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Processo fermentativo 2017.1 FERMENTAÇÃO SEMI-SÓLIDA Disciplina: Engenharia Bioquímica Engenharia Bioquímica 2017.1 O QUE É?? O termo fermentação em estado sólido, ou fermentação semissólida, ou fermentação em meio semissólido aplica-se ao processo de crescimento de microrganismos sobre substratos sólidos sem a presença de água livre. A água presente nesses sistemas encontra-se ligada á fase sólida, formando uma fina camada na superfície das partículas. Fermentação em Estado Sólido Essa forma de processo também pode ser denominada de fermentação em substrato sólido, fermentação em meio semi- sólido ou fermentação meio-sólida. Como abreviaturas são conhecidas FES, FSS e FMS. A fermentação em estado sólido pode ser definida como: Fermentação em Estado Sólido • É o processo que se refere a cultivos de microrganismos sobre ou dentro de partículas em matriz sólida. É denominado: Fermentação em substrato sólido, em meio semi-sólido, ou Fermentação semi-sólida (FSS, FMS ou FES) Fermentação em Estado Sólido Honorato 2001 Silva 2011 Fermentação em Estado Sólido “Processos que referem-se a cultura de microrganismos sobre ou dentro de partículas em matriz sólida (substrato ou material inerte), onde o conteúdo de líquido (substrato ou meio umidificante) ligado a ela está a um nível de atividade de água que, por um lado, assegure o crescimento e metabolismo das células e, por outro, não exceda a máxima capacidade de ligação da água com a matriz sólida”. “O termo fermentação em estado sólido aplica-se ao processo de crescimento de microrganismos sobre substratos sólidos sem a presença de água livre. A água presente nesses sistemas encontra-se ligada à fase sólida, formando uma fina camada na superfície das partículas”. Microrganismos comumente utilizados Os processos de fermentação em estado sólido podem utilizar: Mo’s em seu estado natural Culturas puras Culturas mistas Microrganismos comumente utilizados Qualquer microrganismo pode ser utilizado em fermentações sólidas (Bactérias, leveduras ou fungos). Devido aos baixos níveis de água no sistema, os fungos filamentosos apresentam melhor capacidade de crescimento nestas condições. Algumas das aplicações destas enzimas nas indústrias de alimentos tem a função de incluir o amadurecimento de frutas, clarificação e redução de viscosidade em sucos de frutas, tratamento preliminar do suco de uva para as indústrias vinícolas, extração de polpa de tomate, fermentação de chá e chocolate, tratamento de resíduos vegetais, degomagem de fibras nas indústrias têxtil e de papel, nutrição animal, enriquecimento proteico de alimentos e extração de óleos. Substratos: TERMOS GERAIS composição O termo fermentação em estado sólido remete a dois tipos de materiais insolúveis em água, sobre os quais os microrganismos irão crescer: 1) Quando o suporte sólido atua ele próprio como fonte de nutrientes; 2) Ou só como suporte para os microrganismos que estão aderidos a uma matriz sólida, inerte ou não. Exemplos: Produção de esporos de Aspergillus niger em sabugo de milho umedecido com solução de sacarose; Utilização de solução de glicose e nutrientes umedecendo bagaço de cana para a produção de ácido lático; Obtenção de álcool etílico em bagaço de cana, produzindo as enzimas específicas. Diversas matérias-primas, dentre estas, principalmente diversos tipos de resíduos agroindustriais, podem ser empregados na fermentação sólida. A escolha de cada meio, logicamente, irá depender do produto final que se deseja obter. Pode-se exemplificar os seguintes materiais: Substratos: composição – exemplos Materiais Produção de Farelo e palha de trigo, farinha e farelo de soja, farinha de mandioca, palha e quirera de arroz, melaço e bagaço de cana Enzimas Usos: tratamentos preliminar do suco de uva, amadurecimento