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DIREITO DA SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO JAIRO 2012.2

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DIREITO DA SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO
Prof: Jairo Lins - Tirocinista: Cláudio Dias Lima. E-mail: claudiompt@yahoo.com.br
- Bibliografia:
Raimundo Simão de Melo
Sebastião Geraldo de Oliveira (mais abrangente)
Aula 01:
Introdução à Segurança, Saúde e Meio Ambiente do Trabalho
1-Definições
Meio Ambiente
- Existem diversas concepções. Definição legal (art.3, I, Lei 6938/81 – Lei da política nacional do meio ambiente): Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Trata-se de conceito mais seguro. 
1.2- Meio ambiente do trabalho
- O local onde as pessoas desenvolvem as suas atividades laborais com repercussão nas circunstâncias psico-físicas dos trabalhadores. Este é o conceito de Cláudio. Os outros conceitos doutrinários não consideram o meio ambiente do trabalhado inadequado.
-Obs: O local de trabalho pode ser fixo ou móvel.
1.3- Meio ambiente do trabalho adequado
- Direito do trabalhador, que visa a resguardar a sua saúde e a sua segurança.
2- Natureza jurídica do meio ambiente do trabalho
- Trata-se de um direito, um direito difuso, porque é um direito indivisível e seu titular é indeterminado ou indeterminável, tanto na causa como na conseqüência. Na causa: visa a salvaguardar todos trabalhadores atuais e futuros. Na conseqüência: direito carregado de interesse social, de interesse público, pois tem tudo a ver com seguridade social, pois uma vez não respeitado o meio ambiente de trabalho adequado, o trabalhador irá socorrer-se no INSS, repercutindo no orçamento do Estado. Além disso, é também um direito fundamental, previsto no art. 225 e 7º, XXII da CF. Também é um direito indisponível, que não se pode renunciar ou transacionar – apesar de já existir julgado do TST neste sentido. 
3- Bem ambiental do meio ambiente do trabalho
É a própria vida do trabalhador. Faz-se uma consolidação de todos os bens protegidos: de proteção à saúde, à integridade física, mental, prevenção de risco etc.
4- Evolução da proteção à segurança do trabalhador (Técnicas de segurança). 
Duas fases:
4.1- Engenharia de segurança tradicional (interesse histórico – primeira grande corrente de estudo de riscos ambientais do trabalho). Quatro características:
4.1.1- Prevenção de lesões pessoais – o foco era nas indenizações e nas lesões incapacitantes e fatais. Nem sempre a preocupação era com o trabalhador, mas com o custo em que a empresa teria para repor outro trabalhador, ou para se defender em juízo. Preocupação micro.
4.1.2- Fatalismo acidentário – contribuição desta característica: os acidentes de trabalho eram situações fortuitas, ou seja, inevitáveis. Não se tinha a noção de que o acidente era de responsabilidade do empregador ou do empregado, por isso, não se tinha uma noção de prevenção.
4.1.3- Enfoque reativo – as medidas de segurança do trabalho só seriam implementadas depois que o acidente tivesse ocorrido. Não se tinha a pretensão de prevenir, mas de remediar. Os acidentes serviam como laboratórios. 
4.1.4- Centralização das atividades de segurança – quem era responsável pela adoção da segurança no ambiente de trabalho? Apenas uma ou duas pessoas, foco nos profissionais com qualificação especifica. A culpa por algo de errado seria centralizada naquela pessoa. Não se tinha a intenção de disseminar a cultura de segurança para todos trabalhadores, o que os distanciava de um meio ambiente seguro.
4.2- Prevencionismo (ruptra do modelo anterior. Implementado a partir do sec. XX. Tinha o foco em antever o acidente e não deixar que ele acontecesse). Características:
4.2.1- Controle de danos – medidas de prevenção a lesões pessoais e a danos de propriedade. A prevenção abrange tanto danos pessoais como danos ao patrimônio da empresa (equipamentos, indenizações etc). Formulação de técnicas para prevenção de danos.
4.2.2- Controle total de perdas – Década de 70. A perda não é apenas palpável. Abrange também fatores abstratos (como qualidade do produto), fatores externos à empresa e fatores externos aos trabalhadores.
4.2.3- Engenharia de segurança dos sistemas – trata-se de uma metodologia técnica de reconhecimento, avaliação e controle dos riscos. Técnicas com amparos científicos.
5- Evolução da proteção à saúde do trabalhador. 
Cinco etapas:
5.1- Até a revolução Industrial – não se tinha nenhuma preocupação médica com os trabalhadores.
5.2- Medicina do trabalho – aqui já se tem uma preocupação médica. Mas também havia um atraso. O médico do trabalho era que se responsabilizava por tudo, era terceirizado, havia, então, uma confusão de responsáveis.
5.3- Saúde ocupacional – prevê uma atuação multi-profissional. Existiam equipes destacadas de várias atuações. Ainda é ruim porque partia do pressuposto de que é o trabalhador que tem que se adaptar ao trabalho.
5.4- Saúde do trabalhador – representa uma melhora porque já garante aos trabalhadores um direito de reivindicar e sugerir melhorias na saúde do trabalho. Ponto falho: não se tem preocupação com as repercussões pessoais do trabalho. Foco só no trabalho, não na vida pessoal do profissional.
5.5- Qualidade de vida no trabalho – pega todas as melhorias das etapas anteriores e acrescenta mais uma: a visão holística (abrangente) do ser humano, para que se tenha preocupação também com sua vida pessoal, sua cidadania.
Aula 02:
Normas Internacionais de Proteção ao Ambiente de Trabalho
1-Organização Internacional do Trabalho (OIT)
1.1-Surgimento do OIT – Tratado de Versalhes 
Chamado Tratado da Paz. Após a Primeira Guerra, a civilização européia detectou que algumas práticas culturalmente arraigadas não estavam de acordo com os novos tempos. Surgiram preocupações humanitárias. Este Tratado estimulou a celebração da Paz e tentou evitar que um novo conflito ocorresse, o que não deu certo. Três características: busca da Paz, buscou política de bem estar social e amenizar a desigualdade social.
A parte III cuidou especificamente do trabalho humano, criando a OIT. Essa é uma agência vinculada à ONU. Natureza jurídica: associação.
1.2-Atribuições
I- Adotar programas para a melhoria das condições de vida dos trabalhadores;
II- Fomentar o progresso econômico, o bem-estar e a justiça social;
III- Fomentar políticas que visem à promoção da igualdade.
1.3-Estrutura:
- CIT: Conferência Internacional do Trabalho. Possui como atribuição básica deliberar a respeito das normas internacionais do trabalho e também sobre o orçamento da OIT, que possui sede fixa em Genebra. Quem participa: os delegados internacionais de cada país filiado (dois representantes do Governo, um representante dos empregadores e um representante dos empregados – hipótese de supensão do contrato de trabalho).
- CA: Conselho de Administração. Possui atribuições administrativas. Elabora a Ordem do dia, a Pauta de Deliberação, as matérias que estarão em pauta para deliberação da CIT. Também realiza estudos técnicos a respeito do alcance das normas internacionais (se a norma não tem incompatibilidade interna, ou com normas anteriores, o impacto da norma etc). Quem participa: 28 representantes do Governo, 14 representantes dos empregadores e 14 representantes dos empregados – composição global. Os 10 países mais importantes enviam 2-1-1, e as vagas restantes são preenchidas por rotatividade. Também elege o Diretor-Geral da RIT.
- RIT: Repartição Internacional do Trabalho. Competência de centralizar e promover a distribuição de informações relacionadas aos impactos das normas internacionais nos ordenamentos jurídicos bem como as condições reais de trabalho nos países, além de receber ratificações de informações. Em poucas palavras, monitora a aplicação das normas.
1.4-Normatização. Espécies de normas internacionais:
1.4.1-Convenções
Acordo internacional celebrado por escrito de caráter multilateral aprovado pelos representantes dos Estados na CIT. 
1.4.2-Recomendações
Documentos internacionais escritos que estipulam diretrizes de normatização. São sugestões, normasprogramáticas, tratam de planejamentos diretivos. Vale como norma, mas não obriga.
-Obs: A OIT não tem competência para impor sanções. TAH – Tribunal “Ad Hoc”, trata-se de um tribunal arbitral. 
2- Programas internacionais de proteção ao ambiente do trabalho
Existem políticas internacionalmente discutidas a respeito das melhorias das condições de trabalho:
2.1- Programa Internacional para Melhoramento das Condições e dos Ambientes de Trabalho (PIACT) e seus objetivos
Programa discutido em 1975 na OIT e aprovado em 1976. Primeiro programa internacional realizado para discutir melhorias no ambiente de trabalho, primeira iniciativa internacional importante nesse sentido. Teve quatro objetivos/preocupações:
2.1.1- Proteção contra os efeitos desfavoráveis de fatores físicos, químicos e biológicos no local de trabalho e no meio ambiente imediato, ou seja, dentro do estabelecimento e fora também.
2.1.2- Prevenção da tensão mental resultante da duração excessiva, do ritmo, do conteúdo ou da monotonia do trabalho. Agravos paulatinos, ou seja, perceptíveis a longo prazo.
2.1.3- Promoção de melhores condições de trabalho visando à distribuição adequada do tempo e do bem-estar dos trabalhadores. Manutenção de uma jornada relativamente compatível com a cidadania, pensar na saúde para além do que a norma prevê estritamente.
2.1.4- Adaptação das instalações e locais de trabalho à capacidade mental e física dos trabalhadores, mediante aplicação da ergonomia. Adaptar o trabalho ao trabalhador, e não o contrário.
 2.2- Conferência da ONU sobre o Meio ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD). A ECO-92 foi a primeira grande conferência sobre assuntos ambientas no mundo, marco da discussão sobre o desenvolvimento sustentável.
2.2.1- A Agenda 21 da ECO-92
Documento produzido pela ONU que estabelecia orientações diversas para se alcançar o desenvolvimento econômico sem agressão ao meio ambiente (desenvolvimento ambientalmente sustentável).
2.2.2- O Capítulo 29 da Agenda 21
Parte especificamente voltada para o meio ambiente de trabalho. Objetivo geral: que os Estados adotassem providências no sentido de mitigar a pobreza e viabilizar o acesso ao pleno emprego, além de buscar a garantia de ambientes de trabalho limpos, seguros e saudáveis.
