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BIOLOGIA MARINHA 1ª Edição - 2007 Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda. Gervásio Meneses de Oliveira Presidente William Oliveira Vice-Presidente Samuel Soares Superintendente Administrativo e Financeiro Germano Tabacof Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão Pedro Daltro Gusmão da Silva Superintendente de Desenvolvimento e Planejamento Acadêmico Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância Reinaldo de Oliveira Borba Diretor Geral Marcelo Nery Diretor Acadêmico Roberto Frederico Merhy Diretor de Desenvolvimento e Inovações Mário Fraga Diretor Comercial Jean Carlo Nerone Diretor de Tecnologia André Portnoi Diretor Administrativo e Financeiro Ronaldo Costa Gerente Acadêmico Jane Freire Gerente de Ensino Luis Carlos Nogueira Abbehusen Gerente de Suporte Tecnológico Romulo Augusto Merhy Coord. de Softwares e Sistemas Osmane Chaves Coord. de Telecomunicações e Hardware João Jacomel Coord. de Produção de Material Didático Equipe Angélica de Fátima Jorge, Alexandre Ribeiro, Bruno Benn, Cefas Gomes, Cláuder Frederico, Danilo Barros, Fábio Gonçalves, Francisco França Júnior, Herminio Filho, Israel Dantas, Lucas do Vale, Marcio Serafim, Mariucha Ponte, Tatiana Coutinho e Ruberval da Fonseca Imagens Corbis/Image100/Imagemsource Produção Acadêmica Jane Freire Gerente de Ensino Ana Paula Amorim Supervisão Leticia Machado Coordenação de Curso Carlos Antonio Neves Júnior Autor(a) Produção Técnica João Jacomel Coordenação Carlos Magno Brito Almeida Santos Revisão de Texto Bruno Benn de Lemos Editoração Bruno Benn de Lemos Ilustrações copyright © FTC EaD Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância. www.ead.ftc.br SOMESB FTC - EaD MATERIAL DIDÁTICOMATERIAL DIDÁTICO SUMÁRIO FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS DO AMBIENTE MARINHO _ 7 ASPECTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DO AMBIENTE MARINHO ____________ 7 LUMINOSIDADE, TEMPERATURA, PRESSÃO E DENSIDADE ___________________________ 7 SALINIDADE, PH, GASES DISSOLVIDOS E NUTRIENTES ______________________________11 MOVIMENTOS DAS MASSAS D’ÁGUA ___________________________________________15 GEOMORFOLOGIA MARINHA _________________________________________________18 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________25 ESTRATOS BIOLÓGICOS DO AMBIENTE MARINHO ___________________27 ESTUDO DO PLÂNCTON _____________________________________________________27 ESTUDO DO BENTOS _______________________________________________________40 ESTUDO DO NÉCTON _______________________________________________________48 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________55 ECOLOGIA E PRESERVAÇÃO DOS AMBIENTES MARINHOS ___57 AMBIENTES ASSOCIADOS AOS MARES E OCEANOS __________________57 ECOLOGIA DO SISTEMA LITORAL ______________________________________________57 CONDIÇÕES AMBIENTAIS NO SISTEMA LITORAL __________________________________59 ADAPTAÇÕES DOS ORGANISMOS AO AMBIENTE MARINHO _________________________61 ECOSSISTEMAS DO SISTEMA LITORAL ___________________________________________63 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________75 FORMAS DE POLUIÇÃO E DE IMPACTO SOBRE ASCOMUNIDADES MARINHAS _______________________________________________________76 POLUENTES ______________________________________________________________76 SUMÁRIO PRESERVAÇÃO DOS MANGUEZAIS _____________________________________________80 BRANQUEAMENTO DOS RECIFES DE CORAL _____________________________________81 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________83 GLOSSÁRIO _____________________________________________________________84 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________85 CARTA DE APRESENTAÇÃO A biologia marinha é um ramo da Biologia que irá se ocupar do estudo dos seres vivos que habitam o meio marinho. Esse estudo não pode ser dis- sociado de uma abordagem ecológica, pois a interação entre fatores bióti- cos e abióticos irá compor o cenário de estudo dessa ciência. Nos ambientes marinhos, quase todas as características físicas e químicas da água dependem da quantidade de sais dissolvidos - a salinidade. Tanto a salinidade como o teor de oxigênio podem ser considerados uniformes, exceto em locais com características particulares, como nos estuários e man- guezais Os organismos que formam as comunidades biológicas nos ambientes marinhos estão submetidos a uma série de outros fatores físicos (profun- didade, luminosidade, tipo de substrato, características das correntes, tem- peratura, iluminação, pressão hidrostática, marés e ondas) químicos (pH, nitritos) e de origem biológica (competição e predação). A profundidade é um dos fatores mais importantes na distribuição dos organismos, pois as condições de luminosidade, pressão e temperatura va- riam em função dela. A pressão, por exemplo, aumenta em uma atmosfera a cada 10 metros de profundidade, as radiações da luz solar são absorvidas diferentemente de acordo com a profundidade e a temperatura, geralmen- te, diminui da superfície para o fundo, embora correntes quentes possam ocorrer em regiões profundas. Cerca de 71% da superfície do planeta é ocupada pelos oceanos, ou seja, aproximadamente 361x106 km2. O seu volume médio é de aproximada- mente 1370x106 km3. Os oceanos constituem o maior reservatório de orga- nismos do planeta uma vez que existe vida em maior ou menor abundância em todos os domínios do meio marinho. Altitude média das terras emersas 840m. Profundidade média dos oceanos 3795m. Maior profundidade oce- ânica 11500m (Fossas Marianas, oceano Pacífico). A água do mar é uma mistura de 96,5% de moléculas de água pura e cerca de 3,5% de outros ma- teriais, tais como sais, gases dissolvidos, substâncias orgânicas e partículas não-solúveis. Apresentação da DisciplinaApresentação da Disciplina Biologia Marinha 7 FATORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS DO AMBIENTE MARINHO ASPECTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DO AMBIENTE MARINHO LUMINOSIDADE, TEMPERATURA, PRESSÃO E DENSIDADE Luminosidade A presença da luz no oceano não é importante apenas por permitir a realização da fotossíntese, processo básico e fundamental para a vida não só marinha, como em toda a biosfera. Para inúmeras espé- cies a luz é o veículo para informações decisivas para orientar seu comportamento, indicando a presença de predadores ou presas, os locais para abrigos, os parceiros sexuais, ou a fonte de alimentos. Tal a im- portância comportamental e social da luz que muitas espécies abissais produzem uma tênue luminosidade para fi ns de comunicação e captura de presas. A quantidade de luz que atinge a superfície oceânica depende da absorção atmosférica, das condi- ções climáticas e da estação do ano. O mar absorve rapidamente a energia solar deixando a quantidade mínima de energia para a realização da fotossíntese atingir, nas melhores condições atmosféricas e marinhas, no máximo, 220 metros de profundidade. A quantidade de luz presente permite distinguir no mar três regiões: • Zona eufótica (até 100 metros de profundidade), que recebe luz em maior intensidade. • Zona disfótica (entre 100 e 300 metros de profundidade), com luz difusa e aprovei- tada por poucos produtores. • Zona afótica (abaixo de 300 metros de profundidade), sem luz. Nem todos os comprimentos de onda (cores) que compõem a luz visível chegam a mesma profundi- dade. A penetração da luz e a profundidade a que chega a zona fótica dependem do ângulo de incidência e, portanto, da latitude. Assim, a penetração da luz é maior no equador quenos pólos, atingindo a profundida- de recorde de 950 metros no Mar do Caribe, enquanto que a média mundial corresponde a 200 metros. Os comprimentos de onda correspondentes às cores azul e violeta possuem maior capacidade de penetração e são aproveitadas pelas algas vermelhas, pardas e azuis que vivem nas maiores profundidades que as demais, escapando, assim, da competição, muito intensa na superfície. Por outro lado, a luz de cores vermelha e laranja são absorvidas rapidamente na água, de modo que a quatro metros de profundi- dade, 99% da energia da luz vermelhas já foi absorvida. Gelson Machado Realce Gelson Machado Realce FTC EaD | BIOLOGIAFT8 Nas águas turvas, as cores que mais penetram são o verde e o amarelo, pois quanto maior o com- primento de onda, maior será sua dispersão e menor sua penetração. A água funciona mais ou menos como um prisma, refratando os raios de luz, e ao mesmo tempo, separando e fi ltrando os diferentes comprimentos de onda. As freqüências correspondentes ao vermelho, laranja e amarelo são absorvidas quase totalmente nos primeiros metros. Para obter os tons próximos ao vermelho, as câmeras de TV requerem um equipamento de iluminação especial, que reforça esses comprimentos de onda. A água funciona também como uma espécie de lente de aumento, que deixa os objetos cerca de 25% maiores. Isso ocorre quando a luz passa da água para o ar que está no interior da máscara do mergulhador, ou da caixa estanque para a câmera de vídeo. Na água do mar, o índice de refração, que determina o quanto a luz muda de direção quando passa do ar para a água, modifi ca-se de acordo com a salinidade e a temperatura, sendo maior quando se incre- menta a concentração de sais e diminui a temperatura. Temperatura A temperatura pode ser definida como a medida da energia do movimento molecular. Varia horizontalmente nos oceanos em função da latitude e, também, verticalmente em função da pro- fundidade. A temperatura tem um papel fundamental nos ciclos vitais e distribuição dos