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ECOSSISTEMAS COSTEIROS Aspectos Fisicos Bioticos e Juridicos

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL
ACADEMIA NACIONAL DE POLÍCIA
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E
JURÍDICOS
ELOISA NEVES MENDONÇA
KLEBER ISAAC SILVA DE SOUZA
MARCELO KAMMERS
MÁRIO LUIZ MARTINS PEREIRA
VERSÃO 2009.05.20 - 11H28M
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
SUMÁRIO
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA.........................1
1. CONCEITOS BÁSICOS E INTRODUÇÃO......................................................................1
2. ORIGEM DO PLANETA....................................................................................................1
3. CARACTERÍSTICAS DA CROSTA..................................................................................4
3.1. PROCESSOS ENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO..........................5
3.2. ROCHAS, MINERAIS E A CROSTA TERRESTRE.....................................................8
3.2.1. Propriedades dos minerais....................................................................................8
3.2.1.1. Propriedades físicas dos minerais...................................................................8
3.2.1.2. Propriedades óticas dos minerais...................................................................9
3.2.1.3. Propriedades químicas dos minerais...............................................................9
3.2.2. Principais minerais................................................................................................9
3.2.3. Principais tipos de rochas.....................................................................................9
3.2.4. Intemperismo.......................................................................................................10
3.3. SEDIMENTOS..............................................................................................................11
4. GEOMORFOLOGIA COSTEIRA...................................................................................20
4.1. OS PROCESSOS COSTEIROS E SEUS PRINCIPAIS AGENTES............................20
4.1.1. Ondas....................................................................................................................21
4.1.1.1. Características Gerais e Geração.................................................................21
4.1.1.2. Dispersão, transformação e consequências da ação das ondas na costa.....25
4.1.1.3. Marés.............................................................................................................30
5. AS MUDANÇAS DO NÍVEL DO MAR EM GRANDE ESCALA: CAUSAS E CON-
SEQUÊNCIAS.........................................................................................................................33
5.1. MUDANÇAS DO NÍVEL MÉDIO DO MAR AO LONGO DO TEMPO GEOLÓGI-
CO........................................................................................................................................33
5.2. VARIAÇÕES DO NÍVEL DO MAR NO LITORAL BRASILEIRO E PRINCIPAIS 
ALTERAÇÕES NA COSTA................................................................................................35
6. FEIÇÕES E AMBIENTES FÍSICOS COSTEIROS – DEFINIÇÕES TÉCNICAS E O 
LITORAL SUL DO BRASIL.................................................................................................40
6.1. COMPARTIMENTAÇÕES DO LITORAL BRASILEIRO..........................................40
6.2. O CLIMA NO LITORAL SUL E SUDESTE DO PAÍS ..............................................45
6.3. PRINCIPAIS FEIÇÕES E AMBIENTES ENCONTRADOS NOS LITORAIS SU-
DESTE E SUL DO BRASIL................................................................................................46
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................62
MEIO BIÓTICO: FAUNA NA ZONA COSTEIRA...........................................66
1. NOÇÕES APLICADAS DE FAUNA DA ZONA COSTEIRA........................................66
1.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS................................................................................66
1.2. OS GRANDES GRUPOS ANIMAIS – TAXONOMIA...............................................68
1.2.1. Alguns grupos animais da zona costeira............................................................69
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
1.2.1.1. Cnidários.......................................................................................................69
1.2.1.2. Os Anélidos poliquetas – vermes segmentados com cerdas..........................70
1.2.1.3. Os Moluscos..................................................................................................71
1.2.1.4. Os Gastrópodes - Classe Gastropoda...........................................................72
1.2.1.5. Os Bivalves - Classe Bilvavia........................................................................72
1.2.1.6. Os Crustáceos................................................................................................73
1.2.1.7. Os Malacóstracos (caranguejos, camarões, lagostas, siris) - Classe Mala-
cóstraca......................................................................................................................73
1.2.1.8. Os Equinodermos – Filo Echinodermata......................................................74
1.2.1.9. Os Equinoides (ouriços-do-mar e bolachas-da-praia) - Classe Echinoidea 74
1.2.1.10. Os Asteroides (estrelas-do-mar) - Classe Asteroidea..................................75
1.2.1.11. Os Holoturoides (pepinos-do-mar) - Classe Holothuroidea.......................75
1.3. ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO...............................................................75
2. AMBIENTES COSTEIROS...............................................................................................80
2.1. PRAIA...........................................................................................................................80
2.2. COSTÃO ROCHOSO...................................................................................................82
2.3. MANGUEZAL, ESTUÁRIOS E AMBIENTES DE TRANSIÇÃO............................84
MEIO BIÓTICO: FLORA NA ZONA COSTEIRA...........................................89
1. Conceitos fundamentais: ...................................................................................................89
2. ECOSSISTEMAS DA ZONA COSTEIRA DO SUL DO BRASIL.................................89
3. FLORA E VEGETAÇÃO DA ZONA COSTEIRA DO SUL DO BRASIL....................90
3.1. RESTINGAS.................................................................................................................90
3.1.1. Restinga Herbácea/Subarbustiva.......................................................................91
3.1.1.1. Vegetação de praia e dunas frontais..............................................................91
3.1.1.2. Vegetação de dunas internas e planícies:......................................................92
3.1.1.3. Vegetação de lagunas, banhados e baixadas.................................................93
3.1.2. Vegetação Arbustiva:...........................................................................................95
3.1.3. Restinga Arbórea ou Mata de Restinga.............................................................96
3.1.4. Aspectos Sucessionais..........................................................................................98
3.1.5. Vegetação de Costão Rochoso.............................................................................98
3.2. VEGETAÇÃO DE TRANSIÇÃO ENTRE RESTINGA E MANGUEZAL:...............99
3.3. MANGUEZAIS, APICUNS E MARISMAS..............................................................100
4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................107
ASPECTOS JURÍDICOS DA PROTEÇÃO DA ZONA COSTEIRA............109
1.FUNDAMENTOS DA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE......................................109
1.1. MEIO AMBIENTE: CONCEITO...............................................................................111
1.2. MEIO AMBIENTE: CLASSIFICAÇÃO....................................................................112
1.3. BENS E ESPAÇOS AMBIENTAIS PROTEGIDOS..................................................113
1.3.1. Espaços Territoriais Especialmente Protegidos..............................................114
1.3.1.1. Áreas de Preservação Permanente..............................................................115
1.3.1.2. Unidades de Conservação...........................................................................116
1.3.1.3. Outros Espaços Territoriais Protegidos......................................................116
1.3.2. Patrimônio Ambiental Nacional.......................................................................117
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
2. ZONA COSTEIRA: CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E NORMAS GERAIS. .118
2.1. CONCEITO DE ZONA COSTEIRA..........................................................................118
2.2. DELIMITAÇÃO GEOGRÁFICA...............................................................................118
2.2.1. Orla Marítima....................................................................................................119
2.3. BENS DE DOMÍNIO DA UNIÃO NA ZONA COSTEIRA......................................121
2.3.1. Praias..................................................................................................................121
2.3.2. Terrenos de Marinha.........................................................................................122
2.3.2.1. Regime Jurídico dos Terrenos de Marinha após a Constituição de 1988...123
2.3.2.2. Terrenos de Marinha em Rios......................................................................124
2.3.2.3. Superposição de Terrenos de Marinha sobre Praias ou outros bens de uso 
comum.......................................................................................................................126
2.3.3. Mar Territorial...................................................................................................126
2.3.4. Zona Contígua....................................................................................................127
2.3.5. Zona Economicamente Exclusiva.....................................................................127
2.3.6. Plataforma continental......................................................................................127
2.4. PATRIMÔNIO DA ZONA COSTEIRA......................................................................128
2.4.1. Degradação de bens da Zona Costeira: dano ambiental................................129
2.4.2. Licenciamento Ambiental na Zona Costeira: Normas Especiais..................129
2.4.2.1. Alterações das características naturais da Zona Costeira: parcelamento do 
solo e outras atividades............................................................................................130
2.4.2.2. Estudo Prévio de Impacto Ambiental..........................................................131
2.4.2.3. Descumprimento de condições do licenciamento ambiental.......................131
2.4.2.4. Caracterização e classificação da orla marítima em estudos ambientais. .132
3. ESPAÇOS TERRITORIAIS E PATRIMÔNIO PROTEGIDO NA ZONA COSTEIRA: 
ANÁLISE DE CONCEITOS E NORMAS ESPECIAIS DE TUTELA...........................132
3.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.........................................................133
3.1.1. Conceito..............................................................................................................133