2.3- A Agenda de Trabalho Decente da OIT e seus objetivos. Existem trabalhos indecentes que não devem ser exercidos. Objetivos:
2.3.1- Garantia dos Direitos fundamentais no trabalho, quais sejam (para a OIT): I- liberdade sindical; II- erradicação do trabalho infantil; III - erradicação do trabalho forçado; IV - não discriminação.
2.3.2- Emprego e oportunidades de renda. Também devem ser garantidos pelo Estado através de políticas. “Oportunidades de renda” abrange também o trabalho autônomo.
2.3.3- Proteção e seguridade social. O Brasil possui uma das melhores legislações de seguridade social do mundo.
2.3.4- Diálogo social e tripartismo. Para a OIT, um trabalho decente não parte da idéia de embate entre o empregado e o empregado, deve-se buscar a conciliação, pois não estão necessariamente em posições antagônicas (ex. das férias). Já tripartismo quer dizer representação do pólo patronal e profissional nas políticas do Governo.
3- Principais normas da OIT relacionadas à segurança e medicina do trabalho. 
3.1- Convenção OIT 42 (Doenças profissionais) – Decreto 1.361/37. Estipulou que se houvesse aquisição de doença de trabalho, haveria direito à indenização. Antes a indenização se limitava aos casos de acidente.
3.2- Convenção OIT 148 (Contaminação do ar, ruído e vibrações) – Decreto 93.413/86. Estipulou o dever das autoridades nacionais de fixar critérios de prevenção e o dever dos empregadores de seguir esses critérios.
3.3- Convenção OIT 155 (Segurança e saúde dos trabalhadores) – Decreto 1.254/94. Estipulou o dever das autoridades nacionais de estabelecer planejamentos para a melhoria progressiva das condições de trabalho.
3.4- Convenção OIT 161 (Serviços de saúde no trabalho) – Decreto 197/91. Estipulou a obrigatoriedade dos locais de trabalho dispuserem de serviços de proteção à saúde e dos empregados colaborarem com esse serviço.
3.1- Convenção OIT 187 (Promoção da segurança e saúde no trabalho). Ainda não foi ratificada pelo governo, mas está em vias de sê-lo. Impõe o dever do Estado de monitorar os locais de maior necessidade de intervenção. 
Aula 03:
Normas Internacionais de Proteção ao Ambiente de Trabalho (continuação)
4 - Aplicabilidade das normas da OIT no direito brasileiro
4.1. Incorporação de tratados – CRFB, art. 84, VIII; art. 49, I; art. 84, IV; art. 5º §§ 2º e 3º. Apresenta quatro fases:
I- Assinatura – Manifestação de desejo de incorporar o tratado. Trata-se de externação de uma intenção de incorporar o tratado como norma de direito interno.
II – Aprovação – O Presidente da República faz um encaminhamento do texto para o Congresso, primeiro passa pela Câmara, depois pelo Senado. Aprovado pelas duas casas, é editado um Decreto Legislativo (art. 49, I, CF. Todas as matérias deste artigo são objeto de Decreto Legislativo, que equivale à Resolução. Ambos têm a mesma hierarquia normativa de Lei, o que diferencia é o objeto, matéria que cada qual trata). Esse Decreto Legislativo autoriza a incorporação do Tratado no ordenamento jurídico. 
III – Ratificação - Procedimento formal em que o Estado Nacional manifesta a incorporação do Tratado no direito interno. É o depósito do respectivo instrumento no órgão internacional (art. 84, VIII).
IV – Promulgação por Decreto - Fruto de tradição que não existe constitucionalmente (art.84, IV). Qual seria sua função prática? Dar publicidade. 
A priori, o Tratado ingressa no direito brasileiro com status normativo de lei federal. Isso não está expresso na CF, mas pode ser concluído indiretamente do art. 102, III, “b”.
E se o Tratado se refere a direitos humanos? Art. 5º, par. 1,2 e 3. Pelo parágrafo primeiro, há a aplicabilidade imediata. Pelo parágrafo segundo, o tratado que versar sobre direitos e garantias fundamentais ingressaria como cláusula pétrea. Aí veio o parágrafo terceiro, para Cláudio um retrocesso, pois agora, para ingressar como norma constitucional, faz-se necessário aprovação por quorum qualificado, antes bastava a simples aprovação para o tratado ser tido como norma constitucional. Ai existem, doutrinariamente, diversas correntes sobre a natureza jurídica do tratado: supraconstitucional, constitucional, supralegal, legal. Hoje prevalece o entendimento de que os tratados sobre direitos humanos possuem nível constitucional e os demais possuem nível supralegal. Trata-se de construção criada para se manter um equilíbrio entre a vigência objetiva (na ordem internacional) e a subjetiva (na ordem interna). 
4.2. Preenchimento de lacunas – CLT, art. 8º e Enunciado 3, I, da I Jornada
O art. 8º, CLT afirma que na falta de dispositivos legais internos, o Juiz deve se socorrer ao direito comparado, outros ordenamentos internacionais. Quanto às Convenções da OIT incorporadas não há problema, mas e quanto às Convenções não incorporadas? O Enunciado 3, I, da I Jornada afirma que é possível serem aplicadas desde que haja lacuna no ordenamento. 
4.3. Diretrizes interpretativas – CLT, art. 8º e Enunciado 3, II, da I Jornada
Além disso, o Enunciado 3, II afirma que é possível utilizar convenções não ratificas e recomendações para reforçar uma decisão, ou como critério interpretativo. (ex: sorteio dos empregos).
-Obs: O objetivo dos enunciados da I Jornada é esclarecer tendências de jurisprudências futuras na Justiça do Trabalho. Esses enunciados são conclusões de juízes do trabalho feitas em 2007.
Normas Brasileiras Sobre O Meio Ambiente De Trabalho
1- Princípios ambientais constitucionais:
Desenvolvimento sustentável – CRFB, art. 170, VI. Engloba bens e serviços colocados no mercado.
1.2- Ubiquidade ou transversalidade – CRFB, art. 225, caput, primeira parte. Em todas as esferas da ordem jurídica é imprescindível a preocupação com o meio ambiente. Em tudo que se pretenda uma melhora na qualidadede vida, deve-se levar em consideração a proteção ao meio ambiente. ( principio onipresente)
1.3- Prevenção – CRFB, art. 225, caput, parte final. O dever de preservar e proteger o meio ambiente é do poder público e da coletividade.
1.4- Precaução – CRFB, art. 225 § 1º, IV e V. Aqui a prevenção se reforça, se evita o ato antes que o mesmo aconteça. Lá, na prevenção, se protege. 
1.5- Participação – CRFB, art. 225 § 1º, VI. Disseminar a conscientização pública e a educação ambiental na comunidade para que atue na prevenção e na precaução.
1.6- Poluidor-pagador – CRFB, art. 225 §§ 2º e 3º. Simples: poluiu, pagou. Possibilidade da responsabilização penal da pessoa jurídica.
1.7- Proteção plena do trabalhador: (art 7º, caput, da CF)
1.8 – Intervenção do Estado nos riscos 
2- Normas constitucionais voltadas para o meio ambiente de trabalho:
2.1- Direitos sociais – CRFB, art. 6º; art. 7º, IX, XIII, XIV, XV, XVI, XVII, XXII, XXIII, XXVIII, XXXIII e art. 39 § 3º. Esses são os três artigos sobre os direitos sociais. Os incisos citados no art. 7º dizem respeito a questões específicas de meio ambiente do trabalho. O servidor público estatutário não possui muitos direitos dos trabalhadores celetistas. Os que lhe são tocáveis estão previstos no art. 39 § 3º.
2.2- Direito à saúde – CRFB, art. 196 e art. 200, II e VIII. O primeiro assegura saúde a todos. O segundo regulamenta o papel do SUS, dentre suas incumbências, relacionado à saúde do trabalhador.
2.3- Na Constituição do Estado da Bahia – CEBA, arts. 218, 238, III e 239[2: “Art. 218. O direito ao ambiente saudável inclui o ambiente de trabalho, ficando o Estado obrigado a garantir e proteger o trabalhador contra toda e qualquer condição nociva à sua saúde física e mental”. / “Art. 238. Compete ao Sistema Único de Saúde, no Estado, além de outras atribuições: [...] III – desenvolver ações de saúde do trabalhador, inclusive a normatização, fiscalização e controle dos serviços de assistência à saúde e das condições, máquinas, equipamentos e ambiente de trabalho, riscos e potenciais agravos à saúde, no processo de trabalho” / “Art. 239. Ficam as empresas que submetam seus empregados à exposição de substâncias químicas, tóxicas ou radioativas, obrigadas a realizar periodicamente exames médicos individuais pertinentes, objetivando o acompanhamento da saúde do trabalhador e a adoção das medidas cabíveis, na forma da lei”.]
2.4- Na Lei Orgânica de Salvador – LOMSSA, arts. 204, IV, 222, XVI e 225 § 2º[3: “Art. 204. A saúde é direito de todos e dever do Município que integra com a União e o Estado o Sistema Único descentralizado de Saúde, cujas ações e serviços públicos, na sua circunscrição territorial, são por ele dirigidos, objetivando: [...] IV – assegurar condições dignas de trabalho, saneamento, habitação, alimentação, educação, transporte e lazer”. / “Art. 222. O Município, na forma da lei, formulará um Plano Municipal de Meio Ambiente e através de seus órgãos de administração direta e indireta promoverá: [...] XVI – requisitar a realização periódica de auditorias no sistema de controle da poluição e prevenção de riscos de acidentes, nas instalações e atividades de significativo potencial poluidor, incluindo a avaliação detalhada dos efeitos de sua operação sobre a qualidade física, química e biológica dos recursos ambientais, bem como sobre a saúde dos trabalhadores e da população afetada”. / “Art. 225. [...] § 2º O direito ao ambiente saudável inclui o ambiente de trabalho, ficando o Município obrigado a garantir e proteger o trabalhador contra toda e qualquer condição nociva à saúde física e mental”.]
3- Competências constitucionais quanto à proteção ambiental:
3.1- Competência legislativa privativa – CRFB, art. 22, I e Parágrafo Único. Cabe à União, e somente a ela, legislar sobre direito do trabalho. Agora pelo par. único, a União pode delegar essa competência legislativa para os Estados. Portanto, município não pode legislar sobre direito do trabalho.
3.2- Competência material comum – CRFB, art. 23, II e VI. Meio ambiente, saúde e segurança do trabalho é competência de todos entes.
