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Assuntos da Rodada NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL. 1 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Emendas Constitucionais e Emendas Constitucionais de Revisão: princípios fundamentais. 2 Aplicabilidade das normas constitucionais: normas de eficácia plena, contida e limitada; normas programáticas. 3 Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos (continua...); direitos sociais; direitos de 22 nacionalidade; direitos políticos. 4 Organização político-administrativa: das competências da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 5 Administração Pública: disposições gerais; servidores públicos. 6 Poder Judiciário: disposições gerais; Supremo Tribunal Federal; Conselho Nacional de Justiça; Superior Tribunal de Justiça; Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; Tribunais e Juízes do Trabalho; Tribunais e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes Militares; Tribunais e Juízes dos Estados. 7 Funções essenciais à Justiça: do Ministério Público; Advocacia Pública; Advocacia e da Defensoria Pública. Rodada #3 Direito Constitucional Professor Frederico Dias DIREITO CONSTITUCIONAL 2 a. Teoria em Tópicos Habeas Corpus Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 1. Objeto tutelado: liberdade de locomoção. Só será cabível o remédio constitucional quando houver ofensa ou ameaça à liberdade de locomoção. 1.1. Se, em virtude da ilegalidade ou do abuso de poder, o indivíduo estiver sob o risco de uma penalidade de multa ou de afastamento do cargo, por exemplo, não será cabível habeas corpus. 2. Ofensa indireta - O habeas corpus é cabível não só contra ofensa direta, mas também quando se estiver diante de ofensa indireta ao direito de locomoção (a ofensa indireta ocorre quando o ato impugnado poderá resultar em procedimento que, no final, resulte na reclusão do impetrante). 2.1. Por decorrência desse último aspecto, a jurisprudência do STF considera que se trata de instrumento idôneo para impugnar a determinação de quebra dos sigilos bancário e fiscal no curso de processo criminal, desde que essa medida implique ofensa indireta, potencial ou reflexa ao direito de locomoção. 3. Formalidades - O habeas corpus é ação de natureza penal e, devido à relevância do direito protegido (liberdade de locomoção), não se exige formalidades para a impetração dessa ação. Ademais, é uma ação gratuita e pode ser concedido pelo juiz até mesmo de ofício (ou seja, independentemente de provocação). DIREITO CONSTITUCIONAL 3 4. Legitimação Ativa – É universal a legitimação ativa do habeas corpus. Qualquer pessoa poderá impetrar essa ação, sem que seja exigido advogado ou alguma forma pré-definida (pode ser menor, analfabeto, estrangeiro, incapaz ou mesmo terceiro). 4.1. Atenção! Nem sempre quem ingressa com a ação é o mesmo sujeito que está sofrendo a coação (uma pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus a fim de proteger o direito de ir e vir de um empregado que esteja sofrendo abuso por parte de uma autoridade policial). 4.2. Nessa hipótese, a pessoa jurídica é a impetrante, o empregado é o paciente e a autoridade é o agente coator. 4.3. Como a pessoa jurídica não sofre ameaça à liberdade de locomoção (!), uma empresa não pode figurar como paciente numa ação de habeas corpus. 5. Legitimação Passiva - O habeas corpus pode ser impetrado tanto contra ato de autoridade pública, quanto contra ato de particular, para fazer cessar uma coação ilegal (por exemplo, admite-se a impetração de HC contra um hospital que esteja ferindo o direito de locomoção de um paciente). 6. Descabimento – Cabe destacar diversas em situações em que o habeas corpus não é cabível (em especial aquelas em que não há risco à liberdade de locomoção). 6.1. Não cabe habeas corpus em relação a punições disciplinares militares (CF, art. 142, § 2º). DIREITO CONSTITUCIONAL 4 6.1.1. Na verdade, não seria cabível habeas corpus para se discutir o mérito das punições militares. Mas o remédio poderia ser utilizado para se discutir os pressupostos de legalidade da medida (por exemplo: competência da autoridade militar, cumprimento dos procedimentos, pena cabível etc.). 6.2. Não cabe habeas corpus para impugnar determinação de suspensão dos direitos políticos. 6.3. Não cabe habeas corpus para impugnar penalidade imposta mediante decisão administrativa de caráter disciplinar (advertência, suspensão, demissão, destituição de cargo em comissão, cassação de aposentadoria etc.). 6.4. Não cabe habeas corpus para impugnar decisão condenatória à pena de multa, ou relativa a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada (STF, Súmula 693). 6.5. Não cabe habeas corpus para impugnar a determinação de quebra de sigilo telefônico, bancário ou fiscal, se desta medida não puder resultar condenação à pena privativa de liberdade. 6.6. Não cabe habeas corpus para questionar afastamento ou perda de cargo público, bem assim contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública (STF, Súmula 694). 6.7. Não cabe habeas corpus para questionar condenação criminal quando já extinta a pena privativa de liberdade (STF, Súmula 695). 