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TCC Iara Pereira Tomitch PROTAGONISMO JUVENIL

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
	
Iara Pereira Tomitch
PROTAGONISMO JUVENIL:
REFLEXÕES SOBRE AS OCUPAÇÕES ESCOLARES EM SÃO PAULO NO ANO DE 2015
São Paulo
2016
Iara Pereira Tomitch
PROTAGONISMO JUVENIL:
REFLEXÕES SOBRE AS OCUPAÇÕES ESCOLARES EM SÃO PAULO NO ANO DE 2015
Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Curso de Psicologia, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel(a) em Psicologia
Orientador: Rinaldo Molina
São Paulo
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Inserir aqui a ficha gerada a partir do Sistema de Geração Automática de Fichas Catalográficas, disponível no endereço
http://www.ufrgs.br/bibliotecas/ferramentas-de-producao/ficha-catalografica.
Iara Pereira Tomitch
PROTAGONISMO JUVENIL:
REFLEXÕES SOBRE AS OCUPAÇÕES ESCOLARES EM SÃO PAULO NO ANO DE 2015
Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado ao Curso de Psicologia, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel(a) em Psicologia
Aprovado em: ____ de _______ de _____.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Nome do professor - instituição 
__________________________________________
Nome do professor - instituição 
__________________________________________
Nome do professor - instituição (orientador)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a toda a minha família, que me incentivou e me apoiou em tudo aquilo que foi necessário para chegar aonde estou hoje. 
AGRADECIMENTO
Em primeiro lugar agradeço à minha família, amigos e queridos que estiveram comigo durante este processo e que sem o amor e o carinho não conseguiria ter realizado tal projeto.
Em segundo lugar à todos meus professores que estiveram presentes em minha caminhada pelo Curso de Psicologia, e em especial ao meu orientador Rinaldo Molina que me auxiliou ao máximo e jamais desistiu ou duvidou deste projeto.
Por último, agradeço à Deus por ter me dado esta vida, por ter colocado estas pessoas maravilhosas nela e por todas as graças e oportunidades as quais recebi durante ela.
Que venham muitas mais pela frente.
PROTAGONISMO JUVENIL: REFLEXÕES SOBRE AS OCUPAÇÕES ESCOLARES EM SÃO PAULO NO ANO DE 2015
Aluno: Iara Pereira Tomitch
Orientador: prof. dr. Rinaldo Molina
O protagonismo juvenil escolar é a participação e o desenvolvimento do aluno, dentro do âmbito escolar, como um ser atuante e crítico, capaz de se envolver na discussão das diversas problemáticas da sociedade se tornando um cidadão solidário e preocupado com as questões da realidade da qual vive. Tendo por base esse ideal, o objetivo de nosso estudo foi refletir sobre a questão do empoderamento e do protagonismo juvenil tendo por base os eventos que envolveram as ocupações escolares realizadas por estudantes em um grupo de escolas do ensino médio da rede estadual de ensino de São Paulo no ano de 2015. O estudo foi baseado na análise de reportagens publicadas em sites da internet, bem como na legislação que motivou as ocupações. Como resultado se verificou que os alunos, com base em uma dinâmica plural e não partidária, assumiram o lugar de participantes indispensáveis para a reflexão e para a resolução dos problemas que os circundavam. Para isso, tomaram posição perante uma questão política que os envolvia diretamente (reestruturação das escolas) construindo formas de organização e autogestão nas escola ocupadas (tomada de decisões coletivas; produção de um regimento interno com regras de convivência da escola ocupada que tratavam desde a divisão de dormitórios, passando pela proibição da entrada de qualquer tipo de droga, ilícita indo até a administração dos recursos internos como a alimentação, por exemplo; a criação de eventos que favoreciam a discussão, reflexão e expressão da criatividade; a produção de estratégias para arrecadação de dinheiro e comida; o enfrentamento ao abuso de poder da polícia, etc.). Por fim, os dados indicaram que o movimento criado pelos alunos, mobilizou-os para que assumissem o espaço escolar como protagonistas, construindo de forma autônoma, em uma situação adversa, o que é indicado pela legislação como um dos objetivos principais a serem trabalhados e desenvolvidos, pelo processo educacional formal, com os jovens dentro do ambiente escolar.
Palavras-chaves: protagonismo juvenil, aluno, escola, manifestações, ocupações escolares. 
INTRODUÇÃO
O objetivo de nosso estudo foi refletir sobre a questão do empoderamento e do protagonismo juvenil tendo por base os eventos que envolveram as ocupações escolares realizadas por estudantes em um grupo de escolas do ensino médio da rede estadual de ensino de São Paulo no ano de 2015.
Todo indivíduo precisa saber exercer sua autonomia, desde que se inicia a vida em sociedade este deve ser torna protagonista de suas ações e de seus momentos. A escola, como instituição que apresenta e prepara os sujeitos para o mundo que o cerca, deve ser o campo utilizado para que estas funções formadoras sejam aprendidas, desenvolvidas e praticadas em sua plenitude. O jovem deve ser incentivado a tomar decisões, a debater, questionar, ser participante de sua educação e dos demais companheiros, se fazer presente nas questões que o cercam, aprender o que é cidadania e como praticá-la dentro dos diferentes palcos sociais, ou seja, aprender a praticar seu papel como ator social.
Este trabalho trata da importância do protagonismo juvenil, como este é apresentado na legislação de nosso país e, também o que alguns autores dissertam sobre este e demais assuntos que fazem parte da discussão sobre o papel ativo do jovem. A partir destes dados apresentados, discute-se um pouco a história dos estudantes no Brasil, as lutas políticas e sociais nas quais se envolveram e as conquistas que alcançaram com o objetivo de construírem um lugar de relevância e permanência no passado e no presente do país. Por fim é analisado o Decreto nº 61.672, de 30 de novembro de 2015 sobre a proposta de reorganização escolar lançada pelo Governo do Estado de São Paulo em conjunto com a Secretaria da Educação e as ocupações escolares e manifestações realizadas pelos alunos secundaristas que se desencadearam a partir deste. 
Com isso pretende-se discutir sobre a questão do protagonismo e se esse é trabalhado e desenvolvido com os jovens dentro do ambiente escolar, se o Estado está empenhando seu papel como provedor das condições necessárias para que este preparo possa ocorrer, as consequências que o protagonismo juvenil tem dentro da sociedade, inclusive sua relevância nas ações tomadas pelos alunos secundaristas, e como deve ser trabalho com os alunos a fim de formá-los como sujeitos pensantes que agreguem melhorias para as condições sociais do povo como um todo.
	A discussão deste assunto pode ser considerada de grande relevância e de irrefutável indisponibilidade, pois, argumenta-se sobre a importância e o impacto de exercitar com o aluno sua autonomia e protagonismo tendo o primeiro contato com o assunto na escola e, assim podendo desenvolvê-los para além desta abrindo o debate sobre as obrigações que o Estado tem para com eles e, se estão sendo incentivadas dentro das instituições, seguindo às leis criadas para garantir os direitos dos alunos. 
A metodologia utilizada neste trabalho de conclusão de curso parte da análise de diversas matérias e notícias lançadas por diferentes fontes midiáticas que vieram a abordar o assunto das ocupações escolares que ocorreram na cidade de São Paulo em 2015 desde seu início, isto é, desde o começo da proposta de reorganização escolar dentro do âmbito estadualaté os dias de hoje, visando as leis; as ações policiais; os movimentos estudantis; as manifestações; pronunciamentos e demais materiais encontrados considerados aqui relevantes.
Inicia-se especificando as leis existentes no Brasil que garantem o direito do aluno em ter participação ativa em seu processo educacional. No segundo item são trazidos diversos pontos de vista literários para que haja um parâmetro complementar sobre protagonismo juvenil e atores sociais. Para iniciar o assunto das ocupações escolares há uma apresentação do movimento estudantil no Brasil e os demais grupos que estão envolvidos na causa dos jovens alunos e em seguida explica-se todo o processo envolta do Decreto nº 61.672 sobre a reorganização escolar e as ocupações escolares que ocorreram em resposta à este junto com as manifestações e eventos que fizeram parte do ocorrido.
Para o desenvolvimento da pesquisa a metodologia utilizada neste trabalho de conclusão de curso parte da análise de diversas matérias e notícias lançadas por diferentes fontes midiáticas que vieram a abordar o assunto das ocupações escolares que ocorreram na cidade de São Paulo em 2015 desde seu início, isto é, desde o começo da proposta de reorganização escolar dentro do âmbito estadual até os dias de hoje, visando as Leis; as ações policiais; os movimentos estudantis; as manifestações; pronunciamentos e demais materiais encontrados considerados relevantes para este trabalho. 
Leva-se aqui em consideração o fator de impacto que estas fontes de informação têm na visão da sociedade perante diversos assunto, neste caso as ocupações escolares. Elas são capazes de formar e mudar opiniões sobre assuntos importantes que necessitam, muitas vezes, do apoio da população para que se legitimem como atos de relevância social ou não, mesmo que haja o apoio legal sobre o assunto. A opinião social sobre as ocupações escolares foi de grande peso para que obtivessem mais adesões a causa, até mesmo incluindo figuras da mídia, assim como cantores e atores, que demonstram publicamente seu apoio à causa, criando assim uma visão positiva da mesma e acabando por trazer mais pessoas para dar suporte. 