3.2- Competência legislativa concorrente – CRFB, art. 24, VI, VIII e XII. Proteção do meio ambiente, responsabilidade pelos danos e defesa da saúde. 
4- Normas infraconstitucionais
4.1- Lei da Política Nacional de Meio Ambiente (LPNMA) – Lei 6.938/81
4.2- Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – Título II, Capítulo V
4.3- Normas de Seguridade Social – Leis 8.212/91 e 8.213/91; Decreto 3.049/99 (RPS)
4.4- Código Civil – CC, arts. 186, 187 e 927, Parágrafo Único
4.5- Código Penal – CP, arts. 132, 149, 197, I e 205[4: Tipos penais: “perigo para a vida ou saúde de outrem”, “redução a condição análoga à de escravo”, “atentado contra a liberdade de trabalho” e “exercício de atividade com infração de decisão administrativa”, respectivamente.]
4.6- Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (NRs)
4.7- Outras normas – CLT, art. 154
Aula 04:
Normas Gerais de segurança e medicina do trabalho
1. Abordagem inicial
A partir do advento da CF de 88 surgiu um novo paradigma. Antes só existiam medidas de caráter reparatório, não de caráter preventivo. Sendo que o que deve caracterizar a segurança do trabalho é justamente a adoção de medidas assecuratórias. Então, a prioridade deve ser muito mais de proteger o empregado do que de sujeita-lo a situação de risco para posteriormente indenizá-lo. O perfil que caracterizou o nosso sistema legislativo antes da CF sempre foi o da monetarização do risco. 
Redução dos riscos – CRFB, art. 7º, XXII
Estabelece como um dos direitos sociais do trabalho a adoção de medidas que visem à redução dos riscos no meio ambiente do trabalho por meio de normas de saúde, segurança e higiene. Fixa-se, então, um novo paradigma. As normas devem agora também adotar medidas de prevenção ao invés de tão somente monetarização, fixação da respectiva indenização. Logicamente, o conjunto normativo pré-existente foi recepcionado pela nova CF, ocorre que agora a ênfase, o espírito da norma deve ser guiado para a adoção de medidas preventivas, não simplesmente reparatórias.
Disciplina celetista – Capítulo V, Título II da CLT
Cabe ao Ministério do Trabalho regulamentar o conteúdo previsto na CLT mediante instrumentos normativos, as chamadas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho.
A verdade é que este conteúdo normativo se fez excessivamente de modo tecnicista e de cima para baixo, ou seja, sem participação dos maiores interessados, os trabalhadores. Atualmente, as NR’s são constituídas por comissões tripartides com representação do Estado e dos trabalhadores.
Complementação por outras normas estatais e negociadas – CLT, art. 154, parte final
Servem como exemplo as convenções e os acordos coletivos.
- Obs: Todo esse arcabouço normativo fixa regras tanto para o seguimento público quanto para o privado, tanto no plano individual como no coletivo.
-Obs: Súmula 736, TST: Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir a saúde, proteção, higiene e segurança do meio ambiente do trabalho.
2. Papel do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Papel exercido pelo Estado como órgão de controle e fiscalização das normas protetivas do meio ambiente do trabalho.
2.1. Estabelecimento de normas – CLT, art. 155, I 
Estabelece a competência legiferante do MTE sobre a matéria. É função do MTE estabelecer quais são as atividades perigosas, insalubres ou penosas, essa última regulamentação ainda não existe pois ainda falta a regulação por lei. Mas isso não exclui que acordos ou convenções coletivas estipulem a fixação desse adicional.
- Obs: O meio ambiente insalubre é divido em graus mínimo, médio e máximo, essa fixação também é estabelecida pelo MTE. Críticas são feitas a esse modelo, pois não leva em consideração as especificidades de cada trabalhador, ou seja, suas respectivas capacidades de tolerância. 
2.2. Supervisão – CLT, art. 155, II
Realização de campanhas nacionais de prevenção de acidentesde trabalho. 
Atribuição recursal – CLT, art. 155, III 
Rever as decisões proferidas pelas SIT’s (Secretaria de Inspeção do Trabalho).
Papel das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (antigas DRTs)
Representação no plano regional. Cada Estado possui uma SRTE.
3.1. Fiscalização – CLT, art. 156, I 
3.2. Estipulação de medidas para a regularização – CLT, art. 156, II
A depender da situação e do bom senso, a praxe estabeleceu a postura de, identificada a irregularidade, a auditoria dá um prazo para que seja corrigida. Não se faz a autuação de imediato. É o que se chama de dupla visita, também utilizada nas hipóteses do art. 627.
Autuação – CLT, art. 156, III
Fixação das multas, medida que pode ser combatida através de interposição de recurso ao superintendente e, a após, ao Ministério do Trabalho. 
O auditor pode inclusive promover o fechamento ou a interdição do estabelecimento. 
4. Papel dos empregadores
4.1. Cumprimento das normas – CLT, art. 157, I
-Obs: Na prática, as CIPA’s não têm muita atuação, são meramente de faixada. 
4.2. Orientação aos empregados – CLT, art. 157, II
As empresas não têm somente obrigação de fornecer o EPI, mas também de capacitar o empregado e exigir a utilização. Além de substituir os equipamentos depois do prazo de validade. A empresa não se exime da responsabilização pelo acidente pelo simples fornecimento do equipamento. A falta de utilização pode gerar despedida por justa causa. 
4.3. Adoção das medidas determinadas pela fiscalização trabalhista – CLT, art. 157, III 
4.4. Facilitação da fiscalização – CLT, art. 157, IV e art. 201, Parágrafo Único
O auditor fiscal quando cumpre sua função esta exercendo propriamente o poder de policia, por isso a empresa não pode vedar o acesso do auditor a qualquer ambiente. Pode inclusive usar de força polícia. Esse livre acesso não abrange o domicílio do empregador.
5. Papel dos empregados
5.1. Seguir as normas de proteção e as orientações do empregador – CLT, art. 158, I
Não pode deixar de utilizar o EPI alegando que reduz sua produtividade e, com isso, sua remuneração. 
5.2. Colaborar com o empregador no cumprimento das normas – CLT, art. 158, II
5.3. Ato faltoso do empregado – CLT, art. 158, Parágrafo Único
Em situação mais extrema, a não utilização do EPI pode gerar despedida por justa causa.
6. Norma Regulamentadora nº. 01 do MTE (NR-01)
Hoje existem 33 NR’s em vigor.
6.1. Abrangência das NRs – itens 1.1, 1.1.1, 1.5 e 1.6.1
Grande polêmica: a quem essa NR deve ser aplicada: em princípio, é aplicada ao setor público e privado. Naquele, também na administração direta quanto indireta, mas desde que em relação ao quadro celetista. 
Incluiu os trabalhadores avulsos, mas não fez referencia aos terceirizados. Mas hoje é pacifica a aplicação quanto a esses últimos. 
Em relação ao item 1.5, na Bahia existe a SESAT.
O item 1.6.6 prevê responsabilidade solidária do grupo econômico.
6.2. A polêmica sobre a aplicabilidade das NRs aos servidores públicos estatutários – NR-01, item 1.1, parte final, e CRFB, art. 39 § 3º c/c art. 7º, XXII e art. 5º § 1º
Pela vontade da Norma Regulamentadora, sua aplicação dirige-se somente ao âmbito celetista.
O art. 39 § 3º da CF indica quais os incisos do art. 7º têm aplicação na relação estatutária. Dentre eles, o inciso XXII, que se refere à adoção de normas protetivas do meio ambiente do trabalho de forma geral. Nessa linha, ainda que o legislador não adote normas específicas do regime estatutário, para o art. 5º os direitos sociais são normas de aplicabilidade imediata, o que ensejaria a produção de efeitos independentemente de qualquer objeção, nesse sentido, o Supremo recentemente decidiu que os servidores públicos também têm direito a greve, independente de ausência de regulação pela norma infraconstitucional. Inclusive, já existem alguns julgados pela aplicabilidade da NR, além disso, a doutrina majoritária também se posiciona nesse sentido. Contudo, a posição majoritária da jurisprudência é que não se aplica. Ainda não há decisão do STJ, nem do Supremo. 
Aula 05:
(...)
Aula- 05/04
Órgãos De Segurança E De Medicina Do Trabalho Nas Empresas
1. Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho: 
1.1. Fundamento legal do SESMT: CLT, art. 162. A constituição do SESMT vai depender da variante número de empregados X risco da atividade. Toda a disciplina minunciosa do SESMT é feita pela NR 04.
1.2. Finalidade do SESMT: A NR-04 aumentou o conceito do SESMT (ampliação desnecessária). 
Item 4.1 (atuação genérica) – Promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador. 
Item 4.12 (atuação e competência dos profissionais): i – intervenção técnica; ii – documentação e registro relacionados a incidentes que ocorreram no ambiente de trabalho; iii – finalidade pedagógica; 
Profissionais integrantes do SESMT (NR-04): 
Item 4.4 – Grupo de Medicina (médico do trabalho); Grupo de Engenharia (engenheiro de segurança do trabalho e técnico em segurança do trabalho); Grupo de Enfermagem (enfermeiro do trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho). 
Item 4.10 – Durante seu horário de atuação no SESMT, o profissional não pode exercer as atribuições da empresa, caso também seja por ela contratado. Dedicação exclusiva. Isso não quer dizer que só pode ter atuação no SESMT, pode ter outros empregos, mas não pode exercê-lo durante a atuação no SESMT.
Dimensionamento (NR-04): 
Item 4.2 – Duas variantes: número de empregados (eixo “x”) X risco da atividade (eixo “y”). No cartão de CNPJ da Receita vai ter o CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) da empresa. Os códigos são estabelecidos pelo IBGE (linha longitudinal). Para cada número de CNAE existe um grau de risco. Empresas que possuem menos de 50 empregados estão dispensadas de constituir SESMT independente do grau de risco da atividade. A empresa pequena pode contratar um SESMT externo. Todas as variantes estão contidas no Quadro II.
Extensão do SESMT a empresas prestadoras de serviços (NR-04):
Item 4.5 – Caso das terceirizadas. A responsabilidade em relação ao meio ambiente do trabalho não é subsidiária (como nos créditos trabalhistas), mas solidária. A responsabilidade não pressupõe o SESMT. Mesmo as empresas dispensadas do SESMT, respondem solidariamente.
SESMT comum (NR-04):
Item 4.14 – SESMT Comum para empresas que, individualmente consideradas, não precisariam constituir SESMT próprio. A organização se dará pelo sindicato patronal ou pelas próprias empresas (ex: lojinhas de shopping Center). 
