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ADVOCACIA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ UNIDADE DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DE _______________
				______________, brasileira, casada, maior, comerciária, inscrita no CPF(MF) sob o nº. ___________, residente e domiciliada na Rua _______, nº. ______, em ___________), comparece, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, intermediado por seu mandatário ao final firmado -- instrumento procuratório acostado -- causídico inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Paraná, sob o nº. 332211, com seu endereço profissional consignado no timbre desta, onde, em atendimento à diretriz do art. 39, inciso I, da Legislação Instrumental Civil, indica-o para as intimações necessárias. para ajuizar, com fulcro nos arts. 186, 927 e 944, todos do Código Civil Brasileiro; art. 5º, incs. V e X da Carta Política c/c Art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, a presente 
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS
(por danos morais e materiais)
Contra __________, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida na na Av. _______, nº. ____, em _________ – CEP nº. ________, inscrita no CNPJ(MF) sob o nº. _____________ em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.
SÍNTESE FÁTICA	
				A Autora sofre de acne severa e grave em seu rosto. A mesma, no dia 00/11/2222, tivera consulta médica com o Dr. Beltrino Cicrano(CRM nº. 112233), o qual é renomado dermatologista nesta Capital. 
 				Constatada a situação clínica acima descrita, referido médico recomendou-lhe, devido ao estado quadro avançado e acentuado, tomar o remédio chamado Roacutan, o qual tem em sua composição uma substância denominada isotretinoína.
				Tal substância, por ser extremamente nociva às mulheres em fase de gestação, reclama do médico que, antes de prescrevê-lo, tome as providências de exigir um teste laboratorial para indicar a ausência de gravidez. A propósito, vejamos alguns trechos da bula do referido remédio:
2. INDICAÇÕES DO MEDICAMENTO O Roacutan deve ser usado somente para o tratamento de formas graves de acne (nódulo-cística e conglobata ou acne com risco de cicatrizes permanentes) e quadros de acne resistentes a tratamentos anteriores (antibióticos sistêmicos e agentes de uso tópico). 
3. RISCOS DO MEDICAMENTO 
Contra-indicações Roacutan é contra-indicado para mulheres com potencial de engravidar a menos que a paciente do sexo feminino satisfaça todas as condições a seguir: ela deve ter acne grave resistente às terapêuticas convencionais; ela deve ser confiável na compreensão e cumprimento das instruções; ela deve ser informada pelo médico sobre o perigo de engravidar durante e até 1 mês após o término do tratamento com Roacutan; 
Gravidez e amamentação O Roacutan é teratogênico, isto é, pode ocasionar graves defeitos físicos ao feto quando ocorrer gravidez durante o seu uso ou mesmo até um mês após sua interrupção. Por este motivo, Roacutan não deve ser tomado por mulheres grávidas ou que possam engravidar. No caso de gravidez durante a administração de Roacutan, em qualquer quantidade ou mesmo durante curtos períodos, existe um risco extremamente alto de nascimento de uma criança deformada (envolvendo em particular o sistema nervoso central, o coração e os grandes vasos sanguíneos). Todos os fetos expostos podem potencialmente ser afetados. Há também um risco elevado de aborto espontâneo.
( destacamos )
 
				Cauteloso no seu mister, o médico requisitou, antes de ministrar citado medicamento, como aliás recomendado na bula, fosse realizado exame laboratorial para averiguar, com segurança, se havia risco de sua paciente encontrar-se grávida, o que comprova-se pelo documento anexo.(doc. 01)
				A Autora, procurou o Laboratório de Análise Clínicas Zeta Ltda, ora Ré nesta querela, exatamente no dia 22/11/0000, onde fizera a colheita do material sanguíneo. No dia 00/22/1111 a Promovente recebera o referido exame, o qual indicava ausência de gravidez, o que observa-se pelo resultado aqui carreado. (doc. 02)
				A Promovente, diante disto, retornou no dia 11/22/0000 para nova consulta com seu médico, o qual, em face do resultado negativo para gravidez, prescreveu a medicação supra citada, a qual, destaque-se, é extremamente nociva à mulheres grávidas, consoante cópia do receituário anexo.(doc. 03)
				Passou então a Autora tomar o referido remédio regularmente, dentro da posologia indicada. 
				Em atendimento a uma outra recomendação médica e contida na própria bula, devido à severidade dos efeitos à gravidez, um mês depois tornou-se a pedir novo exame para diagnosticar possível gravidez, isto feito pelo mesmo médico. (doc. 04)
				Desta feita, a Autora já não mais fizera o aludido exame junto à Ré, mas perante o Laboratório Delta de Análises Clínicas Ltda, o qual, para sua surpresa e pavor, constatou estado gravídico positivo. (doc. 05) Repetiu-se o exame e, novamente, conservou-se o mesmo estado, ou seja, a Autora estava grávida e com potencial risco ao feto, devido ao remédio que estava tomando. (doc. 06). 
				Um exame transvaginal também fora feito e, corroborando mais ainda o quadro fático ora narrado, constatou-se um estado de gestação de aproximadamente 00 semanas.(doc. 07)
 				A Promovente, por aconselhamento médico, interrompeu imediatamente a ingestão do remédio acima discriminado e, hoje, vive a aflição e o pânico de aguardar o nascimento da criança, se acaso não ocorrer um aborto involuntário ou, ademais, saber se a criança nascerá deformada. 
				Diante do quadro ora narrado, destaca-se que os préstimos ofertados pela Ré foram extremamente deficitários, negligentes e irresponsáveis, ocasionando, sem sombra de dúvidas, danos à Promovente, porquanto gerou sentimentos de desconforto, pavor, pânico e aflição diante da possibilidade altíssima de ter uma criança com problemas de natureza fisiológica e/ou mental, ou mesmo o risco de perdê-lo pela circunstância do possível aborto involuntário, causado pela droga acima aludida.
 				
