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Ética e Legislação Profi ssional Professor conteudista: Gilberto Lessa Sumário Ética e Legislação Profissional Unidade I 1 NOCÕES GERAIS DE DIREITO .........................................................................................................................1 1.1 Breve conceito de direito .....................................................................................................................1 1.2 Direito objetivo e direito subjetivo ...................................................................................................2 2 DIREITO CIVIL .......................................................................................................................................................4 2.1 Fatos e atos jurídicos .............................................................................................................................5 2.2 Direito de propriedade ..........................................................................................................................6 2.2.1 Propriedade intelectual ...........................................................................................................................7 2.2.2 Propriedade industrial .............................................................................................................................7 2.2.3 Patentes .........................................................................................................................................................9 2.2.4 Marcas ......................................................................................................................................................... 10 2.3 O estatuto das pequenas e médias empresas ........................................................................... 12 2.3.1 Origem e evolução das micro e pequenas empresas no Brasil ............................................ 12 2.3.2 Contratos de prestação de serviços ................................................................................................. 14 Unidade II 3 DIREITO DO TRABALHO ................................................................................................................................. 16 3.1 Conceito de empregador e empregado ....................................................................................... 16 3.2 O direito do trabalho ........................................................................................................................... 17 3.3 Direitos individuais do trabalho ..................................................................................................... 17 3.4 Direitos coletivos de trabalho ......................................................................................................... 18 4 DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................................................... 18 Unidade III 5 ÉTICA .................................................................................................................................................................... 21 5.1 O que é ética .......................................................................................................................................... 21 5.2 Princípios e normas éticas ................................................................................................................ 23 5.3 Ética social, família, empresa, nação e globalização .............................................................. 25 6 CÓDIGOS DE ÉTICA PROFISSIONAL E EMPRESARIAL ........................................................................ 28 6.1 Códigos de ética ................................................................................................................................... 28 6.1.1 O código de ética profissional .......................................................................................................... 29 6.1.2 O código de ética empresarial ........................................................................................................... 32 6.2 A responsabilidade social .................................................................................................................. 35 6.3 O direito autoral .................................................................................................................................... 37 6.4 Código de defesa do consumidor .................................................................................................. 38 6.4.1 Direitos básicos do consumidor ........................................................................................................ 