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Pró-reitoria de EaD e CCDD 1 Teorias Econômicas Aplicadas à Contabilidade Aula 5 Prof. Clecio S. Steinthaler Pró-reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa Inicial O comércio internacional ou comércio exterior é a troca de bens e serviços através de fronteiras internacionais ou territórios. Na maioria dos países, ele representa uma grande parcela do PIB. Daí sua vital importância para qualquer país. Para o Brasil, não poderia ser diferente. O comércio internacional está presente em grande parte da história da humanidade, mas a sua importância econômica, social e política se tornou crescente nos últimos séculos. O avanço industrial, dos transportes, o processo de globalização, o surgimento das corporações multinacionais, causou grande impacto no incremento deste comércio. Contextualizando Tradicionalmente, o comércio é regulamentado através de tratados bilaterais entre as nações. Durante os séculos de crença no mercantilismo, a maioria das nações mantinham altas tarifas e muitas restrições ao comércio internacional. No século 19, especialmente no Reino Unido, a crença no livre comércio tornou-se um paradigma e este pensamento tem dominado as Nações ocidentais desde então. Nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, tratados multilaterais tentaram criar estruturas regulatórias de alcance mundial. Pró-reitoria de EaD e CCDD 3 Tema 1: Teorias do comércio internacional Modelo ricardiano O modelo ricardiano foca nas vantagens comparativas (ou vantagens relativas) e é, talvez, o mais importante conceito de teoria de comércio internacional. Neste modelo, os países se especializam em bens ou serviços que produzem relativamente melhor. Diferentemente de outros modelos, o ricardiano prevê que países irão se especializar em poucos produtos em vez de produzir um grande número de bens. Trata-se de uma teoria clássica do comércio internacional, também conhecida como a “teoria das vantagens comparativas”, na qual os países devem especializar-se na produção daqueles bens que o façam com maior eficiência, isto é, com menores custos relativos. Atenção: o modelo não considera diretamente as características naturais de um país, como disponibilidade relativa de mão de obra e de capital. Modelo de Heckscher-Ohlin Para a moderna teoria, as vantagens do comércio continuam existindo, ou seja, há um ganho real de renda quando o país passa da autarquia para uma situação de comércio internacional. A explicação quanto ao padrão de comércio Homens/hora para produção: Tecido: 80 Vinho: 40 Homens/hora para produção: Tecido: 20 Vinho: 80 Solução: Portugal exporta vinho EUA exportam tecido Pró-reitoria de EaD e CCDD 4 se modifica: os países tendem a exportar produtos que utilizam intensivamente o fator de produção que se encontra relativamente abundante no país, e importam a mercadoria que utiliza intensivamente o fator de produção menos abundante no país. Ou seja, o modelo expõe que um país abundante em capital exportará bens de capital, ao passo que um país em posição contrária, com escassez de capital, exportará bens ou serviços que sejam intensivos no uso do fator de produção mão de obra. Ohlin, por meio de seu modelo, foi o primeiro a tratar diretamente do que hoje se conhece por Investimento Estrangeiro Direto (IED), componente do Balanço de Pagamentos. A característica do comercio internacional, quanto ao grau de desenvolvimento de um pais, é retratado da seguinte forma: Economias Desenvolvidas 1)Exportam produtos manufaturas 2) Importam matéria-prima e alimentos Economias em Desenvolvimento 1) Exportam materia-prima e alimentos 2) Importam produtos manufaturados Pró-reitoria de EaD e CCDD 5 Quanto à geração de rendas, os países podem ser classificados como: Na hipótese de todos os países serem desenvolvidos, mas diversamente dotados de recursos econômicos, naturais, humanos e tecnológicos, teríamos como vantagens globais: Funcionamento perfeito das teorias de custos Equivalência da capacidade produtiva do país Importação e exportação se equivaleriam Em uma economia, onde o comércio exterior não é regulado pelo Estado, teríamos