DO DIREITO
RELAÇÃO DE CONSUMO CONFIGURADA 
				
Cumpre-nos ressaltar, inicialmente, que entre a Autora e a Ré emerge uma inegável hipossuficiente técnico-econômica, o que sobremaneira deve ser levado em conta no importe deste processo. 
 				Destaque, mais, por oportuno, que o desenvolvimento desta ação deve seguir o prisma da Legislação Consumerista, visto que a relação em estudo é de consumo, aplicando-se, maiormente, a inversão do ônus da prova(CDC, art. 6º, inc. VIII). 
 				Em se tratando de prestação de serviço cujo destinatário final é o tomador, no caso da Autora, há relação de consumo nos precisos termos do que reza o Código de Defesa do Consumidor:
 Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviço como destinatário final.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° (...)
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
	Neste exato rumo:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. LABORATÓRIO. ANÁLISE CLÍNICA. HIV. EXAME REPETIDO E RESULTADOS CONFIRMADOS. CONSUMIDOR EQUIPARADO. ERRO DE CONDUTA. PROCEDIMENTOS DA PORTARIA Nº 488/1998/MS. RESPONSABILIDADE E DANO MORAL CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. MANUTENÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO ADESIVO. VALOR INDENIZATÓRIO E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDOS. MULTA DO ART. 475-J DO CPC EXCLUÍDA. 
1. O Código de Defesa do Consumidor equiparou a vítima do acidente de consumo (pessoa que foi atingida pelo fato do produto ou doserviço) a consumidor, para os fins de responsabilizar o fornecedor de produto ou serviço defeituoso de forma objetiva, sujeitando à proteção do CDC aqueles que, embora não tenham participado diretamente da relação de consumo, sejam vítimas de evento danoso decorrente dessa relação (art. 17, cdc). 2. A relação do paciente com o laboratório é de consumo e, sendo assim, a responsabilidade do fornecedor é objetiva, bastando que o consumidor prove o defeito na prestação do serviço, o dano e o nexo de causalidade. 3. A entrega de laudo de exame com resultado irreal e a desobediência a procedimentos técnicos estabelecidos pelo ministério da saúde na portaria 488/1998, caracterizaram defeito do serviço, dando ensejo à responsabilização civil do laboratório perante os consumidores. 4. A reparação do dano moral não deve ser tão grande que se converta em fonte de enriquecimento, nem tão pequena que torne inexpressiva, ao ponto de incentivar o ofensor a repetir o ato que causou dano à vítima. 5. Sobre o montante indenizatório dos danos morais incidem a correção monetária pelo INPC, a partir do seu arbitramento, conforme a Súmula nº 362 do STJ. 6. Mostra-se infundado o pleito de prequestionamento levantado pelo recorrente, estando a matéria exaustivamente analisada nos autos. 7. Ao fixar o valor indenizatório, o magistrado deve estar norteado pelos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 8. Atento ao grau de zelo demonstrado pelo causídico e a natureza da causa, deve ser mantida a verba honorária fixada na sentença, por ter sido arbitrada com base nos artigos 20, §3º, do código de processo civil e em consonância com o princípio da causalidade. 9. Aplica-se analogicamente a Súmula nº 410 do STJ, exigindo-se a prévia intimação da parte sucumbente para pagamento da condenação, após o trânsito em julgado da ação, não cabendo aplicação da multa do art. 475-j, do CPC, na sentença, por não se mostrar o momento apropriado. 10. Recurso de apelação conhecido e parcialmente provido. Recurso adesivo conhecido, mas desprovido. (TJGO - AC 0190251-48.2008.8.09.0137; Rio Verde; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Geraldo Gonçalves da Costa; DJGO 01/04/2013; Pág. 328)
NÃO HÁ DECADÊNCIA DO PEDIDO
CDC, art. 27
				A hipótese em vertente trata de defeitos na prestação de serviços(inadimplemento contratual). Não incide, por este ângulo, o prazo estipulado no art. 26 da lei consumerista, mas, em verdade, aquele prazo de 5 anos previsto no art. 27 desta mesma citada Lei.
JUIZADOS ESPECIAIS. CONSUMIDOR. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA AFASTADA. FURTO NO INTERIOR DO VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO. OBRIGAÇÃO DE REPARAÇÃO DOS DANOS MATERIAIS. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. SENTENÇA REFORMADA. RECURSOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS. 
1. O furto de veículos no interior do estacionamento disponibilizado pelo fornecedor caracteriza falha na prestação do serviço, qualificada como fato do produto, nos termos do artigo 14 do CDC, prescrevendo a pretensão à reparação pelos danos causados no prazo de cinco anos, conforme artigo 27 do mesmo diploma legal. Não há que se falar aqui em decadência pelo vício do produto (art. 26 do CDC). Preliminar afastada. 2. A conduta do fornecedor de disponibilizar área de estacionamento tem por finalidade angariar ou oferecer comodidade à clientela, por isso, responde objetivamente pelos danos decorrentes da inadequada guarda do veículo. Nesse sentido é Súmula nº 130 do STJ. A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento. 3. O furto do veículo causou prejuízos ao patrimônio do consumidor, devendo o fornecedor restituí-lo pelos danos materiais sofrido. 4. O fato, apesar de causar aborrecimentos, não sujeita o consumidor a qualquer constrangimento ou situação vexatória, nem mesmo afeta sua imagem, honra ou intimidade, qualificando-se como fato ordinário, inserido nas contingências da vida social, não podendo, pois qualificar-se como ofensa aos seus atributos pessoais, não caracterizando dano moral, merecendo nesse ponto reparo a sentença recorrida. 5. Preliminar afastada. Recurso conhecido e parcialmente provido. (TJDF - Rec 2012.01.1.152883-6; Ac. 676.347; Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal; Relª Juíza Giselle Rocha Raposo; DJDFTE 17/05/2013; Pág. 157)
APELAÇÕES CÍVEIS. 
Ação de revisão contratual, repetição de indébito e indenização por danos morais recurso de apelação dos requerentes alegação de excesso de pagamento. Transação entre as partes que fixou valor devido. Requerentes assistidos por advogado, o mesmo procurador na presente demanda. Ausência de qualquer vício de vontade ou ilegalidade. Desvalorização do imóvel inocorrência. Falhas de construção e acabamento passíveis de reparo. Valor fixado corretamente pela sentença de acordo com o laudo pericial. Dano moral. Não configurado mero dissabor. Recurso desprovido recurso de apelação da requerida. Decadência. Inocorrência. Aplicação do artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor. Prazo de 5 anos. Honorários advocatícios. Majoração necessária. Valor ínfimo. Artigo 20, §4º, do código de processo civil. Recurso parcialmente provido. (TJPR - ApCiv 1015174-9; Londrina; Sétima Câmara Cível; Relª Desª Denise Kruger Pereira; DJPR 09/05/2013; Pág. 149)
DO DEVER DE INDENIZAR
RESPONSABILIDADE CIVIL: REQUISITOS CONFIGURADOS
 				
