Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Teoria da Elasticidade Universidade Anhembi MorumbiEconomia2 Teoria da Elasticidade 1. Introdução Até agora, estudamos que a quantidade demandada e o preço apresentam movimentos opostos, ou seja, se o preço de um produto aumentar, a quantidade demandada sofrerá uma redução. Mas em quanto? “Quanto” é uma pergunta muito importante, pois a dimensão dessa queda afetará significativamente a decisão das empresas. Por exemplo, se a elevação do preço causar uma redução expressiva na demanda, a empresa perderá muito mercado e pode até ser eliminada. Porém, se o aumento do preço causar uma pequena queda na quantidade demandada, as vendas em dinheiro da empresa podem até aumentar (o aumento do preço compensa a queda na quantidade). Analisar esses efeitos é uma questão fundamental para qualquer negócio. Mas como saber o “quanto”? Para responder a essa questão, a Economia utiliza a Elasticidade. A Elasticidade é uma medida de sensibilidade de uma variável em relação a outra. A Elasticidade informa a variação percentual que ocorrerá em uma variável em decorrência da variação de 1% em outra variável. Preço Qtd. Demandada Preço Qtd. Demandada Universidade Anhembi MorumbiEconomia3 Existem vários tipos de Elasticidades que nos permitem analisar situações do tipo: a) Quanto a demanda de um consumidor por um produto mudará em resposta à mudança (aumento ou redução) no seu preço? b) Quanto a demanda por um produto mudará em resposta à mudança na renda do consumidor? c) Quanto a demanda por um produto mudará em resposta à mudança no preço de algum outro produto? d) Quanto a oferta mudará em resposta às variações no preço? Essas perguntas são relevantes não apenas para economistas, mas para qualquer profissional da área de negócios. Por exemplo, para o lançamento de um produto no mercado é preciso projetar a demanda, conhecendo o público-alvo e analisando suas características e preferências. Também é importante avaliar o grau de aceitação deste produto no mercado e a Elasticidade é uma das medidas que pode ajudar, pois permite analisar a relação do consumidor perante alterações de preços do produto, colaborando para a projeção dos ganhos e para a definição de estratégias de preço e de divulgação. O objetivo desta unidade é mostrar a importância da Elasticidade e suas técnicas de cálculo. Vamos lá? Universidade Anhembi MorumbiEconomia4 2. Elasticidade-Preço da Demanda A Elasticidade-preço da demanda (Epd) mede a sensibilidade da demanda de um produto diante das mudanças no seu preço, ou seja, mede quanto varia a quantidade demandada em decorrência da variação do preço do produto. Ela é calculada da seguinte forma: Universidade Anhembi MorumbiEconomia5 Exemplo: Consideremos a seguinte escala de demanda de agendas: Calculando a elasticidade preço da demanda de agendas, temos: P0 = R$ 10,00/ unidade => Qdo = 100 unidades/mês P1 = R$ 12,00/ unidade => Qd1 = 60 unidades/mês ∆P = 2 ∆Q = - 40 Podemos calcular também a elasticidade usando as variações percentuais. No exemplo das agendas, o preço passou de R$ 10,00 para R$ 12,00, um aumento de 20% e a quantidade demandada passou de 100 para 60 unidades, registrando uma queda de 40%. A elasticidade seria: Esse resultado mostra que para cada movimentação no preço das agendas, a quantidade demandada é afetada duas vezes (2x) mais. Universidade Anhembi MorumbiEconomia6 Vamos calcular outro exemplo. Considere a seguinte escala de demanda de lápis de cor: Calculando a elasticidade, temos: P0 = R$ 10,00/ unidade => Qdo = 200 unidades/mês P1 = R$ 15,00/ unidade => Qd1 = 100 unidades/mês ∆P = 5 ∆Q = - 100 Neste caso, o aumento no preço provocou uma redução na quantidade demandada na mesma proporção, ou seja, o aumento do preço de R$ 10,00 para R$ 15,00 (aumento de 50%), provocou uma redução na quantidade demandada também em 50% (passando de 200 para 100 unidades). Universidade Anhembi MorumbiEconomia7 Cabe fazermos mais um exemplo. Considere a seguinte escala de demanda de estojos escolares: Nesse caso, o aumento do preço provoca um impacto na quantidade em menor proporção. O preço aumentou de R$10,00 para R$ 15,00, um aumento de 50%, a quantidade demandada caiu apenas 20%, passando de 100 para 80 unidades. O coeficiente de elasticidade-preço da demanda será sempre um número negativo, pois representa a relação inversa que existe entre as variações na quantidade demandada de um bem e as variações no seu preço (Lei da Demanda). Porém, é comum ignorar o sinal negativo na análise de elasticidade, considerando-se apenas seu valor numérico (ou valor absoluto). 