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 Sua proposta é a expansão do modelo cognitivo com o objetivo de criar novas estratégias de tratamento para os trantornos de personalidade e também para os pacientes mais crônicos, mais rígidos e que não respodem bem ao tratamento cognitivo padrão.
 Os indivíduos com os chamados transtornos de personalidade apresentam padrões disfuncionais rígidos, inflexíveis, profundos e raramente buscam a psicoterapia. Na verdade, eles não sentem esses traços de personalidade como disfuncionais, parecem certos aos seus olhos, resultando daí a tendência em recusar qualquer tipo de ajuda ou mudança.
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 Os esquemas se referem a temas extremamente estáveis e duradouros que se desenvolvem durante a infância, são elaborados ao longo da vida e são disfuncionais.
 Os esquemas servem como modelos para o processamento da experiência posterior.
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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS EID 
(esquemas iniciais desadaptativos)
1 – São muito resistentes à mudança. Constituem o núcleo do autoconceito da pessoa e da sua concepção do ambiente. Eles são confortáveis e familiares, e quando contestados, a pessoa vai distorcer as informações para manter a sua validade. 
2 – São verdades a priori,implícitas e aceitas como algo natural.
3 – Por definição são disfuncionais de uma maneira significativa e recorrente.
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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS EID 
(esquemas iniciais desadaptativos)
4 – São ativados por acontecimentos ambientais relevantes para o esquema específico e são acompanhados por um alto nível de excitação afetiva.
5 – Parecem ser o resultado do temperamento inato da criança interagindo com experiências disfuncionais com pais, irmãos e amigos durante os primeiros anos de vida. (por exemplo: uma criança que é repetidamente criticada quando seu desempenho escolar não atinge o padrão parental fica propensa ao desenvolvimento do esquema de fracasso).
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 Os esquemas foram agrupados em 5 amplos domínios de esquemas, correspondendo às 5 necessidades desenvolvimentais da criança que, hipotetiza-se, não terem sido atendidas.
DOMÍNIOS DOS ESQUEMAS
1 – Desconexão e Rejeição
	As crianças ficam propensas a desenvolver esses esquemas quando não recebem amor, respeito, aceitação ou atenção suficientes por parte dos pais, ou seja, quando não têm experiências sociais positivas e um ambiente seguro.
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DOMÍNIOS DOS ESQUEMAS
2 – Autonomia e Desempenho prejudicados
	Quando os pais não conseguem proporcionar um ambiente que encoraje a autonomia. Esses esquemas surgem frequentemente quando os pais superprotegem os filhos. 
3 – Limites prejudicados 
	Esses esquemas desenvolvem-se quando as crianças são muito mimadas pelos pais, elogiadas de forma exagerada por suas realizações, têm liberdade para fazer tudo sem importar-se com os demais, não aprendem que os relacionamentos envolvem compartilhamento e reciprocidade, e não são ensinadas a lidar com a derrota ou a frustração.
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DOMÍNIOS DOS ESQUEMAS
4 – Orientação para o outro
	A criança aprende a dar ênfase excessiva aos desejos, aos sentimentos e às respostas dos outros, à custa de suas necessidades. Ela faz tudo para obter o amor e a aprovação dos pais.
5 – Supervigilância e Inibição
	Os pais que criam problemas nesse domínio, comumente são severos, rígidos ou punitivos. Eles superenfatizam o desempenho, o dever, o perfeccionismo, o seguimento de regras e a evitação de erros. A criança sente que a única maneira de merecer o amor desses pais é atigir um nível extremanente elevado. 
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PROCESSOS DE UM ESQUEMA
1 – Manutenção do esquema
	Refere-se a processos pelos quais os esquemas iniciais desadaptativos (EIDs) são reforçados. Esses processos incluem distorções cognitivas e padrões de comportamentos autoderrotistas. Esses processos explicam a rigidez tão característica dos transtornos de personalidade.
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PROCESSOS DE UM ESQUEMA
2 – Evitação do esquema
	O indivíduo se afasta das situações que possam deflagrar os esquemas iniciais desadaptativos, seja por meio da evitação comportamental, cognitiva ou afetiva.
	O preço dessa evitação é o esquema talvez nunca ser trazido à tona e questionado e serem evitadas as experiências da vida que poderiam refutar a validade dos esquemas. 
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PROCESSOS DE UM ESQUEMA
3 – Compensação do esquema
	Refere-se a processos que supercompensam os esquemas iniciais desadaptativos (por exemplo: uma pessoa com um esquema inicial desadaptativo de fracasso e com um estilo supercompensatório pode desenvolver uma estratégia de não aceitação de falhas, não admitindo a crítica.
	A compensação deixa o paciente despreparado para a grande dor emocional se a compensação falhar e o esquema irromper.
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PROCESSO TERAPÊUTICO
A terapia do esquema se divide em duas fases:
1 – avaliação e conceituação do caso, e
2 – mudança do esquema
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A terapia focada em esquemas difere da terapia cognitiva nos seguintes aspectos:
1 – Há menos descobertas orientadas e mais cofrontação.
2 – Há maior uso do relacionamento terapêutico como veículo de mudança.
3 – Há muito mais resistência à mudança. Portanto, a terapia é mais longa.
4 – O nível de afeto é muito mais elevado nas sessões focadas no esquema.
5 – O terapeuta está muito mais preocupado em identificar e superar a evitação cognitiva, afetiva e comportamental.
6 – A terapia focada em esquemas dedica um tempo consideravelmente maior às origens infantis dos esquemas.
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Ao mesmo tempo, a abordagem focada em esquemas mantém em sua maioria dos elementos importantes que diferenciam a abordagem de Beck das terapias psicanalíticas mais tradicionais ou centradas no cliente.
1 – O terapeuta é mais ativo.
2 – As técnicas de mudança são bem mais sistemáticas.
3 – Há uma forte ênfase nas tarefas de casa.
 