de frutas, extração de óleos... . Pectinases/amilases/polygalactu ronase Sorgo, polpa de beterraba, de uva, vagens de algaroba, melaço de cana, resíduos. Álcool Resíduos de banana, farinha, resíduos sólidos do processamento de mandioca, espiga de milho, bagaço de laranja, cana-de-açúcar, bagaço de cana, melaço, vinhaça, farelo e palha de trigo, grão-de-bico, beterraba, polpa de café, polpa de batata doce Enriquecimento protéico Bagaço de cana, água de maceração de milho, lactose, sacarose e farelo de trigo Antibióticos Grãos de milho, alfafa e aveia, grãos de sorgo, soja, trigo, amendoim, milho e arroz Produção de toxinas Farelo de trigo, beterraba, bagaço de cana e melaço Ácidos orgânicos Soja (hamanatto, tempeh, miso, natto, shoyu), pasta de amendoim (ontjom), peixe (katsuobushi) e mandioca (gari, kokonte, lafun) Alimentos e condimentos orientais e africanos Materiais: TERMOS GERAIS Produção Alcântara 2002 Produtos que podem ser obtidos por fermentação em estado sólido a partir de diferentes resíduos e fungos filamentosos PINTO, G.A.S. Produção de tanase por Aspergillus niger. 2003. 207p. Tese (Doutorado em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos) - Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Produto Microrganismo Materiais Natto Bacillus natto Soja Tempê Rhizopus oligosporus Soja Queijo Penicillium roqueforti Trigo Massa de pão Saccharomyces cerevisiae, Lactobacillus sanfrancisco Trigo Saquê Aspergillus oryzae, A. kawachii Arroz, cevada Missô A. oryzae Soja, arroz Shoyu A. sojae Soja, trigo Exemplos de alimentos produzidos por fermentação em estado sólido Substratos: características O substrato (matriz sólida) deve ter algumas características que possibilitem o maior rendimento do processo. A principal peculiaridade é o alto grau de acessibilidade do microrganismo a todo o meio e, para tanto, as características mais importantes são: Porosidade: Substratos: características Granulometria própria visando permitir a circulação do ar por entre a massa e a dissipação dos gases e calor produzidos. Substratos: características – exemplos A figura abaixo apresenta a velocidade de fermentação, avaliada pela porcentagem de CO2 produzida no decorrer do processo, em função do tamanho das partículas do meio sólido. Fonte: Figueiredo 2014 Substratos: preparo Boa parte dos substrato utilizados na fermentação em estado sólido necessitam de um pré- tratamento para se adequarem as condições necessárias de crescimento dos microrganismos e a produção dos metabólitos. Assim, para facilitar a atuação dos microrganismos sobre o meio, podem ser empregados os processos de: Substratos: preparo Esmagamento, quebra, moagem e peneiramento, visando adequar o meio à granulometria mais adequada do processo; Suplementação de nutrientes e correção do pH, para suprir a falta de algum nutriente ou adequar às melhores condições de crescimento microbiano; Hidrólise ácida ou alcalina de material celulósico, visando facilitar a atuação enzimática; Substratos: preparo Embebição: para regular o teor de umidade inicial; Vaporização ou aquecimento, visando a gelatinização ou inchamento do substrato; Processo de esterilização, que visa a diminuição ou eliminação de possíveis contaminantes. Biorreatores para Fermentação Sólida A forma empregada em praticamente todos os estudos diz respeito ao processo em batelada no qual o meio é adicionado ao reator, ocorrendo a inoculação do substrato e a incubação do mesmo por um determinado período de tempo. A seguir, o produto obtido pode ser extraído por suspensão do meio com água, soluções-tampão ou solventes (como no caso de enzimas, ácidos,álcool, etc.) ou simplesmente secado e armazenado (produção de bioinseticidas ou proteína microbiana). Biorreatores para Fermentação Sólida Outros modos de condução do processo são citados, tais como: Fermentação semicontínua na obtenção de ácido cítrico; Fermentação por batelada alimentada na obtenção de ácido giberélico; Fermentação contínua para a produção de enzimas fúngicas. Biorreatores Reatores de vidro: utilizados em pesquisas laboratoriais. Reatores de vidro Cândido 2000 Biorreatores Bandejas: podem ter fundo inteiriço ou serem perfuradas. A disposição das bandejas deve ter local apropriado, podendo serem utilizadas salas com estantes e circulação de ar natural ou forçada, passando antes por umidificadores. Bandejas: com meio de cultura e vazia com fundo perfurado. Xavier 2008 Biorreatores Tanques circulares: consiste de dois tanques rotatórios de 7 m de diâmetro, com um agitador helicoidal, dentro de uma câmara de condições controladas. Podem ser processados, a cada batelada, cerca de 2 a 3 toneladas de meio de cultura, com alimentação, esterilização, inoculação e retirada do produto realizados. Esteira rolante: este sistema é uma variante do fermentador de bandejas. As etapas de inoculação e incubação do material são realizadas em longas esteiras de fundo perfurado por onde circula o ar úmido. Biorreatores Tubular horizontal (Tambor rotativo): o substrato é esterilizado e resfriado diretamente no tambor. A rotação do reator pode variar de 1 até 180 rpm. A agitação do substrato pode ser realizada pela simples rotação do reator ou por agitador central contendo número variável de pás (denominado fermentador tubular com agitação interna). Biorreatores Tubular vertical (fermentador tipo coluna): muito utilizado em pesquisas. Podem ser construídos de vidro ou aço inox, com dimensões de 2 a 40 cm de diâmetro por 20 a 180 cm de altura, permitindo uma capacidade entre 8 a 10 kg por batelada. Biorreatores Tambor rotativo Fonte: Ângelo 2011 Biorreatores Inerte; Rotativo manual; Rotativo mecânico. Farelo Enriquecido Fermentação semi-sólida RESÍDUOS FRAÇÃO SÓLIDA (farelo) PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO INOCULAÇÃO DO MICRORNANISMO FERMENTAÇÃO SEMI-SÓLIDA DO FARELO DA ALGAROBA (BIORREATORES) SECAGEM 24 HORAS/ 55 0C ARMAZENAMENTO EM POTES HERMÉTICOS – - 15 0C DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNA BRUTA E AUMENTO PROTÉICO ATIVIDADE DE ÁGUA ANÁLISES FIGURA : Fluxograma experimental do enriquecimento nutricional do resíduo da algaroba. pH e UMIDADE Material e Métodos Experimentos/ temp. (0C) Tempo de fermentação (h) 0 2 4 6 12 24 48 72 96 1 (30 0C) 9,66 11,08 9,46 10,47 15,33 10,07 10,47 11,89 11,28 2 (30 0C) 11,82 13,51 14,93 16,14 17,15 13,10 12,09 12,29 12,09 3 (40 0C) 10,88 16,14 10,07 16,14 17,76 23,64 16,55 16,95 16,14 4 (40 0C) 13,71 20,40 20,19 21,41 17,15 26,27 22,22 23,64 22,22 5 (35 0C) 12,50 13,51 12,90 13,71 10,47 13,10 11,69 14,12 10,88 6 (35 0C) 12,29 13,01 11,48 12,09 12,29 12,90 12,09 14,32 14,12 7 (35 0C) 11,89 12,09 11,48 11,69 8,65 10,07 9,05 15,74 13,10 Tabela : Valores de proteína bruta durante o processo de fermentação semi-sólida Proteína Bruta Resultados e Discussão – Enriquecimento nutricional Vantagens do semi-sólido O meio é geralmente simples, consistindo de produtos agrícolas não refinados que podem conter todos os nutrientes necessários para o crescimento do microrganismo. Isto significa que o pré–tratamento pode ser simplesmente, um cozimento com água para umidificar ou dilatar o substrato, ou a quebra do substrato na superfície para aumentar a acessibilidade aos nutrientes internos ou a moagem de grandes blocos de substrato para partículas menores; Vantagens do semi-sólido * Espaço ocupado pelo equipamento de fermentação é pequeno, considerando-se o rendimento do produto. Utiliza-se menor quantidade de água e o substrato é concentrado; Vantagens do semi-sólido * O meio é facilmente aerado, desde que haja espaço entre as partículas do substrato; * A solubilidade e difusão de oxigênio e outros