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DIREITO CIVIL IV AULA 2

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DIREITO CIVIL IV
AULA 2
EVOLUÇÃO HISTÓRICA, CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS
 A posse – pode ser encarada como um fato, ao passo que a propriedade- como um direito. Ou seja, posse (situação de fato), e propriedade (situação de direito);
O estudo da posse é realizado separadamente tendo em vista que:
A posse não é um direito real;
A posse informa o regime jurídico de todos os demais direitos reais.
É considerável dizer que a posse é a exteriorização da propriedade (posse direta) – ela cria uma presunção de propriedade (por tal razão é que se tutela veementemente a posse por vezes até em detrimento da propriedade)
Conceito: posse é conduta de dono, ou seja sempre que houver o exercício dos poderes de fato, inerentes à propriedade, existe a posse, a não ser que alguma norma diga que o exercício configura detenção e não posse.
O art. 1196 CC, indiretamente traz o conceito de “posse”, quando considera possuidor: “todo aquele que tem de fato e exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes à propriedade.”
Objeto da posse: A posse pode incidir tanto sobre bens corpóreos quanto sobre bens incorpóreos (quase-posse). A chamada posse de direitos é admitida, desde que tais direitos possam ser apropriáveis e exteriorizáveis (direitos reais).
Ex: direitos do autor, propriedade intelectual, passe atlético, direito real de uso sobre linha telefônica.
Sujeitos da posse: São as pessoas, sejam elas naturais ou jurídicas, de direito público ou de direito privado.
 TEORIAS SOBRE A POSSE
 O estudo da posse, tem várias teorias, na tentativa de explicar o seu conceito, mas tem sido reduzida a dois grupos: teorias subjetivas e teorias objetivas. Mas novas teorias começaram a surgir, como a teoria sociológica (Perozzi, Saleilles e Hernandez Gil) ;
Teoria subjetiva de Savigny (Friedrich Karl Von Savigny)
- De acordo com ele a posse, caracteriza-se pela conjunção de dois elementos: o “corpus” (elemento objetivo que consiste na detenção física da coisa) e o “animus” (é a vontade de ter essa coisa sua, ou seja elemento subjetivo, que se encontra na intenção de exercer sobre a coisa um poder no interesse próprio e de defendê-lo contra a intervenção de outrem).
- Tais elementos são indispensáveis – se faltar o corpus inexiste a posse, e se faltar o animus , não existe posse mas sim mera detenção.
2) Teoria objetiva de Ihering (Rudolf Von Ihering)
Para que exista a posse, é necessário somente o “corpus” – não há a intenção, ao animus – a posse é a exteriorização da propriedade – para que a posse exista basta o elemento objetivo, pois ela se revela na maneira como o proprietário age em face da coisa. (Basta o corpus para a caracterização da posse)
se revela na maneira como o proprietário age em face da coisa (não significa contato físico), e sim a conduta de dono, ou seja tem posse quem se comporta como dono já estando portanto incluído o “animus” (affectio tenendi)
Teoria adotada no Brasil: assim, como o CC/1916 (art. 485), o CC/2002 (art. 1196), adotou a teoria de Ihering, pois se revelou mais adequada e satisfatória;
Mas a lei, expressamente aponta situações em que tal conduta configura detenção.
Distinção entre propriedade, posse e detenção
Posse: exercício do poder de fato em nome próprio, exteriorizando a propriedade e fazendo uso econômico da coisa;
Detenção: considera-se detentor aquele, que achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas (art. 1.196). 
- Ou seja exercício do poder de fato sobre a coisa em nome alheio; ex.: caseiros ou todos os que zelam por propriedades em nome do dono; situação dos soldados em relação às armas e à cama do quartel, a dos domésticos quanto às coisas do empregador.
A falta de independência da vontade do detentor que age somente como determina o possuidor, dá ensejo a detenção (são os fâmulos da posse).
Enunciado n° 301, Jornada de Direito Civil, STJ: É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios.
O art. 1.208 CC, também apresentam hipóteses que não configuram posse, sendo portanto, detenção – a 1ª parte diz que “não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância” – a 2ª parte em que diz que “os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”
Assim, tais atos impedem o surgimento da posse – sendo que quem os pratica é considerado mero detentor, sem qualquer relação de dependência com o possuidor – somente depois de cessar a violência é que começa a posse útil
Quanto aos bens públicos, há mera detenção consentida, quando há tolerância pelo Poder Público, não há posse de bens públicos, principalmente após a CF/88 - que proibiu a usucapião especial de tais bens (arts. 183 e 191) 
O art. 62 CPC/73 (nomeação à autoria) dizia que: àquele que detém a coisa em nome alheio e é demandado em nome próprio o ônus de nomear à autoria o proprietário ou possuidor. (DESAPARCEU NO CPC/2105 – mas tem seus reflexos no art. 338 e 339 do NCPC)
Portanto caberia ao detentor indicar por meio da intervenção de terceiros o possuidor ou proprietário legitimado para responder ao processo – sob pena de responder por perdas e danos (69 CPC/73);
NATUREZA JURÍDICA
A posse tem natureza dupla, ou seja é fato e direito, quando considerada “em si mesma”, é um fato, “mas pelos efeitos que gera”, entra na esfera do direito;
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE E SUAS CARACTERISTICAS
a)Posse direta e posse indireta: surge do desdobramento da posse plena.
Art. 1.197 CC/2002: A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o possuidor indireto. 
Posse direta (imediata): exercício direto e imediato do poder sobre a coisa (corpus), decorrente de contrato. O possuidor direto pode defender sua posse contra o possuidor indireto.
Posse indireta (mediata): apenas o animus (entendido esse como a vontade de utilizar a coisa como faria o proprietário). O possuidor indireto pode defender sua posse perante terceiros.
- Tal relação possessória, desdobra-se, ou seja no caso de contrato de locação, o proprietário exerce a posse indireta, como consequência de seu domínio. Já o locatário, exerce a posse direta por concessão do locador - assim uma não anula a outra ambas coexistem.
Na posse direta e indireta ocorrem “desdobramentos sucessivos” – feito o primeiro, poderá o possuidor direto efetivar novo desmembramento – tornando-se possuidor indireto(pois deixa de ter a coisa consigo);
Ocorrendo desdobramentos sucessivos da posse, terá posse direta apenas aquele que tiver coisa consigo;
B) POSSE JUSTA E POSSE INJUSTA
Art. 1.200 CC/02: “é justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.”
Posse justa: aquela isenta de vícios, a posse adquirida legitimamente, sem vício jurídico externo - A posse justa é mansa, pacífica, pública e adquirida sem violência.
Posse injusta: aquela que foi adquirida viciosamente por violência ou clandestinidade ou por abuso precário;
1) Posse violenta - adquirida através do emprego de violência contra a pessoa. Ex.: usando força, expulsar de um imóvel.
 
- A violência pode ser física ou moral. Quando usado “ameaças”, que resultam no abandono da posse pela vítima, equipara-se a violência material (gera também o vício da posse);
- A violência impede que a aquisição gere efeitos no âmbito do direito – mesmo que seja exercida pelo proprietário – devendo a vítima ser reintegrada.
2) Posse clandestina- aquela que furta um objeto, ou ocupa um imóvel de outro às escondidas.
- O ladrão que furta, sutilmente estabelece a posse clandestina – já o ladrão que rouba estabelece a posse violenta

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