3.1.2. Natureza Jurídica..............................................................................................133
3.1.3. Características....................................................................................................134
3.1.4. Procedimento legal para supressão, uso e ocupação......................................135
3.1.4.1. Casos de utilidade pública..........................................................................136
3.1.4.2. Casos de interesse social.............................................................................137
3.1.4.3. Casos de supressão eventual de baixo impacto ambiental..........................137
3.1.4.4. Nascentes, dunas e mangues.......................................................................138
3.1.4.5. Procedimento administrativo específicos....................................................139
3.1.4.6. Estudo ambiental específico........................................................................140
3.1.4.7. Alternativa técnica e locacional..................................................................140
3.1.4.8. Medidas compensatórias e mitigadoras......................................................141
3.1.4.9. Competência................................................................................................142
3.1.4.10. Reservatórios artificiais............................................................................142
3.2. PROTEÇÃO À FLORA NA ZONA COSTEIRA: NORMAS ESPECIAIS...............143
3.2.1. Compensação Ambiental de Florestas Litorâneas..........................................144
3.3. BENS PROTEGIDOS NA ZONA COSTEIRA .........................................................146
3.3.1. Praias..................................................................................................................147
3.3.1.1. Proteção das praias.....................................................................................147
3.3.2. Lagunas...............................................................................................................149
3.3.2.1. Proteção das Lagunas e Lagoas costeiras..................................................150
3.3.3. Manguezais.........................................................................................................151
3.3.3.1. Domínio da União em manguezais..............................................................152
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
3.3.3.2. Proteção dos manguezais............................................................................153
3.3.3.3. Manguezais e a proteção aos marismas......................................................153
3.3.4. Estuários.............................................................................................................154
3.3.4.1. Proteção dos Estuários................................................................................155
3.3.5. Dunas..................................................................................................................155
3.3.5.1. Dunas fixas..................................................................................................156
3.3.5.2. Dunas móveis...............................................................................................157
3.3.5.3. Lençóis de areia...........................................................................................158
3.3.6. Restingas como Área de Preservação Permanente.........................................159
3.3.6.1. Conceito geológico de restinga...................................................................160
3.3.6.2. Conceito legal (ecológico) de restinga no tempo e no espaço....................162
3.3.6.3. Análise dos elementos do conceito legal (ecológico) de restinga...............165
3.3.6.4. Proteção Legal das Restingas como áreas de preservação permanente: Limi-
tações administrativas no tempo..............................................................................166
3.3.6.5. Conceito especial de restinga para o Estado de Santa Catarina................170
3.3.6.6. Conceito especial de restinga parao Estado de São Paulo........................172
3.3.6.7. Quadro sintético..........................................................................................173
3.3.7. Costões................................................................................................................175
3.3.7.1. Proteção dos costões...................................................................................176
3.3.8. Promontórios......................................................................................................176
3.3.8.1. Proteção dos promontórios.........................................................................177
3.4. PARCELAMENTO DO SOLO URBANO NA ZONA COSTEIRA..........................178
3.4.1. Modalidades de parcelamento do solo.............................................................178
3.4.1.1. Loteamento..................................................................................................179
3.4.1.2. Desmembramento........................................................................................179
3.4.1.3. Condomínios fechados.................................................................................180
3.4.2. Exigências especiais para o licenciamento ambiental.....................................181
3.4.2.1. Estudo Prévio de Impacto Ambiental..........................................................181
3.4.2.2. Acesso à praia.............................................................................................182
3.4.2.3. Zona de Amortecimento de Unidades de Conservação de Proteção Integral
..................................................................................................................................182
3.4.3. Limitações ambientais e conflito aparente de normas urbanísticas e ambien-
tais.................................................................................................................................183
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................184
AMEAÇAS E ASPECTOS DA CONSERVAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS 
COSTEIROS........................................................................................................191
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
Mário Luiz Martins Pereira – Analista Ambiental – ICMBio
Geógrafo; M.Sc.
1. CONCEITOS BÁSICOS E INTRODUÇÃO
Geologia: 
A Geologia é a ciência da Terra, de seu arcabouço, de sua composição, se seus proces-
sos internos e externos e de sua evolução. O campo de atividade da Geologia é, por con-
seguinte, a porção da Terra constituída de rochas que, por sua vez, são as fontes de in-
formações. (POPP, 1994)
Estuda também os agentes de formação e transformação das rochas, a composição e a 
disposição das rochas na crosta terrestre.
Geomorfologia: 
As formas de relevo constituem o objeto de estudo da Geomorfologia (GUERRA & 
CUNHA, 1998). Tal ciência tem profundos laços entre a geografia e geologia.
Dessa forma, para compreendermos a formação e a dinâmica do relevo e da paisagem 
costeira, há a necessidade de perpassar a explanação e o conteúdo dessa apostila pela geologia, 
formação da Terra, dinâmica dos continentes, rochas, intemperismo, erosão, transporte, mudan-
ças climáticas, dentre outros.
O ambiente costeiro, atraente por natureza, seja pelas belezas, seja pela funcionalidade 
de suas formas e recursos naturais, vêm sofrendo com a ação humana ao longo do tempo, sendo 
mais impactado nos séculos mais recentes. Normativas, regramentos e politicas de ocupação tem 
sido apresentados ao longo do mundo no sentido de tentar melhor gerenciar essas áreas e evitar 
catástrofes humanas e econômicas oriundas de desequilíbrios nesses ambientes tão dinâmicos.
Conceitos científicos, que necessariamente integram tais regramentos e normativas, se-
rão abordados, assim como suas justificativas e detalhamentos sobre a identificação e diferencia-
ção dos ambientes marinho-costeiros a partir de suas características.
A ideia aqui é possibilitar ao técnico envolvido com laudos, perícias, licenciamentos , 
fiscalização na área ambiental e na região marinho-costeira, subsídio técnico básico e ferramen-
tas que auxiliem na compreensão, determinação e caracterização de ambientes costeiros, sejam 
eles protegidos ou não.
2. ORIGEM DO PLANETA
Para alcançar o conhecimento pleno do que são e representam, uma ou todas, as formas 
de relevo, identificadas em diferentes escalas espaciais e temporais, é preciso compreen-
der e explicar como elas surgem e evoluem. GUERRA & CUNHA (1998)
Nosso planeta teve sua origem relacionada a origem dos demais planetas do sistema so-
lar. O principio básico dessa formação está na condensação da matéria primitiva, constituída por 
elementos dissociados, os quais se foram combinando para os diversos planetas do sistema 
(FLEURY, 1995).
Estima-se que a idade da Terra, de acordo com os cientistas, seja de 4,5bi de anos (mui-
1
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
to mais velha que a idade proposta pela teoria evolucionista, que diz que a Terra não teria mais 
do que 6mil anos). Em 1654 um Arcebispo irlandês chegou a calcular, baseando em fatos narra-
dos na Bíblia, que a terra teria sido criada no dia às 09:00horas do dia 26 de outubro do ano de 
4.004 a.C.(LEINZ, 1989).
Sabe-se que os isótopos átomos com o mesmo número atômico e diferentes números de 
massa de uma série de elementos químicos, como o urânio, se decompõem e produzem outras 
substâncias pela emissão de partículas ou radiações. O tempo necessário à decomposição de me-
tade da massa radioativa desses elementos é chamado meia-vida. Conhecendo as quantidades 
dos elementos radioativos e do material deles derivados, calcula-se a idade de um mineral. Esse 
método chama-se datação radiativa. Assim, a idade da Terra aproximadamente 4,56 bilhões de 
anos foi determinada a partir da relação entre dois isótopos de chumbo formados pela decompo-
sição de isótopos de urânio1. Desde então o planeta vem tendo sua aparência e seu relevo altera-
dos constantemente, em diferentes escalas temporais e espaciais e pelos mais diferentes agentes, 
sejam eles naturais ou antrópicos.
A existência e o funcionamento dos processos que modelam continuamente o relevo da 
Terra tem suas origens mais amplas em forças oriundas do interior do planeta (endógenas) e ex-
ternas, vindas da atmosfera (exógenas). Numa escala mais aproximada, temporal e localmente, 
as ações biológicas e do homem tem interferido diretamente também no comportamento da mo-
delagem da superfície do planeta.
Segundo GUERRA & CUNHA (op cit), os resultados alcançados pelos processos e as 
formas resultantes são obtidos por ações sobre materiais na superfície terrestre, e que para serem 
amplamente entendidos, devem levar em conta o nível de resistência dos materiais à realização 
desses trabalhos. 
As formas ou conjuntos de formas de relevo participam da composição das paisagens 
em diferentes escalas. Relevos de grandes dimensões, quando analisados por um curto espaço de 
tempo, podem parecer estáticos e imutáveis, enquanto que estão constantemente sendo trabalha-
das por processos erosivos e sedimentares, tendendo a um aplainamento da superfície terrestre. 
Esse trabalho das forcas exógenas somente não chegara ao fim (nivelamento total, em função, 
principalmente, das forcas endógenas, responsáveis por soerguimentos e rebaixamentos da super-
fície terrestre). 
Assim, as características geológicas, climáticas, pedológicas, hidrológicas, biológicas, 
topográficas e altimétricas devem ser consideradas, de forma sistêmica e integrada, nas análises 
da evolução do relevo e nos estudos de sua dinâmica. 
