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Ciências Humanas Fascículo 09 Farias Brito

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INTRODUÇÃO
Em momento tão singular no país, marcado por inúmeras 
manifestações populares, propomos neste material fazer um 
passeio por alguns momentos de nossa história, abordando 
um pouco sobre golpes e revoluções discutindo que rupturas e 
permanências produziram. Em nosso recorte histórico, vamos 
analisar o momento da Independência, a Proclamação 
da República, a Revolução de 1930, o golpe do Estado 
Novo, a Redemocratização, a sucessão após a morte 
de Vargas, a renúncia de Jânio, o golpe de 1964, o 
surgimento da Nova República e o impeachment de 
Collor.
OBJETO DO CONHECIMENTO
Para chegarmos ao primeiro processo de ruptura, temos 
que nos reportar às origens da colonização do Brasil. Em nossa 
história, do ponto de vista formal, o período entre a chegada 
dos portugueses (1500) e a Independência (1822) é conhecido 
como período colonial. Neste período, o Brasil se enquadrou 
perfeitamente a lógica do sistema colonial obedecendo às 
diretrizes econômicas do modelo mercantilista, funcionando 
como uma área fornecedora de matérias-primas e consumidoras 
de gêneros manufaturados. Açúcar, tabaco, algodão, drogas 
do sertão, minérios, de tudo se explorou por estas bandas em 
nome da subordinação do Pacto Colonial. 
No fi nal do século XVIII, esse cenário vai ser alterado 
pois as transformações resultantes do avanço das ideias liberais 
burguesas na Europa repercutiram no Brasil, bem como em 
outras colônias europeias na América, era o declínio do Antigo 
Regime que levaria à crise do Sistema Colonial. 
Na sequência, mais um evento na Europa terá 
implicações diretas na América. As rivalidades entre França e 
Inglaterra levaram o dirigente francês Napoleão Bonaparte a 
decretar o Bloqueio Continental (1806) na tentativa de fragilizar 
economicamente a Inglaterra. D. João VI, rei de Portugal, 
não tendo como enfrentar o poderio militar francês, mas 
dependendo da economia inglesa, optou pela transferência da 
Corte para o Brasil. Aqui chegando, foi decretada a Abertura dos 
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
9
Fascículo
ENEM EM FASCÍCULOS - 2013
Neste fascículo, onde trabalharemos com a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, revisaremos as perspectivas históricas dos golpes 
e revoluções na história no Brasil. Discutiremos também sobre as fontes de energia, seus impactos ambientais e econômicos; para encerrar, 
trataremos sobre as inovações tecnológicas e globalização.
Revisando esses assuntos, estaremos apoiando o aprendizado dessa área, contextualizando-o para a realidade do nosso dia a dia.
Bom estudo para você! 
CARO ALUNO,
Portos (1808), sendo este considerado um episódio decisivo no 
contexto do processo de independência do Brasil. A assinatura 
dos Tratados Comerciais de 1810 entre Portugal e Inglaterra nos 
permite concluir que ao mesmo passo que a colônia evoluía em 
direção ao rompimento político também avançava em direção 
à dependência econômica junto aos britânicos, que passavam 
a ter aqui privilégios excepcionais. 
A presença da Corte portuguesa no Brasil ajuda a 
explicar as condições em que o rompimento político com a 
metrópole se deu. Trata-se de um processo conduzido pela 
elite agrária brasileira, que pretendia ao máximo manter a 
parte que lhe interessava da estrutura dos tempos de colônia 
com o mínimo de sobressaltos, daí todo o esforço de manter 
o príncipe regente D. Pedro, que a despeito das pressões para 
que retornasse para Portugal, foi convencido a permanecer no 
Brasil. Ao fi m, percebemos que os elementos de continuidade 
superaram os de ruptura, pois mantivemos a monarquia e a 
unidade territorial, a escravidão foi preservada, bem como a 
estrutura agroexportadora. Destaque-se que o processo ainda 
se deu praticamente sem participação popular.
Independência do Brasil: processo histórico que 
culminou com a aclamação de Dom Pedro I
http://www.brasilescola.com/historiab/independencia-brasil.htm
A própria República que foi instituída em 1889 foi muito 
mais resultado da fragilidade do Império, que há décadas dava 
sinais de desgaste, do que pela força dos valores republicanos, 
sendo para muitos um verdadeiro golpe militar. Obras como 
Os bestializados de José Murilo de Carvalho abordam este 
momento e com frequência a frase “O povo assistiu àquilo 
bestializado, atônito, surpreso, sem saber o que signifi cava. 
Acreditavam estar vendo uma parada”, do jornalista Oliveira 
Viana, é usada para mostrar a pouca identifi cação dos setores 
populares com o novo regime. De fato, precisamos lembrar que 
o Imperador se envolveu em questões que aos poucos foram 
tirando suas bases de sustentação como foi o caso da questão 
Enem em fascículos 2013
3Ciências Humanas e suas Tecnologias
religiosa, resultado dos confl itos entre o Estado e Igreja devido 
à aproximação de D. Pedro II com a maçonaria. Da questão 
militar que pode ser vista como resultado do fortalecimento 
do Exército após a Guerra do Paraguai, que passou a exigir 
maior participação no cenário político; e fi nalmente o desgaste 
do Imperador com os proprietários de escravos na chamada 
questão sociopolítica devido ao avanço do abolicionismo.
Deodoro da Fonseca: personagem de uma mudança 
construída ao longo do tempo
http://www.brasilescola.com/historiab/proclamacaodarepublica.htm
Durante o período republicano, algumas vezes o 
equilíbrio institucional e constitucional foi rompido como 
podemos observar na tabela abaixo.
ESTRUTURA DO ESTADO REPUBLICANO BRASILEIRO 
(LEGISLATIVO + EXECUTIVO + JUDICIÁRIO)
Alteração da autonomia / 
equilíbrio
Fato(s) histórico(s) 
correspondente(s)
1) 1891 – Fechamento do 
Congresso por Deodoro da 
Fonseca.
Confl itos entre Executivo x 
Legislativo; 
R iva l idade de c iv i s x 
militares.
2) 1930 – Dissolução do 
Executivo e do Legislativo.
Revolução de 1930;
Suspensão da Constituição 
de 1891;
Vigência dos Decretos-Lei.
3) 1937 – Superpoderes do 
Executivo; fechamento do 
Congresso.
Golpe do Estado Novo;
Crise polít ica no bojo 
das lutas ideológicas do 
nazifascismo x comunismo.
4) 1964/1985 – Superpoderes 
ao Executivo adquiridos 
a t r a v é s d e A t o s 
Institucionais; Congresso 
submisso ao Executivo.
C o n j u n t o d e 
a con te c imen to s que 
marcaram a história da 
República, desde o golpe 
militar de 1964 à abertura 
política em 1985;
1968 – AI-5 aprofunda a 
rigidez da ditadura militar; 
censu ra à imprensa ; 
perseguições políticas; 
movimentos de guerrilha 
urbana; controle do poder 
pelos militares da “linha 
dura”.
Ao ser implantada a República, logo no governo 
provisório do Marechal Deodoro da Fonseca, foi preciso dar um 
fi m às instituições monárquicas, tais como o poder moderador, 
voto censitário e o senado vitalício. Na sequência, a promulgação 
da Constituição de 1891, daria o novo perfi l institucional da 
jovem República. Neste projeto, com forte infl uência do modelo 
norte-americano, fi cou determinado o caráter republicano, 
representativo, federalista e presidencialista. Defi nia-se ainda 
a tripartição e o equilíbrio entre os poderes constituídos com o 
Estado, passando a ser laico, e o legislativo bicameral e eletivo. 
Quanto tempo duraria essa nova ordem institucional? 
Durou até Deodoro ter seus interesses centralistas contrariado 
pelo Congresso de maioria civil e de tendência federalista, tendo 
o mesmo decretado o seu fechamento. Para muitos, fechar o 
principal órgão legislativo era um atentado ao recém-nascido 
estado republicano, um verdadeiro golpe. Mesmo Floriano 
Peixoto, na condição de vice-presidente, tendo autorizado a 
reabertura do Congresso, o acirramento de interesses entre 
civis e militares não diminuiu, aliás nesse momento houve até 
a discussão sobre legalidade constitucional de Floriano concluir 
o mandato iniciado por Deodoro.
Mas durante a primeira República, que duroude 1889 
a 1930, observamos uma hegemonia de uma poderosa elite 
agrária ligada à produção de café. Mesmo com todo o poder, 
as oligarquias tradicionais não conseguiram se perpetuar no 
poder da forma como desejavam. Durante a década de 1920, os 
sinais de desgaste eram notórios, pois as transformações pelas 
quais passava a sociedade brasileira fi zeram surgir novos grupos 
(alguns não tão novos assim), que aos poucos vão abrindo 
caminho para o processo que culminou com a Revolução 
de 1930, com destaque para o movimento operário, para o 
tenentismo e as próprias dissidências oligárquicas. 
Ainda que o termo revolução seja discutido por 
sociólogos e historiadores quando aplicado aos episódios 
de 1930, não podemos ignorar as transformações que 
resultaram deste processo. Neste momento, evidenciamos em 
termos políticos o início da transição do modelo oligárquico 
para o modelo populista, em que entra em cena um estado 
mediador sob o comando de um líder carismático e fortemente 
identifi cado com as camadas populares, devido ao atendimento 
de algumas demandas reprimidas, como era o caso das leis 
trabalhistas. Em termos econômicos, aos poucos o Brasil vai se 
urbanizando e industrializando, ainda que suas bases estivessem 
ainda fortemente ligadas ao setor agroexportador. Além disso, a 
Revolução de 1930 inaugurou um período que duraria 15 anos 
em que o comando do país estaria nas mãos da mesma pessoa.
No dia 29 de outubro, acompanhado de Miguel Costa, Góis Monteiro e 
Francisco Morato (da esquerda para a direita), Getúlio segue vitorioso para o 
Rio de Janeiro para assumir a chefi a do Governo Provisório. Vargas lidera com 
sucesso a Revolução de 1930, iniciada no Rio Grande do Sul, que derruba o 
presidente Washington Luís.
