Buscar

Parecer Jurídico crime de trânsito incompleto

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PARECER
Consulta-nos o Sr. Francisco Luhmnan, narrando que no dia 22 de maio de 2017, confiou a direção de seu veículo automotor ao seu filho Marcos Habermas Luhman, 17 anos de idade, para que o filho, segundo alegou, fosse até a casa de amigos para estudar. Ao invés disso, o filho foi até um bar, onde consumiu bebidas alcoólicas e, ao voltar para casa, acabou por provocar um homicídio culposo de trânsito, ao atropelar e matar um pedestre. 
Indaga-nos o consulente acerca de sua responsabilidade exclusivamente no âmbito penal no caso narrado, solicitando a elaboração de um parecer jurídico sobre o caso. Eis a síntese do necessário. Passemos, então, à abordagem jurídica da questão consultada. 
Segundo a jurisprudência, o pai não pode responder por homicídio culposo a qual seu filho deu causa em direção de veículo automotor, haja vista a responsabilidade reflexa. Em HC n° 235827, impetrado no STJ, o pai alegou que sua condenação em coautoria pelo crime de homicídio no trânsito não pode se baseada na suposta “anuência tácita e permanente”. Sendo responsabilizado apenas pela entrega do veículo a pessoa não habilitada.
Quanto à culpa, na redação do HC já mencionado acima, o Relator, ministro Marco Aurélio Bellizze:
“Com efeito, nos termos do que já apontado, a culpa não se presume, deve ser demonstrada e provada pelo órgão acusador. Assim, da leitura das decisões proferidas pelas instâncias ordinárias, verifica-se, num primeiro momento, que não há qualquer elemento nos autos que demonstre que o pai efetivamente autorizou o filho a pegar as chaves do carro na data dos fatos, ou seja, tem-se apenas ilações e presunções, destituídas de lastro fático e probatório.”[1: BELLIZZE, MARCO AURÉLIO et al. STJ - HABEAS CORPUS : HC 235827 SP 2012/0050257-8. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24200757/habeas-corpus-hc-235827-sp-2012-0050257-8-stj/inteiro-teor-24200758?ref=juris-tabs. Acesso em: 30 maio 2017.]
O relator ainda afirma quanto à responsabilidade penal, “a conduta do pai não teve relevância direta para o homicídio culposo na direção de veículo automotor”. “Não podendo, por conseguinte, atribuir-se a pai e filho a mesma infração penal praticada pelo filho.”
Ademais, importante salientar que a culpa do pai e a do filho são de crimes diversos. Uma vez que o pai foi negligente quanto ao domínio das chaves do carro e o filho imprudente por ingerir bebida alcoólica e dirigir veículo automotor sem a sua devida habilitação.
Portanto, concluímos que o Sr. Francisco Luhmann deverá responder tão somente pelo delito tipificado pelo artigo 310, do Código de Trânsito Brasileiro, tendo em vista não ser possível atribuir ao pai a imprudência imprimida pelo menor na direção do veículo. 
É o parecer.
Espírito Santo do Pinhal, 30 de maio de 2017.

Continue navegando