Com isto em vista, mostra-se a importância de se realizar uma revisão dos conteúdos midiáticos jornalísticos que abordaram o assunto, para que se possa ter uma visão dos detalhes, até mesmos das controvérsias, trazidas nelas e ter um material mais concreto sobre o assunto, e as diversas visões popular que o envolve. 
PROTAGONISMO COMO DIREITO
O termo Protagonismo Juvenil tornou-se presente em nossa sociedade a partir da reflexão sobre a participação ativa dos alunos em sua aprendizagem e de como esta seria trabalhada dentro do ponto de vista político e educacional.
No Brasil, dos anos 1920 e 1930, foi adotada a democracia trabalhada por John Dewey como o único e verdadeiro fundamento para a sua filosofia e como o credo inabalável para postular suas ideias educacionais, diversos autores da mesma época, e até hoje, adotam sua visão, pois trata a educação como um dever e dotada de uma função social. Já na década de 1960, foram estipulados os grêmios estudantis que são ferramentas de extrema importância para auxiliar neste envolvimento do jovem dentro do âmbito educacional.
A visão de participação do jovem (e de seus responsáveis) sobre a vida escolar não é algo recente, existem diversos documentos que fazem parte de nossal que abrangem o assunto e tornam esta ação como algo indispensável e garantido para todos os alunos, jovens e crianças que fazem parte de algum sistema de ensino brasileiro. 
Paulo Freire (1996, p.59), define protagonismo como direito ao afirmar que “O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder aos outros”. Para ele, a experiência educativa deve respeitar a autonomia e a dignidade humana, com o objetivo de formação cidadã, muito além da transmissão de conteúdo. 
Ferreti, Zibas e Tartuce (2004) defendem a importância do protagonismo e da participação dos jovens estudantes, desde que a legislação tomou para si o papel de implementadora desse protagonismo. Para eles: “O ‘protagonismo juvenil’ tem tido ampla repercussão na área educacional, principalmente a partir da implementação da reforma curricular do ensino médio, cujas diretrizes adotam esse conceito como um dos pilares das inovações sugeridas”. (p.1).
COSTA (2000) esclarece que o protagonismo juvenil é uma das maneiras que a participação dos alunos, como um dever ético-político dos adolescentes, se faz reconhecer como geradora de mudanças de grande impacto dentro dos diversos âmbitos sociais nos quais convive “Moldar o processo educativo [...], mais do que uma questão de vontade política, é uma questão de compromisso ético” (p.38). 
A legislação brasileira e internacional discute tal discussão acentuando o lugar protagonista dos jovens.
A Constituição Federativa do Brasil de 1988 garante a todos os cidadãos brasileiros o direito à participação política, a partir do momento que o país é regido por uma democracia participativa, neste ponto, é claro, também são inclusos os jovens e as crianças:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político (BRASIL, 1988)
Reafirmando essa posição o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estipula, no Capítulo II, artigo 15, que estes têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade afirmando-os como pessoas em processo de desenvolvimento, sujeitos civis de direito. Liberdade aqui entendida como “I - ir vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação” (Art. 16).
No Cap. IV o ECA indica como um dos direitos dos jovens a educação garantindo I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola: “II - direito de ser respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito de organização e participação em entidades estudantis; V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência” (Art. 53)
O Relatório produzido pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI da UNESCO (DELORS, 1997) apresenta e discute os novos desafios educacionais propostos para o século XXI com base em quatro pilares: 1. Aprender a ser: preparar-se para agir com autonomia, solidariedade e responsabilidade; 2. Aprender a conviver: interagir, participar e cooperar, convivendo com as diferenças; 3. Aprender a fazer: aprender e praticar os conhecimentos, usados para o bem comum; 4. Aprender a conhecer: aprender a aprender para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida. Estes quatro fundamentos têm como objetivos “ampliar a educação ao conjunto da experiência humana (ser, conviver, fazer e aprender) e estendê-la ao longo de toda a vida, transcendendo os limites da instituição e da idade escolar. ” (COSTA, 2000, p. 50).
O novo Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2014), que indica as metas e estratégias a serem atingidas pela educação nacional nos próximos dez anos (2014-2024), também contempla a ideia de que as instituições de ensino devem garantir a formação dos alunos para a cidadania, dando ênfase aos valores morais e éticos para que possam, assim, atuar na sociedade. Fator defendido por Costa (2000):
Além do compromisso ético, a opção pelo desenvolvimento de propostas, que tenham por base o protagonismo juvenil, exige do educador uma clara vontadepolítica da sua parte, no sentido de contribuir- através do seu trabalho- para a construção de uma sociedade, que respeite os direitos de cidadania e aumente progressivamente os níveis de participação de sua população. (p.115). Nesse sentido, a Estratégia 19.6 (Meta 19) afirma a necessidade de estimular a participação e a consulta de profissionais da educação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos projetos político-pedagógicos, currículos escolares, planos de gestão escolar e regimentos escolares, assegurando a participação dos pais na avaliação de docentes e gestores escolares (p. 18)
Tais perspectivas encontram respaldo na Lei de Diretrizes de Base da Educação Nacional (BRASIL, 1996). Nela se encontram articuladas as ideias de gestão democrática do ensino público e a elaboração de projetos tanto com participação dos profissionais da educação quanto da comunidade escolar e da comunidade vizinha a instituição escolar. (Art. 3º item VIII e Art. 14) (BRASIL, 1996).
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – DCNEM – (BRASIL, 2012) é documento que discute de forma ampla e detalhada as necessidades mínimas a serem atendidas nas escolas de ensino público nível médio para que os alunos possam exercer seus direitos ao protagonismo juvenil. 
Dentre muitas outras coisas discutidas neste documento, encontram-se as características a serem atendidas pelo projeto político-pedagógico das unidades escolares que ofertam o ensino médio: I – atividades integradoras artístico-culturais, tecnológicas, e de iniciação científica, vinculadas ao trabalho, ao meio ambiente e à prática social; II – problematização como instrumento de incentivo à pesquisa, à curiosidade pelo inusitado e ao desenvolvimento do espírito inventivo; III – a aprendizagem como processo de apropriação significativa dos conhecimentos, superando a aprendizagem limitada à memorização; IV – valorização da leitura e da produção escrita em todos os campos do saber; V – comportamento ético, como ponto de partida para o reconhecimento dos direitos humanos, da cidadania, da responsabilidade socioambiental e para a prática de um humanismo contemporâneo expresso pelo reconhecimento, respeito e acolhimento da identidade do outro e pela incorporação da solidariedade; VI – articulação teoria e prática, vinculando o trabalho intelectual às atividades práticas ou experimentais; VII – integração com o mundo do trabalho por meio de estágios de estudantes do Ensino Médio conforme legislação específica; VIII – utilização de diferentes mídias como processo de dinamização dos ambientes de aprendizagem e construção de novos saberes; IX – capacidade de aprender permanente, desenvolvendo a autonomia dos estudantes; X – atividades sociais que estimulem o convívio humano; XI – avaliação da aprendizagem, com diagnóstico preliminar, e entendida como processo de caráter formativo, permanente e cumulativo; XII – acompanhamento da vida escolar dos estudantes, promovendo o seguimento do desempenho, análise de resultados e comunicação com a família; XIII – atividades complementares e de superação das dificuldades de aprendizagem para que o estudante tenha sucesso em seus estudos; XIV – reconhecimento e atendimento da diversidade e diferentes nuances da desigualdade, da diversidade e da exclusão na sociedade brasileira; XV – valorização e promoção dos Direitos humanos mediante temas relativos a gênero, identidade de gênero, raça e etnia, religião, orientação sexual, pessoas com deficiência, entre outros, bem como práticas que contribuam para a igualdade e para o enfrentamento de todas as formas de preconceito, discriminação e violência sob todas as formas; XVI – análise e reflexão crítica da realidade brasileira, de sua organização social e produtiva na relação de complementaridade entre espaços urbanos e do campo; XVII – estudo e desenvolvimento de atividades socioambientais, conduzindo a educação ambiental como uma prática educativa integrada, contínua e permanente; XVIII – práticas desportivas e de expressão corporal, que contribuam para a saúde, a sociabilidade e a cooperação; XIX – atividades Inter setoriais, entre outras, de promoção da saúde física e mental, saúde sexual e saúde reprodutiva, e prevenção do uso de drogas; XX – produção de mídias nas escolas a partir da promoção de atividades que favoreçam as habilidades de leitura e análise do papel cultural, político e econômico dos meios de comunicação na sociedade; XXI – participação social e protagonismo dos estudantes, como agentes de transformação de suas unidades escolares e de suas comunidades; XXII – condições materiais, funcionais e didático-pedagógicas, para que os profissionais da escola efetivem as proposições do projeto. (Art. 16. 2012)
As preocupações com o desenvolvimento humano sustentável têm sido enfatizadas de forma consistente pelos Relatórios de Desenvolvimento Humano do PNUD (2015), publicados nas últimas duas décadas. Este relatório articulou o princípio básico do desenvolvimento humano sustentável, deixando claro o que é necessário para que um indivíduo possa ser considerado alguém com um bom desenvolvimento como ser social capaz de atuar como tal e, assim, ser capaz de participar da comunidade que o envolve. 