Crédito: Reprodução – Companhia da Memória
Enem em fascículos 2013
4 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Getúlio Vargas imprimiu em todo esse período sua 
marca pessoal de líder carismático e identificado com as 
massas urbanas, típico do modelo populista, orientando 
estrategicamente suas diretrizes econômicas em direção ao 
nacionalismo e intervencionismo. No Governo Provisório, 
iniciado em 1930 e que durou quase quatro anos, já era 
possível perceber as pretensões de Vargas que governou sem 
uma Constituição, tendo fechado o poder Legislativo, além 
de ter indicado interventores para os estados. Neste período, 
era visível também o seu desejo de se perpetuar no poder. 
No entanto, o projeto continuísta teria que vencer a resistência 
de São Paulo que, alijada do poder, articulou um movimento 
contra o presidente. Após derrotar a revolta em São Paulo, 
Vargas procurou conduzir o processo que culminou na 
Constituição de 1934 que estabelecia que o primeiro presidente 
deveria ser eleito por voto indireto, sendo ele próprio indicado 
para um mandato de quatro anos, mas sem direito a reeleição. 
Antes mesmo de terminar o seu mandato iniciado 
em 1934, mais precisamente em 10 de novembro de 1937, 
Vargas articula mais uma vez a sua permanência no poder com 
a implantação da ditadura do Estado Novo, em meio a um 
quadro de agitação política e social, usando como justifi cativa 
a necessidade de desbaratar a ameaça de um suposto plano 
comunista (Plano Cohen). Aliás, Vargas não fazia questão de 
esconder sua aversão aos comunistas. 
Durante o Estado Novo, Vargas consolidou a sua 
imagem, respaldado em uma Constituição (1937) que lhe 
assegurava plenos poderes (hipertrofi a do poder executivo), 
na ampliação das Leis Trabalhistas (CLT – Consolidação das 
Leis Trabalhistas), do investimento em indústrias de base 
(Cia. Siderúrgica Nacional e Cia. Vale do Rio Doce), além dos 
tradicionais mecanismos de controle, como o DIP (Departamento 
de Imprensa e Propaganda) que atuava na censura dos meios 
de comunicação e da cultura em geral, o DOPS (Departamento 
de Ordem Política e Social) e o do controle da burocracia estatal 
com o DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público).
Destaques da Imprensa após a implantação do Estado 
Novo
http://fi lostoriacultura.blogspot.com/2011/04/historia-o-papel-e-consolidacao-
do.html 
Nem mesmo todo esse aparato foi suficiente para 
assegurar Vargas no poder após 1945. Durante o contexto 
da II Guerra Mundial (1939 a 1945), especialmente por ter o 
Brasil declarado guerra às potências do Eixo decidindo-se pela 
participação no confl ito junto com os Aliados, observou-se uma 
forte contradição interna. A pressão pela democracia resultou 
na renúncia (deposição) de Vargas em 1945.
A chamada fase liberal (1945 a 1964) de nossa 
República tinha tudo para ser marcada pela estabilidade política 
especialmente com a concretização da redemocratização na 
Constituição de 1946, mas não foi bem assim. Neste período, 
apenas dois presidentes terminaram seus mandatos (Dutra e 
Juscelino), sendo apenas um civil (Juscelino). Nesse contexto, 
foram várias alterações da normalidade institucional que 
acabaram forçando soluções emergenciais sombreadas pela 
possibilidade de um golpe, que ao fi nal se materializou em 1964.
http://www.tuia.com.br/Constituicoes/Constituicao1946.htm 
Lembremos que em meio a pressões, especialmente 
após o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, diante 
de uma possível derrota política, Vargas opta pelo suicídio, 
faltando cerca de um ano e meio para concluir seu mandato. 
A sucessão foi conturbada até o fi nal do mandato. Inicialmente 
Vargas foi sucedido pelo vice-presidente Café Filho que acabou 
se licenciando para cuidar de sua saúde, abrindo caminho para 
que Carlos Luz, presidente da Câmara, assumisse o Executivo 
Federal. Neste contexto, após o resultado das eleições que 
garantiram a vitória de Juscelino (PSD) para presidente e João 
Goulart (PTB) para vice, rumores de um golpe que pretendia 
anular o resultado das eleições fi zeram despontar para o cenário 
político o general e Ministro da Guerra Teixeira Lott que afastou 
Carlos Luz da presidência, episódio interpretado por alguns 
como golpe preventivo. Os últimos meses de mandato foram 
cumpridos pelo senador Nereu Ramos que transmitiu o cargo 
a Juscelino Kubistchek. 
http://sabendomais901mz.blogspot.com/2011/08/morte-de-getulio-vargas-
imagens-dos.html
Enem em fascículos 2013
5Ciências Humanas e suas Tecnologias
Depois do governo Juscelino Kubistchek (1956 a 1961) 
que apesar de alguns desgastes empreendeu uma marca de 
estabilidade política e crescimento da economia (o famoso 
50 anos em 5), foi eleito para a presidência, a controversa 
fi gura de Jânio Quadros pelo PTN, tendo mais uma vez João 
Goulart do PTB sido eleito para vice-presidência. Jânio foi 
considerado por alguns um fenômeno eleitoral, mas seu 
estilo teatral e suas medidas excêntricas provocavam reações 
antagônicas no eleitorado como, por exemplo, no episódio 
das pequenas proibições (brigas de galo, o lança-perfume e os 
biquínis) e na condecoração do revolucionário “Che” Guevara. 
As desconfi anças sobre o presidente aumentaram especialmente 
quando este buscou uma política externa independente, 
aproximando-se do bloco socialista, rompendo pelo menos 
em parte com a diretriz de alinhamento incondicional aos 
EUA estabelecida desde o governo Dutra. Desgastado, 
Jânio escreve um “bilhete” alegando “forças ocultas” para 
justifi car a sua renúncia à presidência. Este ato para muitos 
especialistas era mais uma de suas artimanhas, já que de fato 
ele pretendia explorar o temor e a desconfi ança que os setores 
conservadores tinham das supostas ligações de João Goulart 
com os comunistas. Vale lembrar que, naquele momento, João 
Goulart estava em missão ofi cial na China comunista o que 
reforçava ainda mais tais desconfi anças. Porém, a expectativa 
de Jânio que houvesse alguma manifestação ou manobra 
política para demovê-lo da renúncia não se concretizou, aliás sua 
renúncia foi interpretada por alguns políticoscomo uma atitude 
irresponsável, pois quase mergulhou o país numa guerra civil. 
Revista Fatos & Fotos em edição extra destacando a 
renúncia de Jânio à presidência
http://cienciasocialceara.blogspot.com/2011/08/janio-quadros-renunciou-ha-
50-anos.html
O embate entre os grupos que apoiavam a posse de 
João Goulart a partir do Rio Grande do Sul, conhecido como 
Rede pela Legalidade e os que eram contrários alegando que o 
vice-presidente tinha ligações com o comunismo só não 
produziram confronto de fato pela adoção em caráter 
emergencial do sistema parlamentarista em 1961, que na prática 
iria garantir a posse de João Goulart, mas com poderes limitados. 
Jango só teria plenos poderes após o plebiscito realizado 
antecipadamente em 1963 (estava previsto apenas para 1965) 
quando o povo decidiu pelo retorno ao Presidencialismo.
Já no controle do poder executivo, as medidas 
nacionalistas de João Goulart somadas às suas propostas de 
reformas de base levaram ao esgotamento do modelo populista 
que vinha numa espécie de sobrevida desde a morte de Vargas, 
em 1954. Crise econômica, infl ação e greves se espalharam 
pelo país. Além disso, é necessário lembrar do cenário político 
internacional marcado pelo auge das tensões da Guerra Fria. 
Os EUA estavam preocupados que a evolução do quadro 
político do Brasil se assemelhasse ao que houvera ocorrido 
em Cuba entre 1959 e 1962. De fato, os norte-americanos 
tiveram forte infl uência para o golpe que destituiu o presidente 
e que a princípio era conhecido como a Revolução de 1964. 
Naquele momento, muitos comemoravam um possível retorno 
à normalidade. A promessa era que os militares restituíssem a 
lei e a ordem e, em seguida, devolvessem o país aos civis.
Manchetes sobre o golpe Civil-Militar: O golpe de 1964 
era considerado por alguns como uma revolução que 
salvaria o Brasil do caos produzido no governo 
João Goulart
http://blogln.ning.com/profi les/blogs/as-manchetes-do-golpe-militar
Nos 21 anos de regime autoritário (1964 a 1985), 
governaram cinco presidentes. Mas a evolução política neste 
período não foi linear nem ocorreu de maneira uniforme em 
termos políticos, econômicos ou sociais. Para começar, entre 
os próprios militares existiam tendências diferentes. Com maior 
força destacava-se o grupo ligado a ESG (Escola Superior de 
Guerra) conhecidos como tecnocratas ou linha de Sorbonne, 
alinhados aos EUA e defensores da D.S.N (Doutrina de Segurança 
Nacional). Este grupo, além de buscar o binômio segurança e 
desenvolvimento, pretendia disfarçar o autoritarismo, mantendo 
uma aparência mais ou menos democrática com a promessa 
de gradualmente devolver o poder aos civis. De outra forma, 
pensavam os militares da chamada linha dura que pretendiam 
radicalizar o processo, leia-se ampliar o estado de exceção, 
mantendo a pureza da “revolução” por tempo indeterminado.
A hegemonia dos tecnocratas é o que nos permite 
explicar algum grau de liberdade que existia entre os anos de 
1964 e 1968, mesmo com cassações e limitações de vários 
direitos políticos presentes nos primeiros Atos Institucionais. 
Existia um bipartidarismo que servia bem aos interesses do 
governo de mascarar o autoritarismo. O Congresso estava 
aberto, porém mutilado pelas cassações dos que se propunham 
a de fato fazer uma oposição. Neste espaço, cresceu a 
insatisfação de importantes movimentos sociais com destaque 
para a mobilização de estudantes e operários. Temendo pelo 
avanço de tais movimentos, em dezembro de 1968, foi editado 
no governo do general Costa e Silva o Ato Institucional 5 
(AI-5) que na prática concedia plenos poderes ao presidente. 
Em linhas gerais, Costa e Silva não teve muito tempo de usufruir 
das benesses do AI-5 criado em sua gestão, pois foi obrigado a 
afastar-se do cargo por problemas de saúde. Neste momento, 
ocorre mais uma quebra da “normalidade” constitucional, 
pois o vice-presidente Pedro Aleixo (civil) que manifestara 
desconforto ante a aprovação do AI-5 foi impedido de assumir 
a presidência numa manobra política, que resultou na indicação 
do General Emílio Médici para a presidência. 
