Buscar

Ciências Humanas Fascículo 05 Farias Brito

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

introdução
Estamos novamente com vocês para apresentar a longa 
história do povo judeu, desde sua origem até a realidade atual, 
com destaque para os conflitos ocorridos no século XX com 
povos árabes e muçulmanos, em virtude da criação do estado 
de Israel, em 1948. Esperamos ajudá-los na compreensão de 
fatos tão relevantes para a história ocidental.
oBJEto do ConHECiMEnto
A Guerra do Yom Kippur e suas 
Principais Repercussões
A Guerra do Yom Kippur foi a quarta guerra Árabe-Israelense, 
ocorrida entre os dias 6 e 26 de outubro de 1973, entre Israel 
e uma coalizão de estados árabes liderados por Egito e Síria. 
O conflito teve início com um ataque surpresa a Israel, deflagrado 
por Egito e Síria, no feriado judaico do Yom Kippur. Os alvos 
prioritários de sírios e egípcios eram, respectivamente, as Colinas 
do Golã e o Sinai, que haviam sido capturados por Israel em 
1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Pego de surpresa, o 
estado judeu viu seus inimigos avançarem sobre suas áreas de 
dominação nos primeiros dias para reagir, especialmente após 
a segunda semana do conflito, e reaver suas possessões.
As repercussões do conflito foram variadas, incentivando 
novas configurações nas relações internacionais, nas esferas 
econômica, política e energética, e entre os países, tanto na 
esfera interna, quanto na regional e global. Todavia, uma melhor 
compreensão do conflito e dos seus reflexos exige-nos uma 
análise da história e do que levou às animosidades entre judeus 
e palestinos, bem como dos conflitos que o antecederam na 
esfera regional, desde a conturbada criação do estado judeu 
de Israel no território da Palestina.
A Palestina, ou terra de Canaã, é considerada pelos 
judeus como um território sagrado, que lhes foi dado por 
toda a eternidade por Deus, quando este chamou o patriarca 
Abraão e lhe concedeu esta terra como a Terra Prometida, 
aproximadamente dois mil anos antes de Jesus Cristo nascer. 
CiênCias Humanas e suas TeCnologias
5
Fascículo
EnEm Em fascículos - 2013
Neste fascículo de Ciências Humanas e suas Tecnologias, viajaremos pela História para compreender a origem dos conflitos entre palestinos 
e israelenses, desde a chegada do patriarca Abraão à Terra Prometida até os conflitos após a criação do estado de Israel pela ONU. E, para 
encerrar, trataremos dos movimentos sociais, diversidade e políticas afirmativas.
Caro aluno
Daí em diante, foi estruturada uma relação íntima, embasada 
pela religião, entre os judeus e aquele território árido, banhado 
pelo rio Jordão.
Após uma migração em massa para o Egito, onde 
estiveram entre os séculos XVIII e XIII a.C., os hebreus, ou 
judeus, retornaram à Palestina guiados pelo patriarca Moisés, 
no episódio conhecido por Êxodo, e tiveram que lutar pela terra, 
ocupada no período especialmente por cananeus, filisteus, 
arameus e moabitas. A luta configurou a necessidade de 
instituição de uma chefia militar, o que originou a implantação 
do juizado. Em seguida, a reconquista do território demandou 
a criação de um mecanismo de governo para administrá-lo, o 
que levou à criação do regime de monarquia, que teve como 
destaques os soberanos Davi e Salomão, que comandou a 
construção do Templo de Jerusalém.
Após a morte de Salomão, em 926 a.C., ocorreu o 
Cisma ou divisão do reino dos hebreus em Israel e Judá. Essa 
divisão enfraqueceu o estado hebraico, facilitando invasões de 
inimigos, com destaque para o domínio dos assírios sobre o 
reino de Israel e os domínios de caldeus, persas, macedônios 
e romanos sobre Judá, que tinha como capital a cidade de 
Jerusalém. Durante a dominação romana, os judeus iniciaram 
revoltas que provocaram a sua expulsão da Palestina, entre os 
séculos I e II da era cristã, levando-os a vivenciarem a Diáspora, 
na qual os judeus passaram a viver dispersos em comunidades 
espalhadas pelo mundo. Nesse contexto, o Templo de Jerusalém 
foi destruído, restando até hoje apenas parte da parede externa, 
conhecida como Muro das Lamentações.
Vivendo em Diáspora, ou seja, dispersos pelo mundo, 
os judeus mantiveram suas crenças e tradições, marcadas 
pela influência religiosa que serviu de base para esse povo 
no correr dos séculos e alimentou o desejo de voltar para a 
Terra Prometida. Vivendo como estrangeiros ou até mesmo 
integrados à sociedade em diversos países, os judeus sofreram 
várias perseguições, em diversos períodos, notadamente na 
Idade Média.
No século XIX, a Palestina passou para o controle 
britânico. Em 1896, o jornalista judeu-austríaco Teodor 
Herzl publicou a obra Der Judenstaat (“O estado judaico”), 
considerada o marco que iniciou o movimento Sionista, que 
defendia o direito à autodeterminação do povo judeu e pregava 
a criação de uma pátria para os judeus na Palestina. O termo 
“Sionismo” deriva de Sião, nome de uma colina que cerca a 
cidade de Jerusalém. Além disso, em diversas passagens bíblicas 
o povo hebreu é chamado de “Filhos de Sião”. Judeus ricos 
de diversas regiões do planeta começaram a adquirir terras na 
região e incentivar a emigração de judeus de diversas regiões 
para esses locais.
Enem em fascículos 2013
2 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Durante a Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra se 
comprometeu a criar uma pátria judaica na Palestina, por meio 
da Declaração Balfour, em 1917. Em 1922, a Liga das Nações 
aprovou a referida declaração, o que incentivou mais migrações 
de judeus para a região, provocando alguns conflitos sem 
grandes proporções com a população árabe muçulmana local.
A ascensão nazista na Alemanha e a Segunda Guerra 
Mundial foram marcadas por grandes perseguições aos judeus 
na pátria germânica e nos países sob ocupação das tropas 
nazistas. Ao final da Guerra, a revelação do que aconteceu 
com judeus nos guetos e, principalmente, nos campos de 
concentração comoveu a humanidade. Os judeus perderam 
a cidadania, pertences, propriedades, negócios e bens, bem 
como foram proibidos de exercer várias profissões, como 
médico e contador. Obrigados a ter marcada a letra J em seus 
documentos, os judeus deviam ainda usar uma faixa branca 
no braço direito, contendo a estrela de Davi. Lojas e negócios 
judeus foram boicotados e depredados.
 Enviados para guetos, os judeus tinham as suas 
liberdades e direitos civis totalmente cerceados. Nos campos de 
concentração, apesar de também estarem ciganos, poloneses, 
eslavos, opositores, prisioneiros, homossexuais e outras minorias 
étnicas, os judeus foram as vítimas mais numerosas. Nesses 
locais eram submetidos a experiências e trabalhos forçados, 
além do extermínio em massa. Segundo dados oficiais, 
5.978.000 judeus foram mortos em campos de concentração 
nazista, na Segunda Guerra Mundial.
A comoção mundial com a situação judaica serviu de 
incentivo para a recém-criada Organização das Nações Unidas 
– ONU apressar a aprovação da criação de uma pátria para 
os judeus na Palestina. Em 1947, a Assembleia Geral da ONU 
aprovou o plano de partilha, que dividia o território palestino 
para a criação de um estado árabe muçulmano e um estado 
judeu. Os sionistas aceitaram o plano de partilha, mas os 
palestinos e os países árabes e muçulmanos da região não, o 
que deu início aos conflitos.
Em 1948, foi criado o Estado de Israel. Insatisfeitos, 
Egito, Síria, Jordânia, Líbano, Irã e Arábia Saudita atacaram 
o recém-criado Estado Judeu, iniciando a Primeira Guerra 
Árabe-Israelense ou Guerra de Independência (1948-1949). 
Apoiado por EUA, Inglaterra e França, Israel demonstrou sua 
superioridade militar ao ampliar seu território. O Egito ocupou 
a Faixa de Gaza e a Jordânia ocupou a Cisjordânia e parte de 
Jerusalém. O conflito marcou ainda o início de um grande 
problema para a região: um imenso número de refugiados 
palestinos ficou sem seu território e impedido de constituir 
sua pátria.
Em 1956, Israel atacou o Egitocontando com o apoio 
da França e Inglaterra, ocupou a região do Sinai e passou 
a controlar o Golfo de Ácaba. Tal fato foi uma reação à 
nacionalização do Canal de Suez e ao fechamento do porto 
de Eilat, por ordem do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser. 
Era a Segunda Guerra Árabe-Israelense ou Guerra do Suez. 
Todavia, EUA e URSS pressionaram e Israel recuou, devolvendo 
no ano seguinte o Sinai ao Egito. O fato fortaleceu politicamente 
o presidente Nasser, que passou a ser visto como a grande 
liderança regional.
Ao longo da década de 1950, foi iniciada a organização 
da luta do povo palestino contra os inimigos judeus. Foi criada 
a Al Fatah e tiveram início ações armadas contra Israel. Um 
dos líderes da organização passou a ganhar destaque na causa 
palestina: Yasser Arafat. Em 1964, foi criada a Organização para 
a Libertação da Palestina – OLP, que viria a ser reconhecida, em 
1993, como legítima representante do povo palestino, após 
reconhecer a existência de Israel.
Em 1967, reagindo aos cada vez mais frequentes 
ataques terroristas palestinos e a uma nova coalização de países 
árabes e muçulmanos que fechavam todos os acessos a Israel, 
este atacou seus inimigos vizinhos, ocupando a Faixa de Gaza, 
o Sinai, a Cisjordânia, as Colinas de Golã e Jerusalém. Era a 
Terceira Guerra Árabe-Israelense ou Guerra dos Seis Dias. Houve 
intervenção da ONU, que determinou um imediato cessar-fogo, 
que foi atendido. Entretanto, Israel ignorou as determinações 
da ONU para que deixasse os territórios ocupados.
