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EXECUÇÃO-CIVIL

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PROCESSO CIVIL IV – Prof. Daniel Baggio Maciel 
Gabriel de Caires Lucena 
EXECUÇÃO CIVIL 
A execução pode fundar-se em título executivo judicial, caso em que é chamada de cumprimento de 
sentença, ou em título extrajudicial, caso em que é chamada de processo de execução. 
O cumprimento de sentença (título judicial) está previsto no título II do livro I da parte especial do 
NCPC- arts. 513 a 538. O processo de execução está previsto no livro II da parte especial – arts. 771 a 925. 
A propósito, o credor beneficiário de um título executivo extrajudicial que desejar exigí-lo não tem 
outra opção senão ajuizar a ação de execução e dar origem a um processo executivo. Por sua vez, o credor 
favorecido por uma sentença não precisa da ação de execução nem do processo executivo para exigí-la pois o 
CPC de 73 e o CPC de 2015 permitem que ele prossiga, dentro do próprio processo de conhcecimento, para 
exigir o que a sentença lhe deferiu , em uma simples fase processual denominada “cumprimento de sentença”. 
O processo de conhecimento de que resulta sentença, serve não só para a resolução do litígio como 
também para a execução da obrigação reconhecida na sentença, dispensando o ajuizamento sucessivo da 
ação de execução. Para esse processo judicial que permite ao juiz realizar essas duas atividades do poder 
judiciário (conhecimento e execução) a doutrina dá o nome de PROCESSO SINCRÉTICO. 
ESPÉCIES DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
O CPC de 2015 regula cinco procedimentos aplicáveis ao cumprimento de sentença, procedimentos 
esses que variam basicamente conforme o tipo da obrigação reconhecida na sentença, assim: 
1. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO DE PAGAR 
QUANTIA CERTA – Arts. 520 a 525 
2. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO DE PAGAR 
QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA – Art. 534 e seguintes. 
3. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO DE PAGAR 
ALIMENTOS – Arts. 528 e seguintes. 
4. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO DE 
ENTREGAR COISA – Arts. 538 e seguintes 
5. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO DE FAZER 
OU DE NÃO FAZER – Arts. 536 e 537. 
OBS: Existem 3 sentenças que não se submetem à execução sincrética dentro do processo de 
conhecimento e que, portanto, ainda dependem da ação de execução, assim a SENTENÇA ARBITRAL, a 
SENTENÇA ESTRANGEIRA HOMOLOGADA PELO STJ e a SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA TRANSITADA EM 
JULGADO. 
ESPÉCIES DE AÇÃO DE EXECUÇÃO (TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS) 
 
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Por simetria ao cumprimento de sentença existem 5 ações de execução que deflagram cinco 
diferentes procedimentos ao processo executivo: 
1. AÇÃO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA – Arts. 824 e seguintes 
2. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS – Arts. 911 e seguintes 
3. AÇAO DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA – Art. 910 
4. AÇÃO DE EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA – Arts. 806 a 813. 
5. AÇÃO DE EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER OU NÃO FAZER – Arts. 814 e seguintes. 
LEGITIMADOS ATIVOS DA EXECUÇÃO (ART. 778) 
Os potenciais autores da execução civil (EXEQUENTES) são os seguintes: 
1. Credor que possuir título executivo. 
2. O Ministério Público nos casos previstos em lei (art. 15 da lei 7347/85). 
3. O espólio, os herdeiros ou sucessores do credor. 
4. O cessionário por ato intervivos. 
5. O subrrogado (exemplo do fiador que paga). 
LEGITIMADOS PASSIVOS DA EXECUÇÃO (ART.779) 
Estudar os legitimados passivos para a execução é examinar quem pode ser réu nesse tipo de 
procedimento, isto é, a figura do executado. São legitimados: 
1. O devedor reconhecido como tal no título executivo 
2. O espólio, os herdeiros ou sucessores do devedor falecido 
3. O fiador 
4. O novo devedor, que assumiu a dívida com o consentimento do credor 
5. O responsável tributário, que é um sujeito ao qual incumbe o recolhimento do tributo em 
nome do devedor tributário, tal qual o sócio gerente pela sociedade empresária, o síndico pelo 
condmínio e o inventariante pelo espólio. 
6. O reponsável pelo bem vinculado por garantia real ao pagamento. Ex.: Hipoteca, penhor. 
CUMULAÇÃO DE EXECUÇÕES (ART. 780) 
É bastante comum o mesmo legitimado ativo possuir mais de um título executivo. A rigor, cada título 
executivo permite o uso de uma execução autônoma. Porém, por uma questão de economia processual, é 
possível reunir num só processo várias execuções, desde que presentes os seguintes requisitos: 
1. Que o executado seja o mesmo 
2. Que o juiz seja competente para todas as execuções cumuladas 
 
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3. Que o procedimento de todas as execuções reunidas no mesmo processo seja o 
mesmo 
COMPETÊNCIA PARA AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS (ART. 781) 
Veremos abaixo as regras de competência de foro (territorial) para ação de execução: 
REGRA 1: A execução será proposta no foro do domicílio do devedor, no foro de eleição (se houver) ou 
no foro da situação dos bens do executado. 
REGRA 2: Quando o executado possuir mais de um domicílio, a execução será proposta perante o Juiz 
de qualquer um deles. 
REGRA 3: Se o domicílio do devedor for desconhecido ou incerto, a execução será requerida ao Juiz do 
foro em que o devedor for encontrado ou do foro do domicílio do exequente. 
REGRA 4: Se houver mais de um devedor com domicílios diferentes, a execução será proposta no foro 
do domicílio de qualquer um deles. 
REGRA 5: O exequente pode afastar todas as regras anteriores e optar por requerer a execução no 
foro em que ocorreu o ato ou o fato juridico que deu origem ao título 
COMPETÊNCIA PARA A EXECUÇÃO DE TÍTULOS JUDICIAIS (ART. 516) 
REGRA 1: A execução será requerida ao prórpio tribunal nas ações de sua competência originária. 
REGRA 2: A execução será requerida ao Juiz que conhceu da ação no 1º grau de jurisdição; qualquer 
que tenha sido o órgão judicial que proferiu a condenação. 
REGRA 3: A execução da sentença arbitral, da sentença estrangeira e da sentença penal condenatória 
transitada em julgado será requerida ao Juiz civel. 
O legitimado ativo pode optar no caso das regras 2 e 3 por requerer a execução da decisão judicial ao 
juiz do foro do domicilio do executado, do foro da situação dos bens dele ou do foro em que a obrigação deve 
ser cumprida 
DESISTÊNCIA DA EXECUÇÃO (ART. 775) 
O exequente pode desistir da execução, antes ou depois da citação, desistência essa que não implica 
renúncia ao direito de crédito nela exigido, de modo que o exequente poderá repropor a execução em outra 
oportunidade. Mas como fica a desistência após o executado oferecer desefa? 
A questão da desistência da execução se torna mais complexa quando o executado já ofereceu defesa, 
quer os embargos do devedor contra ação de execução ou a impugnação contra o cumprimento de sentença. 
 
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Se em sua defesa o executado só alegou questões de direito processual, o exequente pode dela desistir e não 
precisa do consentimento do executado, mas ficará responsável pelas custas e honoráios devidos a este. 
De outro lado, se a defesa do executado se opôs ao título executivo apresentado pelo exequente, a 
desistência deste passa a depender da anuência do executado. 
Se o executado ofereceu embargos ou impugnação e apenas suscitou defesas de direito processual sem se opor 
ao título executivo, a desistência do exequente não depende do consentimento do executado, mas o exequente 
ficará responsável pelo pagamento das custas e honorários em favor do executado. Por outro lado, se o 
executadojá se defendeu e nos embargos ou na impugnação alegou alguma matéria de defesa relacionada ao 
título executivo a desistência do exequente fica subordinada ao consentimento do executado. 
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA QUALQUER EXECUÇÃO 
Segundo Theodoro Junior, são dois os requisitos para qualquer execução: um formal e outro material. 
O requisito formal consiste na existência de um título executivo, judicial (art. 515) ou extrajudicial (art. 784) 
expressando uma obrigação com três características: líquida, certa e exigível. O requisito material é a 
inadimplência do devedor. Enfim, faltando qualquer um deles o credor não pode requerer a execução. Por 
essa razão esses dois requisitos devem estar demonstrados logo na petição inicial com que é requerida a 
execução. 
OS TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS ESTÃO NO ARTIGO 515 E SÃO OS SEGUINTES 
1. A decisão em processo civil que reconhecer a exigibilidade da obrigação de pagar quantia 
certa, entregar coisa, fazer ou não fazer; 
2. A decisão homologatória de Autocomposição judicial; 
3. A decisão homologatória de Autocomposição extrajudicial; 
4. A certidão e o formal de partilha expedido no procedimento de inventario, em relação ao 
inventariante, os herdeiros ou sucessores; 
5. O crédito dos auxiliares da Justiça quanto às custas, emolumentos e honorários fixado por 
decisão judicial, a exemplo dos peritos, do oficial de justiça, do tradutor, do interprete, do 
mediador e do conciliador; 
6. A sentença estrangeira homologada pelo STJ; 
7. A sentença arbitral; 
8. A sentença penal condenatória transitada em julgado; 
9. Decisão interlocutória estrangeira cuja a execução tenha sido autorizada pelo STJ, em carta 
rogatória; 
SÃO TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS AQUELES DO ART. 784, A SABER: 
1. Cheque, nota promissória, a duplicada, a letra de câmbio e a debênture; 
2. A escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; 
 
