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35 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS Unidade II 5 SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DE DIREITOS HUMANOS Na internacionalização dos direitos humanos, destacam-se o sistema global e os sistemas regionais. Encontramos três sistemas regionais de proteção e promoção dos direitos humanos: o europeu, o interamericano e o africano. Após a Segunda Guerra Mundial, surgiram mecanismos, instituições e instrumentos com o objetivo de proteção e defesa dos direitos humanos. Os sistemas regionais europeu, interamericano e africano trouxeram benefícios à proteção e à defesa dos direitos humanos, destacando maior facilidade de encontrar o consentimento dos sistemas protetivos de países próximos, por meio do fortalecimento da capacidade sancionatória. Os três sistemas apresentam traços distintivos que também possibilitam maior facilidade de proteção dos direitos humanos. Há o consenso dos avanços obtidos pelos órgãos de monitoramento das convenções dos direitos humanos, mas ainda há problemas no cumprimento das decisões, principalmente as das cortes de direitos humanos. O Sistema de Direitos do Homem da África tem como organização matriz a União Africana (UA); nas Américas, o órgão que exerce a mesma função é a Organização dos Estados Americanos (OEA); e na Europa, é o Conselho da Europa (CE). 5.1 Sistema Europeu de Proteção aos Direitos do Homem O Sistema Europeu de Proteção aos Direitos Humanos adotou, em 4 de novembro de 1950, a Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais. Essa ação teve como objetivo assegurar que os direitos descritos na Declaração Universal dos Direitos dos Homens fossem atendidos. A Convenção entrou em vigor em setembro de 1953 e defendia direitos e liberdades civis ao mesmo tempo em que garantia as obrigações assumidas pelos Estados contratantes. Era composta por três instituições: Comissão Europeia dos Direitos do Homem, de 1954, Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, de 1959, e Comitê de Ministro do Conselho da Europa. Inicialmente, as três instituições aceitavam o direito de recurso individual e podiam apresentar queixas contra os Estados por violação dos direitos garantidos pela Convenção. As queixas podiam ou não ser admitidas e depois havia uma tentativa de conciliação. Finalizando o processo, era elaborado um relatório dirigido ao Comitê de Ministros, caso não fossem aceitos os termos da conciliação. O Comitê enviava a queixa ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Com o passar do tempo, quatorze protocolos foram acrescentados à Convenção. Os protocolos 1, 4, 6 e 7 acrescentaram direitos e liberdades aos que já estavam consagrados na Convenção; o 2 deu ao 36 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II Tribunal o poder de emitir pareceres consultivos. O 9 abriu aos requerentes individuais a possibilidade de transmitir o caso ao tribunal, sob reserva da ratificação do referido protocolo pelo estado requerido e da aceitação da transmissão por um comitê de filtragem. O 11 reestruturou o mecanismo de controle. Os outros protocolos eram relativos à organização das instituições criadas pela Convenção e aos respectivos aspectos processuais (GABINETE DE DOCUMENTAÇÃO E DIREITO COMPARADO, [s.d.]). 5.2 Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos foi desenvolvido pela Organização das Nações Unidas e desenvolve os trabalhos na Comissão Interamericana de Direitos Humanos e na Corte Interamericana de Direitos Humanos. Apesar das diferentes funções da comissão e da corte, ambas supervisionam o cumprimento dos tratados interamericanos de direitos humanos e têm competência para receber denúncias individuais de violação desses tratados de cada Estado membro. A assinatura e ratificação de um tratado ou convenção internacional significa que os Estados assumiram um compromisso de respeito por seu conteúdo. Respeitar quer dizer que nenhum Estado membro pode descumprir o que foi ratificado no tratado internacional e que todos devem garantir o usufruto dos direitos reconhecidos. Observação Existem mecanismos internacionais que organizam os pactos para os Estados membros. Garantir o direito envolve várias situações, tais como: • elaborar disposições legislativas ou de outro caráter necessárias para tornar efetivos os direitos e liberdades protegidos por tratados; • prevenir as violações, bem como investigar, processar e sancionar os responsáveis, por meio de medidas necessárias; • reparar as consequências dos atos nos quais direitos tenham sido lesionados. Ao descumprir os tratados ratificados, o Estado incorre em responsabilidade internacional e pode ser denunciado na OEA. Observação O Brasil é parte de quase todas as convenções e tratados de direitos humanos celebrados no âmbito das Nações Unidas. 