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Criminologoa aulas de 1 a 10

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Aula 1: Conceito e História
MÉTODOS DA CRIMINOLOGIA
A Criminologia é uma ciência do SER, ou seja, visa entender e explicar a realidade a partir de um determinado objeto, utilizando-se para tanto dois métodos:
Método Empírico: Registro de ocorrências em delegacias; Cruzamento de estatísticas.
Método Indutivo:
Perfil socioeconômico dos presos - Cruzamento de dados X idealiza mentalmente e se tem: Tese – o sistema penal reflete a discriminação presente na imagem que a sociedade faz do criminoso.
Enquanto o direito valora o fato, definindo-o ou não como algo lesivo para a coletividade, a criminologia o analisa e explica, como um fenômeno real.
Objeto - Dependendo do interesse do pesquisador, o objeto da criminologia pode variar, via de regra, dentro dos seguintes temas:
O criminosos - Neste tema, tenta-se explicar seu motivo, seu psiquismo, suas motivações.
O crime - este estudo pode ser dirigido à análise da prática de delitos específicos, como nos casos de tráfico de drogas, crime organizado e lavagem de dinheiro.
A vítima - Através da vitimologia, ciência que estuda seu comportamento, sua posição frente o agente vitimizante ou até mesmo, sua colaboração com a prática do crime.
O processo de criminalização - Parte dos estudos mais modernos da chamada criminologia crítica, que tem como interesse explicar, quais os critérios levam um delinquente a ser inserido no sistema penal.
O sistema penal - São eles: o sistema policial, judiciário, o sistema carcerário e de aplicação de pena.
FUNÇÃO DA CRIMINOLOGIA
A criminologia serve de referência teórica para a implementação de estratégias de políticas criminais, que são métodos utilizados pelo poder público no controle da criminalidade. Exemplo:
Espaços abertos e mal iluminados facilitam a prática de crimes.
Numa decisão político criminal, o poder público intervém no cenário urbano, diminuindo assim o número de delitos.
DA INTERDISCIPLINARIEDADE
Assim, a criminologia, além de ser reconhecida como ciência, também é considerada interdisciplinar, uma vez que para qualquer dos objetos que se destina estudar, poderá fazê-lo sob vários enfoques distintos, podendo se apoderar de diversas esferas do conhecimento a fim de melhor entender determinada situação.
CRIMINOLOGIA É A UNIÃO DE:
ECONOMIA -Entender a influência da economia na tomada de determinadas políticas criminais; no estudo dos crimes econômicos e transnacionais, como de lavagem de dinheiro e ambientais; na influência das diferenças sociais como fator criminógeno.
HISTÓRIA - No estudo do desenvolvimento das práticas punitivas, da pena e do direito penal; a compreensão da Inquisição; a relevância da escravidão e suas permanências no cenário atual do Brasil.
SOCIOLOGIA - Para a compreensão do crime como fenômeno social; o estudo dos grupos e subgrupos que compõe a sociedade e seus valores; entender como a mobilidade social pode influenciar o crime.
DIREITO - Nos critérios utilizados pelo legislador no momento de legislar matéria criminal; o papel do judiciário na seletividade do sistema penal; o uso do direito como instrumento de poder.
BIOLOGIA/PSICOLOGIA - Verificar os fatores biológicos e psicológicos que influenciam o criminoso na prática do crime; o neo-positivismo e a busca do gene da violência no código genético humano.
FILOSOFIA - Pode ser estudada a fim de questionar os paradigmas de controle e as escolas existentes como, por exemplo, no estudo das teorias que fundamentam a pena.
REAÇÕES AOS CONFLITOS - “Ao longo de milênios, vem surgindo uma linha demarcatória entre modelos de reação aos conflitos: um, o de solução entre as partes; o outro, de decisão vertical ou punitiva” (Eugênio Raul Zaffaroni e Nilo Batista).
O vídeo ao lado ilustra o surgimento da linha democrática: na sociedade primitiva erra resolvidos nas vinganças e aplicadas de forma pública pela forma pública e clan pois não havia noção de indivíduo.Depois com a dispersão para conseguir alimentos em locais mais distantes surgindo a noção de posse e propriedade o lesado procurava provocar uma lesão ao agressor superior ou maior da que dói sofrida, que para soluciona-lo surge o Estado. O estado tem o papel de 
PUNIÇÃO E MEIOS DE PRODUÇÃO - Ao longo dos séculos, a forma de punir varia conforme a economia: quando há aumento da pobreza, as punições são mais cruéis, para controlar com maior rigor essa camada da população, havendo açoites e penas capitais; se por doença ou guerra houver pouca mão-de-obra, incrementa-se a pena de trabalhos forçados (galés).
1200 - Neste período da Idade Média, já havia uma nítida distinção na forma como se punia segundo a situação financeira do autor do fato: se era um nobre, a pena era uma fiança pecuniária; mas se o infrator fazia parte das camadas mais pobres, recebia penas corporais.
Séculos XV e meados do XVI - Há um grande aumento da população miserável na Europa, o que repercutiu no incremento de penas mais cruéis, como mutilações e morte.
Séculos XVI e XVII - Com o baixo crescimento demográfico, face às guerras e doenças, muda-se a forma de punir, a fim de aproveitar a mão-de-obra dos condenados. As penas de morte são substituídas pelas de trabalhos forçados, através do degredo e das galés.
Séculos XVIII e XIX - Inicia-se o crescimento demográfico. Havendo um excedente para a mão-de-obra, surge a necessidade de manter este contingente sob controle, através da exclusão propiciada pela prisão, instituto que surge neste período.
Durante a Idade Média, com o fortalecimento da Igreja Católica, são criados o Santo Ofício e a Inquisição, tendo como finalidade caçar os inimigos da fé católica através de um processo sem contraditório, onde o acusador e o juiz eram a mesma pessoa (presente ainda hoje no inquérito policial).
A FORÇA DA IGREJA – no século XV, a igreja ganha força política e usa efetivamente a inquisição para caçar seus inimigos e acumular riquezas.
TIPOS DE CRIMES – Os crimes estavam definidos nos Éditos da Fé, podendo-se destacar: heresia (desprezo pelas leis da igreja, pelo papa e pelos santos) islamismos, judaísmo, luteranos, adivinhação, superstição, invocação de demônio e posse de livros proibidos (uma vez que havia controles sobre livros, livreiros e editores, pois os privilégios papais para impressão de livros duraram até 1606; obviamente, essa era uma forma de controlar a circulação e o acesso ao conhecimento,).
TIPOS DE PENA – a pena poderia ser a excomunhão, o confisco (o que muito auxiliou para o enriquecimento da Igreja), o banimento ou a morte. E como era relacionado à religião, buscava-se sempre a confissão do herege, sendo legitimado o uso da tortura.
Ostentação dos suplícios - Nos séculos XVII e XVIII, tornou-se comum o uso do corpo do condenado para demonstrar o poder do soberano num espetáculo de suplício em praça pública, buscando o medo e o testemunho das pessoas. 
A pena de morte é usada para aqueles crimes mais graves, antecipada pela aplicação de uma série de técnicas para aumentar a dor e o sofrimento do sujeito.
“O suplício faz correlacionar o tipo de ferimento físico, a qualidade, a intensidade, o tempo dos sofrimentos com a gravidade do crime, a pessoa do criminoso, o nível social de suas vítimas” (FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 2000).
Iluminismo -- Em meados do século XVIII, há o desenvolvimento de um conjunto de críticas àquele sistema punitivo cruel e irracional, momentos em que se clamou pelo Humanismo e por um necessário limite ao Estado.
Jean Jacques Rousseau; Thomas Hobbes; John Locke; Francesco Carrara; Ludwig Feuerbach e Cesare Beccaria.
Trata-se de um movimento que teve como base o Contratualismo, desenvolvido por Rousseau, Hobbes e Locke, e que influenciou autores dentro do Direito Penal.
A ‘escola clássica’,- como estes ficaram conhecidos, inclui Carrara, Feuerbach e, principalmente, Beccaria, que no seu livro Dos delitos e das penas, critica a pena de morte, a denúncia anônima, a tortura e os crimes de perigo abstrato, dentre outras práticasdesumanas da época.
Contratualismo  - é uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as pessoas a formar governos e manter a ordem social.
Dos Delitos e das Penas
Trata-se de uma obra que se insere no movimento filosófico e humanitário da segunda metade do século XVIII. Na época havia grassado a tese de que as penas constituíam uma espécie de vingança coletiva; essa concepção havia induzido à aplicação de punições de conseqüências muito superiores e mais terríveis do que os males produzidos pelos delitos.
Prodigalizara-se então a prática de torturas, penas de morte, penitenciárias desumanas, banimentos, acusações secretas. Beccaria se insurge contra essa tradição jurídica invocando a razão e o sentimento. Faz-se porta-voz dos protestos da consciência pública contra os julgamentos secretos, o juramento imposto aos acusados, a tortura, a confiscação, as penas infamantes, a desigualdade ante o castigo, a atrocidade dos suplícios; estabelece limites entre a justiça divina e a justiça humana, entre os pecados e os delitos. "A grandeza do crime não depende da intenção de quem o comete", escreveu. Condena o direito de vingança e toma por base do direito de punir a utilidade[desambiguação necessária] social, ressaltando a necessidade da publicidade e da presteza das penas: "quanto mais pronta for a pena e mais de perto seguir o delito, tanto mais justa e útil ela será". Declara ainda a pena de morte inútil e reclama a proporcionalidade das penas aos delitos ("a verdadeira medida dos delitos é o dano causado à sociedade"), assim como a separação do Poder Judiciário e do Poder Legislativo.