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3. O documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; 
4. O documento de transação (acordo) referendado (assinado) pelo MP, pela Defensoria Pública 
ou pelos advogados dos transatores (as partes); 
5. As despesas condominiais ordinárias ou extraordinárias, contanto que previstas na convenção 
do condomínio ou aprovadas pela assembleia dos condôminos (Ata). 
6. Certidão de dívida ativa emitida pela Fazenda Pública, assim a U, E, DF, M bem como as 
autarquias e as fundações públicas. 
7. Crédito decorrente de contrato de locação, bem como os encargos acessórios, a exemplo de 
impostos, taxas e contas de energia e água. 
8. O crédito decorrente de foro ou laudêmio; 
9. O contrato de seguro de vida em caso de morte 
10. O contrato garantido por direito real de garantia, a exemplo da hipoteca, do penhor, da 
anticrese, da enfiteuse, do usufruto, etc. 
11. Todos os demais títulos a que Lei atribuir força executiva, a exemplo daqueles previstos no 
decreto Lei 167/69, assim da nota promissória rural, da nota de crédito rural, da cédula rural 
hipotecaria, da cédula rural pignoratissima; 
OBRIGAÇÃO LÍQUIDA, CERTA E EXIGÍVEL 
I. Obrigação certa: ela é assim considerada quando o título executivo expressar quatro elementos: 
o sujeito ativo (credor), o sujeito passivo (o devedor), a natureza da prestação devida (pagar 
quantia, entregar coisa, fazer ou não fazer) e o respectivo objeto dela (o bem da vida a ser 
prestado ao credor). 
II. Obrigação líquida: ela é assim considerada quando o título expressar a quantidade do objeto 
que o devedor deve prestar ao credor, por exemplo, a quantia em dinheiro devida, cheque. 
Líquida é a obrigação cuja quantidade está definida no título executivo, e, portanto, conhecida 
A propósito o código de 2015 também considera líquida a obrigação quando a quantificação 
dela depender de cálculos aritiméticos, que devem ser descritos em uma planílha de execução. 
III. Obrigação exigível: a obrigação é exigível quando se aperfeiçoar o termo ou a condição prevista 
no título executivo, termo é evento futuro e certo, a exemplo de uma data. Condição é um 
evento futuro e incerto a exemplo do matrimônio. Exigível é aquela em que já ocorreu a 
obrigação ou termo que autorizam o credor a cobrar do devedor a prestação devida. Todo título 
executivo traz sua exigibilidade ligada a um termo ou condição, que deve ser provado logo 
quando é requerida a execução. 
EXECUÇÃO DEFINITIVA E EXECUÇÃO PROVISÓRIA 
EXECUÇÃO DEFINITIVA é aquela apoiada em decisão judicial transitada em julgado. 
 
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EXECUÇÃO PROVISÓRIA é aquela fundada em decisão judicial ainda passível ou pendente de recurso sem 
efeito suspensivo, pois a existência desse efeito impede a execução. 
Execução definitiva é aquela apoiada em decisão judicial já transitada em julgado, ao passo que 
execução provisória é aquela fundada em decisão judicial passível ou pendente de recurso sem efeito 
suspensivo, afinal, o efeito suspensivo impede a execução. 
Em matéria de procedimento não existe diferença entre a execução definitiva e a provisória, pois em 
ambas os bens do devedor podem ser penhorados, expropriados e o credor receber o que lhe é devido. A 
única diferença é que na execução provisória, considerando a possibilidade do recurso pendente modificar a 
decisão exigida, o juiz exigirá do exequente que preste uma caução de indenizar o executado, se essa 
modificação ocorrer. No entanto só se exige caução para a prática de execução que resultem a alienação de 
bens, a transferência da propriedade ou posse ou o pagamento do credor, não pra simples penhora. 
A CAUÇÃO NÃO SE EXIGE PARA PENHORAR, MAS SIM PARA EXPROPRIAR E PARA PAGAR O CREDOR 
Apesar da regra de que a execução provisória só se faz com uma caução a ser prestada pelo 
exequente, o CPC de 2015 dispensa essse tipo de garantia em 3 casos: 
1. Para o credor de alimentos 
2. Exequente que provar a sua situação de necessidade (miserabilidade ou hipssuficiência) 
3. Quando a decisão executada estiver de acordo com súmula do STF ou STJ ou ainda conforme 
acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos, pois nesse caso é pouco provável que 
ocorra a reforma da decisão executada. 
No entanto, o próprio CPC de 2015 revelou uma nítida preocupação com o executado provisoriamente 
ao estabelecer que, mesmo nesses três casos de dispena, o Juiz tem o poder para impor ao exequente a 
prestação de uma caução quando houver manifesto, grave dano de dificil ou incerta reparação caso a 
execuçãoprovisória prossiga em face do devedor. 
O INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA 
Diferentemente do CPC de 1973 o CPC de 2015 especificou o momento exato em que começa a fase 
de cumprimento de sentença resultante do processo de conhecimento e, portanto, dentro do processo 
sincrético, e essa fase de execução começa quando o devedor for intimado a cumprir a obrigação constante da 
decisão que pode ser: pagar quantia certa, de entregar coisa ou de fazer ou não fazer. Essa intimação pode ser 
feita das seguintes formas: 
1. Por intimação através do DJE se o executado tiver advogado nos autos 
2. Por intimação mediante carta com AR se o executado não possuir advogado nos autos ou 
estiver representado por defensor público. 
 
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3. Por intimação em meio eletrônico, para as MEs e EPPs, as quais o CPC de 2015 impôs o dever 
de realizar um cadastro prévio no site dos tribunais. 
4. Se o executado foi citado por edital e se tornou revel na fase de conhecimento também será 
feita por edital a intimação para cumprir a sentença. 
OBS: Se o executado mudar eu endereço físicoou eletrônico e ele não comunica o Juiz ele será 
considerado intimado na data de juntada do respectivo comprovante (AR, retorno do e-mail) nos autos. 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE 
ENTREGAR COISA 
Se a decisão judicial impuser ao devedor a obrigação de entrega de coisa, na fase de cumprimento da 
sentença o Juiz despachará mandando intimá-lo a entregar o objeto ao exequente, no prazo que for assinado 
no despacho, se outro já não foi fixado na decisão a ser cumprida. 
Ao despachar no cumprimento de sentença, o juiz tem poder para, de ofício ou a requerimento do 
exequente, determinar algumas providências capazes de persuadir o devedor a satisfazer a obrigação, 
providências essas que são técnicas processuais de coerção denominadas pela doutrina de medidas de apoio. 
O CPC não taxa essas medidas de apoio e as enumera apenas exemplificativamente, ao dizer sobre a 
possibilidade da multa pecuniária, da busca e apreensão, da remoção de pessoas ou coisas, do desfazimento 
de obras, do impedimento ou da suspensão de atividade nociva e da cominação do crime de desobediência. 
De todos esses mecanismos certamente o mais comum é a multa pecuniária por atraso no 
cumprimento da prestação, cuja incidência pode se repetir diversas vezes, dentro da periodicidade definida 
pelo juiz, que pode variar conforme o tipo de prestação a ser por dia, por hora, por minuto, por semana ou 
mês de atraso no cumprimento da obrigação. 
Essa multa é toda revertida para o exequente e o valor dela se sujeita a revisão pelo Juiz que pode 
aumentá-lo quando insuficiente ou reduzí-lo quando exagerado ou abusivo. Aliás, o Juiz pode até excluir a 
multa vincenda (a vencer) quando o executado demonstrar justa causa para o descumprimento da obrigação 
ou o cumprimento parcial dela, seguido da impossibilidade de cumprí-la por inteiro. 
O QUE O JUIZ DEVE FAZER SE O EXECUTADO CUMPRIR A OBRIGAÇÃO? 
Se o devedor intimado a cumprir a obrigação de entregar coisa, o Juiz ouvirá o exequente e, em 
seguida, proferirá sentença declarando satisfeita a obrigação, extinta a fase de execução e, oportunamente, o 
arquivamento dos autos, tudo isso porque o processo alcançou a sua finalidade. De outro lado, se o devedor 
não compor espontâneamente a obrigação de entregar coisa no prazo, o Juiz despachará ordenando a 
expedição de um mandado de busca e apreensão se o bem for móvel ou de imissão na posse se imóvel, tudo 
 