37 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS 5.3 Sistema Africano de Proteção dos Direitos Humanos e dos Povos O Sistema Africano de Proteção dos Direitos Humanos e dos Povos se desenvolveu na Organização da Unidade Africana (OUA), atualmente União Africana. Os órgãos principais que tratam dos direitos humanos são uma Comissão e um Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos. O documento estabelecido foi a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos (também conhecido como Carta de Banjul), de 1981, e apresentou um caráter generalista. Os principais documentos relacionados à luta pelos direitos humanos no continente africano são: • Ato Constitutivo da União Africana; • Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos; • Protocolo à Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos sobre o Estabelecimento de um Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos; • Protocolo sobre o Estatuto do Tribunal Africano de Justiça e Direitos Humanos; • Protocolo à Carta Africana sobre os Direitos das Mulheres em África; • Carta Africana dos Direitos e do Bem-Estar das Crianças. 5.4 Proibição da tortura A criminalização e a proibição da tortura na Constituição de 1988 estão apontadas no artigo 5º, III, por tratamento desumano ou degradante. A Lei n° 9.455, de 7 de abril de 1997, definiu e tipificou os crimes de tortura que podem ser cometidos por agentes públicos ou particulares. Os crimes de tortura são inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia. Também podem ser considerados hediondos pela Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990. As penas privativas podem chegar a 16 anos e a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a impossibilidade para o exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada (SARMENTO, 2013). Constitui abuso de autoridade, pela Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de 1965: • ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual sem as formalidades legais ou com abuso de poder; • submeter a pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa. Segundo Sarmento (2013): A Lei de Execuções Penais traz dispositivos que asseguram a integridade física e moral dos condenados e presos provisórios, por exemplo o uso de 38 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II celas escuras, aplicação de sanções coletivas e isolamento por prazo superior a 30 dias. A lei prevê que se pode instaurar o excesso ou desviode execução quando o ato for praticado além dos limites fixados nas sentenças ou nas normas regulamentares. A Lei 7.210/84 prevê que o procedimento pode ser instaurado pelo próprio sentenciado, pelo Conselho Penitenciário ou pelo Ministério Público. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, em 1994, editou a Resolução 14/94, que fixa as regras mínimas para o tratamento do preso nos estabelecimentos carcerários brasileiros, proibindo o uso de correntes, algemas e camisas de força como forma de punição (exceto, conforme artigo 29, em casos de precaução contra a fuga, recomendação médica etc.). A Constituição de 1988 prevê essa nova postura de tratamento dispensado à pessoa privada de liberdade e também obriga o Estado a adotar políticas públicas no setor penitenciário para assegurar aos presos condições dignas de cumprimento de pena ou de medida cautelar (SARMENTO, 2013). Para George Sarmento (2013): A efetividade desse direito fundamental absoluto está condicionada à observância de dois pré-requisitos: (a) o respeito às prerrogativas constitucionais do preso e (b) políticas públicas eficientes no setor penitenciário, a fim de assegurar o cumprimento da pena e a ressocialização do detento. 5.5 Direito de não viver na pobreza A Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece que toda pessoa tem direito à segurança social e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Além disso, garante que toda pessoa tem direito ao trabalho, a um nível de vida suficiente para assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e aos serviços sociais necessários. Além disso, determina que toda pessoa tem direito à educação. Saiba mais Todas essas garantias estão estabelecidas nos artigos 22, 23, 25 e 26 da Declaração. Consulte o texto e veja a descrição dos direitos na íntegra: ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos, [s.d.]. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara% C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal- dos-direitos-humanos.html>. Acesso em: 13 jul. 2016. 39 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS O conceito de pobreza é multidimensional e envolve diferentes definições e manifestações. Do ponto de vista do rendimento, define-se a pobreza quando o rendimento da pessoa está abaixo do rendimento definido como do limiar de pobreza. Para o Relatório de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2014), a pobreza significa que as oportunidades e escolhas mais básicas para o desenvolvimento humano são negadas, tais como conduzir uma vida longa, saudável e criativa e gozar de um padrão decente de vida, de liberdade, de dignidade e de respeito próprio e pelos outros. Há indicadores para identificar as diversas dimensões da pobreza, como precariedade na saúde e na nutrição, educação e formação insuficientes, meios de subsistência inadequados, condições de habitação precárias, exclusão social e falta de participação. Para tratar das dimensões da pobreza, analisa-se o fenômeno da pobreza, que é entendido e articulado de acordo com os contextos nos quais ocorre, nos quais se analisam as questões econômicas, sociais, culturais e políticas. As categorias analisadas são: necessidades básicas, subsistência, justiça, organização, participação e dignidade humana. São considerados grupos de vulnerabilidade as crianças, as mulheres e as pessoas com deficiências. Há também uma diferenciação entre pobreza absoluta e pobreza relativa. É considerada pobreza relativa aquela que indica que uma pessoa ou um grupo de pessoas é pobre em relação a outros ou em relação ao que é considerado ser um padrão justo de vida ou de consumo numa sociedade específica. Já a pobreza absoluta indica que as pessoas são pobres em relação ao valor do dinheiro numa dada sociedade. 