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Hunt capitulo2

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2
11)í~IASECONÔMICAS
ANTERIORES A ADAM SMITH
Osprimeirosmercantílistas,demodogeral,abandonaramessaorientaçãosobreo cus-
to deproduçãoparaacompreensãodospreçoseseconcentraramnopontodevendapa-
raanalisarosvalores.Umestudiosodasidéiasmercantílistasconcluiuque,apesardehaver
umavastagamadediferençasemaspectosespecíficos,existemtrêsnoçõesimportantes
sempr.epres~tesemquasetodososprimeirosregistrosescritosmercantílistassobrea~}
ria do valor.A primeiraé o "valor"ou "valornatural"dasme.r.cadorias- queera,
simplesmente,seupreçorealdemercado.A segund~refere-s(iii~(nW<ls..da..ofeJ:t!l~g!:Q.TÕ-
"Cura,qued(,':tef/!!ÍI:1avamo valorctemercado.A terceiraé queosautoresmercantílistas
quasesemprediscutiamo "val9rintrínseco"ouvalor~ IJso..:comoofatormaisimEortan-
tenadeterminaçãodaprocura,sendo,portanto,-umdeterminantecausalimportantedo
valordemcrcado.'2 --- -
NicholasBarbon,umdosmaisimportantesautoresmercantilistas,resumiuestestrês
pontosemseupanfletointituladoA DisculIrseonTrade:
1.O preçodosprodutosé o valoratual... O mercadoé o melhorjuiz do valor;istoporqueé
como encontrodecompradorese vendedoresqueaquantidadedosprodu.tose a ocasiãosãomais
bemconhecidas:as coisasvalemtão-somenteo preçopeloqual podemservendidas,deacordo
eoma antigaregra:vaieIquaTl/UmveTldipotesl.
2. O preçodosprodutosé o valoratual e é obtido calculando-seasocasiõesou srususos,
com a quantidaderepresentandoa ocasião...12impossível,parao mercador,ao comprarsuas
mercadorias,saberpor quantoas venderá:seuvalor dependeda diferençaentrea ocasiãoe a
quantidade;emboraestaobservaçãosejaa principalpreocupaçãodo mercador,o preçodepende
de tantascircunstâncias,que é impossívelsabê-Io.Portanto,se o excessode mercadoriastiver
baixadoo preço,o mercadoasretiraatéa quantidadeserconsumidae o preçosubir.
3.O valorde todosos produtosderivado seuuso;coisassemusoalgumnão têmvalorul.
gum.O usodascoisasvisaa satisfazeros desejose necessidadesdo homem;a humanidadenasce
eomdois desejosgerais:os desejosdo.corpoe osdesejosdamente;parasatisfazê-los,tudoo que
estásobo Sol torna-seútil, tendo,portanto,um valor...O valordetodososprodutosderivad~-
seuuso,e seupreço,caroou barato,derivadesuaabundânciae desuaeseassez!
Noiníciodaépocamercantilista,quasetodaaproduçãoficavaa cargodetrabalh'ãdo-
I'l:squeaindaeramdonosdeseusprópriosmeiosdeproduçãoe oscontrolavam.Oscapi-
t.distaseram,basicamente,mercadoreseseucapitalconsistia,quasetodoele,emdinheiro
e estoquesdemercadoriasa seremvendidas.Portanto,eranaturalqueosautoresmercan-
tílistasvissemastrocasGUascomprasevendascomoa fontedoslucros.I~claroqueestes
lucroseramtrocadospor mercadoriasquerepresentavamumapartedoexcedente,masa
partedesteexcedentequecabiaaomercadornãoera,naqueleperíodoinicial,conseguida
atravésdo controledoprocessoprodutivo.Ossenhoresfeudaisaindacontrolavam,demo-
do geral,a produçãoe ficavamcomo excedente.O resultadodatrocaentreosmercado-
rese os senhoresfeudaiseraumadivisãodo excedenteentreosdoisgrupos.Portanto,do
pontodevistadosmercadores,eramastrocas,e nãoa produção,quegeravamseuslucros.
O capitaldomercadoreraa propriedadedosmeiosdecompra,transportee venda,ao
passoqueo capitalindustrialconsistianapropriedadedosmeiosnecessáriosparaaprodu-
ção. !'-!esteperi9do..!.o capitaltndustrialaindaerabastaQteinsignificantee poucovisível,
enquantoqueo cap~t~.comercialeradifundidoesignificativo.Portanto,nãofoi a incapa-
cidadeintelectualou teóricaquefez comqueos autoresmercantilistasconsiderassema
comprae vendacomofonte dos lucros,emvezdaprodução.Suasidéiasrefletiama reali-
dadeeconômicadaépocaemqueescreveram.
PRIMEIROSREGISTROSESCRITOSMERCANTILlSTAS SOBREVALOR E
LUCRO
O capitaldomercadorgeravalucro,Quandoopreçol?eloçU!alelevendiaumamer~
~~r!a""é"fasuficientemente altopa!a cobr.i:6-0_.p.Ieço~g.o'por_ela.>.DJa.i.Lasd~s"p'el'asde ~-
nuseio,armazenagem,transporteevendadamercadoriae,maisainda,umexcedenteso-
Qre~leM.l!.stos.futeexcedenteeraolucrodomercador.Portanto,compreenderosdet~
minantesdospreçospelosquaisasmêrcadoriaseramcompradasevendidaseracrucial
paracompreenderoslucrosdomercador.
Osprimeirospensadoresmedievaistinhamafirmadoqueopreçodeumamercadoria
tinhaquesersuficienteparacobriroscustosdiretosdeproduçãodeumartesãoeainda
permitirqueeleconseguisseumretornosobreseuprópriotrabalho,suficienteparaman-
ter-senoestilodevidatradicionalmentereputadocomosendoadequadoparaosartesãos.
Emoutraspalavras,ospreçoseramdeterminadospeloscustosdeprodução,inclusiveuma
remuneraçãoimplícitaeapropriadadotrabalhodoartesão.1
o panfletodeBarbonfoiescritonumaépocaemqueasatitudeseconômicasestavum
l'omeçandoa passarporumarápidamudança.As passagenscitadasrefletemasatitud~~
dosprimeirosmercantilistas,queviamo lucrocomoorigináriobasicamentedoatotil'
troca.Seulucroeraproveniente,emgrandeparte,deduasfontes.Primeiramente,a IJII'III
~,iodosséculosXVI eXVII (discutidanocapítuloanterior)tinhacriadoumasituaç.loI\a
qual houve,demodogeral,umaumentosubstancialdovalordosestoquesexistentes.hl\.
11l'a dataemqueosmercadorescompravamasmercadoriaseadataemqueasvendium,
osallmcntosdepreçodestasmercadoriasgeravamlucrosinesperados.Em segundolugar
o queeramaisimportante- asdiferentescondiçõesdeproduçãoemváriasregiõesdeum
I1I1ISouemváriaspartesdomundo,juntamentecomo fatodequehaviamuitopoucamo.
IlIlIdadede recursos,tecnologiae mão-de-obraentreestasregiões,faziamcomqueospIl'
~[)Sdasmercadoriasfossemmuito diferentes,nasváriasregiõesou países.Osmercad(>Il'~
1 VL'fMEFK. RonaldL. Studiesill lhe Labuur 17leury01 Value. Ed. Rev., Monthly R,'vl"w I'rcss,
Novalurqllc, 1976,p. 12-14.Quasetoda a primeira parte destecapítulo se baseiano CUI> I dl'II,- ex-
I'cl.'IIIc livro.
Ihld., p. I S
11)1(1oI' 1S I h
11
1IIIIII'IoIVIIIIIullla mercadorianuma regiãoou num país em C(Ul'cln I'ClSSl'relativamente
hllllllll ( 11Vl'lIdiamnumaregiãoou numpaísemqueelafosserelatlv:llIlClIll'cara.