Item 4.14.3 – SESMT Comum para empresas que, individualmente consideradas, deveriam constituir SESMT próprio. Requisitos: mesma atividade econômica (CNAE próximo - para evitar que a especialização dos profissionais do SESMT seja pulverizada). É necessário também convenção ou acordo coletivo do trabalho (únicas normas que podem piorar a situação do trabalhador). Além disso, deve ser no mesmo município ou em município limítrofe.
- Obs: Teoricamente, é possível terceirizar o SESMT, pois não é atividade fim da empresa, mas atividade meio. Mas, segundo a súmula 331 do TST, essa terceirização pode tornar-se ilícita se houver subordinação e pessoalidade. Jairo não concorda com a terceirização.
2 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
2.1 - Implantação – CLT, art. 163 e NR-05, itens 5.2, 5.3 e Quadro I
O SESMT é um órgão interno de prevenção com perfil técnico, constituído de profissionais especializados, ao passo que a CIPA tem perfil leigo, sendo composta pelos próprios trabalhadores.
A CLT remete a regulação da CIPA para a NR específica (NR 5), cujas disposições também se aplicam aos avulsos e às entidades gestoras de mão-de-obra.
A CIPA não é obrigatória para empresas com até 19 empregados, seja qual for a atividade. A partir de 20 empregados, a depender do risco da atividade, pode a CIPA ser obrigatória ou não.
2.2 - Composição – CLT, art. 164 e NR-05, itens 5.6.3 e 5.6.4
A CIPA tem composição paritária, visto que deve ter representantes dos empregadorese dos empregados. Não deve ter número ímpar de membros. Os representantes dos empregadores são indicados por eles e os dos empregados, que não precisam ser sindicalizados, são eleitos por estes, mediante escrutínio secreto e participação do sindicato, para fiscalizar o procedimento. 
Nas empresas pequenas e médias, o número de suplentes é igual ao de efetivos, mas, nas grandes, tal não costuma ocorrer.
Nas empresas não obrigadas a constituir CIPA, deverá haver um responsável pela prevenção. 	 
2.3 - Formalização – NR-05, itens 5.14 e 5.15
Para se formalizar a composição da CIPA, é preciso protocolar a ata de eleição e de posse na unidade local do MTE (Superintendências e Gerências) em até 10 dias após a eleição. Enquanto durar o mandato dos seus componentes, mesmo que haja redução do número de trabalhadores, o número de membro da CIPA não poderá ser reduzido. Em novas eleições, porém, pode-se adequar o número de membros. Pode-se, portanto, reduzir a quantidade de membros, se tiver havido alteração do número de empregados que modifique a classificação, respeitados os mandatos em curso.
Os eleitos têm garantia à manutenção do seu mandato até o fim, ainda que haja redução do número de trabalhadores, mas, em caso de extinção do estabelecimento, a CIPA é extinta.
2.4 - Atribuições – NR-05, item 5.16
As atividades da CIPA podem ser resumidas em três categorias:
a) Fiscalização: das condições de trabalho, dos fatores causais de acidente.
b) Coordenação ou suporte: deverá atuar coordenadamente com os empregados, sindicatos, empregador, SESMT, para melhorar as condições de trabalho.
c) Pedagógica: tem o papel de promover a conscientização dos trabalhadores acerca da efetiva adoção de medidas protetivas, promover a semana de prevenção de acidentes do trabalho, viabilizar aulas, palestras, dentre outras atividades.
2.5 - Funcionamento – NR-05, itens 5.23 a 5.28
A CIPA deve se reunir, pelo menos, uma vez por mês. Deve se reunir durante o expediente normal da empresa. Feita fora do expediente, conta como se fosse jornada extraordinária. Nem todos os membros precisam estar nas reuniões, mas devem ter uma cópia do que foi deliberado. As atas ficam no estabelecimento à disposição dos auditores fiscais do trabalho.
Reuniões extraordinárias deverão ser realizadas em 3 hipóteses: denúncia de situação de risco grave e iminente, se ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal ou se houver solicitação expressa de uma das representações (de um dos representantes dos trabalhadores ou empregadores).
Preferencialmente, suas decisões devem ser obtidas por consenso, mas, se não for possível, será realizada votação.
2.6 - Treinamento – NR-05, itens 5.32 a 5.36
A CIPA, ao contrário do SESMT, é formada por trabalhadores, em regra, sem especialização profissional. Antes da posse, assim, deve haver treinamento custeado pelo empregador, que deve abranger titulares e suplentes. Apenas em caso de CIPA recém-instalada será possível treinamento após a posse, o qual deve ser realizado no prazo de até 30 dias.
Empresas que não tenham obrigatoriedade de constituir CIPA podem ter uma pessoa para exercer as suas funções, a qual, se houver, deverá ser treinada anualmente.
O treinamento deve ser suficiente para que os membros da CIPA possam identificar os riscos e propor soluções. Deverá ser realizado durante o expediente normal e, se exorbitá-lo, dará ensejo ao pagamento de horas extras. Poderá ser realizado pelo SESMT, por entidade patronal ou profissional ou por profissional que possua conhecimentos sobre os temas ministrados. Assim que a empresa tiver o perfil dos profissionais que ministrarão o treinamento, deverá informar, por escrito, aos componentes atuais da CIPA.
2.7 - Processo eleitoral – NR-05, itens 5.38 a 5.44
Compete ao empregador convocar eleições para escolha dos representantes dos empregados na CIPA, no prazo mínimo de 60 dias antes do término do mandato em curso. Não há sanção prevista para o caso de não convocação no prazo, mas, se tal ocorrer, poderá o sindicato convocar.
O Presidente e o Vice Presidente da CIPA constituirão dentre seus membros, no prazo mínimo de 55 dias antes do término do mandato em curso, a Comissão Eleitoral – CE, que será a responsável pela organização e acompanhamento do processo eleitoral. 
No caso de 1º mandato da CIPA, a própria empresa constituirá a Comissão eleitoral. 
A inscrição dos candidatos será individual e a votação será por pessoa, não havendo a formação de chapas. Há garantia de emprego para todos os inscritos até a eleição. Para os eleitos, permanece a garantia até o fim do mandato.
A eleição deve ser feita com antecedência mínima de 30 dias antes do fim do mandato. O voto é secreto, e a apuração deve ser feita durante o expediente de trabalho, com fiscalização de representantes dos empregados e empregadores indicados pela comissão. Se houver abstenção de mais de 50%, a votação será inválida. Os mais votados tornam-se titulares e os menos votados tornam-se suplentes. Em caso de empate, assume quem tiver maior tempo de serviço.
As denúncias sobre o processo eleitoral deverão ser protocolizadas na unidade descentralizada do MTE, até 30 dias após a data da posse dos novos membros da CIPA.
2.8 - Garantia de intransferibilidade dos membros – NR-05, item 5.9
Pela CLT, pode haver transferência de estabelecimento sem anuência, desde que esta não acarrete mudança de domicílio. Já a NR 05 prevê a intransferibilidade de estabelecimento, propiciando proteção mais ampla aos membros da CIPA.
2.9 - Garantia de emprego do empregado eleito para cargo de direção – ADCT, art. 10, II, “a”; TST, Súmula 339; STF, Súmula 676; NR-05, item 5.8
Segundo o art. 165 da CLT, os titulares da representação dos empregados nas CIPAs (os eleitos, e não os indicados) não poderão sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a existência de qualquer destes motivos, sob pena de ser condenado a reintegrar o empregado.
Sem justa causa é toda a dispensa para a qual o empregado não concorre. Despedida arbitrária é toda para a qual o empregado não concorre e para a qual o empregador não fornece justificativa plausível. Apenas o art. 165 da CLT faz referência à despedida arbitrária. 
A CF, no entanto, vedou não apenas a despedida arbitrária, como também a sem justa causa. Segundo o Constituinte, fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato.
A súmula 676 do STF determina que a proteção alcança o suplente do cargo de direção. A súmula 339 do TST afirma que a garantia, desde a promulgação da CF, estende-se não só aos titulares, como também aos suplentes. A extinção de estabelecimento que não seja de empregador pessoa física é considerada dispensa sem justa causa. Os estáveis recebem o valor correspondente ao que receberiam até o fim da estabilidade. A estabilidade do cipeiro, porém, não diz respeito à pessoa do trabalhador, mas sim à garantia do exercício de suas funções, que somente tem razão de ser quando em atividade a empresa. Extinto o estabelecimento, assim, é impossível a reintegração e indevida a indenização do período estabilitário.
Aula 06:
Medidas de prevenção e proteção (Parte I)
1 - Equipamento de Proteção Individual (EPI)
- Definição – NR-06, item 6.1
Engloba equipamento (dispositivo) ou produto (coisa mais simples, que não possui aparato). O EPI protege a segurança e a saúde do trabalho. O termo “produto” foi inserido posteriormente.
- Fornecimento – CLT, art. 166 e NR-06, item 6.3
O empregador é obrigado a fornecer o EPI e a custeá-lo. Sobre o salário do empregador não incidirá nenhum desconto. Trata-se de aplicação da teoria do risco do empreendimento (art. 2º, CLT - o empregador arcará com o risco da atividade).
- Obs:Se houver implementação de medidas de proteção genéricas que resguardem a segurança e saúde do trabalhador, o uso de EPI será dispensado.
1.3. Deveres do empregador – NR-06, item 6.6.1 e TST, Súmula 289
O empregador possui algumas responsabilidades em relação ao uso de EPI:
A simples aquisição de EPI’s não exime o empregador do descumprimento da norma protetiva. O EPI deve ser específico;
O empregador tem o dever-poder de exigir o uso do EPI pelo empregado, podendo aplicar, inclusive, justa causa pela falta do uso;
O único EPI que exime o empregador é o aprovado pelo Ministério do Trabalho e emprego;
Orientar e treinar trabalhador pelo uso adequado;
Substituir imediatamente o EPI quando extraviado ou estragado. Descontos nos salários do trabalhador seguirão o disposto no art.462, CLT;
Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica;
Constatada a ineficiência do EPI, a mesma deve ser comunicada ao MTE pelo empregador
- Obs: Antes da EC 45, a competência da Justiça do Trabalho era em razão da pessoa. Hoje é em razão da matéria. Por isso, para Cláudio, existem hipóteses em que é possível a denunciação da lide.
f) Fazer o registro do fornecimento do EPI. Para fins de prova processual. 