6.8. Não cabe habeas corpus para impedir o cumprimento de decisão que determina o sequestro de bens imóveis. DIREITO CONSTITUCIONAL 5 6.9. Não cabe habeas corpus para discutir a condenação imposta em processo de impeachment, pela prática de crime de responsabilidade (CF, art. 52, parágrafo único). Mandado de Segurança Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 7. O mandado de segurança será concedido para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação (por ação ou por omissão) ou houver justo receio de sofrê- la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça (Lei 12.016/09). 7.1. Pode ser repressivo (caso sofra violação) ou preventivo (caso haja apenas receio de violação). 7.2. Mesmo a omissão de autoridade pode ensejar impetração de mandado de segurança, se violar direito líquido e certo. 7.3. Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança (Lei 12.016, art. 1º, § 3º). 7.4. A lei admite a concessão de medida liminar em mandado de segurança, desde que presentes os pressupostos: plausibilidade jurídica do pedido (fumus boni juris) e risco de dano irreparável ou de DIREITO CONSTITUCIONAL 6 difícil reparação em decorrência da demora na prestação jurisdicional definitiva (periculum in mora). 8. Natureza subsidiária - é cabível apenas quando o direito não tiver amparado por outros remédios constitucionais. 9. Legitimação ativa - tanto pessoas físicas como jurídicas, nacionais ou estrangeiras, independentemente de residirem no Brasil ou no exterior. 9.1. Até mesmo órgãos públicos podem impetrar essa ação, em defesade suas prerrogativas e atribuições. 10. Legitimação passiva - as autoridades contra as quais se impetra a ação poderão ser agentes públicos ou mesmo qualquer pessoa que esteja exercendo função pública (nesse último caso, só no que diz respeito ao exercício de atribuições do poder público). 10.1. Para a impetração do MS, considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. 11. Certeza e liquidez – os atributos de certeza e liquidez referem-se à matéria de fato, e não à matéria de direito. É dizer, o direito deve resultar de fato certo, com prova inequívoca (não há dilação probatória no mandado de segurança!). 11.1. Assim, não há óbice para se impetrar mandado de segurança em assuntos juridicamente controvertidos. DIREITO CONSTITUCIONAL 7 12. Descabimento – Não caberá mandando de segurança contra: 12.1. ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; 12.2. decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; 12.3. decisão judicial transitada em julgado; 12.4. atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público; 12.5. lei em tese, salvo se produtora de efeitos concretos. 13. Prazo Decadencial - O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 13.1. Segundo o STF, é constitucional esse prazo decadencial de 120 dias. 14. Competência para julgamento – é a partir da autoridade que comete o ato impugnado (autoridade coatora) que se estabelece o órgão competente para o julgamento da ação. Assim, por exemplo, compete ao STF processar e julgar, originariamente, o mandado de segurança contra ato do Presidente da República ou contra ato do TCU (CF, art. 102, I, “d”). 14.1. Em se tratando de atribuição delegada, a autoridade coatora será o agente delegado (que recebeu a atribuição), e não a autoridade delegante (que efetivou a delegação). DIREITO CONSTITUCIONAL 8 15. Desistência - É lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança, independentemente de aquiescência da autoridade coatora (ou entidade interessada). 16. Atenção! O mandado de segurança é remédio adequado para tutelar o direito de informação em geral, de certidão (não é o habeas data!) e de reunião (não é o habeas corpus!), entre outros direitos líquidos e certos não amparados pelos demais remédios constitucionais. 17. Súmulas Importantes: 17.1. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese (Súmula 266). 17.2. O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança (Súmula 269). 17.2.1. Ou seja, os efeitos patrimoniais passados devem ser buscados em ação específica. 17.3. A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade (Súmula 429). 17.4. Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial (Súmula 510). 17.5. Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança (Súmula 625). 17.6. Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança (Súmula 630). DIREITO CONSTITUCIONAL 9 Mandado de Segurança Coletivo Art. 5º, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. 18. Legitimidade Ativa - O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por (art. 21): 18.1. partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos aos seus integrantes ou à finalidade partidária; ou 18.2. (i) associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, um ano; (ii) organização sindical ou (iii) entidade de classe. 18.3. O mandado de segurança será impetrado em defesa da totalidade ou de parte dos seus membros ou associados e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada autorização especial. 18.4. Importante! Atente para o seguinte: 18.4.1. Para ter representação no Congresso, o partido necessita de apenas um parlamentar, seja Deputado ou Senador. 18.4.2. O requisito da representação deve ser aferido no momento da propositura da ação. Dessa forma, a perda de representação no Congresso Nacional não afeta os mandados de segurança já ajuizados. 