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CASO CONCRETO 3 PRÁTICA SIMULADA

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CASO CONCRETO 3
ALUNO: VICTOR MATHEUS FARIA DOS SANTOS
MATRÍCULA: 201502227721
AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PERTENCENTE À VARA CÍVEL Nº___ DA COMARCA DE BRUSQUE/SC
PAULO, brasileiro, viúvo, militar da reserva, idoso na forma da lei, residente e domiciliado na Rua Bauru 371, Brusque/SC, portador da carteira de identidade de nº:__________, expedida pelo ________, inscrito no CPF de nº: ___________, paulo_65@hotmail.com, vem, por meio de seu advogado, devidamente constituído, propor
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO
Pelo procedimento comum, em face de Judite, brasileira, solteira, advogada, residente na Rua dos Diamantes, 123, Brusque/SC, portadora da carteira de identidade nº: __________, expedida pelo_______, inscrita no CPF sob o nº: _____________, jju123@hotmail.com, e de JONATAS, espanhol, casado, comerciante e sua esposa JULIANA, brasileira, casada, ambos residentes na Rua Jirau, 366, Florianópolis, cujo cadastros nos registros gerais são ignorados, pelo respectivos motivos que passa a expor:
I – DA REALIZAÇÃO OU NÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
A parte, ora autor, não tem interesse pela realização de Audiência de Conciliação.
II - GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Nos termos da Lei nº 1.060/50, do artigo 98 e seguintes do CPC, requer o Autor que lhe seja deferido os benefícios da gratuidade da Justiça, tendo em vista que o mesmo não pode arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento.
III - DOS FATOS
Ocorre que o autor Paulo era proprietário de um imóvel de veraneio situado na Rua Rubi, nº 350, na idade de Balneário Camboriú/SC, onde outorgou procuração com poderes especiais e expressos para alienação à sua irmã Judite. No prosseguimento dos fatos, em 15/12/2016, Judite, fazendo uso da procuração outorgada pelo Autor, em novembro de 2011, alienou o imóvel em questão para Jonatas, e sua esposa Juliana. Porém, anterior a celebração do mencionado negócio jurídico, a procuração especial havia sido revogada pelo autor em 16/112016, sendo que o titular do Cartório do 1º Ofício de Notas onde houvera sido lavrada a procuração, assim como sua irmã foram devidamente notificados da revogação em 05/12/2016, exatamente 10 (dez) dias antes da alienação. O autor teve ciência da alienação no dia 1º de fevereiro de 2017 ao chegar ao respectivo imóvel e ver o mesmo ocupado por Jonatas e sua esposa Juliana. É o que mais necessita ser explanado. Passa-se a expor o mérito da causa.
IV- DOS FUNDAMENTOS
IV.I – PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO
O Autor da presente demanda, é pessoa idosa na forma da lei, o mesmo já possui 65 (sessenta e cinco) anos de idade, com isso o arrimo da tramitação prioritária na prestação jurisdicional se faz necessário, devendo sua causa ter prioridade de análise e celeridade em toda a tramitação de atos, diligências e procedimentos do feito, Conforme o que aduz o artigo 71 da Lei nº 10.741/03 (Estatuto do idoso) e o artigo 1.048 do CPC. Nesse ínterim:
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. (Lei 10.741/03)
Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: 
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713, 22 de dezembro 1988.
IV.II – DA NECESSIDADE DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO
Como se verá no decorrer do presente feito torna-se necessário o estabelecimento do litisconsórcio passivo necessário simples, em vista de que a conexão entre os pedidos e a causa de pedir reclamado perante os réus, podendo-se adicionar o contexto fático e jurídico do caso exposto. Nos termos do artigo 113 e 114 e seguintes do CPC:
Art. 113.  Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
Art. 114.  O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
Registra-se, desde logo, que o negócio jurídico firmado no caso sob análise, padece de patente nulidade na celebração da avença aludida, uma vez que a procuração outrora outorgada já estava revogada à época da venda, viciando a alienação em um nítido negócio jurídico pela ilegalidade.
Ilegalidade esta expressa pelo ato do mandatário deposto, que exercera mandato sem acatamento aos preceitos obrigatórios que se pode extrair do art. 662 do Código Civil, que dispõe sobre os atos praticados por mandatário sem poderes suficientes para a execução, deste modo, indo de encontro ao que está disposto no art. 166, V, do mesmo código, caracterizando expressamente a nulidade do negócio jurídico entre as partes. Nesse teor:
Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
Ressalte-se que a jurisprudência dispõe no entendimento dos tribunais acerca da ação, ora pleiteada. Assim:
TJ-RS - Apelação Cível AC 70055659676 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 14/10/2013
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. CONDOMÍNIO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE EXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ALIENAÇÃO DE COISA COMUM. O preço é elemento essencial da compra e venda, sem o qual é inviável juridicamente a declaração da sua existência para fins de outorga de escritura pública. JUROS COMPENSATÓRIOS. Inovação recursal inadmissível. CONHECERAM PARCIALMENTE DA APELAÇÃO E, NESTA PARTE, NEGARAM PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº 70055659676, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Antonio Angelo, Julgado em 08/10/2013).
