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introdução Estamos novamente com vocês para apresentar a longa história do povo judeu, desde sua origem até a realidade atual, com destaque para os conflitos ocorridos no século XX com povos árabes e muçulmanos, em virtude da criação do estado de Israel, em 1948. Esperamos ajudá-los na compreensão de fatos tão relevantes para a história ocidental. oBJEto do ConHECiMEnto A Guerra do Yom Kippur e suas Principais Repercussões A Guerra do Yom Kippur foi a quarta guerra Árabe-Israelense, ocorrida entre os dias 6 e 26 de outubro de 1973, entre Israel e uma coalizão de estados árabes liderados por Egito e Síria. O conflito teve início com um ataque surpresa a Israel, deflagrado por Egito e Síria, no feriado judaico do Yom Kippur. Os alvos prioritários de sírios e egípcios eram, respectivamente, as Colinas do Golã e o Sinai, que haviam sido capturados por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Pego de surpresa, o estado judeu viu seus inimigos avançarem sobre suas áreas de dominação nos primeiros dias para reagir, especialmente após a segunda semana do conflito, e reaver suas possessões. As repercussões do conflito foram variadas, incentivando novas configurações nas relações internacionais, nas esferas econômica, política e energética, e entre os países, tanto na esfera interna, quanto na regional e global. Todavia, uma melhor compreensão do conflito e dos seus reflexos exige-nos uma análise da história e do que levou às animosidades entre judeus e palestinos, bem como dos conflitos que o antecederam na esfera regional, desde a conturbada criação do estado judeu de Israel no território da Palestina. A Palestina, ou terra de Canaã, é considerada pelos judeus como um território sagrado, que lhes foi dado por toda a eternidade por Deus, quando este chamou o patriarca Abraão e lhe concedeu esta terra como a Terra Prometida, aproximadamente dois mil anos antes de Jesus Cristo nascer. CiênCias Humanas e suas TeCnologias 5 Fascículo EnEm Em fascículos - 2013 Neste fascículo de Ciências Humanas e suas Tecnologias, viajaremos pela História para compreender a origem dos conflitos entre palestinos e israelenses, desde a chegada do patriarca Abraão à Terra Prometida até os conflitos após a criação do estado de Israel pela ONU. E, para encerrar, trataremos dos movimentos sociais, diversidade e políticas afirmativas. Caro aluno Daí em diante, foi estruturada uma relação íntima, embasada pela religião, entre os judeus e aquele território árido, banhado pelo rio Jordão. Após uma migração em massa para o Egito, onde estiveram entre os séculos XVIII e XIII a.C., os hebreus, ou judeus, retornaram à Palestina guiados pelo patriarca Moisés, no episódio conhecido por Êxodo, e tiveram que lutar pela terra, ocupada no período especialmente por cananeus, filisteus, arameus e moabitas. A luta configurou a necessidade de instituição de uma chefia militar, o que originou a implantação do juizado. Em seguida, a reconquista do território demandou a criação de um mecanismo de governo para administrá-lo, o que levou à criação do regime de monarquia, que teve como destaques os soberanos Davi e Salomão, que comandou a construção do Templo de Jerusalém. Após a morte de Salomão, em 926 a.C., ocorreu o Cisma ou divisão do reino dos hebreus em Israel e Judá. Essa divisão enfraqueceu o estado hebraico, facilitando invasões de inimigos, com destaque para o domínio dos assírios sobre o reino de Israel e os domínios de caldeus, persas, macedônios e romanos sobre Judá, que tinha como capital a cidade de Jerusalém. Durante a dominação romana, os judeus iniciaram revoltas que provocaram a sua expulsão da Palestina, entre os séculos I e II da era cristã, levando-os a vivenciarem a Diáspora, na qual os judeus passaram a viver dispersos em comunidades espalhadas pelo mundo. Nesse contexto, o Templo de Jerusalém foi destruído, restando até hoje apenas parte da parede externa, conhecida como Muro das Lamentações. Vivendo em Diáspora, ou seja, dispersos pelo mundo, os judeus mantiveram suas crenças e tradições, marcadas pela influência religiosa que serviu de base para esse povo no correr dos séculos e alimentou o desejo de voltar para a Terra Prometida. Vivendo como estrangeiros ou até mesmo integrados à sociedade em diversos países, os judeus sofreram várias perseguições, em diversos períodos, notadamente na Idade Média. No século XIX, a Palestina passou para o controle britânico. Em 1896, o jornalista judeu-austríaco Teodor Herzl publicou a obra Der Judenstaat (“O estado judaico”), considerada o marco que iniciou o movimento Sionista, que defendia o direito à autodeterminação do povo judeu e pregava a criação de uma pátria para os judeus na Palestina. O termo “Sionismo” deriva de Sião, nome de uma colina que cerca a cidade de Jerusalém. Além disso, em diversas passagens bíblicas o povo hebreu é chamado de “Filhos de Sião”. Judeus ricos de diversas regiões do planeta começaram a adquirir terras na região e incentivar a emigração de judeus de diversas regiões para esses locais. Enem em fascículos 2013 2 Ciências Humanas e suas Tecnologias Durante a Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra se comprometeu a criar uma pátria judaica na Palestina, por meio da Declaração Balfour, em 1917. Em 1922, a Liga das Nações aprovou a referida declaração, o que incentivou mais migrações de judeus para a região, provocando alguns conflitos sem grandes proporções com a população árabe muçulmana local. A ascensão nazista na Alemanha e a Segunda Guerra Mundial foram marcadas por grandes perseguições aos judeus na pátria germânica e nos países sob ocupação das tropas nazistas. Ao final da Guerra, a revelação do que aconteceu com judeus nos guetos e, principalmente, nos campos de concentração comoveu a humanidade. Os judeus perderam a cidadania, pertences, propriedades, negócios e bens, bem como foram proibidos de exercer várias profissões, como médico e contador. Obrigados a ter marcada a letra J em seus documentos, os judeus deviam ainda usar uma faixa branca no braço direito, contendo a estrela de Davi. Lojas e negócios judeus foram boicotados e depredados. Enviados para guetos, os judeus tinham as suas liberdades e direitos civis totalmente cerceados. Nos campos de concentração, apesar de também estarem ciganos, poloneses, eslavos, opositores, prisioneiros, homossexuais e outras minorias étnicas, os judeus foram as vítimas mais numerosas. Nesses locais eram submetidos a experiências e trabalhos forçados, além do extermínio em massa. Segundo dados oficiais, 5.978.000 judeus foram mortos em campos de concentração nazista, na Segunda Guerra Mundial. A comoção mundial com a situação judaica serviu de incentivo para a recém-criada Organização das Nações Unidas – ONU apressar a aprovação da criação de uma pátria para os judeus na Palestina. Em 1947, a Assembleia Geral da ONU aprovou o plano de partilha, que dividia o território palestino para a criação de um estado árabe muçulmano e um estado judeu. Os sionistas aceitaram o plano de partilha, mas os palestinos e os países árabes e muçulmanos da região não, o que deu início aos conflitos. Em 1948, foi criado o Estado de Israel. Insatisfeitos, Egito, Síria, Jordânia, Líbano, Irã e Arábia Saudita atacaram o recém-criado Estado Judeu, iniciando a Primeira Guerra Árabe-Israelense ou Guerra de Independência (1948-1949). Apoiado por EUA, Inglaterra e França, Israel demonstrou sua superioridade militar ao ampliar seu território. O Egito ocupou a Faixa de Gaza e a Jordânia ocupou a Cisjordânia e parte de Jerusalém. O conflito marcou ainda o início de um grande problema para a região: um imenso número de refugiados palestinos ficou sem seu território e impedido de constituir sua pátria. Em 1956, Israel atacou o Egitocontando com o apoio da França e Inglaterra, ocupou a região do Sinai e passou a controlar o Golfo de Ácaba. Tal fato foi uma reação à nacionalização do Canal de Suez e ao fechamento do porto de Eilat, por ordem do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser. Era a Segunda Guerra Árabe-Israelense ou Guerra do Suez. Todavia, EUA e URSS pressionaram e Israel recuou, devolvendo no ano seguinte o Sinai ao Egito. O fato fortaleceu politicamente o presidente Nasser, que passou a ser visto como a grande liderança regional. Ao longo da década de 1950, foi iniciada a organização da luta do povo palestino contra os inimigos judeus. Foi criada a Al Fatah e tiveram início ações armadas contra Israel. Um dos líderes da organização passou a ganhar destaque na causa palestina: Yasser Arafat. Em 1964, foi criada a Organização para a Libertação da Palestina – OLP, que viria a ser reconhecida, em 1993, como legítima representante do povo palestino, após reconhecer a existência de Israel. Em 1967, reagindo aos cada vez mais frequentes ataques terroristas palestinos e a uma nova coalização de países árabes e muçulmanos que fechavam todos os acessos a Israel, este atacou seus inimigos vizinhos, ocupando a Faixa de Gaza, o Sinai, a Cisjordânia, as Colinas de Golã e Jerusalém. Era a Terceira Guerra Árabe-Israelense ou Guerra dos Seis Dias. Houve intervenção da ONU, que determinou um imediato cessar-fogo, que foi atendido. Entretanto, Israel ignorou as determinações da ONU para que deixasse os territórios ocupados. Golfo de Suez Mar Morto Mar Mediterrâneo PENÍNSULA DO SINAI EGITO ARÁBIA SAUDITA JORDÂNIA LÍBANO Jerusalém Oriental Gaza CISJORDÂNIA COLINAS DE GOLÃ SÍRIA Haifa