18.4.3. O requisito de um ano de constituição e funcionamento destina-se apenas às associações, não se aplicando a organizações sindicais ou entidades de classe. DIREITO CONSTITUCIONAL 10 18.4.4. A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria (Súmula 630 do STF). Assim, por exemplo, o sindicato pode impetrar mandado de segurança para garantir direitos somente dos aposentados, ainda que ele represente os interesses de todos os servidores (os que se encontram na ativa e os aposentados). 18.4.5. Substituição Processual: Para a impetração do MS coletivo não se exige autorização especial dos associados, tendo em vista que se trata de substituição processual (CF, art. 5°, LXX) e não de representação processual (CF, art. 5°, XXI). Mandado de Injunção Art. 5º, LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. 19. Criado pela Constituição de 1988, é remédio cabível quando alguém (pessoa natural ou mesmo pessoa jurídica!) percebe que a falta de norma regulamentadora está inviabilizando o exercício de seus direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, poderá utilizar-se do mandado de injunção. 20. Pressupostos - É importante você ter em mente que esse é um remédio constitucional a ser utilizado para viabilizar o exercício de direito previsto na Constituição Federal, mas carente de regulamentação. Se o direito decorrer de norma infraconstitucional (lei, medida provisória, tratado internacional com força de lei etc.) não cabe o mandado de injunção. DIREITO CONSTITUCIONAL 11 Assim, entenda quais são pressupostos de cabimento do mandado de injunção: 20.1. falta de norma regulamentadora de um preceito constitucional de natureza mandatória (a Constituição deve obrigar o legislador, e não apenas facultar a ele a regulamentação do direito em questão); 20.2. inviabilização do exercício de um direito ou liberdade constitucional; 20.3. o transcurso de prazo razoável para a elaboração da norma. 21. Atenção! A lei 13.300/2016, que regulamenta o mandado de injunção, fala em falta total ou parcial de norma. Ou seja, o mandado de injunção pode ser utilizado não só em casos de completa omissão legislativa, mas também em casos de omissão parcial (quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente). 22. Eficácia da Decisão - Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunçãopara: 22.1. determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; 22.2. estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. 22.3. Ou seja, fixa-se um prazo e, adicionalmente, cria-se uma solução provisória para que o direito reclamado possa ser exercido, caso descumprido tal prazo. DIREITO CONSTITUCIONAL 12 22.4. Em regra, essa decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. Excepcionalmente, poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração (art. 9º da Lei 13.300/2016). 22.5. Atenção! Cabe lembrar que, antes da edição da lei do mandado de injunção (Lei 13.300/2016), houve uma evolução no entendimento do STF acerca da eficácia da decisão que julga o referido remédio. O STF mudou de uma posição inicial mais contida, em que a decisão limitava-se a reconhecer a mora legislativa, para uma posição mais enfática e efetiva (concretista), em que a decisão possibilita o exercício do direito que está obstado pela falta de norma regulamentadora (ou seja, a decisão concretiza, naquela situação, a norma constitucional carente de regulamentação). 23. Mandado de Injunção Coletivo - Embora não exista referência a mandado de injunção coletivo na Constituição Federal, já existe previsão normativa na Lei 13.300/2016. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido: 23.1. pelo Ministério Público; 23.2. por partido político com representação no Congresso Nacional; 23.3. por (i) associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, (ii) organização sindical ou (iii) entidade de classe (em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada autorização especial). 23.4. pela Defensoria Pública. DIREITO CONSTITUCIONAL 13 24. A doutrina menciona que não se admite a utilização do mandado de injunção para sanar lacuna normativa de período anterior à edição da norma regulamentadora. 24.1. Assim, existem precedentes do STF no sentido de que a edição da norma regulamentadora reclamada prejudica o mandado de injunção anteriormente ajuizado. Habeas Data Art. 5º, LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. 25. Ação colocada à disposição do indivíduo para que ele tenha acesso, retifique ou justifique registros de sua pessoa, constantes de banco de dados de caráter público. 26. Conforme decidido pelo STF em sede de repercussão geral, “o habeas data é garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais”. DIREITO CONSTITUCIONAL 14 27. Segundo o Supremo Tribunal, o habeas data não é o instrumento jurídico adequado para que se tenha acesso a autos de processos administrativos. 28. Legitimação Ativa - pode ser impetrado por qualquer pessoa física ou jurídica, brasileiro ou estrangeiro. 28.1. Entretanto, tem caráter personalíssimo: não é cabível para o conhecimento de informações de terceiros. 29. Legitimação Passiva - O habeas data é cabível contra ato de autoridade pública ou de agente de pessoa privada que possua registros ou banco de dados de caráter público. 30. Negativa Administrativa - para a impetração do habeas data, é imprescindível a comprovação de negativa administrativa. Ou seja, só é dado ao interessado ajuizar habeas data após receber uma negativa em seu pedido administrativo. 