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TEORIA GERAL DOS TRATADOS PROCESSO DE APROVAÇÃO E NEGOCIAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS 1º FASE: NEGOCIAÇÃO, ADOÇÃO E ASSINATURA Fundamentação: artigo 7º da Convenção de Viena. O tratado, em si, é negociado quanto ao seu texto. Não há um prazo mínimo ou máximo para que haja a negociação. Assim que ela é concluída, o texto do tratado é adotado. Após sua versão final ter sido adotada, o texto fica sujeito à assinaturas. Quem os assina são os chefes de Estado. No caso do Brasil a competência é privativa do Chefe do Executivo (art. 84, VIII, CF). Por ser uma competência privativa, ele poderá denegar essa prerrogativa de assinar o tratado. Ele passará essa atribuição aos plenipotenciários. 2º FASE: REFERENDO PARLAMENTAR Decreto Legislativo que aprova ou rejeita o tratado. Se aprova: o Poder Executivo pode ratificar o tratado. Não aprova: o Poder executivo não pode ratificá-lo (CF, art. 49, I). Ocorre um controle de constitucionalidade difuso. O controle acontece na primeira fase, mas pode ocorrer que o Congresso entenda que algum dispositivo do tratado seja inconstitucional. É mais comum que o Poder Legislativo aprove o texto do tratado mediante o Decreto Legislativo. 3º FASE: RATIFICAÇÃO (APROVAÇÃO INTERNACIONAL) Ato do Poder Executivo que aprova o texto de determinado tratado, desde que o Poder Legislativo o tenha aprovado (referendado). Essa é a fase mais importante do processo de conclusão dos tratados. Não se trata de nova aprovação. Ela é uma espécie de aprovação para os outros Estados que fizeram parte daquela negociação. É como se fosse um compromisso de que aquele país está firmando com as outras partes que negociaram aquele tratado internacional. Se a entrada em vigor internacional não ocorrer no quórum mínimo de dois terços, ele não entra em vigor na ordem internacional - a negociação anterior fica basicamente inútil. 4º FASE: PROMULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO 1. Promulgação: decreto do Poder Executivo promulga e torna obrigatório o tratado no plano interno. A partir desse momento o tratado tem eficácia no ordenamento jurídico. 2. Publicação: Diário Oficial da União. O Decreto que promulgou a convenção. 5º FASE: REGISTRO A ratificação é registrada perante o órgão depositário, que publica o ato aos demais sujeitos de Direito Internacional. RESERVAS Formas de excluir ou modificar efeitos legais de certas disposições do tratado. Fundamentação: artigo 19 da Convenção de Viena. ADESÃO Consentimento em se obrigar a um determinado tratado quando este já foi negociado. O tratado já foi ratificado, e o país quer entrar nele. EXTINÇÃO DOS TRATADOS Execução integral: o tratado teve o objetivo e ele já foi alcançado. Caducidade: deixa de ser aplicado por longo espaço de tempo (foi negociado há muitos anos e não houve nenhum ato para manutenção). Consentimento mútuo: as partes que negociaram o tratado entram em um acordo para o extinguir. Guerra/ruptura das relações diplomáticas: quando ocorre uma guerra, ou até mesmo a ruptura, pode haver a extinção dos tratados. Pode por causa do advento do direito internacional humanitário - onde a guerra é um ilícito internacional. Hoje em dia, os tratados que porventura estejam relacionados a tratados de direito internacional, serão mantidos. Norma superior de jus cogens: estão acima dos tratados internacionais. Impossibilidade de execução: dificuldades para o cumprimento. Inexecução por uma das partes: uma das partes deixa de aplicar o tratado. Denúncia: retirada, antes do prazo ou não, daquele país em determinado tratado. Ele continua em vigor. VÍCIOS DO CONSENTIMENTO Erro: ocorre quando o sujeito de Direito Internacional consente com um tratado, supondo que determinada situação existia no momento da conclusão do tratado, no entanto, essa situação ou fato não existia na realidade. Dolo: vício do consentimento gerado pela conduta fraudulenta, que cria uma situação fictícia para conduzir o Estado ou OI a manifestar sua vontade em desacordo com a realidade. Há intenção do negociador do tratado em simular uma situação. Exemplo: Pacto Ribentropp-Molotov (Alemanha e União Soviética): A Alemanha enganou a União Soviética argumentando que não iria invadir a Polônia, quando, na verdade, invadiu em meses posteriores. Houve um dolo, onde a Uniçao Soviética foi enganada para fazer o tratado que seria basicamente um tratado de não agressão. Coação: o representante da negociação do tratado é obrigado a comprometer o Estado ou OI por pressão psicológica, violência ou grave ameaça. Exemplo: CIJ: Islândia x Reino Unido (1973, CIJ). EXIGIBILIDADE E EFETIVIDADE DOS TRATADOS O tratado é válido apenas para as partes que o ratificaram. Ele é aplicável sobre todo o território dos Estados e em suas representações diplomáticas localizadas no território de outros Estados. CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE Uma visão clássica do direito pode defender que a eficácia e a validade e uma Lei dependem apenas de sua compatibilidade com a Constituição. Porém, em uma ordem jurídica globalizada, esse é apenas um dos passos para assegurar a validade do Direito Interno. Além de compatíveis com a Constituição, as normas devem estar em conformidade com os tratados e convenções de direitos humanos. A efetivação passa pelo método conhecido como controle de convencionalidade. Essa técnica de interpretação teve origem nos tribunais internacionais e surgiu da necessidade de fazer com que os Estados cumpram suas obrigações assumidas no plano internacional. Ao julgar o caso Almonacid Arellano vs. Chile, a Corte Interamericana entendeu que todos os tribunais internos dos países signatários da Convenção Americana estão obrigados a seguir não só o que dispõe o pacto, mas também a jurisprudência da corte. Assim, reconheceu que o controle da correta aplicação das normas de direitos humanos não é monopólio da Corte, mas deve ser exercido por todos os juízes e tribunais dos países signatários. Para a Corte, a partir do momento em que uma convenção internacional é ratificada por um Estado, ela passa a integrar o ordenamento jurídico, obrigando os juízes a garantir que ela não seja prejudicada pela aplicação de leis internas. No julgamento do caso concreto, o Poder Judiciário deverá levar em conta não só o que dispõe a convenção, mas também a interpretação da norma dada pela Corte Interamericana. O STF aplicou o controle de convencionalidade em 2015, ao conceder a medida cautelar na ADPF nº 347, para, dentre outras medidas, determinar a realização das audiências de custódias no prazo de 24 horas a contar da prisão. Nessa oportunidade, ficou consagrada a adoção dessa técnica do direito brasileiro para o aumento da efetividade dos direitos humanos. TRATADOS NO DIREITO BRASILEIRO No Brasil, o tratado é internalizado com a promulgação do Decreto Executivo. Brasil: país dualista moderado - dualista porque existem duas ordens jurídicas, no entanto, também existe um regime diferenciado para os tratados de direitos humanos. GRUPOS DE TRATADOS INTERNACIONAIS Tratados de direitos humanos: CF, art. 5º, § 3º. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Obs.: os tratados de direitos humanos que não tenham sido aprovados por ⅗ e por dois turnos de votação, estarão acima da lei ordinária, e ao mesmo tempo não serão emendas internacionais - supra legalidade. Teria, em certa medida, uma terceira categoria de tratados internacionais. Tratados em geral: entram no ordenamento jurídico como lei ordinária, e não como emenda constitucional, e devem passar por todo o processo deaprovação.
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