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Hunt capitulo1

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1
INTRODUÇÃÓ
Costuma-sedizerqueamodernateoriaeconômicacomeçoucomAdamSrnith(1723-
17.90).EstelivrotratadasidéiaseconômicasdesdeSmithatéhoje.O elementocomumàs
idéiasaquiapresentadaséapreocupaçãoemcompreenderanaturezadosistemaeconômi-
co.Todososautoresquediscutiremosbuscavamidentificarascaracterísticasqueseriam
maisimportantesparao funcionamentodo capitalismo,comoo sistemafuncionava,o
quedeterminavao volumedeprodução,qualeraaorigemdocrescimentoeconômico,o
quedeterminavaa distribuiçãodariquezaeda>rendaeoutrasquestõespertinentes.Tam-
bémbuscavamavaiiaro capitalismo:quãoadequadoseriao sistemaparaasatisfaçãodãs
necessidadeshumanas?Comopoderiasermudadoparamelhoratenderaestasne'cessi-
dades?
UMA DEFINIÇÃO DECAPITALISMO
A afirmaçãode queastentativasdecompreendero capitalismocomeçaramcom
AdamSmithé, naturalmente,muitosimplista.J)capitalismocomosistemaecon~mico,
políticoe socialdominantesurgiumuitolentamente,numperíododeváriosséculos,pri-
meironaEuropaOcidentale, depois,emgrandepartedomundo,À medidaquesurgia,
aspeSsoasbuscavamcompreendê-Io.
Pararesumirastentativasdecompreendero capitalismo,énecessário,primeiro,defi-
ni-Ioe,então,reverresumidamenteasprincipaiscaracterísticashistóricasdeseuapareci-
mento.Deve-seafirmardesdejá quenãoháacordogeralentreeconomistasehistoriadores
deEconomiaquantoao quesejamascaracterísticasessenciaisdocapitalismo.Defato,
algunseconomistassequeracreditamquesejaútil definirsistemaseconômicosdife-
rentes;elesacreditamnumacontinuidadehistórica,naqualos mesmosprincípiosge-
rais sãosuficientesparacompreendertodosos ordenamentoseconômicos.Entretan-
to, a maioriadoseconomistasconcordariaqueo capitalismoé umsistemaeconômi-
co quefuncionademodobemdiversodossistemaseconômicosanterioresedossiste-
maseconômicoscontemporâneosnão-capitalistas..Estelivroébaseadonumaabordagem
metodológicaquedefineumsistemaeconômicosegundo.omododeproduçãonoqualse
baseia.O mododeproduçãoé,porsuavez,defmidop~lasforçasprodutivasepelasre/a-
çõessociaisdeprodução.,
. As forçasprodutivasconstituemo quecomumentesechamariaatecn%giaproduti-
vadeumasociedade.Estatecnologiaconsistenoestadoatualdoconhecimentotécnico
ouprodutivo,nasespecializações,técnicasorganizacionaisetc.,bemcomonasferramen-
tas,implementos,máquinase prédiosusadosnaprodução.Dentrodequalquerconjunto
deforçasprodutivas,deve-sefncorreremdeterminadoscustosnecessáriosàmanutenção
daexistênciaestimadadosistema.Outrosnovosrecursos,asmatérias-primas,devemser
continuamenteextraídosdanatureza.Maquinaria,ferramentaseoutrosimplementosde
produçãodesgastam-secomo usoe devemsersubstituídos...Maisimportanteaindaéo
fatodeossereshumanos,quefazemo esforçonecessárioparaasseguraradisponibilidade
,111-1IIIIIl'rlas-primaseparatransformá-Iasemprodutosacabados,devemler urnaquanti-
d,lIl(l1I1(nimadealimentos,roupas,moradiaetc. .
. Osmodosdeproduçãoquenãosatisfizeramaestasnecessidadesm(nhnusdeprodu-
~nocOlltínuadesapareceram.Muitosmodoshistóricosdeproduçãoconseguiramatcndera
(!'~uSnecessidadesmínimasdurantecertotempoe,devidoàmudançadascircunstâncias,
lorllanun-seincapazesdecontinuara fazê-Ioe,conseqüentemente,scextinguiram.,A
IIluioriadosmodosdeproduçãoquecontinuaramaexistirpormuitotempo,defalo,tem
produzidonãosomenteparaatenderàsnecessidadesmínimas,mastambémumcxcesso,
ou excedentesocial,alémdoscustosnecessários.O excedentes~cialé definidocomo
aquelapartedaproduçãomaterialdasociedadequesobra,apósseremdeduzidososcus-
tosmateriaisnecessáriosparaaprodução..
, O desenvolvimentohistórico das forçasprodutivastemresultadoq..t,lmacapacidade
scmprecrescentedeassociedadesproduziremexcedentessociaiscadavezjTIaiores.Dentro
destaevoluçãohistórica,cadasociedadetemsidodividida,demodogeral,emdoisgrupos
separados.A maioriadaspessoas,emqda sociedade,trabalhaexaustivamenteparaprodu-.
zir o necessárioparasustentare perpetuaro mododeprodução,bemcomooexcedente
social,enquantoumapequenaminoriaseapropriadesteexcedenteeo controla.Neste
livro,asclassessociaissãodiferenciadasentresi emfunçãodessefato;asrelaçõessociais
deproduçãosãodefinidascO,morelações.entreestasduasclasses..Ummododeprodução
ó,cntão,o conjuntosocialdatecnologiadeprodução(asforçasprodutivas)eosesquemas
sociaisatravésdosquaisumaclasseunesuasforçasprodutivasparaproduzirtodosos.
bens,inclusiveoexcedente,eaoutradeleseapropria(relaçõessociaisdeprodução)..
No contextodesseconjuntogeraldedefinições,podemosdefinircapitalismoomo-
doparticulardeproduçãocomo qualospensadoresestudadosnestelivrosetêmpreocu-
pado..Ocapitalismoé caI:acterizadop..wguatroconjuntosdeesquemasinstitucionaise
comportamentais:produçãodemercadorias,.orientadapelomercado;propriedadeprivada
dosmeiosdeprodúção;urnill:andesegmentodapopulaçãoquenãopodeexistir,anã_oser
quevendasuaforçadetrabalhonomercado;ecomportamentoindividualista,aquisitivo,
rnaximizador,damaioriadosindivíduosdentrodosistemaeconômico,Cadaumadessas
característicasserádiscutidaresumidament~
No capitalismo,o valordosprodutosdo trabalhohumanoédadoporduasrazões
distintas.Primeiro,taisprodutostêm.característicasfísicasparticulares,emvirtudedas
quuissctornamutilizáveisesatisfazemasnecessidadeshumanas.Quandoumamercadoria
" IIvllliada por seu uso na satisfação de nossasnecessidades,'diz-se que tem valor de liSO.
lodo produtodo trabalhohumano,emtodasassociedades,teV1valordeuso.Nocapita-
II~IIIO,os produtostêmvalorporquepodemservendidosnomercado,emtrocadedin}aei-
10 I'.slc dinheiroédesejado,porquepodesertrocadoporprodutosquetêmumvalorde
\I~Odesejado.Namedidaemqueosprodutostêmvalor,porquepodemsertrocadospor
IIHH'da,diz-sequeelestêmv(llorde troca.Osprodutosdotrabalhohumanotêmvalor
dI' Irol'lI90ll1enlenosmodosdeproduçãocaracterizadospelaproduçãodemercadorias.
1'11111IJlH'li pro<luç:1odemercadoriasexista,éprecisoqueasociedadetenhaummercado
11111110dl'~C'lIvolvldo,noqualosprodutospossamserlivrementecompradosouvendidos
1111'"H" dl~nllll)(11IFxistc,produç:iodemercadorias,quandoosprodutossãofabricados
1".101pllldlllorl'~~l'lIIqualqucrinteressepessoalimediatoem seuvalorde uso,nll1~,.1111,
\
emseuvalordetroca.A produçãodemercadoriasnãoéummeiodiretodesatisfaçãodl'
necessidades.~,istosim,ummeiodeadquirirmoedapelatrocadeprodutospormoeda,
que,porsuavez,podeserutilizadanaaquisiçãodosprodutosdesejadosporseuvalorde
uso.Sobtaiscondições,osprodutosdotrabalhohumanosãomercadorias,easociedadcé
caracterizadacomo.voltadaparaaproduçãodemercadorias.
Na produçãodemercadorias,aatividadeprodutivadeumapessoanãotemqualquer
ligaçãodiretacomseuconsumo;ambosdevemsermediadospelatrocae pelomercado.
Alémdisso,umapessoanãotemqualquerligaçãodiretacomaspessoasqueproduzemas
Ic2mercadoriasqueconsome.Tal relaçãosociflltambémémediadapelomercado.A produ-
çãodemercadoriasimplicaumaltograudeespecializaçãoprodutiva,emquecadapro.
dutorisoladocriasomenteumaou poucasmercadorias,dependendo,assim,de quc
outrosindivíduos,comquemelenãotemqualquerrelaçãopessoaldireta,compremsuas
mercadoriasnomercado.Umavezqueeletenhatrocadosuasmtrt;adoriaspordinheiro,
novamentedependerádequepessoascomasquaiselenãotemrelaçãopessoaldiretaofe.
reçam,nomercado,aquelasmercadoriasqueeletemquecomprarparasatisfazersuas.nc-
cessidadespessoais.
Nestetipodeeconomiaexisteminter-relaçõese dependênciaseconômicasextrema-
te mentecomplexasequenãoenvolveminteraçãoeassociaçãopessoaldireta.Oindivíduo
Il. interagesomentecoma instituiçãosocialimpessoaldomercado,noqualo indivíduotro
camercadoriaspormoedaemoedapormercadorias.Conseqüentemente,o que,emrea-
lidade,é umconjuntodecomplexasrelaçõeseconômicasesociaisentrepessoasé,pura
cadaindivíduo,apenas.Umasériederelaçõesimpessoaisentrecoisas- istoé,mercadorias.
