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REFLEXAO A MULHER DESENCARNADA

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Nome: André Costa Carvalho	RA: B5229I-1
Disciplina: Processos Psicológicos Básicos	Profª Francine Dela Torre
Reflexão sobre "A Mulher Desencarnada", de Oliver Sacks.
	O caso já começa nos lançando uma reflexão extraordinária sobre nosso corpo: à parte dos nossos cinco sentidos, o fato de todas as ações, conduzidas pelos músculos, tendões e articulações, são conduzidas de forma oculta, inconsciente, mas estão o tempo todo em funcionamento.
	Logo vêm uma dúvida massacrante que, se profundamente refletida, nos leva à uma incognita: é possível duvidar de seu corpo a um ponto de desabilita-lo? Tamanha for a dúvida e receio, seria possível de fato "parar" esse sistema inconsciente, de forma à desabilitar tais partes do corpo? Como Sacks cita, tal cenário pode ser encontrado em um hospital de guerra.
	É disso que se trata o caso de Christina, uma jovem saudável, segura e forte de corpo e mente. Tinha um bom emprego como técnica em computadores e dois filhos pequenos. Quase nunca tinha ficado doente, e sua vida era bastante movimentada.
	Certo dia, se surpreendeu com uma terrível dor no abdomem. Foi ao médico e, com uma consulta rápida, foi constatado que tinha cálculos biliares, e foi aconselhada então a remoção de sua vesícula biliar, por meio de cirurgia. "Nada fora dos conformes", foi internada três dias antes da cirurgia no hospital e começou à tomar antibióticos. De fato, não era nenhuma anomalia ou novidade.
	Porém, no dia anterior ao da cirurgia, Christina teve um pesadelo terrível: sonhou que havia perdido toda a movimentação de seu corpo. Não conseguia controlar suas mãos, que iam de um lado para o outro, e o chão pareceu desaparecer sob seus pés. Não conseguia segurar nada e sua locomoção havia sido debilitada.
	Christina acordou aflita e angustiada, "nunca tive um sonho assim" disse ela. Pouca importância foi dada por parte do psiquiatra, que classificou aquilo como ansiedade pré-operatória. Mas no mesmo dia seu pesadelo se tornou realidade, Christina mal conseguia segurar algo em suas mãos e seu andar era todo desajeitado e sem coordenação. Mais uma vez, o psiquiatra declarou ser algo natural e típico da situação, sendo tudo aquilo apenas um ataque de ansiedade histérica.
	No dia da cirurgia, Christina piorou de uma forma terrível. Não conseguia ficar em pé e quando levava suas mãos para agarrar algo, errava o local do objeto. Tinha o rosto neutro, inexpressivo, e até sua postura haviam desaparecido. "Me sinto desencarnada", ela disse, tal afirmação espantou Dr. Sacks: era algo que ele nunca havia presenciado antes.
	Após pesquisas e consultas, Dr. Sacks chegou à conclusão que a propriocepção de Christina fora totalmente debilitada, e à aconselhou para a partir de então se tornar os "olhos" de seu corpo, devendo assim monitorar todos os seus atos com sua visão. Se quisesse andar, Christina deveria fixar os olhos em seus pés; se quisesse agarrar algo, ela deveria olhar para as suas mãos, e assim em diante.
	De fato, a vida de Christina nunca mais foi a mesma, mas aos poucos seu automatismo, que agora estava constantemente em desenvolvimento, foi lhe proporcionando um agir mais normal, menos robótico e mais natural.
	Este caso me traz à mente as sensações, que foi estudado em sala de aula. No caso de Christine, ela pôde ainda se guiar por meio de sua visão, mas todas as suas sensações do mundo à sua volta parecem ter sido nulificadas. Não sentia seu próprio corpo, não sentia nada, nem um toque. Se fechasse os olhos, caía como um saco vazio.
	 A dúvida que permanece é esta: o caso de Christina é algo patológico ou psicológico, neurológico? O sonho que Chrstina teve antes da cirurgia fora algo tão incomum e chocante, que isso penetrou em sua mente de tal modo que virou sua realidade, pois ela pensara demais nisso?
	De qualquer forma, Christina aprendeu à viver com os impulsos e estímulos de outras sensações, que agora, aparentemente, se tornaram ferramentas conscientes para seu dia-a-dia. Passou a usar mais a audição, pois perdera seu fluxo normal de seus orgãos vocais. Também desenvolveu de forma consciente - que após certo tempo e esforço se tornou inconsciente e automátivo - um controle antecipado sobre sua voz e postura.
	As sensações, provenientes de nossos sentidos, mesmo que uma seja debilitada, outras podem se aprimorar e se desenvolver ainda mais para se adequar às nossas necessidades. Isso mostra o quão necessárias elas são para nós, como um sistema de defesa, alerta, condução e informação.

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