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isso sem prejuízo da incidência de medidas de apoio já determinadas no despacho inicial, em especial da multa 
por atraso no cumprimento da prestação (das atreintes). 
Buscado e apreendido o objeto móvel ou imitido o exequente na posse do imóvel, a obrigação 
principal estará satisfeita, mas pode restar ainda a obrigação acessória consistente no pagamento de eventuais 
astreintes e por isso o Juiz não pode extinguir a execução. Caso tenha incidido a referida multa por atraso na 
obrigação de entregar coisa, cumprirá ao exequente peticionar nos próprios autos para transformar a 
execução de entrega de coisa em execução por quantia certa. Nessa petição o credor calculará o valor 
atualizado da multa, exibindo o respectivo demonstrativo dessas contas, pedirá ao Juiz que ordene a 
expedição de um mandado de penhora de bens do devedor podendo indicar desde logo quais coisas pretende 
ver constritas. Essa penhora de bens objetia a sucessiva expropriação deles (alienação forçada) e o final 
pagamento do credor. 
O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO DE FAZER 
OU DE NÃO FAZER – ART. 536 E SEGUINTES 
Quando a sentença resultante da fase de conhecimento reconhecer ser exigível o cumprimento da 
obrigação de fazer ou de não fazer, o Juiz despachará ordenando a intimação do devedor a realizar a obrigação 
no prazo já definido pela sentença ou, se ela for omissa, naquela que o Juiz arbitrar nesse momento, segundo 
a sua prudente discricionariedade (variedade muito grande de objetros desse tipo de prestação). 
 Porque a cominação de uma obrigação sem qualquer sanção tende a cair no vazio, nesse despacho o 
Juiz pode lançar mão daquelas mesmas medidas de apoio referidas na execução de entrega de coisa, dentre as 
quais estão aquelas exemplificadas no art. 536 do NCPC, a saber: busca e apreensão, remoção de pessoas ou 
coisas, multa pecuniária por atraso no cumprimento da obrigação (astreintes), desfazimento de obras, 
impedimento ou suspensão de atividade nociva e cominação do crime de desobediência a ordem judicial. 
Enfim, se o devedor cumprir no prazo a obrigação cominada pelo juiz, o magistrado deve proferir 
sentença para declarar satisfeito o direito do credor, extinguir a execução mandar arquivar os autos. 
De outro lado, se o devedor cumprir a obrigação com algum atraso e o juiz houver fixado a multa 
pecuniária que chamamos de astreinte, a execução não poderá ser extinta porque, embora cumprida a 
obrigação principal , remanece para o devedor a obrigação acessória de pagar quantia certa, decorrente da 
referida multa. De consequência, caberá ao credor peticionar nos próprios autos para juntar uma planilha 
demonstrativa dos cálculos de atuzalização da dívida e requerer penhora de bens suficientes que serão 
psteriormente expropriados para o pagamento do credor. 
CUPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A OBRIGAÇÃO DA FAZENZA PÚBLICA DE PAGAR 
QUANTIA CERTA 
 
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No CPC de 73 (art. 730 e 731), o credor favorecido por um sentença condenatória da Fazenda Pública 
ao pagamento de quantia certa era obrigado a ajuízar na sequência, uma ação de execução e dar origem a um 
novo processo para dela receber determinada soma em dinheiro. O CPC de 2015 (art. 534) simplificou esse 
regime de execução o estabelecer que a sentença condenatória da Fazenda Pública ao pagamento de quantia 
certa será cumprida dentro do próprio processo de conhecimento, dispensando o ajuizamento de nova ação 
(processo sincrético). 
Aliás, no conceito de Fazenda Pública estão a União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias e 
as fundações públicas; ficando de fora as sociedades de economia mista e as empresas públicas, porque 
pessoas jurídicas de direito privado. Portanto, são as referidas pessoas de direito público que se sujeitam ao 
modelo de execução que veremos agora. 
A propósito, esssa execução não se inicia de ofício e depende de uma petição intrmediária do credor. 
Logo, essa petição não é inicial, e por isso, não se sujeita aos requisitos dos artigos 319 e 320 do CPC. Essa 
petição será endereçada ao juizda fase de conhecimento que conterá: 
1. O nº dos autos 
2. Nomes e qualificação das partes, com indicação de CPF ou do CNPJ de ambas as partes. 
3. Requerimento dirigido ao juiz para que despache mandando intimar a Fazenda Pública a se 
defender no prazo de 30 dias, mediante petição chamada de IMPUGNAÇÃO AO 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
4. Nessa petição intermediária, o credor deve anexar um planilha demonstrativa de cálculos de 
atualização da dívida, pois entre a sentença e esse peticonamento, certamente decorreu um 
espaço de tempo que defasou o valor original da condenação. 
5. O NCPC chegou a minúcia de especificar quais as informações devem constar na mencionada 
planília e elas são as seguintes. 
i. Qual é o valor principal da dívida 
ii. Quais são os índices de correção monetária aplicados sobre ela 
iii. Quais são os juros e as respectivas taxas incidentes 
iv. O termo inicial e final da contagem dos juros e correção monetária 
v. A eventual capitalização de juros e a periodicidade deles 
vi. Eventuais descontos obrigatórios sobre a dívida (ex.:pagar parcial) 
vii. O valor atualizado da dívida 
Após receber essa petição, o juiz despachará mandando intimar a Fazenda Pública para, caso queira 
apresentar a referida impugnação. Se essa impugnação não for apresentada ou a Fazenda Pública nela 
sucumbir, o juiz voltará a despachar para dela requisitar o pagamento de quantia certa. Essa requisição de 
pagamento é denominado precatório ou RPV (requisição de pequeno valor), conforme o montante de crédito 
exigido. 
 
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Antes de prosseguirmos nesse procedimento, observe que, diferentemente dos particulares, a 
Fazenda Pública em princípio não é intimada para pagar e, tão pouco, sob pena de penhora. É assim porque a 
Fazenda Pública só paga suas dívidas em juízo quando esses pagamentos são solicitados por precatório ou 
RPV. Ademais, o art. 100 da CF torna invioláveis os bens públicos de uso comum e de uso especial da 
administração pública, o que impede a penhora deles. Além disso, os bens públicos dominicais também não 
podem ser penhorados porquea transferência da propriedade deles depende de procedimento licitatório. 
DIFERENÇA ENTRE PRECATÓRIO E RPV (Requisição de Pequeno Valor) 
O art. 87 da ADCT definiu o RPV para cada ente, dizendo que para a União ele é de até 60 sal.mín. para 
os Estados e DF de até 40 sal. mín. e para os municípios de até 30 sál. mín. No entanto, esse mesmo dispositivo 
constitucional possibilitou que os Estados, o DF e os municípios criassem leis locais alterando esses valores 
originais, contanto que não estabelecessem pisos inferiores ao maior benefício pago pela Previdência Social, 
que hoje é de aproximadamente R$ 4.700,00. Portanto, entende-se por precatório as requisições de 
pagamento cujo valor ultrapassar o montante relacionado aos referidos RPV. 
Além dessa diferença de valor, vale lembrar que o NCPC determina que os RPV sejam pagos no prazo 
de 2 meses. Com os precatórios, tudo é diferente, pois eles devem ser requisitados pelo juiz da execução até o 
1º de julho de cada ano, para que possam ser incluídos na lei orçamentária a ser aprovada no 2º semestre do 
mesmo ano, para cumprimento no exercício do ano seguinte, isto é, para pagamento em 1º de janeiro até no 
máximo 31 de dezembro. 
Pago o precatório ou RPV, o juiz proferirá sentença na fase de execução para declarar satisfeito o 
direito do credor, extinta a execução e mandar arquivar os autos. 
É bom lembrar que a Fazenda Pública municipal, estadual, distrital e federal é destinatária de um 
número bastante expressivo de precatórios e que a expedição deles naturalmente dá origem a uma ordem 
cronológicade datas, ordem esta que é relevamte para determinar a sequência dos pagamentos aos 
respectivos credores. Desse modo, organizam-se em sequência os vários pagamentos que a Fazenda Pública 
deve realizar em benefício de seus credores, evitando-se que o credor mais recente receba primeiro em 
detrimento dos mais antigos. 
Aliás não existe apenas uma única ordem cronológica dos precatórios, mas sim várias delas, a saber: 
1. Precatórios comuns (créditos em geral) 
2. Créditos de natureza alimentar 
3. Precatórios titularizados por idosos 
4. Precatórios titularizados por portadores de doenças graves com alto índice de mortalidade 
O problema surge quando qualquer dessas sequências é mudada e o credor mais recente recebe seu 
direito em detrimento de um ou mais credores que têm preferência em virtudade da antiguidade de seus 
 