Cadaindivíduode s. raevenda,ouoferlac
procura asatisfaãodesuas
- . A se undacaracterísticadefinidorado capitalismoé a propriedadeprivadadosmeios
deproduçãoIstosignificaqueasociea e aacertaspeSsõãS6duelfõdedeterminarco
inõmatérias-primas,ferramentas,maquinariaeedifíciosdestinadosàproduçãopodemSCI
usados.Tal direitonecessariamenteimplicaqueoutrosindivíduossejamexcluídosdo
grupodaquelesquetêmalgoadizersobrecomoestesmeiosdeproduçãopodemserUS;I'
dos. As primeirasdefesasda propriedadeprivadafalavamem termosde cada\(lrodu
tor individual possuir - e, portanto, controlar - os meios de sua própria pro\lU~:'1I
Mas,muitocedonaevoluçãodocapitalismo,ascoisassedesenvolveramdemododlll~
rente.Defato, terceiracaracterísticadefinido.radocapitalismoé ue itosproduto/l"
nãosãop!:_~~ar.a.a..exe6UçãQ..~Uti~idade 'produllvlV
Apropriedadeseconcentranasmãosdeumpequenosegmentodasociedade- osc:.i-pitil,
listas.Umcapitalistaproprietárionãoprecisavarepresentarqualquerpapeldireto 110
processoprodutivo,demodoacontrolá.lo;apropriedadelhedavaessecontrole..El'SSU
propriedadefoi o quepermitiuaocapitalismoa apropriaçãodoexcedentesocial./Assim,
a propriedade~ios deproduçãoéacaracte.r.íst.i{;a-de-capitali:;moqueconfcreàdilh
secapitalistao poderpelogllaLcpntrolaQ.~xc..eden!liQcial.lestabelecendo-se,apartlldai,
comoclassesocialdominante..
. Esmdominação,é claro,implicaa tcrceiracaracterísticadefinidoradc cnpltnlH,
mo a cxislcnciadcumanumerosaclassetrabalhadora,qucnaotemqualquerl'o"II!}I,
$Ohrl'os mciosnecess:\riosparaa exccuç:lOde suaatividadeprodutiva.No capilall~III')'11
I
1II"llIIludo. trabalhadoresnãopossui~ matérias-primasnemos hnplemontoscomos
Ilu.l~I'roduzmercadorias.Issoquerdizerqueasmercadoria,que08trubnJhaduro8produ-
'fllIl 11110lhospertencem,mas,sim,aoscapitalistasproprietáriosdos100101deprodução.
I) trllblllhftdortípicoentranomercadopossuindooucontrolandosomC'ntcumftcoisa-
'IIRCllpRcidadedetrabalho,istoé,suaforçadetrabalho.ParasededicarAatividadepro-
IlutlvlI,temquevendersuaforçadetrabalho.aumcapitalista.Emtroca,rocebeumsalá-
rioo produzmercadoriasquepeÍtenc~maocapitalista.Dessemodo,aocontráriodequal-
quoroutromododeproduçfoanterior,ocapitalismofazdaforçaprodutivahumanauma
morcadoriaemsi mesmo- a forçadetrabalho- egeraumconjuntodecondiçõespelas
qualsamaioriadaspessoasnãopodeviver,anãoserqueelassejamcapazesdevendera
mercadoriadequesãoproprietárias- a forçadetrabalho- aumcapitalista,emtroca
deumsalário.Comestesalário,podemcomprardoscapitalistassomenteumafraçãodas
mercadoriasqueelesmesmosproduziram.O restantedasmercadoriasqueproduziram
constituioexcedentesocialeéretidoecontroladopeloscapitalistas.fi
. A quartae última cara~rística dwni@ra de capital~m~é_ad.:.quea,maioriadas
pessoaspé...mot-ivada-pof-WI1comportamentoinpividualista,aquisitlV9...e-maximiz.adQYIStõ
é necessárioparao funcionameniõadequadodo capitãfismo.Primeiro,paraassegurar
umaofertaadequadaaotrabalhoefac~litaro rígidocontroledostrabalhadores,énecessá-
rio queestesproduzammercadoriascujovalorexcedaemmuitoovalordasmercadorias
queconsomem.~sprimórdiosdocapit~ismo,issofoi conseguidodedoismodos.Pri-
meiro,os trabalfiadoresrecebiamsaláriostãobaixosque,comsuasfamílias,viviamnos
limitesdamaisextremainsegurançae pobrezamateriais.O únicomodoclarodereduzir
a insegurançae a pobrezaeratrabalharmaishorase maisintensamente,paraobterum
saláriomaisadequadoe evitarserforçadoajuntar-seaograndeexércitodetrabalhadores
desempregados,quetemsidoumfenômenosocialsemprepresentenosistemacapital~ta.
À medidaqueocapitalismofoievoluindo,aprodutividadedostrabalhadoresfoi cres-
cendo.Estesbuscavamorganizar-secoletivamenteemsindicatoseassociaçõesdetraba-
lhadores,paralutarpor melhoressalários.Porvoltado finaldoséculopassadoteinício
do séculoXX, apósdiversosavançose inúmerosretrocessos,essalutacomeçouasurtir
algumefeito.Desdeentão,o poderdecompradosaláriodotrabalhadorvemcrescendo
lentae finnemente.Emlugar'daprivaçãofísicageneralizada,ocapitalismotemsidoobri-
gadoa recorrercadavezmaisanovostiposdemotivação,paramanteramassadostraba-
lhadoresproduzindoo excedentesocial..IJmnovoethossocial,àsvezeschamadoconsu-
mefismo,tornou-sedominante.Caracteriza-sepelacrençadequemaisrendaporsimesma
sempresignificamaisfelicidade..
. Oscostumessociaisdocapitalismotêmlevadoaspessoasaacreditarquepraticamen-
te tOM necessidadeou infelicidadesubjetivapodesereliminadasimplesmentecom-
prando-semaismercadorias.O mundocompetitivoeeconomicamenteinseguronoqual
semovemostrabalhadorescriasentimentossubjetivosdeansiedade,solidãoealienação.
A maioriadostrabalhadoresvêcomocausadessessentimentossuaprópriaincapacidade
decomprarmercadoriassuficientesparafazê-Iosfelizes.oMas,namedidaemquerecebem
8111f1r108maioresecomprammaismercadorias,verificamqueosentimentogeraldeinsatis-
lu~IIOo IInsiedadecontinua.Então,ostrabalhadorestendemaconcluirqueoproblemaé
qlll"o oumentodossaláriosé insuficiente.Comonlroidentificamaverdadeiraorigemde
seusproblemas,caemnumcírculoviciosoasfixiante,ondequantomaissetem,maisne.
cessidadesesent~quantomais/rápidosecorre,maisdevagarsepareceandar;quantomais
arduamentese trabalha,maiorparecesera necessidadedesetrabalharcadavezmais
arduamente. . ..
.. Oscapitalistastambémsãoinduzidosaumcomportamentocombativoe aquisitivo.
A razãomaisimediatadissoé o fatodequeo capitalismosemprefoi caracterizadopela
lutacompetitivaentrecapitalistasporfatiasmaioresdoexcedentesocial.Nessalutasem
fim,o poderdecadacapitalistadependedovolumedecapitalqueconfiofa.Seosconcor.
rentesdeumcapitalistaadquiremcapital(crescendoeadquirindotambémpodereconô-
mico)maisrapidamentequeele,torna-semaiora probabilidadedeele'próprioenfrentar
aextinção,.Então,suaexistênciacomocapitalistadependedeSuamobi1idad~emacumu-
larcapitalnomesmoritmoqueseusconcorrentes.Daí o capitalismotersidosem'preca.
racterizadopeloesforçofrenéticodoscapitalistasemobtermaislucroe converterseus
lucros,emmaiscapital..
O consumerismoentrecapitalistastemsidoimportantetambémparao adequado
funcionamentodo capitalismo.No processodeprodução,os capitalistasseapr.opriam
do excedenteproduzido,a màis-valia,soba fdnnademercadorias.Paraqueestamais.
valiasejaconvertidaemlucromonetário,essasmercadoriasdevemservendidasnomerca.
do.Pode-seesperar,demodogeral,queostrabalhadoresgastemtodoo salárioemmerca.
darias,masseussaláriospodemcomprarsópartedasmercadoriasproduzidas(ounãoha.
veriaqualquerexcedentesocial).Oscapitalistascomprarãomuitasmercadoriascomoin.
vestimentoaacrescentaràsuaacumulaçãodecapital.Mases~asduasfontesdeprocuraja
mllisforamsuficientesparagerarogastonecessárioparaoscapitalistas,comoclasse,ven,
deremtodasassuasmercadorias.Então,paraquehajaumaprocuramonetáriasuficiente
paraoscapitalistasvenderemtodasassuasmercadorias,éprecisoumaterceirafontede
procura:osgastoscrescentesdeconsumodospróprioscapitalistas.
Quandotalprocuranãoseconcretiza,ocapitalismosofredepressões;quandoasmer
clldoriasnãopodemservendidas,ostrabalhadoressãodespedidos,oslucroscaem,havolI'
doumacriseeconômicageral.O capitalismo,atravésdesuahistória,temsofridocres
centescrisesdessaespécie.UmagrandepreocupaçãodamaioriadospensadoreseconOml
CORdiscutidosnestelivrotemsidocompreenderanaturezaeascausasdessascrisesedCl~'
cobrirremédiosparaeliminá-Iasou,aomenos,aliviarseusefeitos.