No plano do direito civil, para a configuração do dever de indenizar, segundo as lições de Caio Mário da Silva Pereira, faz-se necessário a concorrência dos seguintes fatores:
“ 	a) em primeiro lugar, a verificação de uma conduta antijurídica, que abrange comportamento contrário a direito, por comissão ou por omissão, sem necessidade de indagar se houve ou não o propósito de malfazer; b) em segundo lugar, a existência de um dano, tomada a expressão no sentido de lesão a um bem jurídico, seja este de ordem material ou imaterial, de natureza patrimonial ou não patrimonial; c) e em terceiro lugar, o estabelecimento de um nexo de causalidade entre um e outro, de forma a precisar-se que o dano decorre da conduta antijurídica, ou, em termos negativos, que sem a verificação do comportamento contrário a direito não teria havido o atentado ao bem jurídico.”(In, Instituições de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004, Vol. I. Pág. 661). 
 	A propósito reza a Legislação Substantiva Civil que:
CÓDIGO CIVIL
Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, viola direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. “
 				Ademais, aplicável ao caso sub examine a doutrina do “risco criado”(responsabilidade objetiva), que está posta no Código Civil, que assim prevê:
CÓDIGO CIVIL
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.					
 			
				Neste contexto, cumpre-nos evidenciar alguns julgados:
DIREITO DO CONSUMIDOR. COBRANÇA DE CRÉDITOS REALIZADA DE FORMA ABUSIVA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TEORIA DO RISCO DO NEGÓCIO. DANO MORAL CONFIGURADO. REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO NEGADA. RECURSO IMPROVIDO. 
Trata-se de recurso interposto contra a r. sentença que julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, a fim de condenar os réu ao pagamento do valor de R$8.000,00 (oito mil reais), a título de danos morais. O d. Juízo de Primeiro Grau entendeu que ""a conduta aqui demonstrada fere a dignidade da pessoa humana e deve ser rechaçada, posto que o abalo moral, a humilhação e o constrangimento restaram patenteados. Neste caso comprovado a pratica do ato ilícito e indene de dúvida e dano moral outro caminho não resta senão trilhar pela procedência do pedido indenizatório"". O recorrente, em síntese,alega a inexistência de ato ilícito e de danos morais, bem como se insurge contra o valor fixado para a reparação. A controvérsia deve ser solucionada sob o prisma do sistema jurídico autônomo instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/1990), que por sua vez regulamenta o direito fundamental de proteção do consumidor (art. 5º, XXXII, da Constituição Federal). A teoria do risco do negócio ou atividade é a base da responsabilidade objetiva do Código de Defesa do Consumidor, a qual harmoniza-se com o sistema de produção e consumo em massa, protegendo a parte mais frágil da relação jurídica. Nos termos do art. 14, § 3º, do Código de Defesa do Consumidor, o ônus da prova, em caso de causa excludente de ilicitude, é do fornecedor/recorrente, o qual não demonstrou haver qualquer causa excludente da responsabilização, capaz de romper com o nexo de causalidade entre suas condutas e o dano experimentado pela consumidora. Ainda assim, os documentos trazidos aos autos e as demais provas produzidas corroboram as alegações da recorrida. Nos Juizados Especiais, o juiz dirigirá o processo com liberdade para apreciar as provas produzidas e para dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica, conforme art. 5º, da Lei n. 9.099/1995. Quanto ao dano moral, restou patente que houve violação aos direitos da personalidade da consumidora, pois experimentou constrangimentos, humilhações, transtornos e aborrecimentos, em razão das constantes cobranças ameaçadoras que recebeu por telefone. Quanto ao valor fixado, esclareça-se que a tarifação do dano moral atenta contra a efetiva reparação da vítima. Para fixação do valor da reparação do dano moral, o operador do direito deve observar as suas diversas finalidades, que concorrem simultaneamente, e os seus critérios gerais e específicos, de modo a atender ao princípio da reparação integral, expresso no art. 5º, V, da Constituição Federal de 1988 e no art. 6, VI, do Código de Defesa do Consumidor. A primeira finalidade da reparação do dano moral versa sobre a função compensatória, caracterizada como um meio de satisfação da vítima em razão da privação ou violação de seus direitos da personalidade. Nesse momento, o sistema jurídico considera a repercussão do ato ilícito em relação à vítima. A segunda finalidade refere-se ao caráter punitivo, em que o sistema jurídico responde ao agente causador do dano, sancionando-o com o dever de reparar a ofensa imaterial com parte de seu patrimônio. A terceira finalidade da reparação do dano moral relaciona-se ao aspecto preventivo, entendido como uma medida de desestímulo e intimidação do ofensor, mas com o inequívoco propósito de alcançar todos integrantes da coletividade, alertando-os e desestimulando-os da prática de semelhantes ilicitudes. O quantum a ser fixado deverá observar, ainda, os critérios gerais da equidade, proporcionalidade e razoabilidade, bem como atender a critérios específicos, tais como o grau de culpa do agente, o potencial econômico e características pessoais das partes, a repercussão do fato no meio social e a natureza do direito violado, esclarecendo-se que o valor do dano moral não pode promover o enriquecimento ilícito da vítima e não deve ser ínfimo a ponto de aviltar o direito da personalidade violado. O valor fixado de R$8.000,00 (oito mil reais) não pode ser tido como excessivo, considerando-se o potencial econômico e gravidade da conduta do recorrente. A r. sentença deve ser confirmada por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 46 da Lei n. 9.099/1995. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso e mantenho a r. sentença recorrida. Vencida a parte recorrente, deverá arcar com custas processuais e honorários advocatícios, em favor do autor, os quais fixo em 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, a teor do art. 55 da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Acórdão lavrado conforme o art. 46 da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995. (TJDF - Rec 2012.07.1.032796-0; Ac. 676.846; Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal; Rel. Juiz Hector Valverde Santana; DJDFTE 17/05/2013; Pág. 189)
Consumidor Responsabilidade pelo fato do serviço Acidente de consumo Instituição financeira que negativa indevidamente o nome do consumidor Vítima que não contratou com o fornecedor Dever sucessivo de reparar Configuração Responsabilidade objetiva Defeito do serviço Não-oferecimento ao consumidor da segurança esperada, quanto ao modo de prestação e aos riscos razoavelmente esperados Não-comprovação, pelo fornecedor, de conduta exclusiva do ofendido ou de terceiro Teoria do risco profissional Risco inerente à atividade de exploração econômica exercida Ocorrência de fortuito interno, que não afasta a imputação Dano moral Caracterização Súmula nº 479 do STJ: "As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias" Violação do direito (da personalidade) à integridade psíquica (moral) do consumidor Lesão à honra objetiva Compensação de R$ 8.000,00 fixada na origem Adequação às peculiaridades do caso concreto, aos princípios da proporcionalidade-razoabilidade e da moderação, e às finalidades compensatória e pedagógico-preventivo-punitiva do dano moral Inaplicabilidade da Súmula nº 385 do E. STJ Inscrições anteriores que não são legítimas Sentença mantida RI-TJSP, art. 252 Recurso improvido. (TJSP - APL 0032184-54.2010.8.26.0003; Ac. 6713539; São Paulo; Sétima Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Luiz Antonio Costa; Julg. 08/05/2013; DJESP 15/05/2013)
			
 	E, como já esclarecido que a relação jurídica entabulada entre as partes é consumo, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável à espécie, abrindo, no caso, também por este ângulo, a responsabilidade objetiva da Ré.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
 