Enem em fascículos 2013
6 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Primeira página da edição de 14 de dezembro 
de 1968 do jornal Última Hora
Arquivo Jornal Última Hora/Acervo Fundação Biblioteca Nacional. 
In: http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/quarenta_anos_depois_uma_
pergunta.html
A aparente estabilidade obtida pelo binômio crescimento 
econômico (milagre brasileiro) e repressão, que atingiu seus 
níveis máximos no governo Médici, deu sinais de decadência, 
especialmente pelos refl exos da crise mundial de 1973 que 
repercutiu fortemente no Brasil. O esgotamento do modelo 
econômico que sustentava o milagre brasileiro contribuiu para 
o fortalecimento dos que criticavam o regime militar.
Com a posse do general Geisel, em 1974, iniciava-se 
um período de transição para a democracia que segundo o 
presidente deveria ocorrer de forma lenta, segura e gradual, 
posição que em linhas gerais continuou a ser adotada no 
governo de seu sucessor, o General Figueiredo. Ainda que 
com algumas e não poucas frustrações, devido a retrocessos 
e recaídas autoritárias como nos episódios da Lei Falcão, do 
Pacote de Abril, dos assassinatos no DOI-CODI, do atentado 
do Riocentro entre outros, a mobilização de vários segmentos 
da sociedade contribuiu para mudar aos poucos a ordem 
institucional e constitucional estabelecida pelos governos 
militares. Entre os avanços destacamos, mesmo com algumas 
ressalvas, a Lei da Anistia (perdão político) e a Reforma Partidária 
que trouxe de volta o pluripartidarismo para o país. Em 1982, 
foram restituídas as eleições diretas para governadores tendo a 
oposição obtido resultados expressivos em importantes estados. 
Nos anos seguintes, viu-se uma grande manifestação nacional 
em favor do retorno das eleições diretas para presidente, 
conhecida como campanha Diretas Já. Mesmo com toda a 
mobilização, a emenda proposta pelo deputado Dante de 
Oliveira que propunha eleições diretas para presidente não foi 
aprovada. As eleições de 1985 ainda seriam indiretas. 
Ulysses Guimarães: um dos ícones da 
Campanha Diretas Já
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fi chaTecnicaAula.html?aula=27387 
Mesmo diante de tal frustração, a indicação do 
moderado Tancredo Neves como candidato pelo PMDB 
aglutinou em torno de si diversos grupos políticos, tendo 
recebido apoio inclusive dos dissidentes do PDS (partido herdeiro 
da Arena) como foi o caso de José Sarney que acabou como 
vice na chapa de Tancredo. Nova frustração, Tancredo vence 
as eleições mas não assume, pois teve complicações em sua 
saúde que resultou em sua morte. Sarney, que tinha assumido 
provisoriamente, foi efetivado na presidência. Para muitos, 
o caminho da redemocratização estaria comprometido, pois 
Sarney era egresso dos quadros da antiga Arena, partido que 
dava sustentação ao regime militar.
Foto reprodução da capa da do Jornal NH 
destacando a morte de Tancredo Neves
http://www.50anos.jornalnh.com.br 
De fato, várias medidas tomadas em maio de 1985 por 
Sarney comprovaram que a redemocratização seria realizada, 
mas somente com a promulgação da nova Constituição, 
em 1988, ela estaria plenamente amparada juridicamente. 
Eleições diretas para todos os cargos do Executivo e Legislativo, 
ampliação do direito ao voto (facultado aos jovens maiores de 
16 anos e analfabetos), delimitação da atuação dos poderes, 
liberdade partidária e ideológica são algumas determinações 
importantes deste projeto.
Encerramento dos trabalhos da Constituinte de 1988
http://liberdadedeexpressao1988.blogspot.com.br/2011/04/promulgacao-da-
constituicao-de-1988.html
Para concluir nosso trabalho, faremos referência à 
última grande alteração da normalidade política (pelo menos 
por enquanto, lembre-se quea história é dinâmica e se constrói 
diante dos nossos olhos a cada dia) analisando o processo que 
culminou com primeiro o impeachment de um presidente na 
República brasileira. Estamos nos referindo a Fernando Collor 
de Melo. 
Enem em fascículos 2013
7Ciências Humanas e suas Tecnologias
Reprodução da capa da edição da Revista Veja com a 
bombástica entrevista de Pedro Collor que marcou o 
começo do fi m do ex-presidente
http://www.gazetamaringa.com.br/online/conteudo.phtml?id=1266060
Vale lembrar que Collor foi também o primeiro presidente 
eleito por voto direto desde a eleição de Jânio Quadros para 
presidente em 1960. Aliás, os dois têm muitos aspectos em 
comum. Primeiramente se elegeram por pequenas legendas 
buscando se distanciar dos políticos e partidos tradicionais, 
tentando se apresentar ao eleitorado como alternativas 
de mudança, porém contando com apoio de legendas 
tradicionais, no caso de Jânio a UDN e no caso de Collor o PFL. 
Tinham também discursos moralizadores com a promessa 
de combate à corrupção. Jânio subia no palanque com sua 
tradicional vassoura prometendo varrer a corrupção, já Collor 
prometia acabar com a farra dos Marajás, denominação dada 
a funcionários que acumulavam cargos e benefícios recebendo 
altos salários ou ainda os que não exerciam qualquer função, 
conhecidos como funcionários fantasmas.
O desfecho do governo de cada um, na verdade, é que 
nos permite fazer algumas diferenciações. Jânio renunciou, 
transcorridos apenas alguns meses de governo, para muitos 
numa clara atitude golpista, pois sabia das restrições que setores 
tradicionais teriam em aceitar o seu vice João Goulart como 
presidente. Collor se envolveu em uma série de escândalos de 
corrupção que, apurados pela CPI no Congresso Nacional, lhe 
valeram a cassação dos seus direitos políticos por 8 anos, não 
obstante a sua renúncia momentos antes da votação. Ressalte-se 
que mesmo assim Collor reapareceria no cenário político nacional 
agora na condição de Senador.
Destaque-se, contudo, que ao contrário de outros 
momentos em que alguns presidentes não concluíram seus 
mandatos por golpes ou iminência de golpes, desta feita 
o afastamento do presidente, pelo menos em tese, se deu 
dentro de uma normalidade constitucional. Em tese porque, 
para alguns, ainda que o processo de impeachment tenha 
transcorrido conforme previa a Constituição, a sessão do Senado 
que aprovou o afastamento e a perda dos direitos políticos 
de Collor cometeu equívocos, não pelo mérito, mas pelo 
procedimento, pois Collor já havia renunciado. Ao que parece, 
os Senadores precisavam dar uma resposta ao movimento 
das ruas que clamavam por ética e moralidade que na prática 
deveria se materializar na cassação do presidente e na perda 
de seus direitos políticos. 
No nosso próximo encontro, trataremos de outro 
importante tema. Vamos debater os movimentos sociais com 
foco nas manifestações de junho de 2013 no Brasil. Até breve.
QUESTÃO COMENTADA
Compreendendo a Habilidade
– Identifi car o papel dos meios de comunicação na construção da vida 
social.
C-5
H-21
 Em vários momentos da história do Brasil, os meios de 
comunicação (jornal, rádio e TV) e as formas de expressão 
cultural (cinema, música e teatro) tiveram forte infl uência 
ou foram utilizados como mecanismos de controle político 
e ideológico. Partindo dessa afi rmação, assinale nos itens 
abaixo a alternativa em que a relação Estado e os meios 
de comunicação foi feita de maneira correta. 
a) Durante o Estado Novo, foi criado o Departamento de 
Imprensa e Propaganda (DIP) que funcionou como um 
verdadeiro ministério ligado à presidência da República. 
Entre suas funções incluíam a elevação da cultura 
popular estigmatizada na República Velha.
b) Entre os meios de comunicação e propaganda, podemos 
destacar o uso da imprensa operária por Vargas como 
um novo meio, que, em especial, permitiu às ideias 
estadonovistas atingirem as classes médias urbanas e o 
operariado.
c) Jânio Quadros imerso na euforia da era do rádio (e suas 
rainhas), na vitória da Copa de 1958 e na eleição da 
baiana Marta Rocha como Miss Universo, promoveu 
uma política modernizante que modifi cou tanto o perfi l 
do país quanto o cotidiano das pessoas.
d) Ainda que dispusesse dos mais variados mecanismos de 
controle dos meios de comunicação, o governo, usando 
das suas atribuições, aprovou em 1976 o Decreto-Lei N° 
6.639, mais conhecido como “Lei Falcão”, que limitava 
a propaganda eleitoral no rádio e na televisão temendo 
o avanço da oposição no Congresso.
e) Foi durante o governo Collor que o estado concedeu 
o maior apoio à cultura, especialmente ao cinema, 
que conheceu nesta fase a sua era de ouro, com 
produções premiadas em festivais internacionais, fato 
que denunciava a intenção do presidente em integrar 
a cultura nacional ao contexto global.
Comentário
É inegável o papel que os meios de comunicação assumiram 
em diversos momentos da história do país, principalmente a partir dos 
anos 30, denominado por alguns historiadores como a era do rádio, 
quando os governos passaram a dar aos meios de comunicação uma 
atenção mais especial, entendendo os benefícios de manter com a 
sociedade determinados vínculos a partir dos variados instrumentos. 