5.6 Antirracismo e não discriminação “Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.” Nessa discussão está a incansável e contínua luta pela igualdade, ou seja, a não discriminação. A segurança humana e a discriminação são os principais objetivos pelos quais se pode proporcionar as condições para que as pessoas possam expandir e exercer suas oportunidades, escolhas, capacidades. A discriminação impede que as pessoas exerçam suas escolhas e seus direitos de forma igual e resulta também em insegurança social e econômica, além de falta de respeito próprio, autodeterminação e dignidade humana da pessoa afetada. O racismo também faz parte das violações de direitos que pertencem a grupos vulneráveis, minorias ou imigrantes, que podem resultar em sérios conflitos e em um perigo para a estabilidade e paz internacionais. É necessário ultrapassar as práticas de desigualdade que têm como base as categorias como raça, gênero, deficiência, identidade étnica, religião, identidade sexual, língua ou qualquer outra condição social, com o reconhecimento da inerente dignidade dos direitos iguais de todos os membros da família humana. Esses grupos se caracterizam como o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. 40 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II Para combater o racismo e a discriminação, diversos órgãos da comunidade internacional têm tomado várias atitudes importantes, uma delas é a publicação de documentos que abordam esses temas. A seguir, incluímos uma cronologia dos tratados referentes ao antirracismo e à não discriminação: • 1926 – Convenção da Sociedade das Nações para a Abolição da Escravatura e do Tráfico de Escravos. • 1945 – Carta da Organização das Nações Unidas (artigo 1º, nº 3). • 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos (artigos 1º e 2º). • 1948 – Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. • 1950 – Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais (CEDH – artigo 14). • 1951 – Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados. • 1960 – Declaração das Nações Unidas sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais. • 1960 – Convenção da Unesco contra a Discriminação na Educação. • 1965 – Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (CIEDR). • 1966 – Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (PIDCP – artigo 2º, nº 1). • 1966 – Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (Pidesc – artigo 2º, nº 2). • 1967 – Protocolo Relativo ao Estatuto dos Refugiados. • 1969 – Convenção Americana sobre Direitos Humanos (artigo 1º). • 1973 – Convenção Internacional sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid. • 1978 – Declaração da Unesco sobre a Raça e o Preconceito Racial. • 1978 – Primeira Conferência Mundial em Genebra para Combater o Racismo e a Discriminação Racial. • 1979 – Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres. • 1981 – Declaração sobre a Eliminação de Todas as Formas de Intolerância e Discriminação Baseadas na Religião ou Convicção. 41 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOSHUMANOS • 1981 – Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (artigo 2º). • 1983 – Segunda Conferência Mundial em Genebra para Combater o Racismo e a Discriminação Racial. • 1989 – Convenção da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. • 1989 – Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC – artigo 2º). • 1990 – Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das Suas Famílias (CIPTM). • 1992 – Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas. • 1993 – Comissão Europeia contra o Racismo e Intolerância (Ceri). • 1993 – Relator Especial das Nações Unidas sobre Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância relacionada. • 1998 – Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI). • 1998 – Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia (OERX). • 1999 – Tratado de Amsterdã (que estabelece a competência da Comunidade Europeia para combater a discriminação racial). • 2000 – Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (artigo 21). • 2000 – Protocolo nº 12 da CEDH (que estabelece uma proibição geral de discriminação). • 2001 – Terceira Conferência Mundial contra o Racismo e a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância Relacionada (Durban). • 2001 – Relatório Especial das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. • 2004 – Coligação Internacional de Cidades contra o Racismo. • 2004/2005 – Leis Antidiscriminação para o Sector Privado em 25 Estados-membros da Comunidade Europeia. • 2006 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD). • 2007 – Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. 