31. Gratuidade/Assistência Advocatícia - Trata-se de ação gratuita, como também ocorre com o habeas corpus e a ação popular (e não há pagamento de ônus de sucumbência – honorários advocatícios). Entretanto, é necessário advogado para o ajuizamento. Ação Popular Art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao DIREITO CONSTITUCIONAL 15 patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 32. A ação popular (AP): 32.1. destina-se à defesa de direitos coletivos; 32.2. é remédio constitucional colocado à disposição de qualquer cidadão, como forma de controle da administração pública; 32.3. é ação gratuita e de natureza cível; e 32.4. pode ser utilizada de modo preventivo ou repressivo. 33. Observe que a AP se destina à fiscalização da gestão da coisa pública. Relaciona-se, portanto, ao controle direto da Administração Pública pelo próprio cidadão (princípio da soberania popular) e ao princípio republicano, na medida em que o cidadão não atua na defesa de interesse próprio, mas sim da coletividade. 34. Lesividade - O cabimento da ação popular não exige a comprovação de efetivo dano material, pecuniário. Segundo entendimento do Supremo, a própria ilegalidade do ato já pressupõe lesividade bastante para a propositura da ação. 35. Legitimação Ativa - A legitimidade para impetração da ação popular é exclusiva do cidadão (pessoa natural possuidora de título eleitoral, no pleno gozo de seus direitos políticos). 35.1. Assim, não pode o Ministério Público dar início a esse tipo de ação. Entretanto, o MP tem papel importante na ação popular: (i) atua como parte pública autônoma, podendo opinar pela procedência ou não da DIREITO CONSTITUCIONAL 16 ação; e (ii) poderá atuar como substituto e sucessor do autor, caso este abandone a ação ou se omita. 35.2. Atenção! O título eleitoral é necessário apenas para demonstrar a condição de cidadão do autor da ação. Comprovada essa condição, não importa o domicílio eleitoral no juízo de admissibilidade da ação. Isso significa que o fato de um cidadão votar em Belo Horizonte não impede que ele ingresse com ação popular para defender o patrimônio do Município de São Paulo. 36. Descabimento - Segundo a jurisprudência do STF, não cabe ação popular contra ato de natureza jurisdicional (decisões judiciais) ou, em outras palavras, os atos de natureza jurisdicional são imunes à ação popular (não podem ser atacados na via da ação popular). 36.1. Já os atos administrativos praticados por magistrados podem normalmente ser atacados por ação popular. 36.2. Também não é cabível a impetração de ação popular contra lei em tese. 37. Foro especial - A ação popular é ação de natureza cível. Assim, não é alcançada pela competência do foro especial por prerrogativa de função perante o STF. 38. Isenção de custas e ônus de sucumbência - A Constituição Federal isenta o autor da ação popular de custas e de ônus de sucumbência (honorários advocatícios, no caso de improcedênciada ação), salvo comprovada má-fé. DIREITO CONSTITUCIONAL 17 b. Mapa Mental DIREITO CONSTITUCIONAL 18 c. Revisão 1 (questões) QUESTÃO 1 - CESPE – ESCRIVÃO – PC-PE – 2016 Uma autoridade pública de determinado estado da Federação negou-se a emitir certidão com informações necessárias à defesa de direito de determinado cidadão. A informação requerida não era sigilosa e o referido cidadão havia demonstrado os fins e as razões de seu pedido. Nessa situação hipotética, o remédio constitucional apropriado para impugnar a negativa estatal é o(a) a) ação popular. b) mandado de segurança. c) habeas data. d) habeas corpus. e) mandado de injunção. QUESTÃO 2 - CESPE – AUDITOR – TCE-PA – 2016 Entre os direitos fundamentais incluem-se os remédios constitucionais, como, por exemplo, o mandado de injunção, criado pela Constituição Federal de 1988 e que tem por finalidade suprir a falta de norma regulamentadora que inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. QUESTÃO 3 - CESPE – JUIZ – TCE-AM – 2016 Habeas data serve para assegurar o conhecimento de informações relativas ao impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades DIREITO CONSTITUCIONAL 19 governamentais ou de caráter público, podendo ser impetrado inclusive por pessoa jurídica nacional ou estrangeira. QUESTÃO 4 - CESPE – DELEGADO – PC-PE – 2016 A sentença em mandado de injunção gera efeitos erga omnes, alcançando, de maneira indistinta, todos aqueles privados de exercer quaisquer direitos e liberdades constitucionais por falta de norma regulamentadora. QUESTÃO 5 - CESPE – DELEGADO – PC-PE – 2016 O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por sindicatos, entidades de classe e associações, mas não por partidos políticos, pois se destinam à defesa de interesses coletivos comuns a determinada coletividade de pessoas. QUESTÃO 6 - CESPE – AUDITOR – TCE-PA – 2016 Como o habeas data não pode ser utilizado por pessoa jurídica, deve ser reconhecida a ilegitimidade ativa na hipótese de pessoa jurídica ajuizar habeas data para obter informações de seu interesse constante de dados de determinada entidade governamental. QUESTÃO 7 - CESPE – ASSISTENTE – FUB – 2015 Uma entidade de classe que estiver em funcionamento há apenas seis meses não possui, por essa razão, legitimidade para impetração de mandado de segurança coletivo em defesa de interesse de seus membros. DIREITO