Exemplo desta preocupação foi a criação do Departamento de Imprensa 
e Propaganda que exercia uma dupla função, pois, além de controlar 
os opositores pela censura, reproduzia as realizações do governo 
identifi cando-o com os diversos segmentos sociais. A imprensa 
operária quase que sucumbiu totalmente ante ao poder do DIP que 
se apresentava com o status de ministério. No fi nal dos anos 1950, a 
mídia retratava a euforia gerada pelo projeto desenvolvimentista de 
JK que se manifestou em novas expressões culturais como o Cinema 
Novo e a Bossa Nova. Durante os anos de chumbo, especialmente após 
a edição do AI-5, os meios de comunicação e as manifestações culturais 
como a música e o teatro foram alvo de toda forma de patrulhamento 
dos órgãos de censura que buscavam impedir qualquer manifestação
Enem em fascículos 2013
8 Ciências Humanas e suas Tecnologias
de crítica ao regime ou à divulgação de fatos que comprometessem a 
estabilidade do governo. Não obstante a tais restrições, destacamos a 
atuação da oposição em várias frentes como na imprensa alternativa 
(jornais Opinião, Versus, O Pasquim), com artistas da MPB (Francis Hime, 
Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil), que conseguiam ante à 
inteligência de suas canções burlar a censura, e na própria política com 
o fortalecimento do MDB. Tais fatos motivaram o governo a aprovar 
a Lei Falcão para tentar, pela restrição da Propaganda Eleitoral, evitar 
derrotas nas próximas eleições. Finalmente, lembramos que a gestão 
do presidente Collor, embasada em premissas neoliberais, extinguiu 
inúmeras instituições ligadas à cultura. Nesse período, o cinema foi 
um dos que mais sofreu, pois a Embrafi lme, o Concine, a Fundação 
do Cinema Brasileiro, o Ministério da Cultura, as leis de incentivo à 
produção, a regulamentação do mercado e até mesmo os órgãos 
encarregados de produzir estatísticas sobre o cinema no Brasil foram 
extintos.
Resposta correta: D
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Compreendendo a Habilidade
– Avaliar criticamente confl itos culturais, sociais, políticos, econômicos 
ou ambientais ao longo da história.
C-3
H-15
01. (Sampaio/2013) Durante a fase republicana a normalidade 
institucional e constitucional baseada no equilíbrio entre os 
poderes constituídos nem sempre foi respeitada. No quadro 
abaixo estão representados alguns exemplos.
ESTRUTURA DO ESTADO REPUBLICANO 
BRASILEIRO (LEGISLATIVO + EXECUTIVO + JUDICIÁRIO)
Alteração da 
autonomia / equilíbrio
Fato(s) histórico(s) 
correspondente(s)
1) 1891 – Fechamento 
do Congresso por 
Deodoro da Fonseca.Golpe republicano 
expressava interesses 
divergentes entre 
cafeicultores, classe média 
e militares;
Confl itos entre Executivo 
x Legislativo; Rivalidade 
de civis (federalistas) x 
militares (positivistas).
2) 1930 – Dissolução 
do Executivo e do 
Legislativo.
Revolução de 1930 foi 
resultado do contexto do 
esgotamento do modelo 
oligárquico cafeeiro 
comandado por São Paulo;
Com Vargas, 
evidencia-se práticas 
populistas, nacionalistas e 
intervencionistas;
Suspensão da Constituição 
de 1891 e estímulo à 
industrialização.
3) 1937 – Superpoderes 
do Executivo; 
fechamento do 
Congresso.
Contexto: golpe do Estado 
Novo resulta da polarização 
ideológica entre 
nazifascismo x comunismo;
Mecanismos de controle 
social, político e econômico 
são adotados.
4) 1964/1985 – 
Superpoderes ao 
Executivo adquiridos 
através de Atos 
Institucionais; 
Congresso submisso 
ao Executivo.
Golpe resulta do contexto da 
crise do populismo e refl ete 
o cenário da bipolarização 
mundial;
Autoritarismo, centralização, 
abertura econômica ao 
capital estrangeiro com 
subordinação aos interesse 
dos EUA.
 A partir de seus conhecimentos históricos e buscando 
contextualizar os eventos que se apresentam no quadro 
acima, assinale a opção correta
a) A República foi instaurada no Brasil a partir de um amplo 
movimento social, porém na sequência houve grande 
frustração, pois, além de restringir o voto, Deodoro 
ordenou o fechamento do Congresso, devido à forte 
infl uência do ideal fascista neste período.
b) Ainda que a Revolução de 1930 fosse resultado do 
desgaste do modelo oligárquico tradicional, não se 
evidenciou mudanças signifi cativas quer seja em termos 
políticos, econômicos e sociais no cenário nacional 
decorrente da ascensão de Vargas ao poder.
c) Durante o Estado Novo, a despeito do perfi l autoritário e 
paternalista do presidente, evidenciou-se a preocupação 
de manter o calendário eleitoral e os partidos políticos, 
o que explica em parte a não ocorrência de movimentos 
sociais contra o governo.
d) O cenário que resultou no golpe de 1964 está 
relacionado não só aos interesses dos militares e dos 
setores conservadores que se sentiam ameaçados pelo 
perfi l do Presidente, mas são refl exos do contexto da 
Guerra Fria e dos interesses dos EUA.
e) Entre o fi m do Estado Novo e a instituição do Regime 
Militar, observamos um período de estabilidade política e 
econômica sem precedentes permitindo aos presidentes 
concluírem seus mandatos sem alterações das normas 
institucionais ou políticas do país.
Compreendendo a Habilidade
– Comparar o signifi cado histórico-geográfi co das organizações políticas e 
socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
C-2
H-9
02. (Sampaio/2013) O Brasil viveu durante a sua história 
republicana alguns momentos de exacerbação do poder. 
Dois momentos ajudam a ilustrar essa exacerbação. 
O primeiro foi quando em novembro de 1937, através 
de um golpe, Vargas implantou o “Estado Novo” que 
permitiu a permanência de Getúlio Vargas no poder até 
1945. Posteriormente, no contexto do colapso do regime 
populista e sob forte infl uência da Guerra Fria, outro golpe 
acabou forçando a saída do presidente João Goulart da 
presidência, iniciando um período de 21 anos que fi caram 
marcados pela presença de militares no controle do Poder 
Executivo federal. Era o chamado Regime Militar.
Enem em fascículos 2013
9Ciências Humanas e suas Tecnologias
 A partir de seus conhecimentos a respeito do Estado 
Novo (1937-1945) e do período dos governos militares 
(1964-1985), marque a alternativa verdadeira sobre o 
comportamento destes regimes políticos no Brasil.
a) No Brasil do Estado Novo embora houvesse uma 
supervalorização do poder Executivo, o poder Legislativo, 
embora limitado, foi mantido aberto. Já durante o 
Regime Militar o Legislativo foi suprimido durante toda 
a vigência do regime.
b) Enquanto no Estado Novo observou-se um desinteresse 
pelas riquezas nacionais submetendo-se aos interesses 
dos EUA, durante o Regime Militar o Brasil optou por 
uma valorização das empresas nacionais, evitando 
associar-se ao capital estrangeiro.
c) Enquanto no Estado Novo houve uma ampliação das leis 
trabalhistas com a CLT, no período do Regime Militar 
houve uma tendência à supressão ou substituição de 
algumas leis trabalhistas (criação do FGTS), fruto da 
pressão do capital estrangeiro.
d) Enquanto no período do Estado Novo observou-se uma 
postura essencialmente simpática aos comunistas devido 
às questões do trabalhismo/populismo, no Regime 
Militar a repressão se dirigiu especialmente a este grupo 
que atuava inclusive na formação de guerrilhas.
e) No que se refere à censura, observamos que no Estado 
Novo o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) 
atuava discretamente, dificilmente intervindo em 
expressões da cultura como a música ou a literatura. Já 
durante o Regime Militar, o principal alvo da censura 
foram as chamadas “canções de protesto”.
DE OLHO NO ENEM
QUAL A DIFERENÇA ENTRE GOLPE E REVOLUÇÃO?
Revolução designa uma transformação profunda, um 
movimento de grandes proporções que rompe com o que existia 
até então. Geralmente, ela surge das bases da sociedade e envolve 
um grande número de pessoas, alterando as estruturas políticas, 
econômicas e sociais. A Revolução Francesa, de 1789, é um 
exemplo. Ela contou com o envolvimento popular nas cidades e 
no campo e transformou a ordem vigente. Já os golpes são uma 
iniciativa de elites políticas, econômicas e militares, não envolvendo 
a população, mesmo que, às vezes, contem com apoio popular. 
Difi cilmente um golpe promove mudanças profundas. Em geral, 
eles ocorrem para preservar ou restaurar determinada situação 
política, como o que nasceu no Brasil em 1964. Uma cúpula 
militar apoiada por políticos destituiu o presidente João Goulart 
(1919-1976). Não havia um clamor popular para essa ação, embora 
parte da opinião pública tenha dado apoio a ela. A ideia era frear 
as mudanças que se anunciavam.
Consultoria André Lopes Ferreira, doutor em História pela Universidade 
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), campus de Assis. 
Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/qual-diferenca-
revolucao-golpe-639936.shtml
Visitado em 04 de julho de 2013.
O QUE É GOLPE DE ESTADO?
No sistema democrático, em geral os representantes dos 
cargos executivos e legislativos são escolhidos pela população 
por meio do voto. “O golpe de Estado interrompe esse processo, 
pois assume o poder Executivo alguém que não passou pelo 
crivo do eleitor, não foi eleito democraticamente”, explica 
Andrea Freitas, cientista política e pesquisadora do Centro 
Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
Para ser considerado golpe de Estado, não 
necessariamente o governante que assumiu o poder pela 
força tem de ser militar, como aconteceu no Brasil quando o 
presidente da República João Goulart foi deposto em março de 
1964. Em Honduras, por exemplo, o governante que assumiu 
no lugar do eleito Manuel Zelaya foi o presidente do Congresso, 
Roberto Micheletti.
Nem sempre os cidadãos têm suas liberdades restringidas 
sob um governo resultado de golpe. “No Brasil, a limitação 
radical nos direitos civis só aconteceu em 1968 com o AI-5 (ato 
institucional número 5)”, diz a pesquisadora. A restrição das 
liberdades varia conforme o país. Alguns tiveram seus presidentes 
e ministros exilados e o congresso fechado. Em Honduras, foram 
suspensos os direitos chamados “constitucionais públicos”, ou 
seja, a liberdade de expressão, de protestos e a suspensão de 
veículos jornalísticos que sejam contra o governo atual.
Sob o golpe, nada é garantido. “O ditador pode, 
simplesmente, fazer o que quiser, suspender ou não qualquer 
direito, inclusive o direito à propriedade, por exemplo,pois o 
país fi ca sob instabilidade jurídica e tudo é possível nas mãos 
dele”, afi rma Andrea.
Adaptado de http://revistaescola.abril.com.br/geografi a/fundamentos/golpe-
estado-honduras-501894.shtml
Visitado em 04 de julho de 2013. 