41 Unidade IV 7 ASPECTOS JURÍDICOS DA INTERNET ....................................................................................................... 42 7.1 Liberdade de informação na Internet, mensagens eletrônicas, habeas data e a privacidade ..................................................................................................................................................... 42 7.2 Os códigos de ética e o acesso não autorizado ....................................................................... 45 8 HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO ................................................................................................. 49 8.1 Higiene do trabalho ............................................................................................................................. 49 8.2 Segurança do trabalho ....................................................................................................................... 52 1 ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 Unidade I 5 10 15 20 1 NOCÕES GERAIS DE DIREITO 1.1 Breve conceito de direito Em todo instante e em qualquer parte que esteja, o cidadão está às voltas com o fenômeno do direito, seja para a defesa de uma causa própria ou para exigir reparação contra um prejuízo que tenha sofrido. Seu modo de agir ou sua abstenção diante de determinada situação é determinado em função do que lhe convém. Daí o direito, que regula as relações dos indivíduos na sociedade, minimizando ou reduzindo o conflito de interesses. Quando um conjunto de pessoas se organiza em pequenos grupos, ou isoladamente, em determinado território, fi ca estabelecida uma pequena sociedade, na qual seus elementos passam a interagir, direta ou indiretamente, uns com os outros. Desta interação podem ocorrer interferências positivas ou negativas que afetam interesses e geram confl itos, se não houver regras preestabelecidas de relacionamento. A conduta individual ou coletiva é regida por critérios éticos, morais e de direito. Quando em sociedade, o indivíduo assume as regras morais de forma a garantir o seu bem-estar, regras essas que são seguidas espontânea e naturalmente. Por exemplo, a devolução de um objeto perdido ao dono é ato moral quando feito de forma espontânea. Por outro lado, nessa mesma sociedade, o indivíduo assume a conduta estabelecida pelas regras instituídas pelo Estado, que 2 Unidade I Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 são cumpridas por existir uma coação, ou seja, uma pena pelo seu não cumprimento. Por exemplo, uma infração de trânsito. Em ambos os casos, o indivíduo tem a liberdade de tomar uma decisão, de cumprir ou não as regras estabelecidas, mas as consequências podem ser distintas, sofrer condenação moral ou judicial. A sanção pelo descumprimento da regra moral é a da consciência, e a coercibilidade imposta pela norma é característica do direito, e é formulada em códigos e leis. 1.2 Direito objetivoe direito subjetivo A palavra “direito” é comumente empregada em vários sentidos diferentes, segundo : • sentido objetivo: por direito, pode-se entender a norma ou o conjunto de preceitos em vigor num determinado país, de direito constitucional, de direito civil, de direito do trabalho, etc. Nesse sentido, denomina-se o direito também como direito positivo, ao qual se opõe o chamando direito natural, conjunto de princípios racionais de justiça que inspiram o primeiro; • sentido subjetivo: por direito, pode-se também entender a faculdade que assiste a quem a norma de direito ampara. O direito do credor com relação ao devedor, o direito do autor com relação ao plagiador, etc., são exemplos de direitos empregados no sentido subjetivo. Nesse sentido, é o interesse juridicamente protegido. Tal direito, entretanto, não pode existir se o outro, o direito objetivo, também não existe; • sentido de fato social: por direito, pode-se entender igualmente o fenômeno jurídico resultante das relações humanas e decorrentes da vida social. O direito, nesse sentido, é olhado sob um prisma puramente sociológico; 5 10 15 20 25 3 ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 • sentido idealista: por direito, pode-se entender, ainda, a ideia de justiça, verdadeira aspiração moral, toda orientada para o direito natural. Neste sentido, pode-se falar no sentimento do direito. • sentido de ciência: por direito, pode-se entender, fi nalmente, o corpo sistematizado de princípios que constituem a chamada ciência do direito. A noção de “direito” está associada à noção de “justiça”, cujo objeto consiste em dar a cada um o que lhe pertence. No cotidiano, o indivíduo quase sempre se sente injustiçado, por