A ECONOMIAEUROPÉIAPRÉ-CAPITALISTA
Paraesboçara evoluçãohistóricadocapitalismo,primdramenteénecessáriodizer111.
gllmaspalavrassobreo feudalismo- osistemasócio-econômicoqueprecedeuocapl'talla.
11\0naEuropaOcidental.O declíniodaparteocidentaldovelhoImpérioRomanodeixou
1\Huropasemaslei~eaproteçãoqueo hnpériooferecia..Ovácuofoi preenchidopI.I.
crlllçlTodeumahierarquiafeudalnaqualoservooucamponêseraprotegidopelossenho
rOIfeudais,que,porsuavez,deviamfidelidadeeeramprotegidosporsenhoresmaispodr
m'os,Assimseestruturavao sistema,indoatéo rei.Osfortesprotegiamosfracos,01118()
lu,11I1II1111maltoprcço..Emtrocadepagamentoemmoeda,alimentos,trabalhoou flddl
dndt'militar,ossenhoresgarantiamo feudo umdireitohereditárioaoliSOdatt'rrll 11
'I tOJ
_"111VII..lllos,Nabaseestavaoservo,quecultivavaaterra.Agrunc.kmlllorllldI!população
IIIIIIIIVIIdo cultivoda terra,visandoà alimentaçãoe ao vestllÜI'IO,011UIHVUovelhas,
1""11ohlt'rulãeo vestuário.1
. ()~costumeseatradiçãosãoachaveparaacompreensãodusrelllçOesmcdlevais.Em
11111111dcleis,talqualasconhecemoshoje,o quegovernavaeramoscostllllleSvigentesno
,,'lIdo.NaIdadeMédia,nãohaviaautoridadecentralfortequepudesse111I1'01'ocumpri-IIIt'ntodeumsistemadeleis.Todaaorganizaçãomedievalsebaseavuem11111sistemade
~I.'rviçose ob.rigaçõesmútuas,envolvendotodaa hierarquiafeudal.A posseou~o da
Il'rraobrigavaa certosserviçosou pagamentoscostumeiros,emtroeudeproteção.O
senhorestavatãoobrigadoaprotegeroservoquantoesteestavaobrigudoupugar.lhe,em
troca,umaporçãodesuacolheitaoutrabalharparao senhor..
~claroqueoscostumeseramquebrados;nenhumsistemaopera,defato,talcomoa
teoriadeterminaqueeleopere.Nãosedeve,porém,subestimara forçadoscostumese
da tradiçãoquedeterminoua vidae asidéiasdopovomedie\lal.As disputasentreser-
voseramresolvidasnacortedosenhor,segundonãosóascircunstânciasespeciaisdecada
caso,comotambémocostumedofeudoparatalcaso.~claroque,usualmente,umsenhor
decidiaa seufavor,numadisputacomseuservo.Entretanto,mesmonessascircunstân-
cias,especialmentena Inglaterra,umsenhorfeudalimpunhasançõesou puniçõesaum
scnhorque,comovassalodosenhorfeudal,persistentementeviolasseseuscostumesno
tratamentodosservos.Asregrasdoscostumesdofeudoaparecememprofundocontraste,
comparadascomo sistemalegalejudicialdocapitalismo.O sistemacapitalistaébaseado
no cumprimentodeleisdecaráteruniversalistae contratos,cumprimentoestequesó
raramenteé relaxadopor circunstânciasatenuantesou por costumesque,nostempos
medievais,influenciavamcommuitomaisfreqüênciaojulgamentodosenhorfeudal.
Até quepontoo senhorfeudalpodiafazercumprirseus"direitos"variavamuito,
deacordocomaépocaeo lugar.Foi o fortalecimentodessasobrigaçõesaolongodeuma
extensahierarquiadevassalosnumaregiãomuitograndequeacaboulevandoaoapareci-
mentodasmodernasnações-estado.Esteprocessoocorreuduranteo períododetransi-
çãodo feudalismoaocapitalismo.Entretanto,aolongodamaiorpartedaIdadeMédia,
muitosdosdireitosdosenhorfeudalsetornavamfracosouincertos,já queo controle1'0-
Iíticoestavafragmentado.
..A instituiçãoeconômicabásicadavidaruralmedievalerao feudo;quetinhaduas
classesdistintas:ossenhoreseosservos.Osservosnãoeramescravos.Aocontráriodoes-
cravo,queeraumasimplespropriedadeasercompradaouvendidaàvontade,oservonão
podiaserseparadodesuafammanemdesuaterra.Seseusenhortransferisseapossedo
relidoa outronobre,o servosimplesmenteteriaoutrosenhor.Emgrausvariáveis,entre-
lanto,osservostinhamobrigaçõesque,àsvezes,setornavampesadas,e delasnãohavia
comoescapar.Normalmente,o servoestavalongedeserlivre.
. O senhorviviadotrabalhodosservosquecultivavamseuscamposepagavamimpos-
Uma disl'lIss:iomaiscompletado :*stemaeconômicoe socialmedievalpodeserencontradaem
17/1 1);/'IIrltlllI.ili- oJ'1/1('Mi""'" ;1ges.2~ed.,e 77wCambridgeEconomi~lIisloryaf ElIrof!I~.l.ondres,
I ,lInlilldlll~1111iwrsilYI'll'SS, IlJhb. V, I. Revislu por Eileen E. I'owers e J. 11.ClaplHlII.
tosemespécieeemmoeda,deacordocomocostumedofeudo.An~logamente,osenhor
davaproteção,supervisionavaeadministravaa Justiça,deacordocomocostumedofeu-
do,Deve-seacrescentarque,emboraosistemarepousassenareciprocidadedasobrigações,
aconcentraçãodopoderpolíticoeeconômiconasmãosdosenhorconduziaaumsistema
noqual,segundoqualquerpadrãodeavaliação,oservoeraexploradoaoextremo.
. A IgrejaCatólicafoi, durantea IdadeMédia,omaiorproprietáriodeterras..Embora
bispose abadesocupassemposiçõessemelhantesà decondese duques,na hierarquia
feudal,haviaumaimportantediferença.Ossenhoresfeudaissecularespodiamcolocarsua
lealdadeaserviçodopoderenvolvido,masossenhoresreligiososdeviamsempre(emprin-
cípio,aomenos),emprimeirolugar,umalealdadeà IgrejadeRoma..Estafoi também
umaépocaemqueo ensinoreligiosoministradopelaIgrejateveumafortee prpfunda
influênciaemtodaaEuropaOcidental.EssesfatorescombinadosfizeramdaIgrejaains-
tituiçãomaispróximadeumGoverno,durantetodoesteperíodo.~
Assim,o feudopodiasersecularoureligioso(muitossenhoreseramvassalosdese-
nhoresreligiosose vice-versa),masasrelaçõesbásicasentresenhoreseservosnãoeram
significativamenteafetadasporestadistinção.Existepoucaevidênciadequeoservoseria
tratadomenosseveramenteporsenhoresreligiososdoqueporsenhoresseculares.Osse-
nhoresreligiososeanobrezafeudalformavamasclassesdominantes;controlavamaterra
eo poderdeladecorrente.Emtrocadeapropriaçõesmuitopesadasdotrabalho,dapro-
duçãoedodinheirodoservo,anobrezadavaproteçãomilitareaIgreja,ajudaespiritual.
,Alémdosfeudos,aEuropamedievaltinhamuitascidades,queeramimportantescen-
trosmanufatureiros.Osbensmanufaturadoseramvendidosaosfeudose,algumasvezes,
trocadosnocomérciodistante_Asinstituiçõeseconômicasdominantesnascidadeseram
ascorporaçõesdeofício- associaçõesartesanais,profissionaisedeofício- queexistiam
desdeo ImpérioRomano.Quemquisesseproduzirouvenderqualquerbemouserviçok
l'Iaqueentrarparaumacorporaçãodeofício..
. As corporaçõesdeofícioseenvolviamtambémemquestõessociaisereligiosas,tanto
quantonaseconômicas.Controlavamavidadeseusmembrosemtodasassuasatividadl.'s
pessoais,sociais,religiosaseeconômicas6Emboraregulassemcuidadosamenteaproduç:io
l: a vendademercadorias,ascorporaçõesdeofíciosemostravammaisvoltadasparaasul
vIIÇfi'Oespiritualdeseusmembrosdoqueparaaobtençãodelucros.A salvaçãoexigiaqUI'
o Indivíduovivessewnavidaordenada,b~seadanoscostumeseensinamentosdaIgreJu
Assnu,ascorporaçõesdeofícioexerciamumapoderosainfluênciacomosustentadora~
dostatLIsquonascidadesmedievais.
DMasa sociedademedievalerapredominantementeagrária.A hierarquiasocialera
haseadanoslaçosdoindivíduocomaterraeosistemasocialporinteirorepousavaembu
.l' ugrícola.No entanto,ironicamente,osaumentosdaprodutividadeagrícolaconstituI
1&111Io ímpetooriginalparaumasériedeprofundasmudanças,ocorridasaolongodi'VII
fiOSséculos,e queresultaramnadissoluçãodofeudalismomedievalenoiníciodoellpll.l
1I~llIo.O maisimportanteavançotecnológicoda1dadeMédiafoiasubstituiç:!odoSIIII'tI'"
dl' plantiode doiscamposparao sistemadetrêscampos(,EmborahajaevidénclIIdI '111I'II
HlslclnadetrêscampostenhasidointroduzidonaEuropaj:í nooitavoséculo.SI'IIII\II111111
\1 gcncralizou anlcs do SCl'U!OXI.