A partir do estudo desta obra, as legislações de vários países foram modificadas; a pena para o criminoso deixa a forma de punição e assume a de sanção. O criminoso não é mais alguém paralelo à sociedade, mas alguém que não se adaptou às normas preestabelecidas, provenientes de um contrato social (de Jean-Jacques Rousseau), em que a pessoa se priva de sua liberdade (a menor parcela possível) em prol da ordem social.
Cesare Beccaria afirma que as leis são fragmentos da legislação de um antigo povo conquistador, compilados por ordem de um príncipe que reinou há doze séculos em Constantinopla, combinados em seguida com os costumes dos lombardos e amortalhados em um volumoso calhamaço de comentários obscuros, constituídos do velho acervo de opiniões de uma grande parte da Europa.
Disserta que as vantagens da sociedade devem ser igualmente repartidas entre todos os seus membros, devendo essa ser a verdade digna de nossa sociedade; contudo, Beccaria traz que, entre os homens reunidos, nota-se a tendência contínua de acumular no menor número os privilégios o poder e a felicidade, para deixar à maioria apenas miséria e fraqueza. Para impedir isso só com boas leis. Porém, normalmente, os homens abandonam a leis provisórias e à prudência do momento o cuidado de regular os negócios mais importantes, quando não os confiam à discrição daqueles mesmos cujo interesse é oporem-se às melhores instituições e às leis mais sábias. Toda lei que não for estabelecida sobre a base moralista encontrará sempre uma resistência à qual acabará cedendo.
A primeira consequência desses princípios é que só as leis podem fixar as penas de cada delito e que o direito de fazer leis penais não pode residir senão na pessoa do legislador, que representa toda a sociedade unida por um contrato social. A segunda consequência é que o soberano, que representa a própria sociedade, só pode fazer leis gerais, às quais todos devem submeter-se; não lhe compete, porém, julgar se alguém violou essas leis. Em terceiro lugar, mesmo que a atrocidade das mesmas não fosse reprovada pela filosofia, mãe das virtudes benéficas e, por essa razão, esclarecida, que prefere governar homens felizes e livres a dominar covardemente um rebanho de tímidos escravos; mesmo que os castigos cruéis não se opusessem diretamente ao bem público e ao fim que se lhes atribui, o de impedir os crimes bastará provar que essa crueldade é inútil, para que se deva considerá-la como odiosa, revoltante, contrária a toda justiça e à própria natureza do contrato social.
Das consequências desses princípios, resulta-se que os juízes não recebem as leis como uma tradição doméstica, ou como um testamento dos nossos antepassados, que aos seus descendentes deixaria apenas a missão de obedecer. Recebem-nas da sociedade viva, ou do soberano, que é representante dessa sociedade, como depositário legítimo do resultado atual da vontade de todos. Ao juiz caberia somente a definição sobre a existência do fato e somente ao seu soberano a interpretação das leis, já que depositário das vontades atuais do povo.
Critica, por outro lado, a obscuridade de uma lei feita de forma prolixa, de maneira que o povo não entenda, pois a lei há de ser interpretada, mas não pelos minoritários detentores do conhecimento, contudo, pelo cidadão, que deve julgar por si mesmo as consequências de seus próprios atos. "Felizes as nações entre as quais o conhecimento das leis não é uma ciência", escreveu.
Ressalta que o castigo deve ser inevitável, mas que não é a severidade da pena que traz o temor, mas a certeza da punição. "A perspectiva de um castigo moderado, mas inevitável, causará sempre uma impressão mais forte do que o vago temor de um suplício terrível, em relação ao qual se apresenta alguma esperança de impunidade". Enaltece que a prevenção dos crimes é melhor do que a punição.
Por fim, deduz um Teorema Geral Utilíssimo, o legislador ordinário das nações. Explicando que para não ser um ato de violência contra o cidadão, a pena deve ser essencialmente pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicáveis nas circunstâncias dadas, proporcionada ao delito e determinada pela lei.
Antes de terminar o estudo desta aula, assista a uma cena do filme O nome da Rosa.
Alemanha, 1986. Diretor: Jean-Jacques Annoud.
Estranhas mortes começam a ocorrer num mosteiro beneditino localizado na Itália, durante a baixa Idade Média. As vítimas aparecem com os dedos e a língua roxos.
O mosteiro guarda uma imensa biblioteca, onde poucos monges têm acesso às publicações sacras e profanas.
A chegada de um monge franciscano, incumbido de investigar os casos, irá mostrar o motivo dos crimes, resultando na instalação do tribunal da Santa Inquisição.
1200 - Neste período da Idade Média, já havia uma nítida distinção na formacomo se punia segundo a situação financeira do autor do fato: se era umnobre, a pena era uma fiança pecuniária, mas se o infrator fazia parte das
camadas mais pobres, recebia penas corporais.
Séculos XV e XVI - Há um grande aumento da população miserável na Europa, o querepercutiu no incremento de penas mais cruéis, como mutilações e morte.
Séculos XVI e XVII - Com o baixo crescimento demográfico, face às guerras e doenças,muda-se a forma de punir, a fim de aproveitar a mão-de-obra doscondenados, substituindo as penas de morte pelas de trabalhos forçados,
através do degredo e das galés.
Séculos XVIII e XIX - Inicia-se o crescimento demográfico. Havendo um excedente para a mão-de-obra, surge a necessidade de manter este contingente sobcontrole, através da exclusão propiciada pela prisão, instituto que surgeneste período.
Aula 2: Positivismo 
Introdução - O positivismo é considerado a primeira escola de Criminologia. Com a Revolução 
Industrial no século XIX, o desenvolvimento do capitalismo e das ciências naturais,
bem como o aumento da criminalidade, nasce o estudo científico do crime e, principalmente, do criminoso.
PROTAGONISTAS - Para começarmos nossa aula, vamos conhecer três personagens muito importantes para o Positivismo e para a Criminologia: Cesare Lambrósio; Enrico Ferri; Rafael Garófolo.
Lombroso - criou a escola positivista criminológica. Ele foi o médico que desenvolveu a teoria do “criminoso nato”, segundo a qual uma parte dos criminosos já nascia com uma espécie de disfunção patológica que o levaria, invariavelmente à prática do crime. Paraele, o criminoso era um subtipo humano, degenerado e atávico.
Para Lombroso, esta disfunção se exteriorizava na aparência e no comportamento do sujeito, que podiam ser estudadas para que se pudesse identificar o criminoso pela sua aparência. Assim, ele estudou as vísceras dos criminosos, crânio, linguagem, tatuagens, letra, comportamento etc. Para ele, as penas deveriam ser por tempo indeterminado para os corrigíveis e perpétuas se incorrigíveis.
Enrico Ferri - foi o advogado e político responsável pelas críticas à “escola clássica”, expressão criada por ele para denominar aqueles que não eram adeptos das ideias positivistas. Ele defendia que outros elementos poderiam determinar a prática do crime, não só o biológico, mas também fatores individuais (raça, sexo), sociais (família, religião) e físicos (clima, temperatura). Criou a teoria dos “substitutivos penais”. Ferri entendia que a ordem social burguesa tinha que ser defendida a todo custo, inclusive com o sacrifício dos direitos individuais, o que ele chamava de teoria do relógio quebrado.
É a defesa de que crimes leves devem ser severamente punidos para se inibir crimes mais graves.
Rafael Garófalo - era magistrado e criou o conceito de “delito natural”, sendo o crime uma ofensa feita à parte mais comum do senso moral formada pelos sentimentos de piedade e probidade (justiça). Dessa forma, o crime seria condutas nocivas em qualquer sociedade.
Constata-se que o positivismo foi uma teoria extremamente racista que auxiliou a legitimar políticas imperialistas na África, políticas criminais repressivas, e a solidificação, posteriormente, do próprio nazismo. Os 3 defendiam a prisão perpétua, Rafael Garófolo e Enrico Ferri, a pena de morte para os irrecuperáveis.
POSITIVISMO NO BRASIL - Como os estudos positivistas tinham como objeto o criminoso, o melhor e mais seguro local para encontrá-los seria na cadeia.
Mas, lá chegando, que parcela da população era encontrada em maior número? Os negros.
Assim, essa teoria ajudou a concretizar a imagem do negro como marginal, conferindo o aval da ciência de que a raça negra era inferior e voltada para o crime, reforçando o estereótipo do criminoso.
Euclides da Cunha - O escritor Euclides da Cunha, apesar de contrário a Lombroso, defendeu a inferioridade da raça nordestina pelo meio.
Nina Rodrigues - O legista Nina Rodrigues defendeu a responsabilidade diferenciada para cada raça.
Viveiros de Castro - Viveiros de Castro repelia a existência do livre arbítrio.
Moniz Sodré - Moniz Sodré negava a igualdade entre os homens e entendia que a pena deveria ser proporcional não ao delito, mas à inadaptação do sujeito à vida social.
DIREITO PENAL DO AUTOR -- Com o amparo científico possibilitando a identificação do criminoso pela sua aparência, o Direito Penal se vê legitimado a punir condutas queexteriorizem esta “periculosidade”, modelando-se a um “Direito Penal do autor”. Ou seja, pune-se pelo que o sujeito é, e não pelo que ele fez,sendo o crime um sintoma de um “estado do autor”.
Um exemplo disso é a criminalização da capoeira na primeira República. Tal prática era constituída pela reunião de “negros vadios que, pela aglomeração, aproveitavam-se para praticar pequenos furtos”.
Ainda presente nos dias de hoje, a análise da personalidade do réu é usada para o cálculo e definição de pena, assim como seus antecedentes, culpabilidade e sua conduta social (Art. 59 do CP).
Isso vai de encontro a um “Direito Penal do fato”, mais compatível com um Estado democrático de direito, que pune o sujeito pelo fato praticado, e não pelo que ele é.
Aula 3: Escola de Chicago: Teoria Ecológica
A Escola de Chicago, principalmente nas décadas de 30 e 40, foi o berço da modernasociologia americana e uma das primeiras a desenvolver trabalhos criminológicosdiferentes do positivismo, tendo como seus principais autores Park, Shaw e Burgess.