42 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II • 2007 – Agência da União Europeia dos Direitos Fundamentais. • 2009 – Conferência de Revisão de Durban (Genebra). Exercício de aplicação Escolha, na cronologia anterior, um tratado e conheça sua história, seu contexto, sua importância e quando foi consentido pelos países signatários. 5.7 Direito à saúde A saúde está assegurada na Constituição Federal de 1988 como um direito de todos. O artigo 196 da Constituição dispõe que: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988). O direito à saúde é parte de um conjunto de direitos chamados “direitos sociais” e tem como base o valor de igualdade entre as pessoas. Trata-se de um direito muito complexo e amplo, que depende do equilíbrio entre liberdade e igualdade e reconhecimento do Estado da necessidade de garantir efetivamente o acesso à saúde. Contudo, é um grande desafio assegurar a cada pessoa o seu direito, e por isso é necessário adotar estratégias para consegui-lo. Uma das formas de fazê-lo é a municipalização – compreendida como organização estatal e social –, ou seja, uma comunidade responsável pela garantia do atendimento ao direito à saúde. A comunidade é capaz de definir a extensão do conceito de saúde e possibilitar o alcance da liberdade e igualdade do direito à saúde dos seus munícipes. Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado para atender às necessidades locais da população e cuidar de questões como a verificação da saúde, do meio ambiente, da vigilância sanitária e da fiscalização dos alimentos. A Lei Orgânica da Saúde, Lei n° 8.080/90, regulamenta os artigos 196 e seguintes da Constituição Federal e dispõe, nos artigos 6º, inciso I, alínea “d”, e artigo 7º, incisos I e II: Art. 6º. Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): I – a execução de ações: [...] 43 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; [...] CAPÍTULO II Dos Princípios e Diretrizes Art. 7º. As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no artigo 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: I – universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II – integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema (BRASIL, 1990b). Observação Na Constituição de 1946, saúde é conceituada como: “[...] o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença” (BRASIL, 1946). O texto reconhece, portanto, o equilíbrio interno do homem com o ambiente – bem-estar físico, mental e social. Para a garantia do direito à saúde, tratamos dos princípios da igualdade, da proporcionalidade, da reserva do possível. O Estado tem o dever de assegurar efetivamente o direito à saúde a todos os cidadãos, como corolário da própria garantia do direito à vida. A Constituição Federal, em seus dispostos, garante o acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde, assegurando, portanto, a sua proteção nas órbitas genérica e individual. 5.8 Direitos humanos das mulheres Foi com a internacionalização dos direitos humanos que o direito da mulher passou a ser discutido com o objetivo de garantir-lhe o amplo direito à cidadania plena, que pode ser resumida em participar ativamente da vida e do governo e da superação das desigualdades de gênero. Alguns documentos normatizaram os direitos das mulheres, como a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (1979) e a Convenção 44 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção Belém do Pará – 1994), mas o marco histórico do reconhecimento do direito das mulheres foi a Convenção de Viena, de 1993, decorrente de um levante feminino que levantou a bandeira “os direitos das mulheres também são direitos humanos”. A Convenção de Viena amplia e renova o entendimento sobre a universalidade e indivisibilidade dos diretos humanos e reafirma a interdependência entre democracia e direitos humanos. A luta pela cidadania envolve ter o poder de tomar decisões, ter emprego e estabilidade de permanecer empregado, poder sustentar-se, ter moradia, saúde, lazer e educação, acesso assegurado a serviços básicos e à justiça, bem como garantias judiciais e um recurso rápido e eficiente, e desenvolver-se como ser humano. Nessa Convenção ficou definido como prioridade da comunidade internacional assegurar a participação plena e igual das mulheres na vida política, civil, econômica, social e cultural, em nível nacional, regional e internacional, e a erradicação de todas as formas de discriminação com base no sexo. No Brasil, os direitos humanos da mulher brasileira concretizaram-se com a Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006, denominada Lei Maria da Penha, assegurada pela Constituição da República do Brasil que, em seu artigo 5º, § 1º, aponta que “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata” (BRASIL, 1988) – embora a realidade das mulheres demonstre que a norma ainda é inaplicável. Saiba maisConsulte o texto da Lei Maria da Penha na íntegra: ___. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/ l11340.htm>. Acesso em: 15 jul. 2016. 