que a importação, a custos mais favoráveis de um bem, tende a impedir o crescimento e fortalecimento da indústria nacional, obrigando o pais a adotar medidas protecionistas, como: Economias Desenvolvidas 1)Emprestam capitais 2) Recebem rendas 3) Prestam serviços especializados Economias em Desenvolvimento 1) Recebem capitais 2) Pagam rendas (juros) 3) Adquirem novas tecnologias Pró-reitoria de EaD e CCDD 6 Criação de tarifas protetivas, ou seja; impostos de importação adicionais; Mercado “fechado” a indústrias caracterizadas como segurança nacional; Proteção à indústria nacional, nas relações internacionais, através de subsídios. Por outro lado, a intensificação abrupta da exportação tende a comprimir a demanda interna, fomentando a inflação, através da dolarização dos preços. Finalmente, a partir dos anos 1980, tem crescido um novo tipo de comércio, baseado nas vantagens comparativas. A crescente liberalização do comércio nos países ditos “em desenvolvimento” tem conduzido a um aumento comercial entre estes países e os países “desenvolvidos” e até mesmo entre “países diferentes”; quer seja por questões ideológicas ou religiosas. A característica que ressalta é que os países em desenvolvimento não têm, agora, exportado sobretudo produtos primários, em vez disso, eles têm exportado bens manufaturados intensivos, mas com trabalho não qualificado. Homens carregando sacas de café. Fonte: <http://www.mexidodeideias.com.br/historias-em-xicaras/a-lenda-de-jacinto-o- carregador-de-sacas-de-cafe/>. Pró-reitoria de EaD e CCDD 7 Mas tal como o comércio antes da Primeira Guerra Mundial, esse comércio é essencialmente baseado nas vantagens comparativas, em que os países tiram partido das suas diferenças. Os países em desenvolvimento são abundantes em trabalho não qualificado e exportam produtos intensivos nesse tipo de trabalho; e os países desenvolvidos são abundantes em trabalho qualificado e exportam produtos intensivos nesse tipo de trabalho. Vamos contextualizar essa importância: a China é o principal exportador mundial de bens industriais intensivos em trabalho não qualificado: 60% da produção mundial de botões têm lugar numa pequena cidade chinesa chamada Qiatou; e 95% dos isqueiros de cigarros são fabricados em Wenzhou. Trabalho não qualificado Trabalho qualificado Produtos com Tecnologia Produtos Primários Pró-reitoria de EaD e CCDD 8 Tema 2: A importância do comércio exterior O Brasil é visto pelo mundo como um país com muito potencial, assim como Índia, Rússia e China. A política externa adotada pelo Brasil prioriza a aliança entre países subdesenvolvidos para negociar commodities com os países ricos. O Brasil, assim como Argentina e Venezuela, vêm rejeitando o projeto da Área ALCA em discussão, apesar das pressões dos EUA. Existem também iniciativas de integração e cooperação econômica na América Latina pela via da ALADI e na América do Sul, pela via do Mercosul. Seus maiores parceiros comerciais são União Europeia, os Estados Unidos da América, o Mercosul (Argentina, Chile como país observador), Paraguai, Uruguai e Venezuela) e obviamente, a China. O primeiro produto que moveu a economiado Brasil foi o Pau-Brasil, no período logo após o descobrimento. Mais tarde, com a divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias, passou a ser o açúcar a principal atividade, e que perdurou por quase todo o período de colônia, passando ser substituído como principal atividade pelo ouro da região de Minas Gerais, em meados do século XVII. Já independente, um novo ciclo econômico surgiu, agora com o café. Esse momento foi fundamental para o desenvolvimento do Estado de São Paulo, que acabou por tornar-se o mais rico do país. Apesar de ter dado, ao longo da década de 1990, um salto qualitativo na produção de bens agrícolas, alcançando a liderança mundial em diversos insumos, com reformas comandadas pelo governo federal, a pauta de exportação brasileira foi diversificada, com enorme inclusão de bens de alto valor agregado, como joias, aviões, automóveis e peças de vestuário. Pró-reitoria de EaD e CCDD 9 Fonte: <http://www.robertomoraes.com.br/2015/05/exportacoes-brasileiras-em-2014-e.html>. Pró-reitoria