Introdução - Na aula passada vimos a relevância do positivismo para a construção da criminologiacomo ciência, bem como a criação do determinismo biológico. Nesta aula vamos vero surgimento de uma nova escola criminológica que não mais está preocupada emestudar o indivíduo, mas sim a cidade e as suas várias influências criminógenas.Também veremos a teoria da anomia, a qual defende ser o crime um fenômeno normal na sociedade.Será que todos nós já praticamos crimes ou um dia vamos praticar?
A Escola de Chicago - Essa escola vai desenvolver a Teoria Ecológica, cujo principal objeto de estudo é a cidade.
A cidade é considerada uma unidade ecológica, um corpo de costumes e tradições. Não é apenas um mecanismo físico e artificial, mas um ente vivo que está envolvido nos processos vitais das pessoas que a compõem, influenciando no comportamento dos seus integrantes, inclusive como fator criminógeno. Principalmente de duas formas: mobilidade social e áreas de delinquência.
Para essa escola, os principais meios de prevenção do crime são o mapeamento e a modificação desses espaços urbanos e do desenho arquitetônico da cidade, ampliando espaços abertos, iluminando ruas, pintando o metrô (como em NY).
A política criminal confunde-se com uma política de "limpeza", como ocorreu nas destruição dos barracos do Morro do Pasmado ou nas apreensões de meninos e moradores de rua que contaminam o visual da cidade do Rio de Janeiro (geralmente no verão, e sempre na Zona Sul).
Mobilidade social: voltando ao assunto anterior, veja o conceito de mobilidade social: O incessante movimento dentro das cidades (residência, emprego, ascensão e decadência social) impossibilita a criação de vínculos e identidade entre os seus moradores, diferentemente do que ocorre na zona rural.
O anonimato rompe determinados mecanismos tradicionais (informais) de controle do sujeito que pretende praticar um crime, além de não haver qualquer laço de identidade entre o indivíduo e sua vítima, o que facilita a prática do delito.
Áreas de delinquência - Agora é a hora de entendermos as áreas de delinquência.
Favelas - Essas áreas estão relacionadas à degradação física e segregações econômicas, étnicas e raciais.
A deterioração do ambiente reflete os valores daqueles que lá residem, ao mesmo tempo em que influencia na decadência moral desses.
"O belo representa a bondade, e o feio, o mal".
Agora que você já conhece a Escola de Chicago, diga qual é a principal crítica que se faz à Teoria Ecológica:
A principal crítica é o continuísmo de uma espécie de determinismo positivista, só que agora no âmbito da cidade. Nela, determinadas áreas são estigmatizadas e contaminam seus moradores com o "germe" da criminalidade, como ocorreu nos guetos americanos, nos bairros muçulmanos franceses e em nossas favelas.
O sistema penal passa a orientar suas operações para essas localidades.
Teoria da Anomia por Robert King Merton: Segundo Merton, anomia é o sintoma do vazio produzido quando os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais da sociedade, fazendo com que a falta de oportunidades leve à prática de atos irregulares, muitas das vezes ilegais, para atingir a meta cobiçada.
Há dois pontos principais da Teoria da Anomia. Um deles é a desmistificação do crime - ele é um fato normal, e nunca será extinto, pois sempre haverá conflitos na sociedade.
O outro ponto é o alerta quanto à valorização do consumo desregrado, processo no qual somos bombardeados por promessas de felicidade e sucesso se comprarmos o produto certo.
Teoria da Anomia por Émile Durkheim - Trata-se da ausência de reconhecimento dos valores inerentes a uma norma, fazendo com que esta perca sua coercibilidade. Isto porque o agente não reconhece legitimidade na sua imposição, considerando o crime, assim, um fenômeno “normal” na sociedade.
Sempre haverá alguém que desconhece a autoridade da norma. Isto acaba sendo funcional, pois é necessário constantemente analisar e refletir sobre os valores normatizados face às mudanças sociais.
Como exemplo, temos o caso do adultério, que era definido comocrime pelo Código Penal. Mas pelo avanço dos costumes, verificou-se que era uma prática corrente na sociedade moderna e que não exigia sua proibição por norma tão coercitiva como a penal, a qual findou revogada.
Segundo Durkheim, a divisão do trabalho na sociedade capitalista não respeita as aptidões de cada um, o que não produz solidariedade, fazendo com que a vontade do homem se eleve ao dever de cumprir a norma.
Aula 4: Teorias subculturais e do conflito
Teoria Subcultural - A Teoria Subcultural inicia seus estudos com Cohen e sua análise da delinqüência juvenil.
Trata-se de um estudo criminológico específico, destinado a estudar o delito como opção coletiva, sendo considerado crime, somente, a manifestação destes valores em condutas consideradas legítimas pelo respectivo grupo, porém não aceitas pela maioria.
Respectivos grupos- podemos citar como exemplos os Hooligans ingleses, grupos violentos de torcidas organizadas semelhantes às do Brasil, porém bem mais agressivas; ou os grupo de jovens cariocas, muitos praticantes de artes marciais, que saem de noite em boates para provocar brigas, conhecidos como “pitboys”.
Apesar de consideradas criminosas as agressões provocadas por esses grupos, não há ausência de valores, mas a exteriorização de princípios específicos desenvolvidos por seus integrantes, como o de que suas idéias devem ser defendidas através da força física.
Subcultura e contracultura - Vamos entender cada teoria e identificar a diferença entre elas:
Subcultura - As escolas que  defendem a subcultura recebem críticas, por ser esta uma teoria muito reducionista.
A teoria da subcultura não justifica os crimes provocados fora das realidades subculturais. Também considera que nem sempre há coesão de valores dentro do mesmo grupo.
Ou seja, é possível que membros do grupo não comunguem com todos os princípios lá desenvolvidos. Isto quer dizer que nem todos os lutadores de jiu-jitsu, por exemplo, se tornarão “pitboys”.
Violência e condição social: o homem é fruto do meio? - por Juliana F. Pantaleão e Marcelo C. Marcochi.
CAPÍTULO I
O Crime e os Criminosos - "O homem é o único ser capaz de fazer mal a seu semelhante pelo simples prazer de fazê-lo". (Schopenhauer)
Introdução - Sem procrastinar o entendimento do tema em estudo, importante situar a violência frente ao seu agente, porquanto é o homem que agride o seu próximo e fere a si mesmo.
Não temos a pretensão de demonstrar as causas da crescente onda de criminalidade violenta que assola nossa sociedade, tão pouco o de apontar a fórmula mágica que combata tais causas. A razão é simples; tal tema suscita discussões intermináveis, uma vez que envolve não somente o agente violento do crime e sua condição social, como também posições ideológicas pessoais.
A moderna Criminologia "cientifica", ao explicar o comportamento criminal se utiliza basicamente de três grandes grupos de modelos teóricos, a saber: modelos de cunho biológico ("Biologicistas"), modelos de cunho psicológicos ("Psicologicistas") e, por último, modelos de cunho sociológicos ("Sociologia Criminal").
Para podermos situar o tema, far-se-á no transcorrer do trabalho um breve estudo dos modelos sociológicos (Sociologia Criminal) e suas implicações. Contudo, não devemos nos esquecer que a criminologia é uma ciência interdisciplinar, motivo pelo qual os demais modelos não devem ser deixados de lado.
A violência que emana do homem, mesmo que em detrimento de outro (único) homem, tomada pelo caráter jurídico, nos remete a uma visão mais ampla de seu conceito; a violência reveste-se de um caráter criminoso.
A par dos tempos em que a violência era combatida no "olho por olho, dente por dente", o Estado passou a ser o ente responsável pela punição daquele que comete um crime, e este, por sua vez, passou a ser classificado partindo do criminoso que o perpetra.
Sendo assim, necessário, mesmo que brevemente, determinar as características de cada agente delinqüente.
Classificação dos criminosos - Nesse diapasão, num breve resumo podemos classificar os criminosos em:
"Ocasionais: são aqueles que não possuem tendência para o cometimento de crimes, perpetrando-os, ocasionalmente, em virtude da influência do meio social em que vivem. Quase que em sua totalidade cometem furtos e estelionatos, mostram posteriormente um arrependimento e, na medida em que são detidos, assim que retornam à liberdade tendem a não mais delinqüir;
Habituais: são os criminosos que cometem crimes desde a juventude e muitas vezes desde a infância. O que ocorre é uma "evolução da vida criminosa"; não raras vezes se unem a quadrilhas e organizações criminosas e cometem todos os tipos de crimes. Não se arrependem do crime cometido, faz da delinqüência um meio de vida;
Impetuosos: são aqueles que cometem crimes levados pela forte emoção, sem premeditar seu contento; cometem na sua maioria crimes passionais, arrependendo-se posteriormente.
Fronteiriços: são os psicopatas, possuem deformidades no senso ético-moral. Agem com anormal frieza e insensibilidade; a reincidência é uma realidade próxima e cometem, na maioria dos casos, crimes específicos;
Loucos criminosos: possuem patologias que os levam ao cometimento de crimes"(1) .
Como se verifica, muitos são os criminosos e os crimes por eles praticados, sendo certo afirmar que o estudo de determinado delinqüente nos remete a determinados crimes.
Cumpre-nos analisar, assim, o homem e o crime por ele perpetrado, e determinar se o meio social em que ele vive é capaz de torná-lo criminoso.
CAPÍTULO II
As Escolas Sociológicas
Introdução - Faz-se necessário uma breve análise das escolas sociológicas vez que estas ressaltam não somente a importância do "meio" na gênese da criminalidade, como também observam o crime como "fenômeno social".