Golfo
de Suez
Mar
Morto
Mar
Mediterrâneo
PENÍNSULA
DO SINAI
EGITO
ARÁBIA
SAUDITA
JORDÂNIA
LÍBANO
Jerusalém
Oriental
Gaza
CISJORDÂNIA
COLINAS
DE GOLÃ
SÍRIA
Haifa
Israel
1967
HOJE
A VITÓRIA NA GUERRA DOS SEIS DIAS
O Sinai foi
devolvido ao
Egito em 1982.
Israel devolveu
Gaza aos
palestinos em
agosto de 2005
e se retirou de
quatro pequenos
assentamentos
no norte da
Cisjordânia
I S R A E L
Jenin
LÍBANO
JORDÂNIA
Tulkarem
Nablus
Qalqilya
Ramallah
Hebron
Áreas
palestinas
Áreas
israelenses
nos territórios
Colônias
judaicas
FAIXA
DE GAZA
CISJORDÂNIA Belém
Jericó
Jerusalém
Mar
Mediterrâneo
SÍRIA
As conquistas da Guerra dos Seis
Dias multiplicaram por três o
tamanho do país
Territórios
conquistados
por Israel Tel
Aviv
<http://www.mundovestibular.com.br/articles/4378/1/A-GUERRA-DOS-SEIS-
DIAS/Paacutegina1.html>. Acesso em 12 de julho de 2011.
A já citada Guerra do Yom Kippur foi a Quarta Guerra 
Árabe-Israelense, ocorrida em 1973. Apesar da intervenção 
da ONU, dos EUA e da URSS, não houve acordos definitivos 
e Israel não devolveu os territórios que havia ocupado em 
1967. Diante da situação, os países árabes decidiram usar o 
petróleo como arma política e através da Organização dos 
Países Exportadores de Petróleo – OPEP, reduziram a produção 
do produto e boicotaram seu fornecimento a países aliados de 
Israel, causando a Crise Mundial do Petróleo de 1973.
A crise demonstrou, especialmente ao mundo ocidental, 
a dependência em relação ao petróleo e a importância 
geopolítica e estratégica do mundo árabe. No Brasil, a crise 
ajudou a determinar a falência do “Milagre Econômico” vivido 
no País. À época, as economias capitalistas, em geral, eram 
marcadas por forte intervencionismo e consequentemente 
os estados foram diretamente atingidos. Dali em diante, 
começaram a ganhar corpo as propostas econômicas de 
redução da intervenção do Estado na economia e começava 
a nascer o neoliberalismo, especialmente na Inglaterra, sob o 
governo da Primeira-Ministra Margareth Tatcher, e nos EUA, 
governados por Ronald Reagan. Na América do Sul, o Chile, 
governado pelo ditador Augusto Pinochet, foi o primeiro país 
a adotar tais práticas.
Enem em fascículos 2013
3Ciências Humanas e suas Tecnologias
Por outro lado, a crise estimulou a busca por fontes 
alternativas de combustíveis e energia. Nesse contexto, merece 
destaque o Programa Nacional do Álcool ou Proálcool, instituído 
em 1975 no Brasil, que visava a substituição em larga escala 
dos veículos movidos a combustíveis derivados do petróleo 
por álcool.
A crise incentivou ainda uma busca pelas grandes 
potências econômicas, especialmente EUA, Inglaterra e França, 
de uma aproximação com os países árabes. Dessa forma, 
empresas multinacionais passaram a investir grandes somas de 
capitais no mundo árabe e o Ocidente, especialmente os EUA, 
buscaram aproximações e acordos políticos e diplomáticos com 
países como Arábia Saudita, Iraque, Pérsia e Egito. Este último 
foi o primeiro a reconhecer Israel, com a assinatura do acordo 
de Camp David, em 1979, em troca da devolução do Sinai 
pelo Estado Judeu, que cedia às pressões norte-americanas 
nesse sentido. 
A aproximação do soberano ou Xá Reza Pahlevi com os 
EUA, associada à impopularidade da monarquia persa, acusada 
de promover uma ocidentalização do país, foram os principais 
motivos da Revolução Islâmica de 1979, que transformou a Pérsia 
na República Islâmica do Irã, país de governo fundamentalista 
antiamericano e antissionista comandado por líderes religiosos 
locais – os Aiatolás, o que ampliou as tensões na região.
QuEStão CoMEntada
Compreendendo a Habilidade
– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos
 ou ambientais ao longo da história.
C-3
H-15
•	 (PUC-MG	–	Adaptada)	Leia	atentamente	o	texto	a	seguir,	
de Moacyr Scliar.
 “Israel representa uma mudança transcendente na 
multimilenar trajetória dos judeus. O Holocausto as 
revelações sobre o massacre de judeus deram dramática 
legitimidade ao movimento sionista e reivindicação de um 
território. A fundação de Israel deveria ser decidida pela 
recém-criada Organização das Nações Unidas. EUA e URSS 
apoiavam a partilha da Palestina e a criação de dois Estados 
um árabe, outro judeu. 
 Com as superpotências coincidindo em seus pontos de 
vista, não foi difícil para a Assembleia Geral da ONU aprovar, 
em novembro de 1947, a divisão da Terra Santa. O projeto 
foi rejeitado pelos representantes dos países árabes. Mas 
os judeus, liderados por David Ben-Gurion, levaram a 
proposta adiante. Quase seis meses depois, 14 de maio 
de 1948, proclamaram a independência. Imediatamente 
estourou o conflito bélico, vencido pelos israelenses. Outros 
conflitos vieram, notadamente a Guerra dos Seis Dias. Israel 
consolidou-se como potência militar. Desde então, trava-se 
uma luta amarga e desumana entre israelenses palestinos, 
que, ao longo dessas décadas, acabaram por forjar uma 
identidade nacional.”
 A partilha da Palestina ocorreu há mais de seis décadas 
e ainda é alvo de polêmicas. Acerca da partilha e seus 
impactos, a base para a criação do Estado de Israel foi 
assentada:
a) na possibilidade de existência de um Estado judaico com 
a aprovação dos países árabes.
b) na legitimação pela força, comprovada pela sequência 
vitoriosa em conflitos e guerras contra seus vizinhos.
c) na possibilidade da existência de uma maioria judaica 
num território estabelecido para tal fim.
d) na ideologia sionista, que defendia a entrada dos judeus 
na Palestina sob domínio inglês.
e) na aceitação por parte de ambos os lados de uma divisão 
equitativa da cidade de Jerusalém.
Comentário
Após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, a ONU 
determinou a divisão do território palestino entre judeus e 
palestinos, devendo ser criado um estado para cada uma destas 
nações. Foi criado o Estado judeu, mas a proposta não agradou 
à população palestina local e os países árabes e muçulmanos do 
Oriente Médio, e o Estado palestino não foi criado. É importante 
lembrar que a divisão do território colocou cidades palestinas sob 
domínio israelense e muitos muçulmanos foram expulsos de suas 
terras e encaminhados para novas áreas que deveriam ser do 
Estadopalestino. Ocorreram conflitos e guerras, entre as quais a 
Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando a vitória de Israel levou a 
uma ocupação de territórios palestinos, transformando milhares de 
palestinos em refugiados em seu próprio território ou em países 
vizinhos, com destaque para o Líbano.
Resposta correta: C
EXErCÍCioS dE FiXação
Compreendendo a Habilidade
– Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos 
ou ambientais ao longo da história.
C-3
H-15
01. O Oriente Médio foi palco de conflitos internacionais de 
grande repercussão no mundo ao longo do século XX. 
A crise que envolveu a nacionalização do canal de Suez 
pelo Egito, em 1956, conjugou questões políticas, 
econômicas e militares numa escala internacional, inserida 
no contexto da Guerra Fria. O presidente egípcio Gamal 
Abdel Nasser iniciou a crise que levou ao conflito quando 
anunciou a nacionalização do canal de Suez, levando 
Israel, com o apoio de Inglaterra e França, a atacar o 
Egito. Qual o contexto internacional da década de 1950 
permitiu a nacionalização do canal de Suez e o fracasso 
dos movimentos armados contra o Egito?
a) No contexto da Guerra Fria, o equilíbrio entre as 
superpotências e os interesses internacionais levaram 
EUA e URSS a pressionar seus aliados, o que levou o 
Egito a recuar e Israel a devolver o Sinai no ano seguinte. 
b) A União Soviética havia iniciado em 1956 sua escalada 
militar no Vietnã, enquanto o bloco socialista estava 
fragmentado pela crescente aproximação da China à 
política internacional das nações capitalistas. 
c) O canal de Suez não tinha importância para a economia 
dos países capitalistas europeus e o apoio franco-
britânico deveu-se ao fato de o governo egípcio ser uma 
barreira à expansão do islamismo no Oriente Médio.
d) Os países muçulmanos haviam cancelado o fornecimento 
de petróleo para os Estados Unidos, o que fomentou 
o interesse dos países capitalistas nos fatos ocorridos 
naquela tensa região do planeta.
e) As nações europeias como a Inglaterra e a França 
estavam debilitadas pois, recém-saídas da Segunda 
Guerra Mundial, estavam militarmente enfraquecidas 
e lutando contra a descolonização de seus territórios 
contra países como Estado de Israel.
Enem em fascículos 2013
4 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Compreendendo a Habilidade
– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder 
entre as nações.
C-2
H-7
02. Observe o mapa a seguir acerca da constituição do Estado 
de Israel, com a divisão aprovada pela ONU, e assinale a 
alternativa correta.
 
a) A criação dos estados judeu e palestino foi favorecida 
pela intervenção das Nações Unidas após a Segunda 
Guerra.
b) A proposta não foi concretizada, em virtude de 
divergências religiosas, políticas, econômicas e históricas.
c) A criação do Estado Judeu foi aceita pelos países 
vizinhos, enquanto Israel foi impedido de se estabelecer.
d) A única proposta realmente concretizada foi a 
transformação de Jerusalém em área de interesse 
internacional.
e) A criação do Estado Árabe não se concretizou em virtude 
do poder militar de Israel, apoiado pela URSS.
dE olHo no EnEM
QUAL O SENTIDO DA DEMOCRACIA?