de EaD e CCDD 10 Fonte: <https://clippingcacd.com.br/Home/SingleTimelinePost/896>. Pró-reitoria de EaD e CCDD 11 Fonte: <http://dacmatematicatanuri2011.zip.net/images/graficos-negoioscomachina.jpg>. Pró-reitoria de EaD e CCDD 12 Fonte: <http://comercioexteriorimportacaoexportacao.blogspot.com.br/2013/04/cebc-alerta- comercio-bilateral-brasil.html>. Fonte: <http://geostudos.com/site/?p=343>. Pró-reitoria de EaD e CCDD 13 Fonte: <http://economia.culturamix.com/banco/indicadores-economicos-brasil>. Tema 3: Taxa de câmbio e regime cambiais Taxa de câmbio é uma relação entre moedas de dois países, resultante da medição do preço de uma moeda em relação a outra. Portanto, para as transações comerciais internacionais poderem ser efetivadas, requer compatibilização entre diferentes tipos de valores de moedas, o que resulta no conceito de taxa de câmbio. No caso do Brasil, é o “preço” da moeda nacional em termos de moeda estrangeira. Mercado cambial é o mercado em que as moedas dos diferentes países são transacionadas. Desvalorização acontece quando a moeda nacional passa a valer menos em moeda estrangeira. Valorização acontece quando a moeda nacional passa a valer mais em moeda estrangeira. Pró-reitoria de EaD e CCDD 14 A desvalorização cambial tende a desestimular a importação e estimular a exportação. A valorização cambial torna a moeda nacional mais forte, o que estimula a compra de produtos importados. Regimes cambiais A determinação da taxa de câmbio, preço da moeda estrangeira expressa em moeda nacional, é influenciada por dois fatores: oferta e demanda de divisas (forças de mercado); e decisões administrativas do governo. Da combinação desses fatores, resultam três regimes cambiais: a) Taxa de Câmbio Flutuante – a taxa flutua livremente, regulada apenas pela lei da oferta e da procura. O mercado “estabelece” a taxa de cambio conforme a necessidade entre ofertantes e demandantes de moeda. b) Taxa de Câmbio Fixa – o Banco Central se compromete a comprar e vender moeda estrangeira a uma taxa previamente estipulada. O ajustamento do mercado ocorre pela quantidade de moeda que o Banco Central possui em reserva, pois cabe a ele regular o mercado, corrigindo excesso de oferta e de demandas. c) Regime Misto – é caracterizado pelas chamadas “bandas cambiais”, onde o preço da moeda flutua livremente entre dois parâmetros: uma linha mínima denominada linha de suporte, e um preço máximo, chamado linha de resistência. Esse processo de controle cambial também é conhecido como “política de flutuação suja”, pois o câmbio é livre em uma determinada faixa de preços, mas alterações acentuadas promovem a intervenção no mercado. Pró-reitoria de EaD e CCDD 15 No Brasil, o mercado de câmbio é subdividido em dois segmentos: Câmbio manual – é o que se processa através da compra e venda de moedas em espécie (dinheiro vivo ou Traveller’s Checks); Câmbio sacado – é o que se processa através de letras de câmbio, créditos documentários, ordens de pagamento e cheques. Posição cambial é o registro que expressa a diferença entre as compras e vendas de câmbio realizadas por um estabelecimento bancário autorizado. De acordo com as normas cambiais em vigor no Brasil, a posição de câmbio engloba todos os tipos de operações, independentemente de ser pronto ou futuro o prazo de entrega. A posição é calculada em dólares dos Estados Unidos, através da aplicação das paridades constantes no último boletim diário de taxas, editado pelo Banco Central. A posição de câmbio na contabilidade bancária é a soma algébrica da posição atual (liquidada) com a posição futura (a liquidar). A posição liquidada representa o saldo em moeda estrangeira nas contas junto aos banqueiros no exterior, enquanto a posição futura é determinada pelas compras e vendas futuras, a liquidar. Para efeito de controle e fiscalização, os bancos são obrigados a comunicar ao Banco Central a sua posição diária de câmbio. Essa posição é Compra •Quando falamos em “dólar de compra”, estamos nos referindo ao valor pelo qual o agente financeiro compra a moeda. Venda •Quando falamos em “dólar de venda” estamos nos referindo ao valor pelo qual