A moderna sociologia criminal aponta para duas vertentes, a saber:
Europeu - ligado a Durkhein (teoria da anomia, ou seja, a normalidade do delito no contexto sócio-cultural);
Norte-americano - liga-se a Escola de Chicago (que admite a existência de subculturas criminais, conforme Cliford Shaw), a partir da qual nasceram progressivamente diversos esquemas teóricos (Teoria Ecológica, subculturas, da reação social, do etiquetamento rotulagem e outras);(2)
Escola de Chicago - Teoria Ecológica - A Escola de Chicago, berço da moderna sociologia criminal, não obstante não trate especificamente de violência mas sim da criminalidade urbana, tem como temática preferida o estudo daquilo que poderíamos denominar a "sociologia da grande cidade", a análise do desenvolvimento urbano, da civilização industrial e, correlativamente, a morfologia da criminalidade nesse novo meio"(3) .
Na teoria ecológica a cidade é "produtora" de criminalidade.
Teorias Estrutural-Funcionalistas ou da Anomia - Tal teoria, da qual Durkhein (1858-1917) é o seu maior expoente, defende que em qualquer tipo de sociedade bem como em qualquer momento histórico haverá um volume constante da criminalidade e, por conseqüência, do nível de delinqüência. Admite o delito como comportamento normal que pode ser cometido por qualquer pessoa de qualquer das castas sociais, derivando não de anomalias do indivíduo, tão pouco da desorganização social, mas sim das estruturas e comportamentos cotidianos no seio de uma ordem social intacta.
'o crime é o fenômeno que apresenta, da forma mais irrefutável, todos os sintomas da normalidade, sendo, pois, necessário e útil, verdadeiro fator de saúde pública, uma parte integrante de toda a sociedade sadia'(4) .
Conforme Durkheim, a anomia seria uma crise moral da sociedade, uma patologia gerada por regras falhas de conduta.
Merton, por sua vez, entende que a anomia ocorre quando existe uma disfunção entre as normas e as metas culturais com os meios institucionalizados, de forma que os indivíduos acabam por recorrer a comportamentos de adaptação para atingir as metas culturais existentes na sociedade.
2.1.Teoria do Conflito - Tal teoria contempla o crime comofruto dos conflitos existentes na sociedade, sendo certo que nem sempre tais conflitos são nocivos a ela. "O comportamento delitivo é uma reação à desigual e injusta distribuição de poder e riqueza na sociedade"(5) .
A teoria do conflito se subdivide em duas linhas de pensamento, a saber:
Teorias do conflito não-Marxistas - O crime nada mais é do que um resultado normal das tensões sociais e carece de significado patológico;
Teorias do conflito marxistas - Estas contemplam o crime como função das relações de produção da sociedade capitalista. O delito é sempre um produto histórico, patológico e contingente da sociedade capitalista. Têm suas raízes no pensamento de Marx e Engels;
2.2.Teoria Subcultural - A sociedade, como um todo, é formada por diversos sistemas de normas e valores dentro de si mesma, sendo que tais grupos se organizam com seus próprios valores e normas de condutas aceitas como corretas em seu meio, criando assim aquilo que se chama de "subculturas".
Assim "a conduta delitiva não seria produto de desorganização ou ausência de valores sociais, mas antes o reflexo e a expressão de outros sistemas de normas e de valores: os subculturais"(6) .
Teoria da Associação Diferencial ou Aprendizagem Social - Os defensores de tal teoria entendem que o comportamento criminoso e a delinqüência são frutos de um processo de aprendizagem e, em sendo assim, "o comportamento delituoso se aprende do mesmo modo que o indivíduo aprende também condutas e atividades lícitas, em sua interação com pessoas e grupos, e mediante um complexo processo de comunicação. O indivíduo aprende não só a conduta delitiva, senão também os próprios valores criminais, as técnicas comissivas e os mecanismos subjetivos de racionalização (justificação ou autojustificação) do comportamento desviado"(7) .
CAPÍTULO III
Condição Social versus Violência
Introdução - Há quem considere a violência uma característica contemporânea, que emana da evolução do homem, da globalização, da exclusão e dos diversos níveis sociais.
Ocorre que a violência, e por conseqüência a criminalidade, não se encontram restritas a esse ambiente. Quem assim pensa só conhece da violência atual das megalópoles, e já se equivoca porquanto desde os primórdios a violência acompanha a conduta humana, ou melhor, faz parte da natureza do homem independente deste encontrar-se em ambiente urbano ou rural. Naquele sentido, quando falamos de violência estaríamos deixando à margem aquela violência do campo onde as contendas são resolvidas "na base do facão", porquanto, ademais, não se revestem na degradação lato sensu do homem.
Como anteriormente citado, alguns homens cometem crimes levados pela influência do meio em que vivem. Nesse passo, "condição social" abarca uma gama de características, quais sejam:
condição econômica - renda insuficiente ou inexistente (oportunidade de trabalho);
formação de caráter - estrutura familiar na qual foi criado e na qual vive atualmente, (educação - escola / creche);
condições dignas de moradia - habitação com infra-estrutura adequada (ser humano);
outras;
Não podemos olvidar, como conseqüência da falta de tais "condições mínimas de sobrevivência" a precária alimentação do corpo que influi, ademais, na má formação "física, psíquica e biológica" do homem, tornando-o "apto", também, a delinqüir; cuida-se do louco criminoso que da patologia que possui - independente de sua fonte - acarreta o crime.
Nesta esteira, cumpre-nos examinar:
1. A Influência da Educação nos Instintos Criminosos - "...a educação não representa senão uma das influencias que actuam nos primeiros annos da vida e que, como a hereditariedade e a tradicção, contribuem para a gênese do caracter. Mas, uma vez formado, este sibsiste, como a physionomia physica, perpetuamente aquillo que é. De resto, é ainda duvidoso que um instincto moral definitivo possa crear-se pela educação na primeira infância"(8) .
Como se verifica da citação de GAROFALO, a educação não se reveste de critério determinante à formação dos criminosos, mas deve ser considerado "um dos" fatores de influência em seu caráter. Vale dizer que o fato de um indivíduo possuir uma educação "exemplar" não resta definido seu futuro em face do cometimento futuro de crimes.
Vale sopesar que a educação que faz referência o tópico desde título não se restringe tão somente ao sentido pedagógico; trata-se, ademais, de uma série de influências externas, "de cenas continuamente vistas" pelas crianças e que são capazes de criar hábitos morais.
Fazendo um exercício hipotético de realidade, o que podemos esperar de duas crianças (um menino e uma menina) que são criados em um lar aonde seu pai, depois de um longo e cansativo dia de "vadiagem" chega em casa e prontamente passa a espancar sua esposa, a gritar com seus filhos, chegando - não raras vezes - a violentá-los.
- Não é difícil crer que aquele menino vai crescer com a figura de seus pais (ele violento e ela submissa) na mente, como uma mancha negra indelével, tendo para si a certeza de que aquele é o papel da esposa e do marido no casamento.
De outra feita, a posição daquela menina frente à sociedade conjugal que um dia possa vir a contrair fica desde logo afetada; não se poderá responsabilizá-la pelo medo e submissão da figura masculina que a acompanhará para sempre, ademais, caso venha ela a ser violentada pelo futuro marido, nada de novo terá tal "bestialidade" posto que na sua concepção de família esta conduta é "legal"; não se cobrará dela sequer denunciá-lo.
"a educação doméstica é uma continuação da herança; o que não é transmitido por geração, é-o, de um modo também quase sempre inconsciente, pelos exemplos dos paes"(9) .
- Uma questão se impõe: Podemos afirmar que o marido que bate em sua esposa o faz porque sua mãe apanhava de seu pai? - Não há exceção?
Torna-se equivocado (fazendo referência novamente à citação de Garofalo) dizer que tais "cenas" são determinantes no caráter criminoso de um homem.
Do sentido de educação podemos extrair algumas considerações, o que impõe desde logo algumas indagações:
- Toda criança "mal educada" vai um dia cometer crime?
- Alguém com "boa educação" pode cometer um delito?
- A educação (ou a falta dela) é "o" caráter definidor da conduta delituosa de um indivíduo?
Dados da Secretaria de Segurança Pública refletem as características dos internos da FEBEM e nos dão certa idéia dos fatores determinantes do crime; como se verá, a falsa idéia de que só o "pobre" comete crime não se funda na realidade.
Os menores infratores apontam como fatores que os levaram ao crime: exclusão social, uso de drogas e falta de estrutura familiar.
As palavras dos internos da FEBEM são o retrato da mentalidade social: "nem todos que estão é um bicho como a imagem nossa lá fora"."O que fez eu entrar pro crime (...) foi as necessidades que eu encontrei e que estava passando... uma certa ambição também de ter as coisas (...) andar do jeito que todo mundo anda, com dinheiro. A proposta que foi feita pra mim não foi a proposta de um trabalho, de ter um trampo. A primeira proposta que teve pra mim foi pegar num revólver, foi vender uma droga".
"não ter emprego, falta de estudo e não ter oportunidade pra nós da periferia. Essa situação chegou a um ponto que na vida do crime a gente ganhava alguma coisa".
"eu costumava roubar para usar drogas e usar drogas para roubar. Quando eu ia roubar eu gostava de cheirar cocaína porque ela estimulava a violência, deixa você mais agressivo. Então, eu tinha mais apetite"(10) .
"já tirei a vida de duas pessoas num assalta, mas, por mim não fez nem falta"
"o primeiro ato infracional que eu cometi na minha vida foi esse homicídio. O que eu senti num primeiro momento foi a revolta. Eu até não queria mas a revolta foi trazendo tudo isso na minha cabeça e pelo ódio e pelas mágoas eu ajuntei tudo e cometi esse crime".
Sendo assim, em relação à educação podemos assegurar que não se trata de critério único e determinante na delinqüência futurado homem; há se levar em consideração outros fatores que, somados, PODEM criar uma personalidade criminosa.