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créditos. Se isso ocorrer, o credor preterido pode peticionar para requerer o sequestro do numerário 
necessário ao pagamento que lhe cabe. 
Esse requerimento deve ser dirigido ao juiz em caso de RPV e ao tribunal em caso de precatório. Para 
Misael Montenegro Filho esse sequestro volta-se contra o credor beneficiado pela quebra da ordem 
cronológica, mas não é obsurdo defender a tese oposta de que ele é dirigido à Fazenda Pública devedora, pois 
ela é a responsável pelo ilicito civil e administrativo. 
Ademais não se pode cogitar de enriquecimento injusto pelo credor favorecido que já pode até 
usufruído da quantia que recebeu impossibilitando sua restituição. 
 A intimação para a Fazenda Pública impugnar em 30 dias pode-se dar por carga dos autos em cartório, 
pela remessa dos autos ao representante processual da Fazenda Pública, ou por meio eletrônico. 
 A impugnação ao cuprimento de sentença é feita por uma petição intermediária desprovida de 
requisitos formais, e que, portanto, deve conter apenas o endereçamento do juiz da execução, o nº 
dos autos, os nomes e a qualificação da partes, compreendendo o CPF ou CNPJ, bem como toda a 
matéria de defesa da Fazenda Pública. 
MAS QUAIS SÃO AS MATÉRIAS DE DEFESA? 
Para responder a essa pergunta é preciso lembrar que o procedimento já está na fase de execução da 
sentença e que, portanto, já foi superada na fase de conhecimento, em que a Fazenda Pública foi citada e teve 
a oportunidade de contestar. Logo, as matérias suscitadas na contestação já foram decididas na sentença da 
fase de conhecimento, cujo trânsito em julgado já ocorreu, tornando-se imutável. A consequência disso é que 
a impugnação não pode alegar uma segunda vez as matérias que já foram alegadas na contestação e, 
portanto, decididas. 
O mesmo ocorre com as matérias que a Fazenda Pública deixou de alegar na contestação, pois elas 
precluiram a essa altura, isto é, estão cobertas pela força preclusiva da coisa julgada em torno da referida 
sentença. 
O resumo disso é que, em regra a impugnação apresentada pela Fazenda Pública na fase de execução 
só poderá compreender matérias supervenientes à sentença, isto é, fatos jurídicos que ocorram depois dela, a 
exemplo do pagamento. 
No entanto, há uma matéria anterior a sentença, que pode ser alegada pela Fazenda Pública na sua 
impugnação, apresentada na fase de execução: A INEXISTÊNCIA OU A NULIDADE DA CITAÇÃO NA FASE DE 
CONHECIMENTO que resultou a sentença ora executada, se o processo correu a revelia da Fazenda Pública, 
afinal, se ela compareceu para se defender, aqueles vícios acabam sanados. 
Enfim, as matérias de defesa da Fazenda Pública nessa impugnação estão no artigo 535 e seguintes do 
CPC: 
 
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PROCESSO CIVIL IV – Prof. Daniel Baggio Maciel 
Gabriel de Caires Lucena 
1. Inexistência ou nulidade de citação na fase de conhecimento se o processo correu a revelia; 
2. Ilegitimidade ativa do exequente ou ilegitimidade passiva do executado (Fazenda Pública); 
3. Incompetência relativa ou absoluta do órgão judicial ao qual foi requerida a execução; 
4. Excesso de execução, isto é, quando o valor exigido pelo exequente for superior ao montante 
devido pela Fazenda Pública; 
5. Inexigibilidade da obrigação (incoerência da condição ou termo); 
6. Qualquer fato superveniente à sentença, a exemplo do pagamento, da novação, da transação, 
da compensação, da remissão, da prescrição. 
 A impugnação apresentada pela Fazenda Pública, enquanto não for decidida, impede que o juiz 
requisite dela o pagamento, isto é, possui efeito suspensivo. Esse efeito suspensivo, aqui, deriva da 
mera apresentação da referida impugnação e não se prende a qualquer requisito. 
 Quando a Fazenda Pública impugnar alegando excesso de execução, ela tem o ônus de indicar o valor 
que entende correto e de instruir sua defesa com uma planilha dos cálculos de atualização da dívida 
até o momento. Se a Fazenda Pública não cumprir esses ônus, o juiz rejeitará liminarmente a 
impugnação (sem ouvir a parte contrária) e requisitará o pagamento sobre a forma de precatório ou 
RPV. 
 O CPC não prevê como o juiz deve processar essa impugnação, mas é certo queele deve cumprir o 
contraditório, mandando intimar o exequente para se manifestar sobre os termos dela. Para observar 
a igualdade formal (art. 5º, I CF), é recomendável que o juiz defira o exequente o prazo de 30 dias. 
Se a impugnação alegar excesso de execução, indicando o valor que a Fazenda Pública entende devido 
e exibindo os referidos cálculos, depois de ouvir o exequente, o juiz já poderá decidir, mas em lugar disso, ele 
poderá nomear um contabilista do juízo para auxiliá-lo no exame das contas apresentadas pelas partes, 
mediante apresentação de laudo pericial em 30 dias, se outro prazo não for fixado pelo juiz. 
 No final de tudo, o juiz proferirá decisão na impugnação. Se ele decidi-la e extinguir a fase de 
cumprimento da sentença, estaremos diante de uma sentença, contra qual cabe apelação. De outro 
lado, se a decisão da impugnação não extinguir a fase de execução, estaremos diante de uma 
interlocutória contra a qual cabe agravo de instrumento (arts. 203 I e 1015 § único do CPC). 
CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A OBRIGAÇÃO DO PARTICULAR DE 
PAGAR QUANTIA CERTA 
O procedimento de cumprimento de sentença que veremos agora se desenvolve dentro do próprio 
processo de conhecimento, após a sentença transitar em julgado. Trata-se daquele modelo de processo que 
conhecemos pelo nome de sincrético. O objetivo dessa execução é receber determinada soma em dinheiro 
mediante um pagamento espontâneo ou forçado, caso em que será necessário penhorar bens do devedor e 
expropriá-lo. Diferentemente da execução para entrega de coisa ou daquela que envolve obrigação de fazer 
ou não fazer, pois ambas podem ser iniciadas de ofício ou a requerimento, essafase de cum 
 
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PROCESSO CIVIL IV – Prof. Daniel Baggio Maciel 
Gabriel de Caires Lucena 
Portanto, trata-se de sentença que condena o devedor a pagar quantia certa (exemplo: sentença em 
ação de cobrança ou indenizatória), não será necessário ajuízar a ação executiva e formar um processo 
autônomo de execução. 
Essaa fase de cumprimento da sentença não se inicia de ofício por ordem do juiz e depende de uma 
petição intermediária (apresentada nos próprios autos), com a qual o exequente requererá a execução. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Portanto, essa petiçao não é inicial, e por isso, ela será composta da maneira acima: 
1. Pelo endereçamento, que em princípio será dirigido ao juiz da causa, isto é, ao juiz que 
processou a fase de conhecimento (vide competência para a execução de título judicial), 
2. O nº dos autos, 
3. O preâmbulo contendo os nomes e a qualificação das partes, obrigatório colocar CPF ou CNPJ. 
4. A descrição do valor devido, conforme planilha inclusa 
5. O requerimento para que o juiz mande intimar o devedor para pagar em 15 dias, sob pena de 
multa de 10% e honorários advocatícios, também de 10 %. 
6. A indicação de um ou mais bens do devedor para penhora, na hipótese de inadimplênca 
MAS O QUE DEVE CONTAR NA REFERIDA PLANILHA? 
Essa planilha deve ser feita tal qual na execução contra a Fazenda Pública e deve especificar o 
seguinte: 
1. O valor principal da dívida, 
2. Índices de correção monetária incidentes (vide tabela do TJ), 
3. Os juros e as respectivas taxas, 
4. Termo inicial e final da contagem da correção e jurs, 
ENDEREÇAMENTO: Juiz da causa 
na fase de execução 
 
Autos nº_______ 
 
PREÂMBULO 
- Nomes e qualificação das partes, 
bem como CPF e/ou CNPJ 
 
1 - Indicar o valor da dívida. 
2 - Requerer a intimação do 
devedor. 
3 - Indicar bens que quer penhorar 
em caso de não pagamento. 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
Local/data 
Advogado - OAB 
 