Estipula que, de forma universal, deve ser praticado e garantido o direito à vida e. nesse sentido, dadas condições para que todos desenvolvam suas capacidades. Esse ambiente deve ainda oportunizar que a presente e as futuras gerações ampliem suas possibilidades a partir das oportunidades que lhes são apresentadas e as escolhas que lhe são permitidas serem tomadas ao longo da vida. Há uma necessidade ética de se garantir às gerações futuras condições ambientais pelo menos iguais às que gerações anteriores desfrutaram (desenvolvimento sustentável). Observa-se que o universalismo aqui explicitado torna as pessoas mais capazes e protege os direitos fundamentais (civis, políticos, sociais, econômicos e ambientais).
Como diz Costa (2000), reconhecer o adolescente e o jovem, não como problema, mas como parte da solução é meio caminho andado. Com isto em vista, percebe-se a urgência de serem criadas formas para que o jovem possa articular sua participação efetiva exercitando, assim sua cidadania, caridade, senso de justiça e gerar o bem-estar social. Estas leis servem para que os direitos destes jovens sejam garantidos e que não lhes faltem oportunidades para se desenvolverem como sujeitos ativos dentro da sociedade, e durante todo o percurso de suas vidas, sempre atuando de forma crítica. A existência destes documentos mostra quão importante o protagonismo juvenil se faz nos dias de hoje, tanto para os alunos quanto para a comunidade como um todo.
O JOVEM COMO PROTAGONISTA E ATOR SOCIAL
O termo ‘protagonismo’ vem do grego ´protagonistes´. É derivado da junção de duas palavras: protos e agonistes. A primeira traz o sentido de principal, o agente de uma ação, e a segunda significa ator, lutador, competidor, contentor. Protagonista, então seria o agente principal de uma ação que no contexto grego significavao mais importante competidor dos jogos públicos, mas também de uma assembleia, reunião, luta judiciária ou processo. 
Hoje em dia se trabalha a ideia de protagonismo juntamente com a de espaço público e envolvimento político, porém, de um espaço público transformado em cenário, em que não existe luta (agõnia) e em que os lutadores são substituídos pelos indivíduos sociais. Já o termo ‘juventude’ (e seus derivados) significa uma das transições da vida, neste caso, da infância para à adulta, na qual o sujeito caminha para sua autonomia. A sociologia já apontou esta como uma fase de “suspensão da vida social”, em que os jovens ainda não têm acesso ao poder, são impedidos de usufruir seus direitos como cidadãos e não obtêm o auxílio nem o incentivo necessário para exercerem seus deveres sociais.
Deste modo, o protagonismo juvenil pode ser encarado como uma das possibilidades para dar conta tanto de uma urgência social quanto das angústias pessoais dos adolescentese jovens. Tal termo diz respeito a estes terem um espaço dentro da sociedade e também das instituições (como, por exemplo, nas escolas) para poder atuar como ser criativo e de opinião, capaz de participar da solução de problemas (COSTA, 2000). Dentro do âmbito educacional, ao colocar em exercício as ações de protagonismo, percebem-se características básicas colocadas em prática. Barrientos e Lascano (2000), classificaram da seguinte maneira: autoestima, isto é, o reconhecimento do valor próprio e as possibilidades que têm; criatividade, ante os desafios que se apresentam; autonomia, que supõe o livre exercício para decidir; humor, para mudar de ideia, avançar, apesar das dificuldades, criar um clima positivo de trabalho / ação; habilidades sociais no marco da negociação; identidade, saber o que é e o que se quer. 
De acordo com Razera (2003), quando os alunos protagonizam projetos, eles tendem a uma crescente colaboração com outros colegas e participantes do processo; facilidade na comunicação de suas ideias; capacidade de avaliação das situações em seu entorno; responsabilização de sua própria aprendizagem, compreendendo e refletindo melhor sobre o que aprendem e como aprendem – metacognição; evolução para a autonomia; capacidade na resolução de problemas. Mesmo com todos estes elementos, criar este espaço de forma real e não só dentro das Instituições, somente foi possível a partir do momento em que a sociedade e o espaço público permitiram que indivíduos isolados – exercendo seus papeis como ‘atores sociais’ – pudessem unir-se para discutir seus interesses com outros sujeitos.
O termo ‘Ator Social’ corresponde a um indivíduo que representa algo para a sociedade (para o grupo, a classe, o país), toma para si uma reivindicação, um projeto, uma promessa, uma denúncia. É aquele que trabalha pela resolução de seus próprios problemas e daqueles que afetam a coletividade, suas ações perante a si mesmo e de um grupo social fazem deste ator um membro ativo da sociedade civil. O autor Alain Touraine (1998) explica da seguinte forma: 
Um ator social [...] intenta realizar objetivos pessoais em um entorno constituído por outros atores, entorno que constitui uma coletividade à qual ele sente que pertence e cuja cultura e regras de funcionamento institucional faz suas, ainda que apenas em parte. Ou, dito com palavras mais simples, são necessários três ingredientes para produzir um ator social: objetivos pessoais, capacidade de comunicar-se e consciência de cidadania. (TOURAINE, 1998, p. 5)
De forma mais geral, para Touraine (1998), o ator social pode ser definido como o indivíduo que procura alcançar seus objetivos de forma que estes sejam realizáveis levando em consideração a capacidade dos demais atores envolvidos e modificando seu “entorno social” negociando com eles, levando em consideração as condições socioeconômicas que os envolvem, construindo assim uma visão coletiva de um ideal de sociedade.
	Em completude, o autor Axel Honneth (2003, p. 190) trata do assunto apontando que os atores sociais somente terão consciência de que suas ações são válidas quando houverem leis que protejam sua liberdade perante à sociedade, que protejam a chance de participação na formação pública da vontade, a conquista de um mínimo de bens materiais para sua sobrevivência e a garantia dos direitos fundamentais são a base para haver o reconhecimento dos direitos que estes atores possuem. Por conseguinte, reconhecer-se reciprocamente como pessoas jurídicas significa hoje muito mais do que no início do desenvolvimento do direito, conclui-se que a esfera do reconhecimento jurídico cria as condições que permitem ao sujeito desenvolver auto respeito. Levando esta visão para os Jovens, tal explicação mostra ainda mais a importância de serem colocados em prática todas as Leis que abordam a participação e incentivo das mesmas nas Instituições, estas tornam possível que os próprios alunos encarem seus atos como legítimos e possíveis de resultados, pois, existirá um apoio jurídico por traz disso, assim, desenvolvendo cada vez mais sua autonomia dentro e fora do âmbito escolar.”o objetivo é que os jovens possam ir construindo sua autonomia através da prática, da situação real, do corpo-a-corpo com a realidade, a partir da participação ativa, crítica e democrática em seu torno social.” (COSTA, 2000, pg 37)
Existem muitos pesquisadores que afirmam a existência de uma juventude atuante, criativa, que se organiza, mesmo que em muitas das vezes ela não se apresente tão ativamente dessa forma, seja por falta de incentivo ou pela falta de interesse dos próprios jovens da atualidade. Com este aspecto evidenciado, mostra-se a necessidade de discutir o protagonismo juvenil já que busca a reconciliação da juventude com aquilo que já havia sido considerado a principal forma de expressão dos problemas juvenis: a política, seus deveres como cidadãos e participantes da sociedade. Assim, o jovem protagonista é invariavelmente lembrado como o “ator principal” no cenário público, posição de destaque que supõe algum tipo de ação política. Contudo, uma ação política que não se apropria da luta e transformada em atuação social. Nota-se a necessidade de uma “nova forma” de política, voltada às ações desses jovens, proporcionando sua integração e o protagonismo evidencia-se como ferramenta indispensável para que ocorra esse processo. 
OS MOVIMENTO ESTUDANTIS NO DECORRER DA HISTÓRIA DO BRASIL
União Nacional dos Estudantes (UNE) [1: Material retirado do site da UNE: www.une.org.br]
A jornada do movimento estudantil no Brasil inicia-se de maneira mais efetiva no século XX com a criação da Federação dos Estudantes Brasileiros que teve sua atuação por um curto período de tempo. Após ser realizado o I Congresso Nacional de Estudantes, em São Paulo, devido ao grande aumento do número de escolas e de jovens estudantes que se prontificavam a organizarem-se para discutir e atuar nas mais diversas e importantes questões do país.
Acompanhando a história do Brasil, na ocorrência da Revolução de 1930, o povo tornou-se muito envolvido nos assuntos políticos e sendo os estudantes grandes atuantes sociais da época, a sua participação não poderia ser excluída. Estes promoveram meios de poderem trabalhar tal assunto, assim como grupos organizados que se propunham a discuti-lo a partir da diversidade de opiniões e propostas que cresciam juntamente com o desejo de todos em formar uma única entidade representativa, para promover a defesa da qualidade de ensino, do patrimônio nacional e da justiça social.
Em outro encontro do Conselho Nacional dos Estudantes, em 1937, houve a tão desejada criação do grupo representativo destes alunos, a então chamada União Nacional dos Estudantes (UNE) que começou a se organizar e se propor a buscar a articulação com outras forças progressistas da sociedade. Sua fase inicial coincidiu-se com uma parte muito conflituosa da história, a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, a UNE teve grande participação nesta época pressionando o governo do presidente Getúlio Vargas a tomar posição firme durante a guerra, entrando em confronto com os apoiadores do fascismo que estavam lutando para firmarem esta ideologia no país. Em 1942, pelo decreto-lei n. 4080, o presidente oficializou a UNE como entidade representativa de todos os universitários brasileiros. Após o episódio de ocupação realizada pelos jovens à sede do Clube Germânia, no Rio de Janeiro, tradicional reduto de militantes nazifascistas, ainda no mesmo ano, o presidente Vargas concedeu este prédio ocupado para que fosse a sede da União Nacional dos Estudantes.