Israel 1967 HOJE A VITÓRIA NA GUERRA DOS SEIS DIAS O Sinai foi devolvido ao Egito em 1982. Israel devolveu Gaza aos palestinos em agosto de 2005 e se retirou de quatro pequenos assentamentos no norte da Cisjordânia I S R A E L Jenin LÍBANO JORDÂNIA Tulkarem Nablus Qalqilya Ramallah Hebron Áreas palestinas Áreas israelenses nos territórios Colônias judaicas FAIXA DE GAZA CISJORDÂNIA Belém Jericó Jerusalém Mar Mediterrâneo SÍRIA As conquistas da Guerra dos Seis Dias multiplicaram por três o tamanho do país Territórios conquistados por Israel Tel Aviv <http://www.mundovestibular.com.br/articles/4378/1/A-GUERRA-DOS-SEIS- DIAS/Paacutegina1.html>. Acesso em 12 de julho de 2011. A já citada Guerra do Yom Kippur foi a Quarta Guerra Árabe-Israelense, ocorrida em 1973. Apesar da intervenção da ONU, dos EUA e da URSS, não houve acordos definitivos e Israel não devolveu os territórios que havia ocupado em 1967. Diante da situação, os países árabes decidiram usar o petróleo como arma política e através da Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP, reduziram a produção do produto e boicotaram seu fornecimento a países aliados de Israel, causando a Crise Mundial do Petróleo de 1973. A crise demonstrou, especialmente ao mundo ocidental, a dependência em relação ao petróleo e a importância geopolítica e estratégica do mundo árabe. No Brasil, a crise ajudou a determinar a falência do “Milagre Econômico” vivido no País. À época, as economias capitalistas, em geral, eram marcadas por forte intervencionismo e consequentemente os estados foram diretamente atingidos. Dali em diante, começaram a ganhar corpo as propostas econômicas de redução da intervenção do Estado na economia e começava a nascer o neoliberalismo, especialmente na Inglaterra, sob o governo da Primeira-Ministra Margareth Tatcher, e nos EUA, governados por Ronald Reagan. Na América do Sul, o Chile, governado pelo ditador Augusto Pinochet, foi o primeiro país a adotar tais práticas. Enem em fascículos 2013 3Ciências Humanas e suas Tecnologias Por outro lado, a crise estimulou a busca por fontes alternativas de combustíveis e energia. Nesse contexto, merece destaque o Programa Nacional do Álcool ou Proálcool, instituído em 1975 no Brasil, que visava a substituição em larga escala dos veículos movidos a combustíveis derivados do petróleo por álcool. A crise incentivou ainda uma busca pelas grandes potências econômicas, especialmente EUA, Inglaterra e França, de uma aproximação com os países árabes. Dessa forma, empresas multinacionais passaram a investir grandes somas de capitais no mundo árabe e o Ocidente, especialmente os EUA, buscaram aproximações e acordos políticos e diplomáticos com países como Arábia Saudita, Iraque, Pérsia e Egito. Este último foi o primeiro a reconhecer Israel, com a assinatura do acordo de Camp David, em 1979, em troca da devolução do Sinai pelo Estado Judeu, que cedia às pressões norte-americanas nesse sentido. A aproximação do soberano ou Xá Reza Pahlevi com os EUA, associada à impopularidade da monarquia persa, acusada de promover uma ocidentalização do país, foram os principais motivos da Revolução Islâmica de 1979, que transformou a Pérsia na República Islâmica do Irã, país de governo fundamentalista antiamericano e antissionista comandado por líderes religiosos locais – os Aiatolás, o que ampliou as tensões na região. QuEStão CoMEntada Compreendendo a Habilidade – Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. C-3 H-15 • (PUC-MG – Adaptada) Leia atentamente o texto a seguir, de Moacyr Scliar. “Israel representa uma mudança transcendente na multimilenar trajetória dos judeus. O Holocausto as revelações sobre o massacre de judeus deram dramática legitimidade ao movimento sionista e reivindicação de um território. A fundação de Israel deveria ser decidida pela recém-criada Organização das Nações Unidas. EUA e URSS apoiavam a partilha da Palestina e a criação de dois Estados um árabe, outro judeu. Com as superpotências coincidindo em seus pontos de vista, não foi difícil para a Assembleia Geral da ONU aprovar, em novembro de 1947, a divisão da Terra Santa. O projeto foi rejeitado pelos representantes dos países árabes. Mas os judeus, liderados por David Ben-Gurion, levaram a proposta adiante. Quase seis meses depois, 14 de maio de 1948, proclamaram a independência. Imediatamente estourou o conflito bélico, vencido pelos israelenses. Outros conflitos vieram, notadamente a Guerra dos Seis Dias. Israel consolidou-se como potência militar. Desde então, trava-se uma luta amarga e desumana entre israelenses palestinos, que, ao longo dessas décadas, acabaram por forjar uma identidade nacional.” A partilha da Palestina ocorreu há mais de seis décadas e ainda é alvo de polêmicas. Acerca da partilha e seus impactos, a base para a criação do Estado de Israel foi assentada: a) na possibilidade de existência de um Estado judaico com a aprovação dos países árabes. b) na legitimação pela força, comprovada pela sequência vitoriosa em conflitos e guerras contra seus vizinhos. c) na possibilidade da existência de uma maioria judaica num território estabelecido para tal fim. d) na ideologia sionista, que defendia a entrada dos judeus na Palestina sob domínio inglês. e) na aceitação por parte de ambos os lados de uma divisão equitativa da cidade de Jerusalém. Comentário Após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, a ONU determinou a divisão do território palestino entre judeus e palestinos, devendo ser criado um estado para cada uma destas nações. Foi criado o Estado judeu, mas a proposta não agradou à população palestina local e os países árabes e muçulmanos do Oriente Médio, e o Estado palestino não foi criado. É importante lembrar que a divisão do território colocou cidades palestinas sob domínio israelense e muitos muçulmanos foram expulsos de suas terras e encaminhados para novas áreas que deveriam ser do Estadopalestino. Ocorreram conflitos e guerras, entre as quais a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando a vitória de Israel levou a uma ocupação de territórios palestinos, transformando milhares de palestinos em refugiados em seu próprio território ou em países vizinhos, com destaque para o Líbano. Resposta correta: C EXErCÍCioS dE FiXação Compreendendo a Habilidade – Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. C-3 H-15 01. O Oriente Médio foi palco de conflitos internacionais de grande repercussão no mundo ao longo do século XX. A crise que envolveu a nacionalização do canal de Suez pelo Egito, em 1956, conjugou questões políticas, econômicas e militares numa escala internacional, inserida no contexto da Guerra Fria. O presidente egípcio Gamal Abdel Nasser iniciou a crise que levou ao conflito quando anunciou a nacionalização do canal de Suez, levando Israel, com o apoio de Inglaterra e França, a atacar o Egito. Qual o contexto internacional da década de 1950 permitiu a nacionalização do canal de Suez e o fracasso dos movimentos armados contra o Egito? a) No contexto da Guerra Fria, o equilíbrio entre as superpotências e os interesses internacionais levaram EUA e URSS a pressionar seus aliados, o que levou o Egito a recuar e Israel a devolver o Sinai no ano seguinte. b) A União Soviética havia iniciado em 1956 sua escalada militar no Vietnã, enquanto o bloco socialista estava fragmentado pela crescente aproximação da China à política internacional das nações capitalistas. c) O canal de Suez não tinha importância para a economia dos países capitalistas europeus e o apoio franco- britânico deveu-se ao fato de o governo egípcio ser uma barreira à expansão do islamismo no Oriente Médio. d) Os países muçulmanos haviam cancelado o fornecimento de petróleo para os Estados Unidos, o que fomentou o interesse dos países capitalistas nos fatos ocorridos naquela tensa região do planeta. e) As nações europeias como a Inglaterra e a França estavam debilitadas pois, recém-saídas da Segunda Guerra Mundial, estavam militarmente enfraquecidas e lutando contra a descolonização de seus territórios contra países como Estado de Israel. Enem em fascículos 2013 4 Ciências Humanas e suas Tecnologias Compreendendo a Habilidade – Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. C-2 H-7 02. Observe o mapa a seguir acerca da constituição do Estado de Israel, com a divisão aprovada pela ONU, e assinale a alternativa correta. a) A criação dos estados judeu e palestino foi favorecida pela intervenção das Nações Unidas após a Segunda Guerra. b) A proposta não foi concretizada, em virtude de divergências religiosas, políticas, econômicas e históricas. c) A criação do Estado Judeu foi aceita pelos países vizinhos, enquanto Israel foi impedido de se estabelecer. d) A única proposta realmente concretizada foi a transformação de Jerusalém em área de interesse internacional. e) A criação do Estado Árabe não se concretizou em virtude do poder militar de Israel, apoiado pela URSS. dE olHo no EnEM QUAL O SENTIDO DA DEMOCRACIA? LAVÔ, ENXUGÔ, TÁ NOVA!A onda revolucionária no Oriente Médio é uma chance ímpar de presenciarmos a História acontecendo e de pensarmos no significado de democracia, assunto tão comum em nossas aulas e tão complexo em nosso dia a dia. Um governo que representa os anseios do povo é perseguido ao longo do tempo, em momentos de recuo e avanço. Na Grécia Antiga, existia uma limitação, que foi se tornando cada vez mais restrita na Idade Média e na Idade Moderna, que assistiu no romper da Idade Contemporânea uma nova possibilidade de cidadania e democracia com a Revolução Francesa. O século XX foi intenso em busca de democracia e o Brasil deu exemplos de grandes lutas por esse ideal, que no ano de 2011 ainda não se faz pleno. O projeto “ficha-suja” não valeu para as eleições de 2010 e cabem alguns questionamentos: o erro está na lei? O erro está na interpretação da lei? O erro está em quem elege um suposto ficha-suja? O Oriente Médio vem passando por uma grande onda revolucionária iniciada na Tunísia, que se espalhou pelo Egito, pela Líbia e outros países do mundo árabe. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou: “A mudança revolucionária está a varrer o mundo árabe, com reflexos que serão sentidos em toda parte e por todos”. Se toda essa transformação se encaminha para a democracia, cabem outros questionamentos: qual tipo de democracia será estabelecido? Como os princípios democráticos compactuaram numa região que política e religião não se separam? Como falar em liberdade (um ponto da democracia) em países onde a mulher vive uma quase escravidão? O fato é que devemos ter alguns cuidados ao olharmos o Oriente Médio com os olhos do Ocidente... É uma outra história... introdução Com a nova ordem mundial, expressa pelo processo de mundialização da economia, e com o enfraquecimento dos estados nacionais que resultou no fim das fronteiras, as organizações supranacionais passaram a ter cada vez mais destaque no cenário internacional. Nesse novo cenário, organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Mundial do Comércio (OMC) e, mais recentemente, os BRICS assumiram um papel de destaque na chamada política internacional. oBJEto do ConHECiMEnto Organizações supranacionais Criadas após a Segunda Guerra Mundial, essas instituições surgem com o entendimento de que os direitos, deveres e condições socioeconômicas dos países não podem mais ser vistos como problemas isolados. Já que influenciam a ordem global, precisam de alguns mecanismos para serem regulados globalmente. Sem dúvida, as resoluções dos organismos internacionais – como a OMC, ONU e FMI – sempre têm um grande impacto nos governos e na formação da opinião pública internacional. Diante desse poder é forte o questionamento sobre a “igualdade de vantagens” e “não autoridade sobre os governos” como princípios das instituições internacionais. Como garantir esses pressupostos para países com realidades político-econômicas tão assimétricas quanto a dos países desenvolvidos e dos países subdesenvolvidos? Esse é um ponto polêmico, alimentado pelo fato de a maioria das instituições internacionais, que deveriam garantir a representatividade de todos os países, terem na verdade sua constituição e distribuição de poder condicionadas pela posição político-econômica dos países na comunidade internacional. No FMI, por exemplo, os votos estão relacionados com a cota de contribuição dos Estados para o Fundo. Os EUA, como maior cotista, têm a maioria dos votos. No FMI e Banco Mundial existe uma espécie de voto censitário de acordo com o poder econômico dos países. Enem em fascículos 2013 5Ciências Humanas e suas Tecnologias ONU Organização das Nações Unidas (ONU), ou simplesmente Nações Un ida s (NU ) , é uma organização internacional cujo objetivo declarado é facil itar a cooperação em matéria de direito internacional, segurança internacional, desenvo l v imento econômico , progresso social, direitos humanos e a realização da paz mundial. A ONU foi fundada em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, para substituir a Liga das Nações. Ela contém várias organizações subsidiárias para realizar suas missões. Existem atualmente 193 estados-membros, incluindo quase todos os estados soberanos do mundo. De seus escritórios em todo o mundo, a ONU e suas agências especializadas d e c i d e m s o b r e q u e s t õ e s dessubstantivas e administrativas, em reuniões regulares, ao longo do ano. A organização está dividida em instâncias administrativas,pr incipalmente: a Assembleia G e r a l ( a s s e m b l e i a d e l i b e r a t i v a p r i n c i p a l ) ; o Conselho de Segurança (para decidir determinadas resoluções de paz e segurança); o Conselho Econômico e Social (para auxil iar na promoção da cooperação econômica e social internacional e desenvolvimento); o Secretariado (para fornecimento de estudos, informações e facilidades necessárias para a ONU), o Tribunal Internacional de Justiça (o órgão judicial principal). Além de órgãos complementares de todas as outras agências do Sistema das Nações Unidas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). A figura mais publicamente visível da ONU é o Secretário-Geral, cargo ocupado desde 2007 por Ban Ki-moon, da Coreia do Sul. A organização é financiada por contribuições voluntárias dos seus Estados-membros, e tem seis idiomas oficiais: árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol. Organismos intergovernamentais, ou programas são: • OIT – Organização Internacional do Trabalho. • FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. • UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. • OMS – Organização Mundial de Saúde. • Grupo do Banco Mundial (BIRD, Banco Internacional de Desenvolvimento). • IDA – Associação de Desenvolvimento. • CFI – Corporação Financeira Internacional. • AGMF – Agência de Garantia Multilateral de Financiamento. • CIRDF – Agência Internacional para a Resolução de Disputas Financeiras (CIRDF). • FMI – Fundo Monetário Internacional. • ICAO – Organização da Aviação Civil Internacional. • UPU – União Postal Universal. • ITU – União Internacional de Telecomunicações. • OMM – Organização Meteorológica Mundial. • IMO – Organização Marítima Internacional. • OMPI – Organização Mundial da Propriedade Intelectual. • FIDA – Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola. • UNIDO – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial. • OMT – Organização Mundial do Turismo. • AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica. • OMC – Organização Mundial do Comércio. • OPAQ – Organização para a Proibição de Armas Químicas. • CTBTO – Organização Preparatória para o Tratado de Proibição de Testes Nucleares. • UNCTAD – Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. • PMA – Programa Mundial de Alimentos. Alguns programas são criados especificamente para determinadas regiões, como, por exemplo: • PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. • UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância. • PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. • ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. • UNFPA – Fundo de População das Nações Unidas. • UN-Habitat – Programa das Nações Unidas para Assentamentos Urbanos. • UNIFEM – Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para Mulher. • UNAIDS – Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids. • UNODC – Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime. • UNRWA – Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos. FMI O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização internacional que pretende assegurar o bom func ionamento do s i s tema f i n a n c e i r o m u n d i a l p e l o monitoramento das taxas de câmbio e da balança de pagamentos, através de assistência técnica e financeira. Sua criação ocorreu pouco antes do final da Segunda Guerra Mundial, em julho de 1944, e sua sede é em Washington, DC, Estados Unidos. Atualmente conta com mais de 187 nações. O FMI foi criado em 1944, com 45 países representados inicialmente em Bretton Woods, New Hampshire, nos EUA. Tem como objetivo básico zelar pela estabilidade do sistema monetário internacional, através da promoção da cooperação e da consulta de assuntos monetários entre os seus 187 países-membros. Com exceção de Coreia do Norte, Cuba, Liechtenstein, Andorra, Mônaco, Tuvalu e Nauru, todos os membros da ONU fazem parte do FMI. O Fundo favorece a progressiva eliminação das restrições cambiais nos países-membros e concede recursos temporariamente para evitar ou remediar desequilíbrios no balanço de pagamentos. Além disso, o FMI planeja e monitora programas de ajustes estruturais e oferece assistência técnica e treinamento para os países-membros. Enem em fascículos 2013 6 Ciências Humanas e suas Tecnologias Banco Mundial O Banco Mundial começou a partir da criação do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) nas Conferências de Bretton Woods, em 1944. Por costume, o Banco Mundial é presidido por um norte-americano. A missão inicial do Banco Mundial, até então somente o BIRD, foi de financiar a reconstrução dos países devastados pela Segunda Guerra Mundial. Com o tempo, a missão evoluiu para a de financiamento do desenvolvimento dos países mais pobres e de auxílio financeiro. O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) possui 187 países-membros, enquanto a Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) tem 168 membros. Cada Estado-membro do BIRD deve ser também um membro do Fundo Monetário Internacional (FMI) sendo que somente os membros do BIRD estão autorizados a juntar-se a outras instituições dentro do Banco. Poder de voto no Banco Mundial Estado-membro Percentagem Estados Unidos 16,39% Japão 7,86% Alemanha 4,49% França 4,30% Reino Unido 4,30% Brasil 2,24% Outros 62,66% OMC OMC A Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma organização internacional que trata das regras do comércio internacional. Possui sede em Genebra, Suíça, e conta com 156 membros. Suas funções são: • gerenc ia r os acordos que compõem o sistema multilateral de comércio; • servir de fórum para comércio nacional (firmar acordos internacionais); • supervisionar a adoção dos acordos e implementação destes acordos pelos membros da organização (verificar as políticas comerciais nacionais). O u t r a f u n ç ã o m u i t o importante na OMC é o Sistema de resolução de Controvérsias da OMC, o que a destaca entre outras instituições internacionais. Este mecanismo foi criado para solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos acordos sobre o comércio internacional entre os membros da OMC. Além disso, a cada dois anos, a OMC deve realizar pelo menos uma Conferência Ministerial. Existe um Conselho Geral que implementa as decisões alcançadas na Conferência e é responsável pela administração diária. A Conferência Ministerial escolhe um diretor-geral com o mandato de quatro anos. Atualmente, o Diretor-geral é Pascal Lamy, que tomou posse em 8 de março de 2008. FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação Emblema da FAO com o seu lema latino, Fiat Panis (Seja feito o pão) Tipo Agência especializada Acrônimo FAO Comando José Graziano Status ativa Fundação 16 de outubro de 1945 Sede Roma, Itália Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, sigla de Food and Agriculture Organization) é uma organização das Nações Unidas cujo objetivo é aumentar a capacidade da comunidade internacional para de forma eficaz e coordenada, promover o suporte adequado e sustentável para a Segurança Alimentar e Nutrição. Para isso, realiza programas de melhoria da eficiência na produção, elaboração, comercialização e distribuição de alimentos e produtos agropecuários de granjas, bosques e pescarias. De acordo com a própria FAO, suas principais atividades são: • Desenvolver assistência para países subdesenvolvidos. • Informação sobre nutrição, comida, agricultura, florestamento e pesca.• Aconselhamento a governos. • Servir como um fórum neutro para discutir e formular políticas nos principais assuntos relacionados à agricultura e alimentação. A FAO foi fundada a 16 de outubro de 1945, em Quebeque, Canadá. Em 1951, sua sede foi transferida para Roma, por iniciativa do governo italiano, que teria investido quatro milhões de dólares na construção da nova sede. Em 2000, tinha 181 membros (180 países e a União Europeia). Enem em fascículos 2013 7Ciências Humanas e suas Tecnologias OEA A Organização dos Estados Americanos é o mais antigo organismo regional do mundo. A sua origem remonta à Primeira Conferência Internacional Americana, realizada em Washington, D.C., de outubro de 1889 a abril de 1890. Esta reunião resultou na criação da União Internacional das Repúblicas Americanas, e começou a se tecer uma rede de disposições e instituições, dando início ao que ficará conhecido como “Sistema Interamericano”, o mais antigo sistema institucional internacional. A OEA foi fundada em 1948 com a assinatura, em Bogotá, Colômbia, da Carta da OEA que entrou em vigor em dezembro de 1951. A Organização foi criada para alcançar nos Estados-membros, como estipula o Artigo 1º da Carta, “uma ordem de paz e de justiça, para promover sua solidariedade, intensificar sua colaboração e defender sua soberania, sua integridade territorial e sua independência”. Hoje, a OEA congrega os 35 Estados independentes das Américas e constitui o principal fórum governamental político, jurídico e social do hemisfério. Além disso, a Organização concedeu o estatuto de observador permanente a 67 Estados e à União Europeia (EU). Para atingir seus objetivos mais importantes, a OEA baseia-se em seus principais pilares que são a democracia, os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento. Organização dos Estados Americanos (OEA) Organisation des États Américains Organization of American States Organización de los Estados Americanos Bandeira da Organização dos Estados Americanos Países membros da OEA. Fundação 5 de maio de 1948 Tipo Organização Internacional Sede Washington D.C., Estados Unidos Membros 35 países Línguas oficiais Inglês Francês Espanhol Português Secretário-Geral José Miguel Insulza Chile (desde 26 de maio de 2005) G8 O Grupo dos Sete e a Rússia, mais conhecido como G8, é um grupo internacional que reúne os sete países mais industrializados e d e s e n v o l v i d o s economicamente do mundo, mais a Rússia. Todos os países se dizem nações democráticas: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá (antigo G7), mais a Rússia – esta última não participando de todas as reuniões do grupo. Durante as reuniões, os dirigentes máximos de cada Estado-membro discutem questões de alcance internacional. O G8 é muito criticado por um grande número de movimentos sociais, normalmente integrados no movimento antiglobalização, que acusam o G8 de decidir uma grande parte das políticas globais, social e ecologicamente destrutivas, sem qualquer legitimidade nem transparência. Sempre que ocorrem reuniões do G8 são convidados também um grupo denominado de G5 (Brasil, India, China, México e África do Sul). Tudo indica que no futuro essas duas organizações se juntem formando o G13. G20 O Grupo dos 20 (ou G20) é um grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Foi criado em 1999, após as sucessivas crises financeiras da década de 1990. Visa favorecer a negociação internacional, integrando o princípio de um diálogo ampliado, levando em conta o peso econômico crescente de alguns países, que, juntos, representam 90% do PIB mundial, 80% do comércio mundial (incluindo o comércio intra-UE) e dois terços da população mundial. O peso econômico e a representatividade do G-20 conferem-lhe significativa influência sobre a gestão do sistema financeiro e da economia global. O G-20 estuda, analisa e promove a discussão entre os países mais ricos e os emergentes sobre questões políticas relacionadas com a promoção da estabilidade financeira internacional e encaminha as questões que estão além da responsabilidade individual de qualquer organização. Com o crescimento da importância do G-20 a partir da reunião de 2008, em Washington, e diante da crise econômica mundial, os líderes participantes anunciaram, em 25 de setembro de 2009, que o G-20 seria o novo conselho internacional permanente de cooperação econômica, eclipsando o G8, constituído pelas oito economias mais ricas. Enem em fascículos 2013 8 Ciências Humanas e suas Tecnologias Grupo dos 20 G-20 Mapa-múndi destacando os países do G-20. Países-membros do G-20 Países-membros da União Europeia que não são individualmente representados no G-20 Fundação 1999 2008 (Cúpula) Membros 20 Presidência do G-20 México (2012) Argentina Austrália Brasil Canadá China França Alemanha Índia Indonésia Itália Japão México Rússia Arábia Saudita África do Sul Coreia do Sul Turquia Reino Unido Estados Unidos União Europeia OCDE A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma organização internacional de 34 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado. Os membros da OCDE são economias de alta renda com um alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e são considerados países desenvolvidos, exceto México, Chile e Turquia. Teve origem em 1948 como a Organização para a Cooperação Econômica (OECE), liderada por Robert Marjolin da França, para ajudar a administrar o Plano Marshall para a reconstrução da Europa, após a Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, a sua filiação foi estendida a estados não europeus. Em 1961, foi reformada para a Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Convenção sobre a Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento. A sede da OCDE é localizada em Paris, França. Réalisation, Roberto Girmeno et Atelier de cartographie de Sciences Po. L’Organisation de coopération et de développement économiques en 2010 Source: Questions internationales (nº 41 janvier-février 2010) États fondatesurs le 14 décembre 1960 Autres États membres Négociations pour l’adhésion à I’OCDE en cours Endagement renforcé en vue d’une éventuelle adhésion Source: www.cecd.org© Dila, Paris, décembre 2009. Grupo dos 77 O Grupo dos 77 nas Nações Unidas é uma coalizão de nações em desenvolvimento, que visa promover os interesses econômicos coletivos de seus membros e criar uma maior capacidade de negociação conjunta na Organização das Nações Unidas. Havia 77 membros fundadores da organização, mas a organização, desde então, expandiu para 131 países-membros. Desde 2011, a Argentina detém a presidência. O grupo foi fundado em 15 de junho de 1964 pela “Declaração Conjunta dos Setenta e Sete Países” emitida na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). A primeira reunião importante foi em Argel, em 1967, quando a “Carta de Argel” foi adotada e a base para as estruturas institucionais permanentes foi iniciada. Há seções do Grupo dos 77, em Roma (FAO), Viena (ONUDI), Paris (UNESCO), Nairobi (UNEP) e o Grupo dos 24 em Washington, DC (FMI e Banco Mundial). BRICS Enem em fascículos 2013 9Ciências Humanas e suas Tecnologias BRICS EM NÚMEROS ÁREA PIBPOPULAÇÃO (HABITANTES) 8,5 MIL KM2 BRASIL RÚSSIA ÍNDIA CHINA ÁFRICA DO SUL 17 MIL KM2 3,3 MIL KM2 9,6 MIL KM2 1,2 MIL KM2 195,4 MILHÕES 140,4 MILHÕES 1,21 BILHÕES 1,35 BILHÕES 2,51 MILHÕES US$ 1,6 TRILHÕES US$ 1,2 TRILHÕES US$ 1,3 TRILHÕES US$ 5 TRILHÕESUS$ 300 BILHÕES fonte: Banco Mundial Em economia, BRICS é um acrônimo que se refere aos países-membros fundadores (Brasil, Rússia, Índia e China) e à África do Sul, que juntos formam um grupo