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PROCESSO CIVIL IV – Prof. Daniel Baggio Maciel 
Gabriel de Caires Lucena 
5. Eventual capitalização de juros e a periodicidade, 
6. Eventuais descontos obrigatórios (exemplo: pagamento parcial) 
7. Valor atualizado da dívida. 
Ao conhecer dessa petição o juiz despachará mandando intimar o devedor para pagar a dívida no 
prazo de 15 dias sob pena de multa de 10% e de honorários advocatícios também de 10%. Se o devedor 
intimado a pagar a integralidade da dívida no referido prazado, ele não incidirá nas mencionadas sanções e o 
juiz proferirá sentença para declarar satisfeita a obrigação, extinguir a execução e mandar arquivar os autos. 
De outro lado, se o devedor intimado não pagar a totalidade do débiro em 15 dias ele será 
automaticamente acusado da multa de 10 % e de honorários advocatícios também de 10%, expedindo-se o 
mandado de penhora, avaliação e depósito de bens a ser cumprido pelo oficial de justiça. O mesmo acontece 
se o devedor intimado pagar parte da dívida exigida, caso em que a multa e os honorários incidirão sobre o 
saldo devedor e será expedido o referido mandado. 
A multa em referência não se confunde com as astreintes que o juiz pode arbitrar nas execuções de 
entrega de coisa, de obrigação de fazer e de não fazer. Trata-se de uma multa que incide uma só vez com a 
caracterização da inadimplência e cujo percentual não admite alteração pelo juiz. 
Os mencionados honorários também possuem o percentual fixo de 10% objetivam remunerar o 
trabalho que o advogado do exequente terá durante a fase de execução em que ocorrerão a penhora, 
avaliação, expropriação, depósito de bens e pagamento do credor. Por isso, esses honorários não se 
confundem e podem ser cumulados com os honorários advocatícios de sucumbência arbitrados na fase de 
conhecimento em benefício do advogado da parte vencedora. 
 É importante frisar que a referida multa não se confunde com as Astreintes aplicadas nas execuções 
de entrega de coisa, de obrigação de fazer ou de não fazer. Trata-se de uma multa que incide uma só 
vez, no percentual fixo de 10% do montante da dívida, qualquer que seja a duração da inadimplência. 
Estes honorários advocatícios de 10% também são fixos e objetivam remunerar o trabalho do 
advogado do exequente na fase de execução. É por essa razão que esses honorários são perfeitamente 
cumuláveis com os honorários de sucumbência arbitrados em favor do advogado do vencedor na fase 
de conhecimento. 
 No mais, também é bom lembrar que, para a hipótese de inadimplemento, é prerrogativa do credor 
indicar quais bens do devedor deseja ver penhorados. Por isso incumbe ao credor diligenciar, 
investigar, e conhecer o patrimônio do devedor, a fim de que possa fazer essa indicação de bens. A 
título de exemplo o credor pode realizar uma investigação patrimonial junto a cadastros públicos para 
tentar localizar esses bens, dirigindo-se ao cartório de registro de imóveis, a CIRETRAN, a junta 
comercial, a ANAC e a capitania dos portos. Porém, se o acesso aos dados patrimoniais do devedor 
não for possível em virtude de sigilo legal, o exequente pode requerer que o juiz determine ou realize 
ele próprio a diligência para encontrá-los. É o que acontece, por exemplo, quando se torna necessário 
 
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PROCESSO CIVIL IV – Prof. Daniel Baggio Maciel 
Gabriel de Caires Lucena 
ter acesso à declaração de imposto de renda do devedor, caso em que o juiz requisitará a Receita 
Federal, eletronicamente, esse documento. O mesmo acontece quando se pretende acessar 
informações bancárias do devedor, caso em que o próprio juiz, mediante uma senha pessoal, utilizará 
um software denominado BACEN-JUD para requisitar eletronicamente do Banco Central essas 
informações sobre a movimentação financeira do devedor, podendo ordenar inclusive o bloqueio de 
valores. 
DEFESA DO EXECUTADO: IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
Uma das principais novidades do Código de Processo Civil de 2015 é que, passados aqueles primeiros 
15 dias para pagar, já começa a correr, independentemente de nova intimação, um segundo prazo, de 
também 15 dias para o devedorse defender da execução, defesa esta chamada de IMPUGNAÇÃO AO 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. 
O conteúdo dessa impugnação não é totalmente livre afinal, não podemos esquecer que já houve uma 
fase de conhecimento no processo, que nela o requerido teve oportunidade de oferecer contestação, que as 
matérias de defesa alegadasforam decididas e que as demais estão cobertas pela preclusão. É por essa razão 
que, no comum essa IMPUGANAÇÃO versará matérias supervenientes à sentença. Tornando tudo mais 
didático, o § 1º do art. 525 relaciona as matérias que podem figurar dessa impugnação 
1. Inexistência ou nulidade de citação na fase de conhecimento se o processo correu a revelia 
2. Ilegitimidade parte (ativa ou passiva) 
3. Incompetência absoluta ou relativa 
4. Penhora incorreta ou avaliação errônea 
5. Excesso de execução 
6. Inexequibilidade do título ou inegibilidade da obrigação 
7. Qualquer causa extintiva ou modificativa do direito do credor, contanto que posterior a 
sentença, a exemplo do pagamento, novação, compensação, transação, remissão e prescrição. 
Essa impugnação deve ser apresentada por petição escrita, mas que não é uma inicial e por isso não se 
prende aos requisitos dos artigos 319 e 320 do CPC. Dela devem constar: 
1. Endereçamento ao juiz que está processando a fase de execução, 
2. Nº dos autos, 
3. Preâmbulo (nomes e qualificação das partes), 
4. As matérias de defesa do executado 
Diferentemente do que ocorre em relação à Fazenda Pública, essa impugnação do executado não tem 
efeito suspensivo, isso significa que, não obstante a impugnação, a execução continuará a tramitar para que 
nela sejam praticados atos como penhora, a avaliação, o depósito dos bens constritos, o depósito deles, a 
 
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PROCESSO CIVIL IV – Prof. Daniel Baggio Maciel 
Gabriel de Caires Lucena 
expropriação deles e o pagamento do credor, afinal, o que está em execução é uma sentença com trânsito em 
julgado. Entretanto, excepcionalmente, o juiz pode conhecer dessa impugnação e deferir a ela o efeito 
suspensivo, caso em em que não serão praticados alguns atos executivos enquanto ela não for decidida. 
O ato com que o juiz defere o efeito suspensivo do cumprimento de sentença é uma interlocutória 
agravada por instrumento no prazo de 15 dias. Esse efeito suspensivo depende de pronunciamento do juiz 
“ope judici” e da presença dos seguintes requisitos: 
1. Requerimento de efeito suspensivo feito pelo executado; 
2. A ocorrência de prévia penhora, depósito em dinheiro ou caução suficientes para garantia 
integral da execução; 
3. Fundamentação relevante, isto é, que o conteúdo da impugnação seja capaz de gerar no juiz o 
convencimento da simples aparencia ou mera probabilidade da existência do direito afirmado 
pelo executado na impugnação, isto é, de que ele tem razão quando se defende (fumus boni 
iuris); 
4. A demonstração de que o prosseguimento da execução poderá causar ao executado manifesto 
grave dano, de difícil ou incerta reparação, isto é de que a prática de atos executivos como a 
expropriação dos bens penhorados e o pagamento do credor não poderão ser revertidas mais 
tarde e que não haverá como ou será muito difícil reparar o dano causado ao executado se ele 
sair vencedor na impugnação. Em outras palavras, esse requisito consiste na demonstração da 
impossibilidade ou da grande dificuldade de conduzir ao estado patrimonial em que ele estava 
antes de sofrer a expropriação de seus bens e haver pagamento do credor. 
O pronunciamento com que o juiz defere ou indefere o requerimento de efeito suspensivo é uma 
interlocutória agravável por instrumento. Se houver a suspensão, é o exequente que poderá agravar, mas se o 
juiz indeferí-la é o executado que tem interesse no recurso. 
Apesar de poder deferir o efeito suspensivo e travar temporariamente o andamento da execução, o 
juiz pode autorizar o prosseguimento da execução que ele próprio mandou suspender antes de decidí-la. Aqui 
o pronunciamento com que o juiz autoriza o prosseguimento da execução ou a mantém suspensa, também é 
uma interlocutória agravável por instrumento pela parte prejudicada. Logo, se o juiz autoriza o 
prosseguimento da execução, o executado terá interesse em agravar, mas se o juiz considerá-la suspensa é o 
exequente que poderá recorrer. Porém, a auorização para dar seguimento à execução depende de dois 
requisitos: 
1. Requerimento do exequente, 
2. A prestação de uma caução no valor arbitrado pelo juiz nos próprios autos, para a garantia da 
indenização devida ao executado, se ele sair vitorioso da impugnação. No comum, a referida 
caução prestada pelo exequente compreenderá o depósito em dinheiro do valor pestado pelo 
 