Ao fim do período da Primeira Guerra, a UNE já havia se tornado um grupo de grande visibilidade no e se posicionou ainda mais firmemente nos assuntos do país. Um dos principais assuntos abordados foram ações como a defesa do petróleo, que começava a ser mais explorado no país. Após a promulgação da Constituição de 1946, a discussão sobre a entrada ou não de empresas internacionais para a extração deste petróleo, a UNE encabeçoua campanha “O Petróleo é Nosso”, levando à criação da Petrobras, em 1953.
Ainda na década de 50, houve todo o alvoroço no país que envolveu a crise política do governo do Presidente Vargas, mais especificamente em 1954. Após o governo de Juscelino Kubitschek, foram eleitos Jânio Quadros e João Goulart. Decorrente desses episódios, a União Nacional dos Estudantes e outras grandes instituições brasileiras formaram a Frente de Mobilização Popular, na qual a UNE defendia mudanças sociais profundas, dentre elas, a reforma universitária no contexto das reformas de base propostas pelo governo. Em 1961, a UNE se viu obrigada a mudar sua sede para Porto Alegre devido ao cenário político envolvendo a renúncia de Jânio Quadros e João Goulart, e para garantir que Goulart conseguisse chegar à posse da presidência, em sua nova sede, a UNE começou a Campanha da Legalidade, que teve um papel importante nesta conquista, por fim, voltando com a sede para o Rio de Janeiro. 
Nesta época começavam a aparecer os principais sinais de desavenças entre os movimentos sociais e os grupos conservadores, destacando-se os grupos militares que já mostravam interesse em intervir nas ações da UNE. No ano de 1962 iniciou-se o projeto ‘UNE Volante’ em conjunto com o Centro Popular de Cultura (CPC), que se encabia de viajar pelo Brasil conhecendo as diferentes situações sociais que compunham a realidade do país e durante dois meses a UNE foi ao encontro destes estudantes para poderem debater a necessidade das reformas baseando-se nestas realidades. Durante o comício da Central Brasil, estas reformas foram defendidas pelo presidente da UNE da época, José Serra, este comício foi um dos episódios que antecederam o golpe militar.
A ditadura militar ocorreu, em dados oficiais, dentre os anos de 1964 a 1985. Em seu primeiro ano, a ação dos militares foi de um posicionamento muito firme contra a UNE e o que a Instituição defendia, ao mesmo tempo que as universidades eram vigiadas, intelectuais e artistas reprimidos. Em seu decorrer, a ditadura perseguiu muitos brasileiros, com um destaque em especial para com os jovens estudantes. O regime militar retirou legalmente a representatividade da UNE por meio da Lei Suplicy de Lacerda e a entidade passou a atuar na ilegalidade, mesmo assim, a UNE continuou em atividade se opondo ao regime vigente, o que os tornou um alvo ainda maior para as repressões dos militares, levando os participantes do movimento a criarem a Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, protestando contra as ações da ditadura, pedindo por democracia, liberdade e justiça. 
Mesmo com as lutas, os militares protagonizaram diversos episódios de repreensão aos estudantes, assim como a invasão do Congresso da UNE em Ibiúna (SP), com a prisão de cerca de mil estudantes. No fim do mesmo ano, a proclamação do Ato Institucional número 5 (AI-5) indicava uma violência ainda maior, mesmo assim, o movimento estudantil continuou nas ruas. Foi a partir dos primeiros sinais de desestabilidade do regime militar que a UNE conseguiu se reestruturar, reivindicando mais recursos para a universidade, defesa do ensino público e gratuito, assim como pedindo a libertação de estudantes presos do Brasil. No início dos anos 80, os estudantes tentaram também recuperar sua sede na Praia do Flamengo, mas foram duramente reprimidos e os militares demoliram o prédio.	
Já no ano de 1984, com o fim da ditadura militar, a UNE conseguiu voltar às suas ações de protestos, tendo como grande marco o tão conhecido movimento das “Diretas Já” que reivindicava a volta das eleições diretas para presidente da república, que haviam cessado por conta da ditadura militar, tendo um envolvimento massivo dos cidadãos. Apesar da derrota em relação às “Diretas Já”, que não obteve o número necessário de votos na Câmara dos Deputados para aprovar a emenda, o candidato Tancredo Neves, apoiado pela população e pela própria UNE, foi escolhido com o apoio da própria oposição como o novo Presidente do país seguindo a vontade do povo que manifestou nas ruas (foi declarado então, pelo presidente Figueiredo, o ano de 1989 como a data para realização das primeiras eleições diretas). Em 1985, foi aprovado pelo Congresso Nacional o projeto, de autoria do deputado e ex-presidente da UNE Aldo Arantes, que trazia a entidade de volta para a legalidade.
Seguindo um pouco mais sobre os grandes movimentos que tiveram a UNE como grande agente de efetivação e aceitação social temos o movimento dos jovens de caras pintadas na campanha “Fora Collor”, que se deu devido à distância que o Governo de Fernando Collor de Melo havia das propostas levantadas pela instituição juntamente com os escândalos de corrupção que o envolveram, havendo, em 1992, a renúncia deste do cargo, como consequência das manifestações estudantis que repercutiram por todo o país. 
Após a retomada da democracia em solo brasileiro, a partir de 1994, veio a época que gerou grande conflito entre o governo federal e os movimentos sociais, marcando o período de menor diálogo e negociação da UNE com o poder executivo na história, apenas perdendo para a época da ditadura militar. Trouxe como principais pautas a luta contra o neoliberalismo e a privatização do patrimônio nacional com a UNE posicionando-se firmemente contra a mercantilização da educação, tendo sido este período liderado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Durante seu governo, as instituições de ensino particular foram fortemente privilegiadas, deixando no esquecimento as universidades públicas, o que trouxe atrito constante com professores, funcionários e estudantes das federais de todo o país. 
Em 2002, os estudantes apoiaram a candidatura do metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva após um plebiscito nas universidades. Em sua gestão, a conversa entre a instituição e o governo federal veio a se reafirmar, de tal forma que, assim como “Jango”, Lula veio a visitar a sede da UNE, ainda localizada no Rio de Janeiro. 
No ano de 2004, foram realizadas duas caravanas da UNE por diversos estados do país levando aos estudantes temas como a defesa da reforma universitária, com aumento do acesso e permanência dos jovens brasileiros no ensino superior e também à cultura. O resultado da atuação da entidade e do debate sobre a reforma foi a criação, junto ao governo federal, de programas como o ProUni, que garante bolsas em universidades particulares para estudantes de baixa renda. Já em 2007, após a ocupação do terreno de sua antiga sede, na Praia do Flamengo, antes demolido durante o período da ditadura militar, a UNE ganhou na justiça a posse do local devido ao reconhecimento da invasão, incêndio e demolição realizado à sua sede pelos militares e, alguns anos depois, o reconhecimento completamente unânime do Congresso Nacional. Como um de seus últimos atos do presidente Lula no cargo foi inaugurar, em 2010, as obras para a reconstrução do prédio da UNE.
	Nos dias de hoje nota-se a grande diversificação dos movimentos estudantis e seu ainda constate interesse para com as necessidades dos jovens Brasil à fora. Além de promoverem locais de debate com alcance nacional sobre temas como ciência, tecnologia e esporte, em movimentos de estudantes negros, mulheres, gays, lésbicas e outros grupos, a UNE também tem o papel central na Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes (OCLAE), posicionando o protagonismo positivo do Brasil, enquanto nação emergente, no novo cenário mundial. Duas conquistas históricas foram marcadas no ano de 2010 pelo movimento estudantil: a aprovação da PEC da Juventude no Congresso Nacional, incluindo na constituição o termo juventude e dessa forma reconhecendo os direitos dessa parcela da sociedade, e a aprovação da emenda ao projeto de lei do Pré-sal que garante a destinação de 50% do fundo social, que irá gestar os recursos da camada do novo petróleo brasileiro, exclusivamente para a educação.
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) 
Trazendo para o espectro deste trabalho, tem-se como participantes dos movimentosestudantis a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), que se encarrega de lidar com as demandas necessárias que abordam esta classificação de alunos. Sua história caminha de forma conjunta à da UNES, estes estudantes atuaram como companheiros das lutas populares do país, estando sempre ao lado das causas que julgaram justas e em defesa das liberdades democráticas, protagonizando importantes momentos da história brasileira, como a campanha “O Petróleo É Nosso”, a resistência à ditadura militar, as “Diretas Já” e o “Fora Collor”, inclusive dividem atualmente a mesma sede de seus movimentos, no Rio de Janeiro. Há também a ação conjunta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) para mobilizar os estudantes de todo o país e organizar a luta pela educação. 