4 – O relacionamento terapêutico é colaborativo, em vez de neutro.
5 – A abordagem focada em esquemas é muito mais rápida e direta do que a psicoterapia convencional.
6 – O terapeuta utiliza uma abordagem empírica, na medida em que a análise das evidências é um aspecto crítico da mudança do esquema.
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A terapia focada no esquema, consequentemente, pode ser vista como uma extensão significativa da terapia cognitiva, para atender aos requerimentos terapêuticos especiais dos pacientes difíceis, com transtornos de personalidade mais antigos e dos pacientes com ansiedade ou depressão crônicas.
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DOMÍNIOS E ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS (J. Young, 2003)
Domínio 1: Desconexão e Rejeição
Inabilidade para formar vínculos seguros e satisfatórios com os outros - crença de que as necessidades de estabilidade, segurança, cuidado, amor e pertencimento não serão atendidas. A família de origem é instável, abusiva, fria, rejeitadora, isolada.
Abandono / Instabilidade – envolve o sentimento de que os outros significativos não serão capazes de continuar proporcionando apoio emocional, conexão, força ou proteção prática, por serem emocionalmente instáveis e imprevisíveis, não-confiáveis. Porque vão morrer a qualquer momento; ou porque abandonarão o paciente em favor de alguém melhor.
 
Desconfiança / Abuso – a expectativa de que os outros vão magoar, abusar, humilhar, trapacear, mentir, manipular ou tirar vantagem. Normalmente envolve a percepção de que o dano é intencional ou resultado de negligência injustificada e extrema. Pode incluir o sentimento de que a pessoa sempre acaba sendo enganada pelos outros ou a idéia de que a “corda sempre arrebenta do lado do mais fraco”.
 
Privação Emocional – a expectativa de que o desejo da pessoa de receber apoio emocional, em um grau normal, não será adequadamente atendida pelos outros. As três maiores forças de privação são: privação de carinho – ausência de atenção, afeição carinho ou companheirismo; privação de empatia – ausência de entendimento, escuta; privação de proteção – ausência de força, direção ou orientação por parte dos outros.
 
Defectividade
/ Vergonha – o sentimento de que a pessoa é defectiva, má, indesejada, inferior ou inválida em aspectos importantes, ou de que ela não seria digna do amor das pessoas significativas. Pode envolver hipersensibilidade a críticas, rejeição e culpa;constrangimentos, comparações e insegurança perto dos outros; ou um sentimento de vergonha pelas falhas percebidas em si mesma.
 