1.1 - Classificação da Elasticidade: A Elasticidade-preço da demanda permite estabelecer três categorias: a) Demanda Elástica : Quando a quantidade demandada tem uma variação percentual maior que variação percentual do preço. Se considerarmos os valores absolutos, ou seja, ignorarmos o sinal negativo, quando Epd > 1 a demanda é elástica. (Nosso primeiro exemplo, das agendas, é um caso de demanda elástica, já que Epd = 2) Universidade Anhembi MorumbiEconomia8 Nesse caso os consumidores se mostram sensíveis a mudanças de preço, já que uma elevação no preço provoca uma grande redução na quantidade demandada desse bem. Estratégias de aumento de preços para esses bens devem ser muito bem analisadas. b) Demanda com Elasticidade Unitária: Quando o coeficiente for exatamente igual a -1 (ou exatamente 1 se considerarmos valores absolutos) diz-se que a sua demanda possui elasticidade unitária, ou seja, a quantidade demandada e o preço apresentam a mesma variação percentual. O nosso segundo exemplo, do lápis de cor, se enquadra nessa categoria. c) Demanda Inelástica: Quando a quantidade demandada tem uma variação percentual menor que a variação percentual do preço. Se considerarmos os valores absolutos quando 0 < Epd < 1 a demanda é inelástica. É o caso do exemplo dos estojos escolares, que resultou em uma elasticidade de -0,4. Quando a demanda é inelástica os consumidores são pouco sensíveis às variações de preço, assim, uma elevação no preço provoca uma pequena redução na quantidade demandada do bem. O que faz uma demanda ser elástica e outra inelástica? A resposta é a inclinação da curva de demanda. Veja os gráficos a seguir: Universidade Anhembi MorumbiEconomia9 Portanto, a elasticidade-preço da demanda depende da inclinação da curva de demanda, quanto mais inclinada, mais inelástica e quanto menos inclinada (mais “deitada”), mais elástica é a demanda. Universidade Anhembi MorumbiEconomia10 A inclinação da curva de demanda nos remete a dois casos especiais (Extremos): 1.2 - Fatores que influenciam a Elasticidade-preço da demanda: a) Essencialidade do bem: Quanto se trata de um bem de primeira necessidade, é de se esperar que os valores da elasticidade sejam reduzidos, porque como trata-se de um bem essencial, o aumento do preço não afetará de forma expressiva a quantidade demandada (as pessoas terão que comprar o bem, mesmo com o aumento do preço). Assim, quanto mais essencial for o bem, mais inelástica tenderá a ser sua demanda. b)Possibilidade de Substituição: Os bens que têm substitutos próximos tendem a ter uma demanda mais elástica porque o consumidor migrará para o substituto se o bem que está acostumado a adquirir sofrer uma elevação no preço. Assim, quanto mais substitutos uma mercadoria tiver, mais elástica deverá ser a sua demanda. Universidade Anhembi MorumbiEconomia11 c) Importância relativa do bem no orçamento: Os bens que têm uma representatividade significativa no orçamento tendem a ter uma demandamais elástica, pois como o peso do gasto com esses bens é expressivo, o consumidor é muito sensível a variações no preço. Já para bens que não pesam no orçamento, o consumidor tende a não se importar tanto com elevações no preço, e portanto, a demanda tende a ser mais inelástica. Assim, quanto maior o peso de um bem no orçamento, mais os consumidores buscarão substitutos quando seu preço aumentar e portanto, mais elástica tende a ser a demanda. d) Horizonte temporal: Em longos horizontes de tempo os bens tendem a ter uma demanda mais elástica, já que com o passar do tempo, novos substitutos surgirão e novos hábitos de consumo serão desenvolvidos, fazendo com que os consumidores busquem soluções para se adaptarem às mudanças de preço. Assim, a elasticidade de longo prazo tende a ser maior (e portanto mais elástica) que a elasticidade de curto prazo. 