2. A Influência Econômica nos Instintos Criminosos . "crêem os socialistas que, removidas certas instituições e attingido o ideal que elles proclamam, cessaria a maior parte dos delictos"(11) .
- Marginal é quem mora na favela!!!
Em tais locais, por exemplo, ademais do contato diário da violência com os moradores, suas próprias condições refletem a falta absoluta de condições humanas de vida; as pessoas vivem ao lado de esgotos, "moram em residências" sem o mínimo de estrutura, sem falar da precariedade de subsistência frente sua condição social.
Tal realidade denota a falta de oportunidade de emprego e a ineficácia do seu ganho refletir em melhores condições de SOBREVIVÊNCIA.
Muitos acreditam que o aumento da desigualdade social é o responsável pela violência que impera hodiernamente. Ora, se assim o fosse, certo seria dizer que a violência se voltaria tão somente contra os mais abastados; no entanto, o que se vê é a indiscriminada violência, ou seja, o "não abastado", ou mais, "o miserável" possui chances iguais de ser violentado em seus mais diversos bens quanto aquele que ostenta boa situação econômica.
O que ocorre - certamente - que a falta de condições econômicas refletem e geram outros maus; a desigual repartição da riqueza condena uma parte da população à miséria, e com esta à falta de educação, de moradia, de alimento, de condições mínimas de sobrevivência, de falta total de esperança num futuro pouco melhor.
Tal assertiva reveste-se da realidade conquanto os "ricos" também cometem crimes; há aqueles que não estão privados de excelente moradia, educação pedagógica e familiar exemplar, mas nem por isso deixam, absolutamente, de estarem "aptos" à delinqüência.
Os abastados trazem consigo diferentes fatores que os levam ao crime. Algumas vezes, "o pobre" rouba visando o sustento de seus familiares, ou ainda, o faz em busca de melhores condições de vida. O "rico", de outra feita, já dispõe de tudo que necessita porquanto se alimenta com dignidade, sua família detêm certas "regalias", não possuindo, a priori "desculpa para roubar".
Possui, todavia, o que o homem tratou chamar de ganância.
- Utópica e hipoteticamente refletindo, não podia ele dispor de seus bens em excesso a favor daquele que não os tem? - Assim não sendo, necessita ainda de mais, e, sobretudo, precisa delinqüir para alcançar este algo mais?
O que diverge da antagônica realidade do "pobre" e do "rico" é o crime (meio) dos quais se utilizam para "saciar" seus desejos; O primeiro se vale do furto, do roubo, do seqüestro; o segundo das falsificações e das fraudes de toda espécie, visando essencialmente a obtenção de mais riqueza (monetária). De certo que os crimes mais violentos estão ligados à camada mais baixa da sociedade, mas são, senão, variantes de um mesmo delito natural.
A falta de freio moral é o mesmo!!!
Independente ou não da sua boa ou má educação lato sensu - como explicitado no tópico anterior - o abastado comete o delito e não se frustra, igualmente, a novos crimes se necessário for.
Inserida assim a questão podemos asseverar que os fatores econômicos e educacionais não determinam, individualmente, o caráter delinqüente do homem.
Ficam, pois, algumas questões:
1. Os critérios estudados influenciam na violência e no crime?
2. O homem é fruto do meio ou o meio social é fruto do homem que nele vive?
3. Para aqueles que acreditam na influência ímpar de cada critério, como explicar sua eficácia (ou não) frente os criminosos natos?
Devemos assim nos voltar para a base da formação que é a família e com igual razão ao Estado como garantidor de condições mínimas de humanidade. A família por sua vez - berço de um futuro sólido - só se fortifica se o Estado se coloca como sua base primária.
3. Homem violento e criminoso: Fruto do meio social em que vive?
'Qualquer motivo é idôneo para impulsionar alguém a ter ou deixar de ter determinado comportamento, ainda que considerado socialmente inadequado ou absurdo; na verdade, toda ação possui uma lógica interna, orientada para a satisfação de uma necessidade primordial de sobrevivência, de segurança ou de amadurecimento, tais como o amor, estima social, auto-estima ou sensação de pertencer a um grupo, qualquer que seja ele'(12) .
É óbvio que as dificuldades econômicas pelas quais passam nosso país, refletem na população em geral, sobretudo nas camadas mais pobres, na grande parte miseráveis; contudo isso não importa necessariamente em que se tornem criminosos.
Vários são os exemplos de que pobreza não implica em conduta criminosa, sendo o maior de todos, no nosso ponto de vista, aquele em que o indivíduo se coloca como um animal de carga e passa a puxar um carrinho no qual deposita papelão ou ferro velho, para sustentar a si e à sua família. Tais pessoas preferem o caminho mais difícil, ou seja, passar fome a cometer delitos.
Os que o leva a não cometer crimes é difícil responder, mas sem dúvida, tal resposta se baseia, necessariamente, na sua personalidade (sentimento, valores, tendências e volições).
Exatamente por serem vários os exemplos, entendemos não ser lícito ao criminoso escorar-se na condição social para justificar seus atos violentos. Em sua maioria, aquele que comete crime por passar fome, não usa da violência para cometê-los, opta no mais das vezes por cometer pequenos furtos (chamado furto famélico).
Também é verdade que podemos encontrar atitudes violentas e crimes violentos em todas classes sociais, do contrário como explicar crimes como o cometido pelo jornalista Pimenta Neves, o do promotor de justiça Igor Ferreira que matou a esposa grávida de oito meses, dentre tantos outros.
Contudo, não podemos nos apartar da realidade e negar que é no seio da população mais carente e miserável que a violência e os crimes violentos encontram campo propício para se desenvolver, ademais dos motivos anteriormente expostos.
Nesse passo, os crimes violentos não se resumem em homicídios, no entanto esse é um bom parâmetro para demonstrarmos nossa posição. Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública, no tocante ao ano de 1999, podemos observar a maior incidência de homicídios (100.000 habit.) no município de São Paulo nas áreas dos Distritos Policiais em que se encontram as populações mais carentes tais como Jardim Angela - 116,23; Cidade Ademar - 106,06; Iguatemi - 100,11; Parque São Rafael - 96,16 e Grajaú - 95,62 ao passo que há uma menor incidência nas áreas dos Distritos Policiais em que se encontram populações de classes média e alta, tais como Moema - 4,11; Jardim Paulista - 8,22; Vila Mariana - 11,55; Perdizes - 14,73 e Alto de Pinheiros - 16,49 (Apêndice, p. VI e VII).
Não podemos assim responder se o homem violento é produto do meio em que vive ou se ele forja tal meio ao seu talante, ou seja, se o meio é produto do homem; no entanto, com certeza, podemos dizer que a grande massa de miseráveis, principalmente aqueles que coabitam em favelas, convivem no seu dia a dia com um alto grau de violência, comparável somente a Estados que se encontram em constante guerra.
Diante das estatísticas e números não há argumentos.
CAPÍTULO IV
Conclusão - Hodiernamente, as causas da criminalidade violenta vêm sendo discutidas sob dois aspectos principais: penas insuficientes e falta de oportunidade social.
Para alguns, os crimes violentos, dentre os quais o roubo, a extorsão mediante seqüestro, o homicídio etc., dar-se-iam em razão das "pequenas" penas previstas em nossa legislação. Apregoam uma reforma legislativa e, por conseqüência, uma exasperação das penas naqueles crimes tidos como violentos, insinuando que tal providencia seria a panacéia de todos os males. Para estes sempre bem intencionados - políticos muitas vezes - os "direitos humanos são para os humanos direitos".
Outros entendem que esse não é o caminho; defendem a posição segundo a qual o delinqüente comete crimes em razão dafalta de oportunidades oferecidas a ele e que as dificuldades encontradas estão acima do tolerado por qualquer um. Apregoam que os delinqüentes só se tornam criminosos porquanto teriam sido abandonados pelo Estado e pela sociedade. Para estes - outros políticos bem intencionados - correto é afirmar: - "coitado do ladrão"!
De fato, a situação em que se encontra o país em muito contribui para que as ações tidas como ilícitas ou criminosas aumentem cada vez mais.
Poderíamos, inclusive, dizer tratar-se de um efeito "bola de neve", pois, a criminalidade não pode ser tratada como um fator isolado, fora de um contexto social que relaciona educação, trabalho, existência digna etc.
O Brasil é, notadamente, um agrupamento de diferentes culturas e costumes, de forma que a criminalidade deve ser "tratada" conforme tais aspectos específicos em cada parte do país.
Não bastam discursos sofistas para sanar as falhas do sistema, mas sim, uma postura ativa da sociedade com um todo, pois, sem dúvida alguma, a mentalidade social em muito contribui para o aumento da criminalidade.
O indivíduo que uma vez cometeu um lapso será tido sempre como criminoso no meio social em que vive, sofrendo os preconceitos refletidos por suas atitudes.
Falta confiança, credibilidade, entre os homens, mas, principalmente, no sistema político nacional, visto como um sistema falido e sem soluções mediatas ou imediatas.
