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TRF2 Direito Administrativo Aula 02

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Curso de Direito Administrativo para o TRF/2R 
Profº. Cyonil Borges – aula 02 
 
 
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AULA 2 – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO 
A disciplina – Direito Administrativo – contém vários pontos de divergência, de 
dificuldades, no entanto, para a tranquilidade de todos e felicidade da massa 
concursística, realço que o tópico Poderes Administrativos não é um dos mais 
problemáticos. Costumo dizer ser o tópico, em análise, continuação de Atos 
Administrativos. 
Os assuntos a serem abordados são: 
1 – Definição: poderes e deveres administrativos. 
2 – Classificação dos poderes administrativos: 
I) Vinculado e discricionariedade; 
II) Regulamentar; 
III) Hierárquico; 
IV) Disciplinar; e 
V) De Polícia. 
3 – Uso e Abuso de Poder. 
Sem mais, no momento, passemos aos exercícios. 
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PODERES DA ADMINSTRAÇÃO 
 
Definição: Poderes e Deveres Administrativos 
O Estado, como agrupamento politicamente organizado, é uma ficção 
jurídica, criação humana, de representação coletiva. Por ser uma 
abstração, o Estado não age por si mesmo, precisa, bem por isso, dos 
braços e pernas motoras, quando surge a figura dos agentes públicos, 
para os quais a ordem jurídica confere prerrogativas diferenciadas, a 
serem utilizadas para a consecução dos interesses da sociedade. 
Esse conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica 
confere aos agentes públicos, no desempenho de tarefas de 
Administração Pública, para o fim de permitir que o Estado alcance 
seus fins, denomina-se Poderes da Administração. 
De regra, os Poderes Administrativos são concedidos por lei e 
destinam-se a instrumentalizar o Administrador Público para o 
atingimento do fim último a que se presta o Estado: a satisfação dos 
interesses públicos. 
Em contrapartida, por tutelarem interesses coletivos, impõe-se aos 
agentes públicos, de modo geral, uma série de deveres. Em determinadas 
hipóteses, pode-se mesmo afirmar que os Poderes Administrativos 
convertem-se em verdadeiros deveres administrativos. 
Sinteticamente: 
Enquanto o princípio da supremacia do interesse público sobre o 
privado remete-nos à ideia de poderes, o princípio da 
indisponibilidade, ao contexto dos deveres, formando o binômio 
poder-dever. 
 
Curiosamente, em determinadas hipóteses, pode-se mesmo afirmar que 
os Poderes Administrativos convertem-se em verdadeiros deveres 
administrativos. Por exemplo: se determinado servidor comete corrupção 
passiva ou abandona o cargo (acima de 30 dias consecutivos no ano), 
tem a Administração a prerrogativa de apurar a infração e de aplicar a 
punição (poder disciplinar). Será mesmo uma prerrogativa? Pode o 
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administrador escolher entre punir ou não punir? Claro que não! Ou 
seja, o poder disciplinar é nitidamente um dever-poder de agir. 
De fato, enquanto na esfera privada o poder é faculdade daquele que o 
detém, no setor público representa um dever do administrador para 
com a comunidade que representa. A doutrina fala, então, em Poder-
dever de agir: 
Enquanto para o particular, o poder de agir é uma faculdade, para o 
administrador público é uma obrigação de atuar, desde que se 
apresente a oportunidade de exercitá-lo em benefício da comunidade. 
Pode-se concluir, preliminarmente, que há pouca margem de decisão 
ao agente quando surge a oportunidade (dever) de agir. Disso resulta 
que a omissão da autoridade, enfim, o silêncio administrativo 
gerará a responsabilização do agente omisso, autorizando a 
obtenção do ato não realizado, se for o caso, por via judicial, como por 
exemplo, por intermédio de mandado de segurança, quando ferir direito 
líquido e certo do interessado. 
Por oportuno, há de se fazer diferença, ainda, entre Poderes 
Administrativos e Políticos. Aqueles são poderes instrumentais da 
Administração, instrumentos de trabalho para cumprimento de tarefas de 
natureza administrativa. 
Já os Poderes Políticos são aqueles listados no art. 2º da CF/1988, 
Executivo, Legislativo e Judiciário. São estruturais e inerentes à 
organização do Estado, integrando a organização constitucional, sendo 
que a inter-relação entre estes é objeto de estudo de ramo próprio do 
Direito, o Direito Constitucional. 
 
 
 
Prontos? Vamos às questões. 
 
 
 
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01. (2006/FCC/TRE-SP/Téc.Jud.) No que tange aos poderes e 
deveres do administrador público, é INCORRETO afirmar que 
a) o agente público, quando no exercício do cargo ou função, deverá 
utilizar-se dos poderes administrativos que lhe são atribuídos tão somente 
nos limites da lei. 
b) a prestação de contas não se restringe exclusivamente a dinheiro 
público, mas diz respeito a todas as ações da Administração Pública, a 
exemplo da expedição de certidão aos cidadãos. 
c) os poderes conferidos ao administrador público não constituem 
privilégios pessoais, e sim prerrogativas funcionais. 
d) o poder-dever de agir é renunciável e concede ao agente público a 
faculdade de escolher o modo de atuar diante de determinadas 
circunstâncias concretas, tendo em vista o interesse privado. 
e) o dever de probidade se encontra constitucionalmente integrado na 
conduta do administrador público como elemento necessário à 
legitimidade de seus atos. 
Comentários: 
Vamos ao exame dos quesitos. 
Item A – CORRETO. De acordo com o princípio da legalidade 
administrativa, previsto no art. 37, caput, da Constituição, o agente 
público só pode fazer ou deixar de fazer o que a lei expressa ou 
implicitamente autorizou ou permitiu. 
Item B – CORRETO. O agente público, como defensor da coisa pública, 
tem atribuições, responsabilidades, enfim, deveres a cumprir para com os 
cidadãos (nem tudo são poderes!). Um dos deveres aplicáveis aos 
agentes é o de prestar contas. Isso mesmo, o dever de tornar públicas 
suas ações, seus gastos, toda sua conduta funcional, porque ser 
administrador público não é curar, zelar, tutelar, coisa própria, mas 
sim alheia, do público para o público. Logo, nada mais justo que os 
cidadãos tenham acesso a informações a partir da expedição de certidões. 
Item C – CORRETO. Os poderes administrativos são entregues não nas 
mãos dos agentes, como a primeira vista possa parecer. Os poderes são 
atributos do cargo, são prerrogativas funcionais e não benesses, 
privilégios pessoais. 
Item D – INCORRETO. Há mais de um erro. O primeiro é que o poder-
dever de agir não pode ser renunciado, pois, como tivemos a 
oportunidade de aprender, os poderes não são privilégios, são sim 
prerrogativas funcionais. 
Não pode o interesse público ficar ao sabor dos devaneios, dos disparates 
(loucuras) dos agentes públicos. E mais: não se tutela, de forma alguma, 
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interesses privados no seio da Administração. Pode parecer estranho, mas 
acreditem, mesmo quando o Estado assina contratos privados (como é o 
exemplo do contrato de locação), o fim visado é o PÚBLICO; mesmo 
quando o Estado constituiuma Sociedade de Economia Mista (como o 
Banco do Brasil), o interesse é PÚBLICO (art. 173 da CF/1988 – 
pressupostos de segurança nacional ou relevante interesse público). 
Item E – CORRETO. O dever de probidade, traduzido no princípio da 
probidade, tem seu assoalho, sua base, no texto constitucional, art. 37, 
§4º, ao estabelecer que a prática de atos de improbidade pode 
acarretar: 
a) suspensão dos direitos políticos, 
b) perda da função pública, 
c) indisponibilidade dos bens, e 
d) ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em 
lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
 
Ao lado dos deveres de prestar contas e da probidade, destaco: 
- eficiência – agir com rendimento funcional, perfeição, 
rapidez, e 
- obediência – o subordinado deve observância às ordens do 
Chefe, do superior hierárquico. Porém, não de forma irrestrita, pois 
as ordens manifestamente ilegais não devem ser cumpridas, sob 
pena de responsabilidade conjunta (solidária). 
Gabarito: alternativa D. 
 
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02. (2010/FCC – TRT/8R – Técnico) O servidor público que deixa 
de acatar as ordens legais de seus superiores e a sua fiel 
execução, infringe o dever de: 
(A) conduta ética. 
(B) eficiência. 
(C) obediência. 
(D) lealdade. 
(E) fidelidade. 
Comentários: 
O Estado, como agrupamento politicamente organizado, não passa de 
uma ficção jurídica, criação humana de representação coletiva. Por essa 
razão, o Estado não age sozinho, ao revés, precisa da figuração dos 
agentes públicos. A ordem jurídica a estes confere prerrogativas 
diferenciadas, a serem utilizadas para o alcance dos interesses 
coletivos. Esse conjunto de prerrogativas de direito público é 
reconhecido como Poderes Administrativos. 
No entanto, enquanto o princípio da supremacia do interesse público 
sobre o privado remete à ideia de poderes, o princípio da 
indisponibilidade do interesse público cria verdadeira imposição de 
deveres e restrições, formando-se, portanto, o binômio poder-dever 
de agir. 
 