1.3 - Elasticidade-preço da demanda e a Receita Total: A relação entre elasticidade, mudança de preço e receita total constitui-se um dos aspectos mais importantes do conceito de elasticidade-preço da demanda. Quando um produtor altera seus preços, espera que o efeito sobre seu faturamento seja positivo. A Elasticidade-preço da demanda ajuda a analisar essas situações e por isso, torna-se uma importante ferramenta para elaboração de estratégias de preço. Antes de analisarmos esses efeitos, precisamos conceituar a receita total. Receita Total é a quantidade paga pelos compradores e recebida pelos vendedores do bem, é o faturamento da empresa, ou ainda o valor monetário das vendas. É calculada como o preço unitário multiplicado pela quantidade vendida. Universidade Anhembi MorumbiEconomia12 Receita Total = Preço Unitário (P) x Quantidade Vendida (Q) RT = P. Q Se o preço de um bem aumentar a quantidade vendida diminuirá e assim a receita poderá aumentar ou diminuir dependendo da dimensão das variações ocorridas no preço e na quantidade, portanto, o efeito sobre a receita total dependerá do grau de sensibilidade da demanda perante as variações no preço. Desse modo, existe uma forte relação entre a receita total e a elasticidade-preço da demanda. O gráfico a seguir ajuda a analisar essas situações: • Na parte elástica da demanda: uma elevação no preço, provoca uma queda significativa na quantidade demandada e portanto, a receita total sofrerá reduções. Assim, quando Epd > 1, preço e receita total oscilam em sentidos opostos. • Na parte inelástica da demanda: como a demanda cai pouco em decorrência do aumento no preço, a receita aumentará. Assim, quando 0 < Epd < 1, o preço e a receita total variam no mesmo sentido. • Quando a elasticidade-preço da demanda é unitária: a elevação no preço provoca uma redução na quantidade demandada na mesma proporção, não alterando a receita total. Assim, se Epd = 1, a receita se mantém constante quando o preço se altera. Universidade Anhembi MorumbiEconomia13 O exemplo a seguir nos ajuda a aplicar essa relação em uma situação real Exemplo: Quando a Cia de Transportes “Só Busão” elevou sua tarifa de R$ 2,20 para R$ 2,75 o número de passageiros diminuiu de 30.000 para 27.000. Qual a elasticidade-preço da demanda de transportes nesse intervalo de preços? Seria, nesse caso, a elevação de tarifa uma forma adequada para a empresa aumentar sua receita? Calculando a elasticidade preço da demanda, temos: P0 = R$ 2,20 Q0 = 30.000 P1 = R$ 2,75 Q1 = 27.000 ∆P = R$ 0,55 ∆Q = - 3.000 ∆%P = 0,55/2,20 = 25% ∆%Q = - 3.000/30.000 = -10% Epd = ∆%Q = - 10% = -0,4 (Demanda inelástica) ∆%P 25% Sabemos que quando a demanda é inelástica, a quantidade demandada cai em proporção menor do que o aumento do preço e como a quantidade cai menos, a receita total tende a se elevar, sendo portanto uma boa estratégia se o objetivo da empresa for o aumento da receita. Vamos calculá-la para conferir? Antes do aumento do preço: Depois do aumento do preço: RT = P.Q RT = P.Q RT = 2,20 X 30.000 RT = 2,75 x 27.000 RT = R$ 66.000,00 RT = R$ 74.250,00 Universidade Anhembi MorumbiEconomia14 2 - Elasticidade-renda da demanda: Ao estudarmos os mecanismos de mercado, mostramos que a renda é um fator que influi na demanda. Vimos que variações na renda provocam alterações na demanda. A resposta da demanda a variações na renda pode ser medida pela Elasticidade-renda. A Elasticidade-renda da demanda mede o grau em que a quantidade demandada de um bem responde a uma variação da renda dos consumidores. É definida por: Universidade Anhembi MorumbiEconomia15 Exemplos: Considere a demanda de frango. Um consumidor com renda de R$ 1.000,00 demanda por ano 50 quilos de carne de frango. Um aumento na renda para R$ 1.200,00 provoca uma elevação na quantidade demandada para 55 quilos de carne de frango. Calcule a elasticidade-renda da demanda. Renda inicial = Y0 = R$ 1.000,00 => Qdo = 50 Renda Final = Y1 = R$ 1.200,00 => Qd1 = 55 ∆Y = 200 ∆Q = 5 Esse resultado mostra que um aumento na renda provoca uma elevação na demanda por carne de frango em uma proporção 0,5 vezes maior. No exemplo, a renda aumentou 20% e a quantidade demanda de frango aumentou 10% (ao passar de 50 para 55 quilos). Universidade Anhembi MorumbiEconomia16 Agora considere a demanda por carne bovina de segunda. O mesmo consumidor com renda de R$ 1.000,00 demanda por ano 50 quilos de carne bovina. Um aumento na renda para R$ 1.200,00 provoca uma redução na quantidade demandada para 40 quilos de carne. Calcule a elasticidade-renda da demanda. Y0 = R$ 1.000,00 => Qdo = 50 Y1 = R$ 1.200,00 => Qd1 = 40 ∆Y = 200 ∆Q = -10 O resultado da elasticidade-renda nos revela que um aumento na renda, provoca uma redução na quantidade demandada do bem (em decorrência do resultado negativo) na mesma proporção, ou seja, se a renda subir 20%, a quantidade demandada cai 20%. 