N,.\tnscircunstâncias,nãoé deadmirarqueosmercadorestlVl~SSl'lIIUIIIIIconcepção
d" \dol deumamercadoriaemtermosdeseupreçodemercado" 11.10desuascondi-
\0". d,'produção.Alémdomais,eramuitonaturalqueelesvisselllusdll'erellçasdepreços
dI.!mClcadocomoresultadodediferençasdedisposiçãooudevontadl'(li'cOlllprardeter-
1IIIIIIIdllsmercadorias.A ofertasócomeçavaaserconsideradaàmedidaqueosmercadores
Vlalllque,comumcertograudevontadedecomprarumamercadoria,Sl'U preçoseriaal-
to seelativesseumaofertareduzidaou baixosesuaofertafosseahundante.Erapor
estarazãoqueasgrandescompanhiasdecomércioprocuravammonopólioscriadospelo
estadoefaziamcomqueelesfossemmantidos.
A concorrênciaentreosmercadoreslevava,inevitavelmente,aumareduçãodasdife-
rençasdepreçosrelativose,daí,aumareduçãodeseuslucros.Sedeterminadamercado-
riativesseumpreçomuitoalto,emdeterminadaregião,o mercadorquetivessecomprado
estamercadoriaaumpreçobaixo,e queativessetransportadoparaestaregião,teriaum
lucromaior.Masestelucroseria,inevitavelmente,umaiscaqueatrairiaoutrosmercado-
resparavenderamesmamercadorianamesmaregião.Masumnúmeromaiordemerca-
doresimplicariamaioroferta,o quelevariaa umpreçomaisbaixoe amenoreslucros.
Assim,asgrandescompanhiasdecomércioiammuitolongeparaevitarconcorrentese
manterseusprivilégiosmonopolistas.
Osprimeirosmercantilistasachavamqueo controledascondiçõesqueafetavama
ofertademercadoriaserao principalmeioatravésdoqualpoderiamserconseguidose
mantidososaltoslucros.Maso períodoinicialdomercantilismoaindanãotinhapassado
pelamudançadeatitudessociaisque,maistarde,perdoariaejustificariaaincessantebus-
cado lucrocomoumfimemsimesma.Asmotivaçõeseracionalizaçõesdosgovernos,em
suaspolíticasdepromoçãodoslucrosdosmercadores,erammuitodiferentesdasmotiva-
çõeseracionalizaçõesquevãocaracterizarosgovernoscapitalistasdosséculosXIX eXX.
No iníciodoperíodomercantilistahaviaumacontinuidadeideológicaentreasdefe-
sasintelectuaisdaspolíticasmercantilistaseasprimeirasideologiasquedefendiamaor-
demeconômicamedieval.Estaconfiavanaéticacristãpaternalista,quejustificavaextre-
masdesigualdadesderiqueza,combasenoargumentodequeDeusescolheraosricosco-moguardiãesbenevolentesdobem-estarmaterialdasmassas.4A IgrejaCatólicatinhasido
a instituiçãoatravésdaqualestepaternalismotinhasidopostoemprática.À medidaque
o capitalismosefoi desenvolvendo,a Igrejafoi ficandomaisfracaeosgovernosdasna-
ções-estadoqueiamsurgindoforamficandomaisfortes.Noiníciodoperíodomercanti-
lista,osautoresdetrabalhosdeEconomiapassaramasubstituircadavezmaisa Igrejame-
dievalpeloestado,comoainstituiçãoquedeveriacuidardobem-estarpúblico.
Duranteo reinadodeHenriqueVIII, aInglaterrarompeucomo catolicismoromano.
Esteacontecimentofoi importante,porquemarcoua secularizaçãofinal(pelomenosna
Inglaterra)dasfunçõesdaIgrejamedieval.ComHenriqueVIII, "o estado,sobaformade
umamonarquiadivina,assumiuo papele asfunçõesdaantigaIgrejamedieval.O que
IlenriqueVIII fez,à suaprópriamaneiragrosseira,foi santificarosprocessosdestemun-
do".sDuranteseureinadoe osreinadosdeElizabethI, JaimeI eCarlos1(1558-1649),
houveinquietaçãosocialgeneralizada.A causadestainquietaçãoeraapobreza;a causa
degrandepartedestapobrezaerao desemprego;acausadegrandepartedestedesempre-
goeraomovimentodoscercados.
Outrofatorfoi o declíniodaexportaçãodelã,nasegundametadedoséculoXVI,
queprovocougrandedesempregonaprincipalindústriainglesa.Houve.tambémmuitas
crisescomerciaisparecidascoma fasededepressãodoscicloseconômicosposteriores,
,'mborasemamesmaregularidade.Alémdestesfatores,odesempregoduranteasestações
do anofaziacomquemuitostrabalhadoresficassemsemtrabalharatédurantequatro
mesesporano.
O povonãopodiamaisprocurara IgrejaCatólicaparafugirdodesempregoeda1'0'
breza.A destruiçãodopoderdaIgrejatinhaeliminadoosistemaorganizadodecaridade,
l' o estadoprocuravaassumiraresponsabilidadepelobem-estargeraldasociedade.Para
ISSO, "os Iíderesinglesesiniciaramumprogramagerale coordenadodereorganizaçãoe
racionalização...da indústria,estabelecendoasespecificaçõesde padrõesde produçãoe
l'Omercialização".6Todasestasmedidasvisavama estimularo comércioinglêse amino-
nll o problemadodesemprego. !
De fato,parecequeo desejodeconseguiro empregoplenoéo temaunificadorde
quasetodasasmedidasdepolíticaadvogadaspelosautoresmercantilistas.Osmercantilis-
taspreferiammedidasdestinadasaestimularo comércioexterior,emlugardocomércio
IlIlerno,"porqueachavamqueelecontribuíamaisparao emprego,a riquezae o poder
dunação.Os autorespassaramaressaltar,depoisde 1600,o efeitoinflacionáriodeum
l'xcessodeexportaçõessobreasimportaçõeseo conseqüenteaumentodeempregospro.
vocadospelainflação".7
Entreoutrasmedidastomadasparaestimulara indústrianaqueleperíodo,podemos
\'Itaraconcessãodepatentesdemonopólio.A primeirapatenteimportantefoiconcedi
duem156I, no reinadodeElizabethL Davam-sedireitosdemonopólioparaestimularIIS
IIIVl'nçõeseparacriarnovasindústrias.Estesdireitoseramalvodegrandesabusos,COII/OI
IIll'eradeseesperar.Alémdisso,levavamaumsistemacomplexodeprivilégioseapadn
IIhlll11entosespeciaise a umasériedeoutrosmales,queescandalizavamquasetodos08
Iloloresmercantilistas,tantoquantoosmesmosabusosescandalizavamosreformadoll's
IlIl1l'ricanosdofimdoséculoXIX. OsmalesdomonopóliolevaramaoEstatutodosMOI/o
1"lhosde 1624,quecolocavaforadaleitodososmonopólios,excetoosqueenvolvessem
\'(' nladeirasinvençõesou quefosseminstrumentosdepromoçãodeumbalançodepaga.
IIWlltoSfavorável.t claroqueestaslacunaseramgrandeseosabusoscontinuarampcatl
(IImentesemcoibição.
O EsratutodosArtljlces(I563) especificavacondiçõesdeempregoe o tempodo
4
Vl~1IltINT,I'. K.l'ropt.rty aliei I'ropllc'u'. Nova lurque, lIaq>L'r& RuIV, 197~,P K 1I
WII UAMS, Applel1lan Willial1l. Tlle Ccil/fUl/n' oj'AlllericQlIllis/Ory. Nuva (orque, Quadrunllh',
I')hh, p, Ih
1111.1, I' '.(J
(.1(\\11'1', IVillial1ll> /:'1'(11/1)//111'l.iIlc'rall.\'/II.Nova lurque, Randol1lllou,,', l<)h5, ' v, I ~II
t
~ Ver BIRNIE, Arthur.An EcanamicHistoryaf theBritish Isles.Londres,Mcthucn,1936,Caps.