CONSTITUCIONAL 20 QUESTÃO 8 - CESPE – JUIZ – TCE-AM – 2016 Habeas data não é garantia constitucional adequada para obtenção de dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes de sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais. QUESTÃO 9 - CESPE – JUIZ – TCE-AM – 2016 Não se admite que o impetrante desista da ação de mandado de segurança sem aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada, após prolação de sentença de mérito. QUESTÃO 10 - CESPE – ANALISTA – TRE-PI – 2016 Não poderá ser conhecido habeas corpus impetrado em benefício alheio por indivíduo destituído de sanidade mental que não esteja representado ou assistido por outrem. DIREITO CONSTITUCIONAL 21 Revisão 2 (questões) QUESTÃO 11 - CESPE – JUIZ – TJDFT – 2016 Para o cabimento da ação popular é exigível a demonstração do prejuízo material aos cofres públicos. QUESTÃO 12 - CESPE – JUIZ – TJDFT – 2016 O MP, havendo comprometimento de interesse social qualificado, possui legitimidade ativa para propor ação popular. QUESTÃO 13 - CESPE – JUIZ – TJDFT – 2016 Compete ao STF julgar ação popular contra autoridade cujas resoluções estejam sujeitas, em sede de mandado de segurança, à jurisdição imediata do STF. QUESTÃO 14 - CESPE – TÉCNICO – TJDFT – 2015 A atuação das associações na defesa de seus associados em mandado de segurança coletivo independe de autorização. QUESTÃO 15 - CESPE – ANALISTA – TJDFT – 2015 À luz do entendimento do STF, a desistência do mandado de segurança, total ou parcial, depende da aquiescência da autoridade impetrada. DIREITO CONSTITUCIONAL 22 QUESTÃO 16 - CESPE – ANALISTA – TJDFT – 2015 Situação hipotética: Em decisão relativa a mandado de segurança impetrado por servidor contra ato de autarquia que, de forma ilegal, determinou desconto mensal de parcela de sua remuneração, o juiz determinou que a autoridade coatora interrompesse a realização do desconto. Assertiva: Nessa situação, os efeitos patrimoniais resultantes da referida decisão alcançarão apenas as parcelas devidas a partir da data da impetração da ação. QUESTÃO 17 - CESPE – ANALISTA – TJDFT – 2015 O habeas data não é meio de solicitação e obtenção de informações de terceiros, uma vez que tem como objetivo assegurar o conhecimento de informações relativas ao próprio impetrante. QUESTÃO 18 - CESPE – ANALISTA – TJDFT – 2015 O habeas data visa proteger a privacidade do indivíduo contra o abuso no registro de dados pessoais falsos ou equivocados, sendo, por isso, o meio apto para a obtenção de vista de processo administrativo. QUESTÃO 19 - CESPE – DEFENSOR – DPE-RN – 2015 O habeas data assegura o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Para o STF, a expressão “entidades de caráter público" refere-se a organismos públicos, integrantes da administração pública. DIREITO CONSTITUCIONAL 23 QUESTÃO 20 - CESPE – DELEGADO – PC-PE – 2016 De acordo com o STF, o habeas data é ação que permite ao indivíduo o direito de obter informações relativas à sua pessoa, inseridas em repartições públicas ou privadas, podendo ser utilizado para a obtenção de acesso a autos de processos administrativos, como aqueles que tramitam no TCU. DIREITO CONSTITUCIONAL 24 d. Revisão 3 QUESTÃO 21 - CESPE – PROCURADOR – SALVADOR – 2015 A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. QUESTÃO 22 - CESPE – ADVOGADO – AGU – 2015 De acordo com o atual entendimento do STF, a decisão proferida em mandado de injunção pode levar à concretização da norma constitucional despida de plena eficácia, no tocante ao exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e das prerrogativas relacionadas à nacionalidade, à soberania e à cidadania. QUESTÃO 23 - CESPE – ANALISTA – STJ – 2015 O habeas data não se presta à retificação das informações constantes de bancos de dados de entidades públicas. QUESTÃO 24 - CESPE – ANALISTA – MPOG – 2015 A ação popular deve ser proposta somente por partido político com representação no Congresso Nacional. QUESTÃO 25 - CESPE – AUDITOR – FUB – 2015 DIREITO CONSTITUCIONAL 25 A ação popular — pertencente à categoria dos direitos políticos do cidadão — é um remédio constitucional que se manifesta como exercício da soberania popular e como instrumento da democracia direta. QUESTÃO 26 - CESPE – ASSISTENTE – FUB – 2015 Será extinto por ilegitimidade superveniente o mandado de segurança coletivo impetrado por partido políticoque, embora possua representante no Congresso Nacional no momento da impetração, venha a perder essa representação no curso da ação. QUESTÃO 27 - CESPE – JUIZ – TJ-PB – 2015 Pedro impetrou habeas corpus para afastar decisão judicial que lhe impusera a pena acessória de perda da função pública. Nessa situação, o magistrado deverá reconhecer o cabimento do habeas corpus, que constitui instrumento apto a questionar a aplicação de pena acessória. QUESTÃO 28 - CESPE – JUIZ – TJ-PB – 2015 Após a impetração de mandado de injunção, pendente de julgamento, o diploma legal objeto da reclamação foi promulgado. Nessa situação, a ação não estará prejudicada por ser possível, na via processual, discutir pretensão do interessado de sanar a lacuna normativa no período pretérito à edição da lei regulamentadora. QUESTÃO 29 - CESPE – JUIZ – TJ-PB – 2015 Determinada organização sindical impetrou mandado de segurança coletivo para defesa de interesse de parte da categoria de profissionais a ela