LAVÔ, ENXUGÔ, TÁ NOVA!A onda revolucionária no 
Oriente Médio é uma chance 
ímpar de presenciarmos a História 
acontecendo e de pensarmos no 
significado de democracia, assunto 
tão comum em nossas aulas e tão 
complexo em nosso dia a dia.
Um governo que representa 
os anseios do povo é perseguido ao 
longo do tempo, em momentos de recuo e avanço. Na Grécia 
Antiga, existia uma limitação, que foi se tornando cada vez mais 
restrita na Idade Média e na Idade Moderna, que assistiu no 
romper da Idade Contemporânea uma nova possibilidade de 
cidadania e democracia com a Revolução Francesa. 
O século XX foi intenso em busca de democracia e o Brasil 
deu exemplos de grandes lutas por esse ideal, que no ano de 
2011 ainda não se faz pleno. O projeto “ficha-suja” não valeu 
para as eleições de 2010 e cabem alguns questionamentos: 
o erro está na lei? O erro está na interpretação da lei? O erro está 
em quem elege um suposto ficha-suja?
O Oriente Médio vem passando por uma grande onda 
revolucionária iniciada na Tunísia, que se espalhou pelo Egito, 
pela Líbia e outros países do mundo árabe. O secretário-geral 
da ONU, Ban Ki-moon, afirmou: “A mudança revolucionária 
está a varrer o mundo árabe, com reflexos que serão sentidos 
em toda parte e por todos”.
Se toda essa transformação se encaminha para a 
democracia, cabem outros questionamentos: qual tipo de 
democracia será estabelecido? Como os princípios democráticos 
compactuaram numa região que política e religião não se separam? 
Como falar em liberdade (um ponto da democracia) em países 
onde a mulher vive uma quase escravidão?
O fato é que devemos ter alguns cuidados ao olharmos o 
Oriente Médio com os olhos do Ocidente... É uma outra história...
introdução
Com a nova ordem mundial, expressa pelo processo 
de mundialização da economia, e com o enfraquecimento 
dos estados nacionais que resultou no fim das fronteiras, 
as organizações supranacionais passaram a ter cada vez 
mais destaque no cenário internacional. Nesse novo cenário, 
organizações internacionais como o Fundo Monetário 
Internacional (FMI), Organização das Nações Unidas (ONU), 
Organização Mundial do Comércio (OMC) e, mais recentemente, 
os BRICS assumiram um papel de destaque na chamada política 
internacional.
oBJEto do ConHECiMEnto
Organizações supranacionais
Criadas após a Segunda Guerra Mundial, essas 
instituições surgem com o entendimento de que os direitos, 
deveres e condições socioeconômicas dos países não podem 
mais ser vistos como problemas isolados. Já que influenciam 
a ordem global, precisam de alguns mecanismos para serem 
regulados globalmente.
Sem dúvida, as resoluções dos organismos internacionais 
– como a OMC, ONU e FMI – sempre têm um grande impacto 
nos governos e na formação da opinião pública internacional. 
Diante desse poder é forte o questionamento sobre a “igualdade 
de vantagens” e “não autoridade sobre os governos” como 
princípios das instituições internacionais. Como garantir esses 
pressupostos para países com realidades político-econômicas 
tão assimétricas quanto a dos países desenvolvidos e dos países 
subdesenvolvidos?
Esse é um ponto polêmico, alimentado pelo fato de a 
maioria das instituições internacionais, que deveriam garantir 
a representatividade de todos os países, terem na verdade sua 
constituição e distribuição de poder condicionadas pela posição 
político-econômica dos países na comunidade internacional. 
No FMI, por exemplo, os votos estão relacionados com a cota 
de contribuição dos Estados para o Fundo. Os EUA, como maior 
cotista, têm a maioria dos votos. No FMI e Banco Mundial 
existe uma espécie de voto censitário de acordo com o poder 
econômico dos países.
Enem em fascículos 2013
5Ciências Humanas e suas Tecnologias
ONU
Organização das Nações 
Unidas (ONU), ou simplesmente 
Nações Un ida s (NU ) , é uma 
organização internacional cujo 
objetivo declarado é facil itar a 
cooperação em matéria de direito 
internacional, segurança internacional, 
desenvo l v imento econômico , 
progresso social, direitos humanos e a 
realização da paz mundial. A ONU foi fundada em 1945, após 
a Segunda Guerra Mundial, para substituir a Liga das Nações. 
Ela contém várias organizações subsidiárias para realizar suas 
missões.
Existem atualmente 193 estados-membros, incluindo 
quase todos os estados soberanos do mundo. De seus 
escritórios em todo o mundo, a 
ONU e suas agências especializadas 
d e c i d e m s o b r e q u e s t õ e s 
dessubstantivas e administrativas, 
em reuniões regulares, ao longo do 
ano. A organização está dividida 
em instâncias administrativas,pr incipalmente: a Assembleia 
G e r a l ( a s s e m b l e i a d e l i b e r a t i v a p r i n c i p a l ) ; 
o Conselho de Segurança (para decidir determinadas 
resoluções de paz e segurança); o Conselho Econômico 
e Social (para auxil iar na promoção da cooperação 
econômica e social internacional e desenvolvimento); 
o Secretariado (para fornecimento de estudos, informações e 
facilidades necessárias para a ONU), o Tribunal Internacional 
de Justiça (o órgão judicial principal). Além de órgãos 
complementares de todas as outras agências do Sistema 
das Nações Unidas, como a Organização Mundial de Saúde 
(OMS), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo 
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A figura mais 
publicamente visível da ONU é o Secretário-Geral, cargo 
ocupado desde 2007 por Ban Ki-moon, da Coreia do Sul. 
A organização é financiada por contribuições voluntárias dos 
seus Estados-membros, e tem seis idiomas oficiais: árabe, chinês, 
inglês, francês, russo e espanhol.
Organismos intergovernamentais, ou programas são:
•	 OIT – Organização Internacional do Trabalho.
•	 FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e 
Alimentação.
•	 UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, 
Ciência e Cultura.
•	 OMS – Organização Mundial de Saúde.
•	 Grupo do Banco Mundial (BIRD, Banco Internacional de 
Desenvolvimento).
•	 IDA – Associação de Desenvolvimento.
•	 CFI – Corporação Financeira Internacional.
•	 AGMF – Agência de Garantia Multilateral de Financiamento.
•	 CIRDF – Agência Internacional para a Resolução de Disputas 
Financeiras (CIRDF).
•	 FMI – Fundo Monetário Internacional.
•	 ICAO – Organização da Aviação Civil Internacional.
•	 UPU – União Postal Universal.
•	 ITU – União Internacional de Telecomunicações.
•	 OMM – Organização Meteorológica Mundial.
•	 IMO – Organização Marítima Internacional.
•	 OMPI – Organização Mundial da Propriedade Intelectual.
•	 FIDA – Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola.
•	 UNIDO – Organização das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento Industrial.
•	 OMT – Organização Mundial do Turismo.
•	 AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica.
•	 OMC – Organização Mundial do Comércio.
•	 OPAQ – Organização para a Proibição de Armas Químicas.
•	 CTBTO – Organização Preparatória para o Tratado de 
Proibição de Testes Nucleares.
•	 UNCTAD – Conferência das Nações Unidas sobre Comércio 
e Desenvolvimento.
•	 PMA – Programa Mundial de Alimentos.
Alguns programas são criados especificamente para 
determinadas regiões, como, por exemplo:
•	 PNUD – Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento.
•	 UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância.
•	 PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente.
•	 ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para 
Refugiados.
•	 UNFPA – Fundo de População das Nações Unidas.
•	 UN-Habitat – Programa das Nações Unidas para 
Assentamentos Urbanos.
•	 UNIFEM – Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas 
para Mulher.
•	 UNAIDS – Programa Conjunto das Nações Unidas sobre 
HIV/Aids.
•	 UNODC – Escritório das Nações Unidas contra Drogas e 
Crime.
•	 UNRWA – Agência das Nações Unidas de Assistência aos 
Refugiados Palestinos.
FMI
O Fundo Monetário 
Internacional (FMI) é uma 
organização internacional que 
pretende assegurar o bom 
func ionamento do s i s tema 
f i n a n c e i r o m u n d i a l p e l o 
monitoramento das taxas de câmbio 
e da balança de pagamentos, 
através de assistência técnica e financeira. Sua criação ocorreu 
pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, em julho 
de 1944, e sua sede é em Washington, DC, Estados Unidos. 
Atualmente conta com mais de 187 nações. O FMI foi criado 
em 1944, com 45 países representados inicialmente em Bretton 
Woods, New Hampshire, nos EUA.
Tem como objetivo básico zelar pela estabilidade do 
sistema monetário internacional, através da promoção da 
cooperação e da consulta de assuntos monetários entre os 
seus 187 países-membros. Com exceção de Coreia do Norte, 
Cuba, Liechtenstein, Andorra, Mônaco, Tuvalu e Nauru, 
todos os membros da ONU fazem parte do FMI. O Fundo 
favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais nos 
países-membros e concede recursos temporariamente para 
evitar ou remediar desequilíbrios no balanço de pagamentos. 
Além disso, o FMI planeja e monitora programas de ajustes 
estruturais e oferece assistência técnica e treinamento para os 
países-membros.
Enem em fascículos 2013
6 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Banco Mundial
O Banco Mundial começou a 
partir da criação do Banco Internacional 
para Reconstrução e Desenvolvimento 
(BIRD) nas Conferências de Bretton 
Woods, em 1944. Por costume, o 
Banco Mundial é presidido por um 
norte-americano.
A missão inicial do Banco Mundial, até então somente 
o BIRD, foi de financiar a reconstrução dos países devastados 
pela Segunda Guerra Mundial. Com o tempo, a missão evoluiu 
para a de financiamento do desenvolvimento dos países mais 
pobres e de auxílio financeiro.
O Banco Internacional para 
Reconstrução e Desenvolvimento 
(BIRD) possui 187 países-membros, 
enquanto a Associação Internacional 
de Desenvolvimento (IDA) tem 168 
membros. Cada Estado-membro do 
BIRD deve ser também um membro 
do Fundo Monetário Internacional (FMI) sendo que somente 
os membros do BIRD estão autorizados a juntar-se a outras 
instituições dentro do Banco.