político de cooperação. Em 14 de abril de 2011, o “S” foi oficialmente adicionado à sigla BRIC para formar o BRICS, após a admissão da África do Sul (em inglês: South Africa) ao grupo. Os membros fundadores e a África do Sul estão todos em um estágio similar de mercado emergente, devido ao seu desenvolvimento econômico. É geralmente traduzido como “os BRICS” ou “países BRICS” ou, alternativamente, como os “Cinco Grandes”. Apesar de o grupo ainda não ser um bloco econômico ou uma associação de comércio formal, como no caso da União Europeia, existem fortes indicadores de que “os quatro países do BRIC têm procurado formar um “clube político” ou uma “aliança”, e assim converter “seu crescente poder econômico em uma maior influência geopolítica.” Desde 2009, os líderes do grupo realizam cúpulas anuais. A sigla (originalmente “BRIC”) foi cunhada por Jim O’Neill em um estudo de 2001 intitulado “Building Better Global Economic BRICs”. Desde então, a sigla passou a ser amplamente usada como um símbolo da mudança no poder econômico global, distanciando-se das economias desenvolvidas do G7 em relação ao mundo em desenvolvimento. De acordo com um artigo publicado em 2005, o México e a Coreia do Sul seriam os únicos outros países comparáveis aos BRICS, mas suas economias foram inicialmente excluídas por serem consideradas mais desenvolvidas, uma vez que já eram membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. ? ? O G-20 Agrícola – é um grupo de países em desenvolvimento criado em 20 de agosto de 2003, na fase final da preparação para a V Conferência Ministerial da OMC, realizada em Cancun, entre 10 e 14 de setembro de 2003. O Grupo concentra sua atuação em agricultura, o tema central da Agenda de Desenvolvimento de Doha. O G-20 tem uma vasta e equilibrada representação geográfica, sendo atualmente integrado por 23 membros: 5 da África (África do Sul, Egito, Nigéria, Tanzânia e Zimbábue), 6 da Ásia (China, Filipinas, Índia, Indonésia, Paquistão e Tailândia) e 12 da América Latina (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, Equador, Guatemala, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela). O Grupo nasceu com o objetivo de tentar, como de fato o fez, impedir um resultado predeterminado em Cancun e de abrir espaço para as negociações em agricultura. Naquela ocasião, o principal objetivo do Grupo foi defender resultados nas negociações agrícolas que refletissem o nível de ambição do mandato de Doha e os interesses dos países em desenvolvimento. Para tanto, o Grupo adotou uma posição comum, circulada como documento oficial da OMC, antes e durante Cancun (WT/MIN(03)/W/6). Essa posição permanece como a plataforma central do Grupo. O G-20 consolidou-se como interlocutor essencial e reconhecido nas negociações agrícolas. A legitimidade do Grupo deve-se às seguintes razões: • importância dos seus membros na produção e comércio agrícolas, representando quase 60% da população mundial, 70% da população rural em todo o mundo e 26% das exportações agrícolas mundiais; • sua capacidade de traduzir os interesses dos países em desenvolvimento em propostas concretas e consistentes; • sua habilidade em coordenar seus membros e interagir com outros grupos na OMC. G15 O Grupo dos 15, ou G15, foi estabelecido na nona reunião de cúpula do movimento dos Não Alinhados em Belgrado, Iugoslávia em setembro de 1989. Foi proposta a cooperação e a entrada para outros grupos internacionais, tais como a Organização Mundial de Comércio (OMC) e o grupo das oito nações ricas e industrializadas (G8). É composto dos países da América do Norte, da América do Sul, da África, e da Ásia com um objetivo em comum, o crescimento e a prosperidade. O G15 focaliza na cooperação entre países nas áreas de investimento, de comércio, e de tecnologia. A sociedade do G15 expandiu a 18 países, mas o nome permaneceu o mesmo. Os países do acordo são: Argélia, Argentina, Brasil, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Irã, Jamaica, Quênia, Nigéria, Malásia, México, Peru, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue. O Irã entrou para o G15 na reunião de cúpula dos Não Alinhados de 2006, em Havana. G4 O G4 é uma aliança entre Alemanha, Brasil, Índia e Japão com o objetivo de apoiar as propostas uns dos outros para ingressar em lugares permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Diferentemente de outras alianças similares como o G7 e o G8, onde o denominador comum é a economia ou motivos políticos a longo termo, o objetivo é apenas buscar um lugar permanente no Conselho. Enem em fascículos 2013 10 Ciências Humanas e suas Tecnologias A ONU possui atualmente cinco membros permanentes com poder de veto no Conselho de Segurança: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. Enquanto quase todas as nações concordam com o princípio que a ONU precisa de uma reforma que inclui expansão, poucos países desejam negociar quando a reorganização deve acontecer. Também há descontentamento entre os membros permanentes atuais quanto à inclusão de nações controversas ou países não apoiados por eles. Por exemplo, a República Popular da China é contra a entrada do Japão e a Alemanha não recebe apoio dos EUA. A França e o Reino Unido anunciaram que apoiam as reivindicações do G4, principalmente o ingresso da Alemanha e do Brasil. Uma questão importante são os países vizinhos (com chances menores de ingressar) aos que propõem a entrada que frequentemente são contra os esforços do G4: o Paquistão é contra a entrada da Índia; a Coreia do Sul e a China são contra o Japão; a Argentina e o México são contra o Brasil e a Itália é contra a Alemanha; formando um grupo que ficou conhecido como Coffee Club, contra a expansão do Conselho por aqueles que a propõem. QuEStão CoMEntada Compreendendo a Habilidade – Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. C-2 H-7 • “UNnecessary” (“Desnecessário”), completa o ex- presidente norte-americano George W. Bush, com um lápis, no símbolo internacional da ONU (United Nations). Em relação ao tema, podemos afirmar que: a) o presidente dos EUA teve, ao invadir o Iraque em 2003, uma postura autoritária ao não considerar os acordos multilaterais de paz, proporcionados pela ONU desde o fim da Segunda Guerra Mundial. b) a ONU sempre foi uma instituição inoperante, o que provocou a invasão do Iraque pelo presidente norte- americano. Tal instituição nada fez para por fim às hostilidades entre árabes e israelenses, proporcionando a invasão estadunidense. c) a ocupação do Iraque pelas forças militares norte- americanas, desde 2003, não pode mais ser suportada pelos Estados Unidos. Este país tenta restabelecer a democracia no Iraque, e a ONU é incapaz de ouvir os clamores dessa liderança política para por fim à guerra. d) o governo dos EUA tentou evitar, junto à ONU e a todo custo, o conflito armado com o Iraque, e a ocupação do país árabe pela maior potência militar do planeta vem causando a crise imobiliária que afeta a economia global. e) o secretário geral da ONU é um árabe radical, o que impede que a instituição tome atitudes de contenção da guerra entre EUA e Iraque, aumentando o terrorismo internacional dos fundamentalistas islâmicos. Comentário Com o final da Guerra Fria, a ONU se tornou a mais importante organização supranacional, contudo, a invasão do Iraque, sem o aval dessa organização, colocou em xeque o poder da ONU diante da ingerência das potências globais. Resposta correta: A EXErCÍCioS dE FiXação Compreendendos a Habilidade – Comparar o significadohistórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. C-2 H-9 03. Para alguns autores, a globalização é a fase mais recente da expansão capitalista. Nesta etapa alguns chefes de Estado têm feito conferências e decidido sobre as maiores operações industriais e financeiras do mundo. As ações deste grupo privilegiado, também conhecido como G-8, são decisivas para a economia mundial. Assinale a alternativa que contém os países que compõem o G-8. a) Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Canadá, Itália, Reino Unido e Rússia. b) Israel, França, Holanda, Dinamarca, China, Taiwan, Suíça e Reino Unido. c) Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Japão, China, Rússia e Canadá. d) Japão, China, Estados Unidos, Itália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Suíça. e) Alemanha, Itália, Israel, Polônia, Rússia, Canadá, Dinamarca e Grécia. Enem em fascículos 2013 11Ciências Humanas e suas Tecnologias Compreendendo a Habilidade – Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. C-2 H-9 04. Leia os textos e responda. Sob rígidas sanções da ONU por conta de seu programa nuclear, o governo do país anunciou que atingiu 3000 centrífugas para enriquecimento de urânio. O país afirma que seu programa visa produzir energia, mas EUA e União Europeia temem que o país busque a bomba atômica. Relatório emitido pela AIEA, a Agência Nuclear da ONU menciona que o país tem 2000 centrífugas e outras 650 em fase de teste. Mergulhado numa grave crise econômica o país aceitou desativar todo o seu programa nuclear até o fim deste ano, informou o principal negociador nuclear dos EUA e secretário assistente de Estado, Christopher Hill, após negociações em Genebra. Em troca o país receberá compensação política e econômica. Folha de S. Paulo, 03/09/2007. Os textos referem-se respectivamente a dois países cujos programas nucleares preocupam a comunidade internacional. Os países são: a) Irã e Paquistão. b) Irã e Coreia do Norte. c) Coreia do Norte