vinculados. DIREITO CONSTITUCIONAL 26 Nessa situação, o magistrado deverá reconhecer a ilegitimidade ativa ad causam, pois além da pertinência temática entre o objeto da impetração e o vínculo associativo, é imprescindível, para o conhecimento do remédio constitucional, que a pretensão veiculada interesse a toda a categoria ligada à organização sindical. QUESTÃO 30 - CESPE – JUIZ – TJ-PB – 2015 Uma empresa impetrou habeas data para obter vista dos autos de representação, na qual fora citada, apresentada por terceiro perante a corte de contas do estado. Nessa situação, à luz do entendimento do STF, o magistrado não deverá admitir a ação, já que o habeas data não se revela meio idôneo para obter vista de processo administrativo. DIREITO CONSTITUCIONAL 27 e. Normas utilizadas CONSTITUIÇÃO FEDERAL (art. 5º) Art. 5º. (...) LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; DIREITO CONSTITUCIONAL 28 LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; LEI 12.096/2009 Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. § 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. § 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. § 3º Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança. (...) Art. 5º. Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: DIREITO CONSTITUCIONAL 29 I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III - de decisão judicial transitada em julgado. Art. 6º. (...) § 3º. Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática. (...) Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. (...) Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. LEI Nº 13.300/2016 Art. 2º. Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. DIREITO CONSTITUCIONAL 30 Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente. Art. 3º. São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e, como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora. (...) Art. 8º. Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. (...) Art. 9º. A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. § 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. (...) Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido: DIREITO CONSTITUCIONAL31 I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis; II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária; III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial; IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal. DIREITO CONSTITUCIONAL 32 f. Gabarito 1 2 3 4 5 B C C E E 6 7 8 9 10 E E E E E 11 12 13 14 15 E E E C E 16 17 18 19 20 C C E E E 21 22 23 24 25 C C E E C 26 27 28 29 30 E E E E C DIREITO CONSTITUCIONAL 33 g. Breves comentários às questões: QUESTÃO 1 - CESPE – ESCRIVÃO – PC-PE – 2016 Uma autoridade pública de determinado estado da Federação negou-se a emitir certidão com informações necessárias à defesa de direito de determinado cidadão. A informação requerida não era sigilosa e o referido cidadão havia demonstrado os fins e as razões de seu pedido. Nessa situação hipotética, o remédio constitucional apropriado para impugnar a negativa estatal é o(a): a) ação popular. b) mandado de segurança. c) habeas data. d) habeas corpus. e) mandado de injunção. O Mandado de Segurança (e não o habeas data) é o remédio adequado para tutelar o direito de certidão. Gabarito: B QUESTÃO 2 - CESPE – AUDITOR – TCE-PA – 2016 Entre os direitos fundamentais incluem-se os remédios constitucionais, como, por exemplo, o mandado de injunção, criado pela Constituição Federal de 1988 e que tem por finalidade suprir a falta de norma regulamentadora que inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. De fato, o mandado de injunção tem essa finalidade. Item certo. DIREITO CONSTITUCIONAL 34 QUESTÃO 3 - CESPE – JUIZ – TCE-AM – 2016 Habeas data serve para assegurar o conhecimento de informações relativas ao impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, podendo ser impetrado inclusive por pessoa jurídica nacional ou estrangeira. De fato, o habeas data pode ser impetrado por pessoa jurídica, nacional ou estrangeira. Item certo. QUESTÃO 4 - CESPE – DELEGADO – PC-PE – 2016 A sentença em mandado de injunção gera efeitos erga omnes, alcançando, de maneira indistinta, todos aqueles privados de exercer quaisquer direitos e liberdades constitucionais por falta de norma regulamentadora. Em regra, essa decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. Excepcionalmente, poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração (art. 9º da Lei 13.300/2016). Item errado. QUESTÃO 5 - CESPE – DELEGADO – PC-PE – 2016 O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por sindicatos, entidades de classe e associações, mas não por partidos políticos, pois se destinam à defesa de interesses coletivos comuns a determinada coletividade de pessoas. Os partidos políticos com representação no Congresso Nacional têm legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança coletivo. Item errado. DIREITO CONSTITUCIONAL 35 QUESTÃO 6 - CESPE – AUDITOR – TCE-PA – 2016 Como o habeas data não pode ser utilizado por pessoa jurídica, deve ser reconhecida a ilegitimidade ativa na hipótese de pessoa jurídica ajuizar habeas data para obter informações de seu interesse constante de dados de determinada entidade governamental. O habeas data pode ser impetrado por pessoa jurídica. Item errado. QUESTÃO 