- Obs: Súmula 289 do TST – O fornecimento do EPI não elimina o direito do adicional de insalubridade. Somente se do fornecimento resultar em neutralização do risco, o adicional não deverá mais ser fornecido. Mesmo havendo diminuição, o adicional ainda será devido, só que em grau menor. Além disso, o simples fornecimento não exime o empregador de responsabilidade, devendo o empregador também cobrar o uso. 
1.4. Deveres do empregado – NR-06, item 6.7.1
a) O EPI só deve ser utilizado no local de trabalho. Ex: jaleco;
b) O empregado deve responsabilizar-se pela guarda e conservação do EPI;
c) Comunicar o empregador sobre a ineficiência do EPI;
d) Obedecer ao empregador quanto às determinações de uso.
1.5. Certificado de Aprovação (CA) – CLT, art. 167 e NR-06, item 6.8.1
A CLT impõe obrigações ao fabricante/importador (expor à venda) e ao empregador (comprá-lo e utilizá-lo).
Se o empregador utilizar um produto sem o CA, será muito difícil desvencilhar-se da culpa. O empregador só irá dividir a responsabilidade se provar que o fabricante/importador expôs o produto como Autorizado pelo MTE. 
O fabricante/importador irá pedir o cadastro do produto. O MTE fornecerá uma senha de acesso ao sistema CAEPI. Aí serão registradas as qualificações do produto. Testes de adequação serão feitos por laboratórios credenciados pelo INMETRO.
1.6. Sistema CAEPI – Portaria MTE nº. 126/2009
Sistema informatizado através do qual a empresa (fabricante/importadora) se credencia para o fornecimento de CA para os EPI’s pretendidos.
Equipamento de Proteção Coletiva (EPC)
É melhor ter um EPC do que um monte de EPI. Ocorre que não existe nenhuma NR tratando de EPC. A definição de EPC se encontra no glossário da NR 10.
Definição – NR-10, item “8” do “Glossário”
“Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou móvel de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros”. 
Trata-se de dispositivo para assegurar medidas de proteção genérica. Não serve só para proteger o trabalhador, abrange também usuários e terceiros (clientes etc).
Priorização – NR-06, item 6.3 “a”
Nas entrelinhas, se constata que a proteção coletiva é prioritária em relação à proteção individual. Tanto que essa será obrigatória se a proteção coletiva não for capaz de neutralizar o risco.
Exemplos de EPC: redes, telas de proteção etc. O EPC fica na estrutura de maneira fixa ou móvel. O EPI fica no corpo do trabalhador.
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)
Existem algumas obrigações previstas em NR’s relacionadas a programas de proteção.
Objetivos – NR-09, item 9.1.1
Analisar e prevenir riscos ambientais do trabalho. Ao contrário do SESMT e da CIPA, todo mundo, em tese, é obrigado a constituí-la. Não existe parâmetro mínimo de exigibilidade. Então todos os empregadores devem elaborar esse programa.
Riscos ambientais – NR-09, item 9.1.5 e subitens
O PPRA destina-se a fazer o controle de agentes químicos (gases, ácidos etc.), físicos (ruído e vibração etc.) e biológicos (vírus, bactérias etc.) no ambiente de trabalho. Apesar disso, todo empregador deve elaborar o PPRA, mesmo que para somente descrever que não possui esse tipo de risco.
Estrutura e documentação – NR-09, item 9.2 e subitens
O PPRA deve ter planejamento anual, estabelecimento de metas, prioridades e cronogramas. Estratégia e metodologia de ação. Não basta identificar o risco, deve-se estabelecer o agir. Registro dos dados coletados. Periodicidade, sendo que o posterior deve fazer referência ao que tinha no anterior e o que foi melhorado.
Abrangência – NR-09, item 9.3.1
Deve prever as seguintes situações: 
a) antecipação e reconhecimentos dos riscos;
b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;
d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;
e) monitoramento da exposição aos riscos;
f) registro e divulgação dos dados.
- Obs: O PPRA pode ser implantado pelo SESMT ou por alguém fora desse quadro, mas com habilitação técnica para tanto (pode ser uma pessoa de nível médio, não se exige qualificação específica).
3.5. Medidas de controle – NR-09, item 9.3.5.1
a) A fase de antecipação se refere à antes da atividade ser desenvolvida.
b) A fase de reconhecimento se refere ao desenvolvimento da atividade.
c) É possível que uma atividade por si só não gere risco. Mas é possível que em determinadas circunstâncias da atividade o risco seja visível. 
d) Aqui o risco é visível na fase de exames médicos.
3.6. EPC e EPI no âmbito do PPRA – NR-09, itens 9.3.5.2 a 9.3.5.5
Como o empregador deve lidar com as medidas de eliminação ou diminuição do risco.
A primeira providência a ser adotada deve ser a tentativa de eliminação do risco. A segunda providência é impedir a proliferação. A terceira medida é diminuir o nível de concentração do agente. A última medida, então, seria o uso do EPI.
- Obs: As empresas preferem pagar o adicional de insalubridade a investir em medidas de prevenção.
3.7. Nível de ação – NR-09, item 9.3.6 e subitens
Nível de ação é o marco divisório para a intensificação das medidas de proteção. 
Aula 07:
Medidas De Prevenção E Proteção (Parte 2)
1 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)
1.1 - Objetivos – NR-07, itens 7.1.1 e 7.2.3
Promoção e preservação da saúde do conjunto de trabalhadores. Promoção é estimular a prevenção, não bastando atacar a enfermidade. Trata-se de estímulo à preservação da saúde tanto por parte dos empregadores, como por parte dos empregados. Medidas que devem ser adotadas antes da enfermidade ocorrer.
1.2. Empregadores obrigados e desobrigados – NR-07, item 7.3.1 e 7.3.1.1
O PCMSO é de custo exclusivo da empresa. Mesmo que a legislação não dispusesse expressamente, o art. 2º da CLT já levaria a essa conclusão.
O PCMSO admite a coordenação pelo médico não empregado da empresa desde que a empresa esteja desobrigada a ter um médico do trabalho em seu SESMT. Seria o caso das empresas de menor porte. 
- Obs: Os exames admissionais fazem parte do PCMSO e podem ser feitos por clínicas credenciadas à empresa, quando esta não possuir SESMT.
1.3. Exames médicos – CLT, art. 168, I a III e §§ 1º e 2º; NR-07, itens 7.4.1 a 7.4.2.3
Pela CLT, são exigidos três exames: admissional, demissional (exame de dispensa) e periódico. A NR-07 acrescenta mais dois: retorno ao trabalho e mudança de função.
“Anamnese ocupacional” significa entrevista. 
Assim como o exame físico e mental, a entrevista não restrita ao exame admissional.
1.4. Periodicidade dos exames – CLT, art. 168 § 3º; NR-07, item 7.4.3 e subitens
Variáveis da CLT: risco da atividade e tempo de exposição ao risco.
O exame periódico é, em regra, anual, em casode risco de doença ocupacional ou de doença crônica. 
Se não houver risco, o exame será bienal para quem tem entre 18 e 45 e anual para quem tem menos de 18 e mais de 45. Então a NR 07 acrescenta mais essa variante: idade do trabalhador.
1.5. Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) – CLT, art. 168 § 5º; NR-07, item 7.4.4
Uma via fica com a empresa e a outra com o trabalhador. Deve ser emitido após a realização dos exames.
1.6. Primeiros socorros – CLT, art. 168 § 4º e NR-07, item 7.5.1
Trata-se de previsão genérica tanto na CLT quanto na NR 07.
1.7. Elaboração do relatório escrito do PCMSO – NR-07, item 7.4.6 e subitens
Assim como o PPRA, o PCMSO deverá ser elaborado anualmente. O PPRA tem como foco o risco ambiental. O PCMSO tem como foco o agravo à saúde.
Programa de Conservação Auditiva (PCA)
O PCA é um anexo de um quadro da NR 07. Possui como objetivos: promoção e preservação da saúde auditiva. Possui um espectro mais específico do que o PCMSO.
2.1. Exposição a ruído – NR-07, Quadro II, Anexo I, itens 1.1 e 1.2
Será realizado nos trabalhadores expostos a ruídos intensos.
2.2. Exames audiométricos – NR-07, Quadro II, Anexo I, itens 3.1 e 3.3
Os trabalhadores serão submetidos aos exames audiométricos independentemente do uso de EPI’s, se encaixarem-se nas situações previstas nos Anexo I da NR 15 (Ruído contínuo/intermitente) e Anexo II da NR 15 (Ruído de impacto).
O exame será feito por médico ou fonoaudiólogo. 
2.3. Diagnóstico e prevenção – NR-07, Quadro II, Anexo I, itens 5.1 e 6.1
O diagnósico será feito pelo médico coordenador do PCMSO ou pelo médico que assiste o trabalhador. 
3. Programa de Proteção Respiratória (PPR)
3.1. Aerodispersoides – CLT, art. 190, Parágrafo Único; Norma PPR da FUNDACENTRO
Quando a CLT denomina de “aerodispersóides” se refere a partículas que ficam suspensas no ar que podem ser inaladas pelo trabalhador (podem ser solidas ou gasosas). 
A FUNDACENTRO é uma autarquia vinculada ao MTE.
Existe um tipo de respirador para cada tipo de agente dispersóide.
3.2. Elaboração do documento do PPR – IN 01/04, art. 1º § 2º
3.3. Administração do PPR – Norma PPR da FUNDACENTRO, item “2”
Quem deve gerenciá-lo? Uma só pessoa. Preferencialmente deve ser um medico do trabalho, higienista ocupacional ou engenheiro de segurança do trabalho
EPR (Equipamento de Proteção Respiratória) – IN 01/94, art. 1º, caput, e art. 3º
EPR é uma espécie de EPI. Logo, todas as restrições relacionadas ao EPI cabem ao EPR. A mais, o EPR deve ter, na sua obrigatoriedade, um manual de instruções expresso. 
-Obs: Nem a PCA nem o PPR exigem um quantitativo mínimo de empregados. Basta haver a exposição do risco na empresa. O PCMSO deve ser elaborado por toda empresa.
Aula 08:
Condições Ambientais Do Estabelecimento De Trabalho
1. Edificações
1.1. Pé-direito – CLT, art. 171 e NR-08, item 8.2
O pé direito é a altura líquida, não da construção, mas do piso ao teto.