A sociedade clama por soluções e, enquanto o Estado não as promovem, os cidadãos tentam fazer seu papel, conforme podemos analisar pelas palavras (exatas) de um indivíduo considerado um dos "fundadores" da organização denominada Primeiro Comando da Capital, vulgo PCC:
"Não somos uma organização criminosa, muito menos uma facção, não somos uma Utopia e sim uma transformação e uma nova filosofia: Paz, Justiça e Liberdade. Fazemos parte de um comportamento carcerário diferente, aonde um irmão jamais deixará outro irmão sobre o peso da mão de um opressor, somos um sonho de luta, somos uma esperança permanente de um sistema mais justo, mais igual, aonde o oprimido tenha pelo menos uma vida mais digna e humana. Nascemos num momento de opressão em um campo de concentração, sobrevivemos através de uma união, a semente foi plantada no asfalto, no cimento, foi regada a sangue, a sofrimento, ela gerou vida, floreceu, e hoje se tornou o "braço forte" que luta a favor de todos oprimidos que são massacrados, por um sistema covarde, capitalista e corrupto, um sistema que só visa massacrar o mais fraco. O sistema ensiste em nos desmoralizar com calúnias e difamações, nos rotulam como monstros, como anti-sociais, mas tudo isso é parte de uma engrenagem que só visa esconder uma realidade uma verdade ou seja o sistema prescisa de um bode-expiatório. Muitos irmãos já morreram nessa luta desigual muitos se sacrificaram de corpo e alma por um ideal.. Hoje o que o sistema negava, o que ele repudiava. Hoje ele é obrigado a admitir a sua existência. O próprio sistema criou o "Partido". O 'Partido", é parte de um sonho de luta, hoje somos fortes aonde o inimigo é fraco, a nossa revolução está apenas começando, hoje estamos preparados, psicologicamente, espiritualmente e materialmente, para dar nossa própria vida em pról da causa. A revolução começou no sistema Penitenciário e o objetivo é maior, revolucionar o sistema, governamental, acabar com este regime capitalista, aonde o rico cresce e sobrevive, massacrando a classe mais carente. Em quanto crianças morrerem de fome, dormirem na rua, não terem oportunidade de uma alfabetização, de uma vida digna, a violência só se tornará maior, as crianças de hoje, que vendem "doces" no farol, que se humilham por uma esmola, no amanhã bem próximo, através do crime, irá por todo ódio, toda rebeldia para transformar seus sonhos em realidade, pois o oprimido de hoje será, o opressor de amanhã, o que não se ganha com palavras se ganhará através da violência e de uma arma em punho. Nossa meta é atingir os poderosos, os donos do mundo e a justiça desigual, não somos criminosos por opção e sim somos o que somos por uma sobrevivência somos subversivos e idealistas. Se iremos ganhar essa luta não sabemos, creio que não, mas iremos dar muito trabalho, pois estamos preparados para morrer e renascer na nossa própria esperança de que nosso grito de guerra irá se espalhar por todo País. Pois se derramarem nosso sangue, e o nosso partido ser escutado, com certeza aparecerão outros que irão empunhar armas em prol de uma única filosofia: "Paz, Justiça e Liberdade" - SE TIVER QUE AMAR, AMAREMOS, SE TIVER QUE MATAR MATAREMOS".
Enquanto isso, não há sequer uma proposta séria que vise o combate da violência e da criminalidade violenta, mediante políticas públicas a curto, médio e longo prazo, nas áreas da educação, saúde e segurança pública visando a solução do problema.
Crimes e criminosos sempre existiram e sempre irão existir, pois, é fator social, conduta que pode existir desde que dois indivíduos passem a interagir. Porém, não nos deparamos mais com "crimes românticos", vivemos na criminalidade.
ESTE É O BRASIL, PAÍS SEMPRE DO FUTURO NUNCA DO PRESENTE, MAS, EM BREVE, DO PASSADO, NA POLÍTICA DO "SALVE-SE QUEM PUDER".
Teoria do Conflito: a teoria do conflito parte da premissa de que o crime é fato político, ou seja, ele não existe como fato natural,mas sim por desobediente a uma norma elaborada através de decisões políticas,que geralmente refletem e defendem os interesses da classe dominante. A lei e um instrumento de controle social que visa satisfazer esses interesses.
Esta teoria desmistifica o conceito de que, por vivermos numa democracia, as leis produzidas e as decisões tomadas por nossos governantes são a princípio legitimas, por representarem a vontade e o interesse do povo. Acreditar em tal premissa seria no mínimo ingenuidade.
Isto se da principalmente pelo fato de quem se encontra no poder, La deseja permanecer e porque camadas marginais sempre foram um incômodo.
Assim, verifica-se uma relação de conflito permanente, onde a lei e a pena seria tão somente um novo grau deste mesmo conflito de poder, onde as autoridades agem mediante a criação, interpretação e aplicação coletiva da norma.
Tal assertiva é facilmente contestável através de uma rápida analise de alguns dispositivos penais de nosso ordenamento.
Aula 5: Teorias do processo social
Introdução - Essas teorias decorrem dos estudos de Sutherland  sobre os crimes de colarinho branco, expressão criada por ele para se referir aos delitos praticados pelas classes média e alta, sendo um marco no estudo da criminologia que, até então, preocupava-se apenas com os delitos praticados pelos pobres.
Ele inicia seus estudos com a criação da Lei Seca em Chicago, nos anos 30, que proibia a comercialização de bebidas alcoólicas por se acreditar que estas incitavam o crime. Ocorre que tal vedação propiciou o surgimento de um crime organizado que se infiltrou em vários ramos do poder, incrementando a lavagem de dinheiro e a corrupção.
Teoria da aprendizagem social ou associação diferencial - O crime é um hábito adquirido, uma resposta a situações reais que o sujeito aprende com o contato com valores, atitudes e pautas de condutas criminais no curso de processos de interação com seus semelhantes, dependendo do grau de intimidade dos contatos e sua frequência.
A conduta criminosa é algo que se aprende. Diferentemente do que os positivistas acreditavam, ninguém nasce criminoso, trata-se de um comportamento desenvolvido através da relação com outras pessoas.
Isso pode ser observado tanto em algumas comunidades carentes, onde muitos jovens crescem tendo como referenciais criminosos locais, como em repartições públicas que possuem funcionários corruptos que aos poucos levam os recém-concursados a acreditar que não há mal algum em aceitar alguns “agrados em troca de alguns favores”.
ATENÇÃO - A crítica feita a esta teoria é que o crime nem sempre decorre de padrões racionais, pois há fatos ocasionais. Ele também nãoexplica por que pessoas que se encontram na mesma situação aderem ao crime, e outras não.
Teoria do controle - Teoria do controle. Esta teoria não se preocupa com o porquê do crime ou o que leva alguém a praticá-lo, mas sim com os motivos que levam alguém a não praticá-lo. Conclui pelo interesse do indivíduo em corresponder às expectativas sociais e pela razão lógica de obedecer às leis face à relação de benefícios e prejuízos possivelmente obtidos com a prática do crime.
Teoria do etiquetamento (labelling approach) - Segundo esta teoria, bem defendida por Becker em seu livro Outsiders, a desviação é uma qualidade atribuída por processos de interação altamente seletivos e discriminatórios.
O objeto de seu estudo não é o crime nem o criminoso, mas sim os processos de criminalização. Ou seja, os critérios utilizados pelo sistema penal no exercício do controle social para definir o desviado como tal.
Este estudo se inicia com a constatação de um fenômeno denominado cifra negra, que representa o número de crimes efetivamente praticados e que não aparecem nas estatísticas oficiais.
ATENÇÃO - Trata-se de uma questão normalmente abordada no estudo da Criminologia, matéria que vem ganhando cada vez mais espaço, especialmente nas provas da DPU.
Como todos sabem, os examinadores adoram testar o conhecimento dos candidatos buscando abordar terminologia, ainda mais se o nome for pouco usual ou desconhecido da grande maioria dos candidatos.
Vejam como o tema foi abordado no nosso GEDPU:
CRIMINOLOGIA: Em criminologia denomina-se “cifra dourada” (em oposição a “cifra negra”) a comunicação de crimes que sabidamente não ocorreram às autoridades competentes.
GABARITO: E
JUSTIFICATIVA - Questão errada. Sabe-se que a estatística criminal é um elemento chave no estudo da criminologia, em especial depois do Século XIX, pois através das estatísticas pode-se conhecer o “liame causal entre os fatores de criminalidade e os ilícitos criminais praticados” (PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio, 2012).
Acredito que todos tenham conhecimento da existência da denominada “cifra negra” que corresponde a uma significativa parcela de delitos que não são comunicados ao Poder Público, pelos mais diversos motivos.
Normalmente os delitos constantes da “cifra negra” são ligados a uma “criminalidade de rua” (crimes contra a pessoa, o patrimônio, ou os costumes, por exemplo) e não são comunicados às autoridades por motivos como: vergonha (crimes sexuais); inutilidade de buscar a polícia (pequenos furtos); medo do criminoso ou de represálias de comparsas; parentesco ou amizade com o criminoso; descrédito do sistema policial e de justiça, etc.
No entanto, há um subtipo da “cifra negra” conhecido como “cifra dourada”, que são as infrações penais praticadas pela elite e que não são reveladas ou apuradas, envolvendo delitos tipicamente do “colarinho branco” (sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, crimes eleitorais, etc).
Na definição de Luiz Santos Cabette (As estatísticas criminais sob um enfoque criminológico crítico. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1326, 17 fev. 2007. Disponível em: https://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9497):
[A cifra dourada] representa a criminalidade de ‘colarinho branco’, definida como práticas antissociais impunes do poder político e econômico (a nível nacional e internacional), em prejuízo da coletividade e dos cidadãos e em proveito das oligarquias econômico-financeiras.
Haveria, assim, uma dupla falha nas estatísticas oficiais, causada tanto pela “cifra negra” quanto pela “cifra dourada”. É bom atentar, sempre, para essas nomenclaturas pouco usuais, ainda mais em uma disciplina pouco estudada como a Criminologia, pois as bancas costumam cobrar tais conceitos.
Ademais, o próprio momento político/jurídico do país, com grandes operações midiáticas investigando crimes tipicamente da “cifra dourada” pode contribuir para a sua cobrança no próximo concurso da DPU.
Dessa forma, como visto, o conceito de cifra dourada apresentado pelo enunciado está incorreto.
E aí, gostaram do tema? Já conheciam esse conceito? Acertaram a questão?
