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Ética Jurídica e Deontologia Jurídica 2Ética e Profissão Jurídica U N ID A D E 1 Olá, bem vindo à unidade 1. Nesta unidade, veremos sobre a Filosofia: do grego, literalmente (amor à sabedoria, é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas científicas por geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, estão a argumentação lógica, a análise conceptual, as experiências de pensamento e outros métodos a priori. Vamos começar nossos estudos? Boa aula! Ética do Profissional do Direito. Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil e seu Regulamento Geral. Disciplina entre o Dever Profissional e as Relações com o Cliente. Ética do Advogado. Processo Disciplinar. Deontologia na Magistratura, no Ministério Público e na Defensoria Pública. Ética e Profissão Jurídica: Definição de filosofia; definição de deontologia; definição de ética e moral; Ética Jurídica e Deontologia Jurídica 3Ética e Profissão Jurídica U N ID A D E 1 Filosofia 1.1 Definição de Filosofia ● A Filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três modos: seja pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função que exerce na cultura, seja pela forma como trata tais temas. Com relação aos conteúdos, contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais como bem, beleza, justiça, verdade. Mas, nem sempre a Filosofia tratou de temas selecionados, como os indicados acima. No começo, na Grécia, a Filosofia tratava de todos os temas, já que até o séc. XIX não havia uma separação entre ciência e filosofia. Assim, na Grécia, a Filosofia incorporava todo o saber. No entanto, a Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do mundo até então vigente. Isto pode ser verificado a partir de uma análise da assim considerada primeira proposição filosófica. ● Cabe perguntar o que haveria de filosófico na proposição de Tales. Muitos ensaiaram uma resposta a esta questão. Hegel, por exemplo, afirma: "com ela a Filosofia começa, porque através dela chega à consciência de que o um é a essência, o verdadeiro, o único que é em si e para si. Começa aqui um distanciar-se daquilo que é a nossa percepção sensível". Segundo Hegel, o filosófico aqui é o encontro do universal, a água, ou seja, um único como verdadeiro. Nietzsche, por sua vez, afirma: "a filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matiz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisália está contido o pensamento: ‘Tudo é um’. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego". ● O importante é a estrutura racional de tratamento das questões. Nietzsche analisa esse texto, não sem crítica, e remarca a violência tirânica como essa frase trata toda a empiria, mostrando que com essa frase se pode aprender como procedeu toda a filosofia, indo, sempre, para além da experiência. ● A Filosofia representa, nessa perspectiva, a passagem do mito para o logos. No pensamento mítico, Ética Jurídica e Deontologia Jurídica 4Ética e Profissão Jurídica U N ID A D E 1 a natureza é possuída por forças anímicas. O homem, para dominar a natureza, apela a rituais apaziguadores. O homem, portanto, é uma vítima do processo, buscando dominar a natureza por um modo que não depende dele, já que esta é concebida como portadora de vontade. Por isso, essa passagem do mito à razão representa um passo emancipador, na medida em que libera o homem desse mundo mágico. 2. Deontologia ● Etimologia: Dever, Obrigação (deon) + Ciência (logia); ● Ramo da ética cujo objeto de estudo são os fundamentos do dever e as normas morais; ● Conjuntos de princípios e regras de conduta – os deveres – inerentes a uma determinada profissão; ● Sujeição de cada profissional a uma deontologia própria, a regular o exercício da sua profissão, conforme o Código de Ética de sua categoria; ● Conjunto codificado das obrigações impostas aos profissionais de uma determinada área, no exercício de sua profissão; 3. Definição de ética e moral 3.1 Ética ● Comportamento ideal, conforme o padrão (costume) adotado por uma coletividade; ● Percepção que não deriva precipuamente da descoberta individual e reflexiva de cada ser humano; ● Ideia de ética como produto da cultura humana, vinculada aos valores recebidos de nossos antepassados; ● Surgimento da necessidade de se construir um conceito de bom e justo; ● A pesquisa científica passa a reconstruir o conceito de ética, diferenciando-o do conceito moral; ● A ética se consolida como finalidade última e imutável do bom e do justo, insuscetível de variações valorativas; ● Impossibilidade de normatização da ética e de instituição de um Código de Ética Profissional; ● Contraponto: Profissões se utilizam do termo “ética profissional” para firmar seu código de conduta; 3.2 Ética e Moral ● Costuma-se tratar indistintamente os termos ética e moral; há necessidade de identificação da Ética Jurídica e Deontologia Jurídica 5Ética e Profissão Jurídica U N ID A D E 1 existência de distinções; a) Ética ● Capacidade de ação livre e autônoma do indivíduo; capacidade de resistência que o indivíduo tem em face das pressões externas advinda do meio; ● Somente o indivíduo pode praticar a ética, confrontando ou concordando com a moral reinante; b) Moral ● Conjunto das manifestações de poder axiológico capazes de constituir instâncias sobre determinação das esferas de decisão individual e coletiva; ● Geralmente, a moral se constitui por um processo acumulativo de experiências individuais, que vão ganhando assentimento geral, até se tornarem regras abstratas; ● O comportamento ético e a exigência moral social acabam se intercambiando o tempo todo; ● No entanto, nem tudo o que é moralmente aceito pode ser chamado de eticamente aceitável; c) Algumas características atinentes à moral: ● É anterior às normas de direito: surgimento cronológico das regras de direito relativas às regras da moral. A moral sempre vem primeiro do que o direito (anterioridade); ● A norma moral é interior: prescinde de qualquer fenômeno exterior, como ocorre com o direito (interioridade); ● A norma moral não é cogente: não pode dispor do poder punitivo de uma autoridade pública para ser cumprida; ● Utiliza sanções diferenciadas das jurídicas, tais como: consciência, rejeição social, vergonha, etc; ● A norma moral não é sancionada ou promulgada, pois não possui um procedimento formal, complexo e rígido; Ética Jurídica e Deontologia Jurídica 6Ética e Profissão Jurídica U N ID A D E 1 Leituras complementares: NALINI, José Renato.Ética Geral e Profissional. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Curso de Ética Jurídica Ética Geral e Profissional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei 8906/94) Básica LANGARO, Luiz Lima. Curso de Deontologia Jurídica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. Complementar BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Curso de Ética Jurídica Ética Geral e Profissional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. FERRARI, Irany. Etica profissional do advogado. São Paulo: Ltr, 2010. MADEU, Diogenes. Ética ProfGeral e Jurídica. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ROQUE, Sebastião José. Deontologia Jurídica: Ética profissional do Advogado. São Paulo: Icone, 2009. VASQUEZ, Adolfo Sanches. Ética. 33. ed. São Paulo: Civilização Brasileira, 2012.
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