Uma análise cronológicatambém é necessária para a compreensão mais completa num 
estudo geomorfológico, uma vez que estruturas formadas em diferentes épocas podem comparti-
lhas um mesmo local, dificultando a interpretação do que realmente ocorreu para a formação da-
quele ambiente. Observa-se ainda que as formas mais antigas são relacionadas ao Terciário Supe-
rior e as mais recentes se remetem ao Quaternário (ou Quinário, como recentemente tem sido 
utilizado em função do alto grua de interferência humana sobre o relevo do planeta, dentre outros 
aspectos). Um quadro com as idades e eras geológicas (figura 01) é apresentado a seguir, junta-
mente com um esquema em desenho representando a evolução temporal do planeta (figura 2) 
que nos permitem compreender a escala temporal da existência do planeta e nossa atual posição, 
absoluta e relativa.
A cobertura terrestre, por sua vez, possui diferentes características com relação aos ou-
tros planetas do nosso sistema, evidenciadas pelas camadas envoltórias do globo terrestre 
(FLEURY, op cit.):
• Atmosfera – esfera gasosa, constituída principalmente por O, H, N e He, além de 
1 http://super.abril.com.br/superarquivo/1988/conteudo_111023.shtml 
2
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
água, gás carbônico e gases inertes;
• Hidrosfera – camada liquida, compreendida em sua maior parte por oceanos e ma-
rés, e que constitui maior porção da superfície da terra (mas pouco em volume) ;
• Litosfera – camada pétrea das partes emersas da crosta, formada de rochas, materiais 
rochosos e solos;
• Biosfera – camada viva, onde se encontra a biota vegetal e animal do planeta.
Ilustração 1: Quadro com as eras, períodos e épocas geológicas, com detalhes das principais evoluções biológi-
cas no período e variações no relevo
Fonte: http://www.algosobre.com.br/images/stories/geografia/tempo_geologico.jpg , 02maio2009. 
3
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
Ilustração 2: http://www.ufrgs.br/geociencias/cporcher/Atividades%20Didaticas_arquivos/Geo02001/Tempo
%20Geologico_arquivos/image034.gif;
No caso dessa publicação, será de grande importância o entendimento da relação das 
ações entre a atmosfera e a hidrosfera sobre a litosfera, dando suporte ao desenvolvimento da 
biosfera, principalmente no âmbito dos ambientes costeiros, para que o reconhecimento de com-
partimentos costeiros e determinados ambientes protegidos seja possível. Para o entendimento do 
atual estado do relevo e sua dinâmica, é indispensável que se entenda a relação de desgaste das 
rochas e transporte dos sedimentos, oriundos desse desgaste, pelos processos atmosféricos e hi-
drológicos, formando grande parte das superfícies e relevos dos compartimentos naturais prote-
gidos. Nesse sentido, apresenta-se a seguir informações básicas sobre as rochas do Planeta Terra.
3. CARACTERÍSTICAS DA CROSTA
A crosta representa uma camada fina, com aproximadamente 20 a 30km de espessura 
em media, sendo mais grossa na região sobre os continentes (POPP, op cit.). Sua formação super-
ficial é compreendida por rochas como granitos, migmatitos, basaltos e rochas sedimentares. As 
áreas mais profundas são encontradas as rochas mais escuras e pesadas, como os diabásios, ro-
chas ultrabásicas, etc.
4
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
Ilustração 3: Estrutura da Terra. Fonte: http://mediatheek.thinkquest.nl/~ll125/en/fullstruct.htm
A crosta, por sua vez, é composta de varias partes ou placas que sobrenadam o manto 
(ilustração 03), onde ficam mergulhadas de acordo com suas características naturais, como es-
pessura e densidade.
Para entendermos melhor a dinâmica de formação e transformação do ambiente físico 
do nosso planeta, faz-se necessário entender dois mecanismos básicos observados na crosta e nas 
rochas da crosta: tectônica de placas e intemperismo.
3.1. PROCESSOS ENDOGENÉTICOS NA FORMAÇÃO DO RELEVO
No planeta Terra, as forças geodinâmicas externas e internas interagem para produzir 
distintas topografias.
A interação da litosfera móvel terrestre com os fluidos da atmosfera e hidrosfera guia a 
formação de uma variada paisagem, única no sistema solar. Nessa condição, as forças 
exógenas e endógenas derivadas de diferentes fontes de energia modelam a superfície 
do planeta, numa constante busca de equilíbrio [...] GUERRA & CUNHA, Op cit.
A energia disponível no planeta Terra pode ser dividida entre, basicamente, a energia do 
sol e a energia do interior do planeta, essa ultima levando para a superfície, das profundezas do 
planeta, em media aproximadamente 2x1010 calorias de energia anualmente (mil vezes mais que 
o necessário pra erguer 1cm das Montanhas Rochosas (América do Norte). 
Tal energia tem sua origem relacionada com o processo de acresção planetária, e tem 
sido mantida, principalmente, pela energia radioativa. Tal energia interna, a ser liberada, se trans-
forma em trabalho, capaz de movimentar as placas litosféricas. O relevo atual resulta então do 
antagonismo das forças internas e externas, que ocorrem distintamente nas diferentes áreas e zo-
nas superfície da Terra, o que determina, a nível global, uma ausência de uniformidade no relevo 
do planeta. 
Caso atuassem somente as forcas exógenas sobre o relevo do planeta, teríamos como 
5
ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
forma resultante um único oceano com profundidade média de aproximadamente 2,6km de pro-
fundidade, diferente do que se observa na realidade, onde a superfície terrestre apresenta ambien-
te com quase 30% de terras emersas com altitudes que passam dos 8km (Everest) e profundida-
des que chegam a mais 11km (Fossas Marianas) nos outros 70% de superfícies líquidas. 
Na dinâmica externa, que representa as forcas exógenas, destacam-se as acoes do in-
temperismo, das águas continentais de subsolo e superfície, as atividades geológicas do vento, do 
gelo do mar e dos organismos. Com relação a dinâmica interna, destaca-se o trabalho realizado 
pelo magma, pelo vulcanismo, plutonismo, terremotos, epirogênese, perturbação das rochas e ge-
otectônica (LEINZ & AMARAL, 1989).
O relevo, dessa forma, não é criado instantaneamente, nem suas alterações e variações 
seguem ritmos predefinidos ou variações espaciais constantes. O levantamento dos Andes se de-
senvolveu, e ainda se desenvolve, há milhões de anos, assim como a bacia amazônica, diferente-
mente das linhas e marcas das ondas nas areias da praia, que são realizadas instantaneamente e 
com períodos, as vezes, de poucos segundos. 
Os fenômenos endógenos, mais significativos do ponto de vista das macro alterações 
no relevo, são apresentados a seguir, no sentido de contribuir com subsídios para uma melhor 
compreensão dessa dinâmica em escalas significativas, espacial e temporalmente. Tais fenôme-
nos também são conhecidos como Processos Geodinâmicos Internos (CASSETI, 1994).
A partir da formulação da teoria da Tectônica de Placas surgiu uma explicação para a 
deriva continental, uma das questões geológicas mais controvertidas da historia (POPP, op cit.).
Em 1620 foi observada a semelhança entre a costa lesta da América do Sul com a costa 
oeste africana. Essa teoria procura demonstrar que a superfície semi-rígida da crosta sofre movi-
mentos sobre a astenosfera, sofrendo deformações e gerando estruturas características.
A figura a seguir (ilustração 05) mostra as principais zonas de contato entre as placas na 
crosta e a direção do deslocamento das placas em alguma dessas zonas.
Dessa forma, a placa da crosta terrestre esta subdividida em seis placas principais distin-
tas, cada uma seguindo uma orientação e se movimentandopara uma direção determinada.
As placas, segundo essa teoria, seriam produzidas nas dorsais e cresceriam perpendicu-
larmente ao eixo das dorsais, mergulhando sob as placas continentais, formando as fossas oceâ-
nicas e as cadeias de montanhas (FLEURY, 1995).
Varias são as explicações para as acoes de deslocamento, passando pela teoria de trans-
porte dessas placas por correntes de convecção do manto, governadas por forças gravitacionais 
relacionadas a lua a a outros planetas, ou ainda arrastadas (POPP, 1994).
Os movimentos tectônicos podem ser caracterizados em função do tempo de atuação e 
de sua competência de alteração da paisagem (POP, 1994):
• Orogenéticos: relativamente rápido e quando se manifesta geralmente deforma ge-
rando dobras e falhas nas camadas rochosas;
• Epirogenéticos: são mais lentos, atuam em escala espacial continental e não tem 
competência de realizar deformações significativas, e sim para formar abaciamentos 
ou arqueamentos.
A iniciação da movimentação dos continentes a partir da configuração inicial dos blocos 
se deu a partir da Era Mesozoica, onde um supercontinente antigo chamado de Pangeia foi se 
desfigurando por forcas endógenas ao planeta. Durante alguns milhões de anos, no caso do 
Oceano Atlântico, estima-se que a velocidade de deriva das placas tenha sido de 6cm/ano, estan-
do atualmente em 1 a 2cm/ano. Pode-se observar, dessa maneira, que o Oceano Atlântico teve 
sua formação mais recente que o Oceano Pacífico.