Assim, se para os particulares o exercício do poder é uma 
faculdade, o uso da competência para os gestores públicos é uma 
obrigação. Dessa forma, em âmbito público, quem detém poder deve 
exercitá-lo, sob pena de a omissão acarretar responsabilidade para o 
Estado. 
Portanto, evidente que o exercício da função pública é verdadeiro 
encargo público. Afinal, por protegerem interesses de todos, os agentes 
públicos, de modo geral, encarregam-se de variados deveres, por 
exemplo: o de agir, o de obediência, o de prestar contas, o de 
lealdade, o de eficiência, o de fidelidade, e o de probidade (conduta 
ética). 
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O dever de obediência, para Hely Lopes, impõe ao servidor o acatamento 
às ordens legais de seus superiores e sua fiel execução. Tal dever 
resulta da subordinação hierárquica e assenta no princípio disciplinar que 
informa toda organização administrativa. Por ordens legais entendem-se 
aquelas emanadas de autoridade competente, em forma adequada e com 
objetivos lícitos. 
O cumprimento de ordem ilegal como o descumprimento de ordem legal 
acarretam para o servidor responsabilidade disciplinar e criminal, 
conforme seja a lesão causada à Administração ou a terceiros. 
O dever de prestar contas, por sua vez, é um encargo, um múnus 
público, imposto a todos aqueles que administram as coisas de terceiros. 
Na Administração Pública, referido dever ganha ainda mais destaque, 
afinal os agentes públicos são curadores dos escassos recursos públicos, 
pertencentes a toda a coletividade. 
A prestação de contas remete-nos à necessidade de transparência dos 
atos estatais (administrativos ou de governo), de visibilidade na 
aplicação dos dinheiros públicos. É cogente para todos os agentes, tanto 
para os que atuam nas mais comezinhas atribuições públicas, como para 
os agentes que ocupam a alta cúpula da Administração. 
Sobre o tema, no parágrafo único do art. 70 da CF, de 1988, 
encontramos a seguinte redação: 
 
 
 
Para Hely Lopes, o dever de lealdade com as instituições, também 
denominado dever de fidelidade, exige de todo servidor a maior 
dedicação ao serviço e o integral respeito às leis e às instituições 
constitucionais, identificando-o com os superiores interesses do Estado. 
Tal dever impede que o servidor atue contra os fins e os objetivos 
legítimos da Administração, pois que, se assim agisse, incorreria em 
infidelidade funcional, ensejadora da mais grave penalidade, que é a 
demissão, vale dizer, o desligamento compulsório do serviço público. 
Entre esses, o dever de eficiência traduz a ideia da boa 
administração, de que o agente, além de agir com rapidez, deve ser 
perfeito e deter bom rendimento funcional. 
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Tal dever foi, inclusive, elevado a princípio constitucional (art. 37, 
“caput”, da CF/1988), sendo detectado, entre outros momentos, na: 
 avaliação periódica de desempenho dos servidores, 
 avaliação positiva de desempenho como condição para a aquisição 
de estabilidade, 
 instituição de Escolas de Governo, e 
 faculdade de celebração de contratos de gestão, neste caso, para 
incremento da autonomia financeira, orçamentária e patrimonial 
dos órgãos e entidades do Estado. 
 
Por fim, o dever de probidade, traduzido no princípio da probidade, 
tem previsão expressa no texto constitucional (art. 37, § 4.º, da CF), em 
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que a prática de atos de improbidade pode acarretar, por exemplo, a 
perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos. 
 
O dever de probidade exige que os atos dos agentes públicos sejam 
legítimos, éticos, não sendo suficiente o atendimento da lei formal, 
mas, sobretudo, a observância da moralidade administrativa e da 
finalidade pública. 
Por sua importância, o dever de probidade mereceu, ainda, Lei própria, a 
Lei 8.429/1992, a qual trata dos atos que geram enriquecimento ilícito, 
dos que causam prejuízo ao erário, ou ainda daqueles que ferem 
princípios da Administração. Tais atos ímprobos podem ser 
invalidados pela própria Administração, o princípio da autotutela, 
como também, pelo Poder Judiciário, se provocado. 
Não há dúvida de que os gestores públicos têm sua conduta funcional 
traçada em leis e em regras de moralidade, portanto, os poderes 
administrativos são prerrogativas e não privilégios pessoais 
concedidos aos agentes públicos com objetivo de instrumentalizá-los para 
o alcance do fim último a que se presta o Estado: a satisfação do 
interesse público. 
Gabarito: alternativa C. 
 
03. (2010/FCC – TRE/AC – Técnico) O dever do Administrador 
Público de prestar contas: 
(A) aplica-se a todos os órgãos e entidades públicas, exceto aos Tribunais 
de Contas por serem os órgãos encarregados da tomada de contas dos 
administradores. 
(B) aplica-se apenas aos agentes responsáveis por dinheiro público. 
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(C) não alcança os particulares, mesmo que estes recebam subvenções 
estatais. 
(D) não se aplica aos convênios celebrados entre a União e os Municípios, 
por se tratar de acordo entre entidades estatais. 
(E) é imposto a qualquer agente que seja responsável pela gestão e 
conservação de bens públicos. 
Comentários: 
O dever de prestar contas é princípio constitucional, encontrado, 
implicitamente, no parágrafo único do art. 70 da CF, de 1988. Vejamos: 
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou 
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União 
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza 
pecuniária. 
 
Para Hely Lopes, o dever de prestar contas é decorrência natural da 
administração como encargo de gestão de bens e interesses alheios. Se o 
administrar corresponde ao desempenho de um mandato de zelo e 
conservação de bens e interesses de outrem, manifesto é que quem o 
exerce deverá contas ao proprietário. 
No caso do administrador público, esse dever ainda mais se alteia, porque 
a gestão se refere aos bens e interesses da coletividade e assume o 
caráter de um múnus público, isto é, de um encargo para com a 
comunidade. Dai o dever indeclinável de todo administrador público - 
agente político ou simples funcionário - de prestar contas de sua gestão 
administrativa, e nesse sentido é a orientação de nossos Tribunais. 
A prestação de contas não se refere apenas aos dinheiros públicos, à 
gestão financeira, mas a todos os atos de governo e de administração. 
Gabarito: alternativa E. 
 
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04. (2010/FCC – TRE/AC – Analista Judiciário) Acerca dos 
poderes e deveres do administrador público, é correto afirmar 
que: 
(A) o dever de prestar contas aplica-se apenas aos ocupantes de cargos 
eletivos e aos agentes da administração direta que tenham sob sua 
guarda bens ou valores públicos. 
(B) o agente público, mesmo quando despido da função ou fora do 
exercício do cargo, pode usar da autoridade pública para sobrepor-se aos 
demais cidadãos. 
(C) o poder tem, para o agente público, o significado de dever para com a 
comunidade e para com os indivíduos, no sentido de que, quem o detém 
está sempre na obrigação de exercitá-lo. 
(D) o dever de eficiência exige que o administrador público, no 
desempenho de suas atividades, atue com ética, honestidade e boa-fé. 
(E) o dever de probidade traduz-se na exigência de elevado padrão de 
qualidade na atividade administrativa. 
Comentários: 
Segundo os ensinamentos do autor Hely Lopes, o poder administrativo é 
atribuído à autoridade para remover os interesses particulares que se 
opõem ao interesse público. Nessas condições, o poder de agir se 
converte no dever de agir. 
Assim, se no Direito Privado o poder de agir é uma faculdade, no Direito 
Público é uma imposição, um dever para o agente que o detém, pois não 
se admite a omissão da autoridade diante de situações que exigem sua 
atuação. Eis por que a Administração responde civilmente pelas omissões 
lesivas de seus agentes. 
O poder-dever de agir da autoridade pública é hoje reconhecido 
pacificamente pela jurisprudência e pela doutrina. O poder tem para o 
agente público o significado de dever para com a comunidade e para com 
os indivíduos, no sentido de que quem o detém está sempre na obrigação 
de exercitá-lo, como previsto na alternativa C. 
A seguir, vejamos os erros nos demais quesitos. 
O erro da letra “A” é que o dever de prestar contas incide sobre todas as 
pessoas, físicas ou jurídicas, integrantes da Administração Direta ou 
Indireta, ou particulares, desde que estes, no caso, tenham sob sua 
guarda bens ou valores públicos. 
O erro da letra “B” é que o agente público só detêm prerrogativas 
públicas para resguardar o interesse da coletividade. 
O erro da letra “D” é que a atuação com ética, lealdade e honestidade é 
decorrência do princípio da moralidade ou dever de probidade. 
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Para a doutrina o dever de eficiência traduz-se na exigência de elevado 
padrão de qualidade na atividade administrativa, na imposição de que o 
administrador e os agentes públicos em geral, tenham sua atuação 
pautada por celeridade, perfeição técnica, economicidade, coordenação e 
controle. 
Gabarito: alternativa C. 
 