organis- mos marinhos. Os processos vitais (metabólicos) da grande maioria destes organismos ocorrem a temperatura entre os 0º e os 40ºC. Alguns organismos podem, no entanto, tolerar temperaturas superiores ou inferiores a estes limites. Entre os limites térmicos acima referidos, o metabolismo é dependente da temperatura. A temperatura atua diretamente sobre os organismos, regulando a velocidade do metabolismo (reações químicas orgânicas que sustentam a vida), seguindo a regra de que a cada aumento em 10ºC, a velocidade do metabolismo dobra. O aumento dessa velocidade signifi ca um aumento proporcional nas necessidades energéticas do organismo e, conseqüentemente, na quantidade de alimento para manter-se vivo. Além disso, quando acima 40ºC provoca a desnaturação (deformação) das proteínas e enzimas, pa- ralisando todas as reações químicas que mantêm a vida. Quando muito baixa, inibe a ação das enzimas e, chegando ao ponto de congelamento, destrói as células, pois a água que existe nelas aumenta seu volume e rompe a membrana plasmática. A temperatura depende de duas variáveis básicas: radiação solar incidente e distribuição de águas e terras. A radiação solar incide obliquamente nas altas latitudes, próximas aos pólos, sendo fi ltrada por uma camada maior de atmosfera e levando ao solo 40% menos energia que no equador. Solo e água ab- sorvem calor diferentemente, produzindo contrastes numa latitude. O solo e o ar aquecem-se e esfriam mais rapidamente que a água. Essa diferença faz com que o clima continental apresente variações térmi- cas e sazonais (relativas às estações) maiores que os mares e oceanos. Assim, enquanto que no Saara a temperatura pede atingir 58ºC e no outro extremo (na Antártida) chegar a -88ºC, no mar ela nunca fi ca abaixo de -2ºC, nem acima de 32ºC. A penetração da luz no mar é diferente para cada comprimento de onda que compõe a luz visível. Biologia Marinha 9 E as maiores variações ocorrem na superfície do oceano, sob infl uência das estações do ano, di- minui, progressivamente, com a profundidade; sendo este ritmo maior numa determinada faixa de pro- fundidade (variável conforme a região do globo) denominada termoclina. A partir de 3.000 metros, a temperatura torna-se uniforme (4ºC). Entre 500 e 700 metros de profundidade encontra-se o termoclina que separa a massa d’água superior (mais quente e menos densa) da inferior (mais fria e densa), impedindo a circulação de nutrientes. Desta forma, a temperatura pode influir na taxa de reciclagem dos nutrientes, que costumam acumular-se nas camadas mais profundas dos oceanos. A diferença na temperatura entre os mares tropicais e polares manifesta-se na diversidade maior nos trópicos e na biomassa maior nas gélidas águas dos pólos. A divergência também se refl ete na vida marinha. Os organismos tropicais tendem a ser menores, a crescerem mais rapidamente, com uma menor expectativa de vida e com reprodução mais precoce e contínua que as espécies adaptadas às águas mais frias. Noções de termoclina e picnoclina A temperatura, nos oceanos, varia acentuadamente em função da profundidade. As temperaturas su- perfi ciais nas regiões tropicais podem variar entre os 20 e os 30ºC ao longo do ano. Nas regiões temperadas, as temperaturas variam de um modo cíclico atingindo-se valores mais elevados nos períodos estivais. Abaixo da superfície das águas a temperatura tende a decrescer de um modo não uniforme. A zona em que a tempe- ratura decresce mais rapidamente (50-300m) designa-se por termoclina. Abaixo da termoclina a temperatura continua a decrescer, mas a ritmo muito inferior, de tal modo que as águas profundas são quase isotérmicas. A termoclina é uma estrutura persistente nas regiões tropicais, e forma-se nas regiões temperadas nos pe- ríodos primaveril e estival. A termoclina está ausente nas regiões polares. Apresenta uma extensão vertical inferior nas águas costeiras em comparação às águas oceânicas. A temperatura tem um efeito marcante so- bre uma outra propriedade da água, a densidade. Quanto maior for a temperatura menor é a densidade. A densidade é também uma função da salinidade. Salinidades mais altas correspondem a densidades elevadas. No entanto como a salinidade é uma propriedade mais conservativa é principalmente a temperatura que mais afeta a densidade no meio marinho. A rápida mudança de temperatura que produz a termoclina está igualmente na base da mudança brusca de densidade designada por picnoclina. A temperatura afeta a solubilidade dos gases e sais. Quanto mais quente a água, mais gases ela per- de, principalmente oxigênio, podendo tornar a vida aquática inviável. As correntes marinhas também são infl uenciadas, tanto na sua direção como na intensidade, pela temperatura das massas de água. Pressão hidrostática Para a maioria dos organismos terrestres, a pressão atmosférica não se constitui em um fator limi- tante. No ambiente aquático, no entanto, a pressão hidrostática revela-se um fator crucial, determinante na distribuição e adaptação morfológica das espécies, principalmente no fundo oceânico. A pressão hidrostática aumenta de 1 atm a cada 10 metros de profundidade. Assim, um organismo que vive a 4.000 metros de profundidade, como muitos peixes abissais, está submetido a uma pressão de 400 atm; isto é, uma pressão 400 vezes maior do que a pressão atmosférica ao nível do mar. Isso exige, sem dúvida, especiais adaptações. FTC EaD | BIOLOGIAFT10 Os animais que vivem permanentemente submetidos a grandes pressões tem proteínas e enzimas adaptadas a isso, como os que vivem em locais mais quentes têm enzimas com uma estrutura alterada de modo que desnaturem com maior difi culdade. A pressão afeta a morfologia de muitas células. As amebas, por exemplo, deixam de emitir pseudópodes e os protozoários ciliados perdem a capacidade de usar os cílios. Outrasadaptações são a falta de cavidades ocas no corpo, que seriam esmagadas pela grande pres- são externa, bem como uma maior porcentagem de água no corpo. Densidade A densidade identifi ca e diferencia as massas de água que existem nos oceanos, bem como deter- mina o caminho a seguir. As mais densas afundam, empurrando outras menos densas para a superfície, em um movimento conhecido como circulação termohalina, criando um mecanismo de ciclagem dos nutrientes e de renovação da água do fundo dos oceanos. De uma forma grosseira, podem ser reconhecidas cinco massas de água dispostas verticalmente nos oceanos: massa de água superfi cial, superior, intermédia, profunda e por último una massa de água de fundo. Elas recebem nomes particulares segundo o oceano ou região em que se encontram. A água superfi cial constitui-se em uma capa de 150 metros de espessura, muito infl uenciada por processos externos e correntes, de modo que suas características variam conforme a região, proximidade da costa e época do ano, principalmente nas latitudes médias. Considera-se como a água superior a situada entre 150 e 700 metros de profundidade, separada da anterior pela ocorrência da termoclina. Origina-se do afundamento da massa de água superfi cial, em um movimento chamado de convergência. A água intermédia resulta também da água superfi cial que afunda por convergência ou da água profunda que emerge por se tornar menos densa. Costumeiramente, posiciona-se entre 700 e 1500 metros de profundidade. A água profunda é a que, geralmente, está entre 1500 e 3000 metros de profundidade, tendo origem nas altas latitudes pelo afundamento das massas de menor profundidade. A formação da massa de água de fundo ocorre pelo afundamento da água superfi cial de alta salini- dade que se esfriou intensamente próximo dos pólos. AABW – Água Antártica de Fundo. CPW – Água Circumpolar. NADW - Água Profunda do Atlântico PDW - Água Profunda do Pacífi co. AAIW - Água Antártica Intermédia. AIW - Água Ártica Intermédia. MedW - Água Mediterrânea. RedSW - Água do Mar Vermelho. Em dourado - Águas Centrais Em marrom - Águas Superfi ciais Principais massas de água dos oceanos. A Água Antártica de Fundo tem sua origem nos mares de Weddell e Ross, vindo a ocupar todas as bacias oceânicas abaixo dos 4.000 metros de profundidade. No Pa- cífi co e no Índico, ela se mistura com a Água Profunda do Atlântico Norte formando a Água Circumpolar. As Águas do Mediterrâneo e do Mar Vermelho são intrusões de água de alta temperatura e salinidade. Como afeta a propagação do som, as medidas de densidade realizadas por sonar servem para se estimar a temperatura de massas de água profundas. Existe a, aproximadamente, 1.000 metros de profun- Biologia Marinha 11 didade, em vastas áreas dos oceanos, uma camada conhecida como SOFAR, cuja densidade a torna refl e- xiva às ondas sonoras e faz com que sejam propagadas mais rapidamente. Sabe-se que as baleias aproveitam essa condição para se comunicarem com cantos, mesmo estando distantes entre si muitas centenas de quilômetros. O valor da densidade é o resultado da interação de três fatores limitantes: temperatura, salinidade e pressão. A densidade cresce com o aumento das duas últimas e diminui conforme a temperatura aumenta. Assume o valor padrão de 1,025 quando a temperatura é de 20°C; a salinidade é de 35 ups e a pressão corresponde a 1 atm, próprio de águas superfi ciais. SALINIDADE, PH, GASES DISSOLVIDOS E NUTRIENTES Salinidade A água dos oceanos contém, em solução, uma quantidade variável de sólidos e de gases. Em 1000g de água salgada podemos encontrar cerca de 35g de substâncias dissolvidas que se englobam na designação geral de sais. Em outras palavras, 96,5% da água salgada é constituída por água e 3,5% por substâncias