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ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
Ilustração 4: Placas tectônicas, sentido e velocidade de deriva e fossas oceânicas. Fonte: http://almez.pntic.-
mec.es
Segundo José Maria Assis Poubel2:
Os oceanos da Terra encontram-se em diferentes estágios de formação:
O Oceano Pacífico é antigo e já está diminuindo em ambos os lados, o que poderá resul-
tar na colisão da Ásia com as Américas. O Oceano Índico está crescendo no oeste e di-
minuindo no leste. O Atlântico encontra-se ainda em expansão em ambos os lados. O 
Mar Vermelho é o embrião de um futuro oceano.
Essa dinâmica continua a atuar constantemente sobre o planeta, gerando marés e ocea-
nos, fechando outros, criando bacias de sedimentação, abertura de canais entre marés, soergui-
mento de cordilheiras e isolamentos geográficos de espécies, dentre outros impactos ambientais. 
Exemplos de eventos dessa natureza são os Andes, o Himalaia, a criação do Oceano 
Atlântico, o soerguimento de bancadas de corais na América Central, etc. Os modelos de Intera-
ção entre as Placas Tectônicas, ainda segundo POUBEL (op cit.), são quatro: Subducção - ocor-
re onde duas placas de espessura semelhante entram em contato entre si; Deslizamento - se pro-
duz quando duas placas oceânicas entram em contato, ou também uma placa continental e uma 
oceânica; Extrusão - este fenômeno ocorre quando se juntam duas delgadas placas tectônicas 
que deslizam em direções opostas, como é o caso do contato de duas placas do fundo oceânico; 
Acrescência - acontecem quando há um leve impacto entre uma placa oceânica e uma continen-
tal
O importante, no caso dessa compilação de dados e informações, é o entendimento da 
dinâmica complexa, e nem um pouco estática, dessa parte da natureza em constante mudança e 
dominada por forcas comumente incomensuráveis pelo ser humano, demonstrando ainda que a 
paisagem não é fixa nem eterna.
2 http://www.coladaweb.com/geografia/placas_tectonicas.htm , em 11/03/2009.
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MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
Ilustração 5: Pangea e movimentação da placas até os dias atuais. Fonte: 
http://www.sobiologia.com.br
3.2. ROCHAS, MINERAIS E A CROSTA TERRESTRE
A crosta terrestre (LEINZ & AMARAL, 1989) é formada essencialmente de rochas e 
minerais, sendo que:
MINERAL: elemento ou composto químico frequentemente resultante de processos 
inorgânicos, de composição química geralmente definida e encontrado naturalmente na 
crosta terrestre. Somente o mercúrio e a água se apresentam no estado liquido em 
CNTP;
ROCHA: agregado natural, formado de um ou mais minerais. As areias, argilas, desde 
representem corpos independentes, individualizados e extensos, são consideradas ro-
chas.
3.2.1. Propriedades dos minerais
A seguir apresentam-se as principais características físicas e químicas dos minerais 
(POPP, op cit., LEINZ & AMARAL, op cit.):
3.2.1.1. Propriedades físicas dos minerais
• Estrutura e Forma– os minerais podem desenvolver-se segundo formas geométri-
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ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
cas definidas e segundo um sistema cristalino. Quase todos os minerais ocorrem no 
estado cristalino, com átomos dispostos regularmente, segundo sistemas fixos e cons-
tantes;
• Clivagem – é a forma com que muitos cristais se quebram segundo a estrutura mole-
cular interna. Se da muitas vezes em planos paralelos (ex. siltitos);
• Dureza – é a resistência de um mineral à abrasão ou ao risco (ex. Diamante e gesso).
• Fratura – é a forma que um determinado mineral, em função de sua clivagem, se 
quebra
• Peso Específico – relação entre o peso do mineral e o peso de igual volume d'água 
(mercúrio=13,6)
• Magnetismo – ocorre em poucos minerais
3.2.1.2. Propriedades óticas dos minerais
• Brilho – é a capacidade de reflexão da luz incidente;
• Cor – depende da absorção seletiva da luz, e deve ser observada na fratura fresca;
3.2.1.3. Propriedades químicas dos minerais
• Polimorfismo – quando diferentes minerais possuem a mesma composição química 
nas formas cristalinas diferentes;
• Isomorfismo – quando vários minerais possuem composições químicas diferentes 
cristalizando na mesma forma.
3.2.2. Principais minerais
São conhecidos mais de dois mil diferentes minerais; sendo alguns mais comumente en-
contrados nas rochas (FLEURY, op cit; LEINZ & AMARAL, op cit).
A seguir serão citados os principais minerais presentes na crosta terrestre:
• Feldspatos: minerais mais abundantes na face da terra (cerca de 60%), são os mais 
importantes na formação das rochas ígneas. Muito suscetíveis a alteração, perdem 
gradualmente a cor e o brilho, dando lugar inicialmente a um produto pulverulento e 
posteriormente a uma massa argilosa; ocorre como componente principal nas rochas 
cristalinas; são translúcidos ou opacos;
• Quartzo: possui cor branca ou incolor, ocasionalmente com outras cores. De dureza 
elevada, não se decompõe e pode entrar em solução em meio alcalino e é, nas rochas 
brasileiras, o único a resistir ao intemperismo. Principal componente das areias das 
praias e dos ambientes sedimentares do litoral sul do Brasil; encontra-se como o mais 
comum mineral na superfície do globo terrestre, entre as rochas sedimentares, devido 
a sua alta resistência química e física;
• Mica – minerais encontrados nas rochas graníticas, possui boa ótima clivagem lami-
nar (descasca) e boa elasticidade. Pode ser do tipo muscovita ou biotita.
3.2.3. Principais tipos de rochas
De acordo com sua origem, podem ser classificadas como (POPP, op cit, FLEURY, op 
cit; LEINZ & AMARAL, op cit):
• Ígnea (ou magmática): origem magmática, como o próprio nome já diz, e se origina 
das profundezas do manto , inicialmente em fusão e com posterior solidificação. São 
de origem primária. Sua textura expressa as condições geológicas em que se formou: 
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ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
quanto mais lisa, mais rápido foi o resfriamento. Granito, diabásio e basalto são 
exemplos.
• Sedimentar: originadas através dos processos destrutivos erosivos de qualquer tipo 
de rocha, transportado e depositado em algum ambientedeposicional (bacias mari-
nhas, oceânicas ou continentais); são formadas superficialmente, ocasionalmente em 
ambientes aquosos. Dolomitos e gipsita são exemplos.
• Metamórfica: rochas inicialmente ígneas ou sedimentares transformadas pela ação 
da pressão e temperatura, sem no entanto passar pelo estado de fusão. Ardósias e 
mármores são exemplos
3.2.4. Intemperismo
De acordo com SUGUIO (1998), intemperismo, ou meteorização, é:
o processo de transformação de rochas quando submetidas a condições superficiais, 
através da ação química do ar e das águas pluviais, das acoes biológicas de plantas e 
bactérias e das acoes mecânicas das mudanças de temperatura. Deste modo, através de 
intemperismos químico, físico ou biológico as rochas expostas na superfície terrestre 
são alteradas com formação de novos minerais.
O intemperismo age sobre a rocha, alterando-a e formando inicialmente o manto de in-
temperismo, também conhecido como regolito3. O termo regolito também é utilizado para todo 
material incoerente, arenoso ou argiloso, que recobre os desertos, as regiões litorâneas ou as 
áreas sujeitas a sedimentação fluvial recente. O intemperismo pode ainda ser caracterizado como 
sendo o conjunto de processos de agentes atmosféricos e biológicos que operam na superfície 
terrestre ocasionando a decomposição dos minerais das rochas (LEINZ & AMARAL, 1989). 
Dentre os diferentes agentes, citados abaixo, destaca-se a ação dos agentes atmosféricos, 
extremamente determinantes no comportamento do processo de intemperismo e muitas vezes o 
primordial fragmentador das rochas.
De acordo com o agente intemperizante, o intemperismo pode ser classificado como:
• Intemperismo físico, quando se dá a partir de alterações na temperatura, agindo so-
bre os diferentes minerais, que por sua vez, possuem diferentes materiais e coeficien-
tes de dilatação térmica. Pode ocorrer também pela cristalização de sais, onde são 
trazidos do fundo à superfície pelas poucas águas precipitadas em ambientes áridos 
ou semi-áridos.
• Intemperismo químico, mais comum entre os agentes, se manifesta através de mu-
danças químicas nas rochas das crosta terrestre quando entram em contato com a at-
mosfera, hidrosfera ou biosfera. Progride através de processos de dissolução, oxida-
ção, carbonatação, etc...(quase sempre com a presença de água, mas também com in-
fluencia do oxigênio e do gás carbônico).