e Paquistão. d) Coreia do Norte e Turquia. e) Paquistão e Síria. dE olHo no EnEM Lenin Nolly/EFE Os Estados Unidos devem apoiar a inclusão do Brasil como membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, eliminar a tarifa à importação do etanol brasileiro, suspender a obrigatoriedade do visto e tratar o País como uma potência global, e não apenas regional. A avaliação é de um amplo estudo com o título “EUA devem desenvolver uma parceria madura e forte com o Brasil”, realizado por uma força-tarefa de 30 especialistas americanos em diferentes áreas reunidos pelo Council on Foreign Relations (CFR), um dos mais importantes centros de estudos de política externa do mundo, com base em Nova York. Conhecido pela enorme inf luência tanto no Departamento de Estado como na Casa Branca, o CFR busca, através desse estudo, fortalecer a importância do Brasil dentro do governo americano. Contendo algumas críticas tanto ao presidente Barack Obama como à secretária de Estado, Hillary Clinton, o estudo teve a participação de figuras ligadas aos Partidos Republicano e Democrata. “A força-tarefa recomenda que a administração Obama apoie o Brasil como membro do Conselho de Segurança. Acreditamos que o Brasil, com esta cadeira, teria uma maior responsabilidade diante dos principais temas internacionais”, afirma o estudo divulgado na terça-feira, 12, pelo CFR. Ao visitar o Brasil, em março passado, o presidente americano não apoiou a iniciativa brasileira, apesar de ter dado esse apoio, meses antes, à Índia, que também ambiciona integrar o órgão máximo das Nações Unidas. Segundo o estudo, “um apoio formal dos Estados Unidos ao Brasil reduziria a suspeita dentro do governo brasileiro de que o compromisso americano de uma relação madura e entre iguais não passa de retórica”. “Há pouco a perder e muito a ganhar com um apoio ao Brasil no CS neste momento”, diz o texto. Abstenções. No estudo, a força-tarefa empenha-se até mesmo em justificar o histórico de abstenções do Brasil nas votações da ONU – ou mesmo posições contrárias aos EUA, como nas resoluções que propunham sanções ao Irã, em 2010, ou que aprovavam a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia, há alguns meses. “Os brasileiros usam a abstenção como forma de expressar frustração diante da comunidade internacional ao censurar o Irã, mas não a Arábia Saudita”, diz o texto. Para o CFR, o Departamento de Estado deveria criar um escritório “apenas para assuntos brasileiros”. Atualmente, o País está incluído na Subsecretaria do Hemisfério Ocidental, que inclui a América Latina e o Canadá. O Conselho de Segurança Nacional também deveria ter um diretor para coordenar questões estratégicas com o governo brasileiro. “É do interesse dos EUA reconhecer o Brasil como um ator internacional, com uma influência global que deve continuar crescendo”, acrescentam os formuladores da proposta. O estudo chega até mesmo a pedir uma revisão das exigências para que o Brasil possa ser incluído no Visa Waiver Program. Este programa permite que cidadãos de 36 países entrem nos Estados Unidos por até 90 dias para negócios e turismo sem a necessidade de obter o visto em consulados. A maioria deles é europeia, além de algumas nações asiáticas e da Oceania, como o Japão e a Austrália. Nenhum país da América Latina está incluído. “Isso facilitaria o comércio entre os dois países e o Brasil, como medida de reciprocidade, deveria aplicar o mesmo aos americanos”, afirmam. Para completar, em um claro elogio ao Brasil, eles afirmam que “o crescimento resultou em uma significante redução da desigualdade, expansão da classe média e uma vibrante economia”. “Tudo dentro do contexto democrático”, diz o texto. Gustavo Chacra, correspondente de O Estado de S.Paulo. Enem em fascículos 2013 12 Ciências Humanas e suas Tecnologias introdução O tema que abordaremos neste fascículo – Movimentos sociais, diversidade e políticas afirmativas – possui uma relação direta com pontos referentes à área 3 da Matriz de Referência de Ciências Humanas e suas Tecnologias, que engloba: Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. Neste fascículo, resolvemos aprofundar um assunto bem atual na agenda política brasileira, as chamadas ações afirmativas, muito em destaque ultimamente. Esse compromisso é resultado da luta histórica do movimento social negro que, como principal protagonista intelectual e militante do antirracismo no Brasil, trabalhou quase um século para que o racismo fosse reconhecido pela sociedade e pelo Estado brasileiro. oBJEto do ConHECiMEnto Movimentos sociais, diversidade e políticas afirmativas Somente na década de 1990 e após muita pressão do movimento negro, o governo federal brasileiro, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, decidiu reconhecer publicamente a existência do racismo e suas consequências no Brasil, dando início a um processo de discussão sobre o problema e implementando algumas tímidas medidas de combate ao racismo. Um dos resultados positivos dessa luta histórica é que hoje, mesmo com resistência de alguns setores da sociedade, não é mais possível negar que o racismo é uma questão presente na realidade concreta e que é necessário um amplo debate, tanto no sentido da sua superação, quanto no sentido da superação das desigualdades raciais. Esse é um tema relativamente novo no debate político no Brasil. Foi, portanto, a luta do movimento negro que fez com que ganhasse espaço no debate sobre políticas públicas o conceito de ação afirmativa – políticas temporárias e específicas de promoção de igualdadede oportunidades e condições concretas de participação na sociedade. No processo de democratização que desejamos ver instaurado no Brasil, o conceito de ação afirmativa e as políticas concretas que surgem a partir dele são instrumentos fundamentais, que nasceram nas lutas de afirmação de identidade, de cidadania e de direitos dos movimentos sociais. Ao se constituir essa opção, que é uma opção ética, afirma-se a defesa do direito de viver com dignidade, com liberdade e com iguais possibilidades de participação (e de acesso aos bens materiais e imateriais). Podemos afirmar que uma política de democratização consiste na criação daquilo a que, necessariamente, todos devem ter acesso, criando os meios que assegurem esse acesso. É nesse ponto que o conceito de ação afirmativa é importante. Podemos, inclusive, afirmar que as desigualdades sociais são causa e não consequência do nosso desenvolvimento desigual. É só lembrarmos que no Brasil as desigualdades sobreviveram mesmo nos períodos de crescimento do PIB. A tradicional fórmula que propõe crescimento para combater a pobreza, já demonstrou sua inércia, pois são as desigualdades e não o baixo crescimento, o elemento fundamental de produção de pobreza. A educação formal é exemplo disso, pois o aumento quantitativo, ao longo do século passado, de oportunidades educacionais, não eliminou as desigualdades educacionais em todos os níveis. A educação pública – sobretudo a educação superior – é um exemplo de gestão estatal de interesses particulares. Os movimentos sociais populares e democráticos mostram que a exigência de igualdade aparece como ponto de partida de uma política constituinte de recomposição democrática do social e do político. A abertura das instituições à multiplicidade é o caminho possível para torná-las democráticas. O caminho da mudança no Brasil deve começar pelo combate às desigualdades sociais. Esse combate passa pela reestruturação de diversas instituições (entre elas, o sistema educacional – acesso, currículo, material didático, formação de educadores, formas de seleção, financiamento de pesquisas etc. – e o sistema previdenciário, um dos maiores produtores de desigualdades), por políticas massivas de acesso aos direitos fundamentais, complementadas por políticas específicas para os grupos sociais mais vulneráveis à discriminação. Por isso, devem ser implementadas políticas de acesso à renda digna, de aumento de vagas nas escolas e universidades públicas, de acesso à saúde e à moradia, com políticas de ação afirmativa para negros, indígenas, portadores de deficiências e necessidades especiais e, obviamente, os mais pobres. Assumir as políticas de ação afirmativa como parte da estratégia de democratização, em nada contradiz a necessidade de desenvolver políticas universais. Pelo contrário, as políticas de ação afirmativas e seus instrumentos (as cotas, as bolsas e incentivos, a priorização de investimentos para grupos sociais historicamente discriminados, os programas educacionais e a formação de educadores para o combate à discriminação, a valorização cultural etc.), são políticas de universalização de direitos, à medida que, mesmo inicialmente estabelecendo critérios desiguais, são políticas de constituição material daquilo que a coletividade definir como o que todos (rigorosamente todos) devem ter acesso. Karl Marx, historiador alemão (1818–1883), um dos teóricos do socialismo científico, afirmou durante sua vida: “a sociedade capitalista é antes de tudo uma sociedade de classes” e a “história do homem é a própria luta de classes”. Sendo assim, o conflito social interclasses gera a apropriação dos bens e oportunidades sociais por alguns segmentos; é a partir da análise do pensamento de Marx, dos propósitos capitalistas que vigoram no Brasil há mais de 400 anos que se insere a exploração do povo afrodescendente, por exemplo, como mera ferramenta de utilidade material, força de trabalho e bem comercializável; sem