dis- solvidas. A quantidade total destas substâncias dissolvidas é designada salinidade. A salinidade é, habitual- mente, defi nida em unidade padrão de salinidade (ups). As substâncias dissolvidas incluem sais inorgânicos, compostos orgânicos provenientes dos organismos marinhos e gases dissolvidos. A maior parte do material dissolvido é composta por sais inorgânicos presente sob a forma iônica. Seis íons inorgânicos totalizam 99,28% em peso da matéria sólida. Quatro íons adicionais representam 0,71% em peso de tal modo que estes dez íons totalizam 99,99% em peso das substâncias dissolvidas. A salinidade nos oceanos pode variar entre 34 e 37ups, e a sua média é de aproximadamente 35ups. Apesar desta variação a proporção relativa dos diversos sais mantém-se sensivelmente constante. As diferenças de salinidade são devidas à dinâmica entre a evaporação e a precipitação. Os valores mais elevados são registrados nas regiões tropicais onde a evapora- ção registrada é elevada, e os valores mais baixos podem ser observados nas zonas temperadas. A salinidade nas regiões costeiras é mais variável e pode oscilar entre valores próximos de 0 ups nas regiões adjacentes a estuários e valores por vezes superiores a 40ups no Mar vermelho e no Golfo Pérsico. A salinidade, em mar aberto, não é muito variável; possuindo valores aproximados de 35 ups (lê-se trinta unidades padrão de salinidade), equivalente a 35 g de sal em um quilo de água; com extremos medi- dos em 34 e 37 ups . No Mar Vermelho, o mais salgado dos mares, a salinidade média é de 40 ups. O Mar Morto é o corpo d’água mais salgado do mundo, possui salinidade sete vezes maior do que a do mar. Cerca de um terço do seu volume é constituído por sais. Nessas condições, apenas sobrevivem organismos unicelulares pouco complexos. As pequenas variações locais na salinidade superfi cial do mar ocorrem devido às chuvas, evapora- ção e atividade biológica consumidora de sais. A salinidade tende a ser maior nos trópicos em conseqüên- cia das altas taxas de evaporação. Suprimentos novos de sais são fornecidos pelos rios, aproximadamente na mesma taxa em que são consumidos pelos diversos processos físicos, químicos e biológicos. A presença de sais na água marinha diminui seu ponto de congelamento para –1,9°C. A densidade da água salgada decresce consideravelmente após a congelamento o que resulta na fl utuabilidade dos gelos. Somente atua como um fator limitante nos estuários (áreas da costa onde deságuam rios), onde as variações podem ser drásticas. As espécies aquáticas, em relação à capacidade de suportar grandes variações de salinidade, podem ser divididos em euri-halinas e esteno-halinas. São euri-halinas as espécies que suportam variações na salinidade. Incluem as espécies estuarinas (de água salobra) ou as capazes de mudar de água doce para marinha, ou vice-versa, como o salmão. FTC EaD | BIOLOGIAFT12 As espécies esteno-halinas não suportam variações, tendo que viver em concentrações salinas apro- ximadamente constantes, como acontece com a maioria dos peixes marinhos. A salinidade afeta muito a vegetação de dunas e mangues, determinado a distribuição de espécies na faixa litorânea. Um exemplo disso foi estudado nas dunas da Carolina do Norte (EUA), onde a aveia- do-mar (Uniola paniculata) predomina no lado da duna exposto ao mar, de onde o vento vem carregado de sal. No lado protegido da duna, ocorre a predominância do capim-da-praia Andropogon littoralis. As espécies que vivem em áreas submetidas a variações bruscas na salinidade, como os estuários, podem ter como adaptação a pele impermeável, valvas capazes de se fechar, capacidade de osmorregula- ção (controle da concentração salina do citoplasma) ou possuir glândula excretora de sal. pH O pH é um indicador da acidez dos líquidos, que mede a concentração de íons H+ em uma escala de 1 a 14. O valor 7 indica uma substância neutra, nem ácida, nem alcalina. Valores tendendo a 1 indi- cam acidez crescente. Valores crescentes acima de 7 signifi cam que o líquido é progressivamente alcalino.As células somente conseguem manter nor- mal seu funcionamento dentro de uma faixa muito estreita de variação de pH. O valor do pH do meio afeta o desempenho das enzimas e podem viabilizar ou não a ocorrência de reações químicas espontâne- as. Condiciona também várias reações químicas no meio marinho que dissolvem ou precipitam nutrientes que mantêm o ecossistema marinho. Nos oceanos, o pH varia de 7,5 a 8,4, o que indica um caráter básico da água marinha, decorrente da presença de sais. As variações do pH em relação a profundidade ocorrem na zona eufótica, principal- mente nos primeiros 50 metros onde as baixas concentrações de O2 e altas de CO2, que combina-se com a água formando o ácido carbônico e faze com que o valor de pH atinja o seu mínimo, entre 7,1 e 7,3. A partir desse ponto, os valores de pH aumentam com a profundidade até se estabilizar em 8,4. Outros fatores também infl uenciam no valor de pH: salinidade, temperatura e mesmo a fotossín- tese, que promove a alcalinidade. Sendo os íons H3O+ os responsáveis pelas propriedades ácidas das soluções aquosas, é a concentração de H3O+ (ou mais rigorosamente a sua atividade) que será utilizada como ponto de referência para exprimir a acidez de uma solução. O potencial de hidrogênio ionizável (pH) no meio marinho é usualmente alcalino, varian- do entre 7,5 e 8,4. O sistema dióxido de carbono - ácido carbônico-bicarbonato (HCO3<>H++CO32-) tende a atingir um equilíbrio e atua como tampão mantendo o pH entre os valores extremos acima mencionados. Gases dissolvidos A solubilidade dos gases na água salgada é função da temperatura. Quanto mais baixa for a tempe- ratura maior é solubilidade. A uma temperatura de 0ºC um corpo de água com 35ups de salinidade pode conter 8 ml de O2 por litro. A uma temperatura de 20ºC a quantidade de oxigênio dissolvido é de cerca de 5,4ml/l. O oxigênio não se encontra naturalmente dissolvido de um modo uniforme no meio marinho. Habitualmente as maiores concentrações encontram-se nos primeiros 10 a 20m da coluna de água, aonde a atividade fotossintética e difusão atmosférica conduzem à sobre-saturação. O teor em oxigênio dissolvido diminui sensivelmente com a profundidade. Os valores mínimos são atingidos na província oceânica entre os 500 e os 1000m de profundidade. Abaixo desta zona o teor em oxigênio tende a aumentar quase nunca atingindo os valores das camadas superfi ciais. Os valores mínimos são usualmente devidos à atividade bio- lógica enquanto que o seu aumento abaixo desta zona deve ser associado ao infl uxo das águas mais frias que geralmente são provenientes das regiões polares (ressurgência). Biologia Marinha 13 A presença de oxigênio dissolvido na água é crucial para o processo respiratório de todos os ani- mais marinhos. E sua falta pode causar a morte quase imediata. A solubilidade diminui conforme aumentam a temperatura e a sa- linidade. É a combinação desses dois fatores em valores exageradamente altos que faz com que o mar Morto seja realmente quase morto, com pouquíssimas formas de vida adaptadas a condições tão extremas. Em manguezais e brejos, devido ao encharcamento do solo, a disponibilidade de oxigênio para as raízes torna-se precária. Isso atua como um fator seletivo que determinada a existência de uma vegetação altamente especializada, como o mangue branco Avicennia tomentosa (árvore típica de mangues) que possuí pneumatóforos, ra- ízes aéreas que realizam trocas gasosas. O oxigênio não se encontra naturalmente dissolvido de um modo uniforme no meio marinho. Habitualmente, as maiores concentrações encontram-se nos primeiros 10 a 20 metros da coluna de água, aonde a atividade fotossintética e a difusão atmosférica conduzem à saturação. Na zona afótica, não há produção de oxigênio devido a falta de luz para a fotossíntese. O oxigênio chega a essa região e até mesmo às profundidades abissais carregado pelas correntes que afundam nos pólos. Essas massas de água podem permanecer séculos no fundo antes de voltar à superfície para nova oxigenação. Mas como a vida é esparsa nessa região e os animais movem-se mais lentamente, consumindo menos energia, o oxigênio raramente é esgotado. Estranhamen- te, onde o oxigênio pode se exaurir é nas profundidades intermediárias, como entre 500 e 1.000 metros de profundidade em certas áreas do Oceano Pacífi co onde há poucos organismo e os que passam por aí o fazem bem rapidamente. O gás carbônico é a matéria-prima para as algas produzirem alimentos que mantenham o ecossiste- ma marinho, o que torna sua presença na água necessária. É, também, a matéria-prima para os moluscos produzirem suas conchas, combinando com o cálcio dissolvido na água. Possui, ainda, um importante papel de tampão, substância que ajuda a manter constantes os valores de pH. O nitrogênio gasoso compõe mais de dois terços da atmosfera. Entretanto nos oceanos sua quantidade é 10.000 vezes menor, mas não menos importante. É a matéria-prima para a produção de proteínas, enzimas e material genético. Na sua forma gasosa, dissolvido na água, é indisponível para a maioria dos organismos marinhos. É transformado para a forma salina pelas cianobactérias (algas azuis) e pelas bactérias Azobacter. Nutrientes Entre os 0.01% restantes de substâncias dissolvidas na água do mar podemos encontrar diversos sais inorgânicos que desempenham um papel crucial no ciclo vital dos organismos marinhos. Os Nutrientes (fosfatos e nitratos entre outros) são utilizados pelos vegetais fotoautotrófi cos na síntese de matéria orgâni- ca através do processo fotossintético. O dióxido