	Em que pese tais aspectos legais e doutrinários acerca da responsabilidade civil objetiva, evidenciaremos, abaixo, que a Ré deve ser responsabilizada civilmente, pelos motivos abaixo expostos. 
	Sopesemos, primeiramente, que a responsabilidade civil almejada diz respeito a dano de ordem moral. Neste caso, consideremos, pois, o direito à incolomidade moral pertence à classe dos direitos absolutos, encontrando-se positivados pela conjugação de preceitos constitucionais elencados no rol dos direitos e garantias individuais da Carta Magna(CF/88, art. 5º, inv. V e X), erigidos, portanto, ao status cláusula pétrea(CF/88, art. 60, § 4º), merecendo ser devidamente tutelado nos casos concretos apreciados pelo Poder Judiciário. 
				A moral individual está relacionada à honra, ao nome, à boa-fama, à auto-estima e ao apreço, sendo que o dano moral resulta de ato ilícito que atinge o patrimônio do indivíduo, ferindo sua honra, decoro, crenças políticas e religiosas, paz interior, bom nome e liberdade, originando sofrimento psíquico, físico ou moral.
 				A doutrina já consagrou uma definição e uma classificação, melhor dotada de consensualidade, encontrando-se de certa forma compendiada na lição da insigne Maria Helena Diniz, em seu festejado “Curso de Direito Civil Brasileiro" (São Paulo: Saraiva, 2002, 7º vol., 16. ed., p. 83), quando discorre sobre a responsabilidade civil, nomeadamente em face do dano moral:
"	c.3.2. Dano moral direto e indireto. 
O dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família). O dano moral indireto consiste nalesão a um interesse tendente à satisfação ou gozo de bens jurídicos patrimoniais, que produz um menoscabo a um bem extrapatrimonial, ou melhor, é aquele que provoca prejuízo a qualquer interesse não patrimonial, devido a uma lesão a um bem patrimonial da vítima. Deriva, portanto, do fato lesivo a um interesse patrimonial. P. ex.: perda de coisa com valor afetivo, ou seja, de um anel de noivado."
	No caso específico da responsabilidade pela deficiência nos préstimos de exames laboratoriais, vejamos as lições de Arnaldo Rizzardo:
“ 	Consoante definição de Orlando Gomes, ‘em sentido amplo, laboratório é a entidade(pessoa jurídica), ou lugar destinado ao estudo experimental de qualquer amo da ciência, ou à aplicação dos conhecimentos científicos, com objetivo prático de realização de exame ou preparo dos medicamentos, fabricação de explosivos, exame de líquidos e tecidos dos organismo.
 	Assim, os denominados laboratórios de análises clínicas se destinam ao exame de líquidos e tecidos do organismo, de maneira geral, como parte do exercício das atividades médicas. 
 	A rigor, a responsabilidade pelos prejuízos causados pelos laboratórios de análises clínicas e outros, como os radiológicos, não fogem do âmbito da responsabilidade hospitalar, pela deficiência dos serviços prestados. 
 	Apenas desponta a mudança do objetivo da atividade. O dano decorre não da imprecisão, quando impossível chegar a um resultado, em face dos aparelhamentos existentes e da evolução da ciência médica e laboratorial. Advém do equívoco na apreciação dos dados ou elementos colhidos, de modo a proferir-se uma conclusão errada, determinando, daí, um diagnóstico de doença ou mal não real, do descuido na apreciação, da negligência no exame que deu pela verificação de certos dados quando, na verdade, não existiam. “(In, Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2009. Pág. 322)
	No caso em ensejo, evidentemente encontra-se demonstrado a má prestação de serviço laboratorial, a incidir, como antes aludido, no importe da responsabilidade objetiva como fornecedora de serviços, ante o Código de Defesa do Consumidor.(art. 14). 
	Não é o caso, frise-se, de mero dano emergente, mas sim, ao revés, de risco à vida ou à saúde do consumidor e do feto. Existiu, óbvio, extrema desídia ou imperícia profissional. 
	A responsabilidade da Ré exsurge no momento que a Autora tomou ciência de que, em verdade, encontrava-se grávida e que, tomando os remédios prescritos, teria sérios riscos de aborto e deficiência no feto, provocando-lhe extremo desconforto psicológico até o hoje. 
	