ser incapaz de discernir sobre a natureza da violação de seu direito. Quando observados os preceitos legais, a sociedade passa a usufruir dos benefícios de uma ordem social, que assegura a coesão dessa sociedade, implicando no equilíbrio de interesses opostos existentes. A justiça pode ser comutativa, distributiva ou social, conforme explica Paupério (2003): • justiça comutativa, bilateral, que diz respeito às permutas ou trocas, e seu fi m é estabelecer a igualdade das relações entre os particulares; • à justiça distributiva cabe repartir os bens e os encargos sociais, mediante uma distribuição equitativa, de acordo com seus méritos e habilidades; • justiça social, que implica na contribuição de cada um para a realização do bem comum. Sua atenção está voltada para o bem geral da sociedade. Essas três espécies de justiça integram o conceito da justiça participativa, que visa a despertar a atenção das pessoas com 5 10 15 20 25 4 Unidade I Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 relação à obrigação de cada um participar de forma livre e consciente, promovendo maior e melhor interação social. A divisão do direito Externo Direito internacional público Constitucional tributário Administrativo Direito público Interno Direito penal Direito processual Civil Penal Direito judiciário Comum Direito civil Direito privado Especial Direito comercial Direito do trabalho 2 DIREITO CIVIL “O direito civil é um ramo do direito privado. Trata-se de um conjunto de normas jurídicas que regula as relações entre as pessoas e entre estas e seus bens. Tais relações surgem no âmbito da família, referem-se às obrigações que se criam entre os indivíduos, seja em razão de lei, seja em função de contratos, ou seja, em decorrência de fatos alheios à vontade humana.” (Campos, 2006). O Código Civil é dividido em duas partes, geral e especial. Na parte geral estão os artigos que versam sobre as pessoas (naturais e jurídicas), os bens (quanto à classifi cação) e os fatos jurídicos (negócios jurídicos, atos jurídicos lícitos e ilícitos e da prova). Na parte especial estão os artigos relativos ao direito e obrigações, ao direito da empresa, ao direito das coisas, ao direito da família, às sucessões. 5 10 15 20 5 ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 Os temas tratados no Código Civil são amplos e pretendem englobar as situações relacionadas às relações de entes privados. Dentre as situações expressas no referido código, fi cam evidenciadas as características de personalidade e da capacidade do indivíduo e os conceitos identifi cadores das pessoas jurídicas. Como nem todas as pessoas possuem aptidões para o exercício de seus direitos e obrigações, o Código Civil trata especifi camente desse tema, ao estabelecer os casos em que tais pessoas fi cam impedidas, por falta de maturidade, por exemplo, de decidir o que lhes é conveniente, no tocante a seus direitos. No caso da pessoa jurídica, segundo Campos (2006), “sua existência começa com a inscrição de seus atos constitutivos, estatutos sociais, contrato social ou compromissos no registro público competente e termina com sua dissolução ou falência”. Em partes específi cas, o Código Civil defi ne, por exemplo, a forma de funcionamento, a composição das sociedades empresariais e os tipos de empresas no país, além de tratar das obrigações e dos contratos e do direito das coisas, como a posse e a propriedade de imóvel. 2.1 Fatos e atos jurídicos Durante sua existência, o homem pratica atos voluntários ou involuntários, que podem ser classifi cados de bons ou maus e provocar benefícios ou danos a si próprio ou a outrem. Dos atos decorrem os fatos, os acontecimentos, que por sua vez também podem ser prejudiciais ou não. No tocante aos aspectos jurídicos, Campos (2006) traz as seguintes defi nições: Ato jurídico – é o ato humano voluntário que produz efeitos regulados em lei, sem que o agente tenha 5 10 15 20 25 6 Unidade I Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 intenção de produzir efeitos jurídicos, mas sim com ato de mero poder. Exemplo: a fi xação de um domicílio. Fatos jurídicos – são os acontecimentos da vida em virtude dos quais as relações de direito nascem, se modifi cam ou se extinguem. Exemplo: o falecimento de uma pessoa. Negócio jurídico – é o ato humano voluntário, pelo qual o agente tem o propósito de realizar efeitos jurídicos em seu interesse. Exemplo: os contratos em geral, tais como o de compra e venda. Tais defi nições jurídicas atestam a importância que se deve prestar aos atos praticados durante o cotidiano, de forma a se evitar consequências negativas resultantes de tais atos. 2.2 Direito de propriedade A propriedade pode ser considerada como resultante do