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INTRODUÇÃO O trauma na idade pediátrica (0-17 anos), mesmo que raro nos países ocidentais, representa a maior causa de morte e invalidez neste período da vida1. Entre os adolescentes, após um evento traumático, ocorre comportamento similar ao dos adultos; nas crianças, é requerida particular atenção. A idade pré-adolescente está compreendida en- tre 0-13 anos e pode ser, por sua vez, convencio- nalmente, dividida em idade neonatal ou lacten- te (0-12 meses), pré-escolar (1-5 anos) e escolar (6-13 anos). O tratamento da criança traumatizada respeita a mesma seqüência de avaliação e de pro- cedimentos do adulto, com algumas particularida- des específi cas, durante as várias passagens, e que serão elencadas nos parágrafos a seguir. Mecanismo de trauma Os mecanismos de trauma variam em função da idade. No neonato prevalecem as quedas. Na idade pré-escolar, a queda e os acidentes (atropelamento de pedestre ou ciclista e acidente automobilístico, enquanto passageiro). Na idade escolar, os aciden- tes. Os acidentes são, portanto, a principal causa de morte por trauma, se for considerada toda a idade pediátrica1. Diferenças anatômicas e fi siológicas A energia do trauma se concentra sobre uma menor superfície e massa corpórea, na qual a quantidade de energia aplicada pode causar le- sões mais severas. A relação entre a superfície e o peso corpóreo é três vezes superior a do adulto e predispõe a perda de temperatura. O crânio tem dimensão e peso relativamente superior em relação ao do adulto, sendo o trau- matismo craniano mais freqüente e severo2,3. Da 143 Trauma em idade pré-adolescente mesma forma, os movimentos do crânio sobre a articulação atlantocciptal, devido a força apli- cada, predispõe a lesão das primeiras vértebras cervicais. A caixa torácica é mais elástica e alta, o que pre- dispõe a menor proteção dos órgãos torácicos e abdominais; são freqüentes as lesões dos órgãos internos, na ausência de fratura da estrutura ós- sea subjacente4. São típicas nas crianças as fraturas parciais (em galho verde) dos ossos longos. As fraturas das cartilagens de crescimento po- dem causar problemas de desenvolvimento do segmento ósseo acometido (em especial nos membros e na coluna)5. A esplenectomia causa um risco, por toda a vida, de sepse por germes capsulados6. Os parâmetros vitais normais mudam em razão da idade (Tabela 1). O trauma na idade pré-adolescente pode causar conseqüências psicológicas e comportamentais permanentes. Em cada centro de trauma deve ter disponível um carrinho preparado, com os equipamentos adequados, para a reanimação de traumatizado na idade pré-adolescente (Tabela 2). AVALIAÇÃO PRIMÁRIA E REANIMAÇÃO A avaliação primária deve ser particularmente apro- fundada nas crianças, pois elas possuem mecanismos de compensação efi cazes que retardam a alteração de parâmetros vitais em virtude de um trauma7. A – Via aérea – Nos neonatos, para obter a posição neutra do corpo, deve ser mantido o colar cervical e realizada a elevação do tronco, com um coxim de 2 cm, em 144 Capítulo 14 - Trauma em idade pré-adolescente 14 relação ao apoio do occipital (sniffi ng position), de modo que o plano que passa pelo rosto seja paralelo ao da espinha3,8. – O diâmetro de acesso à via aérea (para a ven- tilação manual por máscara ou para a intuba- ção) é otimizado pela sniffi ng position, já que a laringe é mais cefalizada e anteriorizada. – A cânula orofaríngea deve ser utilizada com atenção e sem rotação, durante a sua inserção, devido o risco de lesão do palato mole e do septo. – A intubação é efetuada por via orotraqueal, sendo os medicamentos de escolha o fentanil ou o midazolam e o rocuronium, mais pré- medicação com atropina 0,5-1 mg, para a idade pré-escolar. O diâmetro do tubo corresponde grosseiramente aquele do quinto dedo da mão. O tubo não possui necessariamente cuff até 6-7 anos (Tabela 3). A traquéia é mais curta