O mínimo poderá ser reduzido se o trabalhador puder desenvolver suas atividades em condições de conforto e salubridade.
Pela CLT, mínimo de três metros, mas pode ser diminuído por NR. Pela NR-08, não tem mínimo, adotam-se as posturas municipais (leis que os municípios editam par regular certos aspectos).
Salvador possui pelo menos duas regulações nesse sentido: 
Código de Obras (Lei Municipal 3903/88). Para utilização prolongada: 2,60 m. Para utilização eventual: 2,30 m. Então, aqui na cidade, são esses valores que valem
PDDU.
1.2. Circulação – CLT, art. 172 e NR-08, item 8.3.1
Os pisos e locais de trabalho não devem ter depressões e saliências que prejudiquem a circulação. Texto tanto da CLT como da NR.
1.3. Aberturas em pisos e paredes – CLT, art. 173 e NR-08, itens 8.3.2 e 8.3.6
As aberturas serão protegidas de forma a evitar a queda de pessoas ou objetos. De que forma se dará essa proteção? A NR traz os requisitos específicos: altura e espaço entre os vãos.
1.4. Manutenção – CLT, art. 174 e NR-08, item 8.3.5, item 8.4 e subitens
Todas as paredes, externas e internas, devem oferecer proteção contra intempéries (raios solares, chuvas, ventos, poeira); isolamento acústico, térmico e resistência estrutural – não só na construção, como também na reforma e na adaptação. 
2. Iluminação
2.1. Adequação – CLT, art. 175 e NR-17, item 17.5.3 e subitens; ABNT NBR 5413
Pela CLT, a iluminação deve evitar ofuscamento e reflexos incômodos, ser uniformemente distribuída e deve respeitar níveis mínimos de iluminamento. Deve ser geral, abranger todo o estabelecimento e difusa, atingir todos trabalhadores. A iluminação deve atingir a todos e de maneira uniforme.
Pela NR 17, o que seria geral e suplementar? A iluminação deve atingir a todos, mas na impede que em algumas partes seja reforçada, a fim de suprir deficiência pontual da iluminação geral 
Pela CLT é o MTE que deve fixar os níveis mínimos. Já pela NR – 17, esses devem ser fixados pela ABNT (NBR 5413)
2.2. Adicional de insalubridade – TST, OJ Transitória 57 da SDI-1 e Anexo 4 da NR-15
Questão polêmica: até 25/02/1991 o trabalhador que laborasse em local de iluminação deficiente teria direito a perceber adicional de insalubridade (Anexo 4 da NR-15). Ocorre que esse anexo foi revogado e a NR 17 não dá mais direito à insalubridade. Contudo, essa revogação pode ser questionada quanto a sua constitucionalidade, pois está a se compactuar com o aumento do risco e não com a sua redução. 
- Obs: O TST possui 8 turmas. Cada turma tem 3 ministros. Quais são os outros 3? Presidente, Vice-presidente e Corregedor Geral.
3. Conforto térmico
3.1. Modalidades de ventilação – CLT, art. 176
Não há NR sobre o tema. A CLT não estabeleceu prioridade quanto à iluminação artificial ou natural. Em se tratando de ventilação, a natural será prioritária quanto à artificial.
3.2. Manutenção do conforto térmico – CLT, art. 177
Quando o próprio local de trabalho não tiver as mínimas condições de conforto térmico, o empregador terá que re-estabelecer sua estrutura (intervenção estrutural no estabelecimento).
3.3. Regulamentação administrativa – NR-15, Anexo 3 e Portaria GM/MS 3.523/98
A NR 15 trata de insalubridade e estabelece parâmetros para o conforto térmico relacionado ao calor (anexo 3). Já o anexo estabelece parâmetros para as condições de frio.
A Portaria GM/MS 3.523/98 regula condições de qualidade do ar em estabelecimentos interiores (ar-condicionado). 
4. Instalações elétricas
4.1. Alcance da proteção – CLT, art. 179 e NR-10, itens 10.1.1 e 10.1.2
As normas têm abrangência ampla, pois vão desde o projeto das instalações elétricas até a sua manutenção
4.2. Intervenção de profissional autorizado – CLT, art. 180 e NR-10, itens 10.8.1 a 10.8.6	
4.3. Medidas de controle – NR-10, itens 10.2.8, 10.2.9 e respectivos subitens
A CLT impõe que seja “profissional qualificado”. Já a NR estabelece que seja “trabalhador autorizado”, dividindo-o em três categorias: qualificado (o que tem curso – ex: SESI), habilitado (o que tem curso, registro no órgão de classe) e capacitado (o que tem curso e é supervisionado).
Medidas de controle são aquelas a serem adotadas para prevenir acidentes de trabalho por motivos elétricos. A principal medida de coletiva é a desenergização elétrica (a manipulação só se deverá realizar com o desligamento da tensão, se não for possível, a mesma deverá pelo menos ser reduzida), ainda assim, se não for possível, outras medidas deverão ser tomadas. Medidas individuais: as vestimentas devem ser compatíveis com a atividade elétrica, adornos pessoais também devem ser proibidos. 
4.4. Situações de emergência – CLT, art. 181 e NR-10, item 10.12 e subitens
Os trabalhadores em eletricidade devem receber curso que preveja medidas de primeiros socorros. 
4.5. Responsabilidades – NR-10, item 10.13.1
Em caso de meio ambiente do trabalho, a responsabilidade é solidária quanto à terceirização. 
- Obs: Portaria que instituiu as NR’s originais: 3214/78.
Aula 09:
Materiais e Equipamentos no Estabelecimento de Trabalho. 
1. Movimentação, armazenagem, manuseio e transportede materiais
Movimentação de materiais – CLT, art. 182, I; NR-11, itens 11.1.1, 11.1.2 e 11.1.7
Na construção civil, há uma pequena concessão por parte da NR 18.
A abertura das paredes e poços de elevadores com intuito de economizar é vedado, contudo, é permitido para a passagem de cargas. A idéia é que o elevador pare no nível do pavimento. Se parar fora, a saída deverá estar corrigida por corrimão.
Os equipamentos motorizados devem ter buzina. 
1.2. Manuseio e armazenagem – CLT, art. 182, II; NR-11, itens 11.3.1, 11.3.3 e 11.4.1
O peso que o piso agüenta é denominado de “PEI”.
É necessário um espaço de 50 cm entre o empilhamento de material e a parede do estabelecimento. Dois motivos: permitir um escoamento em situação de emergência e não forçar a parede com sobrecarga.
Sobre o armazenamento de rochas e chapas diversas, deve-se obedecer a regulamento específico.
1.3. Transporte de carga – CLT, art. 182, III; NR-11, item 11.1.3.2
Não se pode utilizar equipamento de transporte de material sem a indicação da carga máxima suportada.
1.4. Transporte de pessoas – CLT, art. 182, Parágrafo Único; NR-11, item 11.1.3.3
As disposições de transporte de trabalho aplicam-se ao transporte de pessoas (CLT). Para as NR’s devem ser estabelecidas condições especiais de segurança. Mas essa disposição também é muito vaga!
- Obs: O transporte de pessoas no trabalho rural também ainda não possui regulamentação específica.
1.5. Familiarização do trabalhador – CLT, art. 183; NR-11, itens 11.1.5, 11.1.6 e 11.1.6.1
A CLT exige que a atividade de levantamento de cargas só poderá ser exercida por pessoas especializadas e habilitadas em categoria B.
2. Máquinas e equipamentos
2.1. Dispositivos de partida e parada – CLT, art. 184, caput e NR-12, itens 12.2.1 e 12.2.4
A máquina deverá ser ligada e desligada do posto de trabalho do operador. O dispositivo não pode estar instalado numa zona de perigo da máquina. As máquinas também devem ter outro dispositivo para que, em caso de emergência, outra pessoa que não seja operador possa ligá-la ou desligá-la. O dispositivo também deve ser projetado para impedir o acionamento acidental (pode ser por duplo comando – exigido para algumas máquinas em normas técnicas especificas). 
O acionamento de máquinas de grande porte (jumbonas) por único comando exige alerta por sinal de alarme.
2.2. Outros dispositivos de prevenção – CLT, art. 184, caput e NR-12, itens 12.3.3 e 12.3.4
As máquinas que têm possibilidade de parte do equipamento ser projetado para fora devem ter anteparos para a proteção do trabalhador (ex: máquina de costura industrial, a agulha quebra facilmente).
Da mesma maneira, maquinas que projetam parte do material utilizado (ex: solda).
2.3. Comercialização – CLT, art. 184, Parágrafo Único; NR-12, itens 12.5.1 e 12.5.2
Maquinário não pode ser comercializado se não tiver equipamentos com anteparos de proteção ao trabalhador. O simples fato de se importar uma maquina que não tenha o dispositivo de proteção no projeto original não exime o empregador de adaptá-la antes de entrar em funcionamento. Se, porventura, estiverem funcionando sem esses anteparos, os equipamentos serão interditados.
2.4. Manutenção – CLT, art. 185 e NR-12, item 12.6.2
A manutenção só pode ser feita por pessoas credenciadas a empresa. Na manutenção, devem estar desligadas, salvo se o movimento for indispensável à manutenção.
2.5. Medidas preventivas externas – CLT, art. 186 e NR-12, itens 12.1.4 e 12.1.5
A distancia de uma maquina para outra é de, no mínimo, de 60cm a 80 cm. Além disso, as áreas de circulação deverão estar com sinalização de segurança.
3. Caldeiras e vasos de pressão
3.1. Segurança nas caldeiras e vasos – CLT, art. 187; NR-13, itens 13.1.4 e 13.6.2
Para a NR a falta de instrumentos de segurança ou de instrumentos de monitoramento de segurança da caldeira ou do vaso de pressão constitui risco grave e eminente presumido.
- Obs: A maioria dos riscos graves e iminentes depende da análise em concreto do auditor do trabalho. Essa não, é estabelecida pela lei. Ocasiona a interdição imediata do equipamento.
- Obs: A presunção é classificada em “hominis” (baseada em máximas de experiência) e “juris” (et de jure ou tantum).
3.2. Instalação e inspeção das caldeiras e vasos – CLT, art. 188, caput e § 3º; NR-13, itens 13.5.1, 13.5.2, 13.5.3, 13.5.9; 13.10.1, 13.10.2, 13.10.3 e 13.10.5
Três espécies de inspeção: inspeção inicial se dá antes de entrar em funcionamento; a inspeção periódica varia de 12 a 40 meses a depender do porte da caldeira; a inspeção extraordinária se dá quando a caldeira representar risco real de acidente (ex: caldeira danificada, submetida a alteração ou reparo importante, colocada em funcionamento após seis meses de parada, mudança de local de instalação da caldeira etc.). 