05. (2004/CESPE/PGE-CE) Os poderes administrativos são 
instrumentais, sendo utilizados pela administração pública para 
cumprir suas finalidades. (Certo/Errado) 
Comentários: 
Questão rápida e veloz cinco! Os poderes administrativos são 
instrumentais, diferentemente dos da República (PL, PJ, e PE – 
estruturais, imanentes da estrutura do Estado). 
 
Sem tais poderes, o alcance da finalidade pública ficaria prejudicado, por 
exemplo: o supermercado „o que não mata engorda‟, vulgo „aqui nada se 
estraga, tudo se aproveita‟, vem comercializando produtos com um ano 
(no mínimo) fora da validade. Nesse caso, tem a Administração o 
poder de interferir nesse tipo de atividade, em proteção da 
sociedade? Claro que sim, como alcançar o interesse público se não 
tiver em mãos poder-dever de agir. 
Portanto, correto o quesito. 
Gabarito: CERTO 
 
06. (2009/Esaf – MF – ATA) Não se pode enumerar como poder 
da Administração: 
a) poder independente. 
b) poder de polícia. 
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c) poder hierárquico. 
d) poder normativo. 
e) poder disciplinar. 
Comentários: 
Veja o esqueminha Sapo-da-Vez! 
 
Então, localizou a resposta? Claro que sim! Poderes independentes 
são os Poderes da República, estruturais e não instrumentais, como 
o são os poderes da Administração. Ver figura na questão anterior. 
Gabarito: alternativa A. 
 
PODER VINCULADO E DISCRICIONÁRIO 
Não é difícil percebermos que é impossível a Lei prever todas as condutas 
a serem adotadas pelo Administrador em face das situações concretas 
que se apresentam e que exigem pronta solução. Dessa maneira, por 
vezes, a Lei faculta ao administrador a possibilidade de adotar uma 
dentre várias (ou pelo menos mais de uma) condutas possíveis, a 
qual deve estar alinhada ao melhor atendimento do interesse 
público, o que resulta num juízo discricionário por parte do responsável 
pelo ato. Mas, atenção: o juízo discricionário de forma alguma pode 
ser confundido com um “livre arbítrio”. 
De fato, a Administração Pública, ao contrário dos particulares de 
modo geral, só pode fazer aquilo que a Lei lhe determina ou autoriza 
(princípio da legalidade administrativa – art. 37, caput, da CF/1988). 
Neste último caso (autorização) é que há discricionariedade. Todavia, 
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em ambas as situações, a conduta do agente deve estar pautada na Lei, 
não se admitindo ações que desbordem os limites da Lei. 
Falta ao administrador público, portanto, a possibilidade de escolher 
livremente, da forma que melhor entender (livre arbítrio), uma vez 
que limitado, sempre, pela Lei. Portanto, pode-se afirmar que 
arbitrariedade é, para a Administração Pública,sinônimo de 
ilegalidade. 
 
A discricionariedade, na visão da maior parte dos estudiosos, é 
resumida em um binômio: CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE. A 
primeira indica em que condições vai se conduzir o agente (o modo de 
agir deste), a segunda diz respeito ao momento em que a atividade 
deve ser produzida. 
 
Por exemplo: o Poder Legislativo do Município de Divinópolis de 
Minas autorizou despesas orçamentárias na ordem de 200 milhões 
de reais, verba distribuída pelas mais diversas rubricas, como, por 
exemplo, saúde, educação, saneamento. O Prefeito da edilidade, 
portanto, durante o exercício financeiro, pode executar o 
orçamento, ressalvadas as vinculações constitucionais. Em que 
momento o Prefeito determinará a construção da creche? Será que 
o Prefeito precisa construir escolas ou é preferível a pavimentação 
das vias públicas? 
Perceba que, no caso da creche, o Prefeito tem o mês de janeiro, 
fevereiro, março, (...). Isso mesmo. Ele é quem escolhe o 
momento, a oportunidade. Já, no caso das escolas e pavimentação, 
há dois objetos possíveis, cabendo ao Prefeito escolher se é mais 
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conveniente a execução das escolas, da pavimentação, ou dos dois 
programas de trabalho, enfim, o que lhe é mais conveniente. 
Muito bem, a discricionariedade, portanto, diz respeito à possibilidade 
de avaliação por parte do agente público quanto à conveniência e à 
oportunidade de agir. A discricionariedade refere-se, ainda, ao 
conteúdo dos atos administrativos, ou seja, dois de seus elementos, o 
objeto e o motivo. 
Os elementos ou requisitos do ato administrativo são cinco: 
competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Os três primeiros 
são sempre vinculados, ou seja, sobre estes o agente não possui 
liberdade quanto à decisão e à forma de agir. Assim, a 
discricionariedade, quando existente, diz respeito aos dois últimos, 
Motivo e Objeto, que constituem, em essência, o mérito 
administrativo, existente nos atos discricionários (apenas para registro: 
não são os elementos, em si, que constituem o mérito, e sim a 
condução de tais elementos, o seu manejo). 
 
 
 
Passemos a um exemplo, tendo em conta a premissa de que é 
impossível a norma prever todas as condutas a serem adotadas 
pelo administrador público. 
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Nos termos da Lei 8.112, de 1990, a licença capacitação poderá ser 
concedida, a critério da Administração, para que um servidor faça um 
curso ligado às atribuições de seu cargo. 
A expressão, a critério da Administração, faz com que esta possa, por 
razões evidentes, decidir se numa circunstância fática qualquer dará ou 
não a licença pleiteada pelo servidor, ou seja, decidir o conteúdo ou 
objeto do ato: defere ou não o pedido de licença? Fica a critério da 
Administração. 
Contudo, apesar da liberdade dada ao administrador nos atos 
administrativos discricionários, não há uma liberdade sem limites. 
Podemos citar alguns limites quanto à concessão da licença capacitação: 
I) Apontados pela Lei, nos termos do art. 87: curso ligado às atribuições 
do cargo, com duração de até três meses, e 
II) No caso de indeferimento do pedido, a necessidade de se motivar o 
ato denegatório, em razão do princípio da motivação dos atos da 
Administração Pública. 
Em suma, a discricionariedade não é liberdade ampla e irrestrita. 
Ao contrário disso, a Administração sempre contará com limites no seu 
agir, de modo explícito ou implícito. 
 
Basicamente, seguindo a doutrina de Maria Sylvia, podemos apontar que 
há discricionariedade para a Administração Pública nas seguintes 
situações: 
I) A própria lei concede a possibilidade à Administração de agir 
de forma discricionária, como no caso de remoção de ofício do servidor, 
para atender necessidade de serviço; 
II) A lei é omissa, dado que não há viabilidade de se prever por 
meio de normas de cunho geral e abstrato todas as hipóteses que 
surgirão para a decisão administrativa; 
III) A lei prevê certa competência, mas não a conduta a ser 
adotada, diante de determinada situação. Melhor exemplo a ser dado no 
que se a este caso é em matéria de poder de polícia, para o exercício do 
qual é impossível traçar todas as condutas possíveis diante de lesão ou 
ameaça de lesão à vida, à segurança pública. 
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Muitos doutrinadores afirmam haver discricionariedade por parte da 
Administração quando esta faz interpretação de conceitos jurídicos 
indeterminados. Legal, mas o que são conceitos jurídicos 
indeterminados? 
Os livros de Direito Administrativo costumam indicar a existência de três 
modalidades de conceitos jurídicos indeterminados: técnicos, empíricos ou 
de experiência e de valor. 
Tais conceitos são estabelecidos pelo legislador, porém, de forma 
imprecisa, incerta, fluida, conceitos dotados de largueza e ambiguidade, 
garantindo-se, nesse sentido, ao lado de uma zona de certeza, uma zona 
cinzenta ou zona gris – de penumbra, com a existência de conceitos 
plurissignificativos, elásticos (leia-se: não exatos e não matemáticos), 
como, por exemplo, os requisitos de relevância e urgência presentes 
para a edição de medidas provisórias. 
Os técnicos, apesar de aparentemente fluidos, não garantem margem 
de manobra para os administradores. 
Por exemplo: o que é um prédio em ruínas? Caberia a contratação 
direta ou sem licitação para sua reforma, sob pena da ocorrência de 
uma calamidade pública? 
Perceba a existência de certa imprecisão, contudo, depois da emissão do 
laudo técnico pelo setor de engenharia responsável, restará uma única 
solução por parte do agente público. 
Da mesma forma, os conceitos empíricos ou de experiência, por 
exemplo: bons antecedentes e força maior, não oferecem flexibilidade aos 
gestores públicos. Diante do caso concreto, haverá uma única solução 
cabível. 
Por fim, os conceitos de valor, por exemplo: interesse público, 
moralidade administrativa, relevância e urgência. Esses conceitos 
possibilitam certa margem de discricionariedade, distintamente dos 
técnicos e dos empíricos. 
Por exemplo: a Lei 10.520/2002 determina que a modalidade de 
licitação pregão se destine à aquisição de bens e serviços “comuns”. 
Mas o que seria o “comum”, para a Lei? Assim, em casos como 
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este, de conceitos imprecisos - indeterminados, caberia uma 
interpretação por parte da Administração com certa margem 
de liberdade, daí dizer, discricionária, para parte da doutrina. 
 