() plllllllo IInualda nll'SIIHI:lreaesgotavaa tcrrac acabavapor tOnlii1111111'1111\ 11111
11) II
L
........-
OCRESClMENTODOCOMÉRCIODE LONGADISTÁNCIA
teforçaisoladaparaa desintegraçãodofeudalismomedieval.A importânciadocomércio
nãopodeserpostaemdúvida,masdeve-sedestacarqueestecomércionãosurgiuporacu-
so ou por fatorescompletamenteexternosâeconomiaeuropéia,como,porexemplo,o
aumentodoscontatoscomos árabes.,Aocontrário,vimos,naseçãoanterior;queeste
crescimentodo comérciofoi sustentadopelaevoluçãoeconômicainternadaEuropa.O
crescimentodaprodutividadeagrícolasignificavaqueoexcedentedealimentosemanufa
turadostornava-sedisponíveltantoparaosmercadoslocaiscomoparaomercadointer-
nacional.Osprogressosdaenergiae dotransportetornarampossívele lucrativoconcen.
trarosindivíduosnascidades,produziremgrandeescalaevenderosbensproduzidosnos
mercadosmaisamplosdelongadistância.Assim,essesdesenvolvimentosbásicosnaagri-
culturae na~ forampré-requisitosnecessáriosparaadissemina"'çãodocomércio,o
que,porsuavez,estimuloumaisaindaaexpansãourbanaeencorajouaindústria.~
Entretanto,o crescimentodocomércionãopodeserconsideradoaprincipalforçana
dissoluçãodo feudalismoounacriaçãodocapitalismo.Emboraatransiçãodofeudalismo
parao capitalismotenhacoincididocomo aumentodocomércià"naEuropaOcidental,e
emborao comérciotenhasido,decididamente,importanteparaadissoluçãodofeudalis.
moe do crescimentodocapitalismonaEuropaOcidental,a intensificaçãodaatividade
comercialnaEuropaOrientaltendeu(acontribuirparaaconsolidaçãoeaperpetuaçãodas
lelaçõeseconômicasesociaisfeudais.
Taisefeitosdiferenciadosdocomércioforamdevidosàdiferençanosestágiosdede.
~envolvimentodo feudalismoemqueseencontravamtaisregiões.NaEuropaOriental,o
feudalismoeraumsistemaeconômiconovoevigoroso,comconsiderávelpotencialeCOIlO'
micodemaiordesenvolvimento.Nestecontexto,o comérciotendiaaserestritamellt~'
lI1untidosubordinadoaosinteressesdaclassefeudaldominante.Na EuropaOcidental,o
fcudalismotinhaatingido,e provavelmenteultrapassado,seuplenopotencialeconômico
. MuitoantesdocomérciocomeçaraserumapartesignificativadavidadaEuropaOCiOl'1I
lal,o feudalismojásecomeçaraadissolver.O impulsoinicialdestadissoluçãofoiolalo
dt'que,adespeitodosaumentosdaprodutividade,o excedentesocialsetornavaC:lOUVCI
mCllorparasustentarumaclassedominantequecresciarapidamente.IssoprovocouCOII
Illtoscadavezmaissériose irreconciliáveisdentrodaprópriaclassedominante.NoCOII
I,'xtodessesconflitosgravesentreos'váriossegmentosdanobrezaedoclero,ocom\'ll'lu
~t'tornouumaforçadesestabilizante,corrosivaiJ4Emnossoresumo,limitar-nos'e/llo~11
dlSl'utiro feudalismon:lEuropaOcidental,ondeocomérciotendeu:Iacelemradissolll~ao
dofeudalismoeaestabelecermuitasdasfundaçõesinstitucionaisdocapitalismo.
. to.expansãodo comércio,particularmentedo comérciode longadistância,levouali
I.\tnbclccimcntodecidadesindustriaisecomerciaisparaserviraestecomércio.OCleSl'1
IIIt'lItodessascidades,bemcomoo seucrescentecontroleporcapitalistascomercialllcs,
II!'Ovocollimportantesmudanças,tantonaagric'ulturaquantonaindústria.Cadaullladl.'~
1111~1.t(1mlldedoiscampos,metadedaterraerasempredeixadaoclolln,,1('modoquese
Idt:uj)NII8sedoplantiodoanoanterior.Como sistemadetrêscampo.,11IImllarávelera
dlvldlduemtrêspartesiguais.No outono,noprimeirocampo,secultlv/lvUcl!ntclooutri-
1101)luntava-seaveiaouervilha,naprimavera,nosegundocampo,deixando-seo terceiro
(,lIlIIpOemrepouso.Todoano,haviaumarotaçãodessasposições.ASSIIII,umdudotrecho
doterrateriaumaculturadeoutononumano,deprimaveranoanoseguintec descansaria
noterceiroano.
Destamudançaaparentementesimplesnatecnologiaagrícolaresultouumdramático
aumentodoprodutoagrícola.Comamesmaquantidadedeterraarável,o sistemadetrês
camposaumento\taáreacultivada;emqualquerépoca,de,pelomenos,50%.1
O sistemadetrêscamposinduziuaoutrasmudançasimportantes.Plantaçõesdeaveia
e forragem,naprimavera,permitiama criaçãodemaiscavalos,quecomeçaramasubsti-
tuiro boi comoa principalfontedeenergia,naagricultura.Oscavaloserammuitomais
rápidose,assim,aáreacultivávelpôdeserestendida.Maioresáreascultivadaspermitiram
queo campoalimentassecentrosurbanosmaispopulosos.Comocavalo,o transportede
homens,mercadoriase equipamentostornou-semuitomaiseficiente.O próprioatode
arartornou-semaiseficiente.Umaradopuxadoporboisexigiatrêshomensparacontrolá-
10e umaradopuxadoporcavalospode"riaseroperadoporumsóhomem.Alémdisso,no
séculoXIII; o custodo transportedeprodutosagrícolasfoi substancialmentereduzido,
quandoacarroçadeduasrodasfoi substituídapeladequatrorodas,comeixodianteiro
móvel.
, Essesmelhoramentosnaagriculturae notransportecontriouíra1TIparaduasmudan-
çasimportantesedelongoalcance.Primeiro,tornarampossívelumrápidoaumentodo
crescimentodapopulação.JAsmelhoresestimativasmostramqueapopulaçãodaEuropa
dobrouentre1.000e 1.300.3<fiegundo,houveumrápidoaumentodeconcentraçãourba-
na,estreitamenteligadoà expansãodapopCdaçãoJAntesdoano1000,a Europaeraes-
sencialmenteconstituídadefeudos,vilasealgumaspoucascidadespequenas,alémdeoal-
gunspoucoscentroscomerciais,no Mediterrâneo.Por voltade 1300,já haviacidades
grandese prósperas.
~O crescimentodasvilase cidadesconduziuaocrescimentodaespecializaçãorural-
urbana.A produçãodebensmanufaturadoscresceuenormemente,comostrabalhadores
urbanosrompendotodososlaçoscomaterra"Juntocomessacrescenteproduçãomanu-
fatureiraecrescenteespecializaçãoeconômicavierammuitosganhosadicionaisdeprodu-
tividade._Outroimportanteresultadodaespecializaçãocrescentefoi o desenvolvimento
docomérciointer-regionaledelongadistância._
Muitoshistoriadoressustentamqueadisseminaçãodocomérciofoiamaisimportan-
2 WIIITE Jr., Lynn. MedievalT~chnologyandSocialChange.Oxford, ClarendonPress,1962.p.
7t-72.
MISKIMtN,lIarryA. 77ref.'conomyo{EarlyRenaissanceEurope,/300.1460.Engl~'woodC\lrrs,
N. J.. I'rell\ice Itall, t969,p. 20,
11111exemplo histórico concreto dos conllitos cadavez maioresno interior da d:1"e reudal dllllll
IIlIlIt"" du l'Ous,'q(ienledet,'rwraçào econômica c social do reudalbll10antes do ,'re\l'illIl'lItll do l'OIIl'"
1'10pOli<'sn "lIrolltrlldo no IIvnJ de IIEITSCIIER, Jall" K. e IIUNI, I., K "11I'Ij:hh 111111Ih,' 111"..111
tI..n 01 th,' h'II<llIll\lod" ur I'rudu('tion", Sei/'/II','1/,,"Soei"/I', -10(I I, q 71, 1'176.
j)
'IINnlt\II~,pllrtlcularmenteaagricultura,teveenfraquecidose,por1'111I,rolllpldosseuslaços
r01l11l".ll'lIluraeconômicaesocialfeudal.,
I)t'Ndco iníciodoperíodomedieval,algumcomérciodelongadlslfIl\clavinhasendo
It'lto1,1111muitaspartesdaEuropa.EstecomércioeramuitoimpOrlalltt~110suldaEuropa,
1108IIIllI'eSMediterrâneoeAdriático,e aleste,noMardoNorteenoMIII'IIrtltlco.Entre-
tlllllo,entreessasduasáreasdecomércio,o sistemafeudaldamaiorpal'kdaEuropaper-
lIIaneceriarelativamenteinalteradopelocomércioatéaúltimafasedaIdadt'Ml!uia.
J) A partirdoséculoXI, ascruzadasderamforçaaumamarcanteexpallsf[odocomér-
cio.As cruzadasnãopodemservistascomoumfatorexternoouacidentalnodesenvolvi-
mentodaEuropa..Nãoforampromovidasporrazõesreligiosasnemforamoresultadode
ataquesotomanosaperegrinos,já queosturcosmantiveramapolíticamuçulmanadeto-
lerânciá.Osmovimentosno ladoturcolevavamaataquescadavezmaisfortesal3izâncio,
maso Ocidente,normalmente,enviavaajudaapenassimbólica,já quenITohaviagrande
simpatiaporBizâncio..Asrazõeslógicasparaascruzadaspodemservistasnodesenvolvi-
mentointensodaFrança,ondeelastinhamseumaisforteapoio.A Françatornava-seca-
davezmaisforte,tinhacrescentesrelaçõescomerciaiscomo lestee necessitavadeuma
válvuladeescapeparaa inquietaçãosocialinterna.Maiorpropagandaemproldascruza-
daserafeitapelaoligarquiadeVeneza,quequeriaexpandirseucomércioesuainfluência
noleste.