• Intemperismo biológico, caracterizado por processos físicos ou químicos com parti-
cipação de organismos (SUGUIO, 1998). Pode-se citar como exemplo as raízes das 
plantas que crescem nas fendas das rochas e agindo como verdadeiras cunhas. Nos 
morros de Florianópolis pode-se observar regularmente algumas figueiras com esse 
comportamento.
Dessa forma, é através do intemperismo que a rocha sofre alterações e se transforma, 
dentre outras coisas, em sedimentos, de acordo com as suas características geológicas (sua com-
posição mineral e outras) e do tipo de intemperismo que assola o material consolidado.
3 Em Santa Catarina observa-se uma característica comum no manto de alteração que facilita a existência dos 
deslizamentos registrados em 1995 (Timbé do Sul) e 2008 (Blumenau), onde o solo fica supersaturado de água 
e se liquefaz.
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MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
Agindo sobre as rochas, sejam elas de qualquer natureza ou composição, o intemperis-
mo cria condições para que, dentre outros processos, se desprendam partículas que poderão ser 
posteriormente carreados pelas águas, ventos ou por outro agente, para sítios diferentes daqueles 
onde foram originados (áreas fonte).
As chuvas tem papel primordial na intemperização das rochas, geração, transporte e de-
posição dos sedimentos, que por sua vez é porção importante nas estruturas que integram os am-
bientes costeiros de todo mundo. Para compreendermos com maior profundidade a dinâmica des-
ses ambientes, há a necessidade de um bom conhecimento do clima do local a ser estudado, em 
função do clima exercer um controle marcante sobre o intemperismo. Sabe-se que o intemperis-
mo é mais ativo em regiões tropicais e úmidas do que em ambientes áridos (MENDES, 1992), 
em função da maior importância da água como agente intemperizador.
A água, ao cair sobre o solo, age diferentemente de acordo com sua estrutura, composi-
ção, cobertura vegetal e seu uso. Diferentes respostas nesse sentido também são observadas de 
acordo com a intensidade dos eventos pluviométricos, que variam de acordo com o tempo.
3.3. SEDIMENTOS
Embora os sedimentos correspondam a apenas cerca de 5% das rochas conhecidas, sua 
importância é maior para a humanidade em função de representar cerca de 75% da superfície do 
planeta (MENDES, 1992). 
Os sedimentos podem ser de diversas origens, além dos provenientes do intemperismos 
das rochas. Há os de origem biológica, como os carbonatos bioclásticos (conhas) e os vulcânicos, 
como as cinzas vulcânicas, além dos depósitos de origem cósmica. 
Eles ainda podem ser classificados de acordo com seu local de origem, como minerais 
alógenos (ou detríticos), quando se originam de rochas fontes e os minerais autígenos, para os 
que se originam in situ.
Os sedimentos clásticos são representados por material insolúvel oriundo do intempe-
rismo de rochas-fontes. Já o conceito de maturidade esta relacionado a ação dos processos de in-
temperismo, erosão, transporte e acumulação, onde com o tempo diminui a existência de minera-
is instáveis, reduzindo-se gradativamente a existência do feldspato, por exemplo, e aumenta a 
proporção de quartzo. A maturidade pode ser ainda associada a mineralogia (química) ou a fato-
res texturais (físicos), sendo a primeira analisada pela razão quartzo/feldspato e a segunda pela 
razão grão/matriz (MENDES, 1992).
Os sedimentos ainda podem ser classificados como de primeiro ou segundo ciclo, se são 
provenientes, respectivamente, de rochas cristalinas ou de rochas sedimentares.
Há também uma classificação em função da origem do sedimento (também conhecida 
como proveniência ou área-fonte). Os minerais leves (quartzo) e os pesados (classificados evi-
dentemente em função de sua densidade) também são úteis nas análises de origem de sedimen-
tos.
Um exemplo de como a análise dos sedimentos pode auxiliar na compreensão do desen-
volvimento de um ambiente e de sua área fonte é o caso da Formação Resende (AMADOR, 
1975; apud MENDES, op cit.), conforme as informações a seguir.
Presume-se que o intemperismo na área fonte se deu em um clima semi-árido em função 
da predominância de minerais de argila do grupo das montmorillonitas. Esse tipo de sedimento 
encontrado na bacia sedimentar indica ainda ambiente de deposição árido ou semi-árido, pelo 
tipo de clima não propiciar uma lixiviação completa das bases. Caso a predominância fosse de 
caulinita haveria a indicação de um ambiente úmido para a área-fonte e oxidante para o ambiente 
deposicional. Já a presença de minerais pesados instáveis sugere um ambiente onde o intemperis-
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ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
mo físico prevaleceu sobre o químico, esse ultimo mais ativo e competente em climas tropicais.
Os sedimentos clásticos4 também podem ser classificados segundo parâmetros texturais 
(textura: conjunto de características morfológicas e relações espaciais dos elementos individuais 
de um sedimento ou rocha sedimentar, compreendendo tamanho, forma, e arranjo das partículas 
minerais, sejam clásticas ou químicas. SUGUIO, 1998).
Segundo MENDES (op cit), um ambiente de sedimentação corresponde a uma unidade 
geomórfica em que se processa uma sedimentação. Cada uma dessas unidades geromórficas (ou 
geomorfológicas) se caracteriza por um conjunto particular de fatores físicos, químicos e biológi-
cos, quepodem variar de local pra local num mesmo ambiente maior. 
Nos ambientes aquáticos os principais fatores são a velocidade e a intensidade das cor-
rentes e das ondas e a espessura da lâmina d'água, diretamente ligados à hidrodinâmica local, ca-
racterizando os ambientes em ambientes de alta-energia e ambientes de baixa-energia, sendo o 
primeiro caracterizado por turbulência que não permite a deposição e acumulação de partículas 
finas (como grande parte das praias e ambientes fluviais). O contrário acontece nos ambientes de 
baixa-energia, em ambientes como lagos e oceanos, onde a pouca energia cinética propicia a de-
cantação de sedimentos finos. Segundo o mesmo autor, as características ambientais determinam 
fáceis dos sedimentos em certa unidade geomórfica, relacionando ainda o sedimento ao ambiente 
de origem (fáceis deltaica, ex.).
O tamanho das partículas, por sua vez pode determinar um índice de energia (energia 
cinética) de um determinado agente, onde à medida que se reduz a energia do agente (baixando 
sua velocidade de fluxo), os maiores grãos vão se depositando. Um processo de seleção também 
acontece no transporte aquático e eólico, chamado de seleção, onde ocorre uma separação das 
partículas de acordo com o tamanho das mesmas e, nem tanto, com suas formas. Os sedimentos 
mal-selecionados possuem diferentes classes texturais (fluvioglaciais), ao contrário de sedimen-
tos bem selecionados, muitas vezes unimodais. Porém o tamanho do grão e sua seleção são so-
mente indicadores e não podem ser utilizados exclusivamente na identificação e caracterização 
dos ambientes onde foram encontrados.
Outras características importantes dos sedimentos, segundo MENDES (1992) são sua 
forma e arredondamento (shape e roundness) que estão diretamente ligados ao tipo de trans-
porte submetido, às características das rochas-fonte e na forma original dos grãos de que foram 
formados. Rochas estratificadas tendem a produzir partículas alongadas ou tabulares, os sedi-
mentos de cursos d'água são geralmente alongados e menos achatados que os marinhos, que por 
sua vez tem maiores variações dessas características em função da maior espectro de energia do 
ambiente marinho em relação ao fluvial, onde em costas de menor energia encontram-se geral-
mente mais achatados, contrastando com os mais esféricos característicos de áreas com maior 
energia.
Seixos estriados são característicos de ambientes glaciais, enquanto que em regiões de-
sérticas observam-se grãos facetados pela ação eólica. Os grãos ainda podem apresentar caracte-
rísticas de mais de um ambiente, como no caso dos ventifactos das Formação Botucatu coletados 
em depósitos arenosos de ambientes subaquáticos, onde o transporte pela água alterou levemente 
as marcas do trabalho eólico.
 A característica de arredondamento é definida em função do grau de agudeza ou cur-
vatura dos cantos e arestas de uma partícula, variando em função da intensidade de abrasão sofri-
da e da natureza da partícula (sendo que uma partícula pode ser arredondada sem necessariamen-
te ser esférica), definido de uma forma geral o tempo de distancia do transporte. Como exemplo 
de grãos bem arredondados têm-se as partículas das dunas eólicas costeiras, seguidos dos sedi-
mentos praias. Mal arredondados podem ser citados os sedimentos fluviais, principalmente os 
4 Sedimento formado por fragmentos minerais derivados do intemperismo, erosão e deposição de rochas ígneas, 
sedimentares ou metamórfica preexistentes (SUGUIO, 1998).
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ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
mais localizados mais a montante na bacia de drenagem.