 
 
Por fim, registro que, contraposto ao Poder Discricionário, existe um 
Poder denominado, por parte da doutrina, de vinculado ou regrado, 
que seria aquele conferido por Lei à Administração para a prática de atos 
nos quais a liberdade de atuação é mínima, ou mesmo inexiste. 
Por exemplo: 
A servidora pública Regiane, Fiscal Tributário, teve um segundo filho. Qual 
é a margem de discricionariedade da Administração em indeferir a licença 
gestante, e indeferir a licença paternidade do pai “Esponja”, igualmente 
servidor público? ZERO! Inexiste. 
Agora, o servidor da Receita,Sapo-da-Vez, depois de doze meses de 
efetivo exercício (primeiro ano na Receita), requer férias. Então, tem 
direito a férias? Claro que sim! Pode o chefe indeferir? Claro que não! 
Porém, o chefe pode denegar o pleito para o mês de julho, se houver um 
número insuficiente de servidores na repartição! Enfim, o ato é vinculado, 
mas há mínima margem de discricionariedade, de oportunidade. 
Nos atos vinculados, todos os elementos que o compõem encontram 
expressa previsão legal, sendo que o órgão/entidade responsável pela 
prática do ato não goza de liberdade para implementação dos atos 
vinculados, para os quais haveria uma única saída prevista na Lei, por 
esta determinada. 
 
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Em razão disso, alguns outros autores consideram que não existe “Poder 
Vinculado”, uma vez que este não encerra prerrogativa do Poder 
Público, mas mera restrição à atuação administrativa. 
Finalizo com a informação de que, para determinados autores, da mesma 
forma que a vinculação, a discricionariedade não seria um Poder, em 
si, mas também uma característica da atuação da Administração 
Pública no exercício dos seus reais Poderes Administrativos, o 
Disciplinar, o Normativo, o Hierárquico e o de Polícia. 
 
Passemos, agora, à resolução de algumas questões. 
 
07. (2005/CESPE/ANCINE/ADVOGADO) Poder discricionário é o 
que o direito concede à administração, de modo explícito ou 
implícito, para a prática de atos administrativos com liberdade na 
escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo. 
(Certo/Errado) 
Comentários: 
Como sobredito, a Administração Pública de quaisquer das entidades 
públicas políticas e administrativas é dotada de poderes administrativos, 
verdadeiras ferramentas de trabalho para a efetivação do interesse 
da coletividade. Entre tais prerrogativas, destacam-se os poderes: 
vinculado, regulamentar, hierárquico, disciplinar e discricionário. 
Relativamente à função discricionária, a doutrina conceitua-a como a 
prerrogativa concedida por lei aos administradores, de forma 
expressa ou implícita, para a prática de atos com maior liberdade de 
escolha de sua conveniência, oportunidade e justiça. Exatamente 
como apresentado no quesito ora em análise, daí sua correção. 
 
Gabarito: CERTO 
 
08. (2004/Esaf – Analista Administrativo – MPU) Os poderes 
vinculado e discricionário, simultaneamente, podem ser exercidos 
pela autoridade administrativa, na prática de um determinado ato, 
ressalvado que esse último se restringe à conveniência e 
oportunidade, bem como quanto: 
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a) ao conteúdo. 
b) à forma. 
c) à finalidade. 
d) à competência. 
e) ao modo. 
Comentários: 
Para a resolução dos casos concretos, a lei deixa margem de valoração 
subjetiva quanto aos elementos de formação motivo e 
objeto/conteúdo, afinal ao legislador não é dado prever todas as 
hipóteses a exigir a atuação da Administração. 
O exercício da função administrativa, no entanto, é sempre relativo 
e parcial, isso porque atos discricionários praticados por agentes 
incompetentes e informados por finalidades estranhas ao interesse 
público, por arbitrários, são nulos e ilegítimos. Assim, a 
discricionariedade administrativa não é ilimitada, havendo 
restrições advindas dos princípios gerais do Direito e das regras de boa 
administração, as quais deságuam nos preceitos da moralidade 
administrativa. 
Nesse contexto, resta patente a relação entre a discricionariedade e a 
moralidade administrativa. De acordo com o princípio da moralidade, 
aos administradores não é dado só se certificarem dos critérios de 
conveniência e de oportunidade, mas também distinguir o honesto 
do desonesto, o justo do injusto. As soluções escolhidas pelos 
administradores devem ser realistas e razoáveis, concorrendo 
efetivamente para o alcance de resultados legítimos. 
Gabarito: alternativa A. 
 
09. (2010/FCC - MPA - Agente Administrativo) Sem 
determinadas prerrogativas aos agentes administrativos não 
poderia o Estado alcançar os fins a que se destina. Essas 
prerrogativas são exatamente os poderes administrativos. A lei 
não é capaz de traçar rigidamente todas as condutas de um 
agente administrativo. Ainda que procure definir alguns 
elementos que lhe restringem a atuação, o certo é que em várias 
situações a própria lei lhes oferece a possibilidade de valoração da 
conduta. Pode o agente avaliar a conveniência e a oportunidade 
dos atos que vai praticar na qualidade de administrador dos 
interesses coletivos. Nessa prerrogativa de valoração é que se 
situa o: 
A) Poder de polícia. 
B) Poder discricionário. 
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C) Poder arbitrário. 
D) Poder regulamentar. 
E) Poder de formalização. 
Comentários: 
Questão de fixação. A questão é resolvida a partir da leitura atenta do 
enunciado, especialmente do seguinte trecho: 
“(...) o certo é que em várias situações a própria lei lhes oferece a 
possibilidade de valoração da conduta. Pode o agente avaliar a 
conveniência e a oportunidade dos atos que vai praticar na 
qualidade de administrador dos interesses coletivos.” 
Possibilidade de valoração. Conveniência e oportunidade. Tais expressões 
formam o núcleo do poder discricionário. 
Gabarito: alternativa B. 
 
10. (2004/Esaf – Controladoria Geral da União – CGU) O mérito 
administrativo, na atuação do administrador público, cujo controle 
jurisdicional sofre restrições, condiz em particular com o exercício 
regular do seu poder: 
a) disciplinar 
b) hierárquico 
c) de polícia 
d) discricionário 
e) vinculado 
Comentários: 
O mérito administrativo é a margem de conveniência e 
oportunidade garantida por lei aos administradores, presente nos atos 
discricionários (alternativa D). E, a fim de não ficar comprometido o 
princípio da Separação dos Poderes, fica vedado ao Poder Judiciário 
imiscuir-se no mérito. 
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Agora, se os administradores se desviarem desse roteiro, executando 
atos que, apesar de discricionários, visem a objetivos diversos do 
interesse público, incidirão em imoralidade por desvio de 
finalidade/poder, vício que tanto pode ser reconhecido pela própria 
Administração, como pelo Poder Judiciário. 
 
Gabarito: alternativa D. 
 
11. (2010/FCC – TRT/8R – Analista/Judiciária) A liberdade de 
escolha quanto à oportunidade e conveniência do ato 
administrativo praticado nos limites da lei insere-se no âmbito da: 
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(A) arbitrariedade. 
(B) discricionariedade. 
(C) vinculação. 
(D) imperatividade. 
(E) regulamentação. 
Comentários: 
Questão de reforço. A margem de conveniência e oportunidade é 
característica do poder discricionário. Abaixo, um quadro-resumo 
distintivo entre poder discricionário e poder regrado. 
 
Gabarito: alternativa B. 
 
12. (2004/Esaf – Analista Processual – MPU) Com referênciaà 
discricionariedade, assinale a afirmativa verdadeira. 
a) A discricionariedade manifesta-se, exclusivamente, quando a lei 
expressamente confere à administração competência para decidir em face 
de uma situação concreta. 
b) O poder discricionário pode ocorrer em qualquer elemento do ato 
administrativo. 
c) É possível o controle judicial da discricionariedade administrativa, 
respeitados os limites que são assegurados pela lei à atuação da 
administração. 
d) O princípio da razoabilidade é o único meio para se verificar a extensão 
da discricionariedade no caso concreto. 
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e) Pela moderna doutrina de direito administrativo, afirma-se que, no 
âmbito dos denominados conceitos jurídicos indeterminados, sempre 
ocorre a discricionariedade administrativa. 
Comentários: 
Vamos direto às análises. 
A resposta é letra C. O controle judicial incide sobre os atos 
vinculados e discricionários da Administração Pública. Quanto à 
incidência sobre os atos discricionários, o controle deve ser limitado, 
afinal há uma região que é intocável, o tal mérito administrativo, uma 
reserva da Administração. 
 