3.3. Documentação das caldeiras e vasos – CLT, art. 188 §§ 1º e 2º; NR-13, itens 13.1.3, 13.1.6 e 13.6.4
Pela CLT, um dos documentos necessários deve indicar a PMTP (Pressão Máxima de Trabalho Permitida - a pressão máxima que a caldeira pode suportar).
Já a NR-13 confunde com PMTA (Pressão Máxima de Trabalho Admissível). Para a engenharia de segurança do trabalho não é a mesma coisa, por “admissível” deve-se entender que se tolera que a caldeira trabalhe naquele nível, mas é altamente recomendável que o mesmo seja diminuído por questão de segurança.
Documentação obrigatória. A caldeira precisa de 5 documentos básicos. 
Habilitação dos profissionais – NR-13, itens 13.1.2, 13.3.6, 13.8.5 e Anexos I-A e I-B
A CLT não fala sobre a habilitação dos profissionais.
Para a NR-13, o sujeito precisa ser formado em curso técnico normalmente oferecido pelo SESI, tanto para operadores de caldeiras quanto para operadores de vaso de pressão. Necessita ter concluído o ensino fundamental. 
4. Fornos	
4.1. Construção – CLT, 187, Parágrafo Único; NR-14, item 14.1
Os fornos devem ser construídos solidamente e com material interno refratário (que não permite a dissipação do calor). 
4.2. Mecanismos de proteção – CLT, art. 187, Parágrafo Único; NR-14, itens 14.3 e 14.3.1
Retrocesso da chama é quando a mesma adentra pelo tudo de distribuição de gases.
Aula 10: 
Insalubridade
1. Configuração
1.1. Na lei – CLT, art. 189
O que configura a insalubridade? A insalubridade acarreta lesão gradativa à saúde. A periculosidade (explosivo, inflamável ou “eletricidade”) gera um dano pontualmente, ato único. 
1.2. Na Norma Regulamentadora nº. 15. São atividades insalubres: as que extrapolem o limite de tolerância; as de enquadramento automático; as de comprovação por laudo.
1.2.1. Extrapolação do limite de tolerância – NR-15, itens 15.1.1 e 15.1.5[5: Casos seguintes: trabalho com ruído contínuo ou intermitente (Anexo 1); trabalho com ruídos de impacto (Anexo 2); trabalho com exposição ao calor (Anexo 3); trabalho com radiação ionizante (Anexo 5); trabalho com exposição a agentes químicos de baixa lesividade, como é o caso de álcool, ácidos, cloro, gás carbônico, etc. (Anexo 11); trabalho com exposição a poeiras minerais (Anexo 12).]
Não é o fornecimento do EPI que isenta da obrigação. O que importa é se ultrapassa ou não o limite de segurança.
1.2.2. Enquadramento automático – NR-15, item 15.1.3[6: Casos seguintes: trabalho sob condições hiperbáricas (Anexo 6); trabalho com exposição a agentes químicos de alta lesividade, como arsênico, benzeno, sílica, mercúrio, etc. (Anexo 13); trabalho com exposição a agentes biológicos (Anexo 14).]
O simples fato de trabalhar nessas circunstâncias já gera direito ao adicional de insalubridade, não se afere o grau de exposição e tolerância.
1.2.3. Constatação por laudo – NR-15, item 15.1.4 e NR-09, item 9.3.5.1 “c”[7: Casos seguintes: trabalho com radiação não-ionizante – micro-ondas, ultravioletas e laser (Anexo 7); trabalho sujeito a vibrações (Anexo 8); trabalho sujeito a frio (Anexo 9); trabalho sujeito à umidade (Anexo 10).]
Os outros dois casos também precisam de laudo. Então qual seria a diferenciação? Critério didático: a NR 15 não estabeleceparâmetros mínimos nesses quatro casos: anexos 7 (radiação não-ionizante), 8 (vibrações), 9 (frio), 10 (umidade). A NR é, dessa forma, extremamente lacônica, mas isso não deve acarretar arbitrariedade. Fundamentação: É obrigação do empregador adotar medidas que diminuam o risco de insalubridade. Se tanto não for possível, deverão ser adotados os parâmetros da CGIH (ABNT americana), conforme dispõe a NR-09. Assim, serão esses parâmetros que deverão guiar o referido laudo médico para avaliação dos quatro casos. 
2. Tipificação
2.1. Enquadramento – CLT, art. 190; STF, Súmula 194; TST, OJs 4 e 173 da SDI-1
A jurisprudência tem entendido que só é atividade insalubre aquilo que constar na NR-15.
Súmula do STF: A Lei tem que prever a atividade para depois a NR especificar? Não. A própria NR já pode prever quais atividades serão consideradas insalubres.
OJ 4: por mais que a atividade seja lesiva, deve estar enquadrada na NR-15. Mexer com lixo não dá direito. Tem que ser lixo urbano. Em shopping e em condomínio de grande porte são considerados urbanos. Em escritório e domicílio, não.
OJ 173: O fato de trabalhar em céu aberto não enseja adicional, porque não está previsto na NR-15. Deve-se tentar enquadrar em calor ou lixo urbano.
2.2. Desclassificação – TST, OJ 345 da SDI-1 e OJ 57 Transitória da SDI-1.
É possível que uma atividade tida como insalubre seja posteriormente classificada como perigosa, desde que seja através de NR.
Apesar do anexo 5 da NR-15 não ter sido revogado expressamente, para a jurisprudência (OJ 345) a radiação ionizante deve ser tida como atividade perigosa, nesse sentido a alteração da NR-16 em 2003.
Para o anexo 4 da NR-15, quem trabalhava em ambiente de baixa iluminação também tinha direito a adicional de insalubridade. Para a jurisprudência, é possível a retirada de uma atividade do rol das que dão direito ao adicional, mesmo que continue causando prejuízo à saúde do trabalhador; foi o que ocorreu com o caso do trabalho em ambiente em baixa iluminação. Crítica: e o princípio da proibição ao retrocesso social? A Justiça do Trabalho deve buscar a melhoria da condição dos trabalhadores. As normas devem sempre visar à redução do risco, não ao seu aumento. 
3. Eliminação ou neutralização da insalubridade
3.1. Medidas relacionadas ao ambiente de trabalho – CLT, art. 191, I
Pode-se deixar de pagar o adicional de insalubridade - no caso dos limites de tolerância e do padrão americano [não se consideram os anexos 6 (atividade hiperbárica), 13 (agentes quimicos), 14 (agentes biológicos] - caso se constate que o nível de exposição está abaixo do limite do mesmo. 
Eliminação é a retirada do risco e a neutralização é a retirada dos efeitos.
Pode-se fazer alteração na estrutura do ambiente do trabalho ou fornecer EPI.
3.2. Medidas voltadas à pessoa do trabalhador – CLT, art. 191, II e TST, Súmulas 80 e 289
Fornecimento de EPI baixando o nível de exposição para dentro do limite de tolerância.
3.3. Medidas administrativas – CLT, art. 191, Parágrafo Único e En. 50 da I Jornada[8: 50. INSALUBRIDADE. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO À DRT. Constatada a insalubridade em ação trabalhista, o juiz deve oficiar à Delegacia Regional do Trabalho para que a autoridade administrativa faça cumprir o disposto no art. 191, parágrafo único, da CLT.]
Uma vez denunciada a insalubridade em determinada empresa, a DRT fixará prazo para o empregador eliminá-la. Na prática, as empresas não eliminam, mas são notificadas para fazerem a perícia, e dessa constatação são obrigadas ou não a pagar o adicional.
4. Adicional de insalubridade
4.1. Percentuais e base de cálculo – CLT, art. 192; STF, SV 4 e TST, Súmula 228
O adicional de insalubridade só possui três parâmetros: mínimo (10%), médio (20%) e máximo (40%). 
Incide sobre o quê? Pelo art. 192, a base de cálculo é o salário mínimo. Pela Súmula Vinculante 4, o salário mínimo não pode servir como indexador, sendo vedada a sua vinculação a qualquer fim. Então a base de cálculo vai ser o quê? Vai depender da decisão do Juiz? A súmula também o proibiu. Assim, ao invés de resolver o problema, o Supremo piorou a situação. Assim, a Corte Constitucional está sendo submetida a uma situação absurda de ter que interpretar sua súmula. Nesse interregno, o TST editou a súmula 228 prevendo que a base de cálculo seria o salário base. Por Reclamação Constitucional, essa Súmula foi suspensa. Os Acórdãos atuais estão decidindo que enquanto não houver lei que redefina a base de cálculo, deverá continuar sendo aplicado o salário mínimo. Então, salvo se não houver acordo coletivo estipulando expressamente o salário base para cálculo do adicional, continuará sendo o salário mínimo.
- Obs: Salário total + remuneração em sentido estrito = remuneração em sentido amplo.
- Obs: O salário total é constituído pelo salário básico + adicionais + gratificações + prêmios + abonos + comissão.
- Obs: Remuneração em sentido estrito é o que é pago por terceiros: gorjetas, gueltas (pagamento por fora, ex: farmácia), direito de imagem.
- Obs: Participação nos Lucros e Resultados, diárias, ajuda de custo e vale-transporte estão fora disso tudo. 
4.2. Intermitência – TST, Súmula 47
O trabalho executado em caráter intermitente não afasta o direito à percepção do adicional. Será proporcional ao tempo de exposição ou será integral? Para o TST será integral. A intermitência não interfere na integralidade.
4.3. Direito adquirido – TST, Súmula 248
Não se pode prejudicar o trabalhador no curso do seu contrato de trabalho. Na CLT, princípio da inalterabilidade contratual lesiva.
Se o camarada recebia o adicional e agora está em condição de trabalho que não mais justifique, o empregador pode retirar o adicional. É o entendimento da Súmula 248 do TST.
Por que isso não fere o direito adquirido? A característica de todo adicional é que é salário condição. Da mesma forma ocorre com os adicionais de hora extra, de hora noturna etc. Ou seja, são devidos enquanto a circunstância durar. E a força atrativa do salário? Trata-se do problema da consolidação tácita das cláusulas contratuais.