O desenvolvimentodocomérciocomosárabesecomosvikings,nonorte,levouao
crescimentodaproduçãoparaaexportaçãoeàsgrandesfeirascomerciais,quefloresce-
ramdoséculoXII aoséculoXIV. Realizadasanuàlmente,nasprincipaiscidadescomerciais
européias,estasfeiras,geralmente,duravamdeumaaváriassemanas.Osmercadoresdo
nortedaEuropatrocavamcereais,peixes,lã,tecidos,madeira,breu,alcatrão,saleferro
por especiarias,brocados,vinhos,frutas,ovinosejuta,artigosdominantesnocomércio
dosuldaEuropa.s
..LápeloséculoXV, asfeirasjáestavamsendosubstituídasporcidadescomerciais,on-
defloresciaummercadopermanente.Ocomércio,nessascidades,setornaraincompatível
comosrestritivoscostumesetradiçõesfeudais.Geralmente,ascidadesconseguiamganhar
independênciadeseussenhoresfeudaiseda Igreja_Sistemascomplexosdecâmbio,com-
pensaçãoefacilidadescreditíciassedesenvolveramnessescentroscomerciais,einstrumen-
tosmodernos,comocartasdecrédito,tornaram-sedeusocorrente...Novossistemasdeleis
comerciaisforamcriados...Aocontráriodosistemapaternalistadeexecuçãodedívidas,
baseadonoscostumese natradiçãovigentesno feudo,a lei comercialerafixadaporum
códigopreciso.Assim,estalei tornou-sea basedasmodernasleiscapitalistasdoscol1'tra-
tos,títulosnegociáveis,representaçãocomercialeexecuçõesemhastapública.
(ONosistemaartesanalfeudal,o produtor(o mestreartesão)eratambémo vendedor.
Entretanto,asindústriasqueapareciamnasnovascidadeserambasicamenteindústriasde
exportação,ondeo produtorestavadistantedo compradorfinal.Osartesãosvendiam
seusprodutosaoscomerciantesque,porsuavez,ostransportavamerevendiam.Outra1011.
ferençaimportanteeraa dequeo artesãofeudaleratambémumfazendeiro,demouo
geral.O novoartesãodascidadesdesistiudaterraparadedicar-seinteiramenteaotraba,
lhocomo qualelepoderiaobterumarendamonetáriaquepodiaserusadaparasatisfazer
suasoutrasnecessidades.o()
o SISTEMADETRABALHODOMÉSTICOE ONASCIMENTODA INDÚSTRIA
CAPITALISTA
À medidaqueo comércioprosperavaeseexpandia,anecessidadedemaismanufatu.
radosemaisconfiançanaofertainduziaaumcrescentecontroledoprocessoprodutivo
pelocapitalistacomerciante.PorvoltadoséculoXVI, o tipodeindústriaartesanal,onde
o artesãoeraproprietáriodesuaoficina,desuasferramentasematérias-primasefuncio.
navacomoumpequenoprodutorindependente,tinhasidolargamentesubstituído,nas
indústriasdeexportação,pelosistemadetrabalhodoméstico.Noiníciodautilizaçãodes-
sesistema,o capitalistacomercianteforneciaamatéria-primaaoartesãoindependentee
lhepagavaumaquantiaparatransformá-Iaemprodutosacabados.Dessemodo,ocapita.lista,ecaproprietáriodoprodutoaolongodetodooprocessodeprodução,emborao tra."-
balhofosse.feitoemoficinasindependentes.Já emépocasmaisavançauasdautilização
dessesistema,o capitalistacomercianteeraproprietáriodasferramentasemáquinase,
freqüentemente,doprédioondea produçãotinhalugar.Elecontratavaostrabalhadores
parausarasferramentas,fornecia-Ihesamatéria-primaerecebiao prouutoacabado.,
,O trabalhadorjá nãovendiaumprodutoacabadoaocomerciante.Vendiasomenlt'
seuprópriotrabalho.As indústriastêxteisestavamentreasprimeirasemqueo sistcma
detrabalhodomésticosedesenvolveu,Tecelões,fiandeiros,tintureirosseencontravam
numasituaçãoemquesuaocupação,e portantosuacapacidadedesustentarasimeslllo
c suasfammas,dependiadoscapitalistascomerciantes,quetinhamquevendero qucos
trabalhadoresproduziama umpreçosuficientementealtoparapagarsaláriose outras
cOlltaseaindaobterlucro.
. O controlecapitalistafoi,então,estendidoaoprocessodeprodução.AomesmoIt'l1I
po,foi criadaumaforçadetrabalhoquepossuíapoucoounenhumcapitalenadatlllllll
avender,a nãosersuaforçadetrabalho.Estasduascaracterísticasmarcamosurgimcllto
dosistemaeconômicodocapitalismo.AlgunsautoresehistoriadorestêmafirmadoqUt'(I
capitalismojá existia,quandoocomércioeoespíritocomercialseexpandiramesetomu
ramdominantesnaEuropa.Ocomércio,entretanto,existiuaolongodetodaaerafeudal
ÀlI1daassim,enquantoatradiçãofeudalpermaneciacomoo prinCÍpioorganizadordapIO
duç:io,o comércioera,emrealidade,mantidoforadosistemaeconômicoesocial.O mel'
~'ndoeabuscadelucromonetáriosubstituíramoscostumeseatradição,nadeterminaç.10
dequemexecutariacertatarefa,comoseriaexecutadaestatarefae seostrabalhadort'~
poueriamounãoencontrartrabalhoparao seusustento.Quandoissoocorreu,osistcllliI
capitalistafoicriauo.6
Uma discussãomais completada ascensãodo comérciopodescr encontradaem DILLARD,
I}lIdky,/:'co/lolI/ic/)eveloplI/e/llof theNorthAtlanticCOlI/lI/llIlity.EnglcwoodClítls, N. J" I'rcllticc-
lIull, 1%7,(1 3-1"
f.
V,'r I)()BB, MUIIIll',' Stl/dit.s i/l thl' /)el'I'loflll/(!/lt of CapitalislI/, I ulldrc~, RUlltIL'dgL'.11"''''111111
I'lIul, 1LI.lh tl'lilldpnlllll'IIIL' U ('IIP. ".)
,.\
..
o DECL{NIO DO SISTEMA SENHORIAL
cidade.O senhorfeudalcomeçouadependerdascidadesparaconseguirbensmanufatura-
doseprocuravacadavezmaisosbensdeluxoqueosmercadoresIhespodiamvender.ti?
, Oscamponesesdo feudotambémdescobriramquepoderiamtrocarexcedentespor
dinheiro,nosmercadoslocaisdecereais;odinheiropoderiaserusadoparapagartaxasao
senhorfeudal,emlugardotrabalhoforçado.7Isto,quasesempre,transformavao campo-
nêsnumpequenonegocianteindependente.Elepoderiaarrendarterrasdosenhor,vender
seusprodutosparacobrirsuarendaereterareceitaexcedenteparaelemesmo.Essesiste-
madavaaocamponêsmaiorincentivoparaproduzire.portanto,aumentarseusexceden-
tesrentáveis,o queinduziaaummaiorintercâmbio,maioresvendassubseqüenteseassim
pordiante60efeitocumulativofoi umrompimentogradualdoslaçosfeudais,substituí-
dospelomercadoepelabuscado lucrocomoosprincípiosorganizadoresdaprodução...
PorvoltademeadosdoséculoXIV, asrendasmonetáriasjáexcediamovalordosserviços
compulsóriosprestadosemmuitaspartesdaEuropa.
O Outrofatorquelevouasforçasdemercadoaosetorrural,estritamenteligadoàalfor-
riu,foi aalienaçãododomíniodossenhoresfeudais.Ossenhoresfeudaisquenecessita-
Vamdedinheiroparacomprarbensmanufaturados'ebensdeluxocomeçaramaarrendar
8UUSprópriasterrasa camponeses,emlugardeadministrá-Iasdiretamente,utilizandoo
IlIrviçoobrigatóriodoservo.Esteprocessoinduziuawnasituaçãonaqualosenhorfeudal
.hllplesmentepassavaaserumlatifundiário,nomodernosentidodotermo,Defato,mui-
10freqüentementeelesetornavaausente,namedidaemquemuitossenhorespreferiam
IlIudarparaascidadesouestavamlonge,naguerra.
, O rompimentodosistemafeudal,todavia,seoriginoumaisdiretamentedeumasérie
decatástrofes,no finaldoséculoXIV enoséculoXV. A GuerradosCemAnos,entrea
1'l'Unçae a Inglaterra(1337-1453),estabeleceua inquietaçãoea desordemgeral,nesses
doispaíses.A "pestenegra"foi aindamaisdevastadora.'Às vésperasdaepidemiade
I ,14!:!-1349,apopulaçãoinglesaatingia4milhõesdehabitantes.NoiníciodoséculoXV,
upososefeitosdasguerrasedasepidemias,a Inglaterramalatingia2,5milhõesdehahi
Ilmles.Issoerabastanterepresentativodo queaconteciaemoutrospaíseseuropeus.-O
tkspovoamentoprovocouumaenormefaltademão-de-obra,eossaláriosdetodososti'
posdetrabalhoseelevaramabruptamente.A terra,agorarelativamenteabundante,comc,\,
~ouaprod.uzirrendasmenores.~
4 TaisfatoslevaramanobrezafeudalaumatentativadeanularasalforriasquetinlulIlI
I:ollcedidoe restabeleceros serviçosobrigatóriosdosservosecamponeses(camponeses
\'11111Iantigosservosquetinhamatingidocertograudeindependênciae liberdadedlls
11~\lriçÔesfeudais).Descobriram,entretanto,quenãosepodiamaisvoltaràsituaç.l0ante
11111'desejada.O mercadosetinhaestendidoàsregiõesruraisecomeleaumentaraalibel'
dllde,a independênciae aprosperidadedoscamponeses,Estesresistiammuitoaosesfol
~'I)h pararestabelecerasantigasobrigaçõese estaresistêncianãoficou semn:sposta.
