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exigibilidade de conduta diversa

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exigibilidade de conduta diversa é elemento da culpabilidade. Somente há reprovabilidade da conduta do agente que poderia agir de outro modo, mas optou de forma livre e consciente por praticar a infração penal.
A ausência de exigibilidade de conduta diversa ou ainda a presença de inexigibilidade de conduta diversa implicam na exclusão da culpabilidade, o que impede a caracterização do crime (fato típico, ilícito e culpável) e impõe ao Juiz a elaboração de sentença de absolvição.
A exigibilidade ou inexigibilidade de conduta diversa não é instituto expressamente previsto no Código Penal. O que se observa é que outros institutos acabam por viabilizar ou fundamentar a exigibilidade de conduta diversa tais como Coação Moral Irresistível e Obediência Hierárquica:
Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
Coação moral irresistível
A coação moral irresistível está inserida nas hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa, logo há exclusão da Culpabilidade. Caracteriza-se pelo vício da vontade do agente que se vê obrigado a praticar conduta ilícita, sob pena de sofrer algum mal (agressão, lesão a bem, a si mesmo ou ente querido).
Exemplo: Sequestro da Família de Gerente de Banco, com ameaça de morte da família, caso o gerente não se dirija até a agência bancária, saque e entregue aos criminosos grande quantidade de dinheiro. O gerente neste caso pode até optar por chamar a polícia e ignorar as ameaças dos criminoso, mas não poderia ser exigido que assim fizesse dada os riscos à vida da sua família (vontade viciada).
Cabe lembrar que: Coação moral irresistível (vis compulsiva) ≠ Coação física irresistível (vis absoluta)
Na Coação física Irresistível ou Invencível não há vontade, não há qualquer possibilidade de escolha ou livre arbítrio do agente, trata-se de hipótese de exclusão da conduta, logo da tipicidade. Como exemplo cita-se o sujeito totalmente amarrado e imobilizado, sendo colocada arma na sua mão e posteriormente forçado o movimento de disparo através de terceiros, que ocasiona a morte de pessoa imediatamente a sua frente. Neste caso inexistiu vontade, o sujeito imobilizado portou-se como mero instrumento do crime.
Na coação moral irresistível existe sim vontade por parte do agente, embora esta vontade seja viciada.
Obediência hierárquica
A obediência hierárquica é causa de exclusão da exigibilidade de conduta diversa, logo causa de exclusão de culpabilidade, o que descaracterizaria o crime (fato típico, ilícito e culpável) e conduziria à Sentença de Absolvição.
Entretanto, para que seja considerada como causa de exclusão de culpabilidade, a obediência hierárquica deve ter vínculo de Direito Público e o subordinado deve atender a comando ou ordem aparentemente legal.
Ordens e comandos manifestamente ilegais, como ordenação de tortura de criminoso de um capitão a um soldado jamais poderiam ser consideradas como obediência hierárquica aceita pelo Direito Penal.
Para o Direito obediência hierárquica é vinculo de Direito Público, entre dois ou mais funcionários, sendo um superior e outro subordinado. Não há obediência hierárquica entre empregado e empregador (iniciativa privada), porém neste caso poderá ser possível invocar a inexigibilidade de conduta diversa como causa supralegal.
Causas Supralegais de Inexigibilidade de Conduta Diversa
A coação moral irresistível e a obediência hierárquica são hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa. Embora discutível, prevalece que existem causas supralegais de inexigibilidade de conduta diversa.
Desse modo, sempre que se possa aceitar o fato de que o agente não poderia agir de outra forma, estará caracterizada a hipótese de inexigibilidade de conduta diversa.
Exemplo: Empregado que realiza trabalho de transporte em cavalo tido como “bravo”, sob pressão e ameaça de perda de emprego pelo patrão, e que, posteriormente, vem causar lesão corporal em populares exatamente em virtude da agressividade do animal de trabalho. Neste caso, não seria possível exigir que o trabalhador deixasse de realizar a tarefa e perdesse o emprego para evitar um eventual problema.

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