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direito dos tratados DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO GABRIEL ADAM UNISINOS DIREITO Recapitulação Histórica Os costumes estavam na base dos tratados internacionais até o século XIX. A partir de então, os tratados passaram a ser cada vez mais normatizados. Os Chefes de Estado perdem seu poder relativo de assumirem obrigações, tendo em vista os processos de ratificação. No século XX ocorrem transformações importantes: Surgimento de organizações internacionais de âmbito global Codificação do Direito dos Tratados Convenção sobre os Tratados de Havana (1926) Convenção de Viena (1969) 110 Estados participantes 32 signatários. Entrou em vigor em 1980, com a ratificação de 25 Estados-parte. Conceito e Elementos Básicos Os termos Convenção, Acordo, Protocolo, Compromisso e outros são sinônimos. Formalidade Ao contrário do costume, o tratado é formal. Ele deve ocorrer na forma escrita. Ele deve ser concluído, ou seja, precisa ter entrado em vigor para ser considerado um tratado. Atores Estados e organizações internacionais, e as exceções. Efeitos O acordo entre Estados produz efeitos jurídicos, direitos e deveres. Tratado: É todo acordo formal concluído entre pessoas jurídicas de direito internacional, e destinado a surtir efeitos. Classificação dos Tratados Número de Participantes: Bilateral: dois Estados-parte. Multilateral: mais de dois Estados-parte. Procedimento Tratado: Via de regra, demandam a ratificação do Parlamento Tratado executivo: o Chefe de Estado assina sem consultar o Senado e sem o consentimento deste. Acordos de procedimento breve: demandam formalidade menor, geralmente são bilaterais e dizem respeito a temas específicos. Podem ocorrer na forma de troca de notas. Execução no Tempo Tratados Dispositivos, Reais, Territoriais: criam uma situação estática, opera como um título jurídico, para fundamentar a legitimidade da situação que nele se encontra. Tratados que criam uma situação dinâmica: vinculam as partes por tempo indeterminado. Execução no Espaço Território dos países Extensões maiores: mundo, alto mar, espaço sideral, etc. Realização do Tratado Competência Negocial: Os Estados firmam os tratados, mas quem dentro da estrutura tem poder de assinar em seu nome? A) Chefes de Estado e Chefes de Governo Em regra, os Chefes de Estado detêm a prerrogativa de assinar os tratados internacionais. Contudo, os Chefes de Governo também podem fazê-lo. B) Plenipotenciários É uma representatividade derivada. Os Chanceleres possuem tal prerrogativa. Os Chefes de Missões Diplomáticas também. Estes precisam apresentar uma carta de plenos poderes. C) Delegações Nacionais A delegação geralmente participa da fase de negociação dos Tratados. Apenas os Chefes possuem a carta de plenos poderes. Estes não precisam ser Ministros ou diplomatas. Negociação Bilateral Local: no território de uma das partes contratantes. Exceções: em território neutro. Idioma Se ambos falarem o mesmo idioma, será neste. Se um for plurilíngue, e o outro tiver língua em comum, será nesta. Será no idioma de maior comodidade para as partes. O documento oficial pode ser lavrado em uma única versão autêntica, em duas versões autênticas, em mais de duas versões autênticas, mas com o privilégio a uma. Negociação Coletiva Ela reclama a convocação de uma conferência diplomática internacional. Pode ser convocada por uma organização, por um grupo de Estados ou por um Estado. Local: na sede da organização, ou num Estado determinado pelos participantes. As partes escolhem o idioma negocial. Os documentos produzidos têm uma versão autêntica e as versões oficiais. Questão do assentimento O ideal é a unanimidade. Na Convenção de Viena a regra é a de dois terços. Nas conferências, a ideia de consenso entre as partes ganhou peso. Estrutura do Tratado O texto do Tratado possui um preâmbulo, um dispositivo e eventualmente um anexo. Preâmbulo Rol dos contratantes Motivos, circunstâncias e pressupostos do ato convencional O preâmbulo pode ter uma função supletiva ou interpretativa. Dispositivo Contém linguagem jurídica. Estabelece as obrigações das partes. Anexos Ficam deslocados para o final por uma questão metodológica. Expressão do Consentimento Assinatura Exterioriza o consentimento da parte. Neste caso, são as assinaturas que podem criar obrigações. A vigência é imediata, salvo em casos que as partes pactuem de modo diverso. Intercâmbio Instrumental Troca de notas negocial: é um processo de conclusão de tratados bilaterais. Neste caso, o tratado se concretiza em instrumentos conexos. Em regra, a troca de notas é exemplo de