Os estudantes que os compõe lutam de forma veemente por melhoras dentro da educação do país e utilizam das próprias Escolas para poderem falar com os alunos e passarem suas ideias de reivindicações, afim de formar e informar para que, então consigam alcançar um ensino de qualidade e diversificado. Como uma grande ferramenta utilizam-se do direito garantido na Constituição de construírem em ambiente escolar Grêmios para lutarem em prol dos direitos e demandas trazidas pelos estudantes. Há a ação de união destes grêmios de uma mesma cidade e um estado, por municípios, para que se fortaleçam suas ações dentro da região que vivem e obtenham alcance nacional. 
Art. 1º – Aos estudantes dos estabelecimentos de ensino de 1º e 2º graus fica assegurada a organização de Grêmios Estudantis como entidades autônomas representativas dos interesses dos estudantes secundaristas, com finalidades educacionais, culturais, cívicas, desportivas e sociais. § 1º – (Vetado.) § 2º – A organização, o funcionamento e as atividades dos Grêmios serão estabelecidas nos seus Estatutos, aprovados em Assembleia Geral do corpo discente de cada estabelecimento de ensino, convocada para este fim. § 3º – A aprovação dos Estatutos e a escolha dos dirigentes e dos representantes do Grêmio Estudantil serão realizadas pelo voto direto e secreto de cada estudante, observando-se, no que couber, as normas da legislação eleitoral..Art. 2º – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º – Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, em 4 de novembro de 1985.José Sarney – Presidente da República” (lei nº 7.398, de 4 de novembro de 1985)
Desde sua fundação, a UBES cria, participa e incentiva campanhas em prol de causas que são de interesse não apenas dos estudantes secundaristas do Brasil como de toda a população. São muitas as causas pelas quais estes se engajam, lutam e também conquistaram no decorrer de sua história: Reformulação do Ensino Médio; 10% do PIB para a educação; Defesa do Ensino Técnico; Meia-entrada; Passe Livre; Combate à redução da maioridade penal; Reforma Política Democrática; Democratização das comunicações; Desmilitarização da PM; Defendem as reformas populares, como a Tributária, Agrária, Urbana. Para conseguirem conquistar estes e demais objetivos a UBES unisse com diversos movimentos sociais afim de obterem mais força e incentivo em suas lutas além de haver uma união de todos estes órgãos com os poderes executivos, legislativos e judiciários das esferas federal, estaduais e municipais para defender os interesses dos estudantes secundaristas. 
Todas estas pautas foram criadas, discutidas e votadas de forma democrática dentro da prática e do exercício do direito dos alunos como protagonistas dentro do âmbito educacional. Esta prática procura alcançar a conquista dos desejos e ambições dos jovens, afim de sanar suas necessidades como alunos e como seres pertencentes à sociedade e atuante nas ações em benefício dos grupos viventes de suas realidades sociais. A luta destes jovens prova cada vez mais como a autonomia e o seu desenvolvimento como seres críticos e ativos em seu processo de individuação e formação como seres civis.
Mobilização estudantil no Chile e sua inspiração para as ocupações escolares no Estado de São Paulo 
Há muito, o Chile vem se deparando com manifestações estudantis que revelam a insatisfação de seus cidadãos com o Sistema de Educação. Estes movimentos vêm atuando desde os anos 1980 e dedicaram-se basicamente a duas questões: primeiro, a oposição aos governos autoritários ou ditatoriais, como o de Augusto Pinochet, tornando-se parte de um movimento pela democracia que ofuscava qualquer reforma educacional proposta. Segundo, a reivindicação no âmbito estritamente educacional, incapaz de transmitir a sua ligação com o sistema socioeconômico neoliberal vigente no Chile. Em 2006 ocorreu a “Revolução dos Pinguins”, assim chamada por causa do uniforme que os secundaristas usavam, que veio para questionar o sistema socioeconômico e político. Já em 2008, foi aprovada a Lei Geral de Educação, que os estudantes rechaçavam por considerá-la uma mudança que não cuidaria do problema da educação como material de mercado. Mesmo sendo um movimento que levaria a grandes greves universitárias, a lei foi aprovada graças a um acordo entre o centro-esquerda e a direita política. Aqui, será tratado de maneira mais pontual a questão da educação.
No ano de 2012, no Chile, em meio a recorrentes ações dos estudantes país à fora, os alunos secundaristas se uniram contra as deficiências políticas herdadas de governos anteriores que ainda persistiam no país e acentuavam a intolerância desses cidadãos. Algumas mudanças na forma de condução política chilena, adotadas por governos que prezaram pelo desenvolvimento, fizeram com que o país reorganizasse diversos setores. Nesse contexto a educação passou por modificações que impactaram de forma direta e prejudicial a formação dos estudantes. Por conta deste “problema educacional”, somando-se a insatisfação popular, várias reivindicações de estudantes contra o sistema educacional do país resultaram em manifestações que tomaram o cenário do Chile na época.
Os estudantes chilenos retornaram às ruas reivindicando melhores condições no ensino superior e protestando contra a privatização, isso já em 16 de março de 2012. Vale ressaltar que, embora os manifestantes tenham reivindicado mudanças educacionais por vários meses no ano de 2011, esta manifestação pode ser vista como o marco do retorno do movimento em 2012. Os manifestantes reivindicam a modificação do atual status quo da educação vigente no país e, embora estas tenham ocorrido a menos de dez anos e a presidente do país, em 2006, tenha tentado equacionar os impasses, os jovens manifestantes de 2011 buscavam demonstrar que muitas questões educacionais ainda precisavam ser mais bem negociadas e ainda em 2012 apresentaram grande necessidade de discussão e reformulação. Foram três os pontos principais abordados na época dessas manifestações: - Estatização, Gratuidade e, Qualidade.
Embora tenha se estabelecido um pacto educacional no governo de Michelle Bachelet a fim de equacionar os problemas em 2006, percebe-se que em 2012 esses pontos foram mantidos na pauta de política e educação. 
A Estatização tratava de reivindicar o direito de adquirirem Estatização do Modelo Educacional, que na época, estava em movimento para uma questão mais mercantil do ensino, e que não agradava a população chilena. Nesse país, o governo concedia um crédito aos estudantes para que podem pagar essas tarifas, porém as taxas de juros provenientes desse crédito estatal eram relativamente altas, o que inviabilizava o acesso à educação, e com isso, reivindicavam a gratuidade de ambos os sistemas de ensino, ou pelo menos, em se tratando das universidades particulares, mais possibilidades para os alunos conseguirem bolsas, assim, facilitando a entrada dos jovens no mundo acadêmico e, melhorando o palco educacional no país. Como mencionado, muitas universidades e institutos visavam o lucro e não se preocupavam com a qualidade do ensino e este era o terceiro ponto das manifestações. Retomando a questão da comercialização do conteúdo de ensino e das próprias Instituições,esta ação acabava fazendo o povo investir em grande peso na educação universitária, porém, sem essa qualidade, eles se formavam na faculdade, mas não estavam preparados para concorrer em nível de igualdade com aqueles que se formam nas melhores universidades do país, incluindo a hora de se inserirem no mercado de trabalho, e com isso acabavam por gerar uma classe de recém-formados desempregados.
Percebeu-se dessa forma a negligência política de setores sociais e principalmente do setor educacional, motivando assim a insatisfação civil. O que foi enfatizado, portanto, é que os incentivos à educação eram poucos ou até mesmo insuficientes, e dessa forma teriam incentivos para que as instituições de ensino que visam fins lucrativos e que não prezassem pela qualidade oferecida ganhassem espaço na sociedade chilena e no “mercado” de educação do país, assim como veio se mostrar a ser o resultado buscado para com o Decreto sobre a Reorganização Escolar no Brasil que ocorreram ano passado. 
No ano de 2015, no Chile, Michelle Bachelet que venceu a reeleição precisamente com a promessa de levar adiante a reforma educacional, já conseguiu a aprovação de uma lei que eliminava a seleção de estudantes e proíbe a obtenção de lucros nas escolas que recebem dinheiro do Estado. Recentemente, ela enviou ao Congresso uma lei que aumenta em 28% o salário dos professores que se beneficiam de um novo regime docente, e há uma semana anunciou que, a partir do próximo, ano 60% dos estudantes mais pobres da educação superior obterão a gratuidade total. A presidenta ainda não deu indícios de como responderá à promessa de melhorar a qualidade nas escolas públicas e estabelecer, a partir de 2018, a gratuidade universal na educação superior. Estas manifestações continuam até hoje, já que, apesar de serem promessas de sua campanha, estas não foram cumpridas. 
A influência deste movimento no Brasil foi tanta que, desde 2015, circula entre os secundaristas o manual “Como ocupar um colégio?” redigido por estes estudantes chilenos, a fim de ajudar na organização, comunicação e divisão de tarefas. Em quase todas as ocupações, todo novo membro passa por um curso intensivo baseado no manual. 
O INÍCIO DO PROJETO DA REORGANIZAÇÃO ESCOLAR
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo anunciou no dia 23 de setembro que uma nova organização da rede estadual de ensino paulista seria implementada, sendo o Decreto (Decreto nº 61.672, de 30 de novembro de 2015) publicado apenas em 30 de novembro de 2015. Seu objetivo era o de separar as escolas a fim de que cada unidade passasse a oferecer aulas de apenas um dos ciclos da educação (ensino fundamental I, ensino fundamental II ou ensino médio) a partir do ano de 2016.