5.8.1 Origem Maria da Penha Maia Fernandes, farmacêutica e brasileira, sofreu agressões de seu próprio marido, o professor universitário colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, em 1983. Maria da Penha sofreu tentativa de assassinato por parte dele duas vezes: na primeira, com um tiro de espingarda, deixou-a paraplégica. Depois de passar quatro meses no hospital e realizar inúmeras cirurgias, Maria voltou para casa, ocasião em que Heredia tentou eletrocutá-la durante seu banho. Maria saiu de casa por ordem judicial e iniciou uma batalha para defender sua integridade física. Em 1991, a resposta do processo iniciado foi arquivado por alegação de irregularidades no procedimento do 45 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS júri. Em 1996, com nova condenação, a defesa fez alegações de irregularidades e o processo continuou em aberto por mais alguns anos. No meio do processo, em 1994, Maria da Penha lançou um livro, no qual relata as agressões que ela e suas filhas sofreram do marido. Foi somente no ano de 1998, ao apelar para o Centro pela Justiça e o Direito Internacional (Cejil) e para Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), que seu caso foi para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Graças a isso, no ano de 2001, o Estado brasileiro foi condenado pela Comissão por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica contra as mulheres. Em 2002, aconteceu a finalização do processo penal do agressor de Maria da Penha, acompanhada da realização de investigações sobre as irregularidades e atrasos no processo; reparação simbólica e material à vitima pela falha do Estado em oferecer um recurso adequado para a vítima, e adoção de políticas públicas voltadas à prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher. Contudo, somente em 2006 o governo brasileiro criaria um novo dispositivo legal que trouxesse maior eficácia na prevenção e punição da violência doméstica no Brasil, aprovando por unanimidade a Lei Maria da Penha, que já foi considerada pela ONU a terceira melhor lei contra violência doméstica do mundo. Por que a lei foi necessária? Os casos de violência doméstica, antes da Lei Maria da Penha, eram julgados em juizados especiais criminais, pois eram considerados crimes de menor potencial ofensivo, acarretando o arquivamento dos processos. Três fatores colaboravam para o grande número de arquivamentos: • a dependência financeira do agressor; • a vulnerabilidade de muitas vítimas, que não têm para onde ir e preferem não denunciar seus agressores por medo das represálias que podem advir da denúncia; • a conivência das autoridades policiais, que muitas vezes eram coniventes com esse tipo de crime. O que mudou com a lei? A Lei n° 11.340 foi inovadora em muitos sentidos. Ela criou mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, algo que ainda não existia no ordenamento jurídico brasileiro (embora fosse prevista a criação de uma lei desse tipo no parágrafo 8° do artigo 226 da Constituição). Falaremos, a seguir, mais detidamente sobre as principais mudanças promovidas pela lei. Competência para julgar crimes de violência doméstica A competência de julgamento passou a ser incumbência dos novos juizados especializados de violência doméstica e familiar contra a mulher. Esses juizados são mais abrangentes em sua atuação, 46 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II cuidando de questões cíveis (divórcio, pensão, guarda dos filhos etc.). Antes da Lei Maria da Penha, essas questões deveriam ser tratadas separadamente na Vara da Família. Detenção do suspeito de agressão Com a alteração do parágrafo 9° do artigo 129 do Código Penal, passou a existir essa possibilidade de detenção, de acordo com os riscos que a mulher corra. Agravante de pena O Código Penal começou a prever esse tipo de violência como agravante. Desistência da denúncia Com a nova lei, a mulher só pode desistir da denúncia perante o juiz. Penas As penas para o crime não podem ser mais cestas básicas e trabalho comunitário. Medidas de urgência O juiz pode obrigar o suspeito de agressão a se afastar da casa da vítima, além de proibi-lo de manter contato com a vítima e seus familiares, se julgar que isso seja necessário. Medidas de assistência O juiz pode determinar a inclusão de mulheres dependentes de seus agressores em programas de assistência governamentais, tais como o Bolsa Família, além de obrigar o agressor a subsidiar alimentos para a vítima. Outras determinações da Lei n° 11.340 Além de todas as mudanças mencionadas, a lei traz as seguintes determinações: • a mulher vítima de violência doméstica tem direito a serviços de contracepção de emergência, além de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs); • a vítima deve ser informada do andamento do processo e do ingresso e saída da prisão do agressor; • o agressor pode ser obrigado a comparecer a programas de recuperação e reeducação. 47 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS Crítica A lei fere a garantia do artigo 5° da Constituição (de que todos são iguais perante a lei), uma vez que se assume a mulher como a vítima e o homem como agressor. Desse modo, como a lei não contempla a violência doméstica sofrida por homens – que é mais rara, mas existe –, ainda falta um instrumento jurídico adequado para esse tipo de situação, em que o homem sofre grande constrangimento para realizar sua denúncia perante as autoridades policiais. Saiba mais Como vimos, a Lei Maria da Penha trouxe muitos avanços para a luta pela igualdade de gênero em nosso País. Procure ler o texto na íntegra: ___. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Brasília, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340. htm>. Acesso em: 15 jul. 2016. 5.9 Primado do Direito e julgamento justo O primado do Direito é mais do que o uso formal dos instrumentos jurídicos, é também o primado da Justiça e da Proteção para todos os membros da sociedade contra um poder governamental excessivo (COMISSÃO INTERNACIONAL DE JURISTAS apud PRIMADO..., [s.d.], p. 223). O primado do Direito abrange várias áreas e engloba aspetos políticos, constitucionais e jurídicos, bem como de direitos humanos. Toda sociedade democrática deve garanti-lo, pois é ele que garante a proteção efetiva dos direitos humanos. Observação De acordo com Louise Arbour (apud PRIMADO..., [s.d.], p. 227), alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos: “[…] apoiar os direitos humanos e o primado do Direito, na realidade, funciona para beneficiar a segurança humana. As sociedades que respeitam o primado do Direito não acobertam a autoridade do executivo, mesmo ao lidar com situações excepcionais. Estas sociedades aceitam o papel essencial do poder judicial e do poder legislativo para assegurar que os governos façam uma abordagem equilibrada e legal dos complexos assuntos de interesse nacional”. O primado do Direito se constitui num dos pilares da democracia. Embora não haja consenso sobre quais são os elementos que o integram, é unanimidadeo pensamento de que os cidadãos 48 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II estão protegidos contra arbitrariedades de autoridades públicas quando os direitos estão estabelecidos em leis (que são de conhecimento público), que sejam aplicadas de forma igualitária e tenham seu cumprimento efetivamente aplicado. Para as Nações Unidas, [...] o primado do Direito refere-se a um princípio de governação no qual todas as pessoas, instituições e entidades, públicas e privadas, incluindo o próprio Estado, cumprem as leis promulgadas oficialmente, aplicadas com igualdade e imparcialidade e compatíveis com os padrões e as normas internacionais de direitos humanos. Também requer medidas para a garantia da adesão aos princípios da supremacia do direito, igualdade perante a lei, responsabilização em relação à lei, justiça na aplicação da lei, separação dos poderes, participação na tomada de decisões, segurança jurídica, proibição da arbitrariedade e transparência processual e legal (ONU apud PRIMADO..., [s.d.], p. 242). Lembrete Apesar da importância da existência de leis que defendam os direitos humanos, é necessário lembrar que a legislação não estabelece os direitos humanos, eles são inerentes às pessoas ou grupos contra ações ou abandono dos governos que interferem na possibilidade de cada pessoa de desfrutar os direitos humanos. 5.10 Liberdades religiosas No Brasil, a Constituição Federal de 1988 prevê liberdade religiosa e dever de neutralidade estatal, como disposto no artigo 5º, VI: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias” (BRASIL, 1988). Além disso, nossa Carta Magna assegura, conforme artigo 5º, VIII, que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa fixada em lei” (ibidem). As duas liberdades (de consciência e de religião), apesar de profunda conexão, apresentam dimensões autônomas e não se confundem. A liberdade de consciência apresenta uma dimensão mais ampla por ser hipótese de objeção de consciência. A liberdade de religião trata da liberdade de adotar ou cultivar uma fé religiosa. Há ainda no contexto constitucional, na condição de direitos subjetivos, as liberdades de religião e de consciência que asseguram a liberdade de adotar e cultivar, ou não, uma fé religiosa ou uma convicção ou ideologia. A garantia dessa liberdade gera direito à proteção contra perturbações e coações – seja do estado ou de particulares. E, como é elemento fundamental da ordem jurídico-estatal objetiva, fundamenta a neutralidade 49 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS religiosa e ideológica do Estado, assim como um processo político livre e como base no Estado democrático de direito. 6 DIREITO À EDUCAÇÃO Na Constituição Federal de 1988, a educação é parte integrante dos direitos sociais e está contemplada nos artigos de 205 a 214. O artigo 205 prevê que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). A educação é um direito do cidadão brasileiro e dever tanto do Estado-nação como das famílias. O desenvolvimento da tarefa de educar é também dever da sociedade, das famílias e do Estado. O fim da educação é o desenvolvimento pleno da pessoa, o que significa o respeito à individualidade, à necessidade e à diferença de cada um. A educação não está voltada a si mesma, mas voltada à sociedade e sua prática social e ao mundo do trabalho. Os recursos para a educação escolar estão presentes no artigo 212 de nossa Constituição: “A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino”. Está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), a definição de educação, em seu artigo 1º: A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. A Constituição Federal de 1988 e a Lei n° 9.394/96 (LDB) apontam que a educação acontece ao longo da vida em todos os lugares e com todas as pessoas com as quais convivemos. O texto da LDB a diferencia de educação escolar, que é o ensino e ocorre em instituições próprias que estão submetidas à legislação própria. No artigo 2º, a Lei n° 9.394 (BRASIL, 1996b): “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. 