Poder de voto no Banco Mundial
Estado-membro Percentagem
 Estados Unidos 16,39%
 Japão 7,86%
 Alemanha 4,49%
 França 4,30%
 Reino Unido 4,30%
 Brasil 2,24%
Outros 62,66%
OMC
OMC
A Organização Mundial do 
Comércio (OMC) é uma organização 
internacional que trata das regras do 
comércio internacional. Possui sede 
em Genebra, Suíça, e conta com 156 
membros. Suas funções são:
•	 gerenc ia r 	 os 	 acordos 	 que	
compõem o sistema multilateral 
de comércio;
•	 servir	 de	 fórum	para	 comércio	 nacional	 (firmar	 acordos	
internacionais);
•	 supervisionar	a	adoção	dos	acordos	e	implementação	destes	
acordos pelos membros da organização (verificar as políticas 
comerciais nacionais).
O u t r a f u n ç ã o m u i t o 
importante na OMC é o Sistema 
de resolução de Controvérsias da 
OMC, o que a destaca entre outras 
instituições internacionais. Este 
mecanismo foi criado para solucionar 
os conflitos gerados pela aplicação 
dos acordos sobre o comércio internacional entre os membros 
da OMC.
Além disso, a cada dois anos, a OMC deve realizar pelo 
menos uma Conferência Ministerial. Existe um Conselho Geral 
que implementa as decisões alcançadas na Conferência e é 
responsável pela administração diária. A Conferência Ministerial 
escolhe um diretor-geral com o mandato de quatro anos. 
Atualmente, o Diretor-geral é Pascal Lamy, que tomou posse 
em 8 de março de 2008.
FAO
Organização das Nações Unidas para Agricultura e 
Alimentação
Emblema da FAO com o seu lema latino, Fiat Panis 
(Seja feito o pão)
Tipo Agência especializada
Acrônimo FAO
Comando José Graziano
Status ativa
Fundação 16 de outubro de 1945
Sede Roma, Itália
Organização das Nações Unidas para Agricultura e 
Alimentação (FAO, sigla de Food and Agriculture Organization) 
é uma organização das Nações Unidas cujo objetivo é aumentar 
a capacidade da comunidade internacional para de forma eficaz 
e coordenada, promover o suporte adequado e sustentável 
para a Segurança Alimentar e Nutrição. Para isso, realiza 
programas de melhoria da eficiência na produção, elaboração, 
comercialização e distribuição de alimentos e produtos 
agropecuários de granjas, bosques e pescarias.
De acordo com a própria FAO, suas principais atividades 
são:
•	 Desenvolver	assistência	para	países	subdesenvolvidos.
•	 Informação	 sobre	 nutrição,	 comida,	 agricultura,	
florestamento e pesca.•	 Aconselhamento	a	governos.
•	 Servir	 como	um	 fórum	neutro	 para	 discutir	 e	 formular	
políticas nos principais assuntos relacionados à agricultura 
e alimentação.
A FAO foi fundada a 16 de outubro de 1945, em 
Quebeque, Canadá. Em 1951, sua sede foi transferida para 
Roma, por iniciativa do governo italiano, que teria investido 
quatro milhões de dólares na construção da nova sede. Em 
2000, tinha 181 membros (180 países e a União Europeia).
Enem em fascículos 2013
7Ciências Humanas e suas Tecnologias
OEA
A Organização dos Estados Americanos é o mais antigo 
organismo regional do mundo. A sua origem remonta à Primeira 
Conferência Internacional Americana, realizada em Washington, 
D.C., de outubro de 1889 a abril de 1890. Esta reunião resultou 
na criação da União Internacional das Repúblicas Americanas, e 
começou a se tecer uma rede de disposições e instituições, dando 
início ao que ficará conhecido como “Sistema Interamericano”, 
o mais antigo sistema institucional internacional.
A OEA foi fundada em 1948 com a assinatura, em 
Bogotá, Colômbia, da Carta da OEA que entrou em vigor em 
dezembro de 1951. A Organização foi criada para alcançar nos 
Estados-membros, como estipula o Artigo 1º da Carta, “uma 
ordem de paz e de justiça, para promover sua solidariedade, 
intensificar sua colaboração e defender sua soberania, sua 
integridade territorial e sua independência”. Hoje, a OEA 
congrega os 35 Estados independentes das Américas e constitui 
o principal fórum governamental político, jurídico e social do 
hemisfério. Além disso, a Organização concedeu o estatuto de 
observador permanente a 67 Estados e à União Europeia (EU). 
Para atingir seus objetivos mais importantes, a OEA baseia-se 
em seus principais pilares que são a democracia, os direitos 
humanos, a segurança e o desenvolvimento. 
Organização dos Estados Americanos (OEA)
Organisation des États Américains
Organization of American States
Organización de los Estados Americanos
Bandeira da Organização dos Estados Americanos
Países membros da OEA.
Fundação 5 de maio de 1948
Tipo Organização Internacional
Sede Washington D.C., Estados 
Unidos
Membros 35 países
Línguas oficiais
Inglês
Francês
Espanhol
Português
Secretário-Geral
José Miguel Insulza
 Chile 
(desde 26 de maio de 2005)
G8
O Grupo dos Sete e a Rússia, mais conhecido como 
G8, é um grupo internacional que reúne os sete países mais 
industrializados e d e s e n v o l v i d o s economicamente 
do mundo, mais a Rússia. Todos os países se dizem nações 
democráticas: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, 
França, Itália e o Canadá (antigo G7), mais a Rússia – esta última 
não participando de todas as reuniões do grupo. Durante as 
reuniões, os dirigentes máximos de cada Estado-membro 
discutem questões de alcance internacional.
O G8 é muito criticado por um grande número de 
movimentos sociais, normalmente integrados no movimento 
antiglobalização, que acusam o G8 de decidir uma grande 
parte das políticas globais, social e ecologicamente destrutivas, 
sem qualquer legitimidade nem transparência. Sempre que 
ocorrem reuniões do G8 são convidados também um grupo 
denominado de G5 (Brasil, India, China, México e África do Sul). 
Tudo indica que no futuro essas duas organizações se juntem 
formando o G13.
G20
O Grupo dos 20 (ou G20) é um grupo formado pelos 
ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 
maiores economias do mundo mais a União Europeia. Foi criado 
em 1999, após as sucessivas crises financeiras da década de 
1990. Visa favorecer a negociação internacional, integrando 
o princípio de um diálogo ampliado, levando em conta o peso 
econômico crescente de alguns países, que, juntos, representam 
90% do PIB mundial, 80% do comércio mundial (incluindo 
o comércio intra-UE) e dois terços da população mundial. 
O peso econômico e a representatividade do G-20 conferem-lhe 
significativa influência sobre a gestão do sistema financeiro e 
da economia global. 
O G-20 estuda, analisa e promove a discussão entre 
os países mais ricos e os emergentes sobre questões políticas 
relacionadas com a promoção da estabilidade financeira 
internacional e encaminha as questões que estão além da 
responsabilidade individual de qualquer organização.
Com o crescimento da importância do G-20 a partir 
da reunião de 2008, em Washington, e diante da crise 
econômica mundial, os líderes participantes anunciaram, em 
25 de setembro de 2009, que o G-20 seria o novo conselho 
internacional permanente de cooperação econômica, eclipsando 
o G8, constituído pelas oito economias mais ricas.
Enem em fascículos 2013
8 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Grupo dos 20
G-20
Mapa-múndi destacando os países do G-20. 
Países-membros do G-20
Países-membros da União Europeia que não são 
individualmente representados no G-20
Fundação
1999
2008 (Cúpula)
Membros 20
Presidência do G-20 México (2012)
Argentina Austrália Brasil Canadá
China França Alemanha Índia
Indonésia Itália Japão México
Rússia Arábia Saudita África do Sul Coreia do Sul
Turquia Reino Unido Estados Unidos União Europeia
OCDE
A Organização para a 
Cooperação e Desenvolvimento 
Econômico (OCDE) é uma 
organização internacional de 34 
países que aceitam os princípios 
da democracia representativa e 
da economia de livre mercado. 
Os membros da OCDE são 
economias de alta renda com um 
alto Índice de Desenvolvimento 
Humano (IDH) e são considerados países desenvolvidos, exceto 
México, Chile e Turquia.
Teve origem em 1948 como a Organização para a 
Cooperação Econômica (OECE), liderada por Robert Marjolin 
da França, para ajudar a administrar o Plano Marshall para 
a reconstrução da Europa, após a Segunda Guerra Mundial. 
Posteriormente, a sua filiação foi estendida a estados não 
europeus. Em 1961, foi reformada para a Organização para 
a Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Convenção 
sobre a Organização para a Cooperação Econômica e 
Desenvolvimento. A sede da OCDE é localizada em Paris, França.
Réalisation, Roberto Girmeno et Atelier de cartographie de Sciences Po.
L’Organisation de coopération et de développement économiques en 2010 Source: Questions internationales (nº 41 janvier-février 2010)
États fondatesurs
le 14 décembre 1960
Autres États membres
Négociations pour l’adhésion
à I’OCDE en cours
Endagement renforcé
en vue d’une éventuelle adhésion
Source: www.cecd.org© Dila, Paris, décembre 2009.
Grupo dos 77
O Grupo dos 77 nas Nações 
Unidas é uma coalizão de nações em 
desenvolvimento, que visa promover 
os interesses econômicos coletivos de 
seus membros e criar uma maior 
capacidade de negociação conjunta 
na Organização das Nações Unidas. 
Havia 77 membros fundadores da 
organização, mas a organização, 
desde então, expandiu para 131 países-membros. Desde 2011, 
a Argentina detém a presidência.
O grupo foi fundado em 15 de junho de 1964 pela 
“Declaração Conjunta dos Setenta e Sete Países” emitida 
na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e 
Desenvolvimento (UNCTAD). A primeira reunião importante foi 
em Argel, em 1967, quando a “Carta de Argel” foi adotada e a 
base para as estruturas institucionais permanentes foi iniciada. 