	A exposição constrangedora e vexatória à qual foi submetida a Autora é inadmissível, uma vez que fora destratada na esfera mais íntima do ser, teve sua honra e dignidade feridas, seus direitos fundamentais violados.. 
	Houve, destarte, irrefutável falha na prestação do serviço ao indicar-se resultado laboratorial errado. 
	Nestes termos, restaram configurados a existência dos pressupostos essenciais à responsabilidade civil: conduta lesiva, nexo causal e dano, a justificar o pedido de indenização moral. 
	Por fim, anote-se que o dano moral justifica-se pela simples prática do ato lesivo ao ofendido, constatando-se, desta sorte, de forma in re ipsa, ou seja, prescinde da prova da efetividade de seus reflexos. 
	Vejamos, pois, alguns julgados que solidificam o entendimento retro evidenciado, ou seja, que a imperícia na condução do exame laboratorial é, por si só, capaz de gerar dano moral indenizável:
DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. Erro no resultado do exame realizado por laboratório de análises clínicas. Responsabilidade objetiva. Dano moral configurado. Recurso provido. (TJPE - APL 0193272-7; Paulista; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Milton José Neves; Julg. 01/06/2010; DJEPE 02/07/2010)
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO. Exame clínico laboratorial realizado de forma destoante à realidade. Falsa informação de anemia na paciente. Aplicação do diploma consumerista. Erro na prestação do serviço Inteligência do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor. Responsabilidade objetiva. Inexistência das excludentes do §3º do mesmo artigo. Dano moral. Ocorrência. Dever de indenizar. Dano in re ipsa. Manutenção do quantum indenizatório. À unanimidade, negaram provimento ao apelo. (TJRS - AC 70037138252; Porto Alegre; Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Luís Augusto Coelho Braga; Julg. 21/10/2010; DJERS 05/11/2010) 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO EM RESULTADO LABORATORIAL. SUSPEITA DE LEUCÊMIA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA. INOCORRÊNCIA. 
O princípio da identidade física do juiz, previsto no art. 132 do Código de Processo Civil, impõe a vinculação do magistrado que concluir a audiência para julgamento da causa, ressalvadas as hipóteses de convocação, licença, afastamento por qualquer motivo, promoção ou aposentadoria. Hipótese em que o magistrado que instruiu o feito não prolatou a sentença em razão de estar em gozo de férias, não havendo falar em nulidade do ato sentencial por afronta ao princípio da identidade física do juiz. RESPONSABILIDADE DO LABORATÓRIO. FALHA DO SERVIÇO CARACTERIZADA. É cediço que laboratório requerido, na qualidade de prestador de serviços, responde independentemente de culpa pelo serviço defeituoso prestado ou posto à disposição do consumidor, responsabilidade objetiva proclamada no art. 14 do CDC. Hipótese em que o laboratório demandado confessou o erro de digitação em exame de sangue efetuado pelo autor, o que acarretou a suspeita de doença grave (leucemia), restando caracterizada a falha na prestação do serviço e, por conseguinte, a obrigação de indenizar. Dano moral in re ipsa. Precedentes jurisprudenciais. APELAÇÃO IMPROVIDA. (TJRS - AC 70035075910; Pelotas; Décima Câmara Cível; Rel. Des. Paulo Roberto Lessa Franz; Julg. 30/09/2010; DJERS 20/10/2010) 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. FALHA DO SERVIÇO LABORATORIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DAS RÉS. 
É cediço que a clínica e o laboratório requeridos, na qualidade de prestadores de serviços, respondem independente de culpa pelo serviço defeituoso prestado ou posto à disposição do consumidor, responsabilidade objetiva proclamada pelo no art. 14 do CDC, afastada sempre que comprovada a inexistência de defeito ou a culpa exclusiva do consumidor, ou de terceiro, ex vi do § 3º do mesmo dispositivo. DEVER DE INDENIZAR DA CLÍNICA. INOCORRÊNCIA. Em que pese a SULMED tenha solicitado a análise de exames junto ao laboratório co-demandado, a clínica não teve qualquer relação com o erro do diagnóstico, tendo a médica, inclusive, solicitado a realização de outro exame em laboratório diverso, o que afasta o dever de indenizar. Sentença mantida. DEVER DE