50 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II Esse artigo define os princípios da educação escolar, que são a solidariedade humana, o desenvolvimento do educando e o preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Já o artigo 3º da mesma lei prevê que O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII – valorização do profissional da educação escolar; VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX – garantia de padrão de qualidade; X – valorização da experiência extraescolar; XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. No artigo 3º estão explicitados os princípios da educação escolar, completando o artigo 2º, que aponta somente o resumo dos princípios e fins da educação escolar. No artigo 5º, encontramos que a educação básica é obrigatória, de 4 a 17 anos, e que é direito público subjetivo o acesso da criança, do adolescente e do adulto à educação escolar. O texto também assevera que a educação é direito pessoal e intransferível do cidadão e qualquer cidadão e organização pode exigir a matrícula na escola, independentemente de seus pais ou responsáveis: O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo (BRASIL, 1996b). 51 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 016 DIREITOS HUMANOS Mais adiante na LDB, o artigo 21 indica que “A educação escolar compõe-se de: I – educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II – educação superior” (BRASIL, 1996b). Para que o atendimento à criança, ao adolescente e ao adulto se efetive, satisfazendo suas necessidades de moradia e de etnia, entre outras, há as modalidades de educação, que são: educação especial, educação de jovens e adultos, educação profissional técnica de nível médio, educação indígena, educação do campo, educação de pessoas privadas da liberdade e educação quilombola. O objetivo é atender a cultura da família e da criança, como, no caso dos quilombolas e dos índios, seu local de moradia, campo ou cidade, ou, no caso da educação de jovens e adultos, sanar os problemas do ingresso tardio na escola ou seu abandono, e no caso da educação especial, atentar para as pessoas deficientes, com altas habilidades ou que sofrem transtornos do desenvolvimento. A partir da Constituição de 1988 e da LDB, a educação escolar e o ensino passaram a ser ministrados em duas grandes etapas: educação básica e educação superior. A organização do Sistema Nacional de Educação se dá por meio de sistemas de ensino, que são coordenados pelo regime de colaboração, em que a União é responsável pelo Sistema de Ensino Federal, no qual desempenha as funções distributiva e redistributiva junto aos sistemas de ensino estaduais e municipais. Os Estados são responsáveis pelos sistemas de ensino estaduais e atuam prioritariamente nos Ensino Médio e Ensino Fundamental. Os municípios são responsáveis pelos Sistemas de Ensino Municipais, que atuam no Ensino Fundamental e na Educação Infantil. O instrumento de desenvolvimento da educação escolar face às necessidades nacionais atuais é o Plano Nacional de Educação, de 2014, que apresenta no artigo 2º as prioridades de atuação no ensino nacional: Art. 2° São diretrizes do PNE: I – erradicação do analfabetismo; II – universalização do atendimento escolar; III – superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV – melhoria da qualidade da educação; V – formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI – promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII – promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; 52 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II VIII – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto – PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX – valorização dos (as) profissionais da educação; X – promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014). Para acompanhar o desenvolvimento do processo educativo e avaliar o funcionamento da educação escolar, foi criado o Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb), que estuda as diferentes condições da escola, da formação dos profissionais da educação, do desempenho do aluno e a caracterização socioeconômica da família do aluno. Por meio de uma metodologia de trabalho que cria pontos para as diferentes possibilidades de ocorrência das condições citadas, chega-se a uma pontuação. Assim, a avaliação envolvendo todo o contexto escolar aponta, em cada aspecto, o que precisa ser transformado para que a aprendizagem do aluno apresente a qualidade social requerida nas metas do Plano Nacional de Educação. O Ideb é um indicador de qualidade educacional que combina informações de desempenho em exames padronizados (Prova Brasil ou Saeb) – obtido pelos estudantes ao final das etapas de ensino (4ª e 8ª séries do ensino fundamental e 3ª série do ensino médio) – com informações sobre rendimento escolar (aprovação) (INEP, [s.d.]). 