Há seções do Grupo dos 77, em Roma (FAO), Viena (ONUDI), 
Paris (UNESCO), Nairobi (UNEP) e o Grupo dos 24 em 
Washington, DC (FMI e Banco Mundial).
BRICS
Enem em fascículos 2013
9Ciências Humanas e suas Tecnologias
BRICS EM NÚMEROS
ÁREA PIBPOPULAÇÃO
(HABITANTES)
8,5 MIL KM2
BRASIL
RÚSSIA
ÍNDIA
CHINA
ÁFRICA DO SUL
17 MIL KM2
3,3 MIL KM2
9,6 MIL KM2
1,2 MIL KM2
195,4 MILHÕES
140,4 MILHÕES
1,21 BILHÕES
1,35 BILHÕES
2,51 MILHÕES
US$ 1,6 TRILHÕES
US$ 1,2 TRILHÕES
US$ 1,3 TRILHÕES
US$ 5 TRILHÕESUS$ 300 BILHÕES
fonte: Banco Mundial
Em economia, BRICS é um acrônimo que se refere 
aos países-membros fundadores (Brasil, Rússia, Índia e China) 
e à África do Sul, que juntos formam um grupo político de 
cooperação. Em 14 de abril de 2011, o “S” foi oficialmente 
adicionado à sigla BRIC para formar o BRICS, após a admissão 
da África do Sul (em inglês: South Africa) ao grupo. Os membros 
fundadores e a África do Sul estão todos em um estágio 
similar de mercado emergente, devido ao seu desenvolvimento 
econômico. É geralmente traduzido como “os BRICS” ou “países 
BRICS” ou, alternativamente, como os “Cinco Grandes”.
Apesar de o grupo ainda não ser um bloco econômico 
ou uma associação de comércio formal, como no caso da União 
Europeia, existem fortes indicadores de que “os quatro países 
do BRIC têm procurado formar um “clube político” ou uma 
“aliança”, e assim converter “seu crescente poder econômico 
em uma maior influência geopolítica.” Desde 2009, os líderes 
do grupo realizam cúpulas anuais.
A sigla (originalmente “BRIC”) foi cunhada por Jim 
O’Neill em um estudo de 2001 intitulado “Building Better Global 
Economic BRICs”. Desde então, a sigla passou a ser amplamente 
usada como um símbolo da mudança no poder econômico 
global, distanciando-se das economias desenvolvidas do G7 
em relação ao mundo em desenvolvimento.
De acordo com um artigo publicado em 2005, o México 
e a Coreia do Sul seriam os únicos outros países comparáveis 
aos BRICS, mas suas economias foram inicialmente excluídas 
por serem consideradas mais desenvolvidas, uma vez que 
já eram membros da Organização para a Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico.
?
?
O G-20 Agrícola – é um grupo de países em 
desenvolvimento criado em 20 de agosto de 2003, na fase 
final da preparação para a V Conferência Ministerial da OMC, 
realizada em Cancun, entre 10 e 14 de setembro de 2003. 
O Grupo concentra sua atuação em agricultura, o tema central 
da Agenda de Desenvolvimento de Doha.
O G-20 tem uma vasta e equilibrada representação 
geográfica, sendo atualmente integrado por 23 membros: 
5 da África (África do Sul, Egito, Nigéria, Tanzânia e Zimbábue), 
6 da Ásia (China, Filipinas, Índia, Indonésia, Paquistão e 
Tailândia) e 12 da América Latina (Argentina, Bolívia, Brasil, 
Chile, Cuba, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru, 
Uruguai e Venezuela).
O Grupo nasceu com o objetivo de tentar, como 
de fato o fez, impedir um resultado predeterminado em 
Cancun e de abrir espaço para as negociações em agricultura. 
Naquela ocasião, o principal objetivo do Grupo foi defender 
resultados nas negociações agrícolas que refletissem o nível de 
ambição do mandato de Doha e os interesses dos países em 
desenvolvimento. Para tanto, o Grupo adotou uma posição 
comum, circulada como documento oficial da OMC, antes e 
durante Cancun (WT/MIN(03)/W/6). Essa posição permanece 
como a plataforma central do Grupo.
O G-20 consolidou-se como interlocutor essencial e 
reconhecido nas negociações agrícolas. A legitimidade do Grupo 
deve-se às seguintes razões:
•	 importância	dos	seus	membros	na	produção	e	comércio	
agrícolas, representando quase 60% da população 
mundial, 70% da população rural em todo o mundo e 
26% das exportações agrícolas mundiais;
•	 sua	 capacidade	de	 traduzir	 os	 interesses	 dos	 países	 em	
desenvolvimento em propostas concretas e consistentes;
•	 sua	habilidade	em	coordenar	seus	membros	e	interagir	com	
outros grupos na OMC.
G15
O Grupo dos 15, ou G15, foi estabelecido na nona 
reunião de cúpula do movimento dos Não Alinhados em 
Belgrado, Iugoslávia em setembro de 1989. Foi proposta a 
cooperação e a entrada para outros grupos internacionais, tais 
como a Organização Mundial de Comércio (OMC) e o grupo das 
oito nações ricas e industrializadas (G8). É composto dos países da 
América do Norte, da América do Sul, da África, e da Ásia com 
um objetivo em comum, o crescimento e a prosperidade. O G15 
focaliza na cooperação entre países nas áreas de investimento, de 
comércio, e de tecnologia. A sociedade do G15 expandiu a 18 
países, mas o nome permaneceu o mesmo. Os países do acordo 
são: Argélia, Argentina, Brasil, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Irã, 
Jamaica, Quênia, Nigéria, Malásia, México, Peru, Senegal, Sri 
Lanka, Venezuela e Zimbábue. O Irã entrou para o G15 na reunião 
de cúpula dos Não Alinhados de 2006, em Havana.
G4
O G4 é uma aliança entre Alemanha, Brasil, Índia e Japão 
com o objetivo de apoiar as propostas uns dos outros para 
ingressar em lugares permanentes no Conselho de Segurança 
das Nações Unidas. Diferentemente de outras alianças similares 
como o G7 e o G8, onde o denominador comum é a economia 
ou motivos políticos a longo termo, o objetivo é apenas buscar 
um lugar permanente no Conselho.
Enem em fascículos 2013
10 Ciências Humanas e suas Tecnologias
A ONU possui atualmente cinco membros permanentes 
com poder de veto no Conselho de Segurança: China, Estados 
Unidos, França, Reino Unido e Rússia.
Enquanto quase todas as nações concordam com o 
princípio que a ONU precisa de uma reforma que inclui expansão, 
poucos países desejam negociar quando a reorganização deve 
acontecer. Também há descontentamento entre os membros 
permanentes atuais quanto à inclusão de nações controversas 
ou países não apoiados por eles. Por exemplo, a República 
Popular da China é contra a entrada do Japão e a Alemanha 
não recebe apoio dos EUA.
A França e o Reino Unido anunciaram que apoiam as 
reivindicações do G4, principalmente o ingresso da Alemanha e 
do Brasil. Uma questão importante são os países vizinhos (com 
chances menores de ingressar) aos que propõem a entrada que 
frequentemente são contra os esforços do G4: o Paquistão é 
contra a entrada da Índia; a Coreia do Sul e a China são contra 
o Japão; a Argentina e o México são contra o Brasil e a Itália é 
contra a Alemanha; formando um grupo que ficou conhecido 
como Coffee Club, contra a expansão do Conselho por aqueles 
que a propõem.
QuEStão CoMEntada
Compreendendo a Habilidade
– Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder 
entre as nações.
C-2
H-7
•	 “UNnecessary”	 (“Desnecessário”),	 completa	 o	 ex-
presidente norte-americano George W. Bush, com um 
lápis, no símbolo internacional da ONU (United Nations). 
Em relação ao tema, podemos afirmar que: 
a) o presidente dos EUA teve, ao invadir o Iraque em 2003, 
uma postura autoritária ao não considerar os acordos 
multilaterais de paz, proporcionados pela ONU desde o 
fim da Segunda Guerra Mundial.
b) a ONU sempre foi uma instituição inoperante, o que 
provocou a invasão do Iraque pelo presidente norte-
americano. Tal instituição nada fez para por fim às 
hostilidades entre árabes e israelenses, proporcionando 
a invasão estadunidense.
c) a ocupação do Iraque pelas forças militares norte-
americanas, desde 2003, não pode mais ser suportada 
pelos Estados Unidos. Este país tenta restabelecer a 
democracia no Iraque, e a ONU é incapaz de ouvir os 
clamores dessa liderança política para por fim à guerra.
d) o governo dos EUA tentou evitar, junto à ONU e a todo 
custo, o conflito armado com o Iraque, e a ocupação do 
país árabe pela maior potência militar do planeta vem 
causando a crise imobiliária que afeta a economia global.
e) o secretário geral da ONU é um árabe radical, o que 
impede que a instituição tome atitudes de contenção 
da guerra entre EUA e Iraque, aumentando o terrorismo 
internacional dos fundamentalistas islâmicos.
Comentário
Com o final da Guerra Fria, a ONU se tornou a mais 
importante organização supranacional, contudo, a invasão do 
Iraque, sem o aval dessa organização, colocou em xeque o poder 
da ONU diante da ingerência das potências globais.
Resposta correta: A
EXErCÍCioS dE FiXação
Compreendendos a Habilidade
– Comparar o significadohistórico-geográfico das organizações políticas e 
socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
C-2
H-9
03. Para alguns autores, a globalização é a fase mais recente 
da expansão capitalista. Nesta etapa alguns chefes de 
Estado têm feito conferências e decidido sobre as maiores 
operações industriais e financeiras do mundo. As ações 
deste grupo privilegiado, também conhecido como G-8, 
são decisivas para a economia mundial.
 Assinale a alternativa que contém os países que compõem 
o G-8.
a) Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Canadá, Itália, 
Reino Unido e Rússia.
b) Israel, França, Holanda, Dinamarca, China, Taiwan, Suíça 
e Reino Unido.
c) Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Japão, China, 
Rússia e Canadá.
d) Japão, China, Estados Unidos, Itália, Bélgica, Holanda, 
Luxemburgo e Suíça.
e) Alemanha, Itália, Israel, Polônia, Rússia, Canadá, 
Dinamarca e Grécia.