Vejamos, abaixo, os erros nos demais quesitos. 
a) A discricionariedade manifesta-se, exclusivamente, quando a lei 
expressamente OU IMPLICITAMENTE confere à administração 
competência para decidir em face de uma situação concreta. 
 
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b) O poder discricionário NÃO pode ocorrer em qualquer elemento do 
ato administrativo. 
 
d) O princípio da razoabilidade é o único meio para se verificar a 
extensão da discricionariedade no caso concreto, MAS NÃO É O ÚNICO 
MEIO, HÁ OUTROS PRINCÍPIOS, COMO LEGALIDADE, 
PROPORCIONALIDADE, POR EXEMPLO. 
e) Pela moderna doutrina de direito administrativo, afirma-se que, no 
âmbito dos denominados conceitos jurídicos indeterminados, sempre 
NEM ocorre a discricionariedade administrativa, ISSO PORQUE, NOS 
CONCEITOS TÉCNICOS E EMPÍRICOS, NÃO HÁ 
DISCRICIONARIEDADE. ESTA RESIDE APENAS NOS CONCEITOS DE 
VALOR. 
 
Gabarito: alternativa C. 
PODER REGULAMENTAR 
Como sobredito, não há como o legislador prever todas as soluções a 
serem adotadas em face das situações reais enfrentadas pela 
Administração Pública. Ao legislador não cabe tornar exequível todas as 
normas que edite. A tarefa tornar-se-ia onerosa, e assim com 
desvirtuamento do sentido de abstração e de generalidade inerente 
das Leis. 
Logo, incumbe à Administração complementar as leis, criando os 
mecanismos para seu efetivo alcance. Essa é a principal característica do 
Poder Regulamentar, o qual pode ser entendido como a prerrogativa 
dada à Administração Pública (mais precisamente Chefe do Executivo) 
de editar atos gerais para complementar as leis e permitir sua 
efetiva concretização. 
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Alguns autores preferem falar em Poder Normativo em vez de Poder 
Regulamentar, uma vez que este representa, para estes autores, apenas 
uma das formas pelas quais se expressa aquele (normativo), coexistindo 
com outras. 
O Poder Regulamentar, no essencial, seria exercido pelos Chefes do 
Executivo. Com efeito, a CF/1988 dispõe no inc. IV do art. 84 que 
compete ao Presidente da República privativamente, dentre outras 
atribuições: sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como 
expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução. 
 
Todavia, a produção de atos administrativos normativos também 
pode ser feita por outras autoridades, órgãos ou entidades. Os 
Ministros de Estado, por exemplo, podem editar atos normativos (inc. 
II do art. 87 da CF/1988). 
Quanto às entidades, não há mais dúvida que as Agências Reguladoras, 
por exemplo, podem editar normativos em suas áreas de atuação (o tal 
Poder Normativo Técnico). Daí por que alguns professores preferem a 
expressão Poder Normativo, no lugar de Regulamentar, este 
privativo dos Chefes do Executivo. 
No que consistiria, então, a diferença dos normativos 
administrativos, para as Leis? De início, que tal lembrarmos a 
semelhança entre ambos? 
São normas, não é verdade? Todavia, as Leis são normas originárias, 
criando, de regra, o direito novo. Isso se dá com as Leis, sobretudo no 
que diz respeito à criação de novas obrigações, em razão de 
disposição constitucional expressa, o inc. II do art. 5º da CF/88, que 
dispõe: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de LEI. 
De sua parte, os atos normativos administrativos possuem natureza 
derivada, são atos secundários, uma vez que deverão estar adstritos 
aos limites que lhes impõem as Leis. Como exemplo do que se afirma, 
releiam o inc. IV do art. 84 da CF/1988: os decretos editados pelo 
Presidente da República serão expedidos para fiel cumprimento das Leis, 
as quais lhe constituem limite, portanto. 
Assim, resta patente que os decretos constituem uma das formas de 
expressão do Poder Normativo da Administração Pública, assim 
como o são as Resoluções, as Instruções, Portarias e Deliberações, 
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desde que dotadas de caráter normativo, ou seja, genéricas e 
abstratas. 
 
Opa, quase passa (batido!): a figura dos Decretos Autônomos. 
Então, a Administração Pública pode adotar atos administrativos 
autônomos com relação às Leis? O certo é que os 
decretos/regulamentos de execução são regras jurídicas gerais, 
abstratas e impessoais, concebidas em função de uma lei, para lhe dar 
fiel execução e referentes à atuação da Administração. 
No âmbito federal, a competência para expedição desses decretos é do 
Presidente da República (art. 84, inc. IV), sendo tal competência 
indelegável (parágrafo único do art. 84). Fundamento básico para a 
edição de decretos de execução é que estes devem ser editados em 
função de uma Lei que futuramente exigirá a participação da 
Administração na sua efetivação. Assim, não seria razoável, ou mesmo 
legal, a Administração, sob a argumentação de estar no exercício do 
Poder Regulamentar, expedir decretos de execução em razão de normas 
que nada tem a ver com o exercício de suas atribuições, tais como alguns 
dispositivos de Direito Comercial, por exemplo. 
Já os Decretos Autônomos foram reintroduzidos em nossa ordem 
jurídica por intermédio da Emenda Constitucional 32/2001. A partir da 
promulgação desta, compete ao Presidente da República dispor, mediante 
decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando 
não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de 
órgãos públicos; 
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b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. 
 
Ressalto que, a despeito do que estabelece a alínea “a”, a criação e 
extinção de Ministérios e órgãos da Administração Pública continua 
a depender de Lei (art. 88 da CF – reserva legal). São duas situações 
distintas, então: tratando-se de organização/funcionamento da 
administraçãofederal (alínea “a”), competência do Presidente da 
República, por meio de decreto autônomo, competência que é 
delegável, nos termos do art. 84, parágrafo único da CF/1988; já a 
criação/extinção de Ministérios é matéria a ser tratada em LEI. 
 
Hoje, para fins de concurso público, deve ser aceita a existência de 
Decretos Autônomos tão só nas hipóteses listadas acima. Mas, em que 
residiria a autonomia desses atos administrativos? 
A “autonomia” vem do Decreto dessa natureza não se ater aos limites 
postos por uma Lei, como no caso dos regulamentares, mas de se 
arvorar diretamente no texto constitucional, ou seja, de irem além 
da lei (praeter legem) e não só até os limites desta (secundum 
legem). 
Agora é “pra” valer! Vamos às questões. 
 
13. (2010/FCC – TCE/RO – Procurador) O poder normativo 
conferido à Administração Pública compreende a 
(A) edição de decretos autônomos para criação e extinção de órgãos 
públicos, na medida em que são tradução de seu poder de auto-
organização. 
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(B) edição de atos normativos de competência exclusiva do Chefe do 
Executivo, tais como, decretos regulamentares, resoluções, portarias, 
deliberações e instruções. 
(C) promulgação de atos normativos originários e derivados, sendo os 
primeiros os regulamentos executivos e os segundos, os regulamentos 
autônomos. 
(D) promulgação de atos legislativos de efeitos concretos, desde que se 
refiram a objeto passível de ser disposto por meio de decreto 
regulamentar. 
(E) edição de decretos autônomos, restringindo-se estes às hipóteses 
decorrentes de exercício de competência própria, outorgada diretamente 
pela Constituição. 
Comentários: 
Questão bem interessante! Como sobredito, os Decretos editados pelo 
Presidente da República constituem apenas um dos meios mediante 
o qual se expressa o Poder Normativo da Administração Pública, o qual 
também se manifesta mediante Resoluções, as Instruções, Portarias 
e Deliberações, desde que dotadas de caráter normativo. 
Veja o exemplo do Conselho Nacional de Justiça. A respeito, segue o 
entendimento do STF, na ADC 12: 
São exemplos de atos normativos primários, estruturados 
a partir da linguagem do Texto Constitucional: resoluções do 
Senado Federal (art. 52, VII, VIII e IX e art. 155, § 2º, V, 
alíneas a e b, todos da Constituição Federal); medidas 
provisórias (art. 62 da Constituição Federal); decreto - 
regulamento autônomo – (art. 84, VI, a da Constituição 
Federal); resolução do Conselho Nacional de Justiça (art. 
103-B, II da Constituição Federal); regimento internos dos 
tribunais (art. 96, I, alínea a da Constituição Federal). Para o 
ministro Carlos Ayres Britto os regimentos internos dos 
Tribunais possuem natureza dúbia, porquanto podem ter 
natureza de atos primários, quando dispõem sobre 
competência e funcionamento dos órgãos jurisdicionais e 
administrativos de cada qual deles (tribunais); e de atos 
secundários, quando dispuserem sobre o dever de 
observância das normas de processo e das garantias 
processuais das partes. 
Em sendo assim, os órgãos constitucionais que foram 
aquinhoados com a possibilidade de editar estes instrumentos 
jurídicos são detentores da chamada competência para 
expedir atos normativos primários, atos que podem 
inovar no ordenamento jurídico independentemente da 
existência de interposto texto legal, uma vez que o 
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fundamento de validade para edição de tais atos primários 
advém da própria Carta Republicana. 
Além dos decretos regulamentares ou executivos, expedidos nos termos 
do inc. IV do art. 84 da CF, de 1988, revimos que o chefe do Executivo 
é, hoje, competente para a edição de Decretos Autônomos ou 
independentes. Tais decretos não são simplesmente regulamentares, ao 
revés, inovam no ordenamento jurídico. 
Obviamente, o campo de atuação do Executivo foi delimitado pela CF, de 
1988 (art. 84, VI, da CF, de 1988), só podendo ser expedido em duas 
situações bem nítidas. A primeira delas é para a extinção de cargos ou 
funções, desde que vagos. A segunda é para a organização e 
funcionamento da Administração, desde que não implique aumento 
de gastos ou criação/extinção de órgãos e entidades. 
 