e a in- tubação seletiva do brônquio principal direito é freqüente. Em caso de necessidade de via aérea cirúrgica é preferível a traqueostomia, na sala de cirurgia (Jet ventilation com agulha trans- laríngea ou a cricotireoidostomia são opções temporárias até os 12 anos). B – Ventilação – A ausculta deve ser realizada sobre a área axilar, para evitar interferência de sons respira- tórios contralaterais. – A ventilação excessiva pode causar barotrau- ma, devendo ser considerados os valores de re- ferência de volume corrente por idade (Tabela 1). Ao contrário, a hipoventilação e a hipoxia são causas freqüentes de parada cardíaca e, por isso, é necessário um monitoramento atento. – O pneumotórax hipertensivo causa rapida- mente conseqüências hemodinâmicas, devido à elasticidade das estruturas mediastinais, faci- litando o desvio e a compressão dos vasos. – A descompressão de emergência deve ser efetuada sobre a linha axilar média com agu- lha 20-18 G. A descompressão com abordagem anterior é arriscada devido à lesão vascular. C – Circulação – A hipotensão é um sinal tardio de choque (manifesta-se somente após a perda de mais de 45% da massa circulante, estimável em 80 mL/kg). Os sintomas mais precoces de cho- que são a taquicardia (> 10% do valor normal para qualquer idade) (Tabela 1), a redução da pressão diferencial (sistólica menos diastólica) em 20 mmHg, agitação, vasoconstrição e pele mosqueada. É possível calcular a pressão sistó- lica normal somando a 70 o dobro da idade em anos. A pressão diastólica corresponde a dois terços da sistólica. – A infusão inicial prevê a administração de 20 mL/kg de ringer lactato aquecido a 38ºC em Idade Peso (kg) Pulso/ min Pressão sistólica (mmHg) Freqüência respiratória/min Volume corrente (mL) Diurese (mL/kg/h) 0-12 meses 3 160 70 60 25-30 1,5-2 1-2 anos 9 130 85 40 70-80 1,5 3-5 anos 15 120 89 30 120-130 1 6-10 anos 24 110 94 25 200-220 1 11-13 anos 35 90 100 20 280-300 1 > 13 anos > 65 70 120 15-20 500-600 0,5-1 Tabela 1 Parâmetros vitais na infância Idade Tubo gástrico Cateter vesical Tubo torácico Via endovenosa 0-12 meses 5 5 10 22 1-2 anos 10 8 10-12 20-22 3-5 anos 10 10 16-20 20-22 6-10 anos 12 10 20-24 20 > 10 anos 16 16 28-32 18 Tabela 2 Equipamento para o traumatizado na idade pré-adolescente 145 Capítulo 14 - Trauma em idade pré-adolescente 14 bolus, podendo ser repetido por três vezes. No caso de ausência de resposta, é iniciada a administração de 10 mL/kg de sangue (O ne- gativo, na emergência e tipo específi co suces- sivamente). – Na ausência de acesso venoso pode ser uti- lizada, na fase pré-escolar, a via intra-óssea (para cristalóides, sangue e medicamento) com agulha espinhal 18-20 G no neonato e agulha medular 13-16 G nas crianças de 1-5 anos, inserida na tíbia 1 cm acima da tube- rosidade. A via intra-óssea deve ser removida dentro de 4 horas para evitar o risco de osteo- mielite. – A reavaliação do efeito da infusão baseia-se no monitoramento da freqüência cardíaca, da pressão sistólica, da diferencial e da diurese. D – Incapacidade. Avaliação neurológica sumária – O valor normal da ECG, por volta dos 5 anos, é modifi cado em função da idade (Tabela 4). – Nas crianças com traumatismo craniano, mais do que nos adultos, deve ser prevenido o dano secundário da hipoxia e da hipotensão. Deve ser dada particular atenção para a abor- dagem das vias aéreas, da ventilação e da cir- culação10. E – Exposição – A exposição da criança traumatizada deve ser realizada num ambiente com temperatura superior a 22ºC e com o auxílio de lâmpadas aquecidas. A criança deve ser coberta com manta térmica para prevenir a hipotermia. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA, EXAMES RADIOLÓGICOS E TRATAMENTO A seqüência da avaliação secundáriae a apli- cação dos exames de primeiro e segundo nível é análoga a do adulto. No caso de particular competência da equipe e do seu radiologista e em traumatismos sem indicadores de violên- cia, é possível empregar a ecografi a, podendo ser repetida depois de algumas horas, como principal exame de screening para o tórax, ab- dome, pelve e também para os ossos longos, Idade Diâmetro interno do tubo traqueal (mm) Tamanho da traquéia (cm) Distância dos lábios até a traquéia (cm) 0-12 meses 3 sem cuff 3 10 1-2 anos 3,5-4 sem cuff 4,3 11 3-4 anos 4-4,5 sem cuff 5,3 13 5-6 anos 4,5-5 sem cuff 5,7 16 7-10 anos 6-6,5 com cuff 7 20 > 10 anos 7-8 com cuff > 10 > 22 Tabela 3 Indicações para a intubação orotraqueal Tabela 4 Escala de Glasgow para idade pediátrica ESCALA ECG < 5 ANOS ABERTURA OCULAR RESPOSTA VERBAL RESPOSTA MOTORA 4 espontânea 3 a estímulos verbais 2 a dor 1 nenhuma 5 orientada (> 5aa) 4 palavras (> 12 m) 3 sons (6-12 m) 2 choro (0-6 m) 1 nenhuma 5 obedece aos comandos (> 2 aa) 4 localiza a dor (6 m-2 aa) 3 fl ete em resposta a dor 2 retira em resposta a dor 1 nenhuma VALOR NORMAL DA ECG POR IDADE ATÉ OS 5 ANOS 0-6 meses 6-12 meses 1-2 anos 2-5 anos 5 anos 9 11 12 13 14 146 Capítulo 14 - Trauma em idade pré-adolescente 14 reservando os exames radiológicos para os quadros patológicos de dúvida11. Ao contrário, na presença de trauma com indicadores de alta energia, empregar extensamente a TC sem e com contraste, que fornece informações com- pletas a respeito das vísceras e esqueleto do tronco12. Em caso de necessidade de sedação para a realização de exames ou procedimentos dolorosos, está indicada a utilização de propo- fol em infusão associado a bolus de fentanil13. Crânio e região cervical – A perda de consciência, mesmo que tempo- rária ou mínima, a alteração comportamental, a presença de vômitos ou crise convulsiva re- quer imediatamente uma TC. – As lesões do tipo escalpo podem provocar grande perda de sangue e causar choque. – As fontanelas permanecem abertas até os 18 meses de idade. – Os hematomas extradurais são mais freqüen- tes do que os subdurais e os intracerebrais. – Os hematomas intracranianos, em idade neo- natal, podem causar uma perda de sangue tal que haja necessidade de transfusão. – A hipertensão intracraniana, nas crianças com traumatismo craniano, é freqüente. O monitoramento deve ser posicionado preco- cemente, nos casos de lesões potencialmente evolutivas e na ausência de possibilidade de reavaliação clínica. – As vértebras cervicais têm a forma de cunha anteriormente e se apresentam na radiografi a, de maneira fi siológica, como a pseudo luxação de C3-C2 na idade pré-escolar. As lesões mais freqüentes ocorrem nas primeiras quatro vérte- bras cervicais, devido a fl exibilidade ligamentar e ao peso da cabeça. A propedêutica da coluna cervical é oportuna em todas as crianças trau- matizadas, com indicadores de alta energia, sendo o exame clínico pouco confi ável. A TC com reconstrução sagital e coronal é a modali- dade de exame mais segura para a coluna cer- vical da criança. As radiografi as standard são de difícil interpretação, devido às cartilagens em crescimento. – São possíveis lesões medulares cervicais, na ausência de lesões ósseas (SCIWORA), de- vido à elasticidade músculo-ligamentar, que permite fl exão e extensão tamanha, a ponto de reduzir signifi cativamente o diâmetro do canal14. Tórax – As contusões pulmonares, mesmo sem fraturas de arcos costais, são as lesões mais freqüentes. – Todas as drenagens são posicionadas sobre a linha axilar média, com técnica aberta. – A presença de fratura de arco costal está as- sociada a uma mortalidade de 10% na coexis- tência de lesões internas graves4. – As indicações para a toracotomia no hemo- tórax são a perda de mais de 20% do volume circulante ou o sangramento persistente, por mais de 3 horas, de 2 mL/kg/h associados à instabilidade hemodinâmica. Abdome e pelve – A ingestão de ar pode causar distensão abdo- minal tal, a ponto de interferir com a ventila- ção. Em tais casos está indicada a descompres- são gástrica com sonda. – A avaliação complementar é similar a do adulto (Algoritmo 1): (a) no paciente estável, o exame físico positivo, o E-FAST positivo, a presença de hematúria, a alteração das transa- minases ou da amilase indicam a necessidade de aprofundamento diagnóstico através de TC com contraste. A maioria das lesões parenqui- matosas de baço, fígado e rim pode ser trata- da conservadoramente, com eventual auxílio da angiografi a, na presença de focos ativos de sangramento. Em caso de secção pancreática com o acometimento do ducto, ruptura dia- fragmática ou lesão de víscera oca, está indi- cada a intervenção; (b) nos pacientes instáveis, com E-FAST positivo, está indicada a laparoto- mia de urgência12. – O risco de sepse por germes capsulados pós- esplenectomia é de 0,026% durante toda a vida, com uma mortalidade de 50%. A vacina- ção antipneumocócica e anti-Haemophilus in- fl uentiae B é sempre indicada (Cap. 7, Tabela 5) após esplenectomia, mesmo que parcial ou tra- tamento conservador com angioembolização. – São bastante freqüentes, em caso de acidente automobilístico com desaceleração e em crian- ça contida por cinto de segurança, lesões da parede abdominal associada à ruptura do in- testino delgado; 60% dessas lesões estão asso- ciadas à fratura de Chance (fl exão/distração) de uma das três vértebras lombares. Com o mes- mo mecanismo, pode ocorrer, mais raramente, lesão do pâncreas no nível do corpo-istmo e do lobo esquerdo do fígado. 147 Capítulo 14 - Trauma em idade pré-adolescente 14 – Após o tratamento conservador do trauma hepático ou do baço, está indicada a abstenção de atividades físicas por um número de sema- nas igual ao grau OIS da lesão, mais duas. – A maioria das fraturas de pelve é tratada con- servadoramente, a menos que a fratura seja tal que requeira uma redução aberta, com uma fi xação interna. – As fraturas pélvicas estão mais associadas à lesão vesical, do que nos adultos, e devem ser atentamente pesquisadas com cistografi a ou cisto TC5. Lesões músculo-esqueléticas – As fraturas epifi sárias são típicas nas crianças e podem estar associadas a problemas de cres- cimento nos membros. – A avaliação radiológica dos membros requer o estudo comparativo com o lado são, devido a difi culdade de interpretação, em especial, no nível das epífi ses. – As lesões e as fraturas-luxações estão asso- ciadas a problemas relacionados à isquemia distal, os quais devem ser tratados precoce- mente. Algoritmo 1 Tratamento do trauma fechado abdominal nos pacientes pediátricos Não Sim Trauma fechado abdominal Instabilidade hemodinâmica E-FAST Laparotomia Observação Considerar alta precoce e acompanhamento ambulatorial TC de abdome com contraste Internação no CTI Repetição do exame hematimétrico Transfusão, se anemia Internação para observação Laparotomia, se piora objetiva abdominal ou leucocitose Positiva? Paciente estabilizado com infusão Lesão intra-abdominal presente? Possível tratamento conservador? Elevado risco para: – lesão gastrointestinal – lesão pancreática Hematúria microscópica Laparotomia Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Sim Não Não Sim Hiperamilasemia Tensão abdominal Hematúria macroscópica Hipertransaminasemia Anemia (HT < 30) ECG < 13 148 Capítulo 14 - Trauma em idade pré-adolescente 14 Lesões por abuso – Devem ser suspeitados os casos de história evasiva ou contraditória por parte dos pais. – São sugestivas de lesões por abuso: hemato- mas e contusões cutâneas múltiplas, queima- durade cigarro, fratura em espiral, múltiplas fraturas com níveis de cicatrização, hematoma subdural crônico, petéquias cerebrais múltiplas e shaken baby. Bibliografi a 1. Agran PF, Winn D, Anderson C, et al. Rates of pediatric and adolescent injuries by year of age. Pediatrics 2001;108:E45. 2. Chiaretti A, De Benedictis R, Della Corte F, et al. The impact of initial management on the out- come of children with severe head injury. Child Nerv Syst 2002;18:54-60. 3. 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