,,('omo resultado,houveas famosasrevoltasde camponeses,queexplodir.amemtodll
11l'ul'Opa,do fin.1!doséculoXIV aoprincípiodoséculoXVI. Essasrebeliõessecamctl'll
,11111111por sllaextremacrueldadee ferocidade.Um escritorfrancêsdessaépocadescrevI'1I
. () Cllpltlllismosó setornoudominantequandoasrelaçõesl'xlslt'lIlt!.IlIt~IlIdústriasde
.'~IHIIIIIÇI1()do séculoXVI, entrecapitalistase trabalhadores,foraml'Nltllldldasàmaioria
di!'OlltruSindústriasdaeconomia.Paraquetal sistemasedesenvolwsst',11aUlo.suficiência
j'Wllollltca do feudo tinha de serquebradae as tradiçõese costulllesklldals esvaziados
011dostruídos.A agriculturatinhadesetornarumriscocapitalista,olldl' os trabalhadores
v(jndessemseutrabalhoaoscapitalistase os capitalistassó comprassl'1IIIlIIhalhoseespe-
rassemobterlucronoprocesso.. '
ExistiaumaindústriatêxtilcapitalistaemFlandres,noséculoXIII. Quando,porvá-
riasrazões,suaprosperidadecomeçouadeclinar,a riquezaeapobrezaquetinhacriado
provocaramumalongasériedeviolentasguerrasdeclasses,quequasedcstruiucompleta-
mentea indústria.NoséculoXIV, umaindústriatêxtilcapitalistaprosperouemFlorença.
Tal comoemFlandres,ascondiçõesadversasdos!1egócio'§conduzirama tensõesentre
umaclassetrabalhadoramiseráveleseusricosempregadorescapitalistas.Essastensõesresul-
taramemrebeliõesviolentas,em1379e 1382.A incapacidadederesolvertaisantagonis-
mosdeclassesagravousignificativamenteo rápidodeclíniodaindústriatêxtilflorentina,
talcomojá tinhaocorridoemFlandres.
No séculoXV, a Inglaterradominavao mercadotêxtilmundial.Suaindústriatêxtil
capitalistatinharesolvidoosproblemasdoconflitodeclasses,interiorizando-se.Enquan-
to asindústriastêxteiscapitalistasanteriores,deFlandrese Florença,selocalizavamem
cidadesdensamentepovoadas,ondeostrabalhadoreserammantidosjuntosea resistên-
cia organizadaerafácildeseiniciar,astecelagensinglesasestavamespalhadaspelointe-
rior.Issosignificavaqueostrabalhadoresestavamisoladosempequenosgruposenãoha-
viapossibilidadededesenvolveremqualquerresistênciaorganizada.
Entretanto,o novosistema,emqueosricosproprietáriosdocapitalempregavamar-
tesãosdesprovidosdebens,era,antes,umfenôm'enourbanodoquerural.Desdeocome-
ço,essasempresascapitalistasbuscavamposiçõesmonopolistas,controlandoaprocurade
seusprodutos.O surgimentodascorporaçõesde ofício patronaisou associaçõesde
comerciantescapitalistasempregadorescriouinúmerasbarreirasdeproteçãoà posição
dessesempregadores.Diferentestiposdeaprendizado,comprivilégiosespeciaiseisenções
paraosf11hosdosricos,taxaselevadaspagaspelosmembrosdasassociaçõeseoutrastar-
reirasimpediamosartesãosambiciosos,porémmaispobres,decompetircomanovaclas-
secapitalistaou delafazerparte.Naverdade,essasbarreiras,demodogeral,resultaram
natransformaçãodosartesãosmaispobrese seusfilhosemumanovaclassetrabalhadora
urbana,queviviaexclusivamentedesuaforçadetrabalho.
Antes,porém,queumsistemacapitalistacompletosurgisse,aforçadasrelaçõescapi-
talistasdo mercadodeveriainvadira herdadesenhorial,o bastiãodo feudalismo.Issoaconteceuemdecorrênciadoenormeincrementodepopulaçãonasnovascidadescomer-
ciais.,Grandespopulaçõesurbanasdependemdaagriculturaparaobteralimentosegrande
partedasmatérias-primasparaasindústriasdeexportação.Essasnecessidadesestimllla-
vamespecializaçõesurbanase ruraisc um grandel1uxodecomércioentreo ~':lInpoI' a I HlIII'~"dllullOI'lI", '1111'1'lIvolvi"" SlIhslltlll\;jo ,10ll"h"lhu "\llddo do ""vo por I:I\IIS
111
I'
11111hundodecamponesesquemataram"umcavaleiro,atraVIJIINllrUIII'oucurpocomum
1"11(110l' IIssaram-novivo,diantedesuaesposae filhos.Dezoud()~,l'ull108vlolen'tarama
IIIUlhcolc 11obrigaramacomerdacarnedomarido.Então,matal'lInl'lIlIl~tIssuascrianças.
1'01IIlIdeessagentedesgraçadapassava,destruíacasasfirmesesol1dllsCllstl'loS".8Ao fi-
11111,oScamponesesrebeldesforamdizimadoscomigualoumaiorcrlwldlldl!c ferocidade
pt'lalIobreza.
A Inglaterraexperimentouumasucessãodetaisrevoltas,do filialdoséculoXIV ao
sóculoXV. MasasrevoltasocorridasnaAlemanha,noprincípiodoséculoXVI, foram
provavelmenteasmaissangrentas.A rebeliãocamponesade1524-1525foieSl1lagadapelas
tropasimperiaisdo SagradoImperadorRomano,quedizimoumilharesdecamponeses.
ProvavelmentesónaAlemanhaforammortasmaisde100000pessoas.
Estasrevoltasforamaquimencionadasparailustraro fatodequemudançasfunda-
mentaisnaestruturapolíticaeeconômica,freqüentemente,sósãoconseguidasapóscon-
nitosviolentose traumatizantes.Qualquersistemaeconômicogeraumaoumaisclasses,
cujosprivilégiosdependemdacontinuaçãodestesistema.Estasclassesfazemdetudopara
resistiramudançase protegersuasposições,comoénatural.A nobrezafeudaldesenca-
deouumareaçãoselvagemcontraonovosistemacapitalistademercado,masasforçasda
mudançaafastaramcompletamenteessareação.Emboraasmudançasimportantestenham
sidointroduzidaspeloscomerciantese pequenossenhoresemascensão,oscamponeses
foramasvítimaspolíticasdasconvulsõessociaisconseqüentes.E, ironicamente,elesesta-
vam,namaioriadasvezes,lutandoparaprotegerostatusquo.
o movimentodocercamentoatingiuseupontomáximonosséculosXV eXVI, quan.
do,emalgumasáreas,detrêsquartosanovedécimosdoshabitantesforamexpulsosdo
campoe forçadosa buscarsustentonascidades.Práticassubseqüentesdecercamento
continuaramatéo séculoXIX..Oscercamentoseocrescimentopopulacionaldestruíram
os laçosfeudaisremanescentes,criandoumagrandee novaforçadetrabalho- umaforça
detrabalhosemterra,semquaisquerferramentasou instrumentosdeprodução,apenas
comaforçadotrabalhoparavender.Estamigraçãoparaascidadessignificavamaistra-
balhoparaasindústriascapitalistas,maishomensparaosexércitose marinhas,maisho-
mensparacolonizarnovasterrasemaisconsumidoresoucompradorespotenciaisdepro-
dutos. .
Masos cercamentoseo aumentopopulacionalnãoforam,demodoalgum,a única
origemdanovaclasseoperária.Inúmeroscamponeses,cr'iadosemembrosdapequenano-
brezaforamà falênciacomos exorbitantesaumentosdosaluguéismonetários.4Dívidas
acumuladasquenãopodiamsersaldadasarruinarammuitosoutros.Nascidadesmaiorese
IIIcnorés,ascorporaçõesdeofíciopassarama preocupar-secadavezmaiscomosníveis
derendadeseusmembros.Eraóbvio,paraosartíficesemercadoresdascorporações,que
os passosdadosparaminimizaro númerodemembrosserviriamparamonopolizarseus
ofícioseparaaumentarsuasrendas...Umnúmerocadavezmaiordeprodutoresurbanus
pllSSOUanãoterdireitoa terqualquermeiodeproduçãoindependente,àmedidaqueas
corporaçõesdeofícioficavammaisexclusivas.Assim,umaparcelaconsideráveldanova
l'1asseoperáriafoi criadanascidadespequenase grandes..
Muitosagricultoreseartesãos,quetinhamsido,então,expulsosdaterrae impedidos
dl' teracessoa seusmeiosoriginaisdeprodução,tornaram-sedesordeirosemendigos.
Umnúmeroaindamaiorprocurougarantirsuasubsistência,apossando-seilegalmentede
IMrasmarginaisenãousadas,ondepodiamplantarparaseuprópriouso.Foramaprova'
dasleisextremamenterepressivascontraestetipode lavourae contrao desemprego,"
Assim,quandoa força,afraudeeamortepelafomeforaminsuficientesparacriaranovlI
tlasseoperária,lançou-semãodeestatutoscriminaiserepressãodoGoverno.