o agente financeiro vende a moeda. Pró-reitoria de EaD e CCDD 16 obtida pela diferença entre a soma das compras e vendas de divisas do dia, acrescida ou diminuída da posição do dia anterior, podendo então ocorrer três situações distintas: Posição nivelada – compras iguais às vendas; Posição vendida – vendas superiores às compras; Posição comprada – compras maiores que as vendas. Câmbio para viajantes (dólar turismo) abrange a compra e venda de moeda estrangeira, em espécie ou Traveller’s check, ordem de pagamento, despesas e demais instrumentos normalmente aceitos no mercado financeiro internacional, como representativos de valor em favor de pessoas físicas ou de prestadores de serviço relacionados com o turismo. Compreende também a venda de moeda estrangeira destinada a: cobertura de gastos em viagens ao exterior, despesas correlatadas e transferências especificadas na Consolidação das Normas Cambiais ou autorizadas, caso a caso, pelo Banco Central do Brasil, a saber: Negócios, serviços ou treinamento no exterior; Fins educacionais, científicos ou culturais; Participações em competições esportivas; Tratamento de saúde; Membros do Congresso Nacional e Poder judiciário; Pacotes turísticos; Transferências unilaterais – manutenção; Garantias de pagamento de exportação e garantias bancárias; Cartões de crédito internacionais; Vales postais internacionais. Pró-reitoria de EaD e CCDD 17 Tema 4: Impacto das políticas cambiais sobre a atividade econômica do país De acordo com as definições teóricas de Carvalho (2007), a política cambial diz respeito, basicamente, aos mecanismos de interferência na taxa de câmbio da moeda nacional, feita pelos agentes econômicos, de modo geral. A moeda possui mercado onde recebe preço em moeda estrangeira, e é no mercado que a moeda de um país é trocada pela moeda de outro país. O mercado pode ou não ser livre, no sentido de não receber influência por parte da autoridade monetária. No caso brasileiro, por exemplo, depois de 1999, o mercado passou a ser, teoricamente, livre, uma vez que o Banco Central não tem obrigação teórica de comprar ou venderdivisas e nem centralizar tais operações. Os objetivos da política cambial podem se subordinar a diferentes objetivos macroeconômicos, dentre os quais Prates (2007) destaca: o controle da inflação, a manutenção do equilíbrio externo e a melhora da competitividade externa. As variações cambiais são monitoradas de forma a prevenir mudanças abruptas na taxa, para que sua flutuação afete o menos possível os preços internos. Do mesmo modo, ao se perseguir maior competitividade externa, é necessário monitorar a taxa de câmbio de modo a promover as exportações. Vamos contextualizar: com a valorização do Real, os exportadores queixam-se de prejuízos a indústria nacional e em produtos menos competitivos no mercado internacional. Mas, como isso ocorre? Vamos imaginar dois cenários: Cenário 1 Imagine que você seja um exportador de laranjas. Você envia uma quantidade do seu produto para o exterior e recebe, em troca, 10 mil dólares. Pró-reitoria de EaD e CCDD 18 Vamos supor uma taxa de câmbio onde cada Dólar seja equivalente a três Reais. Suas despesas são em Reais, e equivalem a 10 mil reais. Ao fazer a troca cambial do que você vendeu, você recebe 30 mil reais, paga as despesas e sobra 20 mil reais. Cenário 2 Você envia uma quantidade do seu produto para o exterior e recebe em troca 10 mil dólares. Vamos supor uma taxa de câmbio onde cada Dólar seja equivalente a 1 Real. Suas despesas são em Reais, e equivalem a 10 mil reais. Ao fazer a troca cambial do que você vendeu, você recebe 100 mil Reais, paga as despesas e sobra “0” Reais. Exporta laranjas por 10 mil Dólares Despesas/custos gerais de 10 mil REAIS Câmbio: U$ 1,00 = R$ 3,00 Recebe R$ 30 mil Reais Faturamento = 30 mil Reais menos 10 mil reais de custos/despesas Lucro de 20 mil Reais Pró-reitoria de EaD e CCDD 19 Atenção: a moeda nacional mais forte tem mais poder de compra. Um produto importado de 100 Dólares, que antes custaria 300 Reais ao seu comprador, com o novo câmbio sairia por 100 Reais. A valorização da moeda e a consequente concorrência dos produtos