4.4. Cumulação – NR-15, item 15.3 e Decreto 1.254/94 (Conv. 155 da OIT, art. 11, “b”)
No caso de um trabalhador estar exposto a mais de uma forma de uma atividade insalubre, não poderá acumular os adicionais, devendo receber apenas o maior.
Contudo, a Convenção da OIT estabelece que esses adicionais deverão ser acumulados, portanto, nesse ponto, a NR-15 é ilegal.
5. Compensação de horários – CLT, art. 60; TST, Súm. 349 e En. 49 da I Jornada[9: 49. ATIVIDADE INSALUBRE. PRORROGAÇÃO DE JORNADA. NEGOCIAÇÃO COLETIVA. INVALIDADE. O art. 60 da CLT não foi derrogado pelo art. 7º, XIII, da Constituição da República, pelo que é inválida cláusula de Convenção ou Acordo Coletivo que não observe as condições nele estabelecidas.]
Pelo art. 60 da CLT, qualquer acréscimo de jornada além do previsto na CF somente será possível se houver autorização do Ministério do Trabalho e Emprego. Para a súmula do TST, se houver acordo ou convenção autorizando a compensação de jornada, admite-se a prorrogação sem inspeção e autorização do MTE. 
Pelo enunciado 49 da I Jornada (maioria dos juízes do trabalho), essa súmula viola a Constituição. É o entendimento de Cláudio. 
Aula 11:
Periculosidade
1. Configuração
1.1 - Na lei – CLT, art. 193, caput
Atividade perigosa, segundo a CLT é aquela que envolve o manuseio de explosivos e inflamáveis.
1.2 - Na Norma Regulamentadora n. 16
a) Explosivos – NR-16, item 16.5: são consideradas atividades perigosas as executadas com explosivos sujeitos a degradação química (quebra de moléculas ou ligações por agentes externos) ou autocatalítica (quebra interna feita por indução); ou à ação de agentes exteriores, tais como calor, umidade, faíscas, fogo, fenômenos sísmicos, choque e atritos (ex: o manuseio de pólvora dá direito a periculosidade).
b) Inflamáveis – NR-16, item 16.6: são também consideradas perigosas as operações de transporte de inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos, excluindo-se o transporteem pequenas quantidades, até o limite de 200 litros para os inflamáveis líquidos e 135 quilos para os inflamáveis gasosos liquefeitos. As quantidades de inflamáveis contidas nos tanques de consumo próprio dos veículos não serão consideradas para esse efeito.
2. Hipóteses adicionais
2.1. Eletricidade – Lei 7.369/85, art. 2º; Decreto 93.412/86, art. 2º[10: Art. 1º. O empregado que exerce atividade no setor de energia elétrica, em condições de periculosidade, tem direito a uma remuneração adicional de trinta por cento sobre o salário que perceber. Art. 2º. No prazo de noventa dias o Poder Executivo regulamentará a presente Lei, especificando as atividades que se exercem em condições de periculosidade.][11: Art. 1º. São atividades em condições de periculosidade de que trata a Lei nº 7.369, de 20 de setembro de 1985, aquelas relacionadas no Quadro de Atividades/Área de Risco, anexo a este decreto. Art. 2º. É exclusivamente suscetível de gerar direito à percepção da remuneração adicional de que trata o artigo 1º da Lei nº 7.369, de 20 de setembro de 1985, o exercício das atividades constantes do Quadro anexo, desde que o empregado, independentemente do cargo, categoria ou ramo da empresa: I – permaneça habitualmente em área de risco, executando ou aguardando ordens, e em situação de exposição contínua, caso em que o pagamento do adicional incidirá sobre o salário da jornada de trabalho integral; II – ingresse, de modo intermitente e habitual, em área de risco, caso em que o adicional incidirá sobre o salário do tempo despendido pelo empregado na execução de atividade em condições de periculosidade ou do tempo à disposição do empregador, na forma do inciso I deste artigo. § 1º. O ingresso ou a permanência eventual em área de risco não geram direito ao adicional de periculosidade. § 2º. São equipamentos ou instalações elétricas em situação de risco aqueles de cujo contato físico ou exposição aos efeitos da eletricidade possam resultar incapacitação, invalidez permanente ou morte.]
Desde 1985, trabalhar em linhas elétricas acarreta o direito à adicional de periculosidade (Lei 7369/85). Para a CLT permanecem as duas únicas hipóteses. A regulação técnica não está na NR-16, mas no Decreto 93.412/86 incapacitação, invalidez permanente ou morte.
Outra hipótese que não está prevista na CLT é a das radiações ionizantes (que têm o poder de provocar manipulação de átomos, que provoca alteração no núcleo do átomo). Para seres humanos, podem acarretar deformação celular, os casos mais comuns são: atividade nuclear e Raio X. 
2.2. Radiações ionizantes – TST, OJ 345 da SDI-1 e NR-16, Anexo “extra”
Questionou-se a legalidade de uma portaria do MTE que modificou a natureza da atividade. Os outros três vieram por lei, a radiação ionizante não. Isso é possível? Para a OJ 345 da SDI-I do TST, sim, segundo o art. 200, VI da CLT. Mas o art. 200 também não oferece o respaldo legal. O fundamento atribuído é, então científico, pois além da degradação, a radiação ionizante pode, um único ato, ceifar a vida do trabalhador. O respaldo é no sentido de proteger a vida do empregado. Contudo, o anexo 5 da NR-15 caracteriza como insalubre, e o anexo extra da NR-16 caracteriza como periculosidade. Qual o entendimento que prevalece? Para o TST, a portaria 518/03 do MTE revogou a NR-15. Para Cláudio, não houve revogação, e o empregado tem direito a escolher qual sobre que natureza receberá o adicional, já que a radiação ionizante também acarreta gravame gradativo à saúde. 
- Obs: Na prática, os técnicos de radiologia optam pelo adicional de periculosidade, pois possuem salário base de dois salários mínimos 
3. Adicional de periculosidade
3.1. Percentual e base de cálculo – CLT, art. 193 § 1º; TST, Súmula 191
O adicional é de 30% sobre o salário base, sem o acréscimo de outras parcelas adicionais. 
- Obs: Tecnicamente, indenização é toda parcela decorrente de ato ilícito. Adicional não é indenização, é parcela decorrente de atividade exercida em condição especial.
3.2. Eletricitários – Lei 7.369/85, art. 1º; TST, Súmula 361, OJs 279, 324 e 347 da SDI-1
Os eletricitários recebem 30% sobre todo o salário, não só sobre o salário base. A súmula coloca que o trabalho eletricitário intermitente gera direito ao adicional integral, não proporcional.
-Obs: Contínuo – freqüente e constante. Intermitente – freqüente e não constante.
O trabalhador que labora em unidade consumidora de energia elétrica também tem direito à percepção, desde que a tensão esteja acima do limite.
Cabistas, instaladores e reparadores de linhas telefônicas também têm direito à adicional de eletricidade? Para o TST, sim, desde que trabalhando em sistema elétrico de potência.
3.3. Tempo de exposição – TST, Súmula 364
O permanente tem direito, o intermitente também, e o eventual? Não, para o TST o contato eventual pode ocorrer de duas formas: I – fortuito; II – habitual, mas por tempo reduzido (é o freqüente, mas de exposição rápida). O que fixará se o tempo de exposição gera risco ou não é a perícia.
Para o TST, o sindicato pode estabelecer, por acordo ou convenção, adicional proporcional ao tempo de exposição ao risco. A justificativa é que o mínimo não está fixado na CF, e o adicional possui natureza salarial. Para Cláudio esse entendimento é inconstitucional, pois viola o art. 7º, XXII.
3.4. Adicional noturno – TST, OJ 259 da SDI-1
Calcula-se o adicional noturno com base no adicional de periculosidade. Não o contrário. Primeiro, o salário básico, joga 30%; joga gratificação, se houver; no final joga o adicional noturno.
3.5. Frentistas – TST, Súmula 39
Os empregados que operam bomba de gasolina têm direito a adicional de periculosidade. 
3.6. Revenda de combustíveis – STF, Súmula 212
Quem vende combustível sem ser frentista? Também tem direito, se tiver dentro do raio de perigo
3.7. Armazenamento – TST, OJ 385 da SDI-1
Essa OJ é de junho de 2010. Trabalhadores em construções verticais que contenham armazenamento de inflamável em quantidade superior ao mínimo, também têm direito à periculosidade. Mesmo que em termos de altura o raio de perigo não esteja seja mais alcançado, estando a construção dentro do raio horizontal, gera direito.
4. Disposições comuns à insalubridade e periculosidade
4.1. Eliminação do risco – CLT, art. 194
O direito cessará com a eliminação do risco. Diminuindo, pode-se pedir a desconfiguração. Deixar de pagar não viola o art. 468 da CLT.
4.2. Perícia – CLT, art. 195; TST, OJs 165 e 278 da SDI-1; STF, Súmula 460
A CLT só exige médico e engenheiro do trabalho para periciar insalubridade e periculosidade. Quaisquer outros tipos de verificação, outros profissionais poderão fazer.
A OJ 165 estabelece que a perícia não está vinculada a médico-insalubridade; engenheiro-periculosidade.
A OJ 278 afirma que a realização de perícia é obrigatória para periculosidade e insalubridade. Mas deve-se comprovar o nexo causal primeiro, claro!
Quando não for possível a realização de perícia? Ex: estabelecimento fechado. Aí deve-se usar uma prova emprestada, de outro processo, comprovando que o cliente trabalhou no mesmo estabelecimento e condições.
Súmula 460 do STF: a perícia deve indicar qual o agente insalubre ou explosivo inflamável que submete o trabalhador a risco.
4.3. Caracterização – CLT, art. 196
Os efeitos serão devidos a partir da data de inclusão da atividade nos quadros da NR, não retroage. 
4.4. Manuseio de materiais – CLT, art. 197
Dever de sinalizar e avisar a respeito de materiais ou substâncias insalubres ou perigosas. Os materiais devem conter em seu rótulo símbolo de perigo etc 
4.5. Cumulação – CLT, art. 193 § 2º e Decreto 1.254/94 (Conv. 155 da OIT, art. 11, “b”)
Se o trabalhador, numa mesma atividade, tiver direito a insalubridade e a periculosidade, para a CLT a cumulação não é possível. 
A vedação de cumulação de insalubridade é ilegal por conta do art. 11, b da Convenção 155 da OIT.
Nesse sentido, para Cláudio, esse art. da CLT também está revogado tacitamente pela Convenção da OIT, além de ser inconstitucional,

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