Enem em fascículos 2013
11Ciências Humanas e suas Tecnologias
Compreendendo a Habilidade
– Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e 
socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
C-2
H-9
04. Leia os textos e responda.
 Sob rígidas sanções da ONU por conta de seu programa 
nuclear, o governo do país anunciou que atingiu 3000 
centrífugas para enriquecimento de urânio. O país afirma 
que seu programa visa produzir energia, mas EUA e União 
Europeia temem que o país busque a bomba atômica. 
Relatório emitido pela AIEA, a Agência Nuclear da ONU 
menciona que o país tem 2000 centrífugas e outras 650 
em fase de teste. Mergulhado numa grave crise econômica 
o país aceitou desativar todo o seu programa nuclear até 
o fim deste ano, informou o principal negociador nuclear 
dos EUA e secretário assistente de Estado, Christopher Hill, 
após negociações em Genebra. Em troca o país receberá 
compensação política e econômica.
Folha de S. Paulo, 03/09/2007.
 Os textos referem-se respectivamente a dois países 
cujos programas nucleares preocupam a comunidade 
internacional. Os países são:
a) Irã e Paquistão.
b) Irã e Coreia do Norte.
c) Coreia do Norte e Paquistão.
d) Coreia do Norte e Turquia.
e) Paquistão e Síria.
dE olHo no EnEM
Lenin Nolly/EFE
Os Estados Unidos devem apoiar a inclusão do Brasil 
como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, 
eliminar a tarifa à importação do etanol brasileiro, suspender 
a obrigatoriedade do visto e tratar o País como uma potência 
global, e não apenas regional.
A avaliação é de um amplo estudo com o título “EUA 
devem desenvolver uma parceria madura e forte com o Brasil”, 
realizado por uma força-tarefa de 30 especialistas americanos 
em diferentes áreas reunidos pelo Council on Foreign Relations 
(CFR), um dos mais importantes centros de estudos de política 
externa do mundo, com base em Nova York.
Conhecido pela enorme inf luência tanto no 
Departamento de Estado como na Casa Branca, o CFR busca, 
através desse estudo, fortalecer a importância do Brasil dentro 
do governo americano. Contendo algumas críticas tanto ao 
presidente Barack Obama como à secretária de Estado, Hillary 
Clinton, o estudo teve a participação de figuras ligadas aos 
Partidos Republicano e Democrata.
“A força-tarefa recomenda que a administração Obama 
apoie o Brasil como membro do Conselho de Segurança. 
Acreditamos que o Brasil, com esta cadeira, teria uma maior 
responsabilidade diante dos principais temas internacionais”, 
afirma o estudo divulgado na terça-feira, 12, pelo CFR. Ao 
visitar o Brasil, em março passado, o presidente americano não 
apoiou a iniciativa brasileira, apesar de ter dado esse apoio, 
meses antes, à Índia, que também ambiciona integrar o órgão 
máximo das Nações Unidas.
Segundo o estudo, “um apoio formal dos Estados Unidos 
ao Brasil reduziria a suspeita dentro do governo brasileiro de que 
o compromisso americano de uma relação madura e entre iguais 
não passa de retórica”. “Há pouco a perder e muito a ganhar com 
um apoio ao Brasil no CS neste momento”, diz o texto.
Abstenções. No estudo, a força-tarefa empenha-se até mesmo em 
justificar o histórico de abstenções do Brasil nas votações da ONU 
– ou mesmo posições contrárias aos EUA, como nas resoluções que 
propunham sanções ao Irã, em 2010, ou que aprovavam a criação 
de uma zona de exclusão aérea na Líbia, há alguns meses. “Os 
brasileiros usam a abstenção como forma de expressar frustração 
diante da comunidade internacional ao censurar o Irã, mas não a 
Arábia Saudita”, diz o texto.
Para o CFR, o Departamento de Estado deveria criar um 
escritório “apenas para assuntos brasileiros”. Atualmente, o 
País está incluído na Subsecretaria do Hemisfério Ocidental, que 
inclui a América Latina e o Canadá. O Conselho de Segurança 
Nacional também deveria ter um diretor para coordenar 
questões estratégicas com o governo brasileiro. “É do interesse 
dos EUA reconhecer o Brasil como um ator internacional, 
com uma influência global que deve continuar crescendo”, 
acrescentam os formuladores da proposta.
O estudo chega até mesmo a pedir uma revisão das 
exigências para que o Brasil possa ser incluído no Visa Waiver 
Program. Este programa permite que cidadãos de 36 países 
entrem nos Estados Unidos por até 90 dias para negócios e 
turismo sem a necessidade de obter o visto em consulados. 
A maioria deles é europeia, além de algumas nações asiáticas 
e da Oceania, como o Japão e a Austrália. Nenhum país da 
América Latina está incluído. “Isso facilitaria o comércio entre 
os dois países e o Brasil, como medida de reciprocidade, deveria 
aplicar o mesmo aos americanos”, afirmam.
Para completar, em um claro elogio ao Brasil, eles afirmam 
que “o crescimento resultou em uma significante redução 
da desigualdade, expansão da classe média e uma vibrante 
economia”. “Tudo dentro do contexto democrático”, diz o texto.
Gustavo Chacra, correspondente de O Estado de S.Paulo.
Enem em fascículos 2013
12 Ciências Humanas e suas Tecnologias
introdução
O tema que abordaremos neste fascículo – Movimentos 
sociais, diversidade e políticas afirmativas – possui uma relação 
direta com pontos referentes à área 3 da Matriz de Referência de 
Ciências Humanas e suas Tecnologias, que engloba: Compreender 
a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas 
e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e 
movimentos sociais.
Neste fascículo, resolvemos aprofundar um assunto bem 
atual na agenda política brasileira, as chamadas ações afirmativas, 
muito em destaque ultimamente. Esse compromisso é resultado 
da luta histórica do movimento social negro que, como principal 
protagonista intelectual e militante do antirracismo no Brasil, 
trabalhou quase um século para que o racismo fosse reconhecido 
pela sociedade e pelo Estado brasileiro.
oBJEto do ConHECiMEnto
Movimentos sociais, diversidade e 
políticas afirmativas
Somente na década de 1990 e após muita pressão do 
movimento negro, o governo federal brasileiro, na gestão do 
presidente Fernando Henrique Cardoso, decidiu reconhecer 
publicamente a existência do racismo e suas consequências 
no Brasil, dando início a um processo de discussão sobre o 
problema e implementando algumas tímidas medidas de 
combate ao racismo. Um dos resultados positivos dessa luta 
histórica é que hoje, mesmo com resistência de alguns setores 
da sociedade, não é mais possível negar que o racismo é uma 
questão presente na realidade concreta e que é necessário um 
amplo debate, tanto no sentido da sua superação, quanto no 
sentido da superação das desigualdades raciais. Esse é um tema 
relativamente novo no debate político no Brasil.
Foi, portanto, a luta do movimento negro que fez com 
que ganhasse espaço no debate sobre políticas públicas o 
conceito de ação afirmativa – políticas temporárias e específicas 
de promoção de igualdadede oportunidades e condições 
concretas de participação na sociedade.
No processo de democratização que desejamos ver 
instaurado no Brasil, o conceito de ação afirmativa e as 
políticas concretas que surgem a partir dele são instrumentos 
fundamentais, que nasceram nas lutas de afirmação de 
identidade, de cidadania e de direitos dos movimentos sociais. 
Ao se constituir essa opção, que é uma opção ética, afirma-se 
a defesa do direito de viver com dignidade, com liberdade 
e com iguais possibilidades de participação (e de acesso 
aos bens materiais e imateriais). Podemos afirmar que uma 
política de democratização consiste na criação daquilo a que, 
necessariamente, todos devem ter acesso, criando os meios que 
assegurem esse acesso. É nesse ponto que o conceito de ação 
afirmativa é importante.
Podemos, inclusive, afirmar que as desigualdades sociais 
são causa e não consequência do nosso desenvolvimento 
desigual. É só lembrarmos que no Brasil as desigualdades 
sobreviveram mesmo nos períodos de crescimento do PIB. 
A tradicional fórmula que propõe crescimento para combater a 
pobreza, já demonstrou sua inércia, pois são as desigualdades e 
não o baixo crescimento, o elemento fundamental de produção 
de pobreza. A educação formal é exemplo disso, pois o aumento 
quantitativo, ao longo do século passado, de oportunidades 
educacionais, não eliminou as desigualdades educacionais em 
todos os níveis. A educação pública – sobretudo a educação 
superior – é um exemplo de gestão estatal de interesses 
particulares. Os movimentos sociais populares e democráticos 
mostram que a exigência de igualdade aparece como ponto 
de partida de uma política constituinte de recomposição 
democrática do social e do político. A abertura das instituições à 
multiplicidade é o caminho possível para torná-las democráticas.
O caminho da mudança no Brasil deve começar pelo 
combate às desigualdades sociais. Esse combate passa pela 
reestruturação de diversas instituições (entre elas, o sistema 
educacional – acesso, currículo, material didático, formação 
de educadores, formas de seleção, financiamento de pesquisas 
etc. – e o sistema previdenciário, um dos maiores produtores 
de desigualdades), por políticas massivas de acesso aos direitos 
fundamentais, complementadas por políticas específicas 
para os grupos sociais mais vulneráveis à discriminação. Por 
isso, devem ser implementadas políticas de acesso à renda 
digna, de aumento de vagas nas escolas e universidades 
públicas, de acesso à saúde e à moradia, com políticas de ação 
afirmativa para negros, indígenas, portadores de deficiências e 
necessidades especiais e, obviamente, os mais pobres.
Assumir as políticas de ação afirmativa como parte da 
estratégia de democratização, em nada contradiz a necessidade 
de desenvolver políticas universais. Pelo contrário, as políticas 
de ação afirmativas e seus instrumentos (as cotas, as bolsas e 
incentivos, a priorização de investimentos para grupos sociais 
historicamente discriminados, os programas educacionais e a 
formação de educadores para o combate à discriminação, a 
valorização cultural etc.), são políticas de universalização de 
direitos, à medida que, mesmo inicialmente estabelecendo 
critérios desiguais, são políticas de constituição material daquilo 
que a coletividade definir como o que todos (rigorosamente 
todos) devem ter acesso.