de silício é incorporado nas carapaças das Diatomáceas e Radiolários. Ao contrário do que acontece com os principais íons que se encontram dissolvido na água dos oceanos numa concentração aproximadamente constante, os nutrientes podem apresentar concentrações muito variáveis como resultado da produção biológica, rareando próximo da superfície das águas e sendo mais abundantes em águas mais profundas. A existência de sais dissolvidos na água do mar determina em grande parte a maioria das suas propriedades. A densidade aumenta até atingir o ponto de congelamento ao contrário do que acontece com a água pura em que a máxima densidade á atingida aos 4ºC. A densidade da água salgada decresce consideravelmente após o congelamento o que resulta na fl utuabilidade dos gelos. Apesar dos organismos marinhos necessitarem dos micronutrientes apenas em pequeníssimas quantidades, seu papel é tão crucial que sua ausência constitui-se em uma importante fator limitante para FTC EaD | BIOLOGIAFT14 o desenvolvimento dos ecossistemas marinhos. Imensas áreas de mar aberto são praticamente carentes de vida e estéreis para a indústria pesqueira simplesmente porque carecem desses micronutrientes. • O fósforo é importante para a formação do material genético e para o metabolismo energético. Sua quantidade na água marinha costuma ser 10.000 vezes menor que nos solos razoavelmente férteis. • O enxofre é o elemento chave na produção de aminoácidos, principalmente cisteína. O gás sulfí- drico (H2S), integrante do ciclo do enxofre, é tóxico mesmo em baixas concentrações. • A sílica, ou óxido de silício, principal componente do quartzo e de muitos outros minerais e ro- chas, é usada na formação de carapaças de diatomáceas, radiolários e silicofl agelados. Estes organismos absorvem a sílica diretamente da água do mar, onde se encontra dissolvida na forma de ácido hidrosilíci- co. Com isso conseguem retirar o gás carbônico da atmosfera, controlando indiretamente o processo de aquecimento global. Também atua no mar como um regulador de pH. • O cloro é necessário para a manutenção do equilíbrio iônico das células. Alterações signifi cativas no pH marinho podem transformar o cloro no altamente tóxico ácido hipocloroso. • O átomo de ferro ocupa uma posição chave na molécula de hemoglobina.Encontra-se dis- solvido na água em baixas concentrações, mas no fundo oceânico há imensas reservas de ferro e manganês na forma de nódulos. Analogamente ao ferro nos animais, o magnésio é o átomo que ocupa uma posição chave na molécula de clorofi la, eixo central do processo fotossintético. Também está dissolvido na água em baixas concentrações. Elemento Partes por Milhão Oxigênio 857,000 Hidrogênio 108,000 Fósforo 0.07 Enxofre 884 Silício 3 Cloro 18,980 Ferro 0.005 Magnésio 1,272 Cálcio 400 Potássio 380 Carbono 28 Sódio 10,561 Alumínio 0.002 Antimônio 0.0003 Arsênico 0.003 Bário 0.0062 Bismuto 0.0002 Argônio 0.6 Boro 4.6 Bromo 65 Cádmio 0.000055 Cério 0.0004 Césio 0.0003 Chumbo 0.003 Cobalto 0.00016 Cobre 0.003 Criptônio 0.0003 Cromo 0.00005 Estanho 0.003 Estrôncio 8 Flúor 1.3 Gálio 0.0005 Germânio 0.0001 Hélio 0.000005 Índio 0.02 Escândio 0.00004 Iodo 0.05 Ítrio 0.0003 Lantânio 0.0003 Lítio 0.2 Biologia Marinha 15 O oxigênio e o hidrogênio - constituintes da molécula de água - são os elementos químicos mais abundantes na água do mar. Além deles, nela também se encontram apreciáveis quantidades de impor- tantes nutrientes como cálcio, potássio, carbono e sódio, assim como os seis principais micronutrientes e mais dezenas de outros elementos químicos, com presença inferior a de uma parte por milhão, conheci- dos como elementos-traço. MOVIMENTOS DAS MASSAS D’ÁGUA Como resultado das diferenças registradas na temperatura e na salinidade e no seu efeito na densi- dade da água, as águas dos oceanos podem ser separadas em distintas massas de água. As massas de água superfi ciais incluem as águas bem misturadas da superfície dos oceanos acima da termoclina. As massas de água mais profundas possuem características físicas e químicas próprias e podem ser encontradas abai- xo da termoclina. As camadas superfi ciais das águas dos oceanos encontram-se em constante movimento. Este movimento é produzido essencialmente por ação dos ventos. Podem distinguir-se por comodidade dois tipos principais de movimentos das massas de água: • Periódicos • Aperiódicos. Os movimentos periódicos mais evidentes são as marés (oscilações verticais do nível das águas). A sua origem é astronômica. Resultam da atração exercida sobre o conjunto dos oceanos pela Lua e pelo Sol. Esta ação pode provocar as chamadas ondas de maré e as correntes de maré. A Preamar e Baixa-mar de águas vivas e de águas mortas registram-se quando a Lua e Sol se encontram em conjuntura e em quadratura respectiva- mente. De entre os movimentos aperiódicos podem mencionar-se as ondas e as vagas que são causadas funda- mentalmente pelos ventos. O seu caráter é periódico, mas estas se manifestam de um modo episódico. Monte Saint Michel (FR) em período de preamar Monte Saint Michel (FR) em período de baixa mar Mas, o que leva à existência de marés no planeta? As marés são determinadas de acordo com a posição da Lua em relação ao Sol e destes em relação à Terra, e ainda por sua movimentação. Existem duas forças agindo neste evento: a força de atração entre os astros (Lei da Atração Gravitacional, de Isaac Newton, 1686), que diz que “a força de atração entre dois corpos é diretamente proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da dis- tância entre eles”. Isto prova que a Lua é o principal astro que mais infl uencia as marés, pois, apesar de sua massa ser pequena, está muito próxima da Terra; e o Sol, que possui massa muito maior, está a uma dis- tância muito grande, o que diminui muito a sua forca de atração (Lua = 2 vezes mais que o Sol). A outra força é a força centrífuga, gerada pelo movimento da Terra e da Lua em torno de um centro comum. A atração gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra faz com que o nível do mar no litoral mude periodicamente, fenômeno conhecido como maré. O relevo de certos pontos do litoral faz com que as variações do nível do mar, gerados pelas marés, sejam muito grandes. FTC EaD | BIOLOGIAFT16 Explicando melhor: o lado da Terra, que estiver voltado para o astro atrator, irá apresentar maré cheia gerada pela força gravitacional e o lado oposto da Ter- ra irá também apresentar maré cheia, porém originada pela força centrífuga, eventos todos resultantes de um complexo sistema de vetores de força. Nas noites de Lua nova e cheia, os três astros es- tão alinhados, a chamada conjunção, proporcionando a soma das forças de atração Lua e Sol, gera marés com grande alcance: as marés de sizígia. Nas Luas crescente e minguante, o Sol e a Lua, formam um ângulo reto em relação à Terra, dividindo as forças de atração. Como conseqüência, temos as marés de quadra- tura, com as menores amplitudes mensais. Porém, as marés não sobem e descem todos os dias no mesmo horário porque a Lua leva 27 dias para completar sua volta em torno da Terra e a cada 24 horas, ela caminhou apenas 1/27 de sua trajetó- ria. Então, o dia lunar, compreende um período de 24 horas e 50 minutos pois, a cada dia, a Terra deve girar 50 minutos (1/27 de 24 horas) a mais para encontrar-se na mesma posição (em relação à Lua) em que estava no dia anterior. Então, uma pessoa que observa a Lua exatamente sobre a sua cabeça, de um determinado local, irá observá-la na mesma posição 50 minutos mais tarde a cada dia. Da mesma maneira ocorrem as marés, sempre com 50 minutos de “atraso” em relação ao dia anterior. O ciclo das marés coincide com o ciclo da Lua, alternando períodos em que existe uma grande diferença entre a maré alta e a maré baixa, no mesmo dia e períodos em que essa variação é menos acentuada. Como a Terra gira em torno de si mesma, a cada momento uma metade está voltada para a Lua. Assim, os mares sobem e descem todos os dias a cada seis horas. A energia das marés provem da atração gravi- tacional da Lua e dissipa anualmente no mar cerca três terawatts (trilhões de watts), energia equivalente a produzida por todas as usinas de energia elétrica do planeta. A circulação dessa energia pelos oceanos, ajuda no transporte de calor dos trópicos para os pó- los, contribuindo na defi nição do clima mundial. As marés também são importantes na região costeira, como fator determinante na distribuição dos seres vivos, cujos limites de ocupação no costão rochoso são fi xados pelas marés alta e baixa. As ondas são defi nidas como movimentos gerados pelos ventos das moléculas de água na faixa superfi cial do mar. Nesse movimento, originariamente circular, não há deslocamento horizontal das mo- léculas nem das massas de água por elas constituídas. Esse tipo de onda que se origina em alto mar recebe o nome de ondas livres ou ondas estacionárias. Mas a ação das correntes marinhas ou atmosféricas sobre estas ondas faz com que o movimento deumas moléculas de água se sobreponham a das contíguas, acrescentando aos movimentos circulares, um impulso no sentido da força aplicada criando um certo deslocamento na horizontal. As ondas criadas dessa forma são denominadas ondas progressivas ou ondas forçadas. Quando a onda se aproxima da costa, o movimento circular típico do mar aberto transforma-se em um movimento elíptico pelo atrito com o fundo. Não apenas os ventos criam ondas, como também fenômenos geológicos como deslizamentos no talude, movimentos sísmicos e atividade vulcânica submarina. Além de promovem a oxigenação das águas superfi ciais, as