisiológicos, adaptativos e patológicos, como: Deleção celular em populações celulares proliferantes como nos epitélios das criptas intestinais Morte celular em tumores Involução hormônio-dependente de tecidos no adulto (ex: endométrio e próstata) Morte de neutrófilos durante uma resposta inflamatória aguda Lesão e morte celulares em certas doenças virais Morte celular produzida por uma variedade de estímulos lesivos que são capazes de produzir necrose, mas que induzem a apoptose quando em baixas doses (radiação, lesão térmica leve) 21 22 APOPTOSE - É determinada geneticamente - Ocorre dentro dos intervalos fisiológicos - Célula compacta-se - Resulta de diversos passos intrinsecamente regulados - Participa no equilíbrio homeostático do organismo -Fenômeno individual celular (suícidio celular) - As vesículas formadas são removidas por fagocitose, num processo muito rápido que não deixa VESTÍGIOS NECROSE - Não é determinada geneticamente - Resulta da alteração súbita de um ou mais intervalos fisiológicos: (pH, temperatura) - Citoplasma “incha” - Não tem funções homeostáticas - Fenômeno coletivo a todas as células vizinhas - O derramamento do fluido celular inicia processos tecidulares (inflamação) que duram horas ou dias e originam marcas duradouras (cicatrizes) Diferença entre Apoptose e Necrose 23 ACÚMULOS INTRACELULARES Os acúmulos intracelulares são produtos do metabolismo perturbado da célula. Estes são classificados como: - Degeneração hidrópica – acúmulo de água - Degeneração gordurosa – acúmulo de lipídeo (esteatose) - Degeneração hialina – acúmulo de proteínas - Degeneração glicogênica – acúmulo de carboidratos - Degeneração pigmentar 24 Degeneração hidrópica Também conhecida como edema celular Acúmulo de H2O no citoplasma Mais comum em células parenquimatosas do rim, fígado e coração Órgão pálido, aumentado de volume e peso, com perda do brilho Ao microscópio as células possuem vacúolos pequenos e claros e pequenos grânulos no citoplasma Mitocôndrias aumentadas de volume, com perda das cristas mitocondriais, RE e Golgi também dilatados, dispersão dos ribossomos 25 A degeneração hidrópica ocorre em função do comprometimento da regulação do volume celular Processo centrado no controle das concentrações de Na+ e K+ no citoplasma Etiologia: Hipóxia Clínica: Comum nos estados de choque, infecções e intoxicações do fígado, estados de vômitos constantes e diarréia com perda acentuada dos eletrólitos 26 Degeneração gordurosa Degeneração gordurosa ou esteatose Acúmulo anormal de lípides no interior das células parenquimatosas Mais comum no Fígado O metabolismo lipídico se faz basicamente no fígado Etiologias: - Desnutrição Kwashiorkor (dieta pobre em proteínas e gorduras, mas rica em carboidratos); - Dieta hipercalórica (entrada excessiva de ácidos graxos livres no fígado); - Adrenalina, GH e os corticosteróides – aumentam a mobilização de gordura, produzindo um fígado gorduroso 27 Cont. etiologia: - Decréscimo na síntese protéica: intoxicação por CCl4 lesiona o RE impedindo a síntese de proteínas; - Álcool: formação de acetaldeído que é tóxico para mitocôndrias e diminuição da oxidação de ácidos graxos; - Hepatotoxinas: nas colites e pancreatites; - Drogas: arsênico, tetraciclina, etc: interferem com a síntese de proteínas. Outras ações do álcool: impede a união dos TG às proteínas para a formação de complexos lipoprotéicos. Diabetes descompensado 28 Fígado gorduroso, esteatótico, aumentado de volume e peso. Cor amarelada e consistência amolecida 29 Outras condições em que há aumento de lípides intracitoplasmáticos: - Doenças metabólicas genéticas - Aterosclerose - Hiperlipidemias Infiltração do tecido adiposo no interstício dos órgãos (lipomatose): - Indivíduos obesos - Comumente encontrada no coração, pâncreas, músculos esqueléticos, etc... 30 Degeneração Hialina Também conhecida como hialinoses Podem ser de diversos tipos: - Extracelular: atinge o tecido conjuntivo fibroso colágeno (encontrada em cicatrizes antigas) e a parede de vasos - Comum em hipertensão, diabetes, lupus eritematoso, glomerulonefrites, etc... 31 Intracelular: ocorre devido principalmente com a coagulação de parte das proteínas citoplasmáticas. - Goticular – aparecimento de numerosas gotículas hialinas (comum em doenças com comprometimento renal) - Amiloidose – Comum no fígado, rim, coração 32 Degeneração Glicogênica Diabetes: pacientes apresentam um quadro clínico de hiperglicemia e glicosúria. A glicose é absorvida pelas células tubulares renais e pelo fígado e armazenada na forma de glicogênio Erros enzimáticos que interferem na síntese do metabolismo do glicogênio são chamadas de glicogenoses – acúmulo de glicogênio pelo fígado, rins e coração. Pode levar a hepatomegalia, nefromegalia e hipoglicemia. 33
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