INDENIZAR DO LABORATÓRIO. OCORRÊNCIA. Hipótese em que restou comprovada nos autos a falha do serviço prestado pela demandada, pois emitiu laudo que, equivocadamente, não identificou células malignas no colo do útero da autora. Inexistência de advertência quanto à necessidade de confirmação do diagnóstico. Dever de indenizar caracterizado. QUANTUM INDENIZATÓRIO. Na fixação da reparação por dano extrapatrimonial, incumbe ao julgador, atentando, sobretudo, para as condições do ofensor, do ofendido e do bem jurídico lesado, e aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, arbitrar quantum que se preste à suficiente recomposição dos prejuízos, sem importar, contudo, enriquecimento sem causa da vítima. A análise de tais critérios, aliada às demais particularidades do caso concreto, bem como aos parâmetros utilizados por esta Câmara, em situações análogas, conduz à manutenção do montante indenizatório fixado em R$ 2.000,00 (dois mil reais), corrigidos monetariamente e acrescido de juros de mora, conforme determinado no ato sentencial. APELAÇÕES IMPROVIDAS. (TJRS - AC 70034611590; Porto Alegre; Décima Câmara Cível; Rel. Des. Paulo Roberto Lessa Franz; Julg. 12/08/2010; DJERS06/09/2010) 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ERRO NO EXAME CLÍNICO. RUBÉOLA. PACIENTE GRÁVIDA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO LABORATÓRIO. FORNECEDOR DE SERVIÇOS. APLICAÇÃO DO ART. 14 DO CDC. NEXO CAUSAL CONFIGURADO. ABALO MORAL COMPROVADO. DEVER DE INDENIZAR. MANUTENÇÃO DO DECISUM. RECURSO DESPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 
1. O prestador de serviço, nos termos do art. 14, do Código de Defesa do Consumidor, responde objetivamente por danos a quem por ventura venha causar. 
2. Para que se configure a responsabilidade objetiva é necessária a satisfação de três requisitos: Conduta, dano e nexo causal. 
3. In casu, restou demonstrado o nexo de causalidade na conduta do laboratório ao fornecer exame, com resultado equivocado, sem a devida cautela, e o abalo psicológico sofrido pela vítima, que a época se encontrava grávida. 
4. Não obstante o laboratório ter repetido o exame, não utilizou um reagente diverso do anterior. 
5. Nota-se que o erro no exame, procedente de um serviço defeituoso da insurreta, causou transtornos e aflições, haja vista que a recorrida, a época, se encontrava grávida, momento de extrema sensibilidade da mulher, e que a moléstia informada no exame poderia ocasionar malformações congênitas e/ou uma série de doenças graves ao feto. 
6. Recurso desprovido. Decisão unânime. (TJSE - AC 2009205137; Ac. 1367/2010; Primeira Câmara Cível; Relª Desª Suzana Maria Carvalho Oliveira; DJSE 22/03/2010; Pág. 7) 
	
AGRAVO INOMINADO. DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. LABORATÓRIO DE EXAMES MÉDICOS. ERRO DE RESULTADO. NEGATIVA DE ESTADO DE GRAVIDEZ. EXAME QUE SERVIU DE SUPORTE PARA A PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS COM EFEITOS ABORTIVOS. RISCO DE MORTE EVIDENTE. DANO MORAL CONFIGURADO. DEVER DE INDENIZAR. A responsabilidade do laboratório médico é objetiva (CDC, 14) somente podendo ser afastada pela demonstração da culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Se o laboratório realiza exame que conclui pela inexistência de gravidez do consumidor e, com base no exame, seu médico prescreve substancia com efeito abortivo, evidente se revela o risco de morte a que foi exposto o feto. Situação causadora de desconforto emocional para a mãe. Dano moral configurado. O juiz não está adstrito ao laudo pericial (CPC, 436), podendo servir-se das demais provas constantes nos autos para formar a sua convicção. Prova documental basta e suficiente para se reconhecer a responsabilidade do laboratório. Conhecimento e desprovimento do recurso. (TJRJ - APL 2009.001.21160; Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Wagner Cinelli; Julg. 27/05/2009; DORJ 08/06/2009; Pág. 168)
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA				
A inversão do ônus da prova se faz necessária na hipótese em estudo, vez que a inversão é “ope legis” e resulta do quanto contido no Código de Defesa do Consumidor. 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
[ . . . ] 
 § 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
 