SURGIMENTODA CLASSETRABALHADORA
A primeirapartedoséculoXVI éumdivisordeáguasnaHistóriadaEuropa.Marcaa
tênuelinhadivisóriaentrea ordemfeudaldecadentee o sistemacapitalistaquesurgia.
Após1500,importantesmudançaseconômicasesociaiscomeçaramaocorrercommaior
freqüência,cadaumareforçandoa anterior,e todasjuntasconduzindoaocapitalismo.
. Entreasmaisimportantesestavamaquelasquecriavamumaclassetrabalhadorasistemati-
camenteprivadadocontrolesobreo processodeproduçãoe forçadaaumasituaçãoem
queavendadesuaforçadetrabalhoeraaúnicapossibilidadedesobrevivência.A popula-
çãodaEuropaOcidental,quetinhapermanecidorelativamenteestagnadaduranteum.sé-
culoe meio,aumentouemquaseumterço,noséculoXVI, chegandoa70milhõesem
1600.
. O aumentonapopulaçãofoi acompanhadopelomovimentodocercame,!to,queco-
meçounaInglaterra,já noséculoXIII. A nobrezafeudal,cadavezmaisnecessitadadedi-
nheiro,cercavaou fechavaterrasqueantesusaracomopastocomum,utilizando-a,e'ntão,
comopastodeovelhas,parasatisfazeràexplosivaprocuradelãpelaindústriatêxtillaní-
ferainglesa..Asovelhasdavambonslucrose exigiamummínimodetrabalhonaspasta-
gens.
OUTRASFORÇASNA TRANSIÇÃOPARA O CAPITALISMO
Outrasforçasdemudançatambémforaminstrumentaisnatransiçãoparaocapitalt&.
1llO,.Enlreestasestavao despertarintelectualdÓ$êculoXVI, quepromoveuoprogrcssll
111'n\ílico,quelogofoi aproveitadonapráticadanavegação.,O telescópioeo compasso
1"111111tiramqueoshomensnavegassemcommuitomaisprecisão,cobrindodistálll:Hls
11111110maiores."Istolevouàs GrandesDescobertaStNumcurtoperíodo,os europ~'lIs
11111111mmapeadorotasmarítimasparaasfndias,aÁfricaeasAméricas.,Estasdescobl:llas
11"1'111111umaduplaimportância:primeiro,resultaramnum !luxo rápidoe illtensolll' IlIl'
!111~preciososparaa Europa;emsegundolugar,anunciaramumaépocadeC010IlIí'.a~.tIo.
I Entre1300e 1500,a produçãodeouroe prata,liaEuropa,tinhaestagnadll.() "li
IIIC'Il'Íocapitalista,queseexpandiarapidamente,e aextensãodosistemaue lI1erclldopllll
" (;RAS,N. S. 13.A lJistoryofAgricu/tureinEuropeandAmerica.NovalorqUl',AppklulI,1'J40,
li IOH,
Vl'II!OI!I! [)/;'t'«'/Ofl/II!'IIIofCaflltallslII (;tp. h,
IK
, ,
<I1'111111111~li campo tinham provocado umaescassezagudade 1I\00'lla~COII\Oestaseram
hll~IIIIIIIl'lItI1deouroe prata,anecessidadedestesmetaiseracdlt('aA (larllrmaisoume-
IlII!o dI' 1,\SO, estasituaçãofoi aliviadaumpouco,quandoospor!URIIl'~('~('olncçaramaex-
Illdl IIll'taisdaCostadoOuro,naÁfrica,masaescassezgeralCIIIIIIIIUOUatémeadosdo
wl'IlIoXVI. Daíemdiante,houveumaentradatãograndedcouro('pratavindosdas
l\1I\(lrtcas,queaEuropaexperimentouainflaçãomaisrápidaeduradouJIId('suaHistória~
Duranteo séculoXVI, ospreçossubiram,naEuropa,entre150c400')',.,dependendo
do paísou da região.Os preçosdosprodutosmanufaturadosaumclltarammuitomais
depressadoqueosaluguéisouossalários.Defato,a disparidadeclltreprcçosesalários
pcrsistiuatéfinsdoséculoXVII. Istoquerdizerqueaclassedosprupriet:iriosdeterras
(ou a nobrezafeudal)e a classeoperáriasofreram,porquesuasrendassubirammenos
rapidamentequesuasdespesas.tA classecapitalistafoi agrandebenefici:iriadarevolução
dospreços.Re~:t\beulucroscadavezmaiorese pagousaláriosreaiscadavezmaisbaixos,
comprandomatérias-primasquesevalorizavammuitoduranteo tempoemqueeramman-
tidasemestoque.,
, Esteslucrosmaioresforamacwnuladoscomocapital.O capitalincluiasmatérias-
primasnecessáriasà produçãoeaocomércioe consistedetodasasferramentas,equipa-
mentos,fábricas,matérias-primas,produtosemelaboração,meiosdetransportedospro-
dutosedinheiro.Existemmeiosfísicosdeproduçãoemtodosostiposdesistemaeconô-
mico,maselessópodemtornar-secapitalnumcontextosocialemqueexistamasrelações
sociaisnecessáriasà produçãodemercadoriaseà propriedadeprivada.Assim,o capital
refere-seamaisdoquesimples.objetosfísicos;refere-seaumconjuntocomplexoderela-
çõessociais4Emnossadiscussãoanterior,vimosqueumadascaracterísticasquedefinem
o sistemacapitalistaéaexistênciadeumaclassedecapitalistasquepossuiocapital.~em
virtudedapropriedadedestecapitalqueelaaufereseuslucros.Esteslucrossãoreinvesti-dosouusadosparaaumentarocapital.Estaacumulaçãodecapitallevaamaislucros,que,
porsuavez,levamamaisacumulação,eosistemacontinuanumaespiralascendente.
pO termocapitalismodescrevedemodobastantecorretoestesistemadebuscadelu-
croe de acwnulaçãodecapital.A propriedadedocapitaléa fontedoslucrose, daí,a
fontedemaisacumulaçãodecapital.Masesteprocessodo "ovoe dagalinha"teriaque
terumcomeço.A acumulaçãoinicialsubstancialouacumulaçãoprimitivadecapitalocor-
reunoperíodoqueestásendoconsiderado.Asquatrofontesmaisimportantesdeacumu-
laçãoinicialdecapitalforam:(1) o volumedocomércio,quecresceurapidamente;(2)o
sistemaindustrialdeproduçãodoméstica;(3)omovimentodoscercamentos;(4)agrànde
inflaçãodepreços.HaviamUitasoutrasfontesdeacumulaçãoinicialdecapital,algumas
dasquaiserammenosrespeitáveise, muitasvezes,esquecidas- porexemplo,a pilhagem
colonial,apiratariaeocomérciodeescravos.,
Duranteos séculosXVI eXVII, o sistemadeproduçãodomésticafoi ampliadoaté
tornar-secomumemquasetodosos tiposdeindústria.Emboraaindanãofosseo tipo
modernodeproduçãofabril,omaiorgraudeespecial.izaçãodosistemapermitiusignifica-
tivosaumentosdeprodutividade.Osavançostécnicosdaconstruçãonavaledanavegação
tambémbaixaramoscustosdotransporte.Assim,duranteesteperíodo,a produçãoeo
comérciocapitalistaprosperarame crescerammuitodepressa.A novaclassecapitalista
(clussclIIédiaouburguesia)substituiu,lenta,poréminexoravelmente,anolHI'l.aCOIIIOdas-
SI'q\l(~dOllllllavao sistemaeconúlllicue social.
li O aparecimentodasnovasnações-estadoassinalouo começodatransiçãoparauma
novaclassedominante.Osnovosmonarcas,geralmente,procuravamo apoiodaClasse
capitalistaburguesa,emseuesforçodederrotarseusrivaisfeudaiseunificaroestadosob
o mesmopodercentral.Estaunificaçãolibertouosmercadoresdaconfusãofeudaldere-
gras,regulamentos,leis,pesose medidasemoedasdiferentes;consolidoumuitosmerca-
dos;deuproteçãomilitaraosempreendimentoscomerciais.Emtroca,omonarcadepen-
diadoscapitalistasparaastãonecessáriasfontesdereceita.lIf
EmboraaInglaterratenhasidonominalmenteunificadamuitoantes,sófoi unificada,
defato,quandoHenriqueVII (1485-1509)iniciouadinastiadosmonarcasTudor.Henri-
queVIII (1509-1547)e ElizabethI (1558-1603)conseguiramcompletaro trabalhode
construçãodanação,apenasporquetiveramo apoiodoParlamento,querepresentavaas
dassesmédiasdoscondadosemunicípios.Nasrevoluçõesde1648e 16H8,asupremacia
doParlamento,oudaclassemédiaburguesa,foi finalmenteestabelecida.
Outrasnações-estadocapitalistasiniciaise importantestaínbémsurgiramnessaépo-
('a.NaFrança,LuísXI (1461-1483)foi o primeiroreia unificarefetivamenteaFrança,
depoisdaépocadeCarlosMagno.O casamentodeFernãodeAragãoe IsabeldeCastela,
('11I1469,eaposteriorderrotaporelesinf1igidaaosmouroslevaramàunificaçãodaEspa.
Ilha.A RepúblicaHolandesa- aquartanação-estadoimportante- sóconseguiusuainde-
pl~ndênciaem1690,quandoacabouexpulsandoosopressoresespanhóis.