trabalho individual ou de antepassados, e faz parte das tendências da natureza humana. Desde cedo, na primeira infância, o ser humano procura guardar aquilo que o agrada, e com o passar do tempo procura, por meio de esforço pessoal, adquirir e conservar os bens necessários para a satisfação de suas diferentes necessidades. O conceito de propriedade também pode ser compreendido como o direito que uma pessoa tem sobre alguma coisa, de forma que possa usar, dispor e fruir desse bem, além de reavê-lo quando lhe for retirado indevidamente, ou ser indenizado, no caso de alguém lhe causar dano total ou parcial. Em princípio, são consideradas como propriedades os bens tangíveis, as coisas materiais, como as canetas, os automóveis, as roupas, etc. Com o passar dos tempos, o fruto da criatividade 5 10 15 20 25 7 ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL Re vi sã o: J ulia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 humana também passou a ter valor e a ser considerado como propriedade, no caso, imaterial. As obras literárias, as músicas, os programas de computador estão classifi cados dentro do conceito de bens imateriais, os quais também merecem especial atenção quanto a sua proteção. Daí a constituição do direito intelectual. São diversos os tipos de propriedades, cada uma delas com um aspecto característico, como as públicas e as privadas, agrícolas, industriais, rurais, urbanas, de bens de produção e de consumo, de uso pessoal ou coletivo. Certas categorias são destinadas à apropriação pública, como as praias, os lagos, os rios, as praças, etc. Dentre as propriedades especiais, destacam-se aquelas asseguradas por lei, tais como os proprietários de inventos, marcas, obras literárias, entre outras. 2.2.1 Propriedade intelectual Segundo defi nição da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), constituem propriedade intelectual as invenções, obras literárias e artísticas, os símbolos, os nomes, as imagens, os desenhos e modelos utilizados pelo comércio. As questões pertinentes ao direito autoral e da propriedade industrial estão inseridas no contexto da propriedade intelectual. Os temas referentes às marcas e patentes, ao desenho industrial e às indicações geográfi cas, por exemplo, estão sob a esfera da propriedade industrial. No tocante aos aspectos relacionados às obras artísticas e literárias, à cultura imaterial e aos domínios da Internet, estes são da alçada do direito autoral. 2.2.2 Propriedade industrial Desde o advento da Revolução Industrial, ocorrida na segunda metade do século XVIII, a sociedade vem presenciando 5 10 15 20 25 8 Unidade I Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 um acelerado processo de inovação tecnológica e se benefi ciando com seus resultados práticos, como a utilização de máquinas, equipamentos e utensílios cada vez mais utilitários e econômicos. A mutação da técnica industrial promoveu um intenso incremento na produtividade, com a redução de custos de produção e o consequente aumento na oferta de novos produtos e serviços. Toda essa evolução foi, e continua sendo, viabilizada graças aos novos inventos, às novas descobertas científi cas e às criações tecnológicas, gerando riquezas materiais com os novos produtos e serviços, os novos modelos de utilidade e a adição de valores agregados aos produtos então existentes. Nesse cenário, os inventores e criadores careciam de proteção jurídica para obter alguma recompensa por suas criações, e as organizações também buscavam proteção contra o uso indevido por terceiros das criações geradas por suas equipes de trabalho. Após décadas de tentativas e debates sobre o tema, por parte de comunidades empresariais, governamentais e representativas dos inventores e autores, passou a vigorar a lei que regula os direitos e as obrigações relativos à propriedade industrial, a Lei nº. 9.279, de 14 de maio de 1996. Conforme expresso no art. 2º da lei, a proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país, efetua-se mediante: • I - concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade; • II - concessão de registro de desenho industrial; • III - concessão de registro de marca; 5 10 15 20 25 30 9 ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 • IV - repressão às falsas indicações geográfi cas; • V - repressão à concorrência desleal. Quanto à titularidade, o artigo 6º da lei defi ne: Ao autor de invenção ou modelo de utilidade será assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas nesta lei. 2.2.3 Patentes Após anos de investimento em pesquisas, desenvolvimento, produção, marketing e demais recursos intelectuais, materiais e humanos, uma determinada organização lança novos produtos no mercado atraindo