gases, são maiores em FSS; Geralmente, o único componente necessário a ser adicionado ao meio é água, embora, ocasionalmente, outros nutrientes como fonte de nitrogênio ou minerais possam ser adicionados; Vantagens do semi-sólido * Menor custo dos equipamentos; Desvantagens do semi-sólido * Os tipos de microrganismos que podem ser usados são limitados, em função das condições do processo, tais como: baixa concentração de água livre. Os mais utilizados são fungos e algumas leveduras; * Em operações de grande escala, o calor gerado pelo metabolismo microbiano deve ser removido, o que se torna mais difícil na FSS que no processo submerso; Desvantagens do semi-sólido * A transferência de oxigênio entre as partículas do meio pode se tornar um problema, quando se utiliza granulometria do substrato muito elevado; * Medidas de pH, O2, CO2 e cálculo de rendimento de produto são mais complexos; * Controle de temperatura é crítico e, muitas vezes, é necessário controlar a composição da atmosfera no que diz respeito a O2, CO2 e outros metabólitos voláteis; Desvantagens do semi-sólido * Contrariamente á simplicidade de operação da FSS, a heterogeneidade da mistura dificulta o controle de crescimento microbiano e de variáveis como agitação, aeração e concentração de nutrientes e produtos; Produção Ácido Cítrico (Resumo) • É um constituinte de frutas cítricas, como as laranjas e limões e por muito tempo estes eram suas únicas fontes industrias; • Nos últimos 100 anos, foi identificado como um produto do metabolismo de fungos; • Aproximadamente 300 mil toneladas de ácido cítrico são produzidos todo ano nos Estados Unidos(muitas produzidas pelo fungo Aspergillus Níger, utilizando o melaço como substrato). Utilização % Alimentos e bebidas (64 %) como aromatizante. Detergentes e produtos de limpeza (22 %); Produtos farmacêuticos e nutricionais (10 %): em produtos efervescentes; anticoagulante; Indústria cosmética (2 %) para ajuste de pH; Outras aplicações (2 %): estanhagem, preparo de corantes e resinas; Produção Mundial de ácido cítrico • 1.4 milhões ton/ano (US$ 2/kg a US$ 0,70 – 0,80/kg); • Crescimento anual da demanda: 3.5 – 4.0%; • Empresas produtoras: ADM, Cargill, Tate & Lyle, DSM, Junbunzlauer; • Israel’s Gadot Biochemical Industries, China’s Anhui BBCA Biochemical. Escola de Química / UFRJ SISTEMAS DE PRODUÇÃO Escola de Química / UFRJ • Em Superfície; • Bandejas de alumínio ou de inox (esterilizadas com álcool ou formol diluído); • Inoculação com uma suspensão de esporos de Aspergillus niger; • Câmaras com controle de temperatura, umidade e ar estéril; • Tempo: 05 dias; • Relação volume / área da bandeja de fermentação. Sistemas de Produção Escola de Química / UFRJ • Desenvolvimento de microrganismos em ambiente com baixa atividade de água sobre material insolúvel que atua tanto como suporte físico e como fonte de nutrientes; • Não é requerido pré-tratamento do substrato ( bagaço de • cana); • pH inicial: 4.5–6.0; • Temperatura: 28–30 °C. Ácido Cítrico • O ácido cítrico é obtido na indústria graças à fermentação da sacarose realizada por um microrganismo chamado Aspergillus niger. O processo de obtenção apresenta várias fases como a preparação do substrato de melaço, a fermentação aeróbica da sacarose pelo Aspergillus, a separação do ácido cítrico do substrato por precipitação ao adicionar hidróxido de cálcio, ou cal apagada, para formar citrato de cálcioe, depois, é adicionado ácido sulfúrico para decompor o citrato de cálcio. Ácido Cítrico A eliminação das impurezas é realizada com carvão ativado ou resinas de troca iônica, continuando com a cristalização do ácido cítrico, secagem ou desidratação, e o empacotamento do produto. Processo fermentativo 2017.1 FERMENTAÇÃO SEMI-SÓLIDA Disciplina: Engenharia Bioquímica
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