ondas constroem e erodem praias alte- rando o ambiente costeiro. Variação de maré Biologia Marinha 17 Principais correntes marinhas As correntes são movimentos aperiódicos das mas- sas de água que têm por resultado o seu transporte hori- zontal. As principais correntes marinhas são determinadas por ação dos ventos de direção persistente que se sucedem latitudinalmente. Estes ventos têm origem no aquecimen- to diferencial das massas de ar atmosférico e na força de Coriolis (resultante do movimento de rotação da Terra). As correntes prevalecentes nos oceanos não seguem, no entanto a mesma direção das cinturas de ventos. Estas são defl etidas em turbilhões, por ação da força de Coriolis, que se traduzem num desvio para a direita no Hemisfério Nor- te e num desvio para a esquerda no Hemisfério Sul. Os padrões de correntes circulares designados por turbilhões ou vórtices podem ser encontrados em todas as bacias oceânicas (principais correntes oceâ- nicas: correntes do Golfo, do Atlântico Norte e Sul, do Labrador, das Canárias, do Brasil, de Benguela, Equatoriais, etc.). A maioria das correntes age unicamente sobre as massas de água superfi ciais. A energia do vento é transmitida às massas de água atuando de modo diferencial ao longo da coluna de água. Com o aumento da profundidade, a energia é gradualmente dissipada e o movimento transmitido decresce. Por ação da força de Coriolis, as sucessivas camadas de água são defl etidas relativamente às imediatamente anteriores. O resultado é a espiral de Ekman. A combinação de correntes superficiais e profundas nos grandes oceanos cria um imenso sistema integrado que promove a constante renovação da água em todos os pontos do oceano e distribui o calor pela superfície do planeta. Esses movimentos de massas de água com deslocamento horizontal ou vertical, ainda que superfi - cialmente não sejam tão visíveis como as ondas e as marés, tem amplitude muito maior. Elas são basica- mente produzidas por: • Calor solar que evapora a camada superfi cial do oceano, estabelecendo diferenças de salinidade e densidade. • Rotação terrestre que faz ventos e correntes desviarem de forma diferente para cada hemisfério. • Vento que modifi ca a ação das correntes. Nos trópicos, os ventos alísios levam as águas em direção oeste para o Equador e, em latitudes superiores, os ventos as levam em direção contrária, originando a circulação oceânica. Há, basicamente, dois tipos de correntes: as superfi ciais e as profundas. As correntes superfi ciais são movidas pela força dos ventos e pela rotação da Terra que faz com que curvem no sentido horário no hemisfério norte e anti-horário no hemisfério sul, com velocidade entre 20 e 50 cm/s. As correntes profundas sofrem infl uência de massas de água superfi ciais que afundam ao se torna- rem mais densas, como ocorre nos pólos. E retornam a superfície, próximo ao equador e aos continentes, trazendo muitos nutrientes que mantêm a vida marinha. Seu percurso tende a seguir a borda continental, por efeito da rotação terrestre, com velocidade variando entre 2 e 40 cm/s. FTC EaD | BIOLOGIAFT18 Afl oramento costeiro ou “ressurgência” Em certas áreas e em condições favoráveis, os movimentos laterais das massas de água induzidos pelo vento podem ser responsáveis pelo afl oramento costeiro ou ressurgência. Ao longo das margens Este das bacias oceânicas, no Hemisfério Norte e no Hemisfério Sul, as correntes de superfície induzidas pelo vento que se desenvolvem paralelamente às massas continentais dirigem-se para o Equador. Por ação da força de Coriolis, estas águas superfi ciais são defl etidas numa direção perpendicular às margens. Estas são, por sua vez, substituídas por águas profundas que são transportadas em direção à superfície. Estes fenômenos de afl oramento costeiro ou ressurgências (correntes ascendentes de águas frias e ricas em nutrientes) podem afetar sobremaneira a produção de uma área costeira sendo numerosas as conse- quências biológicas. Estima-se que cerca de 50% da produção pesqueira mundial ocorre nestas zonas. Em profundidades maiores existe uma contra-corrente com as águas do fundo que voltam para o equador. Essas águas são muito frias, com temperatura perto do ponto de congelamento da água marinha (quase 20ºC mais frio que o ponto de congelamento da água doce). As águas mais profundas do ecossistema oceânico são ri- cas em nutrientes provenientes da decomposição, no passado, de matéria orgânica. Essa matéria foi levada ao fundo do mar por migração animal e por movimento das águas profundas. Esse mo- vimento é chamado correntes de ressurgência. O plâncton (orga- nismos suspensos na água) se move junto a estas correntes. Apesar de que a vida na área oceânica seja dispersa, tam- bém é diversa e interessante. Ela tem muitos tipos de minúscu- los fi toplânctons. O zooplâncton se move perto da superfície durante a noite, quando não é tão visível para os carnívoros, e mais profundamente durante o dia. Muitos animais maiores, incluindo peixes, também se movem desde a superfície ao fundo (até 800 metros) em seu ciclo diário; são auxiliados por grandes e turbulentos remoinhos gerados pelas correntes, ventos, ondas e marés. Esses organismos refl etem o sonar (ondas sonoras), que as embarcações usam para visualizar o fundo do mar, parecendo um falso fundo marinho que sobe na noite e desce de dia. Os alimentos convergem através da cadeia alimentar em peixes que nadam rápido, como o atum. A enor- me variedade de animais marinhos (como o marlim e o peixe espada) são importantes atrações para turistas. Representação esquemática do fenômeno res- surgência. Note a movimentação das águas mais profundas e com menor temperatura em direção as camadas superiores mais aquecidas. Distribuição das correntes oceânicas e zonas de ressurgência pelo planeta GEOMORFOLOGIA MARINHA Relevo do fundo do oceano O relevo do fundo dos oceanos não é simplesmente plano, como o fundo de uma piscina. Ao contrário, possui diversos tipos de acidentes geográfi cos que afetam o percurso das correntes marinhas e retratam a história geológica da Terra. Biologia Marinha 19 As feições e o relevo do fundo oceânico são determinados por processos geológicos, em especial pela tectônica de placas. Ela faz com que as placas da crosta terrestre onde se assentam os continentes e os mares se desloquem, criando choques e afastamentos entre elas. Nos pontos de choque, formam-se as fossas abissais, e como resultado do afastamento, surgem as Cordilheiras Meso-Oceânicas, verdadeiras espinhas dorsais dos oceanos, locais onde se forma constantemente um novo assoalho marinho com o magma que emerge pela atividade vulcânica. Nas margens das massas continentais os oceanos apresentam profundidades reduzidas. A pla- taforma continental (a extensão imersa dos continentes) ocupa 7 a 8% da área total dos oceanos. Esta apresenta uma extensão muito variável, desde cerca de 400 km na costa do Canadá até alguns quilômetros na costa Oeste dos Estados Unidos da América. Esta plataforma estende-se desde a superfície das águas até uma profundidade média de cerca de 200m. No limite da plataforma con- tinental existe um acidente abrupto dos fundos marinhos, a vertente ou taludecontinental que se estende até uma profundidade máxima de 2500 a 3000m. Em profundidades superiores, estende-se uma vasta área plana e coberta de sedimentos de origem variada, a planície abissal que representa cerca de 92% do leito dos oceanos. A planície abissal pode ser recortada por diversas ravinas abissais (longas e estreitas depressões de paredes quase verticais) que se estendem desde o limite inferior da planície abissal (6000/6500m) até às maiores profundidades conhecidas (11000m). A planície abissal é recortada por cristas ou cordilheiras submarinas que foram detectadas em todos os oceanos. A crista média atlântica que divide o oceano Atlântico em duas bacias (Leste e Oeste) estende-se inin- terruptamente desde a Islândia até ao Atlântico Sul, onde comunica com uma cordilheira idêntica do oceano Pacífi co. Ocasionalmente, estas cristas oceânicas afl oram à superfície formando ilhas vulcâ- nicas como é o caso do arquipélago dos Açores, Ascensão, Tristão da Cunha, Fernando de Noronha entre outros. Estas extensas cristas oceânicas marcam os limites das diversas placas tectônicas e são frequentemente locais de intensa atividade vulcânica. Para melhor consolidar o parágrafo anterior, vejamos agora a defi nição de alguns dos conceitos apresentados: • A plataforma continental é uma continuação natural do relevo continental que se estende até o talude, estando sob forte infl uência da água e dos sedimentos que procedem dele. É onde se concentra a exploração econômica dos oceanos, como a pesca e a extração de petróleo. Costumeiramente, atinge 200 metros de pro- fundidade e alcança até 200 milhas náuticas da linha de litoral. Mas grande é a sua diversidade com relação a extensão e características. Há locais como a costa da Califórnia e o litoral cantábrico onde praticamente não há plataforma continental, enquanto que na costa russa do Oceano Ártico ela estende-se até por 1200 quilôme- tros. Com toda essa variedade, a plataforma continental ocupa apenas 8% do fundo oceânico. • O talude corresponde à borda dos continentes, marcando os limites entre o reino continental e o marinho. Caracteriza-se pelo predomínio do relevo íngreme e acidentado, aumentando sua pro- fundidade em um quilômetro e meio a cada 6 ou 8 quilômetros que se avança mar adentro. Estende- se por cerca de 9% dos fundos oceânicos. • As planícies abissais são encontradas nos maiores oceanos, se estendendo-se