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PROCESSO CIVIL IV – Prof. Daniel Baggio Maciel 
Gabriel de Caires Lucena 
juiz ou a vinculação de algum bem ao precosso de execução mediante um termo de caução 
lavado nos autos. 
Enfim, cumpre acrescentar que o devedor que alegar na impugnação execesso de execução, isto é, que 
o exequente pleiteia quantia superior à devida, tem o ônus de indicar na impugnação o valor que entende 
devido e de instruir essa peça com uma planilha demonstrativa dos cálculos de atualização da dívida até o 
momento. Se o execesso de execução for a única matéria suscitada na impugnação e o executado não se 
desincumbir desse ônus o CPC manda que o juiz rejeite liminarmente a impuganção, isto é, não conhecê-la de 
plano e prosseguir com a execução. Porém se além do excesso de execução o executado suscitar outra matéria 
de defesa, o juiz só mandará processá-la quanto a esta e não examinará a alegação de excesso. 
 Só há um caso em que legitima o juiz a não proceder desse modo e rejeitar liminarmente a 
impugnação, quando o executado impugnar alegando excesso de execução (erro na planilha do 
exequente) e deixar de indicar o valor que entende devido ou não instruir sua impugnação com uma 
planilha dos cálculos de atualização da dívida. 
SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO EM RELAÇÃO A UM OU MAIS LITISCONSORTES 
Do mesmo modo que pode haver um litisconsórcio na fase de conhecimento, ele também pode existir 
na fase de cumprimento de sentença. Por isso, na segunda fase pode haver um litisconsórcio passivo, isto é, 
caso em que cada um deles pode oferecer sua impugnação. No entanto, pode ocorrer de apenas um 
executado impugnar a execução e o juiz se convencer de que deve deferir o efeito suspensivo. Neste caso, 
pergunta-se: A CONCESSÃO DESSE EFEITO SÓ BENEFICIA QUEM IMPUGNOU OU TAMBÉM OS DEMAIS 
EXECUTADOS? Em princípio o efeito suspensivo da execução só beneficia o executado que impugnou. Agora, 
se o fundamento da impugnação disser respeito aos outros executados, estes também serão beneficiados com 
a suspensão. 
Para identificar essa possível expansão do efeito suspensivo, deve-se antever o efeito que a decisão da 
impugnação é capaz de produzir. Se o julgamento dela beneficiar não só o executado que impugnou, mas 
também os demais, a suspensão deferida inicialmente deve compreender todos. Contudo, se o julgamento da 
impugnação potencialmente só favorecer o executado que se defendeu, o efeito suspensivo deferido na sua 
impugnação não alcançará os demais. Exemplo 1: Alegação de pagamento suspende para todos os devedores 
que respondem integralmente pela dívida. Exemplo 2: Alegação de ilegitimidade passiva só suspende para 
quem alegou. 
CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO PARCIAL 
A impugnação pode ser total quanndo compreender a excessão por inteiro (pagamento integral) ou 
parcial quando atacar apenas alguma parcela do cumprimento de sentença. 
 
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PROCESSO CIVIL IV – Prof. Daniel Baggio Maciel 
Gabriel de Caires Lucena 
Tratando-se de impugnação parcial, seja do ponto de vista quantitativo (do valor exigido) ou 
qualitativo (das verbasque estão sendo exigidas), o juiz apenas pode deferir o efeito suspensivo parcial, para 
alcançar no máximo o valor ou a parcela compreendida na impugnação. O valor não alcançado pela referida 
defesa ou a fração da sentença não impugnada não estarão compreendidos pelo efeito suspensivo e por isso a 
execução prosseguirá quanto a eles, com a penhora de bens, avaliação e expropriação deles para pagamento 
do credor. 
RITO DA IMPUGNAÇÃO 
O CPC não disciplinou o procedimento da impugnação, mas ele deve seguir a diretriz do artigo 10 e se 
desenvolver em pleno contraditório, por isso, ao conhecer da impugnação e depois de decidir mediante 
interlocutória sobre eventual requerimento de efeito suspensivo, o juiz deve mandar intimar o exequente para 
se manifestar sobre ela, preferencialmente no prazo de 15 dias, em consideração a igaldade formal, 
proferindo decisão na sequêcia. 
Pode acontecer de o executado haver impugnado a execução alegando excesso ou erro de cálculo do 
exequente, caso em que tem o ônus que entende devido de anexar a impugnação uma planilha de 
impugnação da dívida. Neste caso se o juiz não se sentir apto a decidir de plano ele poderá nomear um 
contabilista do juízo para no prazdo de 30 dias apresentar o respectivo laudo se outro prazo não for fixado. 
Depois de ouvir as partes sobre o laudo o juiz decidirá a impugnação. 
 No mais, é bom lembrar que o CPC não regulou o rito que o juiz deve usar para processar a 
impugnação. De todo modo, ele deve fazê-la observando o contraditório e a igualdade, razão pela qual 
despachará mandando intimar o exequente para se manifestar m 15 dias proferindo decisão em 
seguida. 
MAS QUAL É A NATUREZA JURÍDICA DA DECISÃO QUE JULGA A IMPUGNAÇÃO? Se o juiz decidir a 
impugnação e extinguir a execução, estará proferindo uma sentença contra qual cabe apelação. Porém, se a 
decisão da impugnação possibilitar a continuação da execução estaremos diante de uma interlocutória 
agravável por instrumento. 
 O PROCEDIMENTO DA EXECUÇÃO APÓS A IMPUGNAÇÃO 
Já vimos que o devedor será intimado no cumprimento de sentença para pagar em 15 dias sob pena 
de multa e honorários. Já vimo também que exercido esse prazo sem pagamento, será expedido ao oficial de 
justiça o mandado de penhora, avaliação e depósito de bens do devedor, mas que paralelamente estará 
correndo o prazo de novos 15 dias para o devedor impugnar. 
Se o devedor vencer a impugnação e o juiz extinguir a execução, a penhora eventualmente realizada 
irá se desconstituir e os respectivos bens voltarão ao devedor. 
 
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PROCESSO CIVIL IV – Prof. Daniel Baggio Maciel 
Gabriel de Caires Lucena 
De outro lado, pode ocorrer de o devedor não impugnar a execução, de ele inpugná-la e sucumbir ou 
ainda dessa impugnação não ser recebida no efeito suspensivo. 
Em todas esses casos, se já ouver bens penhorados, avaliados e confiados a um depositário, cumprirá 
ao credor peticionar ao juiz para requerer a expropriação destes, isto é, a alienação forçada do patrimônio 
constrito. 
O CPC de 2015 prevê que essa expropriação ocorrerá mediante adjudicação ou através da alienação 
que pode ser feita por iniciativa particular do exequente (ele próprio vende) ou em leilão eletrônico ou 
presencial. 
Obtido o dinheiro necessário, o juiz mandará levantá-lo em favor do exequente e proferirá sentença 
extinguindo a fase de execução. 
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, 
ressalvadas as execuções especiais. 
Art. 825. A expropriação consiste em: 
I - adjudicação; 
II - alienação; 
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros 
bens. 
Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, remir 
a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, 
custas e honorários advocatícios. 
ALEGAÇÃO DE FATO SUPERVENIENTE A IMPUGNAÇÃO 
Já vimos que passados os primeiros 15 dias para o devedor pagar, começará um novo prazo também 
de 15 dias para ele oferecer sua impugnação. Porém, o decurso em branco daquele prazo de pagamento 
resultará a expedição do mandado de penhora, avaliação e depósito ao oficial de justiça. Logo, pode ocorrer 
de o devedor impugnar naqueles 15 dias, sem ainda ter sofrido a penhora. Por isso pergunta-se: COMO O 
DEVEDOR FARÁ ALEGAR EM SUA DEFESA FATO SUPERVIENTE A IMPUGNAÇÃO, A EXEMPLO DE UMA PENHORA 
INCORRETA, AVALIAÇÃO ERRÔNEA, DEPÓSITO IRREGULAR, NULIDADE DA EXPROPRIAÇÃO, ETC? O CPC de 2015 
estabeleceu que o devedor alegará qualquer fato superveniente mediante simples petição dirigida ao juiz, 
contendo o endereçamento, nº dos autos, nomes e qualificação das partes e a respectiva matéria de defesa, a 
exemplo da penhora incorreta. 
A única exigência é que esse peticionamento deve ocorrer no prazo de 15 dias contados da intimação 
do executado sobre o ato a ser contestado. No mais, tudo o que foi dito sobre a suspensividade da 
impugnação, a respeito do procedimento dela e da natureza do respectivo ato decisório também se aplica a 
esses incidentes que podem nascer da alegação de fato superveniente. 
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
Já vimos que o crdor pode requerer o cumprimento de sentença pdindo ao juiz que mande intimar o 
devedor para pagar em 15 dias sob pena de multa de 10%. O artigo 526 do CPC prevê que essa fase de 
 
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PROCESSO CIVIL IV – Prof. Daniel Baggio Maciel 
Gabriel de Caires Lucena 
cumprimento de sentença também pode se iniciar a requerimento do devedor em um procedimento chamado 
de CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. 
Para tanto, antes de ser intimado para pagar em 15 dias, o devedor pode peticionar ao juiz da fase de 
conhecimento para declarar o valor atualizado que entende devido, juntar a essa petição a planilha dos 
cálculos de atualização da dívida e a respectiva guia de depósito judicial requerendo a intimação do credor 
para em 5 dias se manifestar. Se o credor peticionar concordando com o depósito o juiz proferirá sentença 
declarando satisfeita a obrigação autorizando o credor a levantar o depósito extinguindo o processo e 
mandando arquivr os autos. 
Nesse caso não incide multa alguma e tão pouco são devidor honorários. Se o credor impugnar o 
depósito afirmando que não é exigível ele tem o ônus de especificar o valor que entende devido e de exibir a 
respectiva planilha de cálculos. Ao receber essa impugnação o juiz despachará autorizando o levantamento da 
parcela incontroversa e intimando o devedor a se manifestar em 5 dias por simetria. 
O juiz poderá proferir decisão em seguida ou nomear um contabilista para entrega de laudo em 30 
dias se outro não for fixado. 
Se o juiz decidir favoravelmente ao devedor, estará proferindo sentença para declarar satisfeita a 
obrigação pelo depósito. Contudo, se o juiz decidir favoravelmente ao credor, estará proferindo uma 
interlocutória que atrairá uma multa de 10% e honorários de 10% (multa sobre a diferença), mandando o 
processo prosseguir com a penhora, avaliação e depósito de bens, expropriação destes e pagamento do 
credor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENDEREÇAMENTO: Juiz da causa no 
processo de conhecimento 
 