estrangeiros pode ser positiva para o consumidor no sentido de reduzir os preços. Pode, entretanto, ser destrutiva para a indústria local e para os empregos no país se não pudermos, por exemplo, competir com os custos dos produtores internacionais. Exporta laranjas por 10 mil Dólares Despesas/custos gerais de 10 mil Reais Cambio: U$ 1,00 = R$ 1,00 recebe R$ 10 mil Reais Faturamento = 10 mil Reais menos 10 mil Reais de custos/despesas Lucro de zero Reais Pró-reitoria de EaD e CCDD 20 Tema 5: Introdução ao balanço de pagamentos O termo refere-se ao indicador econômico que representa a relação entre o total de exportações e importações de bens e serviços por parte de um país em um determinado período de tempo. Pode haver saldo negativo quando as importações superarem as exportações, ou saldo positivo quando as exportações superarem as importações. Saldo da Balança Comercial = Exportações – Importações Os fatores afetam a balança comercial são custos de produção, custos das matérias-primas e dos bens intermediários, e restrições comerciais e impostos. Tradicionalmente, os países desenvolvidos têm relação especial com a importação de matérias-primas para, depois, exportar bens manufaturados aos países subdesenvolvidos e, assim, agregar valor com este importante processo. Isto leva os países subdesenvolvidos a exibirem déficits comerciais e, em contrapartida, os países desenvolvidos exibem superávits na balança comercial. Um déficit na Balança de Pagamentos (importações maiores que as exportações) obriga o país a tomar medidas de ajustes: Desvalorização real da taxa de câmbio; Redução do nível de atividade econômica; Ter balanço comercial positivo tem como consequência automática o crescimento do produto interno bruto. Em contrapartida, ter déficit na balança comercial reflete automaticamente na sua queda. Pró-reitoria de EaD e CCDD 21 Restrições quantitativas ou tarifárias às importações; Subsídio à exportação; Controle de remessa de capitais ao exterior. Superávit da Balança Comercial Quando o total de exportações de bens e serviços for superior ao total de importações, registra-se superávit no saldo da balança comercial. O superávit é um fator positivo na economia de um país, já que mostra que o mesmo está exportando (vendendo) mais bens e serviços do que está importando (comprando). Superávit da Balança Comercial = Exportações > Importações Déficit da Balança Comercial Quando o total de exportações de bens e serviços for inferior ao total de importações, registra-se déficit no saldo da balança comercial. O déficit é um fator negativo na economia de um país, já que mostra que o mesmo está exportando (vendendo) menos bens e serviços do que está importando (comprando). Déficit da Balança Comercial = Importações > Exportações Taxa de Cobertura A razão entre o total de exportações e importações de um país indica a taxa de cobertura das importações pelas exportações, que mostra a percentagem das exportações que pagam as importações. A taxa de cobertura é importante, pois Pró-reitoria de EaD e CCDD 22 proporciona a noção exata do grau de dependência ou independência comercial de um país em relação ao mercado externo. Taxa de Cobertura = Exportações / Importações A última coluna da tabela a seguir mostra a taxa de cobertura (%), representado pela razão entre o total de exportações e importações do país. Os valores estão em bilhões de dólares. A estrutura do balanço de pagamentos compreende dois grandes grupos: Transações correntes – movimentação de bens e serviços; Movimento de capitais – deslocamentos de moeda, créditos e títulos representativos de investimento. Pró-reitoria de EaD e CCDD 23 A composição da Balança Comercial compreende três grandes grupos: A balança comercial, que compreende o saldo das importações e das exportações. o Exportações (+) o Importações (–) A balança de serviços que registra a transferências de: o Não fatores – viagens, fretes, seguros, etc. o Fatores – lucros, dividendos, juros, etc. As transferências unilaterais, que são os valores destinados a: o doações, remessa de imigrantes, reparações de guerra, etc. (não existe contrapartida) Pró-reitoria de EaD e CCDD 