desde a borda do talude até a Cordilheira Meso-Oceânica, geralmente entre 2 e 5 mil metros de profundidade. Com topo- grafi a relativamente plana, ocupa grande parte do fundo do mar, passando de 80% dele. É riquíssimo em minérios e recoberto por sedimentos criados pelas carapaças de organismos planctônicos. Se toda a água fosse retirada dos mares, ficaria patente o quão acidentado é o relevo submarino, tanto quanto a superfície continental. Entretanto, sua origem é muito mais recente do que os continentes. Os oceanos atuais começaram a se formar a 180 milhões de anos, de modo que as rochas, sedimentos e acidentes geográficos do fundo oceânico não são mais velhos do que isso FTC EaD | BIOLOGIAFT20 Além das Cordilheiras Meso-Oceânicas, as planícies abissais têm a monotonia de sua planura quebrada por outras formas de relevo menos freqüentes, como maciços, guyo- tes, bancos, cânions e as falhas. Os maciços são montanhas isoladas de origem vulcânica que se destacam da planície abissal. Os guyotes são montanhas também isoladas porém com formato de cone truncado, apresentando o topo plano com aproximadamente 15 quilômetros de diâmetro e até 200 metros de profundidade. Quando o guyot tem o topo mais amplo e a mais de 200 metros de profundidade, recebe a denominação de banco. Os cânions são vales estreitos e não tão profundos a ponto de serem considerados como fossas abissais. As falhas são desníveis no terreno da planície abissal, formando como um degrau. As fossas abissais são as partes mais profundas, menos conhecidas do oce- ano e menos presentes, em apenas 3% do fundo oceânico. São mais comuns na região asiática do Oceano Pacífi co. No Atlântico existem duas delas, a de Porto Rico e a de Sandwich. E o Índico possui apenas a Fossa de Java. O recorde de pro- fundidade ainda pertence à Fossa das Marianas, com 11.034 metros registrados, que foi visitada uma única vez por Jacques Piccard e Don Walsh em 1960, a bordo do batiscafo Trieste. A Lua, por outro lado, recebeu seis tripulações do Projeto Apollo que a estudaram e coletaram amostras. Província nerítica e província oceânica O meio marinho constitui o maior meio aquá- tico do planeta. Como tal torna-se necessário subdi- vidi-lo em diversas zonas tanto no domínio pelágico como no domínio bentônico. A província nerítica é constituída pelas massas de água que ocorrem sobre os fundos da plataforma continental. A província oceânica inclui as restantes massas de água oceânicas. Os organismos pelágicos vivem na coluna d’água sem dependerem do fundo para completar os seus ciclos vitais. O domínio pelágico é constituído pelas águas oceânicas longe das massas continentais. Os organis- mos bentônicos são aqueles cuja vida está diretamente relacionada com o fundo, quer vivam fi xos, quer se- jam livres. O domínio bentônico é constituído pelas regiões adjacentes às comunidades bentônicas. Pode-se ainda considerar as províncias nerítica e oceânica. Zonação vertical do domínio pelágico (zona eufótica, oligofótica e afótica) Verticalmente o domínio pelágico pode ser subdivi- dido em diversas zonas. Considerando a penetração das ra- diações luminosas distinguem-se a zona eufótica ou fótica, a zona oligofótica ou crepuscular e a zona afótica ou disfótica. A zona eufótica estende-se desde a superfície das águas até à profundidade de compensação (nível em que a produção de oxigênio através do processo fotossintético contrabalança exatamente o oxigênio absorvido pela respiração e outros processos metabólicos) dos vegetais fotoautotrófi cos. A profundidade de compensação é muito variável de região para região podendo atingir valores extremos próxi- mos de 200m (profundidade média 50m). A zona oligofótica é limitada, superiormente, pela profundidade de compensação e, inferiormente, pela profundidade máxima à qual a visão humana tem percepção da luz quando o sol se encontra no ponto máximo da sua trajetória aparente (valor médio 500m, varia entre 300 e 600m). A zona afótica estende-se para baixo da zona oligofótica e corresponde à zona de obscuridade total. A Fossa das Marianas, ponto mais profundo dos oceanos, en- contra-se próximo de Guam, uma das ilhas Marianas, no Pacífico Oeste. Apenas o batiscafo Trieste conseguiu chegar até lá. Biologia Marinha 21 Zonação do domínio bentônico (sistema litoral e sistema profundo) O domínio bentônico pode ser subdividido em diversas regiões ou andares (espaço vertical do domí- nio bentônico marinho, onde as condições ecológicas, função da situação relativamente ao nível médio das águas, são sensivelmente constantes ou variam regular- mente entre dois níveis que marcam os seus limites). Vários são os sistemas de zonação propostos para o domínio bentônico. Todos eles baseiam-se na composição e modifi cação das comunidades bentônicas e nunca em fatores físicos ou químicos. Pérès propôs em 1961 uma zonação do domínio bentônico que agrupa os diversos andares em dois sistemas distintos: • Sistema litoral ou fi tal; • Sistema profundo ou afi tal. O sistema litoral ou fi tal engloba os andares em que ocorrem vegetais fotoautotrófi cos (andares supralitoral, mesolitoral, infralitoral e circalitoral) ao contrário do sistema profundo ou afi tal onde se in- cluem os restantes andares do domínio bentônico (andares batial, abissal e hadal). Oceanos e Mares Apesar das principais bacias oceânicas se encontrarem em contato, por uma questão de conveni- ência, dividiram-seos oceanos do globo em quatro áreas distintas: os oceanos Pacífi co, Atlântico, Índico e Ártico (por ordem decrescente de dimensões). Consideram-se, ainda, os mares, que em relação aos oceanos apresentam uma menor superfície, menor profundidade, maior proximidade dos continentes e comunicações entre si ou com os oceanos menos amplas e menos profundas. Os mares podem ser classifi cados em: (i) limítrofes (em geral mares epicontinentais, situados na margem dos continentes, na orla das grandes extensões oceânicas) - mar da Arábia, mar de Bengala, mar do Norte, entre outros; (ii) mediterrâneos (situados no interior dos continentes fazendo comunicação com os oceanos por estreitos de pequena profundidade) - mar Mediterrâneo, mar Vermelho, mar das Caraíbas ; (iii) interiores (comuni- cam por um estreito apertado e pouco profundo com outro mar) - mar Báltico, mar Negro; (iv) fechados (não comunicam nem com outros mares nem com os oceanos, o seu estudo é do domínio da Limnologia) – mar Cáspio. Os oceanos Pacífi co, Indico e Atlântico convergem na área do continente Antártico, que é, deste modo, circundado por um corpo de água contíguo. Os oceanos não se encontram uniformemente distribuídos no globo. Cobrem cerca de 80% da área do Hemisfério Sul e somente 61% da área do He- misfério Norte, onde se encontra a maior concentração de massas continentais Os três grandes oceanos (Pacífi co, Atlântico e Índico) e os demais mares cobrem 70,8% da super- fície terrestre, ou seja, 361.254.000 Km2. Cinco regiões biogeográficas podem ser caracterizadas no ambiente marinho, segundo o critério profundidade. A profundidade média do oceano é, aproximadamente, de 4.000 metros. Perto da terra fi rme, o fundo do mar costuma ser menos profundo, com cerca de 200 metros, com um relevo suave que pode emergir formando bancos costeiros ou ilhas. Estas regiões pouco profundas estendem-se por 100 a 200 km a partir da costa, formando as plataformas continentais, regiões com importância econômica para a pesca, a extração de petróleo e de gás e a eliminação de dejetos. A partir desta área, no chamado talude continental, a profundidade aumenta com rapidez a cerca de 3.500 metros até a planície abissal, uma zona de sedimentos com profundidade decrescente que se estende por cerca de 600 km até as profundezas abissais planas do oceano. FTC EaD | BIOLOGIAFT22 Oceano Pacífi co É o mais extenso e profundo dos oceanos do mundo. Abarca mais de um terço da superfície da Terra e contém mais da metade do seu volu- me de água. Costuma-se fazer, de forma artifi cial, uma divisão a partir do equador: o Pacífi co norte e o Pacífi co sul. Foi descoberto em 1513 pelo espanhol Vasco Nunes de Balboa, que o chamou de mar do Sul. O Pacífi co é a bacia oceânica mais antiga. Segundo as rochas data- das, têm cerca de 200 milhões de anos. As características mais importantes, tanto da bacia quanto do talude continental, foram confi guradas de acordo com fenômenos associados com a tectônica de placas. A plata- forma oceânica, que se estende até profundidades de 200 metros, é bastante estreita em toda a América do Norte e do Sul; contudo, é relativamente larga na Ásia e na Austrália. A crista do Pacífi co leste, na dorsal oceânica, estende-se por cerca de 8.700 km desde o golfo da Califórnia até um ponto a cerca de 3.600 km a oeste do extremo meridional da América do Sul. As ilhas maiores da região ocidental formam arcos insulares vulcânicos que se elevam desde a ex- tensa plataforma continental ao longo do extremo oriental da placa euro-asiática. Compreende o Japão, Taiwan, Filipinas, Indonésia, Nova Guiné e Nova Zelândia. As ilhas oceânicas, denominadas em conjunto Oceania, são os picos das montanhas que surgiram na bacia oceânica por extrusão de rochas magmáticas. O oceano Pacífi co conta com mais de 30.000 ilhas deste tipo. Em muitas regiões, em especial no Pacífi co sul, os acidentes básicos da topografi a da superfície marinha são constituídos pelas acumulações de reci- fes de coral. Ao longo da orla oriental do Pacífi co, a plataforma continental é estreita e escarpada, com poucas ilhas; os grupos mais importantes são as ilhas Galápagos, Aleutas e Havaí. As forças