Buscar

Causas de Nulidade Absoluta do Negócio Jurídico

Prévia do material em texto

Causas de Nulidade Absoluta do Negócio Jurídico
O negócio jurídico é um ato de manifestação de vontades antagônicas, com finalidade negocial, fundado na “autonomia privada”, ou seja, no poder de autorregulação dos interesses e que produz efeitos no âmbito do Direito Privado, como a aquisição, a modificação, e a extinção de direitos. Constitui, assim, o negócio jurídico como uma “norma concreta estabelecida entre as partes”.
Pela definição de Gonçalves (2014; 320), “negócio jurídico é um ato ou uma pluralidade de atos, entre si relacionados, quer sejam de uma ou de várias pessoas, que tem por fim produzir efeitos jurídicos, modificações nas relações jurídicas no âmbito do Direito Privado”.
Complementando a acepção de Gonçalves, Miguel Reale considera: “negócio jurídico é aquela espécie de ato jurídico que, além de se originar de um ato de vontade, implica a declaração expressa da vontade, instauradora de uma relação entre dois ou mais sujeitos tendo em vista um objeto protegido pelo ordenamento jurídico”. (grifos nossos)
Visto que a finalidade do negócio jurídico é o acordo de vontades com finalidade negocial, o ordenamento jurídico brasileiro estabelece condições e normas que devem ser observadas para a realização do negócio jurídico. A inobservância de tais normas do direito positivo pode implicar a nulidade do negócio jurídico e impedir a produção dos seus efeitos.
Nulidade absoluta do negócio jurídico:
Para produzir os efeitos previstos no ordenamento jurídico e desejados pelas partes, o negócio jurídico de apresentar seus elementos constitutivos, que são os requisitos estabelecidos pela lei para sua validade. Os elementos que constituem o negócio jurídico classificam-se em essenciais, naturais e acidentais.
Os vícios do negócio jurídico acarretam ou podem acarretar, quando insanáveis, sanções que os tornam anuláveis, inexistentes ou nulos. O tema deste artigo é a nulidade absoluta dos negócios jurídicos, razão pela qual serão examinados mais profundamente os elementos que ensejam a nulidade absoluta do negócio jurídico.
Na gênese do negócio jurídico devem estar presentes os elementos constitutivos essenciais para que sejam produzidos os efeitos previstos, isto é, a aquisição, a modificação e a extinção de direitos. Se isso não ocorrer, o negócio jurídico estará eivado de vícios, sanáveis ou insanáveis, e não será capaz de produzir os efeitos jurídicos para os quais foi criado.
O Código Civil/2002 no artigo 104 elenca taxativamente os requisitos de validade, de caráter geral, do negócio jurídico:
“Artigo 104. A validade do negócio jurídico requer:
I- Agente capaz;
II- Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III- Forma prescrita ou não defesa em lei.”
Tais elementos devem constituir todos os negócios jurídicos, e a ausência de algum deles implicará em sanção imposta pela lei, que os impede de produzir efeitos, assim, serão nulos, como prevê o Artigo 166, inciso II.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Nulidade absoluta, nulidade relativa e inexistência do negócio jurídico:
O negócio jurídico é acordo de vontades que estabelece lei entre as partes, devendo conter todos os elementos essenciais, e dependendo da sua finalidade, os elementos acidentais para produzir os efeitos queridos pelas partes. Dependendo do defeito apresentado na sua formação, o negócio jurídico pode ser nulo, anulável ou inexistente.
Conforme Zeno Veloso (2002; 104), o negócio jurídico nulo não se confunde com o negócio jurídico inexistente, uma vez que o primeiro existe para o direito, mas é inválido por conter vício (s) em elementos essenciais, e, portanto não produz efeitos no âmbito jurídico, enquanto que o negócio jurídico inexistente não “nasceu”, não existiu para o mundo do direito privado.
Veloso (2002; 37) pondera também que: “Nulidade é o estado do negócio que ingressou no mundo jurídico descumprindo requisitos de validade considerados essenciais, de interesse social e ordem pública. A lei estabelece a nulidade como sanção pela sua violação.”
No que tange à produção de efeitos, o negócio nulo, em regra, é ineficaz; mas nem todo negócio ineficaz é nulo, ou é ineficaz por ser nulo.
Uma pode ser alegada por qualquer pessoa, inclusive pelo Ministério Público. Das características da nulidade é a de que o negócio jurídico não produz efeitos jurídicos contra qualquer pessoa, seja ela parte interessada ou não, assim, a nulidade absoluta
Além de ineficaz, a nulidade absoluta do negócio jurídico não pode ser sanada, ou seja, convalidada para que o mesmo produza efeitos, devido à gravidade do vício de formação do negócio jurídico.
Diferentemente do negócio jurídico nulo, o negócio jurídico anulável pode ser convalidado, uma vez que os vícios que incidem sobre ele não atingem os elementos essenciais.
Sobre a nulidade absoluta do negócio jurídico, explica Veloso (2002; 142): “Além de insanável, insuprível, irratificável, a nulidade é imprescritível.”Cabe aqui fazer uma observação à imprescritibilidade do negócio jurídico absolutamente nulo, que, embora não seja consenso a respeito desta característica, o entendimento que prevalece é o da imprescritibilidade.

Continue navegando