Autos nº_______ 
 
PREÂMBULO 
- Nomes e qualificação das partes, 
bem como CPF e CNPJ 
 
1- Declarar o valor atualizado que 
entende devido + planilha + guia de 
depósito do valor atualizado que 
entende correto 
 
2- Requerer a intimação do credor 
para que concorde com odepósito ou 
impugnar no prazo de 05 dias. 
 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
Local/data 
Advogado - OAB 
 
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Gabriel de Caires Lucena 
ESPÉCIES DE EXPROPRIAÇÃO 
PROFESSOR PAROU AQUI! 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR 
ALIMENTOS 
O código de 2015 disciplinou 3 procedimentos de execução de alimentos, quando esta execução vier 
apoiada em título executivo judicial. Há um procedimento executivo em que é possível decretar a prisão civil 
do devedor (art.528). Existe um segundo procedimento de execução em que se realiza a penhora de bens do 
devedor e a expropriação deles (art. 528 § 8º). Finalmente, há um terceiro rito de execução em que se realiza 
o desconto dos alimentos na fola de pagamento do devedor. Esses procedimentos são muito diferentes entre 
si, mas todos eles se realizam dentro do próprio processo de conhecimento em que foi proferida a decisão a 
ser executada. Ademais, todas essas execuções intra-processuais se iniciam a requerimento do credor, que 
deve peticionar nos próprios autos do processo cognitivo. 
A execução com prisão civil é utilizada para os alimentos considerados recentes, assim entendidos 
aqueles vencidos e não pagos nos 3 últimos meses, contados retroativamente ao peticonamento. A respeito 
desses alimentos, necessário é frisar que o código de 2015 possibilitou ao credor não requerer a execução com 
prisão civil e postular em lugar dela, a execução com penhora dos bens. 
O fato de a execução com prisão civil poder compreender as prestações vencidas nos últimos 3 meses 
não significa que o credor deva aguardar deva aguardar o inadimplemento de 3 prestações mensais para 
então requerer a execução. Portanto, basta o vencimento de uma mensalidade para justificar essa execução. 
Também é bom frisar que a execução com prisçao civil compreende não só as prestações vencidas 
recentemente, mas também aquelas que eventualmente vencerem no curso do processo. Só o pgamento de 
todas elas é que exime o devedor da prisão civil. 
O credor pode requerer a execução com prisão para cobrar os alimentos recentes e ocorrer alguma 
demora na tramitação do processo, por meses ou anos, por exemplo, alguma dificuldade de localizar o 
devedor para que seja intimado a pagar. Nesse caso, a jurisprudência é categórica ao reconhecer que os 
alimentos recentes não se tornaram antigos por eventuais atrasos na marcha do processo. Por sua vez a 
execução com penhora de bens é reservada, em princípio para os alimentos antigos, assim entendidos aqueles 
vencidos a mais de três meses contados do peticionamento. 
Além disso, como já foi mostrado, o código de 2015 permite que o credor dos alimentos recentes não 
se utilize da execução com prisão civil e prefira a execução com penhora de bens, previsão essa que aniquila a 
prática judiciária de converter em execução com prisão civil, uma execução requerida com penhora de bens. 
 
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Por último,a execução será realizada com o referido desconto quando o devedor receber suas 
remunerações em folha de pagamento, assim como os diretores ou gerentes de empresas, o militar, o 
funcionário público e o empregado sujeito a legislação do trabalho. 
No comum, a execução com desconto em folha de pagamento é requerida para a cobrança de 
alimentos vincendos, a serem descontados nos respectivos vencimentos, não antes deles (alimentos futuros). 
É possível requerer a execução com descontos também para alimentos vencidos e não pagos. A única 
exigência é que a soma dos descontos mensais dos alimentos vincendos e dos alimentos vencidos não 
ultrapassem 50% dos seus ganhos líquidos (art. 529 § 3º). 
EXECUÇÃO COM PRISÃO CIVIL 
Como visto, essa execução se inicia a requerimento do credor, o que será feito mediante uma petição 
intermediária com a seguinte forma: 
1. Endereçamento ao juiz da fase de conhecimento 
2. O nº dos autos 
3. Preâmbulo contendo o nome e a qualificação das partes 
4. A descrição dos alimentos devidos, isto é, dos alimentos recentes, objeto de cobrança 
5. O requerimento da intimação do devedor para em 3 dias pagar, provar que o fez ou justificar 
a impossibilidade de efetuar o pagamento sob pena de prisão civil. 
6. Essa petição também deverá ser instruída com a planilha demonstrativa de cálculos de 
atualização da dívida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao despachar esse requerimento, o juiz mandará intimar o devedor nos moldes requeridos na referida 
petição. Essa intimação do devedor será feita pelo DJE quando ele possuir advogado constituído, por correio 
ENDEREÇAMENTO: Juiz da causa 
 
Autos nº_______ 
 
PREÂMBULO 
- Nomes e qualificação das partes, 
bem como CPF e CNPJ 
 
1- Descrever os alimentos devidos 
(recentes ou não) + planilha de 
cálculos 
 
2- Intimação do devedor para: pagar, 
provar ou justificar 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
Local/data 
Advogado - OAB 
 
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com AR se não possuir ou estiver sendo representado por defensor público ou ainda por edital se na fase 
cognitiva foi feito por esse meio e ele se tornou revel. 
O devedor intimado possui alternativas, a saber: 
1. Pagar 
2. Provar que já pagou 
3. Justificar o não pagamento 
4. Manter-se inerte 
O devedor que pretender pagar deverá dar ao credor a correspondente soma em dinheiro e dele obter 
um recibo. Em lugar disso o credor pode preencher e recolher uma guia de depósito junto a instituição 
financeira oficial credenciada. Finalmente, se a sentença que fixou ou homologou os alimentos assim 
estabelecer o devedor pode realizar o depósito na conta bancária designada. 
 Nos três casos o devedor tem o ônus de requerer a juntada da prova do pagamento nos autos (pagar 
e provar). Tão logo o devedor provar o pagamento, o juiz ouvirá o exequente e, entendendo que o pagamento 
é integral proferirá sentença declarando satisfeita a obrigação e extinguindo a fase de execução. 
A segunda alternativa do devedor é provar que já pagou, isto é, que realizou os pagamentos doas 
alimentos recentes entre a data do peticionamento executivo e sua intimação para pagar em três dias. Na fase 
de execução dos alimentos, a prova da quitação deles deve ser documental. Tão logo juntadada aos autos o 
juiz ouvirá o exequente e, entendendo que o pagamento é integral proferirá sentença declarando extinta a 
obrigação e extinguindo a fase de execução 
A terceira alternativa do devedor é justificar a impossibilidade de efetuar o pagamento que se faz no 
prazo de três dias por petição escrita sob pena de preclusão. A petição da justificativa não é inicial, mas sim 
intermediária e deve conter: 
1. Endereçamento ao juiz que está processando a fase de execução 
2. Nº dos autos 
3. Preâmbulo com nomes e qualificação das partes 
4. O fato ou conjunto de fatos que impossibilitem o devedor de pagar em três dias (justificativa) 
5. Pedido para que o juiz acolha a justificativa e deixe de decretar a prisão civil do devedor 
É preciso frisar que o objetivo dessa justificativa não é exonerar o devedor da obrigação de pagar, 
sençao apenas afastar a decretação da prisão civil. Para eximir o devedor da obrigação de pagar a via 
processual adequada é a ação de conhecimento exoneratória (lei 5478/68). 
Também é bom lembrar que nessa justificativa o devedor ficará incumbido de alegar eprovar o estado 
fático de ruína econômica em que se acha e que não basta, para tanto, a afirmação e a prova de mero 
desemprego. Em outras palavras o devedor precisará demonstrar que não poossui rendimentos ou patrimônio 
 