motrizes das correntes oceânicas são a rotação da Terra, o atrito do ar com a superfície da água e as variações da densidade da água do mar. O modelo de correntes do Pacífi co norte consiste em um movimento, o sistema circular de dois vór- tices. O Pacífi co norte está dominado pela célula central norte, que circula no sentido horário e compreende a corrente do Pacífi co norte, a corrente da Califórnia e a corrente de Kuroshio. A corrente da Califórnia é fria, extensa e lenta, enquanto a de Kuroshio é quente, estreita, rápida e parecida com a do Golfo. Perto do equador, a 5° latitude N, o fl uxo para o leste da contracorrente Equatorial separa os sistemas de correntes do Pacífi co norte e sul. O Pacífi co sul encontra-se dominado pelo movimento no sentido anti-horário da célula central sul, que compreende a corrente Sul-equatorial, a corrente do Pacífi co sul e a corrente de Humboldt. No extremo sul está localizada a corrente Antártica Circumpolar; é a fonte mais importante de circulação oceânica em profundidade. Ali nasce a extensa e fria corrente do Peru, ou de Humboldt. O importante sistema de ventos do oceano Pacífi co é formado por dois cinturões iguais de corren- tes que se dirigem para oeste e que sopram de oeste a leste entre 30° e 60° de latitude, um no hemisfério norte e outro no sul. Os constantes alísios se encontram ladeados pelos ventos de oeste, sopram desde leste no hemisfério norte e desde oeste no sul. As fortes tormentas tropicais, denominadas tufões no Pacífi co ocidental e furacões no Pacífi co meridional e oriental, originam-se no cinturão dos alísios no fi m da estação estival e nos primeiros meses do outono. As águas ricas em nutrientes procedentes da corrente Circumpolar Antártica sobem à superfície na corrente de Humboldt ao longo da costa do Chile e do Peru, e toda a região possui bancos de anchovas Além dos mares limítrofes que se prolongam por sua irregular orla ocidental, o Pacífico conta com uma área de cerca de 181 milhões de km2 e tem uma profundidade média de 4.282 metros, embora o ponto máximo conhecido se encontre na Fossa das Marianas a 11.033 metros de profundidade Biologia Marinha 23 de grande importância mundial como recurso alimentício. As aves marinhas se alimentam desses bancos de anchova, do que resulta grande quantidade de guano (excremento dessas aves), utilizado entre outras coisas como fonte energética. O Pacífi co noroeste, que compreende o mar do Japão e o mar de Okhotsk, por outro lado, é uma das maiores reservas pesqueiras do mundo. Os recifes de coral, ricos em fauna ma- rinha, alcançam sua maior representatividade na Grande Barreira de Coral. Também o Pacífi co tem co- meçado a ser explorado por seus imensos recursos minerais, tais como as grandes reservas de petróleo. Oceano Atlântico O oceano Atlântico começou a formar-se há 150 milhões de anos, quando se afastou do grande continente de Gondwana como resultado da separação da América do Sul e da África, que ainda conti- nua, com uma progressão de vários centímetros por ano ao longo da dorsal submarina Meso-atlântica, cadeia montanhosa que se estende de norte a sul, com aproximadamente 1.500 km de largura, na qual ocorrem freqüentes erupções vulcânicas e terremotos. As cadeias submarinas se estendem de forma desigual de leste a oeste entre as plataformas conti- nentais e a dorsal Meso-atlântica, dividindo os fundos oceânicos em uma série de bacias conhecidas como planícies abissais. As quatro bacias do lado americano têm uma profundidade de mais de 5.000 metros e são: a bacia Norte-americana, a da Guiana, a do Brasil e a Argentina. O perfi l euro-africano está marcado por várias bacias de menor profundidade:a bacia da Europa ocidental, Canárias, Cabo Verde, Serra Leoa, Guiné, Angola, Cabo e Cabo Agulhas. A grande bacia Atlântica-antártica se estende ao longo da área mais meridional da cordilheira Meso-atlântica e da Antártica. O oceano Atlântico tem 3.926 metros de profundidade média. A maior profundidade se encontra na fossa de Porto Rico, a 8.742 metros, aproximadamente. As ilhas mais extensas situadas em sua totalidade no oceano Atlântico constituem um prolonga- mento das plataformas continentais, como Terranova, ilhas Britânicas, arquipélago das Malvinas e ilhas Sandwich do Sul, na plataforma da Antártida. As ilhas oceânicas de origem vulcânica são menos comuns do que no Pacífi co; entre elas se encontram as do arco insular do Caribe, Madeira, Canárias, Cabo Verde, o grupo de São Tomé e Príncipe, Açores, Penedo de São Pedro e São Paulo, Ascensão e o arquipélago de Tristão da Cunha. A ilha maior é a Islândia. O sistema de circulação superfi cial das águas do Atlântico pode ser representado como dois gran- des vórtices ou remoinhos, ou sistemas de corrente circular: uma no Atlântico norte e outra no Atlântico sul. Estas correntes são provocadas pela ação dos ventos alísios e também pela rotação da Terra. As do Atlântico norte, entre as quais se encontram as correntes Norte-equatoriais, a das Canárias e a corrente do Golfo, movem-se no sentido horário. As do Atlântico sul, entre as quais se destacam a do Brasil, a de Banguela e a corrente Sul-equatorial, se orientam no sentido anti-horário. As temperaturas da superfície oceânica oscilam entre 0°C e 27°C. O oceano Atlântico conta com alguns dos bancos pesqueiros mais produtivos do mundo. As áreas com afl oramento, nas quais as águas profundas do oceano ricas em nutrientes sobem para a superfície, possuem abundante fauna marítima. O oceano é rico em recursos minerais, e as plataformas e taludes continentais possuem abundantes combustíveis fósseis. O Atlântico está dividido pelo equador em duas partes: o Atlântico norte e o Atlântico sul. Seu nome deriva de Atlas, um dos titãs da mitologia grega. FTC EaD | BIOLOGIAFT24 Oceano Índico O oceano Índico é o menor dos três grandes oceanos da Terra, limitado a oeste pela África, ao norte pela Ásia, a leste pela Austrália e pelas ilhas australianas, e ao sul pela Antártida. Não existem limites naturais entre o oceano Índico e o oceano Atlântico. Uma linha de 4.020 km ao longo do meridiano 20 °E, que liga o cabo Agulhas, no extremo sul da África, à Antártida, costuma ser considerado o limite. A área total do oceano Índico é de cerca de 74,1 milhões de km2. O oceano se estreita para o norte e está dividido pelo subcontinente indiano no golfo de Bengala, a leste, e pelo mar da Arábia, a oeste. O mar da Arábia lança dois braços para o norte, o golfo Pérsico e o mar Vermelho. A profundidade média do oceano Índico é de 4.210 metros. Suas maiores ilhas são Madagascar e Sri Lanka. Recebe as águas dos rios Limpopo, Zambeze, Ira- wadi, Brahmaputra, Ganges, Indo e Shatt al-Arab. Leitura complementar I: Água Fluido Exótico e Milagroso A estabilidade do ambiente marinho foi a chave do sucesso da evolução, principalmente nas suas fases iniciais. Um ambiente que se altera com freqüência exige que o organismo possua estruturas e comportamento mais complexos, difi culta extremamente sua adaptação, além de impor limites ao seu crescimento e multiplicação. Ademais, os ecólogos sabem, hoje, que a chave para a diversidade biológica é a estabilidade ambiental. Mas essa estabilidade somente existe, para a sorte de toda a vida neste planeta, devido à caracterís- ticas muito peculiares da água. Esse líquido único, maravilhoso e espantoso chega a desafi ar as leis cor- rentes da Física e da Química. Por exemplo, a teoria prevê que para todos os compostos químicos com estrutura molecular do mesmo tipo da água – conhecidos como hidretos – a temperatura de fusão e de ebulição sejam diretamente proporcionais ao peso molecular. Sendo assim, a água ferveria a -80° C. Ou seja, somente existiria no nosso planeta na forma gasosa. O que explica o “milagre” da vida e dos mares é existência de pontes de hidrogênio entre as moléculas de água. Essas ligações criam uma coesão entre as moléculas de água, permitindo que elas não se afastem muito em temperatura ambiente, de modo que a água possa continuar existindo na forma líquida até 100° C. As pontes de hidrogênio resultam da forte atração entre os átomos de hidrogênio de moléculas de água próximas entre si. Isso ocorre porque a combinação de átomos de hidrogênio com o de oxigênio na molécula de água cria um certo desequilíbrio elétrico, fazendo com que uma ponta da molécula de água tenha carga mais positiva e a outra a ponta seja mais negativa, atuando como um imã, denominado dipolo elétrico. Da mesma forma, essa forte coesão entre as moléculas de água faz com que ela tenha um elevado calor específico. Calor específi co é defi nido como a quantidade de calor, medida em calorias, necessária para aumentar de 1° C a temperatura de uma grama de uma substância. Quanto menor o calor específi co, mais facilmente uma substância esquenta ou esfria. Assim, como a água possui um calor específi co superior ao do ar, ela demora mais para se aquecer, e também para esfriar. Por isso, de manhã, depois de uma noite fria, a água da piscina está mais fria do que o ar, que já se aqueceu com as primeiras horas de Sol. O Oceano Índico possui profundidade média de 3.962 metros, com o seu ponto mais profundo atingindo 7.450 metros na Fossa de Java. Os Oceanos dos pólos Ártico (Nor- te) e Antártico (Sul) Biologia Marinha 25 Por outro lado, a coesão das pontes de hidrogênio é fraca o sufi ciente para se romper na presença de outras substâncias, permitindo, assim, que uma enorme variedade delas possa se dissolver na água, misturando-se entre suas moléculas. Isso faz da água um solvente universal, podendo o oceano conter pelo menos quarenta