INTRODUÇÃO
Caro aluno, nesta seção será analisada a produção dos 
principais tipos de energia utilizados em nosso planeta, bem 
como a geopolítica envolvida nas quatro fases da atividade 
econômica: extração, transporte, processamento e distribuição. 
O domínio dessa informação é imprescindível para a compreensão 
do mundo atual, pois qualquer aumento nos custos ou problemas 
na produção de energia afeta todas as atividades desenvolvidas 
no País e no mundo. 
OBJETO DO CONHECIMENTO
Fontes de Energia
Energia é a capacidade de realizar trabalho. Assim, o 
homem, desde tempos imemoriais até a modernidade, tem 
procurado novas fontes de energia para realizar suas tarefas 
cotidianas. No princípio, usava-se a tração animal para arar a 
terra ou transportar mercadorias. Mas, com o progresso do 
meio técnico-científi co-informacional, novas fontes de energia 
foram sendo descobertas, tornando o trabalho humano mais 
efi ciente. O consumo de energia está intimamente relacionado 
ao grau de desenvolvimento econômico e científi co das nações. 
Em países desenvolvidos, o consumo é maior devido ao alto 
grau de industrialização e ao elevado consumo residencial. 
O setor energético quase sempre é controlado pelo Estado, 
por meio de políticas de planejamento da produção, concessão 
de exploração a grupos privados ou intervenção direta na 
produção, através de empresas estatais. O setor energético está 
inserido diretamente na geopolítica e na economia de um país. 
Enem em fascículos 2013
10 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Desse modo, qualquer nação almeja atingir a autossufi ciência e 
reduzir custos na produção de energia, para que as atividades 
econômicas não sejam afetadas pelas oscilações de preço do 
mercado internacional e nem dependam de boa vontade de 
terceiros para o fornecimento de energia. 
O petróleo é a principal fonte de energia do planeta, 
seguida pelo gás natural e carvão mineral. Isso é preocupante, 
visto que 90% da energia consumida no globo provém de fontes 
não renováveis. No caso do Brasil, nossa matriz é formada pelo 
petróleo, energia hidrelétrica, biomassa, carvão, gás natural, 
entre outras fontes. A grande vantagem do País, em relação aos 
demais, deve-se ao fato de que praticamente metade de nossa 
matriz energética é alicerçada em cima de fontes relativamente 
limpas e renováveis (biomassa e hidrelétrica), o que nos dá uma 
grande vantagem competitiva.
Matriz energética mundial, em 2005, e do Brasil em 2007.
MUNDO
Energia
hidrelétrica
Biomassa
Energia
nuclear
Gás natural
Carvão mineral
Petróleo
Outras fontes*
FONTES NÃO RENOVÁVEIS: 87,3% FONTES RENOVÁVEIS: 12,7%
35%
10%
6,3%
20,7%
25,3%
2,2%
0,5%
BRASIL
Energia nuclear
1,4%
FONTES NÃO RENOVÁVEIS: 54,1% FONTES RENOVÁVEIS: 45,9%
Petróleo
37,4%
Biomassa
27,8%
Carvão mineral
Gás
natural
9,3%
6%
Energia
hidrelétrica
14,9%
Outras fontes*
3,2%
Tipos de fontes energéticas
Primária – é aquela que pode ser aproveitada da mesma forma 
que é extraída da natureza, sem um processamento prévio. 
Ex.: lenha, petróleo etc.
Secundária – é a fonte de energia que necessita ser processada 
antes de sua utilização. Carvão vegetal, gasolina, etanol etc.
Antiga – é aquela que já era aproveitada no período anterior 
à Primeira Revolução Industrial.
Moderna – é a fonte que passou a ser utilizada no período 
posterior à Primeira Revolução Industrial. Ex.: carvão, petróleo, 
elétrica, gás natural etc.
Esgotável – é a fonte que não pode ser reposta pela natureza em 
um curto período de tempo. Muitas vezes, ela está ligada a um 
processo geológico relacionado à própria formação do planeta. 
Suas reservas são limitadas e estão sendo devastadas com a 
utilização. As principais são os minerais radioativos e os combustíveis 
fósseis.
Não esgotável – é a energia que vem dos recursos naturais 
como o Sol, os ventos, a geotérmica, eólica e que é reposta 
pela natureza em um curto intervalo de tempo.
Convencional – esse tipo de energia é utilizado de forma larga 
pela humanidade. Ex.: petróleo, carvão, gás natural, entre outros.
Alternativa – essa fonte deverá substituir as fontes esgotáveis 
quando as mesmas se exaurirem. Ex.: eólica, solar, maremotriz, 
biocombustíveis etc.
Combustíveis fósseis
Os recursos minerais fósseis possuem uma origem orgânica, 
tiveram sua utilização difundida a partir da Primeira Revolução 
Industrial com a invenção da máquina a vapor, que era movida 
a carvão mineral. Atualmente, compõem a matriz energética 
da quase totalidade de países do globo. Mas essa grande 
dependência gera outras questões: esses combustíveis são 
uma fonte não renovável de energia. Segundo estimativas da 
Agência Internacional de Energia (AIE), caso se mantenha a 
média de consumo das últimas décadas, as reservas de petróleo 
e gás natural irão se esgotar em 100 anos e as de carvão, 
em 200 anos. São altamente poluentes, provocando graves 
consequências ambientais, como as chuvas ácidas, e estão 
associados ao fenômeno da intensifi cação do efeito estufa 
(teoria do aquecimento global). Os recursos energéticos fósseis 
possuem diversos usos, pois são utilizados na produção de uma 
variada gama de produtos.
O petróleo se formou há milhões de anos na Era Mesozoica, 
a partir de matéria orgânica (restos de animais, vegetais e 
microrganismos) que se armazenou no fundo dos oceanos 
(bacias sedimentares) em razão da temperatura e da pressão 
sofridas, podendo ser encontrado nos estados sólido, líquido 
e gasoso. O petróleo, além de ser a principal fonte de energia 
do planeta, é também a principal matéria-prima utilizada 
pelo homem. Está presente em todo o nosso cotidiano. 
Com ele, as indústrias petroquímicas fabricam a gasolina, óleo 
diesel, querosene, o plástico, a borracha sintética, o asfalto, os 
fertilizantes e os adubos usados na agricultura. Em suma, com 
ele podem ser feitos mais de 250 subprodutos.
OCEANO
300-400 milhões de anos
OOOCEANOOCEANO
00 m00 m snosnmilhões de anmilhões de 
OCEANO
50-100 milhões de anos
Restos de Plantas e Animais
Ao longo de milhões de anos, 
eles foram sendo enterrados pela 
areia e lama. A alta pressão 
transformou a areia e a lama em 
rocha e os animais mortos em 
petróleo e gás natural.
O óleo tende a subir até 
encontrar alguma rocha 
impermeável que o mantém 
preso juntamente com o gás 
natural. Um poço tem que ser 
perfurado, através das rochas, 
para retirar o petróleo e gás.
Os pequenos animais que 
vivem no mar, quando 
morrem, caem no fundo e 
misturam-se na lama e areia, o 
que impede que apodreçam e 
desapareçam.
Areia e Lama
Rocha
Depósito de Óleo e Gás
Areia e Lama
O Brasil realizou, por meio da Petrobras, a maior descoberta 
petrolífera dos últimos 30 anos em todo o planeta. Trata-se 
da camada Pré-sal. Essa camada geológica se encontra em 
águas ultraprofundas (entre 4 e 8 mil metros de profundidade) 
que se estende do litoral do estado do Maranhão ao litoral 
de Santa Catarina. Segundo estudos preliminares, essa região 
pode conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo, fazendo 
com que o País venha a se tornar o sexto maior detentor de 
tão importante recurso mineral, bem como tornar-se o terceiro 
maior exportador, superado apenas pela Arábia Saudita e Rússia.
Enem em fascículos 2013
11Ciências Humanas e suas Tecnologias
Distância da costa
0 m
1000 m
Lâmina d’água
Camada pós-sal
Camada de sal
Plataforma P-34 Juscelino Kubitscheck
Os campos de”Tupi” e “Carioca”
estão a cerca de 300 km da
costa. Essa distância vai obrigar
a Petrobras a estudar soluçõesengenhosas como geração de
energia na própria área.
Juscelino Kubitscheck
Campo de Jubarte
O potencial de produção do
primeiro poço do pré-sal da
plataforma P-34 (FPSO JK) é
de 18 mil barris/dia.
Tipo FPSO - Sistema flutuante
de produção, armazenamento
e transferência de óleo - a P-34
extraiu, de 2002 a 2006, 60 mil
barris por dia, no pós-sal.
3000 m
4000 m
5000 m
2000 m
77 km 300 km
O Petróleo do Pré-sal
www.geografiaparatodos.com.br
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º
Caza-
quistão
12º
11º
15º
264,3
137,5
115,0
101,597,8
80,0 79,5
41,5 39,8 36,2 29,917,1 16,315,2 12,9 12,3
Irã Iraque Kuait Em.
Árabes
Rússia Líbia Nigéria EUA Canadá China QatarMéxicoArgélia Brasil AngolaNoru-
ega
Azer-
baijão
Vene-
zuela
Arábia
Saudita
9,0 8,5 7,012,2
6º
17º 18º
10º
16º 8º
5º
19º 7º
13º
14º
Países da Opep
(Organização dos Países
Exportadores de Petróleo)
MAIORES RESERVAS DE PETRÓLEO
Em bilhões de barris
Sem considerar as
reservas de Tupi
Indonésia
1º
2º
4º
20º 9º
3º
O carvão formou-se na Era Paleozoica, por meio da 
decomposição de matéria orgânica (vegetais e animais), que 
se transformou, em face da abundância em carbono, num 
elemento rochoso. As principais jazidas desse minério podem 
ser encontradas no hemisfério norte, sobretudo na Rússia, 
China e Estados Unidos. Uma das principais utilizações desse 
minério é servir de energia em fornos siderúrgicos, nos quais é 
produzido o aço. O carvão também é agregado na fabricação 
de corantes, inseticidas, plásticos, medicamentos, entre outros. 