o devido reconhecimento do desmantelamento de centenas de milhares de etnias que compunham o território, o continente africano e que dispersaram por todo o mundo ocidental na constituição do capitalismo em suas múltiplas contradições sociais. Para tentar superar as mazelas sociais e promover a inclusão e a justiça, a partir dos anos 1990, o Brasil tem sido alvo em potencial dos programas de ações afirmativas que visam reconhecer e corrigir situações de direitos negados socialmente ao longo da história. Ações afirmativas são políticas focais que alocam recursos em benefício de pessoas pertencentes a grupos discriminados e vitimados pela exclusão socioeconômica no passado ou no presente. Enem em fascículos 2013 13Ciências Humanas e suas Tecnologias Trata-se de medidas que têm como objetivo combater discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, aumentando a participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, redes de proteção social e/ou no reconhecimento cultural. Este processo discriminatório atinge de forma negativa, pessoas que são marcadas por estereótipos que as consolidam socialmente como inferiores, incapazes, degeneradas etc., colocando-as em situações de subcidadania e precariedade civil. Dito de outra forma, o racismo, o machismo, a xenofobia, a homofobia, entre outras ideologias discriminatórias, vincularam e vinculam determinadas pessoas a características coletivas e pejorativas que as impedem de receber prestígio, respeito e valoração social como um indivíduo qualquer, por meio de discriminações, que na maioria das vezes, são executadas indiretamente, ou seja, “por baixo dos panos”, nos bastidores, sem testemunhas e alarde. A Ação Afirmativa é, portanto, um conjunto de medidas especiais, porque agem focadas nos grupos marginalizados. E temporárias, pois possuem objetivos determinados que quando alcançados tornam-nas desnecessárias. E podem ser elaboradas e executadas pelo Estado e/ou pela iniciativa privada de maneira compulsória ou espontânea. Entre as medidas que podemos classificar como ações afirmativas podemos mencionar: incremento da contratação e promoção de membros de grupos discriminados no emprego e na educação por via de metas, cotas, bônus ou fundos de estímulo; bolsas de estudo; empréstimos e preferência em contratos públicos; determinação de metas ou cotas mínimas de participação na mídia, na política e outros âmbitos; reparações financeiras; distribuição de terras e habitação; medidas de proteção a estilos de vida ameaçados; e políticas de valorização identitária. A ação afirmativa se diferencia das políticas puramente antidiscriminatórias por atuar preventivamente em favor de indivíduos que potencialmente são discriminados, o que pode ser entendido tanto como uma prevenção à discriminação quanto como uma reparação de seus efeitos. Políticas puramente antidiscriminatórias, por outro lado, atuam apenas por meio de repressão aos discriminadores ou de conscientização dos indivíduos que podem vir a praticar atos discriminatórios. Há inúmeras experiências de políticas afirmativas em todo mundo (Índia, Malásia, África do Sul, Gana, Guiné, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, México, Brasil, entre outros) com critérios variados como, por exemplo, casta, deficiência física, descendência, etnia, gênero, nacionalidade, raça, etc. O próprio Brasil possui um histórico de políticas de cunho afirmativo: a Lei dos Dois Terços (5.452/1943) do governo Getúlio Vargas, a Lei do Boi (5.465/1968) que reservou vagas nas instituições de ensino – médio e superior – agrícolas para agricultores e filhos destes, a Lei 8.112/1990 que prescreve cotas para portadores de deficiências físicas no serviço público civil da União, a Lei 9.504/1997 que preconizacotas para mulheres nas candidaturas partidárias, entre outras. É necessário, neste contexto, o entendimento de conceitos que podem contribuir para o êxito das ações afirmativas e a inclusão social. As ações afirmativas são formas de políticas públicas que objetivam transcender as ações do Estado na promoção do bem-estar e da cidadania para garantir igualdade de oportunidades e tratamento entre as pessoas e a mobilização dos setores culturais com intenção de ampliar as ações de inclusão social. QuEStão CoMEntada Compreendendo as Habilidades – Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. – Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas. C-3 H-11 H-22 C-5 • Leia o texto a seguir: Uma notável virada na história do casamento teve início na década final do século XX, com a institucionalização oficial do casamento homossexual, ou “parceria”. [...] O reconhecimento da homossexualidade como forma legítima de sexualidade foi parte da revolução sexual do ocidente. Ela está agora descriminalizada onde era ainda um delito, e em 1973 foi retirada da lista de desordens mentais da Associação Psiquiátrica Americana. Em 1975, a Comissão de Serviços Civis dos EUA retirou sua interdição à contratação de homossexuais. Logo, a discriminação dos homossexuais é que passou a ser considerada um delito. A igualdade em relação à “orientação sexual” esteve nas normas para a nomeação de prefeitos na Holanda na década de 1980, por exemplo. Grande avanço internacional foi sua inclusão na Constituição Sul-Africana pós apatheid [em 1996]. [...] Entretanto, o que é interessante nesse nosso contexto particular são as reivindicações de gays e lésbicas pelo direito ao casamento e a aceitação parcial de suas exigências. O maior progresso aconteceu no norte da Europa [...]. [...] as parcerias de mesmo sexo foram inicialmente institucionalizadas na Escandinávia como tantas outras coisas da moderna mudança da família. Desde 1970, as autoridades suecas reconheciam alguns direitos gerais de coabitação dos parceiros do mesmo sexo, reconhecimento sistematizado em 1987 no Ato dos Coabitantes Homossexuais. A primeira legislação nacional sobre parcerias registradas entre casais do mesmo sexo foi aprovada na Dinamarca, em 1989, e serviu de modelo para outros países escandinavos. Na Holanda, a lei sobre parcerias registradas está em efeito desde 1998, na França desde 1999, abrangendo também relações pessoais solidárias que não apenas homossexuais. [...] No Brasil, um projeto de lei do Partido dos Trabalhadores, então na oposição, foi apresentado antes das eleições de 2002, mas não foi ainda votado. O casamento não está desaparecendo. Está mudando. THERBORN, G. Sexo e poder: a família no mundo, 1900-2000. São Paulo: Contexto, 2006. p.329-331. Os direitos dos homossexuais relatados no texto constituem-se em demandas expostas pelos: a) “clássicos” movimentos operários organizados em vários países desde o século XIX, voltados para os problemas de classes sociais, direitos trabalhistas, participação política e sindical, fortemente impulsionados pelos líderes sindicais. b) “tradicionais” movimentos religiosos da América Latina e outros países no século XX, voltados pela humanização das relações sociais, direitos humanos, inclusão social e política, fortemente impulsionados pelos líderes eclesiásticos. Enem em fascículos 2013 14 Ciências Humanas e suas Tecnologias c) “recentes” movimentos sociais surgidos em vários continentes na década de 2000, voltados para a manutenção dos direitos civis, fortalecimento do casamento como instituição familiar sólida e eficaz na preservação da estrutura social patriarcal. d) “modernos” movimentos sociais surgidos em todo o mundo na década de 1930, voltados para a consolidação dos laços de solidariedade, união e civilidade, fortemente impulsionados pelos líderes do sindicalismo corporativo. e) “novos” movimentos sociais surgidos em vários países a partir dos anos de 1960, voltados para os problemas identitários de grupos, gênero, etnias e políticas do corpo, fortemente impulsionados pelas ativistas feministas. Comentário Os novos movimentos sociais, surgidos nas décadas de 1960 e 1970, se organizaram em torno de questões cuja compreensão ultrapassava o campo econômico. Com o aumento do consumo da classe trabalhadora, o acesso aos direitos trabalhistas e a ampliação das políticas de bem-estar, os movimentos sociais prosseguiram na luta pela igualdade, mas voltaram-se também para questões que eram tradicionalmente reconhecidas como da esfera privada. A politização dos problemas concernentes ao cotidiano dos relacionamentos sociais conferiu visibilidade às reivindicações por direitos das mulheres, dos homossexuais, das crianças, dos idosos, dos negros, das pessoas com deficiência, enfim, dos segmentos considerados em desvantagem social, por conta de diversas formas de discriminação, que acabavam reforçando o estigma e/ou a exclusão social. Nesta perspectiva, os direitos humanos serviram como bandeira para organização desses segmentos, conseguindo, por meio de significativa mobilização social, transformar suas reivindicações em direitos. A pressão dos movimentos sociais pelo reconhecimento dos direitos de identidades sociais tem ampliado a concepção da justiça social, que passou a inserir as demandas por respeito às diferenças, considerando simultaneamente as necessidades dos grupos sociais. Essas mudanças incidem sobre a elaboração e execução das políticas públicas, que passam a tomar os direitos humanos como principal referência. Resposta correta: E EXErCÍCioS dE FiXação Compreendendo a Habilidade – Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico- geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. C-3 H-14 05. O filósofo