a atenção dos consumidores, e também dos concorrentes. Para evitar ou minimizar as perdas decorrentes da ação de competidores capazes de copiar esses produtos e vendê-los a custos menores, a empresa dispõe de um importante dispositivo de proteção, a patente. De acordo com a defi nição do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), patente é: Um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação.1 A autoria da patente pertence ao inventor, pessoa física, que deve proceder ao depósito de pedido de patente no órgão responsável pelo registro, para obter a titularidade do invento a nível nacional. Com isso, o então titular da patente, durante sua 1 Texto disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/ patente/pasta_oquee>. 5 10 15 20 25 10 Unidade I Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 vigência, passa a ter o direito de impedir o uso, a fabricação, ou a exploração comercial da sua criação. Caso o inventor trabalhe em determinada empresa para quem o produto foi criado, esta poderá requerer o pedido da patente. Cabe ao titular da patente o pagamento das anuidades, durante sua vigência e, após concedida a patente, deve iniciar a comercialização ou a exploração do produto patenteado. Dentre os requisitos de patenteabilidade destacam-se: • a novidade do invento, por não ter sido revelado ao público através de qualquer meio de comunicação; • aplicação industrial, por meio da produção do invento para o consumo; • atividade inventiva que permita a constituição de produto ou processo inédito no mercado, capaz de promover melhora substancial em comparação a algum outro existente. 2.2.4 Marcas Segundo Kotler e Armstrong (1988), marca é “um nome, termo, signo ou símbolo ou design, ou uma combinação desses elementos, para identifi car produtos ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e diferenciá-los dos de seus concorrentes”. O entendimento das funções da marca vem evoluindo ao longo dos anos, acompanhando o progresso industrial, de tal forma que hoje contribui decisivamente para o sucesso das organizações. A força da marca, como propulsora do desenvolvimento dos negócios, pode ser avaliada pelos valores que são atribuídos a 5 10 15 20 25 11 ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 muitas delas. Hoje, existem marcas mais valiosas do que todo o conjunto dos demais ativos de uma empresa. Conforme estabelece o INPI: A marca registrada garante ao seu proprietário o direito de uso exclusivo em todo o território nacional em seu ramo de atividade econômica. Ao mesmo tempo, sua percepção pelo consumidor pode resultar em agregação de valor aos produtos ou serviços por ela identifi cados.2 Para que a empresa possa obter ganhos com a marca, é necessário que a mesma seja registrada, sendo o registro válido por dez anos, e podendo ser renovado por iguais e sucessivos períodos. De acordo com sua fi nalidade de uso, a legislação brasileira instituiu três tipos de marcas: as de produto ou serviço; as de certifi cação, que validam a conformidade do produto com relação à normas específi cas; e as coletivas, relativas a produtos de uma mesma organização. Quanto à forma de apresentação, as marcas são classificadas como: • nominativas: composta por algarismos, letras ou palavras; • fi gurativas: apresentada por meio de imagem, fi gura ou desenhos; • mista: quando associa os elementos nominativos e fi gurativos; • tridimensionais. As marcas notoriamente conhecidas e as de alto renome recebem proteção especial, conforme os artigos 125 e 126 da Lei da propriedade industrial. 2 Texto disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/ marca/marca>. 5 10 15 20 25 12 Unidade I Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 Para uma proteção efetiva de uma marca, recomenda-se um estudo atento do que dispõe a referida lei e uma assessoria jurídica para o acompanhamento do processo de registro. 2.3 O estatuto das pequenas e médias empresas 2.3.1 Origem e evolução das micro e pequenas empresas no Brasil Não se pode afi rmar com precisão o momento em que as micro e pequenas empresas surgiram no Brasil. As poucas informações disponíveis estão nas obras de historiadores, como Caio Prado Jr., em que constam informações referentes à atividade produtiva na época colonial em pequenas propriedades privadas, além de pontos de comércio ainda incipientes. O crescimento das atividades voltadas à agricultura de subsistência gerou, ao longo dos anos, uma série de pequenas empresas que, ainda embrionárias, participariam ativamente das principais atividades econômicas. O Brasil colônia crescia produzindo suprimentos para a Coroa, em Portugal, e depois para os centros urbanos que se formavam ao largo da