Espero que tenha sido proveitoso despender este pouco tempo para conhecer um conceito pouco comum da Criminologia, que é, também, uma das vilãs para muitos candidatos no robusto edital da DPU.
Isto demonstra que, apesar de todos nós já termos praticado algum crime na vida (ameaça, crime contra a honra, apropriação indébita de um CD ou livro), observa-se que apenas uma pequena parcela dos delitos serão investigados e levarão a um processo judicial que repercutirá em uma condenação criminal.
Com isto, o risco de ser etiquetado, ou seja, “aparecer no claro das estatísticas”, não depende da conduta, mas da situação do indivíduo na pirâmide social.
Por isso o sistema penal é seletivo, pois funciona segundo os estereótipos do criminoso, que são confirmados pelo próprio sistema.
Estereótipo – imagine um traficante –uma certa maioria pensa tratar de um jovem rapas, negro ou mulato, tampando o rosto e com uma arma na mão.
Isso é um estereótipo, que é perseguido pelo sistema, uma vez que é inegável que existem jovem brancos em condomínio de luxo vendendo drogas.
Teoria do etiquetamento e a exclusão social - No Brasil, um dos mais importantes representantes da teoria do etiquetamento é Augusto Thompson.
Este autor exemplifica esta seletividade quanto ao status social do sujeito: a vida dos mais desafortunados é mais exposta no transporte coletivo, andando nas ruas, na praia, nos botecos, estando mais visíveis quando praticam algo ilícito.
Não há identidade entre a autoridade pública e ele, que geralmente vem das camadas mais pobres e não possui condições de ter uma boa defesa técnica, face às dificuldades materiais das defensorias públicas.
O sistema penal confirma o etiquetamento, a rotulação através da pena, estigmatizando o sujeito como criminoso, o que incrementa exclusão social, pois se antes já era difícil conseguir emprego, agora será muito mais, levando o ex-detendo a retornar ao mundo da ilicitude.
De acordo com que aprendemos nesta aula, diga qual a crítica feita a Teoria da aprendizagem social.
Resposta : A critica feita a esta teoria é que o crime nem sempre decorre de padrões racionais, pois há fatos ocasionais. Ele também não explica porque que pessoas que se encontram na mesma situação aderem ao crime, e outras não.
Aula 6: Tolerância zero, Garantismo e Abolicionismo
Introdução - Primeiramente na Inglaterra e posteriormente com muita força nos EUA, o Estado neoliberal de mercado, regido por uma intervenção mínima junto à sociedade, que se desvencilhou de seus papéis costumeiros, privatizou empresas públicas nos anos 90, o que repercute em um sentimento de insegurança coletivo.
Com este novo modelo, há um aumento do desemprego, da insegurança e da pobreza, sendo considerado normal a desigualdade social e a seletividade do sistema.
Origens | Alguns princípios básicos do Neoliberalismo
Neoliberalismo - Alguns princípios básicos do Neoliberalismo
Filosofia: na teologia neoliberal os homens não nascem iguais, nem tendem à igualdade.Logo qualquer tentativa de suprimir com a desigualdade é um ataque irracional à própria natureza das coisas. Deus ou a natureza dotou alguns com talento e inteligência mas foi avaro com os demais. Qualquer tentativa de justiça social torna-se inócua por que novas desigualdades fatalmente ressurgirão.A desigualdade é um estimulante que faz com que os mais talentosos desejem destacar-se e ascender ajudando dessa forma o progresso geral da sociedade.Tornar iguais os desiguais é contraproducente e conduz à estagnação. Segundo W. Blake: "A mesma lei para o leão e para o boi é opressão!"
Exclusão e pobreza: a sociedade é o cenário da competição, da concorrência. Se aceitamos a existência de vencedores, devemos também concluir que deve haver perdedores. A sociedade teatraliza em todas a instâncias a luta pela sobrevivência. Inspirados no darwinismo, que afirma a vontadedo mais apto, concluem que somente os fortes sobrevivem cabendo aos fracos conformarem-se com a exclusão natural. Esses, por sua vez, devem ser atendidos não pelo Estado de Bem-estar, que estimula o parasitismo e a irresponsabilidade, mas pela caridade feita por associações e instituições privadas, que ameniza a vida dos infortunados. Qualquer política assistencialista mais intensa joga os pobres nos braços da preguiça e da inércia. Deve-se abolir o salário-minimo e os custos sociais, porque falsificam o valor da mão-de-obra encarecendo-a, pressionando os preços para o alto, gerando inflação.
Os ricos: eles são a parte dinâmica da sociedade. Deles é que saem as iniciativas racionais de investimentos baseados em critérios lucrativos. Irrigam com seus capitais a sociedade inteira, assegurando sua prosperidade. A política de tributação sobre eles deve ser amainada o máximo possível para não ceifar-lhes os lucros ou inibi-los em seus projetos. Igualmente a política de taxação sobre a transmissão de heranças deve ser moderada para não afetar seu desejo de amealhar patrimônio e de legá-lo aos seus herdeiros legítimos.
Crise: é resultado das demandas excessivas feitas pelos sindicatos operários que pressionam o estado. Este, sobrecarregado com a política providenciaria e assistencial, é constrangido a ampliar progressivamente os tributos. O aumento da carga fiscal sobre as empresas e os ricos, reduz suas taxas de lucro e faz com que diminuam os investimentos gerais. Sem haver uma justa remuneração, o dinheiro é entesourado ou enviado para o exterior. Soma-se a isso os excessos de regulamentação da economia motivados pela continua burocratização do estado, que complicam a produção e sobrecarregam os seus custos.
Inflação: resultado do descontrole da moeda. E esse por sua vez ocorre devido ao aumento constante das demandas sociais (previdência, seguro-desemprego, aposentadorias especiais, redução da jornada de trabalho, aumentos salariais além da capacidade produtiva das empresas, encargos sociais, férias e etc...) que não são compensadas pela produção geral da sociedade.Por mais que o setor produtivo aumente a riqueza, a gula sindical vai na frente fazendo sempre mais e mais exigências. Ocorre então o crescimento do déficit público que é tapado com a emissão de moeda.
Estado: não há teologia sem demônio. Para o neoliberalismo ele se apresenta na forma do estado.O estado intervencionista. Dele é que partem as políticas restritivas à expansão das iniciativas. Incuravelmente paternalista, tenta demagogicamente solucionar os problemas de desigualdade e da pobreza por meio de uma política tributária e fiscal que termina apenas por provocar mais inflação e desajustes orçamentários.Seu zelo pelas classe trabalhadoras leva-o a uma prática assistencialista que se torna um poço sem fim. As demandas por bem-estar e melhoria da qualidade de vida não terminam nunca, fazendo com que seus custos sociais sejam cobrados dos investimentos e das fortunas.
Ao intervir como regulador ou mesmo como estado-empresário, ele se desvia das suas funções naturais, limitadas à segurança interna e externa, a saúde e à educação. O estrago maior ocorre devido a sua filosofia intervencionista. O mercado auto-regulado e auto-suficiente dispensa qualquer tipo de controle. É uma Cosmo próprio, com leis próprias, impulsionadas pelas leis econômicas tradicionais (oferta e procura, taxa decrescente dos lucros, renda da terra, etc...). O Estado deve pois ser enxugado, diminuído em todos os sentidos. Deve-se limitar o número de funcionários e desestimular a função pública.
Mercado: se há um demônio existe também um Céu. Para o neoliberalismo esse local divino é o mercado. Ele é quem tudo regula, faz os preços subirem ou baixarem, estimula a produção, elimina o incompetente e premia o sagaz e o empreendedor. Ele é o deus perfeito da economia moderna, tudo vê e tudo ouve, omnisciente e omnipresente. Seu poder é ilimitado e qualquer tentativa de controla-lo é um crime de heresia, na medida em que é ele que fixa as suas próprias leis e o ritmo em que elas devem seguir. O mercado é um deus,um deus calvinista que não tem contemplação para com o fracassado. A falência é sua condenação. Enquanto que aquele que é bem sucedido reserva-se-lhe um lugar no Éden.
Socialismo: segundo demônio da teologia neoliberal. É um sistema político completamente avesso aos princípios da inciativa privada e da propriedade privada. É essencialmente demagógico na medida em que tenta implantar um igualdade social entre homens de natureza desigual.É fundamentalmente injusto porque premia o capaz e o incapaz, o útil e o inútil, o trabalhador e o preguiçoso. Reduz a sociedade ao nível de pobreza e graças a igualdade e a política de salários equivalentes, termina estimulando a inércia provocando a baixa produção. Ao excluir os ricos da sociedade, perde sua elite dinâmica e seu setor mais imaginativo, passando a ser conduzido por uma burocracia fiscalizadora e parasitária.
Regime político: o neoliberalismo afina-se com qualquer regime que assegure os direitos da propriedade privada. Para ele é indiferente se o regime é democrata, autoritário ou mesmo ditatorial. O regime político ideal é o que consegue neutralizar os sindicatos e diminuir a carga fiscal sobre os lucros e fortunas, ao mesmo tempo que desregula o máximo possível a economia. Pode conviver tanto com a democracia parlamentar inglesa, como durante o governo da Sra. M. Tatcher, como com a ditadura do Gen. A.Pinochet no Chile. Sua associação com regimes autoritários é tático e justificada dentro de uma situação de emergência (evitar uma revolução social ou a ascensão de um grupo revolucionário). A longo prazo o regime autoritário, ao assegurar os direitos privados, mais tarde ou mais cedo, dará lugar a uma democracia.