12,18.
ESCRITOSMERCANTILISTASPOSTERIORESE A FILOSOFIA DO
INDIVIDUALISMO
À medida,porém,queo capitalismosefoi desenvolvendo,duasnovidadeseconômi-
l'itSforamtornandoavisãomercantilistainsatisfatóriaparaasnecessidadesdonovosiste-
mae paraa maioriadoscapitalistasimportantesdaépoca.Primeiro,apesardosesforços
dllsgrandescompanhiasdecomércioparamanterseusmonopólios,adifusãodocomércio
t' o aumentodaconcorrência(principalmentedentrodasprópriasnações-estado)foram
~'I)ntinuamentediminuindoasdiferençasrelativasdepreçosentreasdiversasregiõese
11I1,0es.Isto reduziuos lucrosquepoderiamserauferidospelosimplesaproveitamento
dl'stasdiferençasdepreços.
A segundamudançaestavaintimamenterelacionadacomaprimeira.À medidaqueos
lucrospotenciaisauferidossomentepelasdiferençasdepreçosforamsendoreduzidos,
101havendoumaintegraçãodo controlecapitalista,tantodosprocessosdeprodução,
101110docomércio.Estaintegraçãoteveduasorigens.Inicialmente,osmercadoresprocu-
IlIlamconseguirmaiorcontrolesobreaprodução,criandoo sistemadetrabalhodomésti-
1.'1)(discutidonocapítuloanterior).Umpoucomaistarde,porém,houveoutrainovação,
'III~'acabousendomuitomaisrevolucionária.Já noséculoXVI, ascorporaçõesdeofício
I'"ssaramasersistemasrelativamentefechados,destinadosa protegero statuse a renda
dllsmestresdacorporação,restringindoo númerodeaprendizesedeartíficesquepode-
1111111tornar-semestres.Como tempo,emmuitascorporações,osmestresseforamtrans-
II limando,cadavezmais,nosorganizadoresecontroladoresdoprocessoprodutivo,dei-
'..lIndodesersimplestrabalhadoresqueoperavamaoladodosaprendizesedosartífices.
(11 II1cstrespassaramaserempregadoresoucapitalistaseosartíficespassaramasersim-
pll's trabalhadorescontratados,compoucaou nenhumaperspectivade'se tornarem
IIlllslres.
Nu iníciodoséculoXVII, estescapitalistasprodutorescomeçaramaentrarnoramo
d.)comércio.LogopassaramaconstituirumagrandeforçanavidaeconômicadaIngla-
Il'Irll umaforçaque,segundoDobb,constituía"umimportantedeslocamentodocen-
1111dcgravidade"dosistemasócio-econômicoinglês.H Osinteressesdestenovosegmcnto
d.I t:lassccapitalistaeram,desdeo início,quasesemprecontráriosaosinteressesdosanti
w.mII1crcadorescapitalistas.
Estasmudançaseconômicasde longoalcancelevarama duasmudançasmuitoimpor
IlInll'Snasidéiaseconômicas.Primeiramente,haviaumgrandesegmentodefilósofos,eco
1IIIIIIIstase outrospensadoresquerejeitavama antigavisãopaternalistado estadoe d;!re-
v.u1itll1cntaçãoestatale quecomeçarama formularumanovafilosofiado individualismo,
111I sl'gundolugar,houveumamudançadainterpretaçãodequeospreçoseo lucroeram
dll~llI1inadosbasicamentepelasforçasdaofertae daprocurae,emparticular,pelautili-
illldl',paraainterpretaçãodequeospreçoseramdeterminadospelascondiçõesdeprodu-
\ 111)c os lucroseramorigináriosdo processoprodutivo.Examinaremoscadaumadestas
dllllSlI1udançasisoladamente.
''I"I'IIIII:.lIdllpreviaavaliaçõessalariaisperiódicaseestabeleciasal:\riosm:\ximosaserem
1',111"-IIO~operários,Esteestatutoeraimportante,porqueilustravao 1'1110dequeaética
lllIll'11I1I1151adaCoroanuncaproy'ocouqualquertentativadeelevaro statliSdasclasses
1l,lhulhlldoras.Osmonarcasdesteperíodosentiam-seobrigadosa protegerasclassestra-
hllllllldoras,mas,comoseusantecessoresdaIdadeMédia,acreditavamqueaquelasclasses
dl'vl'l'lamficaremseuprópriolugar.Ossaláriosmáximosvisavamaprotegeroscapitalis-
1118e,alémdomais,osjuízesqueosestabeleciamequefaziamcumpriro estatuto,geral-
mcnte,pertenciamà classeempregadora..eprovávelqueestesníveismáximosreduzissem
ossaláriosreaisdostrabalhadores,porqueospreços,geralmente,subiammaisrapidamen-
tequeossalários,comopassardosanos.
As "leisdapobreza",.aprovadasem1531e 1536,procuraramenfrentarosproblemas
dodesemprego,dapobrezaedamiséria,generalizadosnaInglaterra.A primeiradessasleis
procuroufazerumadistinçãoentrepobres"commerecimento"e"semmerecimento";só
osprimeirostinhampermissãodepedir.A segundaleiestabeleceuquecadaparóquia,em
todaa Inglaterra,seriaresponsávelpelosseuspobrese queaparóquiadeveria,pormeio
decontribuiçõesvoluntárias,manterumfundoparaospobres.Istoserevelouinteiramen-
teinadequadoeoproblemadapobrezaiaficandocadavezmaisgrave.Finalmente,em 1572,o estadoaceitouo princípiodequeospobresteriamdeser
mantidosporrecursostributárioseestabeleceuum"impostoparaospobres".Em 1576,
foramautorizadasa funcionar"casasdecorreção"paraos"desordeirosincorrigíveis",
tendo-setomadoprovidênciasnosentidodeasparóquiascompraremmatérias-primaspara
seremtrabalhadaspelospobrese desordeirosmaistratáveis.Daquelaépocaatéo fimdo
séculoXVI foramaprovadosmuitosoutrosestatutosdospobres.
A Lei daPobreza,de 1601,foi a tentativadosTudorconsolidaremaquelasleisde
formacoerente.Suasdisposiçõesprincipaisincluíamoreconhecimentoformaldodireito
deospobresreceberemauxIlio,aimposiçãodecontribuiçõesaníveldeparóquiaseo tra-
tamentodiferenciadoparaváriasclassesdepobres.Aspessoasdeidadeeosdoentespode-
riamreceberajudaemsuascasas;osfilhosdospobresquetivessemmuitopoucaidadepa-
rarecebertreinamentonumofícioficariaminternos;ospobresmerecedoreseosdesem-
pregadosreceberiamtrabalho,segundoasdisposiçõesdaleide1576;osdesordeirosincor-
rigíveitdeveriamsermandadosparacasasdecorreçãoeprisões.8
Combasenadiscussãoanterior,podemosconcluirqueo períododomercantilismo
inglêscaracterizou-sepelaaceitação,segundoo espíritodaéticacristãpaternalista,da
idéiadeque"o estadotinhaaobrigaçãodeserviràsociedade,aceitandoedesincumbindo-
sedaresponsabilidadepelobem-estargeral".9Osváriosestatutosaprovadosnaquelepe-
ríodo "assentavam-sena idéiadequea pobreza,emvezdeserumpecadopessoal,era
umafunçãodo sistemaeconômico".1OReconheciamqueasvítimasdasdeficiênciasdo
sistemaeconômicodeveriamseralvodoscuidadosdaquelesquedelassebeneficiavam.
'I
1(1
WILLlAMS. Cantaursaf AmericQnHistary,p. 41.
Ihid" p.44.