alemão Jürgen Habermas, principal expoente da chamada segunda geração da Escola de Frankfurt, critica a colonização da vida social contemporânea pela racionalidade técnica. Como solução para essa situação, Habermas propõe a constituição de uma esfera pública cidadã, caracterizada pela razão comunicativa, um espaço social de debate capaz de produzir uma moralidade intersubjetiva e racionalmente sustentada, livre da dominação ideológica. Atualmente, presenciamos algumas mobilizações culturais e políticas que têm seu ponto de partida nas chamadas redes sociais formadas na Internet. A respeito das possíveis relações entre os movimentos sociopolíticos que circulam pelas redes sociais virtuais e o desenvolvimento de uma esfera pública cidadã, é certo dizer que: a) os movimentos sociopolíticos que têm como ponto de partida as redes sociais virtuais constituem-se em obstáculos à formação de uma esfera pública cidadã, posto que simplesmente reproduzem os valores ideológicos ditados pelos meios de comunicação de massa e disseminam os princípios fundamentais das trocas de mercado. b) as redes sociais virtuais, ainda que permeadas pelos valores sociais vigentes e pelas formas de poder estabelecidas na sociedade, constituem-se em um novo meio de articulações sociopolíticas, capaz de contribuir para o desenvolvimento de uma esfera pública cidadã, à medida que confere maior espaço à expressão de pontos de vista individuais e possibilita a agilidade da comunicação de ideias, bem como o debate acerca dos problemas políticos e sociais. c) as mobilizações políticas via Internet, apesar da intencionalidade afirmativa e propositiva de seus participantes, não possuem qualquer efetividade na construção da cidadania, posto que, pela sua própria natureza, são incapazes de ultrapassar a virtualidade,ou seja, são inoperantes para consumar a necessária transformação política, econômica, social e cultural da civilização contemporânea. d) as redes sociais virtuais são a única possibilidade de construção de uma autêntica esfera pública, já que nelas os indivíduos estão completamente livres da interferência de noções ideológicas e, consequentemente, são capazes de favorecer um debate que, partindo da exposição de pontos de vista individuais, conduz todos à aceitação racional de verdades éticas de validade definitiva e universal. e) as redes sociais virtuais tendem a fortalecer a cidadania à medida que permitem a gradual substituição da democracia representativa por uma democracia direta, fato que se revela inevitável na constatação de que, nas sociedades contemporâneas, as relações entre os indivíduos transcorrem unicamente na dimensão da virtualidade, prescindindo de contatos efetivamente pessoais. Enem em fascículos 2013 15Ciências Humanas e suas Tecnologias Compreendendo as Habilidades – Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situações ou fatos de natureza histórico- geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. – Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. C-3 H-14 H-23 C-5 06. No dia 16 de junho de 2010, o Senado Brasileiro aprovou o Estatuto da Igualdade Racial. Os senadores [...] suprimiram do texto o termo “fortalecer a identidade negra”, sob o argumento de que não existe no país uma identidade negra [...]. “O que existe é uma identidade brasileira. Apesar de existentes, o preconceito e a discriminação não serviram para impedir a formação de uma sociedade plural, diversa e miscigenada”, defende o relatório de Demóstenes Torres. Folha.com. Cotidiano, 16 jun. 2010. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/751897-sem-cotas- estatuto-da-igualdaderacial-eaprovado-na-ccj-do-senado.shtml Acesso em: 16 de junho de 2010. Com base no texto e nos conhecimentos atuais sobre a questão da identidade, é correto afirmar que: a) a identidade nacional brasileira é fruto de um processo histórico de realização da harmonia das relações sociais entre diferentes raças/etnias, por meio da miscigenação. b) a ideia de identidade nacional é um recurso discursivo desenraizado do terreno da cultura e da política, sendo sua base de preocupação a realização de interesses individuais e privados. c) lutas identitárias são problemas típicos de países coloniais e de tradição escravista, motivo da sua ausência em países desenvolvidos como a Alemanha e a França. d) embora pautadas na ação coletiva, as lutas identitárias, a exemplo dos partidos políticos, colocam em segundo plano o indivíduo e suas demandas imediatas. e) as identidades nacionais são construídas socialmente, com base nas relações de força desenvolvidas entre os grupos, com a tendência comum de eleger, como universais, as características dos dominantes. dE olHo no EnEM SOBRE OS RECENTES MOvIMENTOS SOCIAIS URBANOS NO BRASIL O movimento que teve a redução do preço das passagens como principal bandeira, e que eclodiu em várias cidades brasileiras, surpreendeu governos e políticos, mas também deixou a imprensa brasileira perplexa. Apesar de todo o aparato de tecnologia e logística das emissoras de TV para a cobertura ao vivo – e da bravura de seus profissionais de campo –, os telejornais, no calor dos acontecimentos, não conseguiram fazer mais do que mostrar os fatos em sua superficialidade, limitando-se, na maioria das vezes, a descrever a imagem captada pelos cinegrafistas nas ruas ou pelo helicóptero de plantão. Faltou um pouco mais de profundidade, especialmente nos noticiários dos canais por assinatura. Faltou um olhar menos descritivo e mais crítico. Faltou coragem e ousadia para comentar o inusitado. Desconhecimento de causa? Despreparo para lidar com um assunto incomum e imprevisível na mesmice de uma realidade a que nos acostumamos? Uma das análises mais interessantes foi feita por Merval Pereira, na cobertura da Globonews, que, entre outras coisas, citou Manuel Castells, teórico espanhol da comunicação, considerado hoje o “papa” das relações nas redes sociais – o mesmo Castells que há pouco mais de duas décadas pensava e escrevia sobre a questão urbana. A perplexidade generalizada parece ter atingido também os especialistas entrevistados em diferentes canais por assinatura, igualmente pegos de surpresa e talvez sem tempo de pensar direito sobre a causa principal do fenômeno, seus desdobramentos, conexões e consequências. Senti falta – e imagino que alguns telespectadores mais exigentes também – de ouvir uma opinião mais embasada de cientistas que pesquisam os movimentos sociais urbanos. Alguém que pudesse dar conta de responder às perguntas, além de fazê-las, em lugar dos jornalistas, que não sabiam o que perguntar. Primeiro: por que justamente o aumento das passagens de ônibus causou tanta indignação, principalmente entre os jovens, quando o país tem problemas muito mais sérios que antes não serviram de motivação? A pergunta foi feita, mas a resposta, que era sempre uma só, parece ter deixado os repórteres satisfeitos: “Os jovens chegaram ao máximo de sua indignação e se organizaram nas redes sociais para ganhar as ruas e protestar contra o aumento das passagens.” Mas como esses jovens acordaram de repente e por quê? O que causou esse “despertar coletivo” de modo tão inesperado? E a resposta: “As redes sociais permitiram maior comunicação entre eles e maior disseminação de informações.” Sim, os jovens ficaram bem informados e se politizaram de repente, ao sabor do vento? Acordaram, sem mais nem menos, para o aumento das passagens de ônibus em todo o país, inspirados por uma indignação generalizada que surgiu nos bate-papos de Internet e foram às ruas gritar palavras de ordem, cartazes em punho, sem uma direção ou orientação? Estranhamente, as redes sociais são apontadas como causa, e não como ferramenta revolucionária que permitiu a organização de um modelo de protesto totalmente diferente de tudo o que já se viu antes no país. A Internet inaugura, sem dúvida, uma nova fase nos movimentos sociais urbanos (já vivenciada com mais intensidade em outros países) na maneira de exercer a cidadania, tornando-a mais interativa, mais conectada, mais organizada. Mas é uma ferramenta, um canal expresso de comunicação, que traz mudanças no comportamento, no formato, na logística, no modus operandi: mais entrosamento entre distâncias, mais rapidez e eficiência nas ações. Mas não é causa. Interessante notar que houve uma transposição simbólica das formas de expressão das redes sociais para o asfalto, traduzida por frases de efeito que podiam ser lidas em milhares de cartazes de todos os tipos. Creio que nunca se viu tantos cartazes em uma manifestação por aqui, como se a ideia fosse reproduzir posts em movimento ou como se a rede de perfis virtuais saltasse da tela para as ruas, ratificando sua existência física. E a causa? É claro que a juventude de classe média brasileira não acordou sozinha. E não acordou de repente. A Internet tornou o despertar mais rápido, sem dúvida. Mas existe uma esquerda resistente, que está representada nos pequenos partidos, que empunha a bandeira da ética e da transparência e que há muito tempo vem conquistando a juventude, usando a mesma linguagem e os mesmos meios Enem em fascículos 2013 16 Ciências Humanas e suas Tecnologias que ela: a Internet. Para essa esquerda, o importante não é assumir uma autoria do movimento, não é manipular, mas criar, fortalecer e legitimar uma oposição apartidária, capaz de produzir mudança. Dar asas à sociedade civil para que ela assuma seu papel transformador,
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