Karl Marx, historiador alemão (1818–1883), um dos 
teóricos do socialismo científico, afirmou durante sua vida: 
“a sociedade capitalista é antes de tudo uma sociedade de 
classes” e a “história do homem é a própria luta de classes”. 
Sendo assim, o conflito social interclasses gera a apropriação dos 
bens e oportunidades sociais por alguns segmentos; é a partir da 
análise do pensamento de Marx, dos propósitos capitalistas que 
vigoram no Brasil há mais de 400 anos que se insere a exploração 
do povo afrodescendente, por exemplo, como mera ferramenta 
de utilidade material, força de trabalho e bem comercializável; 
sem o devido reconhecimento do desmantelamento de centenas 
de milhares de etnias que compunham o território, o continente 
africano e que dispersaram por todo o mundo ocidental na 
constituição do capitalismo em suas múltiplas contradições 
sociais.
Para tentar superar as mazelas sociais e promover a 
inclusão e a justiça, a partir dos anos 1990, o Brasil tem sido 
alvo em potencial dos programas de ações afirmativas que visam 
reconhecer e corrigir situações de direitos negados socialmente 
ao longo da história.
Ações afirmativas são políticas focais que alocam recursos 
em benefício de pessoas pertencentes a grupos discriminados e 
vitimados pela exclusão socioeconômica no passado ou no presente. 
Enem em fascículos 2013
13Ciências Humanas e suas Tecnologias
Trata-se de medidas que têm como objetivo combater 
discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, 
aumentando a participação de minorias no processo político, no 
acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, redes de 
proteção social e/ou no reconhecimento cultural.
Este processo discriminatório atinge de forma negativa, 
pessoas que são marcadas por estereótipos que as consolidam 
socialmente como inferiores, incapazes, degeneradas etc., 
colocando-as em situações de subcidadania e precariedade civil. 
Dito de outra forma, o racismo, o machismo, a xenofobia, a 
homofobia, entre outras ideologias discriminatórias, vincularam 
e vinculam determinadas pessoas a características coletivas e 
pejorativas que as impedem de receber prestígio, respeito e 
valoração social como um indivíduo qualquer, por meio de 
discriminações, que na maioria das vezes, são executadas 
indiretamente, ou seja, “por baixo dos panos”, nos bastidores, 
sem testemunhas e alarde. 
A Ação Afirmativa é, portanto, um conjunto de medidas 
especiais, porque agem focadas nos grupos marginalizados. 
E temporárias, pois possuem objetivos determinados que 
quando alcançados tornam-nas desnecessárias. E podem ser 
elaboradas e executadas pelo Estado e/ou pela iniciativa privada 
de maneira compulsória ou espontânea. 
Entre as medidas que podemos classificar como ações 
afirmativas podemos mencionar: incremento da contratação e 
promoção de membros de grupos discriminados no emprego 
e na educação por via de metas, cotas, bônus ou fundos de 
estímulo; bolsas de estudo; empréstimos e preferência em 
contratos públicos; determinação de metas ou cotas mínimas de 
participação na mídia, na política e outros âmbitos; reparações 
financeiras; distribuição de terras e habitação; medidas de 
proteção a estilos de vida ameaçados; e políticas de valorização 
identitária.
A ação afirmativa se diferencia das políticas puramente 
antidiscriminatórias por atuar preventivamente em favor de 
indivíduos que potencialmente são discriminados, o que pode ser 
entendido tanto como uma prevenção à discriminação quanto 
como uma reparação de seus efeitos. Políticas puramente 
antidiscriminatórias, por outro lado, atuam apenas por meio 
de repressão aos discriminadores ou de conscientização dos 
indivíduos que podem vir a praticar atos discriminatórios.
Há inúmeras experiências de políticas afirmativas em 
todo mundo (Índia, Malásia, África do Sul, Gana, Guiné, 
Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, México, Brasil, 
entre outros) com critérios variados como, por exemplo, casta, 
deficiência física, descendência, etnia, gênero, nacionalidade, 
raça, etc. O próprio Brasil possui um histórico de políticas 
de cunho afirmativo: a Lei dos Dois Terços (5.452/1943) 
do governo Getúlio Vargas, a Lei do Boi (5.465/1968) que 
reservou vagas nas instituições de ensino – médio e superior 
– agrícolas para agricultores e filhos destes, a Lei 8.112/1990 
que prescreve cotas para portadores de deficiências físicas no 
serviço público civil da União, a Lei 9.504/1997 que preconizacotas para mulheres nas candidaturas partidárias, entre outras. 
É necessário, neste contexto, o entendimento de 
conceitos que podem contribuir para o êxito das ações 
afirmativas e a inclusão social. As ações afirmativas são formas 
de políticas públicas que objetivam transcender as ações do 
Estado na promoção do bem-estar e da cidadania para garantir 
igualdade de oportunidades e tratamento entre as pessoas e a 
mobilização dos setores culturais com intenção de ampliar as 
ações de inclusão social.
QuEStão CoMEntada
Compreendendo as Habilidades
– Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no 
espaço.
– Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às 
mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
C-3
H-11
H-22
C-5
•	 Leia	o	texto	a	seguir:
 Uma notável virada na história do casamento teve início 
na década final do século XX, com a institucionalização 
oficial do casamento homossexual, ou “parceria”. [...] 
O reconhecimento da homossexualidade como forma 
legítima de sexualidade foi parte da revolução sexual do 
ocidente. Ela está agora descriminalizada onde era ainda 
um delito, e em 1973 foi retirada da lista de desordens 
mentais da Associação Psiquiátrica Americana. Em 1975, a 
Comissão de Serviços Civis dos EUA retirou sua interdição 
à contratação de homossexuais. Logo, a discriminação dos 
homossexuais é que passou a ser considerada um delito. 
A igualdade em relação à “orientação sexual” esteve nas 
normas para a nomeação de prefeitos na Holanda na 
década de 1980, por exemplo. Grande avanço internacional 
foi sua inclusão na Constituição Sul-Africana pós apatheid 
[em 1996]. [...] Entretanto, o que é interessante nesse 
nosso contexto particular são as reivindicações de gays e 
lésbicas pelo direito ao casamento e a aceitação parcial de 
suas exigências. O maior progresso aconteceu no norte 
da Europa [...]. [...] as parcerias de mesmo sexo foram 
inicialmente institucionalizadas na Escandinávia como 
tantas outras coisas da moderna mudança da família. 
Desde 1970, as autoridades suecas reconheciam alguns 
direitos gerais de coabitação dos parceiros do mesmo 
sexo, reconhecimento sistematizado em 1987 no Ato 
dos Coabitantes Homossexuais. A primeira legislação 
nacional sobre parcerias registradas entre casais do mesmo 
sexo foi aprovada na Dinamarca, em 1989, e serviu de 
modelo para outros países escandinavos. Na Holanda, a 
lei sobre parcerias registradas está em efeito desde 1998, 
na França desde 1999, abrangendo também relações 
pessoais solidárias que não apenas homossexuais. [...] No 
Brasil, um projeto de lei do Partido dos Trabalhadores, 
então na oposição, foi apresentado antes das eleições de 
2002, mas não foi ainda votado. O casamento não está 
desaparecendo. Está mudando. 
THERBORN, G. Sexo e poder: a família no mundo, 1900-2000.
São Paulo: Contexto, 2006. p.329-331.
 Os direitos dos homossexuais relatados no texto constituem-se 
em demandas expostas pelos:
a) “clássicos” movimentos operários organizados em vários 
países desde o século XIX, voltados para os problemas 
de classes sociais, direitos trabalhistas, participação 
política e sindical, fortemente impulsionados pelos 
líderes sindicais.
b) “tradicionais” movimentos religiosos da América Latina 
e outros países no século XX, voltados pela humanização 
das relações sociais, direitos humanos, inclusão social 
e política, fortemente impulsionados pelos líderes 
eclesiásticos.
Enem em fascículos 2013
14 Ciências Humanas e suas Tecnologias
c) “recentes” movimentos sociais surgidos em vários 
continentes na década de 2000, voltados para a 
manutenção dos direitos civis, fortalecimento do 
casamento como instituição familiar sólida e eficaz na 
preservação da estrutura social patriarcal.
d) “modernos” movimentos sociais surgidos em todo o 
mundo na década de 1930, voltados para a consolidação 
dos laços de solidariedade, união e civilidade, fortemente 
impulsionados pelos líderes do sindicalismo corporativo.
e) “novos” movimentos sociais surgidos em vários países 
a partir dos anos de 1960, voltados para os problemas 
identitários de grupos, gênero, etnias e políticas 
do corpo, fortemente impulsionados pelas ativistas 
feministas.
Comentário
Os novos movimentos sociais, surgidos nas décadas 
de 1960 e 1970, se organizaram em torno de questões cuja 
compreensão ultrapassava o campo econômico. Com o aumento do 
consumo da classe trabalhadora, o acesso aos direitos trabalhistas 
e a ampliação das políticas de bem-estar, os movimentos sociais 
prosseguiram na luta pela igualdade, mas voltaram-se também para 
questões que eram tradicionalmente reconhecidas como da esfera 
privada. A politização dos problemas concernentes ao cotidiano dos 
relacionamentos sociais conferiu visibilidade às reivindicações por 
direitos das mulheres, dos homossexuais, das crianças, dos idosos, 
dos negros, das pessoas com deficiência, enfim, dos segmentos 
considerados em desvantagem social, por conta de diversas formas 
de discriminação, que acabavam reforçando o estigma e/ou a 
exclusão social. Nesta perspectiva, os direitos humanos serviram 
como bandeira para organização desses segmentos, conseguindo, 
por meio de significativa mobilização social, transformar suas 
reivindicações em direitos.