II IH)lIII, MlIlIril'l' II SI//llie,l' 111t!t/./)1'lldafJlI/(,lIt ufCafJitali~'II/. Londres, Roull,~dge& KI'!llIn 1'11111.
1').IIo,!,. \'\.1
1M Iq
I1II 1111~doséculoXVII, umnÚllwrocada vez maior d~'(lIpllUlhl1l1, JlIII'tlcularmente
III '1"1 11111111111origensnascorporaçOesdcofício, estavalIlulto IlIlhldo('li)huscadelucro,
111'1",'olllplexidadedasrestriçõese regulamcntaçõesmerCall!illSlasque bL'lwliciaram,ini-
.11I1I1l'IIIl',as grandescompanhias de comércio; os capitalistasPIIIL'Ulílvlllulivrar-se destas
lI'IIII\~ocs, Também não gostavam dos remanescentesmercan!lIistlls do IIIItlgO paternalis-
IUI! L'I'isl:[o,que condenava o comportamento ambicioso, aquisitivo, e 11vontade de acu-
IlIul:u riquezas,A economiade mercadocapitalista,quesecstava IIluplllllldosignificati-
v:unenteemáreasmuitoimportantesdaproduçãoe docomércio,precisavadeumcom-
portamentobaseadona iniciativaindividual,aquisitivo,parafUllciollllrbem.Nestecon-
texto,começarama aparecernovasteoriassobreo comportamentohumano.Autores
começaramaafirmarqueosmotivospessoaiseegoístaseramosmo!ivosbásicos- quan-
donãoosúnicos- quelevavamohomemaagir.
Estainterpretaçãodocomportamentohumanoéexpressanasobrasdemuitospen-
sadoresimportantesdaépoca.Muitosfilósofoseteóricossociaiscomcçaramaafirmarque
todoatohumanoestavarelacionadocomaautopreservaçãoe que,porisso,eraegoísta,
nosentidomaispurodotermo.OnobreinglêsRobertFilmeI'ficoumuitíssimoespantado
t:omo grandenúmerodepessoasquefalavade"liberdadenaturaldahumanidade,uma
opiniãonova,plausíveleperigosa",comimplicaçõesanarquistas,12Leviarhall,de1110mas
Hobbes,publicadoem1651,articulouobjetivamenteumaopinião,bastantedifundida,de
quetodososmotivoshumanosadvinhamdeumdesejodoquepromovesseo "movimento
vital"do organismo(homem).Hobbesacreditavaqueosmotivosdetodasaspessoas_
atémesmoa compaixão- erammeramentediversostiposdeauto-interessedisfarçado:
"A tristezacomacalamidadedosoutrosépiedadeederivadaimaginaçãodequeames-
macalamidadepodeacontecerconsigomesmo;assim,échamada...decompaixãoede...
solidariedade".13
Excetoos gruposde interessesespeciaisquesebeneficiavamcomasgrandesrestri-
çõese regulamentaçõesdecomércioe produçãonesteperíodo,os capitalistas,emsua
maioria,sentiam-seinibidose limitadospelasregulamentaçõesestatais,emsuabuscade
lucros.As doutrinasindividualistase egoístasforamansiosamentedefendidasporestes
homense começarama dominaro pensamentoeconômico,atémesmoentreosmerca-
dores.Umhistoriadormeticulosoafirmaque"quasetodaapolítica...mercantilistapres-
supunhaqueo interesseprópriogovernavaacondutaindividual"!4
A maioriadosautoresmercantilistaseraformadadecapitalistasouempregadosprivi-
legiadosdecapitalistas.Por isso,eramuitonaturalqueelespercebessemosmotivosdos
capitalistascomouniversais.Dasidéiasdoscapitalistassobreanaturezadahumanidadee
suasnecessidadesdeseremlivresdasgrandesrestriçõeseconômicaséquenasceual1Ioso-
fiado individualismo,qucserviudebaseparao liberalismoclássico.Contraavisãobem
ordenadaepaternalistaqueaEuropatinhaherdadodasociedadefeudal,elessustentavam
"a idéiadequeo serhumanodeveriaserindependente,dirigir-seasimesmo,serautôno-
mo,livre- deveriaserumindivíduo,umaunidadcdistintademassasocial,e nãoficar
perdidonela".ls
o PROTESTANTISMOE A ÉTICA INDMDUALlSTA
Um dosexemplosmaisimportantesdesteindividualismoedestafilosofiadeclasse
médiafoi a teologiaprotestante,quesurgiucomaReforma.Osnovoscapitalistasdaclas-
semédiaqueriamterliberdade,nãosóemrelaçãoàsrestriçõeseconômicasqueatrapalha-
vama produçãoe o comércio,mastambémemrelaçãoaoopróbriomoralquea Igreja
Católicatinhaassociadoaosseusmotivoseàssuasatividades.Oprotestantismonãosóos
libertoudacondenaçãoreligiosa,comotambémacaboutransformandoemvirtudesos
1I10tivospessoais,egoístaseaquisitivosquea Igrejamedievaltantodesprezara.16
Osprincipaismentoresdomovimentoprotestanteestavammuitopróximosdaposi-
çãocatólica,emquestõescomoausuraeopreçojusto.Emmuitasquestõessociais,eram
profundamenteconservadores.Durantea revoltadoscamponeses,na Alemanha,em
1524,Luteroescreveuum folhetocheioderancor,intituladoAgainstrheMurdering
I/urdesof Peasants,emquediziaqueospríncipesdeveriam"combater,estrangulareapu-
nhalar...'Quetemposmaravilhososeramestes,emqueumpríncipemereciao céumais
1.IL'ilmentepeloderramamentodesanguedoqueumoutropelasorações!"Seuconselho
contribuiuparaoclimageralemqueforamassassinadosmaisde100000camponeses,tu-
doemnomedozeloreligioso.
Contudo,apesardo conservadorismodosfundadoresdoprotestantismo,estavisão
fL'ligiosacontribuiuparaa influênciacrescentedanovafilosofiaindividualista.O prin
\'lpiobásico'doprotestantismo,quepreparouo terrenoparaasatitudesreligiosasquedc,
vl'riamaprovaraspráticaseconômicasdaclassemédia,eraa doutrinadequeoshomens
I"óllI1justospelafée nãopelasobras.A IgrejaCatólicaensinavaqueoshomenssetorna.
Vllnlbonspelasobras,e istoimplicava,emgeral,cerimôniase rituais.Segundoa viS:ío
~HIÓlica,nenhumhomempoderiaserjustoapenaspelosseusprópriosméritos."Serjusto
(Idasobras...nãoqueriadizerqueo indivíduopudessesalvar-seporsipróprio:significavH
l(m'elepoderiasersalvoporintermédiodaIgreja.Daío poderdoclero.A confissãoobri.
JotillÓria,a imposiçãodepenitênciasa todaapopulação...juntamentecomapossibilidade
dI'excomunhãodavamaospadresumterrívelpoder."I?Estespoderestambémcriaram
Ull\a situaçãoemqueasdoutrinasmedievaisdaIgrejaCatólicanãoeramabandonadas
12 Ver McDONALD, Cameron.lYesternPolitical171eory:TheModernAge. Nova lorque,lIarcourt
BraceJovanovich,1962,p. 29.
13 Citado por GIRVETZ, Harry K. The EI'olution of Liberalism.Nova(orque,Colliers,1963,p.2H-29.
14 (;RAMI'I'.EconolllicLiberalinl/.l:69.
I'
Me()ONALD. lYesternPolitical Theory,p. 16.
111Os estudosclássicosda relaçãoentreo protestantismoe o capitalismosãoosdeMAX WEBFR, .1
"l/c'lI l'ro/estantee o E'sp(rilodo Capitalismo.Nova lorque,Seribner,1958,e TA WNEY, Richard II
Nc'I/II/OI/aI/c/lhe Riseof Ctl[Jitali~'III.Novalorquc,McntorUooks,1954.