A assimetria é outra característica textural importante dos sedimentos clásticos. Essa 
observação é realizada na curva de distribuição granulométrica, que pode apresentar característi-
cas de simetria, de assimetria positiva (moda mais fina) ou de assimetria negativa (moda mais 
grosseira), indicando, respectivamente, oscilações de energia no ambiente deposicional para 
abaixo do normal e acima do normal. As areias das praias normalmente apresentam assimetria 
negativa enquanto que as areias fluviais e eólicas apresentam regularmente assimetria positiva. 
Bigarella (1978, apud MENDES, op cit.) comprovou nas dunas do Parana e Santa Catarina o ca-
ráter negativo da assimetria de suas areias.
A textura superficial é outra importante característica na análise dos sedimentos clásti-
cos, relacionando o sedimento ao ambiente de sedimentação. Porém as feições adquiridas por 
um grão de quartzo através da ação de um determinado agente pode preservar-se num ciclo pos-
terior, mascarando ou dificultando a determinação exata do ocorrido com a partícula Importante 
não haver confusão entre as marcas de origem mecânica com possíveis marcas de origem diage-
nética
O conceito de maturidade textural também faz parte do mundo dos sedimentos, onde 
analisa o grau de alteração (estágio de diferenciação) entre o sedimento analisado e seu material 
de proveniência. Sedimentos mais maduros estão associados a ambientes deposicional eólico, 
principalmente, juntamente com sedimentos de ambientes raiais e de barras raiais, sendo que os 
lagunares não superam o estagio de imaturidade. Porém são apenas indicadores, não podendo ser 
utilizados, como os outros aspectos, como determinantes nas análises ambientais, pois o arredon-
damento, por exemplo, pode ter sido mascarado pela viscosidade do agente transportador. 
Tem-se ainda o conceito de fábrica, que está relacionado à orientação espacial primária 
dos componentes de um sedimento, onde corresponde às condições hidro e aerodinâmicas pre-
sentes no período da deposição, e é importante na análise de paleoambientes. A forma mais co-
mum de apresentação desses dados é um diagrama em roseta, onde quando disposto caoticamen-
te representa uma fábrica isotrópica e, ao contrário, apresenta uma fábrica anisotrópica Segundo 
Nagle (1967, apud MENDES, 1992) nas atuações de correntes definidas o diagrama apresenta 
uma roseta com um máximo bem definido, enquanto que em ambientes raiais apresenta dois má-
ximos opostos e subiguais. Tal análise pode ser realizada também em fosseis e sedimentos biode-
tríticos.
Os sedimentos terrígenos, dessa forma, são gerados através do intemperismo, seja ele 
qual for, e muitas vezes seguem um caminho determinado pelo agente transportador, seja ele 
também qual for. Por vezes o sedimento pode apenas ficar no mesmo lugar do intemperismo, 
quando é chamado de regolito, para os que insistem em permanecer como partículas soltas de-
compostas das rochas (lembrando que parte do material intemperizado se transforma em outras 
substâncias). O clima, o tipo da rocha fonte e a topografia determinam o grau de aporte de sedi-
mentos a um determinado sistema (BROWN et al, 2006). 
A tendência, dessa forma, é de que o sedimento, ao ficar solto e à disposição dos agen-
tes de transporte, seja carregado ate o ponto em que o agente não possua mais competência de 
transporte e o deposite. 
Para compreendermos o contexto dos sedimentos na formação da geomorfologia costei-
ra e na formação desse relevo, há a necessidade de compreender como o sedimento se comporta 
em ambientes de águas rasas (shallow-water environments5). São considerados como ambientes 
(marinhos) de águas rasas as áreas que formam a interface entre as bacias do oceano profundo e 
as terras emersas. Aproximadamente 15% das áreas imersas por águas salgadas e salobras são 
ambientes de plataforma costeira.
5 THE OPEN UNIVESITY, 2006.
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MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
Plataformas continentais são áreas submersas da crosta terrestre sofreram com processos 
de separação do assoalho marinho e das placas tectônicas e da subsidência isostática, estando li-
mitada por um ladopelas terras continentais emersas e pelo outro pelo oceano profundo. Rece-
bem sedimentos oriundos da terra emersa, sendo muto larga e severamente plana (declividade 
extremamente suave de 1:1.000). Grande parte desse ambiente, moldado preferencialmente pelas 
acoes das ondas e correntes, esteve emerso durante a ultima glaciação pleistocênica, estando ex-
posto a outros agentes geomorfológicos (SUGUIO, 1998).
Grande parte desses sedimentos que se encontram nos oceanos e no litoral tem sua ori-
gem relacionada ao intemperismo e erosão das rochas continentais, ou seja, são classificados 
como sedimentos terrígenos. O resultado desse intemperismo geralmente chega, em ultima ins-
tancia, ao ambiente marinho, transportado principalmente pela água, mas também pelo cento e 
pela água. 
Ilustração 6: Gradientes de altura e batimetria no planeta Terra. Observar as plataformas continentais avermelha-
das. http://www.ocean.udel.edu/WindPower/ResourceMap/GLobalTopographyHiRes.jpg
Ilustração 7: Sedimentos na foz do Rio Amazonas, sendo transportados para a plataforma continental. 
http://www.eosnap.com
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Ilustração 8: Areias sendo transportadas pelo vento. Fronteira da Líbia e do Egito, África. http://www.-
narg.org.uk/images/egypt_libya_border.jpg
Conforme citado anteriormente, o resultado do transporte, influenciado pela tempo e 
pela distância, pela forma de transporte e pela origem dos sedimentos, vai determinar, no final da 
jornada desse sedimento, qual sua forma e tamanho.
A quase totalidade dos sedimentos marinhos e dos encontrados nos ambientes marinho-
costeiros são formados por quartzo e argilo-minerais, esses últimos formados basicamente pelo 
intemperismo químico de feldspatos e de ferro. Aonde há um constante aporte de sedimentos ter-
rígenos, sua distribuição depende do processo de transporte e de como foi distribuído pelas 
águas. Onde a quantidade de sedimentos terrígenos é pequena (ambientes semi-áridos e de altas 
latitudes) há a tendência de que os sedimentos biogênicos se acumulem, ou que sejam, ainda, 
acumulados sedimentos terrígenos senis e retrabalhados (OPEN UNIVERSITY, 2006). Parte dos 
sedimentos finos pode ainda, em função de sua densidade e outras características, ser transporta-
da para o oceano profundo e contribuir para a deposição de sedimentos pelágicos no fundo do as-
soalho oceânico (juntamente com parte dos sedimentos eólicos de desertos e outros), associando-
se aos sedimentos biogênicos de organismos planctônicos (maioria no assoalho oceânico de 
grandes profundidades).
Os sedimentos depositados próximos ao Talude da Plataforma podem, por sua localiza-
ção, sofrer deslizamentos originados por terremotos, maremotos ou por simples acomodação das 
areias, sendo capaz de produzir tsunamis em função do volume de material deslocado. Os sedi-
mentos da plataforma continental podem ainda ser erodidos para áreas oceânicas mais profundas, 
gerando canyons submarinos.
Os rios são, de longe, os principais agentes de transporte de sedimentos. Esse transporte 
não é constante, e varia principalmente em função, obviamente, das temporadas de chuvas das 
diferentes regiões ou da dinâmica dos ventos e das geleiras, em menor proporção. Tal dinâmica 
tem sido alterada atualmente em função de atividades humanas, como por exemplo a criação de 
barragens, que represam o sedimento em um novo nível de base e alteram, drasticamente, a dinâ-
mica de erosão e transporte dos ambiente a partir da alteração da energia disponível em cada se-
ção do sistema. Essa dinâmica, em larga escala, também varia em função das variações climáti-
cas do planeta.
Porém, pode-se adiantar que em períodos mais frios perdurava um ambiente mais árido 
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ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
e com chuvas concentradas, enquanto que atualmente observa-se um clima úmido e com meno-
res alterações na disponibilidade de energia para o transporte de material inconsolidado. 
As variações no nível do mar, também associadas as glaciações, representadas e caracte-
rizadas pelas regressões e transgressões marinhas, também são responsáveis por alterações na di-
nâmica de erosão, transporte e deposição dos sedimentos. Uma vez com o nível do mar a mais de 
100metros abaixo do nível atual, grande parte do que hoje constitui a Plataforma Continental já 
esteve exposta às intempéries da natureza, onde os processos de intemperismo, erosão, transporte 
e sedimentação possuía outra dinâmica. Alguns canyons submarinos atuais eram, nesse período, 
leitos de rios. 
As baias norte e sul da Ilha de Santa Catarina representavam um vale bem erodido e as 
ilhas que formam a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo nada mais eram do que topos de 
morros ligados diretamente aos, hoje, ambientes terrestres, podendo ser alcançadas a pé. Essa di-
nâmica do nível do mar demonstra também a dinâmica na formação e descaracterização dos am-
bientes litorâneos.
Os sedimentos por sua vez, em função dos princípios do processo de transporte sedi-
mentar, são mais retrabalhados nos ambientes rasos do que nos oceanos profundos, em função da 
maior facilidade das ondas e das correntes em influenciar os ambientes rasos.