A partir destas considerações preambulares, chegamos, facilmente, à 
alternativa E. A seguir, vejamos os erros nos demais quesitos. 
 
(A) edição de decretos autônomos para criação e extinção de órgãos 
públicos PARA A ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, na 
medida em que são tradução de seu poder de auto-organização. 
 
(B) edição de atos normativos de competência exclusiva do Chefe do 
Executivo, tais como, decretos regulamentares, resoluções, portarias, 
deliberações e instruções, AFINAL RESOLUÇÕES, PORTARIAS E 
INSTRUÇÕES SÃO ATOS PRIVATIVOS DE AUTORIDADES AUXILIARES DO 
EXECUTIVO OU DE AUTORIDADES DOS DEMAIS PODERES DA 
REPÚBLICA, COMO, POR EXEMPLO, AS RESOLUÇÕES DO SENADO 
FEDERAL PARA A ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS INTERNOS E O 
REGIMENTO INTERNO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. 
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(C) promulgação de atos normativos originários e derivados, sendo 
os primeiros os regulamentos executivos AUTÔNOMOS e os segundos, 
os regulamentos autônomos EXECUTIVOS. 
 
(D) promulgação de atos legislativos de efeitos concretos, desde 
AINDA que NÃO SE refiram a objeto passível de ser disposto por meio 
de decreto regulamentar. 
Gabarito: alternativa E. 
14. (2005/CESPE/MA-MT/PROMOTOR) Para alguns estudiosos, a 
Emenda Constitucional n.º 32/2001 deu ao presidente da 
República o poder de baixar os chamados decretos autônomos, 
dentro de certos limites. Independentemente dessa discussão, é 
certo que o chefe do Poder Executivo, ao baixar decretos para 
dispor acerca da organização e do funcionamento da 
administração federal, continua submetido ao princípio da 
legalidade e não pode, por exemplo, criar nem extinguir órgãos 
públicos. (Certo/Errado) 
Comentários: 
Então, entendeu bem a história dos decretos autônomos? Espero, 
sinceramente, que sim, pois costuma ser item certo de prova. Em todo 
caso, trouxe “pra” vocês uma questão estilo “tiro-rápido” (Certo/Errado). 
Em capítulo reservado à Administração Pública, a Constituição Federal de 
1988 (CF/1988) registra expressamente alguns princípios, entre os quais: 
a moralidade, a publicidade, a eficiência e a legalidade. 
Entre esses fundamentos, a legalidade administrativa determina que a 
atuação dos administradores seja pautada em lei formal, isto é, só 
podem agir ou deixar de agir se houver autorização ou permissão 
em lei. 
No entanto, essa não é uma regra sem exceções. Entre as atenuações ao 
princípio da legalidade formal, a Emenda Constitucional 32/2001 
reintroduziu a figura do Decreto Autônomo ou Independente, 
reservando ao Chefe do Executivo Federal o tratamento de 
determinadas matérias via decreto. 
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A chamada Reserva da Administração exercida pelo Chefe do 
Executivo Federal, nos termos do art. 84, VI, da CF/1988, por 
excepcional, deverá se adstringir à organização e funcionamento 
da AdministraçãoPública e à extinção de cargos e de funções. 
 
Todavia, a expedição do decreto, nesses casos, sofre restrições. Em nome 
do princípio da reserva legal, não é cabível sua edição para o 
aumento de despesas e para a criação/extinção de 
órgãos/entidades, bem como para a extinção de funções ou de 
cargos ocupados. Daí a correção do quesito. 
Gabarito: CERTO 
15. (2007/CESPE/PGE/TÉC. EM ADM) Os atos normativos 
editados com base no poder regulamentar ou de regulação da 
administração são primários. (Certo/Errado) 
Comentários: 
É uma questão muito interessante! Por isso, decidi “recorrer” ao Cespe. 
Perceba, de pronto, que a ilustre organizadora diferenciou os atos 
decorrentes do poder regulamentar e os da regulação. É que alguns 
autores têm entendido que a regulação, por seu relevo, deve ser tratada 
como uma atividade à parte das tradicionais atividades de Administração 
Pública (serviços públicos, fomento, polícia administrativa e intervenção). 
Para outros, porém, o exercício do Poder Regulamentar seria 
exclusivo dos Chefes do Executivo, enquanto o Poder Normativo 
seria difundido por toda a Administração Pública. Para não deixar 
margem para recursos, o examinador optou pela distinção. Bom, 
superada essa ligeira “preliminar”, passemos ao conteúdo do item em si. 
Como já falado, não é qualquer ato administrativo normativo que 
inova na ordem jurídica. A originariedade costuma ser atributo 
próprio das Leis. 
A Administração não pode a pretexto de regulamentar norma, criar direito 
novo, introduzindo novidade no mundo jurídico, dado que este papel 
cabe ao Legislativo, este sim, possuidor da prerrogativa de produzir 
novidades jurídicas, em razão do que dispõe o inc. II do art. 5º da 
CF/1988. 
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Inclusive, nos termos do art. 49, V, da CF/1988, em caso de o Decreto 
exorbitar o conteúdo da Lei, caberá exclusivamente ao Congresso 
Nacional sua sustação. 
Dessa forma, os atos normativos administrativos são atos derivados, 
que deverão estar adstritos aos limites que lhe estabelecem as Leis. 
Por isso, o erro da questão. 
 
Quanto aos atos de regulação, há muita discussão na doutrina sobre a 
natureza primária ou derivada. Porém, para o STF, o poder normativo 
técnico das agências reguladoras, por exemplo, apesar de maior 
discricionariedade comparativamente aos decretos regulamentares, o 
entendimento é de que não inovam! 
Gabarito: ERRADO 
 
16. (2010/FCC - ALESP/SP - Técnico Especializado/Direito) O 
poder regulamentar atribuído pela Constituição Federal ao Chefe 
do Executivo o autoriza a editar normas 
(A) complementares à lei, para sua fiel execução, não se admitindo a 
figura do regulamento autônomo, exceto para matéria de organização 
administrativa, incluindo a criação de órgãos e de cargos públicos. 
(B) autônomas em relação a toda e qualquer matéria de organização 
administrativa e complementares à lei em relação às demais matérias. 
(C) complementares à lei, para sua fiel execução, não sendo admitida a 
figura do regulamento autônomo, exceto no que diz respeito à matéria de 
organização administrativa, quando não implicar aumento de despesa 
nem criação ou extinção de órgão público, bem como para extinção de 
cargos ou funções, quando vagos. 
(D) complementares à lei, para sua fiel execução, não se admitindo a 
figura do regulamento autônomo, exceto para matérias relativas a 
organização administrativa e procedimento disciplinar de seus servidores. 
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(E) complementares à lei, para sua fiel execução, não se admitindo, em 
nenhuma hipótese, o poder normativo autônomo, ainda que em matéria 
afeta à organização administrativa. 
Comentários: 
Primeiro, vejamos, pelos esquemas do amigo Sapo-da-Vez, as espécies 
de Decretos. 
 
Isso mesmo. Nem sempre os Decretos dos chefes dos Executivos são atos 
normativos, portanto, dotados de generalidade e abstração. Segundo Hely 
Lopes, os decretos individuais ou especiais são todos aqueles que se 
dirigem a destinatários certos, criando-lhes situação jurídica particular. O 
mesmo ato pode abranger um ou vários sujeitos, desde que sejam 
individualizados, sendo classificados, nessa ordem, em individual singular 
e individual plúrimo. 
São atos individuais os decretos de desapropriação, de nomeação, de 
exoneração, assim como as outorgas de licença, permissão e autorização, 
e outros mais que conferem um direito ou impõem um encargo a 
determinado administrado ou servidor. 
 