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que lhe permitam pagar alimentos recentes, por exemplo, juntandoaos autos cópia da CTPS, extratos 
bancários,pesquisa do SERASA e SPC, certidões de protesto, certidões judiciais, certidões imobiliárias e do 
CIRETRAN, contas pessoais pendentes de pagamento, entre outras provas. 
A prisão civil passível de cominação no caso não tem natureza de pna, mas sim de técnica processual 
de coerção pertencente ao gênero das medidas de apoio que vizam persuadir o devedor a satisfazer a 
obrigação. Logo, demonstrado que o devedor não possui condições materiais de pagar o que a prisão civil é 
inócua a tanto, o juiz deve se abster de decretá-la 
Apresentada a justificativa, o juiz ouvirá o exequente e decidirá em seguida, acolhendo ou rejeitando a 
prisão civil, o que não significa a exoneração do devedor da obrigação de pensionar. Esse pronunciamento é 
interlocutório e agravável por instrumento pelo exequente em 15 dias. 
De outro lado, se o juiz rejeitar a justificativa ele mandará prender o executado pelo prazo de 1 a 3 
meses. Esse pronuciamento também é interlocutório e o executado poderá agravá-lo por instrumento em 15 
dias requerendo ao relator a concessão de efeito suspensivo sem o qual a ordem de prisão será cumprida. 
E O QUE OCORRE DIANTE DA INÉRCIA DO DEVEDOR? 
Se o executado intimado se conservar inerte o juiz decretar-lhe-a prisão civil mediante interlocutória 
agravável por instrumento. Resultado igual ocorre quando o devedor realiza um pagamento meramente 
parcial bem assim quando a justificativa por ele oferecida é rejeitada pelo juiz. 
É importante lembrar que o agravo de instrumento não tem efeito suspensivo e por isso essa 
interlocutória será cumprida com a prisão do executado. No entanto, a requerimento do agravante é lícito ao 
relator do agravo de instrumento deferir o efeito suspensivo liminarmente. Deferido o efeito suspensivo, a 
interlocutória de prisão civil não será cumprida transitoriamente até que o agravo de instrumento seja 
decidido pela turma ou câmara. Negado o efeito suspensivo pelo relator do agravo de instrumento é possível 
interpor o agravo interno para o próprio tribunal a fim de revisar esse pronunciamento liminar. 
Na decisão com que o juiz decreta a prisão, ele fixará o prazo de sua duração, de 1 a 3 meses, prazo 
este igual ao previsto no código de 73. 
Na vigência do CPC de 73 havia uma polêmica jurisprudencial sobre o tempo de duração da prisão civil, 
pois a lei 8478/68 (lei de ação de alimentos) prevê que essa medida durará até 60 dias. Por isso parte da 
jusrisprudência apoiada na anterioridade entendeque prevalecerá o prazo de 1 a 3 meses; já a outra parcela se 
apoia na especialidade e sustenta que prevalecerá a lei 8478/68. Qualquer que seja a orientação, o código de 
2015 regulou inteiramente essa matéria (tempo da prisão civil) e desse modo, derrogou esse aspecto da lei da 
ação de alimentose por isso não há mais razão para essa controvérsia. 
A prisão civil pode ser cumprida integralmente em regime fechado e aqueles que estão civilmente 
presos devem ser conservado separados dos demais encarcerados. Vale lembrar que a prisão civil não é pena, 
 
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mas sim uma técnica processual de coerção (medida de apoio) que objetiva persuadir o executado a cumprir a 
obrigação, razão pela qual o pagamento dos alimentos ensejará sua imediata libertação. 
Por esse mesmo motivo o cumprimento da prisão não exime o devedor da obrigação, caso em que o 
credor poderá prosseguir no mesmo processo peticionando para requerer a penhora de bens do devedor ou 
conforme o caso, que o juiz mande proceder aos descontos na folha de pagamento do devedor que começa a 
trabalhar. 
A grande novidade do CPCP de 2015 no tocante a este procedimento é que decorrido em branco 
aqueles 3 dias para pagamento, o juiz determinará não só a prisão civil do devedor, mas também ordenará o 
protesto da decisão que arbitrar o pensionamento. Para tanto, o juiz mandará que o cartório forense expeça 
uma certidão da decisão que peticionou o pensionamento a fim de que o exequente encaminhe ao cartório 
extrajudicial incubido do protesto. 
 Tudo o que se disse até qui tem aplicação para a sentença transitada em julgado (execução defiinitiva), 
para a sentença e liminar de alimentos provisórios. Quando a execução for de sentença transitada em 
julgado ela será processada nos próprios autos, mas nos outro dois casos ela será processada em 
autos apartados. 
EXECUÇÃO COM DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO 
A execução com desconto também se processa a requerimento do credor, por exemplo, quando o 
devedor for diretor ou gerente de empresa militar, funcionário público ou empregado sujeito a legislação do 
trabalho. Para tanto, o credor peticionará no próprio processo (não é petição inicial) requerendo que o juiz 
mande proceder os descontos e informando a pessoa, a empresa ou o órgão público que ficará incumbido de 
realizá-lo. 
Em princípio, para a execução dos alimentos vincendos (futuros) não é necessário instruir essa petição 
com qualquer planilha de cálculo, mas, se ela compreender alimentos vencidos e não pagos o exequente 
precisará instruir aquela petição intermediária com os cálculos de atualização da dívida a ser descontados nos 
holerites do devedor. 
ARTIGOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber e 
conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código. 
§ 1
o
 O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a 
requerimento do exequente. 
§ 2
o
 O devedor será intimado para cumprir a sentença: 
 
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Gabriel de Caires Lucena 
I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos; 
II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver 
procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV; 
III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1
o
 do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos 
IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento. 
§ 3
o
 Na hipótese do § 2
o
, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor houver mudado de 
endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do art. 274. 
§ 4
o
 Se o requerimento a que alude o § 1
o
 for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado da sentença, a 
intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereço 
constante dos autos, observado o disposto no parágrafo único do art. 274 e no § 3
o
 deste artigo. 
§ 5
o
 O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável 
que não tiver participado da fase de conhecimento. 
Art. 514. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o cumprimento da sentença dependerá 
de demonstração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo. 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste 
Título: 
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, 
de não fazer ou de entregar coisa; 
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial; 
III - a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; 
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a 
título singular ou universal; 
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honoráriostiverem sido aprovados por 
decisão judicial; 
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; 
VII - a sentença arbitral; 
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; 
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de 
Justiça; 
X - (VETADO). 
§ 1
o
 Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a 
liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. 
§ 2
o
 A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não 
tenha sido deduzida em juízo. 
Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: 
 
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Gabriel de Caires Lucena 
I - os tribunais, nas causas de sua competência originária; 
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; 
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença 
estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo. 
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual domicílio do 
executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do local onde deva ser 
executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de 
origem. 
Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da lei, depois de 
transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523. 
§ 1
o
 Para efetivar o protesto, incumbe ao exequente apresentar certidão de teor da decisão. 
§ 2
o
 A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) dias e indicará o nome e a qualificação 
do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida e a data de decurso do prazo para pagamento 
voluntário. 
§ 3
o
 O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão exequenda pode requerer, a suas 
expensas e sob sua responsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem do título protestado. 
§ 4
o
 A requerimento do executado, o protesto será cancelado por determinação do juiz, mediante ofício a ser 
expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de protocolo do requerimento, desde que comprovada a 
satisfação integral da obrigação. 
Art. 518. Todas as questões relativas à validade do procedimento de cumprimento da sentença e dos atos 
executivos subsequentes poderão ser arguidas pelo executado nos próprios autos e nestes serão decididas pelo juiz. 
Art. 519. Aplicam-se as disposições relativas ao cumprimento da sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação, 
no que couber, às decisões que concederem tutela provisória. 
DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA 
CERTA 
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será 
realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte regime: 
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os 
danos que o executado haja sofrido; 
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as 
partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos; 
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta 
ficará sem efeito a execução; 
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse ou alienação 
de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução 
suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. 
§ 1
o
 No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do 
art. 525. 
 
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§ 2
o
 A multa e os honorários a que se refere o § 1
o
 do art. 523 são devidos no cumprimento provisório de sentença 
condenatória ao pagamento de quantia certa. 
§ 3
o
 Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o 
ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto. 
§ 4
o
 A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da transferência de posse 
ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à 
reparação dos prejuízos causados ao executado. 
§ 5
o
 Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-
se, no que couber, o disposto neste Capítulo. 
Art. 521. A caução prevista no inciso IV do art. 520 poderá ser dispensada nos casos em que: 
I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem; 
II - o credor demonstrar situação de necessidade; 
III - pender o agravo fundado nos incisos II e III do art. 1.042; 
IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos 
repetitivos. 
Parágrafo único. A exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar manifesto risco de grave 
dano de difícil ou incerta reparação. 
Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo competente. 
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de cópias das seguintes peças do 
processo, cuja autenticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal: 
I - decisão exequenda; 
II - certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; 
III - procurações outorgadas pelas partes; 
IV - decisão de habilitação, se for o caso; 
V - facultativamente, outras peças processuais consideradas necessárias para demonstrar a existência do crédito. 
DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA 
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela 
incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado 
para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. 
§ 1
o
 Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por cento e, 
também, de honorários de advogado de dez por cento. 
§ 2
o
 Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no § 1
o
 incidirão 
sobre o restante. 
 
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§ 3
o
 Não efetuado tempestivamente o pagamento voluntário, será expedido, desde logo, mandado de penhora e 
avaliação, seguindo-se os atos de expropriação. 
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discriminado e atualizado do 
crédito, devendo a petição conter: 
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa 
Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1
o
 a 3
o
; 
II - o índice de correção monetária adotado; 
III - os juros aplicados e as respectivas taxas; 
IV - o termo inicial e o termo final dos juros

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