Inicialmente, cabe informar que o principal fator que influencia no transporte dos sedi-
mentos esta relacionado ao tamanho do grão. Sua classificação em função dessa característica 
pode ser observada no quadro a seguir (ilustração 09). As unidades utilizadas são mm(milíme-
tros), “µm” e “phi”, apresentados de acordo com as classes de tamanho de WENTWORTH 
(1922), adaptado posteriormente. 
As classes características são, do mais fino ao mais grosseiro: coloides, argila muito 
fina, argila fina, argila media, argila grosseira, silte muito fino, silte fino, silte médio, silte 
grosseiro, areia muito fina, areia fina, areia media, areia grosseira, areia muito grosseira, 
cascalho fino, cascalho médio, cascalho grosseiro, cascalho muito grosseiro, seixo e bloco. 
Da areia muito fina para os sedimentos mais grosseiros é possível realizar a mensuração através 
de peneiras (GUERRA & CUNHA, 1998), sendo que os mais finos podem necessitar de um pro-
cesso de pipetagem para que haja a possibilidade de quantificação de cada uma das classes em 
uma determinada amostra (PEREIRA, 2000).
Com relação ao principal agente de transporte, a água, observa-se que quando fluxos 
atingem a superfície coberta por sedimentos, os mesmos são carregados e transportados ate se-
rem depositados onde a competência do agente diminui, de acordo com as características do grão 
ou sedimento. São quatro os modos de transporte: deslizamento (sliding), rolamento (rolling), 
saltação (saltation) e suspensão (suspension). Deslizamento e rolamento, com contato direto com 
o fundo, ocorrem em fluídos com menor energia (não necessariamente água), enquanto que os 
processos de transporte do tipo saltação e suspensão, esse último sem contato com o fundo, são 
característicos de ambientes de maior energia.
Todo fluído, incluindo a água, quando em contato com uma superfície rígida ou sólida 
tem sua velocidade diminuída em função da fricção, numa zona denominada de “camada de 
contato” ou “camada de fronteira”. São formadas tanto no contato do mar com o fundo, do rio 
com o leito, do vento com o solo, do sopro com a mesa, exemplificando. Em tese, a medida que 
a coluna do fluido em movimento se aproxima da camada de contato, sua velocidade diminui sis-
tematicamente, até que numa fina camada, quase imperceptível, sua velocidade se torna zero. 
Dessa forma, á medida que aumenta a distância do fundo, a energia no fluido aumenta, aumen-
tando consequentemente a tensão da fricção sobre o fundo, e vice versa.
O movimento do fluido ainda pode ser classificadoem laminar ou turbulento, de acordo 
com a organização do sentido do fluxo nas diferentes camadas. Na atmosfera e nos oceanos são 
observados fluxos predominantemente turbulentos, que se tornam laminares a medida que se 
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ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
aproximam da camada de contato.
Ilustração 9: Classes de sedimentos em função do tamanho do grão. Fonte: http://www.aprh.pt/rgci/glossario/es-
calafi.jpg
Por sua vez, o grau de interação e de movimentação do sedimento depende também do 
grau da turbulência, onde a ação da fricção é maior do que em fluxos laminares, e da força de ci-
salhamento da corrente. Outros fatores que influenciam também diretamente na qualidade do 
transporte está relacionado à densidade do sedimento e do fluido, além da viscosidade do fluido 
(OPEN UNIVERSITY, 2006).
Outra característica importante dos sedimentos, com relação ao transporte, é sua capaci-
dade de agregação através da força de coesão. A coesão, segundo SUGUIO (1998), é a capacida-
de de resistência de um material ao esforço de cisalhamento e que mantém juntas partículas clás-
ticas (mais observadas em argilas e virtualmente inexistente nas areias e em muitos siltes).
A coesão aparente se refere a capilaridade que desaparece com a saturação total da água, 
sendo que a coesão real refere-se a aração gravitacional mutua das partículas Nas argilas obser-
va-se uma combinação entre atração eletrostática e a tensão superficial do filme do fluido sobre a 
partícula, sendo capaz de aglutinar fortemente os sedimentos, dificultando a erosão e transporte a 
partir de substancias já depositadas. 
As características de coesividade começam a se manifestar nos sedimentos quando uma 
amostra começa a apresentar entre 5% e 10% de seu peso em argilas e determinam uma resistên-
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ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
cia maior ao trabalho de desagregação do sedimento fino do ambiente em que se encontra depo-
sitado. Tais características podem ser observadas nos diagramas a seguir (ilustração 10), que rela-
cionam a velocidade da corrente (nesse caso o fluído é a água doce) com o tamanho do grão e 
seu comportamento de erosão, transporte e deposição. Observem como a curva de erosão, do se-
dimento mais grosseiro para o mais fino, decresce em relação a velocidade media, e depois volta 
a crescer a medida que sai da classe das areias e entra na de finos.
Há ainda a condição da subcamada viscosa onde uma fina camada na base da coluna 
dos fluidos, mesmo em movimento turbulento, é essencialmente laminar. Se desenvolve apenas 
com correntes de baixa velocidade e em fundo relativamente nivelados. Sua espessura varia de 
acordo com a velocidade da corrente com relação inversamente proporcional, sendo que sua 
existência altera algumas condições de erosão em determinados ambientes. As condições de fun-
do ainda podem alterar as características dessa subcamada, tornando-a mais ou menos turbulenta 
e alterando também o comportamento dos sedimentos. Os sedimentos maiores que 0,2mm são 
inicialmente movidos por bedload e com o aumento da velocidade do fluxo, entra em suspensão 
definitivamente, passando por uma fase intermediária. Já os mais finos que 0,1mm, quando des-
locados, entram diretamente em suspensão. 
Outra informação importante diz respeito a viscosidade da água, que é duas vezes 
maior em ambientes polares do que nos equatoriais. Além disso a viscosidade molecular dos se-
dimentos também aumenta com a diminuição da temperatura ambiente, complicando ainda mais 
a tarefa de elaboração de modelos de previsão e análise de erosão e transporte de sedimentos.
Ilustração 10: Curva de relação entre a velocidade da corrente e tamanho do grão, gerando erosão, transporte ou 
deposição de sedimentos clásticos, OPEN UNIVERSITY (2006)
Em ambientes de sedimentos não coesivos, à medida em que aumenta a velocidade do 
fluxo do fluido, aumentando a velocidade de cisalhamento, a subcamada viscosa vai sendo que-
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ECOSSISTEMAS COSTEIROS: ASPECTOS FÍSICOS, BIÓTICOS E JURÍDICOS
MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
brada e algumas partículas de sedimento entram em suspensão. A quantidade de sedimento reti-
rada, as características de seu transporte e de deposição vão depender da manutenção de energia 
da coluna do agente transportador.
As correntes no mar são extremamente variáveis em período, intensidade e direção. As 
correntes de maré, por exemplo, podem variar diariamente, passando quatro vezes ao dia pela 
sua velocidade máxima e pelo momento de velocidade zero, resultando em diversos ambientes 
de deposição e erosão num mesmo local e num mesmo dia. Já as correntes oceânicas tem sua 
ação mais extensa em termos espaciais e sua variação temporal ocorre em períodos de maior am-
plitude. Importante ainda a informação de que as águas mais profundas já são, por si só, geral-
mente mais densas e que com o incremento de sedimentos na base da coluna d'água, há também 
um incremento em sua densidade, causando também consequências no comportamento dos sedi-
mentos.
As ondas também tem um importante efeito sobre os sedimentos, principalmente em 
águas rasas. O fundo do mar começa a “sentir” quando a relação entre a profundidade da coluna 
d'água e o comprimento das ondas atinge um determinado coeficiente (p=c/2), e que a tensão 
causada pelas ondas é proporcional ao quadrado da velocidade orbital do movimento das ondas. 
Mais adiante tal relação sera descrita mais profundamente. Dessa forma, as ondas (inalteradas, 
quebrando e quebradas), as correntes de maré e as correntes de deriva causadas pelas ondas 
agem mutuamente na dinâmica sedimentar de ambientes marinhos de baixa profundidade.
A taxa de transporte de sedimento é uma informação importante para as análises dos 
ambientes costeiros e é expressa pela massa de sedimento transportado de um ponto a outro de 
um sistema por um volume de coluna d´água numa unidade de tempo (ex.: mg/L/dia), e para sua 
determinação é necessário o cálculo do transporte do material em suspensão e do transporte do 
tipo “bedload” (saltação ou arrastamento). Importante ressaltar que nem todo material em sus-
pensão transportado é sedimento, podendo ser material orgânico, como zooplâncton, por exem-
plo.
Sendo tal taxa variável de acordo com os indicadores citados acima, espera-se que du-
rantes tempestades, maiores quantidades de sedimentos sejam retrabalhados e por um curto perí-
odo de tempo. As tempestades geram correntes mais competentes e ondas com maior energia de 
movimento orbital, gerando mais trabalho na superfícies dos ambientes aquáticos.