I"
11111,('hristoJlIIl'r."l'rol,'slanlisll1andth,'RiscorCaJlitalisll1",ln:71/eRiseofCapitalislII NovlI
1011111",~1:1l'nlll1l1n,1'166,JI 4.1 OrganizadoIIIJI J> 'i. l.lIIHks.
'I()
...
comflldlidadc,e o indivíduoaindaestavasubordinadoà sod~'dlld~'(n'IHcscntadapela
[I'r~'jll),
A doutrinaprotestanteda justificaçãopela fé afirmavaqU~'os motivoserammais
IJnpurtantesqueos atosou os rituaisespecíficos,A fé era "nadamaisquca verdadedocoraçtro".I~Todo homemtinhaque indagara si mesmoseseusatosseoriginavamdeum
~:uraç,Iopuro e dafé emDeus;todohomemtinhaquesejulgarasi proprio,Estaconfian-
ça individualistana consciênciaparticularde cadaum atraíamuitíssimoos artesãosda
novaclassemédiaeospequenoscomerciantes:
Quandoo empresáriodeGenebra,AmsterdãouLondres,dosséculosXVI eXVII, olhavaparao
{ntimodeseucoração,verificavaqueDeuslhetinhaincutidoumprofundorespeitopeloprincí-
pio dapropriedadeprivada...Esteshomensachavamsincerae decididamentequesuaspráticas
econômicas,emborapudessementraremconflitocomaleitradicionaldaantigaIgreja,nãoofen-
diam a Dcus. Pelo contrário, glorificavam-no. 19
POLÍTICAS ECONÔMICASDOINDIVIDUALISMO
Durantetodaaépocadomercantilismo,estenovoindividualismolevoua inúmeros
protestoscontraa subordinaçãodosassuntoseconÔmicosà vontadedo estado.Desde
meadosdoséculoXVII, quasetodososautoresmercantilistascondenaramosmonopólios
concedidospeloestadoe outrasformasdeproteçãoe favoritismonaeconomiainteflla
(contrariamenteaocomérciointernacional).Muitosachavamque,nummercadoemcon-
corrência,quecolocavaumcompradordiantedooutro,umvendedordiantedooutroe
compradorcontravendedor,a sociedadelucrariamaisseo preçopudesse'flutuarlivre-
lIIente,encontrandoseuníveladequado(deequilíbriodomercadc;».Um dosprimeiros
lIutoresmercantilistasimportantes,John Bales,argumentouqueaprodutividadeagrícola
poderiaseraperfeiçoadaseoslavradorestivessempermissãopara
Foi comestainsistêncianainterpretaçãodavontadedeDeuspelopróprioindivíduo
queos"puritanosprocuraramespiritualizaros(novos)processoseconômicos"eacabaram
acreditandoque"Deustinhacriadoo mercadoe a troca".20Todavia,algumtempode--
pois,osprotestantesexpuseramumdogmaqueesperavamviesseaseraceitoportodos.
Masonovodogmaeraradicalmentediferentedasdoutrinasmedievais.Asnovasdoutrinas
enfatizavamanecessidadedesair-sebememsuapassagempelaTerracomoomelhorca-
minhoparaagradaraDeuseressaltavamadiligênciaeo trabalhodedicado.
A antigadesconfiançacristãdasriquezastraduziu-senumacondenaçãodaextrava-
gânciae dadissipaçãodesnecessáriadariqueza.Assim,aéticaprotestanteressaltavaaim-
portânciadoascetismoedafrugalidadeabstêmia.Umteólogoqueestudouarelaçãoentre
religiãoecapitalismoresumiuarelaçãodaseguintemaneira:"O valorreligiosobaseadono
trabalhoconstante,sistemáticoeeficiente,poriniciativaprópria,comoomeiomaisrápi-
dodeseassegurarasalvaçãoedeseglorificaraDeus,tornou-seumpoderosíssimoinstru-
mentodeexpansãoeconômica.Aslimitaçõesrígidasdoconsumo,porumlado,e,porou-
tro,a intensificaçãometódicadaproduçãosópoderiamterumresultado:a acumulação
decapital".21Assim,emboranemCalvinonemLuterotenhamsidoumporta-vozdanova
classemédiacapitalista,nocontextodonovoindividualismoreligioso,oscapitalistasen-
contraramumareligiãonaqual,como tempo,"oslucros...passaramaserconsiderados
umavontadedeDeus,umamarcadeSeusfavorese umaprovadesucessoemsetersido
chamado".22
termaislucrodo queestãotendocomela,e liberdadeparavendera produçãoemqualqueroca-
siãoe em todosos lugares,com a mesmaliberdadequeoshomenstêmdefazerasoutrascoisas,
Masnãohá dúvidade que,nessecaso,o preçodo milhosubiria,principalmenteno começo,mas
nãoa longoprazo;contudo,estepreçofariacomquetodosarassemo solo,cultivassemterrasli-
vres,transformassemas terrasreservadasparapastagememterrasaráveis;isto porquetodosfa-
riamisso com maisdisposição,quandovisscmos maioreslucrose ganhos.Com isso,haveria,
necessariamente,muito milho e tambémmuita riquezaparaestereino; além disso,teríamos
muitomaismantimentos.13
19
Ibid.
lbid., p.46-47.
lbid., p.49.
Estacrença- dequeasrestriçõesà produçãoe aocomérciodentrodeumanação
1111111prejudiciaisaosinteressesdetodos- difundiu-secadavezmais,emfinsdoséculo
\ VII e nocomeçodoséculoXVIII. Podem-seencontrarmuitasexposiçõesdesteponto
d!' vistanasobrasdeautorescomoMalynes,Petty,North,Lawe Child.24Destes,talvez
I )\ldleyNorth (1641-1691)tenhasido o primeiroporta-vozclaro da.éticaindividualista
qm'setransformariana basedo liberalismoclássico.North achavaque todos oshomem
('1&1mmotivadosprimordialmentepelointeressepróprioe quedeveriamter liberdadepam
\'OI\lpetirpor si sósnummercadolivre,paraqueo bem-estarpúblicofossemaximizado,
AI~lllnentavaque,semprequemercadoresou capitalistasdefendiamleisespeciaisparu
n~KlIlara produçãoou o comércio,"geralmentevisavamaoseuprópriointeresseimcdlU
10,comoaMedidadoBemedoMal. E hámuitosque,paraganharumpouconoseulHO
11,10comércio,nãoseimportamcomo sofrimentoalheio;ecadahomemlutapara '1\1('
Itldosos outros sejamobrigados,em suastransações,a agirde modo a que favoreçam
Mli lucro, masem nomedo público".25O bem-estarpúblicoseriamaisbematendido,lia
IIpll\laOde North, sequasetodasasleisrestritivasqueconcediamprivilégiosespeciaisfos,
q~1IIinteiramenteabolidas.
Em 1714, BernardMandevillepublicou The Fable of the Bees:or Private Vic'(',~.
1'lIhI/,'kHel/ejits,emqueapresentouo paradoxoaparentementeestranhodequeosvíl'ios
lllills dcsprezadospeloantigocódigomoral,sepraticadospor todos,resultariamemmalol
18
20
21 FULLERTON, Kempcr."CalvinismandCapitalism;an Explanationof the WeberTlwsis", In:
Prule.\.tallliwlalld Capitalism:The lVeberThesisalld/IS Crilics.Lexington,Mass.,Heath,1959,p, 19.
RcvistoporRobcrtW.Grcen.
22 Ibid., p. 18.
('j 1IIIIu por c;I(AM 1'1'.J:.'collomic Liberalism. I :78.
11>1(1, p. 77.111.
.. t 'ltildu P"I '/1/(' Vl/rI,'IU'S ol H('()//omil's, Novu lorquc, Meridiul1,19h2,2 v I 185 l(cvl~lo1"11
11,,11111 I,'k iI,1I11I1111
I
, !