2.1 - Classificação da Elasticidade-renda: Sempre que o coeficiente de elasticidade-renda da demanda for um número positivo podemos afirmar tratar-se de um Bem NORMAL, cuja demanda aumenta diretamente em relação à renda (é o que aconteceu com a carne de frango do nosso exemplo). No tocante aos bens normais, podemos dividi-los em: • bens elásticos em relação à renda (quando Er > 1) Geralmente os bens supérfulos, tais como joias, casacos de pele, denominados bens de luxo, possuem alta elasticidade-renda. Universidade Anhembi MorumbiEconomia17 • inelásticos em relação à renda (quando 0 < Er < 1) Geralmente os bens considerados como de primeira necessidade (alimentação, educação, etc.) apresentam baixa elasticidade-renda. É o caso do nosso exemplo da carne de frango. • com elasticidade-renda unitária (Er = 1). A procura por moradias apresenta coeficiente de elasticidade-renda próximo a 1 Já quando o coeficiente de elasticiade-renda da demanda for um número negativo podemos afirmar que se trata de um Bem INFERIOR, cuja demanda varia inversamente em relação à renda. É nesse caso que se enquadra nosso exemplo da carne bovina de segunda. 3 - Elasticidade-preço da oferta Podemos aplicar o conceito de elasticidade também para a oferta. A Elasticidade-preço da Oferta (Epo) mede a sensibilidade da oferta de um produto diante das mudanças no seu preço, ou seja, mede quanto varia a quantidade ofertada em decorrência da variação do preço do produto. Ela é calculada da seguinte forma: Epo = Variação Percentual da Quantidade Ofertada Variação percentual do preço Universidade Anhembi MorumbiEconomia18 Exemplo: Consideremos a seguinte escala deoferta de refrigerantes: Calculando a elasticidade preço da oferta temos: P0 = R$ 2,00/ unidade => Qdo = 10.000 unidades/mês P1 = R$ 3,00/ unidade => Qd1 = 16.000 unidades/mês ∆P = 1 ∆Q = 6.000 Universidade Anhembi MorumbiEconomia19 Podemos calcular também a elasticidade usando as variações percentuais. No exemplo, o preço passou de R$ 2,00 para R$ 3,00, um aumento de 50% e a quantidade ofertada passou de 10.000 para 16.000 unidades, registrando uma elevação de 60%. A elasticidade seria: Esse resultado mostra que para cada movimentação no preço dos refrigerantes, a quantidade ofertada é afetada 1,2 vezes mais. Observe que a elasticidade-preço da oferta é calculada do mesmo modo que a curva da oferta. Porém como a curva de oferta tem inclinação ascendente, a elasticidade-preço da oferta será sempre positiva. A classificação da elasticidade preço da oferta também é semelhante: • Elástica (Epo > 1): um aumento no preço provoca uma elevação na quantidade ofertada em uma proporção maior. • Inelástica ( 0 < Epo < 1): um aumento no preço provoca uma elevação na quantidade ofertada em uma proporção menor. • Unitária (Epo = 1): um aumento no preço provoca uma elevação na quantidade ofertada na mesma proporção. A Elasticidade-preço da oferta não é muito utilizada na prática, pois os produtores sabem como reagirão às mudanças no preço dos seus produtos, não precisam, portanto, fazer cálculos para isso. Universidade Anhembi MorumbiEconomia20 A Elasticidade se aplica com muita frequência no caso da demanda, visto que os produtores precisam definir um nível de produção suficiente para atender aos consumidores, por isso fazem uma série de estudos e planejamentos quanto ao comportamento da demanda. Os produtores definem sua produção levando em conta uma série de aspectos como o comportamento da demanda, fatores de produção, produtividade do trabalho, custos, entre outros. A demanda nós já estudamos e os demais aspectos são assunto para nossa próxima unidade. Nos encontramos lá! Universidade Anhembi MorumbiEconomia21 Bibliografia BOYES, William; MELVIN, Michael. Introdução à Economia. São Paulo: Ática, 2006. HALL, Robert E.; LIEBERMAN, Marc. Microeconomia: princípios e aplicações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. MANKIW, Gregory N. Introdução à Economia: princípios de micro e macroeconomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. MOCHÓN, Francisco. Economia: teoria e política. 5. ed. São Paulo: Mc Graw Hill, 2006. PASSOS, Carlos Roberto Martins; NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. 4. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamentos de Economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
Compartilhar