costa, centros estes que se expandiram intensamente a partir da chegada de D. João VI e sua comitiva ao Brasil, no ano de 1808. A partir daquele ano, as atividades empresariais se multiplicavam nas diversas regiões do país, e tiveram impulso graças ao início das operações do primeiro banco no Brasil, em 1809, que passaria a emitir notas bancárias. Com o advento da República e a expansão das atividades produtivas, com destaque para os ciclos do café e da borracha, cujos produtos eram exportados e contribuíram para a geração de divisas para o país. 5 10 15 20 25 13 ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 Nos anos 1950, o Brasil já diversifi cava sua pauta de exportação, devido ao aumento da produção de manufaturados. Nos anos 70/80, ocorreu um grande crescimento da economia brasileira, conhecido, na época, como “Milagre Econômico”. A partir de então, e até atualmente, a economia brasileira vem crescendo e atravessando as turbulências das crises econômicas que se sucederam. Durante todo esse período, dos tempos coloniais até hoje, as micro e pequenas empresas vêm se constituindo em importante sustentáculo do crescimento e do desenvolvimento nacional. Dados estatísticos, elaborados e divulgados pelo SEBRAE, demonstram que o segmento das micro e pequenas empresas representava, em 2004, 25% do Produto Interno Bruto (PIB), gerava 14 milhões de empregos, correspondentes a 60% do emprego formal, e constituía 99% dos seis milhões de estabelecimentos formais existentes. Atuando em mercados de crescente competitividade, essas pequenas e médias organizações careciam de tratamento diferenciado para atuar junto às grandes corporações. Até o ano de 1984, as micro e pequenas empresas não contavam com legislação específi ca, quando entrou em vigor o estatuto da microempresa, Lei nº 7.256 daquele ano. Atualmente, vigora a Lei nº 9.841, de 5 de outubro de 1999, que institui o estatuto da microempresa e da empresa de pequeno porte, “favorecendo-as com tratamento diferenciado e simplifi cado nos campos administrativo, fi scal, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial”: Para fi ns de enquadramento no SIMPLES – Sistema Integrado e Pagamento de Impostos e Contribuições 5 10 15 20 25 14 Unidade I Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 de Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, considera-se microempresa, a pessoa jurídica que aufi ra receita bruta igual ou inferior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) por ano, e empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica que aufi ra receita bruta superior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) por ano.3 Cerca de dois milhões de microempresas e empresas de pequeno porte se benefi ciam dessa lei, uma vez que, por não possuírem os benefícios de produção em grande escala, possuem menor capacidade econômico fi nanceira. 2.3.2 Contratos de prestação de serviços O crescente desenvolvimento das atividades empresariais, notadamente numa época em que os relacionamentos virtuais se ampliam com grande rapidez, exige uma postura cautelosa e preventiva por parte de todos que, direta ou indiretamente, promovem qualquer tipo de transações, compra, venda, locação, etc. Para se evitar contratempos, desgastes e confl itos, e gerar harmonia e confi ança entre os parceiros de negócios, é de vital importância a adoção de um instrumento capaz de promover segurança jurídica nas relações, o contrato. Ao estabelecer, formalmente, os direitos e deveres que vinculam as partes envolvidas, o contrato permite afi ançar o comprometimento referente aos compromissos assumidos, sejam eles societários, comerciais ou de outra categoria. Os contratos que formalizam os acordos entre as pessoas, conforme vontade para sua realização, podem ser expressos de forma escrita ou oral e devem obedecer aos pressupostos legais. 3 Texto disponível em: < http://www.biblioteca.sebrae.com.br>. 5 10 15 20 25 30 15 ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL Re vi sã o: J ul ia na - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 21 /0 8/ 09 Segundo Campos (2006), direito contratual é um conjunto de regras que se dispõe a regular as declarações de vontade das pessoas, estabelecendo um vínculo jurídico com o fi m de resguardar, modifi car ou extinguir direitos e obrigações. Classifi cação das pessoas jurídicas União Interno Estados de direito Municípios público Externo Nações estrangeiras Organismos internacionais Pessoa jurídica Sociedades empresariais Sociedades científi cas de direito Sociedades religiosas privado Sociedades literárias Sociedades esportivas Fundações Sindicatos Sociedades mercantis 5
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