I'III~I'IIII 1"11:'li público.Asseveravaelequeaambição,o e8of~lI\IJtio comportamento
II'I',I~IIIIIII('llIiloriamacontribuirparaailldustrializaçãoeparllUlIllIl'COIIOllliaprogressista.
,\ 11'~lhl""dl'sleparadoxoera,obviamenle,queo queeravistol'OIllOVfl'iopelosmoralis-
1,1',11I",lIlVlIl~eramasprópriasforçaslIIotivadorasqueimpclialllo IIOVOslstcmacapitalis-
1.1I, "I'lo\lIlIdoasnovasfilosofiasreligiosas,moraiseecollômlcllsdal'pocacapitalista,es-
tl'\lIIollvosnãoerammaisvícios.
Muitoscapitalistastinhamlutado,durantetodaaépocamercantlllsta,paralibertar-se
dI"todasasrestriçõesemsuabuscadolucro.Estasrestrições qUl'sobeneficiavamum
numerorelativamentepequenodecompanhiasdecomérciomaisanligas,já estabelecidas
l' lIIonopolistas- eramfrutodasleispaternalistas,queeramremanCSCl!l\teSdaversãofeu-
daldaéticacristãpaternalista.Estaéticasimplesmentenãoeracompatívelcomo novo
sistemaeconômico,quefuncionavanabasedeobrigaçõescontratuaisestritasentreaspes-
soas,e nãoemvínculospessoaistradicionais.Inúmerosmercadoresecapitalistasnovos
procuraramminarasposiçõesprivilegiadasdosmonopóliosdosmercadoresmaisantigos
e criarumsistemasócio-políticomaisvoltadoparaabuscalivreedesinibidadolucro.Os
mercadoresecapitalistasqueinvestiamgrandessomasemempreendimentosnomercado
nãopodiamdependerdaforçadoscostumesparaprotegerseusinvestimentos.Tampouco
podiambuscar,efetivamente,lucrosnoemaranhadoderestriçõesgovernamentaisqueca-
racterizavamo iníciodaépocamercantilista.
A buscadolucrosópoderiasereficaznumasociedadebaseadanaproteçãodosdirei-
tosdepropriedadee nacertezado cumprimentodoscompromissoscontratuaisimpes-
soaisentreos indivíduos.Nestequadroinstitucional,os capitalistastinhamquepoder
continuarbuscandoseuslucroslivremente.A novaideologiaqueseestavaenraizandofir-
mementenosséculosXVII eXVIII justificavaestesmotivoseestasrelaçõesentreosindi-
víduos.Ao mesmotempo,umamudançaigualmenteimportanteestavaocorrendonama-
neirapelaqualos ideólogoseconômicosexplicavamos preços,a naturezae asorigens
doslucros.
ORIGENSDA TEORIA CLÁSSICADE PREÇOSE LUCRO
Coma integraçãodeproduçãoe comércioeadificuldadecadavezmaiordeseobter
lucrocoma simplesexploraçãodasdiferençasdepreço,começouumanovaorientação
paraentenderospreçoseo lucro.Umfamosoestudiosodestaépocaescreveuoseguinte:
"No fim doséculoXVII, principalmentenaInglaterra,aorientaçãosobrecustos,adotada
pelosprodutoresmaisantigoscomrelaçãoaovalor,começaadarsinaisclarosderenasci-
mento.Passa-sea darcadavezmaisénfaseaoscustosdeprodução,particularmentena
indústria.,,26Coma criaçãodeumamão-de-obra"livre"- querdizer,umnúmerosubstancialde
produtoresquenãopodiamtercontrolealgumsobreosmeiosdeproduçãonecessáriose
queeramobrigadosavendersuaforçadetrabalhoparasobreviver- foi-setornandogra-
dativamenteclaroqueo controlesobreestesprodutoreseraachaveparaaobtençàode
11,
MFEK, J.ahol/r 17reary01 ValI/e, p. 18.
.,.\
1
lucros.Típicadesteenfoquefoi a afirmativadeDanielDefoe,emsuaobraA General
/listoryof Trade(1713),deque"sãoo trabalhoeoengenhodaspessoasque,porsisós,
!lcramriquezae tornam...o comérciolucrativoparaanação".27Outradasinúmerasafir-
mativasqueexpressamestepontodevistapodeserencontradanaobraBritalllziaLan-
gIH'IlS(1680),dePetty:"Só sepodeacumularumtesourosuficientecomo trabalhodas
pessoas...Portanto,aspessoassãoa mercadoriaprincipal,maisbásicaepreciosa,daqual
podemserobtidostodosostiposdeprodutosindustrializados,navios,riquezas,conquis-
tasedomíniosólido.,,2~
A indústriacapitalistacomeçoua conseguiraumentossubstanciaisdaprodutividade
riotrabalho,aumentandoadivisãodotrabalho,pelaqualdiferentestrabalhadoresseespe-
I'lali,.avamapenasemumaoupoucastarefas;ospensadoressobrea economiado início
doséculoXVIII começarama identificardoisprincípiosdistintoseimportantesquenor-
tc'avamesteaumentodeprodutividade.Primeiramente,viramqueos recursosnaturais
"I setransformavamemmercadoriascomvalordetrocadepoisdeo trabalhadoroster
Ilunsfonnadoemprodutoscomvalordeuso.Emsegundolugar,comoaumentodaespe-
'Iahl.açãoea divisãodo trabalho,ficouclaroqueumatrocademercadoriaspoderiaser
vlhla comoumatrocadosdiferentestrabalhosespecializadosincorporadosnestasmerca-
d1l1l1l8.Isto foi visto com mais clareza por Bernard Mandeville:
A providênciaordenouascoisasdetalmodo,quenãosódiferentespartesdo mesmopaístêmsua
própriaproduçãomaisadequada;da mesmaforma,homensdiferentestêmaptidõesadaptadasa
1111111grandevariedadede artcse indústriasdiferentes.Portanto,o comércio,ou a trocade uma
II1crcadoria...por outra,é altamente convenientee benéficoparaa humanidade...Parafacilitar
n~trocas,os homensinventaramo dinheiro,adequadamentechamadomeio de troca,porquc,
\,1)111ele,troca-setrabalhopor trabalhoou umamercadoriapor outra... I;:_ocomércio,emgeral,
nadamaisé do quea'trocade trabalhopor trabalhoe, por isso,o valorde todasascoisasé...
nwdido mais corretamente pelo trabalho.,.
() precursormaisevidentedateoriadovalor-trabalhodoseconomistasclássicosfoio
,!\11manônimodeumfolhetopublicadoem1738,intituladoAIglllllasIdéiassobreo Va.
111'do /Jinlzeiro em Geral, que concluiuque
" vnlordas...(mcrcadorias),quandosãotrocadasumaspelasoutras,é reguladopelaquantidadl'
do trahalhonecessáriae comumenteusadaemsuaprodução;e seuvalorou preço,quandos,io
compradase vendidase comparadascomum meiocomum,serádeterminadopelaquantidadede
lIahalhoemprcgadae pelamaiorou menorquantidadedo meiooudamedidacomum.'0
I'om base nesteponto de vista, é óbvio que, se o trabalho é o mais importante deter-
IlIln.11111'dos preços em geral, o trabalho também tem que ser a fonte dos lucros, porqllc
,'0111s!lo obtidos pelacomprae venda.Quandoos lucrossãoauferidosatravésdo contro'
Ir 1111processode produção,témquerefletirumadiferençadospreçospagospelosinslI
t lindoporFURNlSS,EdgarS. 77rePositiallaI tireLaborerina System01Nationalism.NuvlI
11111111'.Allltllstu~M. Kclly. 1965, p. 16,
~ 1\1111,1'.1(,.17.