Mas o carvão mineral acarreta prejuízos ambientais ao 
planeta, pois a estrutura molecular do carvão contém enorme 
quantidade de carbono e enxofre que, após a queima, vai para 
a atmosfera na forma de gás carbônico, agrava o efeito estufa, 
e o dióxido de enxofre, o grande responsável pela ocorrência 
da chuva ácida. As jazidas brasileiras são encontradas na região 
Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Contudo, nosso carvão 
é de baixa qualidade, uma vez que não é coqueifi cável, com 
elevado teor de enxofre e enterrado em camadas profundas da 
litosfera, o que encarece sua extração.
PÂNTANO
300 milhões de anos
ÁGUA
100 milhões de anos
Plantas Mortas
Rocha e Lama
Lama
Há cerca de 300 milhões de 
anos, plantas com energia 
solar armazenada morriam e 
caíam nos pântanos. A lama 
dos pântanos, por sua vez, 
impedia o apodrecimento e 
o desaparecimento dessas 
plantas mortas.
Ao longo do tempo, o acúmulo
de lama comprimiu as plantas 
mortas. Depois de milhões de 
anos, essa lama tornou-se rocha 
e os restos das plantas sob forte 
pressão virou carvão mineral.
Para o carvão mineral ser retirado, 
poços e túneis têm que ser cavados. 
Muitas vezes, fragmentos de plantas 
fossilizadas são encontrados em 
pedaços de carvão vegetal.
Carvão Mineral
Mapa reserva de carvão
Reservas de Carvão 2007
(milhões de toneladas)
-134
135 a 1.000
1.001 a 10.000
10.001 a 100.000
- 100.001
O gás natural é outro combustível fóssil encontrado 
em bacias sedimentares, geralmente associado ao petróleo 
e que começou a ser formado na Era Mesozoica. Além de 
ser mais barato e facilmente transportável em gasodutos e 
navios, apresenta uma queima quase limpa, que polui pouco 
a atmosfera se comparada à do carvão e à do petróleo. 
Sua queima libera uma boa quantidade de energia, que vem 
sendo utilizada, cada vez mais, nos transportes e na produção 
industrial. Atualmente, é a segunda fonte de energia mais 
utilizada pelo homem.
Reservas mundiais de óleo 
(em %)
Reservas mundiais de gás 
(em %)
Arábia Saudita 25,0 Federação Russa 30,5
Iraque 10,7 Irã 14,8
Emirados Árabes Unidos 9,3 Qatar 9,2
Kuwait 9,2 Arábia Saudita 4,1
Irã 8,6 Emirados Árabes Unidos 3,9
Venezuela 7,4 Estados Unidos 3,3
Federação Russa 5,7 Argélia 2,9
Estados Unidos 2,9 Venezuela 2,7
Líbia 2,8 Nigéria 2,3
Nigéria 2,3 Iraque 2,0
China 1,7 Indonésia 1,7
Qatar 1,5 Austrália 1,6
Energia elétrica
A energia hidrelétrica é a obtenção de energia elétrica 
a partir do aproveitamento do potencial hidráulico dos rios por 
meio de um barramento, que geralmente é instalado nos desníveis 
de relevo. A energia potencial da barragem faz girar o eixo de 
uma turbina, gerando energia mecânica, que posteriormente 
é transformada em energia elétrica. As nações que possuem 
grande potencial hidroenergético são os Estados Unidos, 
Canadá, Brasil, Rússia e China. Trata-se de uma forma 
relativamente limpa, barata e renovável de obtenção de energia. 
Todavia, a hidrelétrica não está isenta de impactos ambientais e 
sociais. A inundação de áreas para a construção de barragens 
gera problemas de realocação das populações ribeirinhas e 
comunidades indígenas. Os principais impactos ambientais 
ocasionados pelo represamento da água para a formação 
de imensos lagos artifi ciais são: destruição de extensas áreas 
de vegetação natural, o desmoronamento das margens, o 
assoreamento do leito dos rios, alterações no regime hidráulico, 
extinção de algumas espécies de peixes, entre outros.
Enem em fascículos 2013
12 Ciências Humanas e suas Tecnologias
Capacidade instalada em usinas hidrelétricas (MW)
menos de 500
500 a 5.000
5.001 a 50.000
50.001 a 100.000
No Brasil, cerca de 93% da energia elétrica produzida é 
proveniente de usinas hidrelétricas, devido ao imenso potencial 
hidroenergético dos nossos rios. As bacias que apresentam o 
maior potencial de utilização são a paranaica e sanfranciscana. 
Contudo, esse potencial já está próximo ao limite da sua 
utilização, o que leva o Estado a investir em grandes projetos 
de instalação de usinas na bacia Amazônica: Jirau de Santo 
Antônio no rio Madeira, no estado de Rondônia, e a polêmica 
usina de Belo Monte no rio Xingu, no estado do Pará.
Manso
210 MW
Corumbá IV
63,5 MW
Guaporé
120 MW
Jairu
110 MW
Itiquira
156 MW Ponte de Pedra
176 MW
Ourinhos
44 MW
Porto Primavera
1.814,4 MW
Lajeado
850 MW
Santa Clara
 60 MW
Usinas em Construção (17) (24 Usinas – 9.991 MW)
Usinas Concluídas (4)
Usinas em Operação Parcial (3)
Itaipu
1.400 MW
Itá
1.450 MW
Tucuruí
2.625 MW
Cana Brava
450 MW
Queimado
105 MW
Itapebi
450 MW
Aimorés
330 MW
Candonga
140 MW
Funil
180 MW
Piraju
80 MW
Quebra Queixo
120 MW
Machadinho
1.140 MWDona Francisca
180 MW
Porto Estrela
112 MW
Termelétrica
Para se obter energia elétrica a partir da termeletricidade, 
aumentam-se os custos e o impacto ambiental, mas a 
construção de uma mina requer investimentos menores que os 
de uma hidrelétrica. O que faz a turbina da usina termelétrica 
girar é a pressão do vapor de água obtido pela queima de carvão 
mineral, gás natural ou petróleo. Sua vantagem em relação à 
hidrelétrica é que a localização da usina é determinada pelo 
homem e não pela topografi a do terreno, o que possibilita sua 
instalação nas proximidades da área de consumo. Essa forma 
de obtenção de energia é bastante comum nas regiões Norte 
e Centro-Oeste do Brasil.
Energia nuclear
A energia nuclear, também chamada atômica, é obtida a 
partir da fi ssão do núcleo do átomo de urânio enriquecido, liberando 
uma grande quantidade de energia. Atualmente, existem 480 
centrais nucleares, pertencentes a 29 países. Contudo, tais usinas 
são típicas de países desenvolvidos, já que o custo da instalação 
é elevado e a tecnologia incorporada ao processo é avançada.
Os Estados Unidos lideram a produção de energia nuclear, 
porém os países mais dependentes dessa fonte são França, 
Suécia, Finlândia, Bélgica e Japão. Na França, cerca de 80% da 
eletricidade é oriunda de centrais atômicas. 
A energia nuclear, também de origem não renovável, 
é motivo de várias manifestaçõescontra o seu uso, pois pode 
haver a liberação de material radioativo em caso de acidentes 
em uma usina nuclear, como os que ocorreram em Chernobyl, 
em 1986 (Ucrânia), e em Fukushima, em 2011(Japão).
No fim da década de 1960, o governo brasileiro 
começou a desenvolver o Programa Nuclear Brasileiro, destinado 
a implantar no País a produção de energia atômica. O País possui 
a central nuclear Almirante Álvaro Alberto, constituída por duas 
unidades (Angra 1, comprada dos EUA e Angra 2, comprada da 
Alemanha), instalada no município de Angra dos Reis, no estado 
do Rio de Janeiro, onde fornece metade da energia consumida 
nesse estado. Atualmente, está em construção a usina Angra 
3, depois de décadas de paralisação.
1,84%
AMÉRICA LATINA
EUROPA ORIENTAL
2,61%
ESTADOS UNIDOS/CANADÁ
18,99%
17,80%
29,14%EUROPA OCIDENTAL
ÁFRICA
ORIENTE MÉDIO
1,57%
EXTREMO ORIENTE
11,52%
SUDESTE ASIÁTICO
0%
MUNDO
14%
 International Status and Prospects of Nuclear Power 2008 (A/EA)
Contribuição da energia nuclear em cada matriz energética regional
Existem atualmente 439 usinas nucleares ativas no mundo, distribuídas em 30 países e com 
capacidade total de 372 GW, segundo o último relatório da AIEA. Ao todo, a energia elétrica 
gerada por fontes nucleares significa 14% da geração de energia elétrica global.
Nos últimos dois anos, outros 43 países já manifestaram à AIEA interesse em construir 
usinas desse tipo, motivados pelo aumento da demanda por energia, pela volatilidade 
dos preços dos combustíveis fósseis e pelo interesse em reduzir a emissão de carbono. 
A principal barreira para a ampliação desse tipo de energia, segundo o órgão mundial 
controlador, ainda é a resistência da opinião pública.
ALEMANHA 17
BÉLGICA 7
HOLANDA 1
ESPANHA 8
FRANÇA 58
2 BRASIL
2 MÉXICO
CANADÁ 18
REATORES NUCLEARES NO MUNDO
2 ARGENTINA 2 ÁFRICA DO SUL
5 SUIÇA
REINO UNIDO 19
SUÉCIA 10
4 FINLÂNDIA
RÚSSIA 324 HUNGRIA
4 ESLOVÁQUIA
15 UCRÂNIA
2 ROMÊNIA
2 BULGÁRIA
1 ARMÉNIA
1 ESLOVÊNIA
2 PAQUISTÃO
CHINA 13
COREIA DO SUL
32
ÍNDIA
20
6
JAPÃO 54
 REPÚBLICA CHECA
EUA 104
Aspectos positivos da energia nuclear
• As reservas de energia nuclear são muito maiores que as 
reservas de combustíveis fósseis; 
• Comparada às usinas de combustíveis fósseis, a usina nuclear 
requer menores áreas; 
• As usinas nucleares possibilitam maior independência 
energética para os países importadores de petróleo e gás; 
• Não contribui para o efeito estufa. 
Enem em fascículos 2013
13Ciências Humanas e suas Tecnologias
Aspectos negativos
• Os custos de construção e operação das usinas são muito 
altos; 
• Possibilidade de construção de armas nucleares; 
• Destinação do lixo atômico; 
• Acidentes que resultam em liberação de material radioativo; 
• O plutônio 239 leva 24.000 anos para ter sua radioatividade 
reduzida à metade, e cerca de 50.000 anos para tornar-se 
inócuo.