 
Outra espécie de decretos são os regulamentares ou gerais. Para Hely 
Lopes, os atos gerais são aqueles expedidos sem destinatários 
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determinados, com finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos 
que se encontrem na mesma situação de fato abrangida por seus 
preceitos. São atos de comando abstrato e impessoal, semelhantes aos 
da lei, e, por isso mesmo, revogáveis a qualquer tempo pela 
Administração, mas inatacáveis por via judicial, a não ser pela 
representação de inconstitucionalidade. Para o autor, os atos gerais, 
quando de efeitos externos, dependem de publicação no órgão oficial para 
entrar em vigor e produzir seus resultados jurídicos, pois os destinatários 
só ficam sujeitos às suas imposições após essa divulgação. Nos Municípios 
que não tenham órgão para suas publicações oficiais os atos gerais 
devem ser afixados na Prefeitura, em local acessível ao público, para que 
possam produzir seus regulares efeitos. 
 
 
 
Para Diógenes Gasparini, os regulamentos autônomos ou independentes 
são aqueles editados pelo chefe do Executivo para dispor sobre matérias 
constitucionalmente reservadas ao Executivo. 
 
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Os regulamentos autorizados, também chamados de delegados ou 
habilitados, são editados pelas autoridades competentes para o 
provimento de matéria reservada à lei. Segundo Gasparini, não se podem 
delegar atribuições delegadas. O Legislativo, que recebeu sua atribuição 
por delegação do povo, não a pode delegar. A Constituição, quando 
permite a delegação, o faz expressamente, como acontece no art. 68 
(delegação para elaborar leis). 
Prontos? Vamos aos quesitos. 
(A) complementares à lei, para sua fiel execução, não se admitindo a 
figura do regulamento autônomo, exceto INCLUSIVE para matéria de 
organização administrativa, incluindo EXCETO a criação de órgãos e de 
cargos públicos. 
(B) autônomas em relação a toda e qualquer À matéria de organização 
administrativa, COM RESTRIÇÕES CONSTITUCIONAIS, e 
complementares à lei em relação às demais matérias. 
(C) complementares à lei, para sua fiel execução, não sendo 
admitida a figura do regulamento autônomo, exceto no que diz 
respeito à matéria de organização administrativa, quando não 
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgão 
público, bem como para extinção de cargos ou funções, quando 
vagos. 
(D) complementares à lei, para sua fiel execução, não se admitindo a 
figura do regulamento autônomo, exceto para matérias relativas a 
organização administrativa e procedimento disciplinar de seusservidores 
EXTINÇÃO DE CARGOS OU FUNÇÕES, QUANDO VAGOS. 
(E) complementares à lei, para sua fiel execução, não se admitindo, em 
nenhuma hipótese, o poder normativo autônomo, ainda que EXCETO em 
matéria afeta à organização administrativa E EXTINÇÃO DE CARGOS 
OU FUNÇÕES, QUANDO VAGOS. 
 
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Gabarito: alternativa C. 
 
17. (2010/FCC – TRT/8R – Analista/Administrativa) O Poder 
Legislativo aprova lei que proíbe fumar em lugares fechados, cujo 
texto prevê o seu detalhamento por ato do Poder Executivo. 
Sancionando a Lei, o Chefe do Poder Executivo edita, 
imediatamente, decreto detalhando a aplicação da norma, 
conforme previsto. Ao fazê-lo o Chefe do Poder Executivo exerce o 
poder 
(A) disciplinar. 
(B) regulamentar. 
(C) discricionário. 
(D) de polícia. 
(E) hierárquico. 
Comentários: 
Isso aí. Mais uma questão versando sobre o poder regulamentar. O poder 
regulamentar possui, ao lado de seu fundamento jurídico, um fundamento 
político, consistente na conveniência e oportunidade que se reconhece ao 
Poder Executivo para orientar a administração pública em relação a 
pormenores inerentes à execução da lei. 
De fato, é uma opção política do Legislador “abrir mão” de parte de sua 
competência de elaborar Leis gerais e abstratas, deixando a cargo do 
administrador que desça aos detalhes necessários à aplicação destas. 
Aliás, é assim em razão da própria separação de funções, consagrada no 
texto da CF/1988 (art. 2º: Poderes Independentes e harmônicos 
entre si, o Executivo, Legislativo e o Judiciário). 
O administrador público e não o Legislador é quem conhece melhor os 
problemas práticos do dia a dia da Administração, e, por isso, em alguns 
casos, melhor deixar ao seu encargo o detalhamento quanto a melhor 
aplicação das Leis. Ilustro a situação, com um exemplo que se encaixa em 
nosso curso: a tal modalidade de licitação Pregão. 
O Pregão é uma modalidade de licitação que se destina à AQUISIÇÃO 
(alienação NUNCA) de bens e serviços comuns (Lei 10.520/2002). Mas, o 
que seriam bens e serviços COMUNS? A Lei não os define com precisão 
cirúrgica, restando ao administrador público fazê-lo. 
Em âmbito federal, o maior desses administradores, o Presidente da 
República, editou o Decreto 3.555/2000, o qual traz uma lista 
exemplificativa (não taxativa, não fechada) de bens e serviços comuns, 
facilitando o entendimento dos conceitos indeterminados contidos na Lei 
(a execução dos pormenores). 
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Mas por que a Lei não poderia descer a esses pormenores? 
Em síntese, por duas razões: 
I) o administrador é quem tem conhecimento dos detalhes do 
funcionamento administrativo de rotina. Ele, portanto, quem 
conhece o que merece ser esclarecido de forma mais 
pormenorizada; 
II) se a Lei for por demais detalhada, rapidamente cairá em desuso. 
Se a Lei fixa o que é comum, por exemplo, o que ficasse de fora 
seria “incomum”. Só que o que não é comum hoje, pode ser 
amanhã. Exemplo disso: alguns bens de informática, como teclado, 
monitor, CPU, etc. há vinte anos, absolutamente não comuns. 
Não caberia, por conseguinte, pregão para estes (até mesmo por que esta 
modalidade foi criada bastante depois...). Hoje, bastante comuns, 
cabendo, portanto, o pregão. Se a Lei tivesse definido o que deveria ser 
entendido por comum e tivesse deixado de fora bens de informática, não 
poderíamos ter pregão para os ditos bens. 
Todas as vezes que fosse alterado o entendimento quanto ao que é 
comum, teríamos de ter uma alteração na Lei que trata da matéria, com 
todo o rito formal previsto na CF. Imagina a confusão... 
É por uma questão prática que se deixam alguns detalhes para 
regulamentação pela Administração Pública, a “Lei em seus 
pormenores necessários à execução”. 
Ressalto, todavia, que o Legislador não pode, sob pena de ofensa ao 
princípio de separação dos poderes, atribuir in totum (integralmente) 
competência legiferante ao Executivo, ou seja, não pode dizer a este: 
LEGISLA! 
Nessa situação, ocorreria uma delegação legislativa “em branco” 
(seriam “decretos autorizados”), tida por inconstitucional pelo STF, 
e, assim, inaceitável em nosso sistema jurídico, em matéria 
administrativa. 
 
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Mesmo naquelas matérias de alta dose de tecnicidade, a delegação 
concedida para a Administração regulamentá-las deverá ser 
limitada. Assim, o Legislativo poderia, por exemplo, determinar regras 
básicas, enquanto à Administração caberia a regulamentação técnica, de 
maior detalhamento, o procedimental em si, de acordo com parâmetros 
estabelecidos na norma. 
A Administração não pode, portanto, a pretexto de regulamentar 
norma, criar direito, introduzindo novidade no mundo jurídico, 
dado que este papel cabe ao Legislativo, este sim, possuidor da 
prerrogativa de produzir novidades jurídicas. 
Gabarito: CERTO 
 
18. (2007/NCE/TFAZ/MG) Um dos poderes administrativos 
reconhecidos pela doutrina é o regulamentar. Sobre o tema, 
analise as seguintes afirmativas: poderes: 
I. O regulamento tem como limite a lei, competindo ao Poder Legislativo 
anular ou revogar os atos do Poder Executivo que exorbitam do poder de 
regulamentação. 
II. O regulamento é ato típico do Chefe do Poder Executivo nas diversas 
esferas de governo. 
III. O direito público no Brasil não admite a expedição de decreto 
autônomo para disciplinar matérias sujeitas à reserva legal. 
São verdadeiras somente as afirmativas: 
(A) I e II; 
(B) I e III; 
(C) II e III; 
(D) I, II e III; 
(E) nenhuma. 
Comentários: 
De regra, quanto maior o conteúdo, maior são as chances de galgarmos 
uma vaga em concurso público. 
As leis em sentido material, ou seja, com atributos de generalidade, 
de novidade, e de abstração, muitas das vezes pecam pela grande 
generalidade e abstração, tornando sua letra, sua redação, de difícil 
entendimento (até cumprimento). Assim, incumbe à Administração, 
então, complementar as leis, criando os mecanismos para sua efetiva 
implementação. 
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Essa característica de esmiuçar, de explicitar, de pormenorizar, o 
conteúdo das leis, é a principal característica do Poder Regulamentar, 
o qual pode ser entendido como a prerrogativa dada à Administração 
Pública de editar atos gerais para complementar as leis e permitir 
sua efetiva implementação. 
 