Isolamento Social / Alienação – o sentimento de que a pessoa está isolada do resto do mundo, é diferente das outras e/ou não faz parte de nenhum grupo ou comunidade.
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Domínio 2: Autonomia e Desempenho Prejudicados
Expectativas sobre si e o mundo que interferem com as próprias habilidades percebidas de se separar, sobreviver, funcionar independentemente ou desempenhar com sucesso. Incapacidade de formar a própria identidade e criar a própria vida. Tendência a ser criança na vida adulta. Família de origem: superprotetora, emaranhada, debilitadora da confiança, pouco reforçadora.
Dependência / Incompetência – a crença de ser incapaz de manejar as responsabilidades diárias de maneira competente, sem considerável ajuda dos outros. Muitas vezes apresenta-se como desamparo.
Vulnerabilidade a Danos ou Doenças – medo exagerado de que uma catástrofe iminente aconteça a qualquer momento e de ser incapaz de evitar isso. Os medos podem ser catástrofes médicas, catástrofes emocionais (medo de enlouquecer, por exemplo) ou catástrofes externas (elevador despencar, por exemplo).
Emaranhamento / Self Subdesenvolvido – excessivo envolvimento emocional e proximidade com um ou mais pessoas significativas (freqüentemente os pais). Muitas vezes, envolve a crença de que, pelo menos uma das pessoas emaranhadas não pode sobreviver ou ser feliz sem o constante apoio da outra. Também pode incluir sentimentos de ser sufocada ou de estar fundida com os outros, ou de insuficiente identidade individual.. Freqüentemente experenciando como um sentimento de vazio e em casos extremos, questionamento da própria existência.
Fracasso – a crença de ter falhado, de que inevitavelmente fracassará ou de ser fundamentalmente inadequada em relação aos iguais, em áreas de realização (escola, carreira, ...). Em muitos casos, envolve a crença de ser burra, inapta, sem talento, ignorante, de ter menos status e sucesso do que as outras pessoas, e assim por diante.
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Domínio 3: Limites Prejudicados
Deficiência nos limites internos, responsabilidade com os outros, ou orientação para metas a longo prazo. Dificuldades em lidar com os direitos dos outros, cooperar, cumprir compromissos ou atingir metas pessoais realistas. Família de origem: permissiva, superindulgente, carente de direção, disciplina e limites sobre assumir responsabilidades, cooperar e estabelecer metas.
Merecimento / Grandiosidade – a crença de ser superior às outras pessoas, de merecer direitos ou privilégios especiais, ou não ter de obedecer às regras de reciprocidade que orientam a interação social. Geralmente, envolve insistência em fazer ou ter tudo o que quiser, independentemente do que é realista, do que os outros; ou um foco exagerado na superioridade a fim de ter poder ou controle.
Autocontrole / Autodisciplina insuficientes
 - dificuldade ou recusa de exercitar suficiente autocontrole e tolerância à frustração ao buscar metas pessoais, ou de restringir a expressão excessiva das emoções e dos impulsos. Em sua forma mais branda, o paciente apresenta uma ênfase exagerada na evitação do desconforto, à custa da realização pessoal, comprometimento ou integridade. 
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Domínio 4: Orientação para o Outro
Foco excessivo nos desejos, sentimentos e respostas dos outros, à custa das próprias necessidades, a fim de obter amor e aprovação, manter o sentimento de conexão ou evitar retaliação. Família de origem: as crianças devem restringir aspectos importantes de si mesmas para obter amor e aprovação. Alguns pais valorizam mais as próprias necessidades emocionais ou “aparências sociais” do que as necessidades da criança.
Subjugação – excessiva submissão ao controle dos outros por sentir-se coagido – normalmente para evitar raiva, retaliação ou abandono. 
Auto-sacrifício – foco excessivo no atendimento voluntário das necessidades alheias nas situações do cotidiano, à custa da própria gratificação. As razões mais comuns são evitar dor aos outros, evitar a culpa por sentir-se egoísta ou manter a conexão com pessoas percebidas como carentes. Resulta, muitas vezes, de uma aguda sensibilidade à dor alheia.
Busca de Aprovação / Busca de Reconhecimento – ênfase excessiva na obtenção de aprovação, reconhecimento ou atenção das pessoas, ou sem se adaptar aos outros, à custa de desenvolver um senso de self seguro e verdadeiro. O senso de auto-estima depende principalmente das reações alheias e não das inclinações naturais. Inclui, às vezes, uma ênfase exagerada em status, aparência, aceitação social, dinheiro, como meio de obter aprovação, admiração ou atenção.
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Domínio 5: Supervigilância e Inibição
Ênfase excessiva na supressão dos sentimentos, impulsos, escolhas pessoais, assim como na criação de regras internalizadas rígidas sobre desempenho e comportamento ético. Propensão ao pessimismo e à preocupação de que as coisas não vão dar certo se a pessoa não for vigilante e cuidadosa o tempo todo. 
Família de origem: severa, exigente, punitiva.
Negativismo / Pessimismo – um foco amplo e permanente nos aspectos negativos da vida aos mesmo tempo em que minimiza ou negligencia os aspectos positivos ou otimistas. Inclui uma expectativa exagerada de que as coisas acabem dando muito errado ou de que aspectos da vida, que parecem estar bem, possam piorar. Uma vez que os possíveis resultados negativos são exagerados, esses pacientes, são em geral, caracterizados por preocupação, vigilância, queixas ou indecisão crônicas.
Inibição Emocional – a inibição excessiva da ação, dos sentimentos ou das comunicações espontâneas – normalmente para evitar a desaprovação dos outros, os sentimentos de vergonha ou a perda do controle sobre os impulsos.
Padrões Inflexíveis / Crítica Exagerada – a crença subjacente de que é preciso tentar estar à altura de padrões internalizados muito elevados de comportamento e desempenho para evitar críticas. Costuma resultar em sentimentos de pressão ou em dificuldade para desacelerar, ou numa crítica exagerada em relação a si mesma e aos outros.
Caráter Punitivo – a crença de que as pessoas devem ser severamente punidas por cometer erros. Envolve a tendência a uma atitude zangada, intolerante, punitiva e impaciente com aquelas pessoas (incluindo a si mesma) que não estão à altura das expectativas ou dos padrões pessoais. Pode-se incluir dificuldade para perdoar erros próprios ou alheios, por uma relutância em considerar circunstâncias atenuantes, a imperfeição humana ou empatizar com sentimentos.
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TABELA 1.1. Exemplos de Respostas Desadaptativas de Enfrentamento *
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Integração entre a Psicoterapia e a Psicologia Cognitiva
Podemos entender a Psicologia Cognitiva como a ciência que estuda os eventos cognitivos e a Psicoterapia cognitiva como um instrumento psicoterápico que visa alterar a estrutura cognitiva em benefício de um indivíduo em sofrimento, geralmente em função de seus pensamentos, emoções e comportamentos.

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