metais, treze metalóides e inúmeros tipos de sais dissolvidos. Ou seja, a água do mar é uma mistura de quase todos os elementos existentes no nosso planeta. Assim, essas substâncias fi cam mais facilmente disponíveis para os organismos marinhos que as necessitam. Mas, o comportamento surpreendente da água não para por aí. Enquanto todas as substâncias aumentam de volume conforme sobe a temperatura, com a água acontece o contrário, apenas na faixa entre 0 e 4°C. Conseqüentemente, quando a água se congela, formando gelo, seu volume aumenta, fazen- do com que sua densidade diminua e fl utue. Por esse motivo, a água congela da superfície para o fundo, permitindo que o fundo sempre esteja líquido e com uma temperatura de 4°C, mesmo que a temperatura da superfície esteja abaixo de zero, já que o gelo atua como isolante térmico. Se a água se comportasse como qualquer outra substância, ao cair a temperatura, os oceanos, rios e lagos começariam a se congelar no fundo e, conforme a temperatura diminuísse, toda a água acabaria congelada, matando toda forma de vida. O que explica esse comportamento anômalo da água, mais uma vez, são as pontes de hidrogênio. Quan- do o gelo se funde, uma parte das pontes de hidrogênio se rompe, permitindo que as moléculas se aproximem mais umas das outras, reduzindo, assim, o volume do conjunto; mas, se continuar o aquecimento, água volta a se dilatar devido ao aumento da excitação das moléculas, como qualquer outro composto químico. Disponível em: http://paginas.terra.com.br/educacao/sariego/ambiente_marinho.htm Atividade Complementar Qual a função dos fatores abióticos na manutenção das condições ambientais marinhas?1. Explique a associação entre a variação vertical da temperatura da água dos oceanos e a energia 2. radiante (luminosa). Diferencie zona eufótica de zona disfótica.3. FTC EaD | BIOLOGIAFT26 Explique a relativa estabilidadedos fatores físico-químicos nas massas de água marinhas.4. O fenômeno das marés é mais evidente na costa, onde o nível do mar sobe e desce regularmente 5. duas vezes ao dia. (Soares-Gomes e Figueiredo, 2002). Represente esquematicamente como as marés se formam com base no sistema sol, Terra e lua. Como a interface atmosfera-oceano interfere na salinidade das massas líquidas superfi ciais dos oceanos?6. A solubilidade do CO2 na água do mar depende da temperatura e da pressão. Considere a seqü-7. ência de reações químicas a seguir: (I)CO2 + HOH ↔ H2CO3 (ácido carbônico) (II)H2CO3 ↔ H+ + HCO3- (bicarbonato) (III)HCO3- ↔ CO3-2 (carbonato) De acordo com as equações, justifi que o fato do mar apresentar uma menor concentração de CO2 em comparação ao ambiente terrestre. 8.Quais as implicações que a ressurgência apresenta para os organismos marinhos? Biologia Marinha 27 ESTRATOS BIOLÓGICOS DO AMBIENTE MARINHO ESTUDO DO PLÂNCTON 9.Caracterize os principais acidentes geográfi cos do ambiente marinho. A palavra plâncton é originária do Grego (plagktón), e signifi ca errante ao sabor das ondas e foi pela primeira vez utilizada por Victor Hensen (1835/1924) em 1887. O plâncton é constituído pelos animais e vegetais que não possuem movimentos próprios sufi cientemente fortes para vencer as correntes presentes na massa de água onde vivem. Os animais que constituem o nécton podem deslocar-se ativamente e vencer a força das correntes. O plâncton e o nécton são englobados na designa- ção de organismos pelágicos. Os organismos bentônicos são aqueles cuja vida está diretamente relacionada com o fundo, quer vivam fi xos, quer sejam livres. Podemos, deste modo, considerar no meio marinho os domínios pelágico e bentônico. Não existe, contudo, uma delimitação nítida entre organismos pelágicos e bentônicos. Os organismos geralmente de pequenas dimensões com algumas capacidades natatórias são usualmente englobados no micronécton. Divisões do plâncton Os organismos planctônicos podem ser classifi cados em função das suas (i) dimensões, (ii) bióto- po, (iii) distribuição vertical, (iv) duração da vida planctônica e (v) nutrição. Apesar destas classifi cações serem artifi ciais, tornam-se úteis na sistematização das diversas categorias desses organismos. Divisão do plâncton em função das suas dimensões Relativamente às dimensões os organismos planctônicos podem ser classifi cados em 6 grupos distintos: • Ultraplâncton (<5μm); • Mesoplâncton (0.5-1mm); • Nanoplâncton (5-60μm); • Macroplâncton (1- 10mm); • Microplâncton (60-500μm); • Megaplâncton (>10mm). Outras classifi cações dimensionais dos planctontes têm sido propostas. Dussart, em 1965, distin- guiu duas grandes categorias de organismos planctônicos: • Os que passam através das redes de plâncton de malha reduzida (20μm) • Os que são facilmente colhidos com o auxílio de redes de plâncton. Os planctontes ainda estão divididos nas seguintes categorias: • Ultrananoplâncton (<2μm); • Nanoplâncton (2-20μm); FTC EaD | BIOLOGIAFT28 • Microplâncton (20-200μm); • Mesoplâncton (200- 2000μm); • Megaplâncton (>2000μm). Os planctontes que podem ser amostrados com o auxílio de redes de plâncton possuem dimensões não inferiores a 200μm. Planctontes com dimensões inferiores a esta não são facilmente amostrados de um modo quantitativo recorrendo à utilização de outros equipamentos mais adequados. O Micronécton é formado por organismos que possuem exoesqueletos ou endoesqueletos tais como Crustáceos ou pequenos peixes mesope- lágicos. O Megaplâncton é constituído por formas gelatinosas tais como Cifomedusas e Pyrosomata que são, geralmente, difíceis de capturar de um modo adequado com o auxílio de redes de plâncton. Haliplâncton e Limnoplâncton Os organismos planctônicos podem igualmente ser agrupados em função do biótopo do seguinte modo: •Haliplâncton: plâncton marinho que engloba o Plâncton oceânico, o Plâncton nerítico e o Plâncton estuarino; •Limnoplâncton: Plâncton de águas doces. Divisão do plâncton em função da distribuição vertical Podemos ainda reconhecer no plâncton categorias distintas de organismos se considerarmos a sua distribuição vertical: •Pleuston - Animais e vegetais cujas deslocações são fundamentalmente asseguradas pelo vento; •Neuston - animais e vegetais que vivem na camada superfi cial (primeiros centímetros) das massas de água (Epineuston- neustontes vivendo na interface ar/água e Hiponeustonneustontes vivendo sob a interface ar/água); •Plâncton epipelágico - planctontes que vivem nos primeiros 300m da coluna de água durante o período diurno; •Plâncton mesopelágico - planctontes que vivem em profundidades compreendidas entre 1000 e 300m, durante o período diurno; •Plâncton batipelágico - planctontes que vivem em profundidades compreendidas entre 3000/4000m e 1000m durante o período diurno; •Plâncton abissopelágico - planctontes que vivem em profundidades compreendidas entre 3000/4000m e 6000m; •Plâncton hadopelágico - planctontes que vivem em profundidades superiores a 6000m; •Plâncton epibentónicoplanctontes - vivem próximo do fundo ou temporariamente em contacto com o fundo. Holoplâncton e Meroplâncton Podemos fi nalmente distinguir dois grupos de organismos zooplanctônicos, se considerarmos a duração da sua existência planctônica: • Holoplâncton (plâncton permanente) - Constituído pelos planctontes que vivem no seio das co- munidades planctônicas durante todo o seu ciclo vital; Biologia Marinha 29 • Meroplâncton (plâncton temporário ou transitório) - Constituído pelos planctontes que ocorrem unicamente durante parte do seu ciclo vital no seio do plâncton (ovos e/ou estados larvais). Divisão do plâncton em função da nutrição (fi toplâncton e zooplâncton) O modo de nutrição dos planctontes permite separar o plâncton vegetal ou Fitoplâncton (autotró- fi co) do plâncton animal ou Zooplâncton (heterotrófi co). Existem, no entanto, organismos planctônicos que são simultaneamente autotrófi cos e heterotrófi cos (mixotrófi cos). Composição do Plâncton Bacterioplâncton (planctobactérias e epibactérias) O Bacterioplâncton engloba as bactérias existentes no domínio pelágico e as Cianophyceae. As bactérias pelágicas podem ser encontradas em todos os oceanos sendo relativamente mais abundantes próximas à superfície. Podem ser livres (planctobactérias) associadas a partículas da coluna de água, ou a material orgânico proveniente de planctontes (epibactérias). O papel desempenhado pelo Bacterio- plâncton no meio marinho e estuarino só recentemente tem vindo a ser investigado. A grande maioria das bactérias encontradas nos meios marinho e estuarino são formas ubíquas. Algumas bactérias têm um período de vida limitado no meio aquático, tais como um grande número de formas patogênicas para o Homem. A composição da fl ora bacteriana é muito variável, dependendo, fundamentalmente, das ca- racterísticas da massa de água em que se encontre. A maioria das bactérias aquáticas são heterotrófi cas, alimentando-se de substâncias orgânicas. Quase todas as formas são saprófi tas. Algumas bactérias são, no entanto, fotoautotrófi cas ou quimioautotrófi cas. A biomassa procariótica (i.e. Bacterioplâncton) pode representar cerca de 30% da biomassa planctônica na zona eufótica e cerca de 40% da mesma biomassa microbiana na zona afótica. As bactérias presentes nos domínios marinho e estuarino não constituem um único grupo homogêneo do ponto de vista sistemático, uma vez que estão representadas a quase totali- dade das ordens da classe Bactéria. Fitoplâncton O Fitoplâncton ou fração vegetal do plâncton é capaz de sinte- tizar matéria orgânica através da fotossíntese. O Fitoplâncton é res- ponsável por grande parte
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