Alguns autores preferem falar em Poder Normativo em vez de Poder 
Regulamentar, uma vez que este representa apenas uma das formas 
pelas quais se expressa aquele, coexistindo com outras. Trocando em 
miúdos. Quem administra no Brasil? Apenas o Executivo? Obviamente 
não. Todos os Poderes administram, embora de forma atípica, logo, 
seria inconcebível pensar em uma estrutura administrativa dentro, por 
exemplo, do Supremo Tribunal Federal, sem a edição de atos normativos 
que regessem as atividades internas. Por essa razão, o Poder 
Normativo aparece como gênero do qual o Poder Regulamentar não 
passa de espécie. 
Agora que repetida a “historinha” do Poder Regulamentar, vamos aosquesitos. 
Item I – INCORRETO. Esse é o único item incorreto. Os decretos 
de execução não podem inovar no ordenamento jurídico, cumprem 
o papel de tão-somente regulamentar as leis, não podendo exorbitar 
o seu comando, competindo exclusivamente ao Congresso Nacional 
sustar sua execução, nos termos do art. 49, inc. V, da CF/1988. O ato 
de sustação não se confunde com revogação ou com anulação, refere-se 
ao ato de levantar os efeitos, a eficácia da norma. 
Item II – CORRETO. Como decorre do art. 84, inc. IV, da 
CF/1988. 
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Item III – CORRETO. É verdade, os decretos autônomos não 
funcionam como carta branca ao Executivo, em outros termos, encontra 
restrições, assuntos que só lei pode tangenciar (princípio da reserva 
legal), como é o exemplo da criação e da extinção de órgãos 
públicos, de aumento remuneratório aos servidores públicos. 
Gabarito: alternativa C 
 
19. (2006/CESPE/ANA/ANALISTA ADM.) Regulamentos ou 
resoluções do Poder Executivo Federal não poderão ser 
invalidados pelo Poder Judiciário por via da ação direta de 
inconstitucionalidade quando contrariarem a Constituição Federal, 
uma vez que esse instrumento só é aplicável quando uma lei 
violar a Constituição. (Certo/Errado) 
Comentários: 
A regra é que os atos normativos (e também os não normativos) 
devem ser praticados sem vícios. Nesse sentido, levando em conta a 
regra geral, verifica-se a existência de uma série de instrumentos ou 
mecanismos que visam coibir a prática nociva de se editar atos ilegais. 
Inicialmente, diga-se que, conforme o inc. V, art. 49 da CF, compete 
exclusivamente ao Congresso Nacional sustar os atos normativos 
do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos 
limites de delegação legislativo. 
Tal controle visa nitidamente impedir a usurpação da competência 
legiferante (de legislar) do poder que, constitucionalmente, detém-na, ou 
seja, visa restringir a invasão de competência do Legislativo pelo 
Executivo. 
Já o inafastável controle judicial dos atos administrativos 
normativos (inc. XXXV do art. 5º da CF/1988) variará conforme a 
natureza destes e em razão à norma infringida. No caso de conflito com a 
lei, o ato normativo estará sujeito ao controle de legalidade. 
De outra parte, o ato normativo (apenas o PRIMÁRIO) poderá ser 
submetido ao controle de constitucionalidade, desde que ofenda 
diretamente a Lei Maior, podendo, portanto, constituir objeto de 
controle de constitucionalidade, mesmo na via direta. 
Nessa situação, não haverá lei subordinadora do ato regulamentar 
editado, o qual será qualificado como autônomo, podendo ser impugnado 
por intermédio da Ação Direta de Inconstitucionalidade, permissiva da 
invalidação dos atos que ofendem diretamente a constituição. Assim, 
conclui-se que SÓ SÃO PASSÍVEIS DE CONTROLE DIRETO DE 
CONSTITUCIONALIDADE OS ATOS ADMINISTRATIVOS 
AUTÔNOMOS. Nessa linha, já decidiu o STF: 
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Ação Direta de Inconstitucionalidade – Objeto – Decreto. Uma vez 
ganhando contornos de verdadeiro ato autônomo, cabível é a ação 
direta de inconstitucionalidade. (Adin 1396-3. Informativo STF, nº. 
98). 
Lembro que a própria Administração emitente do ato normativo 
poderá controlá-lo, em razão do princípio da autotutela (Súmula/STF 
473). 
Enfim, todos os Poderes tem possibilidade de controlar atos 
administrativos, pelas razões que são sintetizadas abaixo: 
I) a própria Administração emitente do ato, em razão do princípio da 
autotutela; 
II) o Legislativo, uma vez que pode sustar os atos normativos do 
Executivo que exorbitem do poder regulamentar; 
III) o Judiciário, em razão do princípio da inafastabilidade de 
jurisdição de índole constitucional (inc. XXXV do art. 5º da CF/88). 
Reiteramos que o controle abstrato de constitucionalidade só será 
possível quanto a atos administrativos revestidos de autonomia, na linha 
da jurisprudência do STF. 
Gabarito: ERRADO 
 
20. (2010/Esaf – SEFAZ/RJ – Agente de Trabalhos de 
Engenharia) Para fins de formalização do Poder Regulamentar que 
o Ordenamento Jurídico lhe outorga, o Chefe do Poder Executivo 
utiliza qual instrumento? 
a) Resolução 
b) Instrução Normativa 
c) Lei 
d) Decreto 
e) Circular 
Comentários: 
O instrumento privativo do chefe do Executivo é o Decreto. Questão 
de fixação. 
Gabarito: alternativa D. 
 
21. (2005/Esaf – AFRFB) Em relação ao poder administrativo 
normativo, assinale a afirmativa verdadeira. 
a) Admite-se, no sistema jurídico brasileiro, o regulamento autônomo. 
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b) O poder normativo das agências reguladoras pode ter caráter inovador 
em relação à lei. 
c) Denomina-se regulamento o ato normativo interno de funcionamento 
dos órgãos colegiados. 
d) O regulamento executivo manifesta-se por meio de decreto. 
e) O poder normativo tem caráter vinculado. 
Comentários: 
A resposta preliminar foi letra “D”. Depois da fase recursal, a banca 
decidiu pela anulação, haja vista a correção da alternativa A. 
A questão nos serve para rápida e efetiva distinção entre Regulamentos e 
Decretos Presidenciais. 
Como sobredito, os Decretos podem ser executivos (inc. IV do art. 84 
da CF/1988, de natureza infralegal e não delegáveis) e autônomos 
(inc. VI do art. 84 da CF/1988, de natureza infraconstitucional, com 
conteúdo passível de delegação). Isso mesmo. O sistema jurídico, 
atualmente, admite a expedição de decretos autônomos, daí a correção 
da letra “A”. 
 
 
A regra é que o Decreto tenha um efeito normativo. Enfim, será 
dotado de generalidade (alcançar um conjunto indeterminado de 
pessoas) e de abstração (o conteúdo não será esgotado com uma única 
aplicação), constituindo-se, por esse motivo, atos administrativos em 
sentido amplo. 
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Um terceiro tipo de Decreto é o individual, como, por exemplo, a 
aplicação de demissão de servidor e a desapropriação de imóvel. No 
entanto, diferentemente normativos, conseguimos identificar no 
conteúdo do Decreto o(s) nome(s) dos destinatários, sendo 
classificado, por essa razão, quanto ao número de destinatários em 
singular ou plúrimo. Por exemplo: o Decreto Presidencial de escolha de 
dois Ministros do TCU é ato individual, porém, pelo fato de conter dois 
destinatários individualizados, estamos diante de Decreto Individual 
Plúrimo. 
 
Tudo bem, mas onde entra o tal Regulamento Executivo, citado na 
alternativa “D”? Explico. 
O Chefe do Executivo, além de Decreto, também pode editar 
Regulamentos, porém tais atos serão sempre normativos, daí 
concluímos que nem todo Regulamento é Decreto, já que existem 
Decretos Individuais. Mas todo Regulamento será exteriorizado, 
formalizado por meio de Decreto. 
Ao abrirmos o Diário Oficial ou o visitarmos o sítio do planalto, não 
enxergamos o Regulamento 3.555/2000, mas sim Decreto 3.555/2000, 
enfim, a formalização de um Regulamento Executivo dar-se-á por 
Decreto, nos exatos termos da alternativa “D”. 
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