Nos ambientes de deposição, observa-se que somente as partículas com diâmetros entre 
0,1 e 0,2mm são transportadas via “bedload”, sendo que as mais grosseiras decantam assim que 
a velocidade do fluxo for ligeiramente inferior que a velocidade critica da tensão de cisalhamen-
to. Dessa forma, as partículas em movimento irão voltar ao fundo quando a força gravitacional 
superar as forças de flutuabilidade do material. Há outros fatores que determinam as característi-
cas de deposição dos sedimentos, sendo que em sedimentos abaixo de 0,2mm as condições são 
ainda mais especiais. A lama, por exemplo, após ser suspensa do fundo, pode ser transportada 
por uma corrente mais fraca que a necessária para sua erosão. Desses fatores, se destacam ainda 
o grau de rugosidade (imperfeição) do fundo e a ressuspensão de sedimentos por organismos 
aquáticos.
Com relação ao fundo dos ambientes marinhos, estes são normalmente planos e com a 
morfologia de diferentes tamanhos e classes de formas, sendo as mais comuns as formadas pelas 
correntes e pelas ondas. Essas formas são conhecidas como feições de fundo (bed forms). Essas 
formas estão, por sua vez, diretamente relacionadasas condições do fluxo do fluido, sendo que 
em ambientes menos energéticos ou mais profundos observam-se marcas mais paralelas e linea-
res, enquanto que em ambientes de maior energia e mais rasos as cristas se tornam mais progres-
sivas e as formas se apresentam mais piramidais, parecidas com dunas em barcanas. Tais formas 
podem variar de extensão em escalas de centímetros a quilômetros sendo observadas inclusive 
por imageamentos de satélites mais antigos (OPEN UNIVERSITY, 2006).
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MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
Ilustração 11: Forma de fundo marinho. Fonte: http://www.omg.unb.ca/~jhc/images/custom_jhc/ripple_obl.gif
4. GEOMORFOLOGIA COSTEIRA
A preocupação de planejar racionalmente a ocupação e uso do espaço costeiro é relati-
vamente recente no Brasil. Os constantes problemas resultantes de interferência, direta e 
indireta, no balanço de sedimentos costeiros e do avanço da urbanização sobre áreas que 
deveriam ser preservadas mostram que ainda é longo o caminho entre intenção e reali-
zação. Dieter Muehe, apud GUERRA & CUNHA, 1998.
Parte desse problema acima citado vem da extensão do litoral brasileiro, com cerca de 
7.400km (medidos em escala pequena e sem considerar contornos, baías e ilhas) cuja ocupação 
remota a poucas décadas atrás, com a popularização dos automóveis. De acordo com o censo de 
1991, 20% da população brasileira vive em municípios costeiros, ou seja, a menos de 20km do 
mar.
Sob o ponto de vista da geomorfologia, a linha de costa é caracterizada por uma grande 
dinâmica, em função das alterações naturais e antrópicas na disponibilidade de sedimentos, no 
clima de ondas e na altura do nível médio do mar. Dessa forma, o litoral, e as praias mais preci-
samente, respondem a essas forças com mudanças, ora com acresções, ora com erosões, alteran-
do as áreas emersas e humanamente ocupáveis de uma determinada costa. Essas características 
de ocupação, juntamente com o crescimento da população e o aparecimento cada vez maior de 
danos econômicos oriundos dessas alterações e de desequilíbrios ambientais, levou cada vez 
mais estudiosos a tentar compreender a dinâmica dos ambientes litorâneos e costeiros.
As duas grandes Guerras trouxeram muita nova tecnologia ao mercado, além de um au-
mento no conhecimento cientifico de ambientes costeiros. O “Dia D”, onde houve a invasão da 
Normandia pela praia Omaha, só foi possível com o aprimoramento do conhecimento daquele 
ambiente, onde o funcionamento e eficiência das estruturas e equipamentos usadas tanto na defe-
sa do território, como na invasão, sofreram diretamente com a influencia da maré e com a morfo-
logia daquela praia. O desembarque das tropas teve que ser de acordo com a maré no sentido de 
evitar a colisão com obstáculos colocados na porção submersa da praia.
4.1. OS PROCESSOS COSTEIROS E SEUS PRINCIPAIS AGENTES
Os processos costeiros, dessa forma, se tornaram cada vez mais importantes de serem 
compreendidos para a manutenção sadia da economia, principalmente nas áreas costeiras. Esses 
processos podem ser compreendidos como sendo a ação de agentes que, provocando erosão, 
transporte e deposição de sedimentos, levam a constantes modificações na configuração do lito-
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MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
ral (GUERRA & CUNHA, 1998). SWIFT (1976) cita que a variação de uma linha de costa de-
pende diretamente da taxa de aporte de sedimentos, das características do sedimento (granulome-
tria e composição mineralógica), da energia das ondas, da inclinação do fundo marinho nas pro-
ximidades e da amplitude de oscilação do nível do mar. Uma tempestade com aumento de ondas 
pode resultar numa variação negativa na linha de costa, assim como a construção de uma barra-
gem de um rio que leva sedimentos ao ambiente costeiro, uma vez que o aporte de sedimento di-
minuirá, assim como o tamanho médio dos grãos transportados.
A costa brasileira pode ser caracterizada, em função da sua morfologia em escala regio-
nal em cinco diferentes compartimentos ou zonas (SILVEIRA, 1964 apud VILLWOCK, 1994).
Em Santa Catarina, penúltima zona em direção ao sul, uma sucessão de arcos raiais, 
unindo promontórios rochosos defronte a extensas planícies costeiras, alguns dos quais contento 
expressivos sistemas lagunares, são características marcantes da costa (MMA, 2008). As ondas e 
a maré, por sua vez, tem grande importância no comportamento dos sedimentos na zona costeira 
e na definição da forma dos ambientes costeiros. 
4.1.1. Ondas
4.1.1.1. Características Gerais e Geração
Ondas, por definição, são caracterizadas como deformações periódicas numa interfacie 
ou superfície6. As ondas que normalmente vemos quebrando nas praias são ondas geradas pelo 
vento, local ou distantemente, cuja relação inicialmente foi realizada por Aristóteles (384-322 a. 
C). Vamos começar a entender as ondas através das terminologias.
Altura de onda á a diferença em altura entre a crista e a cava da onda; crista é parte 
mais alta da onda; cava é a parte mais baixa entre duas cristas; comprimento de onda, inclina-
ção, período é o intervalo de tempo entre a passagem, em um mesmo ponto, de duas cristas ou 
cavas de ondas; e frequência é a quantidade de cristas ou cavas de ondas que passam .
A superfície dos oceanos atua, na verdade, como a interface na separação dois dois flui-
dos de densidades distintas: um líquido – o oceano – e um gás – a atmosfera (MELO FILHO, 
2009 – http://waves.terra.com.br/novo/layout4.asp?id=26183&sessao=var_oceano). Dessa for-
ma, a atmosfera age sobre os oceanos na forma de vento causando dois fenômenos: agitação do 
mar para produção de ondas e a geração de correntes através do transporte de água. 
Ilustração 12: Onda e suas terminologias. Fonte: Prof. Dr. Elói Melo Filho, em 
http://waves.terra.com.br/novo/layout4.asp?id=27468&sessao=43&pagina=2
6 http://www.brasilescola.com/fisica/ondas.htm 
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MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
Ilustração 13:Principais correntes superficiais marinhas, sendo azuis as de água fria e em vermelho as de águas 
quentes. Fonte: http://blue.utb.edu/paullgj/geog3320/lectures/oceancurrents.gif
Ilustração 14: Comportamento das principais correntes de ar no globo, em superfície e altitude. Fonte: 
http://www.inkart.com/images/lineart/weather_3.gif 
Grande parte da energia do vento em contato com as águas acaba se transformando em 
ondas, enquanto que uma menor parte resulta em correntes, como as marinhas de grande escala.
As ondas são resultado da transferência de uma perturbação de parte de um material 
para o outro, no caso, da atmosfera, na forma de vento, para o mar, na forma de ondas. Essa per-
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MEIO FÍSICO: GEOMORFOLOGIA DA ZONA COSTEIRA
turbação é propagada através do material, e não com movimentação efetiva do material em si, 
que praticamente não sai do lugar (exceto pelo movimento circular ou ovalado, que sera descrito 
mais a frente, ou quando a onda se rompe e quebra, parte final da sua jornada de, por vezes, mi-
lhares de quilômetros) (OPEN UNIVERSITY, 2006).
O vento por sua vez é irregular nessa interface da atmosfera com a água, sendo caracte-
rizado como turbulento (GUERRA & CUNHA, 1996), assim como parte do fluxo de água em 
contato com o fundo sedimentar.
Inicialmente, o movimento turbulento do ar começa a perturbar o equilíbrio da água 
pela ação dos pulsos de pressão sobre a superfície. Um pulso de pressão num determina-
do ponto força a água para baixo, porém se a superfície abaixa num ponto ela tem de su-
bir em outro (pelo princípio da continuidade da massa) e a superfície começa a “balan-
çar”

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