7 - CESPE – ASSISTENTE – FUB – 2015 Uma entidade de classe que estiver em funcionamento há apenas seis meses não possui, por essa razão, legitimidade para impetração de mandado de segurança coletivo em defesa de interesse de seus membros. O requisito de um ano de constituição e funcionamento destina-se apenas às associações, não se aplicando a organizações sindicais ou entidades de classe. Item errado. QUESTÃO 8 - CESPE – JUIZ – TCE-AM – 2016 Habeas data não é garantia constitucional adequada para obtenção de dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes de sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais. Conforme decidido pelo STF em sede de repercussão geral, “o habeas data é garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais”. Item errado. DIREITO CONSTITUCIONAL 36 QUESTÃO 9 - CESPE – JUIZ – TCE-AM – 2016 Não se admite que o impetrante desista da ação de mandado de segurança sem aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada, após prolação de sentença de mérito. Segundo o STF, é lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança, independentemente de aquiescência da autoridade coatora. Item errado. QUESTÃO 10 - CESPE – ANALISTA – TRE-PI – 2016 Não poderá ser conhecido habeas corpus impetrado em benefício alheio por indivíduo destituído de sanidade mental que não esteja representado ou assistido por outrem. Cabe habeas corpus em favor de terceiros. Ademais, mesmo os destituídos de sanidade mental podem ajuizar o referido remédio constitucional. Item errado. QUESTÃO 11 - CESPE – JUIZ – TJDFT – 2016 Para o cabimento da ação popular é exigível a demonstração do prejuízo material aos cofres públicos. O cabimento da ação popular não exige a comprovação de efetivo dano material, pecuniário. Segundo entendimento do Supremo, a própria ilegalidade do ato já pressupõe lesividade bastante para a propositura da ação. Item errado. QUESTÃO 12 - CESPE – JUIZ – TJDFT – 2016 DIREITO CONSTITUCIONAL 37 O MP, havendo comprometimento de interesse social qualificado, possui legitimidade ativa para propor ação popular. A legitimidade ativa para a impetração de ação popular é exclusiva do cidadão. Item errado. QUESTÃO 13 - CESPE – JUIZ – TJDFT – 2016 Compete ao STF julgar ação popular contra autoridade cujas resoluções estejam sujeitas, em sede de mandado de segurança, à jurisdição imediata do STF. Não existe prerrogativa de foro em sede de ação popular. Item errado. QUESTÃO 14 - CESPE – TÉCNICO – TJDFT – 2015 A atuação das associações na defesa de seus associados em mandado de segurança coletivo independe de autorização. A impetração de mandado de segurança coletivo dispensa autorização especial. Item certo. QUESTÃO 15 - CESPE– ANALISTA – TJDFT – 2015 À luz do entendimento do STF, a desistência do mandado de segurança, total ou parcial, depende da aquiescência da autoridade impetrada. Segundo o STF, é lícito ao impetrante desistir da ação de mandado de segurança, independentemente de aquiescência da autoridade coatora. Item errado. DIREITO CONSTITUCIONAL 38 QUESTÃO 16 - CESPE – ANALISTA – TJDFT – 2015 Situação hipotética: Em decisão relativa a mandado de segurança impetrado por servidor contra ato de autarquia que, de forma ilegal, determinou desconto mensal de parcela de sua remuneração, o juiz determinou que a autoridade coatora interrompesse a realização do desconto. Assertiva: Nessa situação, os efeitos patrimoniais resultantes da referida decisão alcançarão apenas as parcelas devidas a partir da data da impetração da ação. Os valores referentes ao período anterior à impetração do mandado de segurança não serão assegurados por meio do mandado de segurança, devendo eles ser executados pelas vias ordinárias próprias, administrativa ou judicialmente. Observe a Súmula 271 do STF: “Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria.” Item certo. QUESTÃO 17 - CESPE – ANALISTA – TJDFT – 2015 O habeas data não é meio de solicitação e obtenção de informações de terceiros, uma vez que tem como objetivo assegurar o conhecimento de informações relativas ao próprio impetrante. O habeas data tem caráter personalíssimo: não é cabível para o conhecimento de informações de terceiros. Item certo. DIREITO CONSTITUCIONAL 39 QUESTÃO 18 - CESPE – ANALISTA – TJDFT – 2015 O habeas data visa proteger a privacidade do indivíduo contra o abuso no registro de dados pessoais falsos ou equivocados, sendo, por isso, o meio apto para a obtenção de vista de processo administrativo. Segundo o Supremo Tribunal, o habeas data não é o instrumento jurídico adequado para que se tenha acesso a autos de processos administrativos. Item errado. QUESTÃO 19 - CESPE – DEFENSOR – DPE-RN – 2015 O habeas data assegura o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Para o STF, a expressão “entidades de caráter público" refere-se a organismos públicos, integrantes da administração pública. Esse conceito atinge, na verdade, também a pessoa privada que possua registros ou banco de dados de caráter público (CF, art. 5º, LXXII). Item errado. QUESTÃO 20 - CESPE – DELEGADO – PC-PE – 2016 De acordo com o STF, o habeas data é ação que permite ao indivíduo o direito de obter informações relativas à sua pessoa, inseridas em repartições públicas ou privadas, podendo ser utilizado para a obtenção de acesso a autos de processos administrativos, como aqueles que tramitam