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
 
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 
 				À Réu, portanto, caberá, face a inversão do ônus da prova, evidenciar se a Autora concorreu para o evento danoso, na qualidade de consumidora dos serviços, ou, de outro bordo, em face de terceiro(s), que é justamente a regra do inc. II, do art. 14, do CDC, acima citado. 
 				Nesse sentido, de todo oportuno evidenciar as lições de Rizzatto Nunes:
“Já tivemos oportunidade de deixar consignado que o Código de Defesa do Consumidor constituir-se num sistema autônomo e próprio, sendo fonte primária (dentro do sistema da Constituição) para o intérprete. 
Dessa forma, no que respeita à questão da produção de provas, no processo civil, o CDC é o ponto de partida, aplicando-se a seguir, de forma complementar, as regras do Código de Processo Civil (arts. 332 a 443). “( NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 6ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011, pp. 215-216)
 				Também é por esse prisma é o entendimento de Ada Pellegrini Grinover:
“Já com a inversão do ônus da prova, aliada à chamada ‘culpa objetiva’, não há necessidade de provar-se dolo ou culpa, valendo dizer que o simples fato de ser colocar no mercado um veículo naquela condições que acarrete, ou possa acarretar danos, já enseja uma indenização, ou procedimento cautelar para evitar os referidos danos, tudo independemente de se indagar de quem foi a negligência ou imperícia, por exemplo. “ (GRINOVER, Ada Pellegrini [et tal]. Código de Defesa do Consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011, p. 158) 
 				A tal respeito trazemos à baila as seguintes notas jurisprudenciais:
 			
DIREITO DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. TELEFONIA MÓVEL. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ALTERAÇÃO DE PLANO E COBRANÇA INDEVIDA. DANOS MORAIS. 
1. Acórdão elaborado de conformidade com o disposto no art. 46, da Lei nº 9.099/1995 e arts. 12, inciso IX, 98 e 99 do Regimento Interno das Turmas Recursais. Recurso próprio, regular e tempestivo. 
2. Usuária de linha telefônica pré-paga que tem o seu contrato alterado para o plano pós-pago, sem solicitação. Alegação da operadora de que a consumidora solicitou alteração no plano, sem respaldo em prova idônea, qual seja, a gravação do serviço de atendimento ao cliente. Inversão do ônus da prova em favor da consumidora, na forma do art. 6º, inciso VIII do CDC. 
3. Suspensão dos serviços com grave repercussão no cotidiano da autora. Danos morais caracterizados. Indenização fixada em R$ 5.000,00, que atende aos critérios de repressão e prevenção ao ilícito. Sentença que se confirma pelos seus próprios fundamentos. 
4. Recurso conhecido, mas não provido. Custas processuais e honorários advocatícios, no valor de R$ 800,00, pelo recorrente. (TJDF - Rec 2012.01.1.096058-5; Ac. 647.710; Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal; Rel. Juiz Aiston Henrique de Sousa; DJDFTE 25/01/2013; Pág. 437)
RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CURTO CIRCUITO EM LINHA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. RELAÇÃO DE CONSUMO. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES E HIPOSSUFICIÊNCIA. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 
1. A inversão do ônus da prova é medida excepcional, aplicável nas hipóteses em que forem verificados os requisitos necessários, quais sejam, a verossimilhança das alegações ou quando a parte for hipossuficiente. 
2. No caso concreto, à concessionária dos serviços de fornecimento de energia elétrica deve ser imposto o ônus de provar eventual excludente de responsabilidade pelos danos causados por curto circuito em linha de transmissão da rede elétrica. Hipossuficiência do consumidor. (TJMT - AI 13474/2012; Segunda Câmara Cível; Relª Desª Clarice Claudino da Silva; Julg. 16/01/2013; DJMT 24/01/2013; Pág. 34)
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. FORNECIMENTO DE ÁGUA E COLETA DE ESGOTO. COBRANÇA. RELAÇÃO DE CONSUMO. HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA DA AUTORA. CONSTATAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. 
Aplicação do artigo 6º, VIII do Código de Defesa do Consumidor. Admissibilidade. Efetiva utilização, pelos réus, dos serviços cobrados. Comprovação. Ausência. Ônus do qual a autora não se desincumbiu. Sentença mantida. Recurso improvido. (TJSP - APL 0486973-44.2010.8.26.0000; Ac. 6444178; São Paulo; Trigésima Segunda Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Rocha de Souza; Julg. 17/01/2013; DJESP 24/01/2013)
 
 
“PRETIUM DOLORIS”
 				
Cabe primeiramente salientar que provado o fato que gerou o dano moral, no caso em vertente o sentimento de dor, pavor e pânico à Autora, impondo-se a correspondentecondenação. 
Pelas normas de consumo, resulta expressa a adoção da responsabilidade civil objetiva, assim conceituada pela professora Maria Helena Diniz: 
" 	Na responsabilidade objetiva, a atividade que gerou o dano é lícita, mas causou perigo a outrem, de modo que aquele que a exerce, por ter a obrigação de velar para que dele não resulte prejuízo, terá o dever ressarcitório, pelo simples implemento do nexo causal. A vítima deverá pura e simplesmente demonstrar o nexo da causalidade entre o dano e a ação que o produziu" (in, Curso de Direito Civil Brasileiro. 24ª ed. Saraiva: 2010, 7º vol, p. 53). 
( destacamos )
 				De outro plano, o Código Civil estabeleceu-se a regra clara de que aquele que for condenado a reparar um dano, deverá fazê-lo de sorte que a situação patrimonial e pessoal do lesado seja recomposta ao estado anterior. Assim, o montante da indenização não pode ser inferior ao prejuízo. Há de ser integral, portanto. HhÁ 				
CÓDIGO CIVIL
Art. 944 – A indenização mede-se pela extensão do dano.
	