Disciplina a transferência dos integrantes dos Quadros de Pessoal da Secretaria da Educação e dá providências correlatas GERALDO ALCKMIN, Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais, Decreta: Artigo 1º - A Secretaria da Educação fica autorizada a proceder as transferências dos integrantes dos Quadros de Pessoal, nos termos dos artigos 54 e 55 da Lei Complementar nº 180, de 12 de maio de 1978, nos casos em que as escolas da rede estadual deixarem de atender 1 (um) ou mais segmentos, ou, quando passarem a atender novos segmentos.	Parágrafo único - Aplica-se o disposto no "caput" deste artigo às unidades escolares de Diretorias de Ensino distintas. Artigo 2º – No caso de transferência dos integrantes do Quadro de Apoio Escolar e Quadro da Secretaria da Educação, a manutenção do Adicional de Insalubridade será por apostilamento do Dirigente Regional de Ensino. Artigo 3º - As despesas decorrentes da aplicação do disposto neste decreto correrão à conta das dotações orçamentárias da Secretaria da Educação. Artigo 4º - Este decreto entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas as disposições em contrário. (SÃO PAULO/ESTADO, 2015)
	Segundo o site oficial do Governo do Estado de São Paulo, houve uma perda de 2 milhões de alunos na rede estadual de ensino, entre os anos de 1998 e 2015 e baseando-se nos dados apresentados pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), indica-se uma diminuição considerável no número de permanência dos alunos nas escolas (1,3% ao ano).
O objetivo central da reorganização escolar é de ampliar o número de escolas que atuam com o sistema de ciclo único, isto é, Instituições que atendam apensas um dos ciclos de ensino. Ao realizarem tal divisão, acreditam que conseguirão oferecer às crianças e jovens uma Escola que esteja mais bem preparada para atender as demandas trazidas por cada uma destas etapas, havendo uma organização pedagógica que traga uma atuação da gestão e da docência mais focada nas necessidades de aprendizado do ciclo atendido. Como uma forma de fortalecer as justificativas para implementação do projeto, aponta-se que, segundo os resultados levantados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), o desempenho dos alunos dentro das unidades que adotam a divisão por ciclos é perceptivelmente mais proveitoso, em comparação encontram-se as porcentagens de aumento de 28% no ensino médio; de 14,8% com os alunos do ensino fundamental I; e de 15,2% dos alunos que frequentam o ensino fundamental II.
Ressalta-se que não serão todas as unidades de ensino do Estado de São Paulo passarão pela reorganização escolar, ainda existirão escolas de mais de um ciclo em funcionamento, pois, leva-se em consideração limitações de acesso devido às características demográficas que envolvem os alunos. Para as que sofrerem tal alteração, a parte da logística se resumirá aos estudantes serem deslocados dentro do mesmo bairro em que já estudam, num raio de aproximadamente 1,5 km. A troca será automática e deverá ser feita pelas Diretorias de Ensino. 
Seguindo com a descrição do plano, contempla-se que para tal projeto funcionar da maneira satisfatória é necessário haver a construção de um novo modelo escolar de forma conjunta entre a rede estadual e os pais e responsáveis. Para isso foi decido que ocorreria no dia 14 de novembro de 2015 uma reunião na qual estes iriam se encontrar para poderem tirar todas as dúvidas sobre a Reorganização, este dia foi chamado de “Dia ‘E’”: Com estes pontos colocados à público, o Governo do Estado de São Paulo deixou claro suas intenções para com o projeto e divulgou mídia à fora tanto os dados quanto os passos que seriam seguidos a fim de atingir este objetivo, sem deixar de indicar a possibilidade de abertura para conversa junto aos alunos e seus responsáveis e com a intenção de mostrar que tal processo não traria nenhum tipo de maleficio para os estudantes. 
Na prática, a implementação da reorganização levaria ao fechamento maciço de 93 unidades escolares, que seriam disponibilizadas para outras funções na área de educação e consequentemente trazendo modificações significativas na estruturação destas Instituições e na vida dos alunos, porém, nenhuma destas foram debatidas ou previamente avisadas aos professores, pais, alunos e funcionários das escolas de forma democrática, todas as informações iniciais foram passadas por meio midiático de uma forma geral à toda população. 
Muitas críticas foram trazidas no encontro do denominado “Dia ‘E’”, uma delas foi a falta de dados e estudos mostrando todos os resultados que o Governo alegava ter levantado como justificativa para as reorganizações é que não foram divulgados os estudos prévios nos quais o projeto se baseou. Os alunos apontam que com a Municipalização do ensino fundamental, isto é, as Instituições serem por responsabilidade de cada Município, haverá uma maior facilidade de implementar parcerias público-privadas na gestão escolar. Outra dentre as preocupações foi a questão trazida pelos pais e alunos sobre a possibilidade de a reorganização acabar por resultar no processo de superlotação das salas de aula. Ao ser questionado sobre o assunto, o secretário da educação, Herman Voorwald respondeu: 
A média de alunos do Estado de São Paulo,de 1º ao 5º ano, é de 27 alunos; do 6º ao 9º ano, gira em torno de 35 alunos; já a média do Ensino Médio, é 32 estudantes em sala. Na realidade, não há questão da superlotação. O que existe, em algumas regiões, para não deixar a criança ou o jovem fora da escola, é permitido com que a sala ultrapasse o módulo, ou seja, exceda o número de estudantes por sala. Isso é para que aquele jovem possa estar na escola. Mas no caso da reorganização, em nenhuma hipótese, a superlotação de sala ocorrerá. (http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/nao-havera-superlotacao-com-a-reorganizacao-escolar)
No total, 1.464 unidades estariam envolvidas na reconfiguração, mudando o número de ciclos de ensino. Segundo a secretaria, dos 3,8 milhões de estudantes matriculados, 311 mil alunos deveriam mudar de escola, além deste projeto também vir por afetar 74 mil educadores do ensino público.
	Decorrente destas e outras críticas ao projeto, muitos dos alunos decidiram manifestarem-se contra sua implementação e, no dia 9 de novembro de 2015, a Escola Estadual de Diadema, na Grande São Paulo, após reunião entre os alunos em decisão unânime decidiram ocupá-la. A partir daí muitas escolas do sistema estadual se mobilizaram perante a causa e deu-se início ao movimento das Ocupações Escolares de São Paulo.
A Linha Cronológica das Ações dos Estudantes Secundaristas em São Paulo
No final de 2015, como já dito neste trabalho, houve o aviso da implementação do plano de reorganização das escolas estaduais, que são gerenciadas pela gestão de Geraldo Alckmin, com implementação prevista para o início do ano letivo de 2016. Segundo a revista El país (15/10/2015), na época, quando faltavam somente dois meses para o término do ano letivo, ainda haviam muitas questões não esclarecidas sobre a reorganização e suas consequências os estudantes, assim como, o número de alunos que seriam redirecionados, para onde iriam e até mesmo quais seriam as unidades que encerrariam suas atividades e o que aconteceria com os professores da rede estadual. 
Apesar de terem sido dadas algumas informações sobre o projeto, estas não foram consideradas suficientes na visão do Ministério Público haja visto que a concepção do mesmo não teria ocorrido qualquer consulta ou debate público, de forma a organizar as demandas trazidas com o respectivo projeto que deveria ocorrer de forma horizontal (destacando a necessidade de uma homogeneidade entre as famílias e demais órgãos escolares responsáveis) Com isto em vista, foi decidido a realização de um inquérito com data para o dia 8 de outubro de 2015, que exigia mais dados sobre a reorganização. Tal documento não foi entregue na data com a justificativa de que o pedido não teria sido recebido pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (SEE/SP), causando ainda mais indignação aos envolvidos e dando ainda mais força para o movimento estudantil, uma vez que a falta de base (como dados, análises e consultas públicas, reforçava ainda mais as características de inviabilidade da mudança.
Por conta de todas essas questões que até o presente momento em que está sendo realizado esse trabalho, se encontram sem previsão de serem respondidas, alunos, pais, docentes e todos aqueles que apoiam as causas estudantis se uniram para organizar as chamadas ocupações escolares e, consequentemente, também decidiram ocupar as ruas. Nas semanas anteriores ocorreram as três primeiras manifestações no Estado de São Paulo, seguindo-se de mais uma na comemoração do Dia dos Professores.
A mudança faria sentido se ocorresse com mais tempo. 
[...] Se você aglutinar as pessoas por ciclos, os professores não precisam se deslocar, você não tem alunos com idades muito díspares juntos. Como ideia, é procedente, mas isso não pode ser feito apressadamente sem planejamento. [...] Desta forma, mostra que a implementação será feita por questões econômicas e não pedagógicas. Colocar os alunos na mesma sala, reduzir a carga horária do professor, tudo isso está embutido em uma provável ideia de economia. Essa mudança deveria ser planejada para ser em 2017. Neide Noffs, diretora da Faculdade de Educação da PUC São Paulo, em entrevista para El país (15/10/2015) 
Dia 11 de novembro de 2015 foi marcado pela ação da policial militar (PM/SP) dentro da escola Fernão Diaz, em São Paulo capital, que foi cercada por mais de 100 policiais militares que compareceram no local após telefonemas realizados pelos moradores da região. Uma das pistas da Avenida Pedroso de Moraes, bem como as duas vias laterais da escola foram totalmente isoladas para o tráfego de veículos e pedestres. Desde o início deste protesto, alguns jovens chegaram a deixar o prédio — parte deles o fizeram a pedido dos pais que permaneciam aguardando do lado de fora da unidade escolar —, e um pequeno grupo de estudantes, apesar dos enquadres e sprays de pimenta direcionados opressivamente, conseguiram entrar. A PM agiu da mesma forma opressora, ocupando os arredores da escola para impedir que outros alunos entrassem na escola nos demais dias.
