Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESTRUTURAS DE CONCRETO PROF. HIPÓLITO G. MEIRA CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.1) DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA Aço é uma liga metálica composta principalmente de ferro e de pequenas quantidades de carbono (em torno de 0,002% até 2%). Os aços estruturais para construção civil possuem teores de carbono da ordem de 0,18% a 0,25%. Entre outras propriedades, o aço apresenta resistência e ductilidade, muito importantes para a Engenharia Civil. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.2) OBTENÇÃO DO PRODUTO SIDERÚRGICO Para a obtenção do aço são necessárias basicamente duas matérias-primas: minério de ferro e coque. O processo de obtenção denomina-se siderurgia, que começa com a chegada do minério de ferro e vai até o produto final a ser utilizado no mercado. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.3) TRATAMENTOMECÂNICO DOS AÇOS O aço obtido nas aciarias apresenta granulação grosseira, é quebradiço e de baixa resistência. Para aplicações estruturais, ele precisa sofrer modificações, o que é feito basicamente por dois tipos de tratamento: a quente e a frio. a) Tratamento a quente Este tratamento consiste na laminação, forjamento ou estiramento do aço, realizado em temperaturas acima de 720°C (zona crítica). Nessas temperaturas há uma modificação da estrutura interna do aço, ocorrendo homogeneização e recristalização com redução do tamanho dos grãos, melhorando as características mecânicas do material. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.3) TRATAMENTOMECÂNICO DOS AÇOS (continuação) a) Tratamento a quente (continuação) O aço obtido nessa situação apresenta melhor trabalhabilidade, aceita solda comum, possui diagrama tensão-deformação com patamar de escoamento, e resiste a incêndios moderados, perdendo resistência, apenas, com temperaturas acima de 1150 °C CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.3) TRATAMENTOMECÂNICO DOS AÇOS (continuação) CA-25 E CA-50 P: força aplicada; A: área da seção em cada instante; A0: área inicial da seção; a: ponto da curva correspondente à resistência convencional; b: ponto da curva correspondente à resistência aparente; c: ponto da curva correspondente à resistência real. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.3) TRATAMENTOMECÂNICO DOS AÇOS (continuação) b) Tratamento a frio ou encruamento Neste tratamento ocorre uma deformação dos grãos por meio de tração, compressão ou torção, e resulta no aumento da resistência mecânica e da dureza, e diminuição da resistência à corrosão e da ductilidade, ou seja, decréscimo do alongamento e da estricção. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.3) TRATAMENTOMECÂNICO DOS AÇOS b) Tratamento a frio ou encruamento (continuação) O processo é realizado abaixo da zona de temperatura crítica (720 °C). Os grãos permanecem deformados e diz-se que o aço está encruado. Os diagramas de tensão-deformação dos aços apresentam patamar de escoamento convencional, torna-se mais difícil a solda e, à temperatura da ordem de 600°C, o encruamento é perdido CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.3) TRATAMENTOMECÂNICO DOS AÇOS b) Tratamento a frio ou encruamento (continuação) P: força aplicada; A: área da seção em cada instante; A0: área inicial da seção; a: ponto da curva correspondente à resistência convencional; b: ponto da curva correspondente à resistência aparente; c: ponto da curva correspondente à resistência real. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.4) BARRAS E FIOS A NBR 7480 (1996) fixa as condições exigíveis na encomenda, fabricação e fornecimento de barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. As barras são produtos de diâmetro nominal 5 ou superior, obtidos exclusivamente por laminação a quente. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.4) BARRAS E FIOS (continuação) Os fios são produtos de diâmetro nominal 10 ou inferior, obtidos por trefilação ou processo equivalente, como por exemplo estiramento. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.4) BARRAS E FIOS (continuação) O comprimento normal de fabricação de barras e fios é de 11m, com tolerância de 9%, mas nunca inferior a 6m. Porém, comercialmente são encontradas barras de 12m, levando-se em consideração possíveis perdas que ocorrem no processo de corte. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.5) CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS As características mecânicas mais importantes para a definição de um aço são o limite elástico, a resistência e o alongamento na ruptura. Essas características são determinadas através de ensaios de tração. O limite elástico é a máxima tensão que o material pode suportar sem que se produzam deformações plásticas ou remanescentes, além de certos limites. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.5) CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS (continuação) Resistência é a máxima força de tração que a barra suporta, dividida pela área de seção transversal inicial do corpo-de-prova. Alongamento na ruptura é o aumento do comprimento do corpo-de-prova correspondente à ruptura, expresso em porcentagem. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.5) CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS (continuação) Os aços para concreto armado devem obedecer aos requisitos: •Ductilidade e homogeneidade; •Valor elevado da relação entre limite de resistência e limite de escoamento; •Soldabilidade; •Resistência razoável a corrosão. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.5) CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS (continuação) A ductilidade é a capacidade do material de se deformar plasticamente sem romper. Pode ser medida por meio do alongamento (ε) ou da estricção. Quanto mais dúctil o aço, maior é a redução de área ou o alongamento antes da ruptura. Um material não dúctil, como por exemplo o ferro fundido, não se deforma plasticamente antes da ruptura. Diz-se, então, que o material possui comportamento frágil. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.5) CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS (continuação) O aço para armadura passiva tem massa específica de 7850 kg/m³, coeficiente de dilatação térmica α = 10-5 /°C para temperaturas entre -20°C e 150°C; Módulo de elasticidade de 210 GPa. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.6) ADERÊNCIA A própria existência do material concreto armado decorre da solidariedade existente entre o concreto simples e as barras de aço. Qualitativamente, a aderência pode ser dividida em: aderência por adesão, aderência por atrito e aderência mecânica. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.6) ADERÊNCIA (continuação) A adesão resulta das ligações físico-químicas que se estabelecem na interface dos dois materiais, durante as reações de pega do cimento. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.6) ADERÊNCIA (continuação) O atrito é notado ao se processar o arrancamento da barra de aço do bloco de concreto que a envolve. As forças de atrito dependem do coeficiente de atrito entre aço e o concreto, o qual é função da rugosidade superficial da barra, e decorrem da existência de uma pressão transversal, exercida pelo concreto sobre a barra. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.6) ADERÊNCIA (continuação) A aderência mecânica é decorrente da existência de nervuras ou entalhes na superfície da barra. Este efeito também é encontrado nas barras lisas, em razão da existência de irregularidades próprias originadas no processo de laminação das barras. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.7) DIAGRAMA DE CÁLCULO O diagrama tensão-deformação do aço e os valores característicos da resistência ao escoamento fyk, da resistência a tração fstk e da deformação na ruptura euk devem ser obtidos segundo a NBR 6892. O valor de fyk para os aços sem patamar de escoamento é o valor da tensão correspondente à deformação permanente de 0,2%. CAPÍTULO 3 - AÇOS PARA ARMADURAS 3.7) DIAGRAMA DE CÁLCULO (continuação) Para o cálculo pode-se utilizar o diagrama simplificado mostrado nafigura, para aços com ou sem patamar de escoamento. eyd fyk: resistência característica do aço à tração fyd: resistência de cálculo do aço à tração, igual a fyk / 1,15 εs: deformação específica do aço; ss: tensão no aço;
Compartilhar