Com o intuito de diversifi car a matriz energética, várias 
pesquisas foram desenvolvidas para a obtenção de fontes limpas 
e renováveis. Entre elas, estão a energia solar (obtida através do 
Sol), energia eólica (dos ventos), energia das marés (correntes 
marítimas), biomassa (matéria orgânica), hidráulica (das águas), 
entre outras. Essas fontes, além de serem encontradas em 
abundância na natureza, geram menos impactos ambientais.
Biocombustíveis
Os biocombustíveis são combustíveis com fontes 
renováveis, obtidos a partir do benefi ciamento de determinados 
vegetais, entre os quais, podemos citar: cana-de-açúcar, plantas 
oleaginosas, resíduos agropecuários, eucalipto, além de muitos 
outros. Essa fonte de energia, de acordo com especialistas, é 
uma alternativa relativamente efi ciente para amenizar diversos 
problemas relacionados à emissão de gases e, automaticamente, 
combater o efeito estufa. 
Atualmente, a produção de energia a partir de 
produtos agrícolas é classifi cada em: etanol, biogás, biodiesel, 
florestas e resíduos. Em relação à produção do etanol,
pretende-se obter totalmente a partir da cana-de-açúcar.
O biogás é uma fonte de energia produzida de restos de 
matéria orgânica em fase de decomposição, como por exemplo, 
palhas, estercos, bagaços de diversos tipos de vegetais ou lixo. 
O biodiesel é uma fonte de energia obtida a partir do 
processamento de determinadas sementes, como as de 
mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim e soja. Os óleos 
derivados desses vegetais podem ser usados integralmente ou 
agregados ao diesel (fóssil), em quantidades variadas.
Outras fontes
Energia solar – ainda pouco explorada no mundo, em 
função do custo elevado de implantação, é uma fonte limpa, ou 
seja, não gera poluição nem impactos ambientais. A radiação 
solar é captada e transformada para gerar calor ou eletricidade.
Energia eólica – gerada a partir do vento. Grandes 
hélices são instaladas em áreas abertas e os movimentos delas 
geram energia elétrica. É uma fonte limpa e inesgotável, porém, 
ainda pouco utilizada.
Energia geotérmica – nas camadas profundas da 
crosta terrestre existe um alto nível de calor. Em algumas regiões, 
a temperatura pode superar 5.000 °C. As usinas podem utilizar 
esse calor para acionar turbinas elétricas e gerar energia. Ainda 
é pouco utilizada.
QUESTÃO COMENTADA
Compreendendo a Habilidade
– Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço 
geográfi co, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas 
ações humanas.
C-6
H-29
 O gráfi co abaixo revela as mudanças ocorridas na matriz 
energética mundial entre 1973 e 2006. Observe-o.
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
197346,1
34,4
24,5
26,0
16,0
20,5
10,2 10,1
0,9
6,2
2,2 1,8 0,6 0,1
2006
%
Petróleo Gás natural Biomassa Nuclear Hidráulica OutrasCarvão
Gráfi co 3.1 – Matriz energética nos anos 1973 a 2006.
IEA, 2006.
 Sobre as causas e as consequências dessas mudanças, 
assinale a alternativa correta.
a) O aumento da participação do carvão resultou do 
esforço de substituição do petróleo por alternativas 
menos poluentes.
b) O recuo da biomassa resultou da crise do setor de 
biocombustível, que afetou sobretudo o Brasil e os 
Estados Unidos.
c) A queda da participação da energia hidráulica na 
matriz energética global refl ete a escassez de novos 
investimentos na geração dessa forma de energia, cujo 
potencial já está praticamente esgotado em todas as 
regiões do mundo.
d) Apesar do aumento signifi cativo na matriz energética 
global, a geração de energia nuclear permanece 
fortemente concentrada nos países desenvolvidos. 
e) O aumento da participação do gás natural refl ete o 
aumento da proporção da energia global consumida 
pela China, detentora das maiores reservas mundiais 
desse combustível.
Comentário
Atualmente, vários países possuem usinas nucleares que 
produzem energia. Esta energia é considerada limpa, pois não polui 
o meio ambiente, porém o lixo radioativo deve ser armazenado em 
locais adequados, seguindo diversas normas rígidas de segurança. 
É uma fonte bastante cara, sendo que poucos países dispõem de 
tecnologia e capitais sufi cientes para a sua utilização.
Resposta correta: D
Enem em fascículos 2013
14 Ciências Humanas e suas Tecnologias
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Compreendendo a Habilidade
– Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço 
geográfi co, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas 
ações humanas.
C-6
H-29
03.
USO DE FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA (2005)
Percentual de energias
renováveis no total
de energia primária
disponível
menos de 3
de 3 a 10
de 10 a 30
mais de 30
sem dados
Adaptado de: Atlas geográfi co escolar: ensino fundamental do 
6º ao 9ºano/IBGE. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
 O uso de fontes renováveis de energia passou a ser 
encarado como fundamental para a superação das 
contradições ecológicas do modelo econômico atual.
 As fontes renováveis que mais contribuem para o percentual 
verifi cado na matriz energética brasileira são:
a) solar e eólica.
b) biomassa e solar.
c) eólica e hidráulica.
d) hidráulica e biomassa.
e) geotérmica e xisto.
Compreendendo a Habilidade
– Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço 
geográfi co, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas 
ações humanas.
C-6
H-29
04. Um dos insumos energéticos que volta a ser considerado 
como opção para o fornecimento de petróleo é o 
aproveitamento das reservas de folhelhos pirobetuminosos, 
mais conhecidos como xistos pirobetuminosos. As ações 
iniciais para a exploração de xistos pirobetuminosos são 
anteriores à exploração de petróleo, porém as difi culdades 
inerentes aos diversos processos, notadamente os altos 
custos de mineração e de recuperação de solos minerados, 
contribuíram para impedir que essa atividade se expandisse.
 O Brasil detém a segunda maior reserva mundial de xisto. 
O xisto é mais leve que os óleos derivados de petróleo, seu 
uso não implica investimento na troca de equipamentos e 
ainda reduz a emissão de particulados pesados, que causam 
fumaça e fuligem. Por ser fl uido em temperatura ambiente, 
é mais facilmente manuseado e armazenado.
Internet (com adaptações).
 A substituição de alguns óleos derivados de petróleo pelo 
óleo derivado do xisto pode ser conveniente por motivos:
a) ambientais: a exploração do xisto ocasiona pouca 
interferência no solo e no subsolo.
b) técnicos: a fluidez do xisto facilita o processo de 
produção de óleo, embora seu uso demande troca de 
equipamentos.
c) econômicos: é baixo o custo da mineração e da produção 
de xisto.
d) políticos: a importação de xisto, para atender o mercado 
interno, ampliará alianças com outros países.
e) estratégicos: a entrada do xisto no mercado é oportuna 
diante da possibilidade de aumento dos preços do 
petróleo.
DE OLHO NO ENEM
TOP 10: PIORES ACIDENTES NUCLEARES
1. Chernobyl, 26 de abril de 1986
 O reator número 4 da usina soviética 
de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu 
durante um teste de segurança, 
causando a maior catástrofe nuclear 
civil da história e deixando mais de 
25 mil mortos, segundo estimativas ofi ciais. O acidente 
recebeu a classifi cação de nível máximo, 7. O combustível 
nuclear queimou durante 10 dias, jogando na atmosfera 
radionuclídeos de uma intensidade equivalente a mais de 
200 bombas atômicas iguais a que caiu em Hiroshima. 
Três quartos da Europa foram contaminados.
2. EUA, 28 de março de 1979 
 Em Three Mile Island (Pensilvânia), uma 
falha humana impediu o resfriamento 
normal de um reator, cujo centro 
começou a derreter. Os dejetos 
radioativos provocaram uma enorme 
contaminação no interior do recinto 
de confi namento, destruindo 70% do núcleo do reator. 
Um dia depois do acidente, um grupo de ecologistas mediu 
a radioatividade em volta da usina. Sua intensidade era 
oito vezes maior que a letal. Cerca de 140 mil pessoas 
foram evacuadas das proximidades do local. O acidente foi 
classifi cado no nível 5 da Escala Internacional de Eventos 
Nucleares (INES), que vai de 0 a 7.
3. Japão, 12 de março de 2011 
 O terremoto de 9 pontos da Escala Richter, que atingiu 
o Japão em 11 de março, causou 
estragos na usina nuclear Daiichi, em 
Fukushima, cerca de 250 quilômetros 
ao norte de Tóquio. Explosões 
em três dos seis reatores da usina 
deixaram escapar radiação em níveis que se aproximam 
do preocupante, segundo as autoridades japonesas. 
O acidente foi classifi cado no nível 5 da Escala Internacional 
de Eventos Nucleares (INES), pelas autoridades japonesas. 
Enem em fascículos 2013
15Ciências Humanas e suas Tecnologias
4. EUA, agosto de 1979 
 Um vazamento de urânio em uma 
instalação nuclear secreta, perto de 
Erwin (Tennessee), contaminou cerca 
de mil pessoas.
5. Japão, janeiro-março de 1981
 Quatro vazamentos radioativos na usina 
nuclear de Tsuruga, uma cidade na 
província de Fukui, a 300 quilômetros 
de Tóquio, deixaram 278 pessoas 
contaminadas por radiação.
INTRODUÇÃO
A aceleração histórica que vivenciamos tem a inovação 
técnica como um conjunto de dispositivos impulsionadores das 
organizações territoriais. A inovação faz parte do dia a dia das 
sociedades e, em particular, das empresas, por meio de mudanças 
nos processos produtivos e nos modelos dos produtos que inserem 
o progresso tecnológico. Tem-se, assim, uma verdadeira difusão da 
inovação, ancorando-se em mudanças tecnológicas nos sistemas 
produtivos e no desenvolvimento e ordenação dos territórios, por 
meio de novos espaços de inovação (espontâneos e planejados), 
além de implicações territoriais decorrentes da inovação. 