TJ-SP - Apelação APL 00169022920098260320 SP 0016902-29.2009.8.26.0320 (TJ-SP)
Data de publicação: 23/09/2013
Ementa: BEM MÓVEL AÇÃO DECLARATÓRIA DE EXISTÊNCIA DE NEGÓCIOJURÍDICO C/C REINTEGRAÇÃO DE POSSE AÇÃO AUTÔNOMA DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE Discussão sobre compra e venda de automóvel Conjunto probatório que sustenta a versão de inexistência do negócio jurídico - Posse a ser mantida em favor do suposto vendedor, cuja documentação está em seu nome - Ação declaratória improcedente - Ação de reintegração de posse procedente - Recurso desprovido.
 Assim também, como bem atesta Flávio Tartuce (Direito Civil Como atesta Flávio Tartuce (Direito Civil. 10. Ed. São Paulo: Método, 2014, p. 421 e 422, v. 1):
“Desse modo, para a corrente doutrinária que não aceita a ideia de ato inexistente, os casos apontados como de inexistência do negócio jurídico são resolvidos com a solução de nulidade”.
“Ressalte-se que, como não há qualquer previsão legal a respeito da inexistência do negócio jurídico, a teoria da inexistência não foi adotada expressamente pela novel codificação, a exemplo do que ocorreu com o código de 1916... Na realidade, implicitamente, o plano da existência estaria inserido no plano da validade do negócio jurídico. Por isso é que, em tom didático, pode-se afirmar que o plano da existência está embutido no plano da validade...”
Complementa, afirmando que:
“...Eventualmente, haverá necessidade de propositura de demanda, a fim de afastareventuais efeitos decorrentes desta inexistência de um negócio celebrado...”
É exatamente a demanda declaratória de nulidade, que ora se propõe.
IV.III – DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE LIMINAR
Seguindo os princípios da economia e celeridade processuais de no CPC/15, o Autor requer, desde logo, que uma vez reconhecida a expressa ilegalidade da alienação do imóvel pelo douto Magistrado, em ato contínuo, reconheça o esbulho sofrido pelo legítimo proprietário do imóvel posto em questão. Levando-se em consideração que o Autor resta-se impedido do acesso na casa que sob o julgo de todo direito, lhe pertence.
Desse modo, faz-se mister a concessão de liminar, inaudita altera terá, para reintegração de posse em face da Sra. Juliana e seu esposo Jonatas, também réus no caso exposto, visto que os mesmos constituíram residência no local e impedem o retorno do genuíno proprietário. Não obstante, não custa evocar acerca da possibilidade de uma possível ação de regressiva contra o vendedor impróprio, tendo em vista o crucial motivo determinante que os levaram ao polo passivo desta demanda. Nesse teor:
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. (CC)
Art. 562.  Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. (CPC/15)
V – DOS PEDIDOS
Pelo exposto, uma vez constatado a efetiva nulidade do negócio jurídico celebrado, o Autor, desse logo requer:
Seja deferida a gratuidade de Justiça, visto a hipossuficiência do autor no sentido jurídico do termo;
Deixar expresso a não possibilidade para audiência de conciliação e mediação;
A tramitação prioritária da presente demanda, em razão de ser pessoa idosa na forma da lei, devendo, pois ter, a prioridade de análise e celeridade em toda a tramitação dos atos, diligências e procedimentos do feito, conforme o aduzido no art. 71 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso) e o art. 1.048, I, do CPC. 
A declaração de nulidade do negócio jurídico que ocorrera no caso discutido, tendo em vista o claro ato ilegal que se sucedeu na venda sem procuração válida, à vista do que se expressa nos artigos 166, inciso V, e 662, todos do Código Civil. 
O reconhecimento do esbulho sofrido pelo legítimo proprietário do imóvel em questão, Autor da demanda, levando em conta que o Autor resta-se impedido de acessar a casa que lhe pertence. Assim sendo, faz-se mister a concessão de liminar , inaudita altera pars, para reintegração de posse em face dos réus Juliana e Jonatas, visto que os mesmos constituíram residência no local e impedem o retorno do genuíno possuidor. Ressalta-se acerca da possibilidade de uma possível ação regressiva contra o vendedor impróprio, haja vista este o crucial motivo determinante que os levaram ao polo passivo desta demanda.
Protestar em provar o alegado por todos os meios e provas em direito admitidos, estando já em poder da notificação sobre a revogação do mandato, enviada em 16/11/2016 pelo mesmo a autoridade competente e exatamente dez dias antes da alienação do imóvel, devidamente acostado aos autos do presente feito;
Honorários advocatícios estabelecidos em 20% sobre o valor da causa. 
VI – DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, conforme os termos do artigo 369 e seguintes do CPC, em especial a testemunhal e depoimento pessoal do réu. 
VII – DO VALOR DA CAUSA
Dar-se-á o valor da causa em R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). 
Nestes termos, pede deferimento.
Brusque/SC, 16 de agosto de 2017.
Victor Faria
OAB/RJ Nº XX.XXX-X

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