( 1I,IIIupor MI'LK t,nhollr nrl'lIrl' af Vallll' , 1',41,
ti 1\1111,r 4141
. ,
11I0.1H'I'('~~;idnsà produçãoeà quantidadeproduzida.Durallt(~Indunq\lclaépoca,muitos
n\ltOll'spassarama veroslucroscomoumexcedenteque ricava,npt'lsns trahalhadoreste-
1('11Il'ol1segllidoas mercadoriasnecessáriasparaseu prÓprioCOIIS\lIIIO.Em 1696,John
Cary I~S('l'CVeuqueasmercadorias"exportadasdãomaisou mCllosI\ll~ro,dcacordocomo
trahalhodaspessoasincorporadoao seu valor".31Em 1751,csla fOlltede lucro estava
s(~ndochamadade excedentedeproduçãosobreasnecessidadesde consumodos traba-
lhadores:
lI~suntoseconômicosépolíticos francesesdurou cercade duasdécadase terminouquan
doseumembropoliticamentemaisinfluente,Turgot,perdeuseucargodecontroladorge.
1i,1dasfinanças,em1776.
OsfisiocratasestavaminteressadosW1reformara Franç~~gueestavapassandopor
dl'sorden.seconômicasesociais,causadasprincipalmenteporumacombinaçãoÍ1eteroge.
lI<,ademuitasdaspiorescaracterísticasdo feudalismoe docapitalismocomercial.A trio
h\ltaçãoestavadesordenadaeeraineficiente,opressivaeinjusta.A agriculturaaindausava
11t('cnologiafeudal,feitaempequenaescala,ineficiente,econtinuavasendoumafontede
IHHlcrfeudalqueinibiao avançodocapitalismo.O Governoeraresponsávelporumema-
Ii1l1hadoextraordinariamentecomplexodetarifas,restrições,subsídioseprivilégiosnas
111rasdaindústriaedocomércio.O resultadodissofoiocaossocialeeconômico,quecul-
lI\lnoucomaRevoluçãoFrancesa.~u
~)sfisiocratasachavamueassociedadeseramoY~Ina.daselaleinaturai.queos
plO!>lemasdaFrançaeramdevidosàincapacidadedeseusdirigentescompreeneremesta
1111naturaleordenarema produçãoeo comérciodeacordocomela.Quesnayformulou
\110modelosimplesdecomoumasociedadedeveriaserestruturada,afimderefletiralei
lIilllIral,e,combasenestemodelo,osfisiocratasadvogavamareformapolítica:aabolição
dllscorporaçõesdeofícioea remoçãodetodasastarifas,impostos,subsídiosrestnões
I' 'Cl:uIãrÜentaçõe;'";)(TsTêntesguepreludic~ssem.~..!,~.:t_~~r.ia~~().E2jíIé.r_c1?~ropu;erama
mbs.lituiçãodaagriculturaempequenaescalaeineficiente,entãovigente,pela~ultura
IllpllaITstaemgrandeescalaMasapropostadereforn\apelaqualosfisiocratassãomais
'rn1brnos 01a recomendaçãodequetoda~rendadoGoven1.Q...(QWoh~jdiUltrav~s...dcL
WllÚnicQimposto,~ra todoo país,soiJreasativiããdesagiícõiâs(porr'~zõesqu~ficarão
clllrasnadiscussãosubseqÜente). --
Asreformasestavamdestinadasaserinatingíveis,porqueosfisiocratasnãoquestio.
IIIIVal11 o direitoda nobrezafeudalde recebera rendadesuasterras,enquantoquealiO'
II(I'IIIpercebia- bastantecorretamente- queosesquemasfisiocrataslevariamaoempo.
hl('Clmentodaclasseproprietáriadeterrase àascensãodaclasseca1~italistajMudança$
vnl'lalSquee-xigel}!o <!esl()camentodeumaEI~s_seq,omina.DteP.QUllit.E!.)l[Qp9.g~msl'r
((\nscp.uiãàspo~meio,?e!:formas]Exigemrevolução,ea Françaprecisoudarevoluç:\(1
dl~ I 789paraquemudançasparecidascomasdefendidaspelosfisiocratassetornasscm
pnssiveis.3S _
t1ort;uito,-~n.cia..do.s..fl.&iQc.J;atas. -f.ei-l>asieamenteintelectu(\,};niQ...QQIítica,\AI
~\lmasdas idéiasexpressasno Tableau ÉcollomiquedeQuesnaydeveriamtornar-se,di'
pl)l~.muitoimportantesnaliteraturaeconômica.Dedicaremoso restantedestecapítulo11
1111111discussãodetrêstópicosnosquaisasidéiasdeQuesnayhaveriamdeterumimpacto
IlIIportante:(I) a noçãode trabalhoprodutivoe improdutivoedeexcedenteeconômico.
I ') 11intcrdependênciamútuadosprocessosdeprodução;(3) osfluxoscircularesdamOl'
dll I' dasmercadoriase ascriseseconômicasquepodemsercausadaspeloentesoural11l'n(o
do dinheiro,
A fonteda riquezaé o nÚmerodehabitantes:...quantomaispopulosoror umpaís,maisricoele
é ou poderáser... Isto porquea terraé gratuitae remuneraseu trabalhonãoapenascomo sufi-
ciente.mascomabundância...Ora,tudoo quesobrasemserconsumidoé l'xeedente,queconsti-
tui ariqllezadanação.32
Masestespensadoresnãoconseguiramentenderoprocessocomclarezasuficientepa-
ramostrarcomoerapossívelqueaquantidadedetrabalhoincorporadaaumamercadoria
fosse,aomesmotempo,odetem1inantedospreçoseafontedovaloredolucroexceden-
te.Paraistotornar-sepossível,tevequehaverumclaroreconhecimentodequeo lucroso-
breo capitaleraumacategoriadistintaderendadeclasse,queiaparaodonodocapital,
porquesuapropriedadepermitiaqueelecontrolasseo empregodostrabalhadores,eisto
representavamaisoumenoso valordetrocadocapitaldocapitalista.RonaldL. Meek,
eminentehistoriadordeidéiaseconômicas,chegouàseguinteconclusão:
O lucro sobreo capitale as classessociaisquepassarama auferirrendasdestetipo era,obvia-
mente,o produtofinal deváriosséculosdedesenvolvimentoeconômico.Masfoi só a partirda
segundametadedo séculoXVtlI. ao que parece.que o lucro sobreo capitalcomo um novotipo genéricode rendadeclassetornou-setãoclaramentediferenciadodosdemaistiposderenda,
que os economistasconseguiramcaptar todo o seusignificadoe delinearsuascaracterísticas
básicas.33
Em 1776,AdamSmithpublicousuafamosaobra,intituladaA RiquezadasNações.
.Estafui ~m~ sistemáticae ampladocapitalismo,ernqueestamaneiradeentendero ucrosobreo capit(ll[oi.Pkn~menteelaboradj!,Nopróximocapítulo,exami-
naremosasidéiasdeSmith.Mas,antesdefazê-Io,é precisofazerumbreveresumodas
idéiasdosfisiocratas,umaescolafrancesadeeconomistasdoséculoXVIII, cujasobras
deveriamexercerumainfluênciaconsiderávelsobreo desenvolvimentosubseqüentedas
doutrinaseconômicas.
OSFISIOCRATASCOMOREFORMADORESSOCIAIS
Os fisiocrataseramumgru.EQde reformadoressociaisfranceses,discípulosintelec-
tuaisdeFrançoisQ~nay (1694-1774YQuasetod;;a~~su'!.sidéiasseorigill~a.mdireta-ou..
~ir~tamente_do Ta_blff!.!!.Économim.JJ:.>-d~_Ouesnay.34Suainfluênciaimediatasobreos
31 Citadopor fURNtSS. Positionof theLaborer,p. 19.
32 HAY, William.Op. cit.
33 MEEK. Labollr T71eoryof ValI/e,p. 24-25.
..I QUESNAY, Fran<:ois.Tahleal/l,'conomiql/e.Londres,11.lIiggs,1894;originalÍllIpn'sso1'111parti.
l'ulan's.Versalhes.1758.