Teóricos: o neoliberalismo é resultado do encontro de duas correntes do pensamento econômico. A primeira vem da escola austríaca, aparecida nos finais do século XIX tendo a frente Leopold von Wiese e que teve prosseguimento com von Miese e seu mais talentoso discípulo Friedrich von Heyek, que apesar de austríaco fez sua carreira em Londres. Heyek se opôs tanto à política keynesiana (por seu intervencionismo) como ao estado de Bem-estar social (pelo seus assistencialismo) idealizado primeiro na Inglaterra em 1942. A outra vertente é formada pela chamada escola de Chicago, tendo Milton Friedman como seu expoente. Friedman foi o principal crítico da política do New Deal do presidente F.D.Roosevelt (1933-45) devido sua tolerância com os sindicatos e a defesa do intervencionismo estatal.
Reflexões - Obviamente, como seria possível esperar, há um aumento da criminalidade urbana, principalmente do tráfico de drogas e dos crimes contra o patrimônio, o que exige uma intervenção do Estado para efetuar um controle sobre tais “descontentes”.
Assim, o Estado afasta-se do seu papel social e incrementa o aparato repressivo, inclusive com o deslocamento de 
verbas orçamentárias de uma área para outra. Como exemplo, podemos citar os EUA, onde o orçamento da polícia é quatro vezes maior que dos hospitais públicos.
Essa intervenção, que ficou conhecida como movimento de lei e ordem, inserida num contexto econômico, repressivo e  autoritário, estimula sanções penais para solucionar conflitos (ex. Juizados Especiais Criminais), é dirigida a grupos perigosos que devem ser controlados, possui uma ótica maniqueísta do bem contra o mal e desenvolve um direito penal máximo.
Critica-se esta política ao se efetuar as seguintes questões:
Que lei? Qual ordem? Para quem?Como avaliar sua legitimidade?
No Brasil, 2/3 da população vive com menos de dois salários-mínimos por mês e, sem dúvida, é esta a camada populacional considerada perigosa e, consequentemente, é o principal público do sistema penal neoliberal.
Ou seja, como um Estado que se diz de direito, pode exigir do povo o cumprimento das leis, se ele é o primeiro a inadimplir com suas obrigações mais básicas?
Política de Tolerância Zero –neste contexto, em ova York é criada a política de tolerância zero para combater uma criminalidade que diminuía, mas que se tornou um símbolo de luta contra os parasitas sociais que ameaçam o bem estar dos “bons cidadãos” em um modelo ainda mais repressivo e violador, inclusive, de direitos humanos.
Sob o argumento de que as desordens sociais são resultado de baixas taxas de coeficientes de inteligência, ou seja, os pobres e delinquentes sofrem de inferioridade mental e moral, segundo essa política, seria improdutível destinar recurso para estas áreas
Uma da principais características desta política é o maior rigor na punição de crime menores,para prevenir crimes mais graves, ferindo na maioria das vezes, o princípio da proporcionalidade.
Neste modelo americano, que muitas vezes é alardeado como o único remédio contra a criminalidade, percebe-se uma política seletiva e excludente, que funciona apenas como instrumento de controle social, repercutindo no Brasil, face a inexistência de investimentos materiais no sistema, em normas penais simbólicas, repressivas e irracionais.
Explicação expandida - Vamos citar como exemplo americano os seguintes dados: 3% da população americana cumpre pena; Um em cada três negros de 20 a 29 anos estão presos, em condicional ou em sursis, e existe um instituto em alguns Estados – o three strikes and you are out – que trata da perpetuidade automática da pena na 3ª condenação, independentemente do crime praticado. Será que esta irracionalidade diminuiria os índices de criminalidade? Ou apenas aumentaria a exclusão social, na inexistência de políticas sociais sérias que poderiam na verdade incluir a quantidade enorme de desamparados?
Abolicionismo - Diante da política repressora de lei e ordem, surge um movimento radical, tendo como principal representante Louk Hulsman.
O Abolicionismo Penal verifica a seletividade do Direito Penal, a falência da pena privativa de liberdade e o mito da imparcialidade do juiz. De acordo com ele, o sistema penal deve ser abolido e o conflito entregue de volta à sociedade, para que as partes possam compô-la.
Como já constatado pela cifra negra, a maior parte dos crimes não são descobertos ou ficam impunes e, ainda assim, a sociedade sobrevive.
Os malefícios causados por um sistema penal seletivo recaem com todo o seu peso sobre um desafortunado, que sofrerá como um “bode expiatório”, uma vez que tal violência não trará qualquer benefício para a coletividade; pelo contrário, apenas aumentará a exclusão.
Por isso, segundo o Abolicionismo, todo o sistema penal deve ser eliminado para que a sociedade possa solucionar seus próprios conflitos através de juntas de conciliação, associações de bairro e lides na esfera civil.
Garantismo - Buscando um meio-termo, é edificada uma teoria de constitucionalização do Direito Penal chamada Garantismo Penal, criada por Luigi Ferrajoli. Esta teoria diz que, apesar da crise do sistema penal, sua inexistência seria muito mais prejudicial.
Como vimos nesta aula, tanto o Abolicionismo quanto o Garantismo criticam o sistema penal, mas divergem em alguns aspectos.
Diferencie o Abolicionismo Penal do Garantismo Penal? - Segundo o Abolicionismo, todo o sistema penal deve ser abolido para que a sociedade possa solucionar seus próprios conflitos através de juntas de conciliação, associações de bairro e lides na esfera civil.
O Garantismo penal concorda com todas as críticas feitas pelo Abolicionismo, acreditando que este fez, de fato, um excelente diagnóstico, porém pecou no prognóstico, pois sem o sistema penal, retornaríamos à prática da vingança.
Aula 7: Política criminal de drogas  
Introdução - A política criminal de drogas é algo recente, embora o uso de drogas sempre estivesse presente em nossa história .
Nesta aula, vamos contextualizar seu uso com momentos históricos e conhecer os discursos legitimadores do controle das drogas.
A origem da palavra "droga"  - é um tanto controversa: Para alguns, veio do persa droa, que significa aromático; Para outros, veio do hebraico rakab, que significa perfume; Há quem entenda que surgiu do holandês droog, que significa seco (pimenta, canela).
O conceito de drogas é muito amplo, podendo ser definido como qualquer substância capaz de alterar as condições psíquicas e, às vezes, físicas do ser humano. São entorpecentes aquelas que alteram seu estado de percepção.
O controle da substância entorpecente é relativamente recente: Há aproximadamente 4 mil anos
O controle penal das substâncias entorpecentes é algo relativamente recente, uma vez que o seu uso sempre esteve presente em nossa história.
Há indícios de que a maconha, por exemplo, é conhecida na China há aproximadamente 4 mil anos.
450 a.C.
O grego Heródoto anotou em 450 a.C. que a maconha era queimada nas saunas para causar efeito entorpecente em seus frequentadores.
Século XIX
A maconha- também conhecida como cânhamo, entrou no Brasil trazida da África pelos escravos, enquanto que na Europa era usada para fazer roupas, papel, óleo para luminárias e remédios.
O maior livro de Medicina do Brasil do século XIX (Pedro Luis N. Chernovitz) a indicava para o tratamento de bronquite, tuberculose e cólicas . A droga foi usada  de forma terapêutica até pela Rainha Vitória da Inglaterra.
Século XX
Porém, já no início do século XX, por ser muito barata, a droga fica vinculada aos negros e mulatos e à sua degeneração moral.
Quando começa a ser usada pelos filhos da burguesia, passa a ser uma vingança inconsciente dos negros, que a trouxeram da África para escravizar os brancos.
1960 - Há mais de 4 mil anos os índios da Amazônia usam plantas alucinógenas como a ayahuasca e a jurema, as quais atraíram muitos turistas estrangeiros para experimentá-la até aproximadamente 1960.
Ainda hoje o Santo Daime, substância entorpecente não ilícita, é usado em cultos religiosos.
 Cocaína - Antes do descobrimento das Américas, as folhas de coca já eram muito usadas e posteriormente conquistaram a Europa. A droga foi usada, inclusive, para fazer vinhos, como o Mariani, preferido do papa Leão XIII em 1863. Neste período, Albert Nieman isolou o cloridrato de cocaína, criando a droga conhecida hoje, que – vale lembrar – foi muito usada e receitada por Freud.
Após a I Guerra Mundial, a cocaína vira moda no Rio de Janeiro e em São Paulo, sendo encontrada nas farmácias até 1924 com o nome de “fubá mimoso”.
“Vícios elegantes” - No século XIX, pela influência do Romantismo, as drogas faziam parte dos chamados “vícios elegantes”.
Ópio - O ópio era um dos mais usados. Originado da papoula, também tinha finalidade médica como analgésico e antidiarreico, tendo seu uso conhecido no Sudoeste Asiático e no Oriente Médio há 5 mil anos.
Morfina - Em 1817, a morfina do ópio foi isolada e produzida por laboratórios como analgésico, e em 1874, é produzida a heroína.
Ambas eram vendidas em farmácias.
LSD - O LSD (ácido lisérgico) - foi criado em 1943 por Albert Hofmann quando estudava um fungo do centeio para fazer um remédio para ativar a circulação.
Até 1963, o LSD era utilizado em tratamentos psicológicos. Foi difundido e ganhou força como uma droga relacionada à liberdade criativa e a artistas com Aldous Huxley, cujo livro “As portas da percepção” influenciou o nome da banda The Doors, marco do rock questionador e psicodélico.
Ecstasy - Atualmente há um incremento do uso por parte de jovens de classe alta e média de drogas sintéticas, tendo em vista a sua fácil aquisição fora da periferia.
Alguns exemplos são o ecstasy, derivado de anfetamina e estimulante do sistema nervoso central, o Special K, produzido a partir da quetamina, substância presente em anestésicos de uso veterinário, e o GHB, que também é chamado de Ecstasy líquido.
Formas de controle - A partir do século XX, as drogas começam a sofrer algumas formas de controle. Seu uso era legitimado por determinados discursos, tais como:
Médico, onde o usuário é considerado um doente, cujo aumento na sociedade

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