Mas o que tornou as inovações uma temática importante, 
ou uma questão preeminente desta atualidade? Há quem diga que 
as inovações atuais, neste período das novas tecnologias aliadas 
às telecomunicações e à informática, alteram signifi cativamente as 
estruturas sociais, modifi cando os modos de se produzir, circular, 
distribuir e consumir bens, serviços e ideias, por exemplo, na 
organização espacial. Ou ainda, que os territórios e as sociedades 
atuais estão sendo reorganizados de maneira essencial por 
intermédio de processos tecno-espaciais. Ao nosso ver, esse é o 
conteúdo novo que faz suscitar outros questionamentos ou novas 
interpretações, dessa vez relacionados às inovações tecnológicas 
recentes, ao sistema produtivo e ao território, o que contribui 
para a emergência de uma geografi a da inovação. Este texto 
desenvolve uma refl exão sobre a difusão de inovação tecnológica, 
identifi cando as dimensões política, econômica e sociocultural das 
novas tecnologias nesta atualidade.
OBJETO DO CONHECIMENTO
Inovações tecnológicas e 
globalização: relações entre políticas 
públicas e desenvolvimento nacional
A partir dos anos 1990, a conjugação dos processos de 
globalização com as profundas mudanças das tecnologias de 
informação e comunicação vem provocando alterações visíveis 
no regime econômico, no modo de regulação e no modelo de 
socialização das sociedades contemporâneas.
Tais mudanças trazem implicações sociais, culturais e 
econômicas nas sociedades. Algumas delas são a fl exibilização 
de fl uxos de capitais, de bens e de serviços; comunicação em 
tempo real em escala mundial entre os mercados; mudança nos 
padrões de consumo, lazer e estilo de vida; surgimento de novas 
profi ssões e novas formas de trabalho, culminando em uma 
forte transformação cultural nas sociedades em escala global.
Para acompanhar essas mudanças, instrumentos de 
política vêm sendo desenvolvidos e aprimorados pelos governos 
com intenção de lidar com as novas realidades e alavancar o 
desenvolvimento dos países e prepará-los para a sociedade 
baseada no conhecimento.
É preciso fi car atento acerca de inovação tecnológica 
e globalização e nas relações entre políticas públicas e o 
desenvolvimento nacional.
O progresso científi co avança constantemente, pois 
precisa corresponder à demanda mundial por tecnologia. Porém, 
o desenvolvimento científi co não tem sido o desenvolvimento 
da humanidade como um todo, pois fatores como registro de 
propriedade intelectual, monopólio tecnológico e desigualdade 
social impedem que a ciência e a sociedade progridam juntas.
A ciência acentuou sua importância no decorrer da 
história humana, mudou a forma do homem lidar com a 
natureza e consigo mesmo; produziu conhecimentos que 
acarretaram mudanças positivas e negativas, ela está ligada ao 
fator sociopolítico e cultural.
A propriedade intelectual impede que o desenvolvimento 
científi co-tecnológico ocorrade forma democrática entre as 
regiões do mundo. Enquanto países desfrutam de altos padrões 
de tecnologia, outros tendem a viver de forma socialmente 
ultrapassada.
Existe uma desigualdade mundial no uso da tecnologia 
que pode ser verifi cada, por exemplo, pelas diferenças no 
índice de desenvolvimento humano, na mortalidade infantil por 
doenças de fácil controle e epidemias de doenças decorrentes 
da ausência de saneamento básico, que afetam as nações 
mais pobres. A globalização ampliou os mercados comerciais 
e difundiu bens de consumo, mas não modifi cou o panorama 
da prosperidade pelo globo. Os países subdesenvolvidos são 
empregados somente para manter os altos padrões de vida dos 
países ricos; sendo este um fator que perpetua as desigualdades 
sociais no mundo.
QUESTÃO COMENTADA
Compreendendo a Habilidade
– Identifi car registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na 
organização do trabalho e/ou da vida social. 
C-4
H-16
 “Bem antes de a morte do líder da Al Qaeda ser noticiada 
pela mídia ou confirmada pelo presidente Barack Obama, 
Sohaib Athar, um morador de Abbottabad de 33 anos, 
descreveu em tempo real, no Twitter, o ataque que 
acontecia a alguns quilômetros de sua casa. [...] Quando 
veio à tona a notícia de que Osama bin Laden havia sido 
morto no ataque, Athar começou a juntar e-mails que 
estava recebendo da imprensa e se descreveu no Twitter 
como ‘o cara que blogou ao vivo o ataque contra Osama 
sem saber’ [...]”.
Uol Notícias. Disponível em: http://www.noticias.uol.com.br
Acesso em: 17 ago. 2011.
Enem em fascículos 2013
16 Ciências Humanas e suas Tecnologias
 Sobre o papel das técnicas e novas tecnologias na 
organização da vida social, é correto afirmar que:
a) as redes sociais da Internet cumprem hoje o papel de 
principal fonte de informação e troca de ideias para a 
população do planeta, incluindo os países mais pobres.
b) atualmente há a possibilidade de conhecer instantaneamente 
acontecimentos simultâneos, graças aos avanços de 
tecnologias que possibilitaram a melhoria dos meios de 
comunicação. 
c) apesar dos avanços verificados nos meios de 
comunicação, a distância entre os lugares é o maior 
obstáculo para o conhecimento de eventos simultâneos 
em “tempo real”. 
d) apesar de aproximarem as mais diversas partes do mundo, 
os avanços técnicos nos meios de comunicação revelam-se 
incapazes de produzir transformações na vida social. 
e) como a população mundial tem acesso aos avanços 
técnicos nos meios de comunicação, existe maior 
possibilidade de ela conhecer os eventos em “tempo real”.
Comentário
Vivemos em um período sem precedentes de mutações 
aceleradas em praticamente todos os campos da existência. 
A revolução nos transportes e na tecnologia são processos que têm 
transformado absolutamente a vida cotidiana das pessoas. Apesar das 
mudanças de paradigmas nos campos tecnológico, social e cultural 
não terem sido globalmente simétricas, afetando diferentemente, 
tanto em termos de intensidade como de época, os vários países e 
comunidades, os sinais da mudança podem ser identifi cados por todo 
o planeta. A fi nalidade de destacar esses câmbios é evidenciar que as 
pessoas estão enfrentando novos cotidianos e realidades, o que, por 
sua vez, afeta diretamente as empresas e organizações, confrontadas, 
a cada instante, com novas demandas e exigências.
Em termos macros, o pano de fundo desses processos de 
mudança tem sido a, aparentemente irreversível, globalização, com 
a crescente integração e interdependência das economias nacionais. 
Na atualidade, a economia global opera como uma unidade, em tempo 
real, e os limites temporais e espaciais têm sido suplantados pela 
revolução nos transportes e pelas novas tecnologias de informação 
e de comunicação. Os fl uxos de informação e comunicação, em um 
mundo conectado, permitem que as organizações detectem e reajam 
às mudanças no ambiente em um ritmo mais veloz.
Resposta correta: B
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Compreendendo a Habilidade
– Comparar o signifi cado histórico-geográfi co das organizações 
políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
C-2
H-9
05. Entre as promessas contidas na ideologia do processo de 
globalização da economia estava a dispersão da produção 
do conhecimento na esfera global, expectativa que não 
se vem concretizando. Nesse cenário, os tecnopolos 
aparecem como um centro de pesquisa e desenvolvimento 
de alta tecnologia que conta com mão de obra altamente 
qualifi cada. Os impactos desse processo na inserção dos 
países na economia global deram-se de forma hierarquizada 
e assimétrica. Mesmo no grupo em que se engendrou a 
reestruturação produtiva, houve difusão desigual da 
mudança de paradigma tecnológico e organizacional. 
O peso da assimetria projetou-se mais fortemente entre os 
países mais desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento.
BARROS, F. A. F. Concentração técnico-científi ca: uma tendência
em expansão no mundo contemporâneo? 
Campinas: Inovação Uniemp, v. 3, n°1 jan./fev. 2007 (adaptado).
 Diante das transformações ocorridas, é reconhecido que:
a) a inovação tecnológica tem alcançado a cidade e o 
campo, incorporando a agricultura, a indústria e os 
serviços, com maior destaque nos países desenvolvidos.
b) os fluxos de informações, capitais, mercadorias e 
pessoas têm desacelerado, obedecendo ao novo modelo 
fundamentado em capacidade tecnológica.
c) as novas tecnologias se difundem com equidade 
no espaço geográfi co e entre as populações que as 
incorporam em seu dia a dia.
d) os tecnopolos, em tempos de globalização, ocupam os 
antigos centros de industrialização, concentrados em 
alguns países emergentes.
e) o crescimento econômico dos países em desenvolvimento, 
decorrente da dispersão da produção do conhecimento 
na esfera global, equipara-se ao dos países desenvolvidos.
Compreendendo a Habilidade
– Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica 
dos fl uxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem 
econômico-social.
C-2
H-8
06. Observe a figura a seguir e responda à questão.
Assim Caminha a Humanidade – Sociedade de Consumo. 
Disponível em: http://blogdopedronelito.blogspot.com.br/2012/02/assim-
caminha-humanidade.html Acesso em: 29 de maio de 2012.
 A sociedade de consumo mantém uma correlação com o 
neoliberalismo, que amplia o espaço privado, restringe o 
espaço público e transforma os direitos sociais em serviços 
demarcados pelo mercado. Sobre essa dinâmica, considere 
as afirmativas a seguir.
I. Na lógica neoliberal do mercado, a busca do sucesso, 
a qualquer preço, pelo indivíduo e a volatilidade 
do sistema econômico-financeiro geram fatores de 
insegurança social;
II. O planeta foi transformado em uma unidade de operações 
das corporações financeiras, sendo a fragmentação e a 
dispersão socioeconômica consideradas como natural e 
positiva;
III. Os valores sociais constituídos no seio das comunidades 
tradicionais são respeitados por indivíduos egocentrados, 
portadores dos valores essenciais do neoliberalismo;
IV. A democracia encontra-se prestigiada pela capacidade 
dos cidadãos de vender os direitos conquistados como 
serviços.
Enem em fascículos 2013
17Ciências Humanas e suas Tecnologias
 Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
DE OLHO NO ENEM
AS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO E A GLOBALIZAÇÃO
Quando se fala de Tecnologias da Informação e da 
Comunicação (NTICs), refere-se ao conjunto de tecnologias 
microeletrônicas, informáticas e de comunicação que permitam 
a aquisição, armazenamento,

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