I' 1111\11tkf,'sll I11I1ISl'ol1\pil'la tll-sta afirl11ativapode ser encontrada el11RO(;IN. Ll'O, '17/1'""'/11""/1
"l1d ValidU)' 111/o.'C'/IIIOII/;('7111'/1'1'Nov:t InrqlH', I Ia 11'('1',~ Row, I C)57. p, 14.50,
C,h
ASml~IASECONÚMICASDEQUESNAY
fO f'ahleauE;;;,~;;;;Pleé,basicamente,ummodelodt.111111I('!'IlI1omia.O modelo
mostraosprocessosdeprõãtiçao,~éifêurãçãodamoedaedasI1H'lC'uclorias('adistribuição
darenda.Omodelopressupõequeaproduçãoocorraemciclos:ll1llats('qllctudooqueé
produzidoemumanoéconsumidonaqueleanoousetransforma110S111811mOSnecessários
paraayroduçãodoanose~uinte.o ce-nhó-óeatençãoé a,'".&.'"icIIHllra.Porexemplo,em
detem1inadoano,o setoragrícolaproduz5 bilhões.36O setor1IHI1I81rialproduzumbi-
lhão.O produtobrutoé de6 bilhões.Umbilhãovaiimediatam(,111l'slIhslituiroativodu-
rávelusadopelaagriculturanaprodução.deixandoumprodutoIíql1ldodt'5bilhões.
Doprodutoagrícola,2 bilhõesficamcomosprodutores.Inclucmasscmentesparao
períodoseguinteeossaláriosdaadministração(lucro)paraosfazendeiroscapitalistaseos
agricultores.Todooestoquedemoeda(2bilhões)estánasmãosdosfazendeiroscapitalis-
tas,no início do período.Elespagam2 bilhõesemmoedaà classedosproprietários
rurais,comoarrendamento.Estaé a rendaexcedentenosistema.Osproprietáriosdeter-
rasnãodesempenhamqualquerfunçãoeconômicaemtrocadestepagamento.
Estes2 bilhõesrepresentamumexcedenteproduzidonosetor.agrícola,queultrapas-
sao consumodosagricultorese oscustosdereposiçãodosativosconsumidosnaprodu-
çãoagrícola.Osfisiocratasconsideravamesteexcedenteumpresentedanaturezaeacha-<-
vamquesóatravésdocOQtlltogiretocomanatureza,naproduçãoextrativaouagrícófa,e-
"q~'~traball10h~~anopoderiaprO'õi1ztT-trrI1eX:ceoerrte:OsagriCuItoreseram,põrbmto,
c~amadosdedirsscvroduWla..9~~~ll"r~esde,!TIercádoriasindustrializadaseramcha-
madosdeclasseestéril,nãoporquenãoproduzissem,masporqueo valordoqueprodu-
iiamera,presumivelinente,igualaoscustosnecessáriosdematérias-primasmaisosneces-
sáriossaláriosdesubsistênciadosprodutores.t!iioseachavaque'pudessesobrarqual-
~er excedenteou lucro na atividad~.!!19U~~.!:.!.<Jl-Havia,portanto. três classe.s..:...a.~
produtiva(capitalistase trabalhadoresgedic_adosàproduçãoagrícola),a clas~e~éril
capitalistase trabalhadoresligadosà indústria)e aclasseociosa"(osdonosdeterras,que
cónstliTIfamo-exc:.dé'ílt~ciuzid~~~classeprod-utiva). -
Apóso recebimentodesuarendapelaclassedosproprietáriosdeterras,o Tableau
prosseguiacomumalongalistadetransaçõesquemostravamcomoosprodutosdosseto-
resagrícolae industrialeramdistribuídosoualocadosecomoeranecessáriohaveraper-
feitacirculaçãodamoedaparaestaalocação.No fimdetodoo processo,seastransações
fossemagregadas,veríamosqueaeconomiavoltariaaoseuestadoinicial.Emcadaperío-
do,o setorindustrialreproduziao mesmovalorquetivesseusadoeminsumos(matérias-
primaseconsumodesubsistênciadosetoragrícola);o setoragrícolareproduziaovalor
deseusinsumos(sementes,consumodesubsistênciae ativosagrícolasduráveisusados)e
umvalorexcedentede2bilhões.queeraapropriadopelaclassedosproprietáriosdeterras
econsumidosobaformadeprodutosagrícolaseprodutosindustriais." - -,
Estemodeloilustrao fatode.5lue,9sdoissetoresdeproduçãosãoJnterdep,~ndeJlte.s...e
queo produtodecadaunfdeieSé uminsumonecessárioparao outro.Estainterdepen-
dênciatecnológicade diferentesindústriasdeveriaservir(conformediscutiremosmais
.Idlante,emoutrocapítulo)debaseparaasfuturasversõesdateoriadovalor-trabalho.O
IllOdelotambémilustrao fatodequeaalocaçãodeinsumoseprodutosrequera<1i.!cu~
,-,!locontínuadamoeda.OsfisiocratasseanteciparamaT. R. Malthus,KarlMarx,J. .
I\.('ynesemuitosoutroseconomistasposteriores,quemostraramcomoo entesouramento
llumoedaou a criaçãodepontosdeestrangulamentooudesequilíbriosnoprocessode
llrculaçãomonetáriapoderiaatrapalharaalocaçãodeinsumosedeprodutos,provocan-
docrisesoudepressõeseconômicas.
Finalmente,muitoemboravirtualmentetodosos economistasposteriorestenham
Il'jcitadoanoçãodequeo excedenteeconômicoeraumdomdanatureza,aclassificação
(Iostrabalhadorescujaforçadetrabalhocriavalorexcedentecomoprodutivosedaqueles
IIlJ:! forçadetrabalhonãocriaexcedentecomoimprodutivosdeveriatornar-seumele-
lII~ntoimportantenaanáliseeconômicadoséculoXIX.
CONCLUSÃO
Emgeral,deve-sedizerquemuitopoucoseconomistasanterioresaAdamSmithapre-
;f!nlaramo mesmotipo deanálisescoerentesebemelaboradasdosprocessoseconômicos
Itll capitalismo,queencontraremosnoscapítulosqueseseguem.Istonãoocorreupor se-
1(111Ielesintelectualmenteinferioresaosseussucessores,masporqueestavamescrevendo
1111111:1épocadetransiçãosócio-econômicaemqueasçaracterísticasdosistemacapitalista
C'1I11!rgenteestavampermeadasde muitosvestígiosdo antigosistema.Em fins do século
\ VIII, ascaracterísticasmaisgeraisdo capitalismojá setinhamtornadomuitomaisvisí-
y.l~ Daquelaépocaemdiante,ospensadoreseconômicospuderampercebermuitasdestas
( ill'aet('rísticas,comumaclarezacadavezmaior.Além do mais,depoisdeo capitalislllo
"'! aparecidoclaramentecomoo sistemaeconômicodominantedaEuropaOcidental,ca.
ti,.~I!raçãodeeconomistasquepassavapodiaaproveitare refinarasidéiasdeseuspredc
1'I'\SlIrcs.
N:loobstante,o leitorveráquemuitasdasidéiasdiscutidasnestecapítulotêmreapa
ti I'Hh) váriasvezesatéosdiasdehoje.Apesardasenormesmudançasocorridasdesdeo
'11'l'uloXVI, o capitalismocontinuabaseando-seemmuitosdosmesmosfundamentosso.
I IIW,políticos,jurídicose econômicosqueerampercebidosapenasporalto,naépocaClll
'111,("tavamcomeçandoadominarasociedadedaEuropaOcidental.
,1,1)
Estouadotandoa tl'rminologiadeRoginemHcollomicTheory,p. 20,e n:ioli de()IH"";I~'
~x
'1

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