procedimento breve, sendo que o consentimento se exprime em uma fase única. No caso brasileiro, a troca de notas pode ficar sujeita à manifestação futura (ratificação). O consentimento aqui se dá pela transmissão do documento à outra parte. Ratificação Características: Na sua origem, a ratificação servia para o Chefe de Estado estudar a negociação realizada pelos plenipotenciários. Justificativas para a existência da ratificação A) importância da matéria reclama a posição do Chefe de Estado. B) A prática evita o abuso de poder do plenipotenciário. C) participação do Parlamento na formação da vontade do Estado sobre o comprometimento exterior. Seria o único momento em que os Parlamentos teriam voz em temas internacionais. Competência Ao direito interno compete determinar a competência para a assunção, em nome do Estado, de compromissos internacionais. No mais da vezes, recai sobre o Poder Legislativo. Ratificação: é o ato unilateral com que a pessoa jurídica de direito internacional, signatária de um tratado, exprime definitivamente, no plano internacional, sua vontade de obrigar-se. Ratificação Discricionariedade A ratificação, assim como a assinatura do tratado, é discricionária. Aquele que não ratifica um tratado internacional não comete um ilícito. Não há norma costumeira que determine prazo para a ratificação. Irretratabilidade Mesmo sendo unilateral e discricionário, a ratificação é irretratável, mesmo antes que o acordo entre em vigor. Ele é válido mesmo antes de que a regra Pacta Sunt Servanda entre em plena vigência. Nestes casos a obrigação subsiste pela boa-fé e segurança das relações internacionais. Logo, a irretratabilidade ocorre no período em que a ratificação não se deu pela(s) outra(s) parte(s), ou quando há lapso de acomodação previsto no próprio tratado. Discricionário: que procede, ou se exerce, à discrição, sem restrições, sem condições, arbitrário, caprichoso, discricional. (Dicionário Aurélio) Ratificação – Formas A ratificação deve ser expressa. Ela se consuma pela comunicação a outra parte, ou ao depositário, do ânimo de entrar no domínio jurídico do tratado. Essa comunicação pode ser oral, pela troca de carta de ratificação ou por notas diplomáticas. Depositário Nos acordos multilaterais é criada a figura do depositário, que recebe os instrumentos de ratificação dos países contratantes. Geralmente, ele também é depositário do Tratado, e como tal recebe os documentos do pacto, as adesões e as denúncias. As organizações internacionais podem ser depositárias, assim como seus funcionários mais graduados. O Sistema Brasileiro Competência do Congresso Nacional No Brasil, a regra geral é que até mesmo acordos bilaterais simples sejam submetidos ao Congresso Nacional. Acordos Executivos Possíveis no Brasil A) Acordo executivo como subproduto de tratado vigente interpretação de um tratado assinado pelo país ou os que decorrem de um tratado vigente. B) Expressão de Diplomacia Ordinária A relação com outros Estados é prerrogativa do Presidente da República. Exemplo: romper relações diplomáticas, alinhamentos com blocos, atuação nas OIGs. Constituição Federal de 1988 Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; Procedimento Parlamentar 4 1 3 2 Presidente assina Tratado Senado Federal Câmara dos Deputados Decreto Legislativo Reservas Reserva é uma declaração unilateral do Estado que consente, visando excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposição do tratado em relação a esse Estado. As reservas podem qualificar tanto o consentimento prenunciativo, dado na hora da assinatura, quanto o definitivo, relativo à adesão ou ratificação. Ela ocorre em tratados coletivos, posto que podem ocorrer situações em que parte do Tratado não interessa ao país. Quase sempre está prevista no tratado. Possível sobre todo o texto. Possível sobre parte do texto. Não admitida Se o tratado for silente, a reserva é possível, desde que compatível com o objeto e finalidade do tratado. O Congresso pode aprovar o tratado com restrições, que viram reservas. Vícios de Consentimento A) Consentimento violado por desobediência ao direito público interno No caso, o Executivo externa no plano internacional um consentimento para o qual não estava constitucionalmente habilitado. B) Erro, Dolo, Corrupção ou Coação sobre o Negociador O erro que se admite é o erro de fato e não de Direito. No passado, a coação sobre o negociador era mais comum. C) Coação sobre o Estado É utilizada a ameaça de uso da força para obrigar um Estado a assinar um tratado. Tratados desiguais não são considerados coação.
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