As decisões na ocupação são tomadas em assembleia, e que uma vaquinha entre os alunos foi feita para comprar comida e itens de higiene pessoal. Para dormir os estudantes se revezam em 15 colchonetes doados pelo secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Suplicy, que esteve no local na noite de terça-feira. M diz contar com o apoio da mãe, que visitou a ocupação ontem. ‘Não estamos quebrando nada aqui dentro, as salas dos professores e da diretoria estão trancadas’, afirma. (...) ‘Todo mundo que está aqui dentro está feliz. Nossa luta é justa, nossa luta é bonita’ Essa política de construir mais cadeias e fechar escola prejudica principalmente os mais pobres, não querem que tenhamos estudo. (http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/11/politica/1447273812_584840.html)
 Em sequência cronológica é necessário destacar a reunião realizada no Tribunal de Justiça de São Paulo, na data de 20 de novembro de 2015, entre os alunos secundaristas, que eram os componentes principais das manifestações e ocupações, com Herman Voorwald, Secretário da Educação do Estado de SP, para que fossem determinadas as definições sobre as ocupações e a reorganização escolar. 
O Secretário apresentou um documento com sete ações com as quais se comprometeu e, após sua fala, os estudantes se reuniram para chegar a um acordo sobre os pontos apresentados. Devida a importância dada ao não fechamento de nenhuma das unidades escolares do Estado por conta da reorganização, que é um dos principais pontos de indignação do grupo devido a análise negativa das possíveis consequências, acabaram por decidir que só sairiam das escolas se houvesse a garantia dessa demanda e, que sem acordo, as ocupações se seguiriam. Voorwald fechou o momento de discussão dizendo que não voltaria atrás sobre as medidas anunciadas. Esta reunião se finalizou sem nenhum tipo de acordo entre as partes e sem definições precisas.
Nenhuma das propostas do Secretário falava sobre suspender ou adiar a reorganização ou mesmo desistir do fechamento das 93 escolas que teriam suas portas fechadas a partir do ano que vem. Também foi passado na mesma época que a SEE/SP enviaria um material da reorganização específico sobre cada escola no prazo de 48 horas após as desocupações das escolas. Foram propostas a possibilidade da realização de debates com as comunidades escolares, reuniões com as diretorias de ensino e que analisaria as demandas trazidas por eles.
Em uma nota emitida deste mesmo ano, o Governo do Estado de são Paulo afirmava que as mesmas ocupações as escolas públicas realizadas pelos estudantes "representam um desrespeito ao bom senso, prejudicam estudantes, professores e funcionários e fazem parte de uma ação seletiva exclusivamente de natureza política”. Eles afirmavam que existiam interesses partidários nas questões envolvidas, e questionavam com veemência a natureza real das ocupações em relação aos interesses demonstrados e nos objetivos colocados pelos manifestantes, como o fornecimentode merenda escolar gratuita nas escolas da rede estadual, bem como a manutenção do orçamento federal de 30% em contraste com o colapso da economia nacional, que haveria sido direcionado para a educação no país.
 Houve uma segunda tentativa de conversa entre o Secretário da Educação e os estudantes determinada pelo Tribunal de Justiça, porém, nenhum representante do Governo compareceu à reunião. Ao mesmo tempo, a SEE/SP afirmava que havia diálogo com a comunidade escolar e a prova disso era que 38 das escolas que chegaram a ser ocupadas, voltaram atrás em suas ações. O que se apontou como controverso e, ao mesmo tempo trouxe questionamentos para a credibilidade das ações do Governo, que diziam se importar com o que de fato estava ocorrendo, mediante a busca da solução de problemas através do diálogo permanente com os alunos e a comunidade escolar, foi que, a partir de um levantamento realizado pela Folha de S. Paulo, descobriu-se que 29 dos 38 colégios citados se quer foram ocupados, e isso foi confirmado através de ligações da reportagem as unidades que confirmaram a inflação da notícia de desocupações.
Este movimento estudantil foi marcado pelo diferencial da divulgação geral por diário de imprensa e o uso das redes sociais feito pelos próprios alunos para se organizar, sem eleger líderes diretos, onde eles partilharam métodos de convivência por meio de sites e aplicativos de interação e compartilhamento de informações viáveis ao movimento. Os estudantes atuaram de maneira organizada, limparam as escolas, fizeram comida e, até mesmo, conseguiram realizar aulas contando com a presença de colaboradores. Criaram materiais que informavam os alunos desde os procedimentos jurídicos com o intuito de ampliar o conhecimento envolvido na ação, até em como ocupar uma escola, como proceder se a polícia chegar, entre outros. Toda a divulgação que o grupo alcançou acabou por movimentar bastante a comunidade que se mostrou muito interessada em apoiar a causa representada pelos estudantes e profissionais da área. Uma delas foi a plataforma “De Guarda pelas Escolas”, desenvolvida pela ONG Minha Sampa, em que o apoiador cadastra um número de celular e recebe mensagem toda vez que uma escola estiver sendo desocupada à força pela Polícia Militar ou pela direção. Outra foi o “Doe uma aula”, onde, através do meio qualquer pessoa que se compactua com a causa e sentisse interesse, podia se inscrever por meio desta para dar uma aula sobre qualquer assunto em que houvesse interesse em uma das escolas ocupadas. 
	No dia 29 de novembro de 2015, em meio ao crescimento da força que o Movimento dos Secundaristas ganhou, o Ex-Chefe de Gabinete da Secretaria de Educação, Fernando Padula, anunciou o Decreto Nº 61.672, válido para todo o Estado de São Paulo, que entraria em vigor no dia 30/12. Como expresso neste trabalho, este documento resume-se em propor a separação das escolas da rede estadual, a fim de que cada unidade passe a oferecer aulas de apenas um dos ciclos da educação (ensino fundamental I, ensino fundamental II ou ensino médio) a partir do ano de 2016. Em uma reportagem na revista El País, a colunista Marina Rossi escreveu em 2015 sobre a reunião que se tratou de discutir tal Decreto:
Temos que ganhar a guerra final. E vamos ganhar", disse, em uma reunião neste domingo com diretores de ensino. No encontro, convocado para debater as próximas estratégias para lidar com as ocupações de ao menos 190 escolas em todo o Estado, de alunos contrários à reorganização escolar, Padula fala em "desqualificar o movimento" por meio de uma estratégia que inclui convencer pais e professores de que as ocupações nas escolas estão prejudicando os alunos, isolar os colégios onde a ocupação está fortalecida e, o mais importante: baixar o decreto regulamentando a reorganização escolar.
Na prática, essa foi a primeira medida oficial para que a reorganização fosse implementada e respondesse, em parte, a um questionamento que havia surgido logo quando a reorganização foi anunciada, quando muitos professores não sabiam o que aconteceria com seus empregos. O governo deu como justificativa para a reforma escolar, mais especificamente para os fechamentos das unidades, foi que a demanda de alunos era muito menor que a capacidade efetiva, gerando por exemplo prédios ociosos e/ou salas ao qual não possuem a quantidade necessária mínima de alunos de modo a justificar a formação de turmas para determinado período. Já quando se analisa o que verdadeiramente ocorre, vê-se, por exemplo, salas superlotadas, falta de material didático, desvio de verba pública da merenda, baixo salário dos professores, falta de professores, precariedade na limpeza e na conservação, além de outras questões como, falta de porta e papel higiênico nos banheiros como o mínimo de respeito e dignidade aos alunos.
Em resposta a publicação do Decreto no Diário Oficial e à fala de Padula, alunos, pais e demais atuantes do movimento se reuniram em protesto na manhã do dia 30, criaram um bloqueio com carteiras escolares na a Avenida Faria Lima (São Paulo, SP), uma das principais ruas da cidade. A Polícia Militar foi acionada para lidar com os manifestantes e até chegaram ao ponto de tentar retirar as cadeiras à força, tal comportamento agressivo e uso abusivo do poder se mostrou característica presente na Polícia Militar na hora de lidar com os manifestantes, que em suma, eram adolescentes menores de idade. 
Esta quarta-feira começou e terminou com o protagonismo da PM nas manifestações dos estudantes. Primeiro, alunos da escola Alves Cruz, na zona oeste, receberam golpes de cassetete e dois menores de idade saíram algemados depois que eles tentaram bloquear a avenida Dr. Arnaldo. Sem negociação sobre a desobstrução total da via, a PM usou a força e bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Havia mais policiais que alunos. O batalhão contra a sala de aula. Quatro garotos e vinte cadeiras foram levados para a delegacia. (El Pais Brasil, 03/12/15)
Para defender a Policia Militar, o próprio secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre de Moraes, declarou que defendia a ação da polícia para com os manifestantes e que os mesmos não excederam com sua autoridade, pois, apesar de a Constituição determinar manifestações como legais, as mesmas têm que ser avisadas com antecedência para a polícia, se não, tornam-se ilegítimas. 