no TCU. Segundo o Supremo Tribunal, o habeas data não é o instrumento jurídico adequado para que se tenha acesso a autos de processos administrativos. Item errado. DIREITO CONSTITUCIONAL 40 QUESTÃO 21 - CESPE – PROCURADOR – SALVADOR – 2015 A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. A impetração de mandado de segurança coletivo dispensa autorização especial. Item certo. QUESTÃO 22 - CESPE – ADVOGADO – AGU – 2015 De acordo com o atual entendimento do STF, a decisão proferida em mandado de injunção pode levar à concretização da norma constitucional despida de plena eficácia, no tocante ao exercício dos direitos e das liberdades constitucionais e das prerrogativas relacionadas à nacionalidade, à soberania e à cidadania. O STF adotou a posição concretista quanto aos efeitos do mandado de injunção, a partir da qual o julgador pode concretizar a norma e assegurar o direito ao impetrante. Essa possibilidade foi, de certa forma, acolhida pelo legislador, eis que, atualmente, com a edição da lei do mandado de injunção, a decisão determinará prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora e estabelecerá as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. Item certo. DIREITO CONSTITUCIONAL 41 QUESTÃO 23 - CESPE – ANALISTA – STJ – 2015 O habeas data não se presta à retificação das informações constantes de bancos de dados de entidades públicas. O habeas data é cabível contra ato de autoridade pública ou de agente de pessoa privada que possua registros ou banco de dados de caráter público (CF, art. 5º, LXXII). Será concedido para o conhecimento de informações, a retificação de dados ou a complementação de dados. Item errado. QUESTÃO 24 - CESPE – ANALISTA – MPOG – 2015 A ação popular deve ser proposta somente por partido político com representação no Congresso Nacional. A legitimidade para impetração da AP é exclusiva do cidadão. Item errado. QUESTÃO 25 - CESPE – AUDITOR – FUB – 2015 A ação popular — pertencente à categoria dos direitos políticos do cidadão — é um remédio constitucional que se manifesta como exercício da soberania popular e como instrumento da democracia direta. A ação popular é ação destinada a possibilitar o controle e a fiscalização da gestão da coisa pública pelo próprio cidadão. Enaltece assim princípio da soberania popular (o poder é do povo) e ao princípio republicano (na medida em que o cidadão não atua na defesa de interesse próprio, mas sim da coletividade). Item certo. DIREITO CONSTITUCIONAL 42 QUESTÃO 26 - CESPE – ASSISTENTE – FUB – 2015 Será extinto por ilegitimidade superveniente o mandado de segurança coletivo impetrado por partido político que, embora possua representante no Congresso Nacional no momento da impetração, venha a perder essa representação no curso da ação. O requisito da representação deve ser aferido no momento da propositura da ação. Dessa forma, a perda de representação no Congresso Nacional não afeta os mandados de segurança já ajuizados. Item errado. QUESTÃO 27 - CESPE – JUIZ – TJ-PB – 2015 Pedro impetrou habeas corpus para afastar decisão judicial que lhe impusera a pena acessória de perda da função pública. Nessa situação, o magistrado deverá reconhecer o cabimento do habeas corpus, que constitui instrumento apto a questionar a aplicação de pena acessória. Não se esqueça: só cabe habeas corpus se houver ofensa (ou ameaça de ofensa) ao direito de locomoção. Item errado. QUESTÃO 28 - CESPE – JUIZ – TJ-PB – 2015 Após a impetração de mandado de injunção, pendente de julgamento, o diploma legal objeto da reclamação foi promulgado. Nessa situação, a ação não estará prejudicada por ser possível, na via processual, discutir pretensão do interessado de sanar a lacuna normativa no período pretérito à edição da lei regulamentadora. A doutrina menciona que não se admite a utilização do mandado de injunção para sanar lacuna normativa de período anterior à edição da norma regulamentadora. Assim, existem precedentes do STF no sentido de que a DIREITO CONSTITUCIONAL 43 edição da norma regulamentadora reclamada prejudica, inclusive, o mandado de injunção anteriormente ajuizado. Item errado. QUESTÃO 29 - CESPE– JUIZ – TJ-PB – 2015 Determinada organização sindical impetrou mandado de segurança coletivo para defesa de interesse de parte da categoria de profissionais a ela vinculados. Nessa situação, o magistrado deverá reconhecer a ilegitimidade ativa ad causam, pois além da pertinência temática entre o objeto da impetração e o vínculo associativo, é imprescindível, para o conhecimento do remédio constitucional, que a pretensão veiculada interesse a toda a categoria ligada à organização sindical. A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança coletivo ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. Item errado. QUESTÃO 30 - CESPE – JUIZ – TJ-PB – 2015 Uma empresa impetrou habeas data para obter vista dos autos de representação, na qual fora citada, apresentada por terceiro perante a corte de contas do estado. Nessa situação, à luz do entendimento do STF, o magistrado não deverá admitir a ação, já que o habeas data não se revela meio idôneo para obter vista de processo administrativo. Segundo o Supremo Tribunal, o habeas data não é o instrumento jurídico adequado para que se tenha acesso a autos de processos administrativos. Item certo.
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