A pressão dos movimentos sociais pelo reconhecimento 
dos direitos de identidades sociais tem ampliado a concepção da 
justiça social, que passou a inserir as demandas por respeito às 
diferenças, considerando simultaneamente as necessidades dos 
grupos sociais. Essas mudanças incidem sobre a elaboração e 
execução das políticas públicas, que passam a tomar os direitos 
humanos como principal referência.
Resposta correta: E
EXErCÍCioS dE FiXação
Compreendendo a Habilidade
– Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos 
e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-
geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
C-3
H-14
05. O filósofo alemão Jürgen Habermas, principal expoente 
da chamada segunda geração da Escola de Frankfurt, 
critica a colonização da vida social contemporânea pela 
racionalidade técnica. Como solução para essa situação, 
Habermas propõe a constituição de uma esfera pública 
cidadã, caracterizada pela razão comunicativa, um espaço 
social de debate capaz de produzir uma moralidade 
intersubjetiva e racionalmente sustentada, livre da 
dominação ideológica.
 Atualmente, presenciamos algumas mobilizações culturais 
e políticas que têm seu ponto de partida nas chamadas 
redes sociais formadas na Internet. A respeito das possíveis 
relações entre os movimentos sociopolíticos que circulam 
pelas redes sociais virtuais e o desenvolvimento de uma 
esfera pública cidadã, é certo dizer que:
a) os movimentos sociopolíticos que têm como ponto 
de partida as redes sociais virtuais constituem-se em 
obstáculos à formação de uma esfera pública cidadã, 
posto que simplesmente reproduzem os valores 
ideológicos ditados pelos meios de comunicação de 
massa e disseminam os princípios fundamentais das 
trocas de mercado.
b) as redes sociais virtuais, ainda que permeadas pelos 
valores sociais vigentes e pelas formas de poder 
estabelecidas na sociedade, constituem-se em um novo 
meio de articulações sociopolíticas, capaz de contribuir 
para o desenvolvimento de uma esfera pública cidadã, 
à medida que confere maior espaço à expressão de 
pontos de vista individuais e possibilita a agilidade da 
comunicação de ideias, bem como o debate acerca dos 
problemas políticos e sociais.
c) as mobilizações políticas via Internet, apesar da 
intencionalidade afirmativa e propositiva de seus 
participantes, não possuem qualquer efetividade na 
construção da cidadania, posto que, pela sua própria 
natureza, são incapazes de ultrapassar a virtualidade,ou seja, são inoperantes para consumar a necessária 
transformação política, econômica, social e cultural da 
civilização contemporânea.
d) as redes sociais virtuais são a única possibilidade de 
construção de uma autêntica esfera pública, já que nelas 
os indivíduos estão completamente livres da interferência 
de noções ideológicas e, consequentemente, são 
capazes de favorecer um debate que, partindo da 
exposição de pontos de vista individuais, conduz todos 
à aceitação racional de verdades éticas de validade 
definitiva e universal.
e) as redes sociais virtuais tendem a fortalecer a cidadania 
à medida que permitem a gradual substituição da 
democracia representativa por uma democracia direta, 
fato que se revela inevitável na constatação de que, 
nas sociedades contemporâneas, as relações entre os 
indivíduos transcorrem unicamente na dimensão da 
virtualidade, prescindindo de contatos efetivamente 
pessoais.
Enem em fascículos 2013
15Ciências Humanas e suas Tecnologias
Compreendendo as Habilidades
– Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos 
e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico-
geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
– Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das 
sociedades.
C-3
H-14
H-23
C-5
06. No dia 16 de junho de 2010, o Senado Brasileiro aprovou 
o Estatuto da Igualdade Racial. 
 Os senadores [...] suprimiram do texto o termo “fortalecer 
a identidade negra”, sob o argumento de que não existe 
no país uma identidade negra [...]. “O que existe é uma 
identidade brasileira. Apesar de existentes, o preconceito e 
a discriminação não serviram para impedir a formação de 
uma sociedade plural, diversa e miscigenada”, defende o 
relatório de Demóstenes Torres.
Folha.com. Cotidiano, 16 jun. 2010. 
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/751897-sem-cotas-
estatuto-da-igualdaderacial-eaprovado-na-ccj-do-senado.shtml 
Acesso em: 16 de junho de 2010.
 Com base no texto e nos conhecimentos atuais sobre a 
questão da identidade, é correto afirmar que:
a) a identidade nacional brasileira é fruto de um processo 
histórico de realização da harmonia das relações sociais 
entre diferentes raças/etnias, por meio da miscigenação.
b) a ideia de identidade nacional é um recurso discursivo 
desenraizado do terreno da cultura e da política, sendo 
sua base de preocupação a realização de interesses 
individuais e privados.
c) lutas identitárias são problemas típicos de países 
coloniais e de tradição escravista, motivo da sua ausência 
em países desenvolvidos como a Alemanha e a França.
d) embora pautadas na ação coletiva, as lutas identitárias, 
a exemplo dos partidos políticos, colocam em segundo 
plano o indivíduo e suas demandas imediatas.
e) as identidades nacionais são construídas socialmente, 
com base nas relações de força desenvolvidas entre 
os grupos, com a tendência comum de eleger, como 
universais, as características dos dominantes.
dE olHo no EnEM
SOBRE OS RECENTES MOvIMENTOS 
SOCIAIS URBANOS NO BRASIL
O movimento que teve a redução do preço das 
passagens como principal bandeira, e que eclodiu em várias 
cidades brasileiras, surpreendeu governos e políticos, mas 
também deixou a imprensa brasileira perplexa. Apesar de todo 
o aparato de tecnologia e logística das emissoras de TV para a 
cobertura ao vivo – e da bravura de seus profissionais de campo 
–, os telejornais, no calor dos acontecimentos, não conseguiram 
fazer mais do que mostrar os fatos em sua superficialidade, 
limitando-se, na maioria das vezes, a descrever a imagem 
captada pelos cinegrafistas nas ruas ou pelo helicóptero de 
plantão. Faltou um pouco mais de profundidade, especialmente 
nos noticiários dos canais por assinatura. Faltou um olhar 
menos descritivo e mais crítico. Faltou coragem e ousadia para 
comentar o inusitado. Desconhecimento de causa? Despreparo 
para lidar com um assunto incomum e imprevisível na mesmice 
de uma realidade a que nos acostumamos?
Uma das análises mais interessantes foi feita por Merval 
Pereira, na cobertura da Globonews, que, entre outras coisas, 
citou Manuel Castells, teórico espanhol da comunicação, 
considerado hoje o “papa” das relações nas redes sociais – o 
mesmo Castells que há pouco mais de duas décadas pensava e 
escrevia sobre a questão urbana. A perplexidade generalizada 
parece ter atingido também os especialistas entrevistados em 
diferentes canais por assinatura, igualmente pegos de surpresa 
e talvez sem tempo de pensar direito sobre a causa principal do 
fenômeno, seus desdobramentos, conexões e consequências. 
Senti falta – e imagino que alguns telespectadores mais 
exigentes também – de ouvir uma opinião mais embasada 
de cientistas que pesquisam os movimentos sociais urbanos. 
Alguém que pudesse dar conta de responder às perguntas, 
além de fazê-las, em lugar dos jornalistas, que não sabiam o 
que perguntar.
Primeiro: por que justamente o aumento das passagens 
de ônibus causou tanta indignação, principalmente entre os 
jovens, quando o país tem problemas muito mais sérios que 
antes não serviram de motivação? A pergunta foi feita, mas 
a resposta, que era sempre uma só, parece ter deixado os 
repórteres satisfeitos: “Os jovens chegaram ao máximo de sua 
indignação e se organizaram nas redes sociais para ganhar as 
ruas e protestar contra o aumento das passagens.” Mas como 
esses jovens acordaram de repente e por quê? O que causou 
esse “despertar coletivo” de modo tão inesperado? E a resposta: 
“As redes sociais permitiram maior comunicação entre eles e 
maior disseminação de informações.” Sim, os jovens ficaram 
bem informados e se politizaram de repente, ao sabor do 
vento? Acordaram, sem mais nem menos, para o aumento 
das passagens de ônibus em todo o país, inspirados por uma 
indignação generalizada que surgiu nos bate-papos de Internet 
e foram às ruas gritar palavras de ordem, cartazes em punho, 
sem uma direção ou orientação?
Estranhamente, as redes sociais são apontadas como 
causa, e não como ferramenta revolucionária que permitiu a 
organização de um modelo de protesto totalmente diferente 
de tudo o que já se viu antes no país. A Internet inaugura, 
sem dúvida, uma nova fase nos movimentos sociais urbanos 
(já vivenciada com mais intensidade em outros países) na 
maneira de exercer a cidadania, tornando-a mais interativa, 
mais conectada, mais organizada. Mas é uma ferramenta, 
um canal expresso de comunicação, que traz mudanças no 
comportamento, no formato, na logística, no modus operandi: 
mais entrosamento entre distâncias, mais rapidez e eficiência 
nas ações. Mas não é causa.
Interessante notar que houve uma transposição 
simbólica das formas de expressão das redes sociais para o 
asfalto, traduzida por frases de efeito que podiam ser lidas 
em milhares de cartazes de todos os tipos. Creio que nunca se 
viu tantos cartazes em uma manifestação por aqui, como se a 
ideia fosse reproduzir posts em movimento ou como se a rede 
de perfis virtuais saltasse da tela para as ruas, ratificando sua 
existência física.
E a causa? É claro que a juventude de classe média 
brasileira não acordou sozinha. E não acordou de repente. 
A Internet tornou o despertar mais rápido, sem dúvida. Mas 
existe uma esquerda resistente, que está representada nos 
pequenos partidos, que empunha a bandeira da ética e da 
transparência e que há muito tempo vem conquistando a 
juventude, usando a mesma linguagem e os mesmos meios 
Enem em fascículos 2013
16 Ciências Humanas e suas Tecnologias
que ela: a Internet. Para essa esquerda, o importante não é 
assumir uma autoria do movimento, não é manipular, mas 
criar, fortalecer e legitimar uma oposição apartidária, capaz 
de produzir mudança. Dar asas à sociedade civil para que ela 
assuma seu papel transformador,

Continue navegando