Esta fase da operação policial foi anunciada, ainda que de maneira extraoficial, no domingo do dia 03 de dezembro. Naquele dia, Padula afirmou que o Governo estava se preparando para uma "guerra", e tinha como principal objetivo o de "desqualificar o movimento" dos estudantes contrários à reorganização escolar através do convencimento de pais, professores e demais funcionários de que tal ato estaria prejudicando fortemente os alunos, sobre a necessidade de se cercar as escolas as quais estivessem tendo a organização estudantil e principalmente, acelerar e baixar o decreto que regulamentasse efetivamente a reorganização escolar . (El Pais Brasil, 30/11/2015). Nos dias que se seguiram, quanto mais o governo Alckmin falava em diálogo, mais a polícia reprimiu os adolescentes nas ruas e nas escolas. Essa atitude da PM, que não condiz com o discurso proferido pelo Governo, só contribui para o aumento da tensão com os estudantes. E a possibilidade de haver, de fato, uma negociação parece ficar ainda mais distante.
Logo em setembro de 2015, quando a reorganização escolar foi anunciada pela gestão Alckmin, o Ministério Público iniciou a tentativa de acordo com o Governo e a comunidade escolar, porém, como mostrado muitas vezes em situações com o mesmo objetivo, o Estado não se mostrou aberto para conversa e deixou claro que não viria a mudar suas decisões. No dia seguinte às manifestações contra o Decreto (01 de dezembro), o Ministério Público de São Paulo, a partir de uma iniciativa das cidades do interior do estado, (Agudos e Presidente Prudente), decidiu abrir um pedido de limiar para que este documento e, consequentemente, as ordens para suspender a reorganizaçãodas escolas da capital. A liminar foi criada pelo do promotor Luiz Antônio Miguel Ferreira, de Presente Prudente, ela contém quatro pontos a serem questionados: 
1 - A falta de consulta pública às famílias dos alunos sobre a reorganização; 
2 – O fato dos adolescentes não terem sido ouvidos, pois, segundo Ferreira, eles "têm o direito de opinar sobre questões que dizem respeito a eles".
3 – A falta de consulta dos conselhos estaduais, municipais e os órgãos responsáveis pela educação
4 – A maneira como a qualidade das escolas atingidas pela reorganização é avaliada, que, segundo o promotor, não deveria levar em conta somente dados oficiais como a avaliação do SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo).
	Ainda naquela mesma semana, a limiar criada pelo Ministério Público foi lançada como proposta a ser vista pelo Estado, pedindo pela suspensão da reorganização escolar. Tudo como consequência das ações dos estudantes por todo o Estado. Na ação, com pedido de liminar, eles pediam que o plano de reorganização seja suspenso, que os alunos continuem na mesma escola em que estão, mas com a possibilidade de pedido de transferência para outras escolas, caso queiram, e que as escolas não sejam fechadas.
A reorganização foi oficialmente suspensa no dia 04 de dezembro de 2015, pelo juiz Iberê de Castro Dias, da Vara da Infância Protetiva e Cível de Guarulhos. Em meio a todo este processo de ocupações e manifestações dos alunos, o secretário da Educação do Estado de São Paulo, Fernando Padula, renunciou ao cargo e após o anúncio da suspensão do projeto, o secretário, Herman Voorward, pediu também seu afastamento, com menos de quatro meses de serviço.
A Rotina Das Ocupações
Nas escolas ocupadas, a rotina de organização seguia um modelo praticamente semelhante em todas as unidades. Um ponto muito claro no atual movimento de secundaristas se dá na dinâmica plural e não partidária do grupo. Questão essa que foi utilizada para deslegitimar as pautas de luta dos jovens acusados de ser um braço partidário. As ações eram sempre conversadas em assembleias estudantis. Um regimento interno também foi criado. Entre as regras de convivência da escola ocupada estão à divisão de dormitórios e a proibição de entrada de qualquer tipo de droga, ilícita ou não, e administração dos recursos internos como a alimentação por exemplo.
Em seu dia a dia, os próprios alunos separavam os grupos e suas obrigações de forma que todas as necessidades fossem atendidas. Desde cozinheiros, até faxineiros, pintores, professores e seguranças, estes secundaristas montaram um sistema de comunidade naquilo que a escola deveria ser baseada, no cuidado do ambiente feito por eles e para eles.
Não se limitavam apenas à cuidados externos, em reuniões decidiam as matérias e atividades diversas que gostariam de ter naqueles próximos dias. Houveram "aulas públicas", tópicos e abordagens diferentes dos quais estão acostumados a ter contato em sala de aula: "aulões" sobre Revolução Russa, ditadura militar, socialismo e capitalismo, feminismo e até mesmo sobre a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Sem excluir também as atividades de integração e esportivas como aulas de handebol, ioga, dança, culinária, batucadas, confecção de cartazes, debates, até mesmo conserto de equipamentos das escolas e aulas de como reagir à abordagem policial. 
Os integrantes das ocupações puderam contar na época, com ajuda de fora para se manter sem ter de deixar os prédios, protegidos por portões cadeados. Além de pais e professores, vizinhos das escolas, ONGs, escoteiros e entidades doaram alimentos, cobertores, colchões, talheres e produtos de limpeza, entre outros itens. Deixavam listas em seus portões com os materiais necessários e também arranjavam formas de arrecadarem dinheiro para o mesmo fim. 
Além desses auxílios prestados através da própria comunidade e órgãos responsáveis, houve também a utilização de materiais de apoio para auxiliar os estudantes em suas ações, assim como o manual “Como ocupar um colégio?” redigido por estudantes chilenos – que travam manifestações estudantis desde 2006 que perduram até os dias de hoje – a fim de ajudar na organização, comunicação e divisão de tarefas. Esse manual havia sido inspirado em movimentos secundaristas que da mesma forma ocupariam escolas em protestos como passe livre e melhorias na educação pública em mais de 700 escolas no Chile. Tem por objetivo manter a organização dos estudantes de modo a poderem obter as questões pelas quais se realiza a manifestação. Para tanto, o manual prioriza por exemplo, a organização de uma assembleia estudantil como fonte principal e após isso, haveria a delegação de líderes para cada necessidade básica (alimentação, limpeza, imprensa, segurança entre outros) com o intuito de manter a ordem e o objetivo da ocupação da melhor forma possível. Em quase todas as ocupações, os novos membros passavam por um curso intensivo baseado no manual:
Organize Assembleias. As principais decisões devem ser discutidas e tomadas durante a assembleia, esse é um espaço onde todos os estudantes de maneira conjunta irão avaliar a situação em que se encontram e pensar em alternativas. 
Mantenha uma comunicação interna. É fundamental que todas as decisões sejam levadas para o coletivo dos estudantes, inclusive aos que não estavam presentes nas assembleias. É importante que exista um grupo responsável por fazer as informações circularem dentro da ocupação, realizando informativos e cartazes, por exemplo.
Realize atividades dentro da ocupação. Podem e devem ser organizadas atividades culturais e debates como forma de fortalecer a ocupação. Essas ações contribuem para a ampliação do debate com a comunidade.
Alimentação. É necessário que um grupo de pessoas se responsabilizem por garantir a alimentação do grupo. Para isso é preciso avaliar as possibilidades existentes dentro da sua escola, façam listas e peçam doações. 
Segurança: A comissão de segurança deve ser a primeira a se organizar, pois precisa garantir a integridade do patrimônio da escola, evitando futuros problemas jurídicos. Também é responsável pelo controle de entrada e saída das pessoas. É importante que os estudantes tenham sempre em mãos documentos de identificação. Qualquer ação por parte da justiça ou da polícia militar só pode ser feita com a presença do Conselho Tutelar.
Limpeza: É fundamental que todos assumam coletivamente a tarefa de preservar pela limpeza dos espaços dentro das escolas. 
Meios de comunicação: Sabemos que a mídia tradicional é seletiva com as notícias e acabam por distorcer informações sobre a ocupação. Por isso é necessário que durante a assembleia definam-se um grupo de pessoas responsável por tirar fotos e gravar vídeos. 
Apoio: Busquem apoio de pais, professores, coletivos e da comunidade no geral. O apoio jurídico de advogados também é importante. (https://ubes.org.br/2015/saiba-como-ocupar-a-sua-escola/)
Mesmo com tanto apoio, estes alunos encontraram pontos de vista que iam contra suas ações. Além do próprio Governo, alguns alunos, professores, coordenadores e pais deixaram claro que não apoiavam o movimento, havendo inclusive momentos de confronto entre eles, incluindo invasões às ocupações, pequenos “ataques” às escolas, assim como o lançamento de ovos podres nos telhados das escolas, destruição de cartazes confeccionados e auxílio a policiais de modo que pudessem entrar nas escolas por caminhos que os manifestantes não eram cientes. 
A EE Alves Cruz foi a primeira escola de tempo integral ocupada por estudantes contrários ao projeto de reorganização. De acordo com o Governador do Estado, pressões da direção da escola, ameaçando reter os certificados dos alunos das terceiras séries, influenciaram a decisão dos estudantes quanto à ocupação durante as assembleias. Estudantes afirmam, ainda, que a diretora finge não saber do momento histórico de luta dos secundaristas e, manda mensagens privadas, por celular, pedindo para que os estudantes inviabilizem a ocupação.

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