				Nesta esteira de raciocínio, emérito Julgador, cumpri-nos demonstrar a extensão do dano( e não o dano ). 
				Quanto ao valor da reparação, tocantemente ao dano moral, assevera Caio Mário da Silva Pereira, que: 
“Quando se cuida de reparar o dano moral, o fulcro do conceito ressarcitório acha-se deslocado para a convergência de duas forças: `caráter punitivo` para que o causador do dano, pelo fato da condenação, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o `caráter compensatório` para a vítima, que receberá uma soma que lhe proporcione prazeres como contrapartida do mal sofrido. “ (PEREIRA, Caio Mário da Silva (atualizador Gustavo Tepedino). Responsabilidade Civil. 10ª Ed. Rio de Janeiro: GZ Ed, 2012, p. 78)
(destacamos)
				Nesse mesmo compasso de entendimento, leciona Arnaldo Rizzardo que:
“Não existe uma previsão na lei sobre a quantia a ser ficada ou arbitrada. No entanto, consolidaram-se alguns critérios.
Domina a teoria do duplo caráter da repação, que se estabelece na finalidade da digna compensação pelo mal sofrido e de uma correta punição do causador do ato. Devem preponderar, ainda, as situaões especiais que envolvem o caso, e assim a gravidade do dano, a intensidade da culpa, a posição social das partes, a condição econômica dos envolvidos, a vida pregressa da pessoa que tem o título protestado ou o nome negativado. “ (RIZZARDO, Arnaldo. Responsabilidade Civil. 4ª Ed. Rio de Janeiro, Forense, 2009, p. 261)
				No caso em debate, ficou cabalmente demonstrada a ilicitude do defeito na prestação do serviço, o que não se pode negar que este fato trouxe à mesma forte constrangimento, angústia e humilhação, capazes, por si só, de acarretar dano moral de ordem subjetiva e objetiva. 
 				Desta maneira, o nexo causal ficou claríssimo. Logo, evidente está o dano moral suportado pela Autora, devendo-se tão-somente ser examinada a questão do quantum indenizatório. 
 				É certo que o problema da quantificação do valor econômico a ser reposto ao ofendido tem motivado intermináveis polêmicas, debates, até agora não havendo pacificação a respeito. De qualquer forma, doutrina e jurisprudência são pacíficas no sentido de que a fixação deve se dá com prudente arbítrio, para que não haja enriquecimento à custa do empobrecimento alheio, mas também para que o valor não seja irrisório. 
 				Ademais, a indenização deve ser aplicada de forma casuística, supesando-se a proporcionalidade entre a conduta lesiva e o prejuízo enfrentado pela ofendida, de forma que, em consonância com o princípio neminem laedere, inocorra o lucuplemento da vítima quanto a cominação de pena tão desarrazoada que não coíba o infrator de novos atos. 
 				O valor da indenização pelo dano moral, mais, não se configura um montante tarifado legalmente. A melhor doutrina reconhece que o sistema adotado pela legislação pátria é o sistema aberto, no qual o Órgão Julgador pode levar em consideração elementos essenciais, tais como as condições econômicas e sociais das partes, a gravidade da lesão e sua repercussão e as circunstâncias fáticas. Assim, a importância pecuniária deve ser capaz de produzir-lhe um estado tal de neutralização do sofrimento impingido, de forma a "compensar a sens ação de dor" experimentada e representar uma satisfação, igualmente moral.
 				Anote-se, por oportuno que não se pode olvidar que a presente ação, nos dias atuais, não se restringe a ser apenas compensatória; vai mais além, é verdadeiramente sancionatória, na medida em que o valor fixado a título de indenização reveste-se de pena civil.
				Não precisamos ir longe para compreendermos o potencial financeiro da Promovida, sobretudo quando figura como renomado laboratório de análises clínicas nesta Capital. 
DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
					
Em arremate, requerem a Promovente que Vossa Excelência se digne de tomar as seguintes providências:
a) Determinar a citação da Requerida, por carta, com AR, para, querendo, apresentar defesa;
b) pede, mais, sejam os pedidos JULGADOS PROCEDENTES, condenando a Ré a pagar à Autora: 
1) a quantia de R$ 677,00(seiscentos e setenta e sete reais) a título de danos materiais, correspondentes à devolução dos valores pagos a título de realização de novos exames para constatar o estado gravídico; 
2) à guisa de danos morais, o valor mínimo de R$ 15.000,00(quinze mil reais);
3) incidirão sobre os valores acima os corretivos legais, a contar da data do seu arbitramento, com respeito ao dano moral; 
Súmula 362 do STJ – A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.
Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. 
4) com o pedido de inversão do ônus da prova, protestar provar o alegado por todos os meios de prova em direitos admitidos, por mais especiais que sejam, sobretudo com a oitiva de testemunhas, depoimento pessoal do(s) representante(s) legal(is) da Ré, o que desde já requer, sob pena de confesso.
 				Concede-se à causa o valor de R$ _____________.
Respeitosamente pede, e espera merecer, deferimento.
				___________, __ de _____ do ano de _______.
				_____________________
Advogado - OAB
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