24 Produtos mais exportados pelo Brasil (referência: ano de 2011) e porcentagem do valor importado: Minério de ferro, aço e ferro fundido: 16,3%; Petróleo bruto: 8,4%; Soja e produtos derivados: 6,4%; Açúcar de cana: 4,5%; Café em grão: 3,1%; Carne de frango (in natura): 2,8%; Farelo e resíduos da extração do óleo de soja: 2,2%; Pastas químicas de madeira: 1,9%; Produtos semimanufaturados de ferro ou aço: 1,8%; Automóveis: 1,7%; Carne bovina (in natura): 1,6%; Autopeças: 1,6%; Aviões: 1,5%; Óleos combustíveis: 1,5%. Produtos mais importados pelo Brasil (referência: ano de 2011) e porcentagem do valor importado: Petróleo bruto: 6,2%; Automóveis: 5,3%; Óleos Combustíveis: 3,5%; Autopeças: 2,8%; Medicamentos: 2,6%; Nafta: 2,1%; Componentes eletrônicos: 1,9%; Hulha: 1,9%; Peças de recepção e transmissão: 1,6%; Pró-reitoria de EaD e CCDD 25 Cloreto de potássio: 1,5%; Geradores e motoreselétricos: 1,4%; Compostos heterocíclicos: 1,3%; Instrumentos de medição: 1,3%; Gás natural: 1,2%. Na Prática 1. Com relação ao balanço de pagamentos, é incorreto afirmar que: a) um déficit na balança de serviços não necessariamente implica um déficit em transações correntes. b) entradas de mercadorias no país são, necessariamente, consideradas como importações. c) se o país não possui reservas, um déficit em transações correntes tem que ser necessariamente financiado com movimentos de capitais autônomos. d) os investimentos diretos são considerados como item dos movimentos de capitais autônomos. e) se, em valor absoluto, o déficit em transações correntes é igual ao superávit no movimento de capitais autônomos, então, na ausência de erros e omissões, o saldo total do balanço de pagamentos será nulo. Resposta: letra C. Pró-reitoria de EaD e CCDD 26 2. Segundo Tavares (1998), “Um processo de desenvolvimento interno, que tem lugar e se orienta sob o impulso de restrições externas, gerando ampliação e diversificação da capacidade produtiva industrial”. Esta definição é uma característica do: a) Processo de substituição de importações. b) Processo de industrialização central. c) Processo de industrialização periférico. d) Processo de equilíbrio do balanço de pagamentos. e) Há duas alternativas corretas. Resposta: letra A. 3. Na década de 1990, Brasil e Argentina adotaram estratégias de combate à inflação que tinham como um ingrediente-chave a estabilização da taxa de câmbio. No entanto, o sucesso na redução da inflação não bastou para evitar que, ao final da década, ocorresse a ruptura dos regimes cambiais dos dois países. Sobre as diferentes políticas cambiais, é correto afirmar que: a) com a taxa de câmbio fixa, e na ausência de políticas de esterilização no mercado aberto, os movimentos de reservas internacionais não alteram a base monetária. b) a livre flutuação implica comprometimento das reservas internacionais oficiais com as transações internacionais do setor privado. c) no regime de bandas cambiais, as reservas internacionais oficiais podem vir a ser utilizadas nos pagamentos internacionais do setor privado. Pró-reitoria de EaD e CCDD 27 d) num regime de "caixa de conversão" com taxa de câmbio fixa, o volume de meios de pagamento no país é regulado exclusivamente pelo crédito interno líquido. e) regimes de câmbio livremente flexível são mais propensos a ataques especulativos contra as reservas oficiais. Resposta: letra C. Síntese Estudamos as teorias do comércio internacional, a importância do comércio exterior e as taxas de câmbio, bem como os regimes cambiais. Analisamos o impacto das políticas cambiais sobre a atividade econômica do país e, finalmente, estudamos de forma sintética a estrutura do balanço de pagamentos brasileiro. Referências FERREIRA, Paulo W. Análise de Cenários Econômicos. Curitiba: InterSaberes, 2015. MICHELS, Erico. Fundamentos de Economia. Curitiba: InterSaberes, 2013. VASCONCELLOS, Marco A. S. Fundamentos de Economia. 2 ed. São Paulo: Saraiva. WESSELS, Walter. Economia. Tradução de Sara Gedanke. São Paulo: Saraiva, 1998. VASCONCELLOS, Marco A. S.; PINHO, Diva B. P. (Orgs). Manual de Economia. 2 ed. São Paulo: Saraiva.
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