Em finsdo séculoXVI e iníciodoséculoXVII, quasetodasasgrandescidadesda
Inglaterra,França,Espanhae dosPaísesBaixos(BélgicaeHolanda)já setinhamtransfor.
mudoemprósperaseconomiascapitalistas,dominadaspelosmercadorescapitalistas,que
('ontrolavamnãosó o comércio,mastambémgrandepartedaindústria.W"asmodernas
naçÔes-estado,coalizõesdemonarcase capitalistastinhamretiradoo poderefetivoda
nobrezafeudaldemuitasáreasimportantes,principalmentenasrelacionadascoma pro
duçtroeo comércio.Estaépocado iníciodocapitalismoéconhecida,geralmente,como
//Ir'rCi/1Itilismo. p
o MERCANTILlSMO
. A faseinicialdo mercantilismo- geralmentechamadabuliollismo- originou-scno
IU'Iíodo emquea Europaestavapassandopor umaagudaescassezdeouroe prataemhUI
111,n:lotendo,portanto,dinheirosuficienteparaatenderaovolumecrescentedocomér
\'10Foramestabelecidaspolíticasbulionistasparaatrairouroeprataparaumpaísel11an.
11'.Iosnoprópriopaís,proibindo-sesuaexportação.Estasrestriçõesduraramdesdeo fim
tlu IdadeMédiaatéosséculosXVI eXVII. I
A Espanha- o paísparaondefoiquasetodoo ourodasAméricas- aplicourestrl.
~IW\oulionistaspormaistempoeimpôsapuniçãomaisseveraparaaexportaçãodeouro
I' IHala:amorte.Contudo,asnecessidadesdocomércioeramtãourgenteseoslucroscom
11Importaçãode mercadoriasestrangeiraspoderiamsertãoaltos,queaténaEspal1ham
1I1('rcadorescapitalistasconseguiramsubornarfuncionárioscorruptosou cOlltrabalHll-ar
~rllndesquantidadesde burrasdeouroe prataparafora do país.O ouro e a pratacspu
nhoislogo p('lwllaraml'm todaa I',uropa,tcndosido,cJIIlargaJIIl'dida,respolls:\VeISpl'lo
longo (1('1lodo di' IlIllu~':loJII dl'SI'lito.A hpullha so Il'g:IIIIlHI Ul'xl)(Hta~':lode ouro l" 1'1,1
lI) II
J'
til 11111110dl'poisdeasrestriçõesbulionistasteremsidosuspellsl\~1111IIIMlutt.11'f1lenaHolan-
d" 1'111m(~adosdoséculoXVI.
t Apl~Saépocabulionista,a vontadedosmercantilistasde111:1",11111/:11o ouroeaprata
dl'lIllodeumpaísassumIUaformadetentativasdosgovernosparal'OIlNl~l1.ulrumsaldofa-
VOI;ívclllabalançacomercial,querdizer,termaisdinheiroentralldo110puisuoquedele
slIlIIdo.Assim,asexportaçõesdebells,bemcomoo transportec osSl'gUIOS(quandofeitos
porcidadãosdo paíse pagosporestrangeiros)foramestimulados,e IISImportaçõesde
benseoscustosdetransporteeseguropagosaestrangeirosforamdesestllnulados.
, Umdostiposmaisimportantesdepolíticadestinadaaaumentaro valordasexporta-
çõese diminuirasimportaçõesfoi acriaçãodemonopólioscomerciais.Umpaíscomoa
Inglaterrapoderiacomprarmaisbarato(deumaáreaatrasada,porexemplo)seapenasum
mercadoringlêsbarganhassecomos estrangeiros,emvezdeváriosmcrcadoresingleses
concorrentespressionarema elevaçãodospreços,na tentativadeficarcomo negócio.
Analogamente,osmercadoresinglesespoderiamvendersuasmercadoriasaosestrangeiros
a preçosmuitomaisaltos,sehouvesseapenasumvendedor,emvezdeváriosvendedores,
baixandoopreçoparaatrairosfreguesesdecadapaís. 4
O Governoinglêspodiaproibirosmercadoresinglesesdeconcorrernumaáreaonde
tivessesidoconcedidoumdessesmonopólios.Mas eramuitomaisdifícilmanterafasta-
dosos mercadoresfranceses,holandesesou espanhóis.,Váriosgovernosprocuraramex-
cluirestesmercadoresestrangeirosrivais,estabelecendoimpérioscoloniaisquepodiamser
controladospelametrópole,paraassegurarummonopóliocomercial.Aspossessõescolo-
niaispoderiam,comisso,fornecermatérias-primasbaratasàmatrizedelascomprarpro-
dutosmanufat,uradoscaros.,
. Alémdeestabelecermonopólios,todosospaísesdaEuropaOcidental(excetoaHo-
landa)aplicavamextensosregulamentosàsatividadesdeexportaçãoe importaçãOltEstes
regulamentostalvezfossemmaisamplosnaInglaterra,ondeosexportadoresqueachavam
difícil concorrercomosestrangeirosrecebiamdevoluçõesdeimpostosou,comoseisto
nãobastasse,recebiamsubsídios.Umagrandelistadematérias-primaspagavaimpostode
exportação,paraquenãosaíssedaInglaterra.Assim,o preçoqueosmercadores-indus-
triaisinglesestinhanlquepagarporestasmatérias-primasseriaminimizado.Às vezes,
quandoestesartigostinhamumaofertareduzidaparaos industriaisingleses,o Estado
proibiacompletamentesuaexportação.A indústria'têxtilinglesarecebeuestetipode
proteção.No começodoséculoXVIII, elarepresentavaaproximadamenteametadedas
exportaçõesdaInglaterra.Osinglesesproibiramaexportaçãodequasetodasasmatérias-
primase produtossemi-acabados,comopeledecarneiro,Jã,fiosparatecidosefiosdelã
penteada,queeramusadospelaindústriatêx."til.
, Medidasvisandoao desestímulodasimportaçõestambémerammuitocomuns.A
importaçãodealgumasmercadoriaseraproibida,e outrasmercadoriaspagavamdireitos
alfandegáriostãoaltos,que,eramquasequeeliminadasdocomércio.Dava-seênfaseespe-
cialà proteçãodasprincipaisindústriasdeexportaçãodaInglaterracontraaconcorrência
estrangeiraquetentassepenetrarnosmercadosinternosdasindústriasexportadoras..
E claroqueestasrestriçõesbeneficiavamalgunscapitalistase prejudicavamoutros.
Conformeeradeseesperar,gruposespeciaisestavamsempreemconluio,paraIIlullleras
restriçõesouparaestendê-Iasa diferentesáreas,dediferentesmaneiras,Tl'lIllIllvII~('Omo
osAtosdeNavegaçãoinglesesde 165I e 1660foramfeitasparapromovero usodena.
viosingleses(fabricadosnaInglaterraecomtripulaçãoinglesa)nocomérciodeimporta.çãoeexportação.TodasestasregulamentaçõesdocomércioexterioredostransportesVI,
savanlaaumentaro fluxodedinheiroparadentrodopaíse,aomesmotempo,diminulI
a saídadedinheirodopaís.J: desnecessáriodizerquemuitasdestasmedidastambémde.
correramdeapelosepressõesdegruposdeinteresseespeciais.
.Além destasrestriçõesaocomércioexterior,haviaumemaranhadoderestriçõese
regulamentosdestinadosaocontroledaproduçãointerna.Alémdasisençõestributárias,
dossubsídiose deoutrosprivilégiosusadosparaestimulara maiorprouuçãouasindús.
triasimportantescomoexportadoras,oestadotambémseenvolvianaregulamentaçãodos
métodosdeproduçãoe daqualidadedosprodutosproduzidos.,NaFrança,o regimeue
LuísXIV codificou,centralizoue ampliouosantigoscontrolesdescentralizadosdascor.
poraçõesdeofício.Técnicasdeproduçãoespecíficastornaram-seobrigatóriase foram
uprovadasamplasmedidasdecontroledequalidade,cominspetoresnomeauosJm Paris,
('lIcarregadosdefazercumprirestasleisanívellocal.JcanBaptisteColbert,famosomÍllls,
traeconselheiroeconômicodeLuísXIV, foio responsávelpeloestabelecimentoderegu.
lumentosextensoseminuciosos.Naindústriatêxtil,porexcmplo,alarguradeumapeça
dl'tecidoe o númeroexatodefioscontidosnesteteciuoeramrigidamenteespecificados
pdoGoverno.
NaInglaterra,o EstatutodosArtljices(I 563)transferiu,efetivamente,paraoestadlJ
usfunçõesdasantigascorporaçõesdeartífices.Levouaocontrolecentralsobreo treina.
/IIcntodostrabalhadoresdaindústria,sobreascondiçõesdeempregoe sobreaaIocação
damão-de-obraemdiferentestiposdeocupação.A regulamentaçãodossalários,daquall
dadeuemuitasmercadoriasedeoutrosdetalhesdaprouuçãointernatambémfoit~rllaJa
lIestaépoca.
Nãoestaexatamenteclaroatéquepontoo pensamentomercantilistafoi sinceramen.
10motivadopelodesejodeaumentaro poderdoestadoouatéquepontofoiumesforço
/11011disfarçadoparapromoveros interessesespeciaisdoscapitalistas.A distinçãoé baslall
1('semimportância,porquequasetodososmercantilistasacreditavamquea melhormOi
III~iradepromoverosinteressesdoestadoerapromoverpolíticasqueaumentasscm()~111
nos dosmercadores-capitalistas.De muitomaior interessesãoasiuéiasmercantilistasso
bH' limaquestãoqueserásempremencionadanestelivro:qualé anaturezae quaiss:lou~
OIllScnsdo lucro?Sãoasidéiassobreestaquestãoqueabordaremosno próximocapitulo,
I' I1

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