6.1 Direitos humanos da criança Os princípios fundamentais das Nações Unidas, as disposições e os tratados de direitos humanos reafirmam a vulnerabilidade das crianças e sua necessidade de proteção e cuidado, em qualquer tempo e lugar. Apontam também as responsabilidades da família no tocante à proteção e cuidados próprios às especificidades de sua faixa etária e também à necessidade de proteção jurídica e não jurídica antes do nascimento e após ele. Destacam, assim, a importância do respeito aos valores culturais da comunidade da criança e o papel da cooperação internacional para que os direitos da criança sejam uma realidade. 6.2 Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) Há mais de 20 anos, o Conanda foi instituído como o principal órgão do sistema de garantia de direitos. Previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Conselho tem composição paritária entre governo e sociedade civil. Sua atribuição é definir as diretrizes para a Política Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. O Conanda também tem como função fiscalizar as ações executadas pelo poder público no que diz respeito ao atendimento da população infanto-juvenil e a gestão do Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente (FNCA). Cabe ao conselho a regulamentação da utilização desses recursos, garantindo que sejam destinados às ações de promoção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes, conforme estabelece o ECA. 53 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS 6.3 Direitos humanos em conflito armado […] são e manter-se-ão proibidas, em qualquer ocasião e lugar […]: a) As ofensas contra a vida e integridade física, especialmente o homicídio sob todas as formas, as mutilações, os tratamentos cruéis, torturas e suplícios; b) A tomada de reféns; c) As ofensas à dignidade das pessoas, especialmente os tratamentos humilhantes e degradantes; d) As condenações proferidas e as execuções efectuadas sem prévio julgamento, realizado por um tribunal regularmente constituído, que ofereça todas as garantias judiciais reconhecidas como indispensáveis pelos povos civilizados. (Artigo 3º, comum às quatro Convenções de Genebra – PRIMEIRA, [s.d.]). As discussões sobre as consequências de guerras e conflitos de territórios, religiosos ou políticos eram realizadas muito antes da Declaração Universal dos Direitos Humanos, estabelecendo direitos e deveres que foram sendo aceitos e destacando a importância da garantia dos direitos para aqueles que participavam de guerras. Algumas das mais graves consequências desses conflitos são grande orfandade, sobreviventes mutilados ou problemas de ordem psicológica e estresse que, muitas vezes, necessitam de atendimento, baixa qualidade de vida da população dos países que participam da guerra e dos que sofrem as consequências e a destruição das cidades. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) realizou um levantamento do Direito Internacional Humanitário (DIH) e elaborou um resumo a partir da pergunta: “Quais são as Regras Básicas do Direito Internacional Humanitário nos Conflitos Armados?”. Os itens apontados a seguir constituem esse resumo, que, embora importante, não substitui os tratados, convenções e acordos nos quais os direitos estão presentes e que são as informações importantes para serem conhecidas e transmitidas para divulgação à sociedade sobre direitos humanos em conflito armado. As sete principais regras básicas das Convenções de Genebra e dos Protocolos Adicionais 1 – As pessoas fora de combate e aqueles que não participam diretamente das hostilidades têm direitoao respeito à vida e à integridade moral e física. Devem, em qualquer circunstância, ser protegidos e tratados com humanidade sem nenhuma distinção adversa. 2 – É proibido matar ou ferir um inimigo que tenha se rendido ou que esteja fora de combate. 54 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II 3 – Os feridos e os doentes devem ser recolhidos e tratados pela parte do conflito que os tem em seu poder. A proteção também abrange a equipe médica e os estabelecimentos, o transporte e os equipamentos médicos. O símbolo da Cruz Vermelha e o do Crescente Vermelho são o sinal desta proteção e devem ser respeitados. 4 – Os combatentes capturados e os civis sob a autoridade de uma parte inimiga têm direito ao respeito pela vida, dignidade, direitos e convicções pessoais. Devem ser protegidos contra todos os atos de violência e represálias. Devem ter o direito de se corresponder com suas famílias e de receber socorro. 5 – Todos devem ter direito de se beneficiar com as garantias judiciais fundamentais. Ninguém pode ser responsável por um ato que não cometeu. Ninguém deve ser submetido à tortura física ou mental, ao castigo corporal ou ao tratamento cruel ou degradante. 6 – As partes do conflito e os membros de suas forças armadas não têm opções ilimitadas de métodos e meios de guerra. É proibido utilizar armas ou métodos de guerra que causem perdas desnecessárias ou sofrimento excessivo. 7 – As partes do conflito sempre devem distinguir população civil de combatentes, a fim de poupar a população civil e seus bens. Nem a população civil nem as pessoas civis devem ser alvo de ataque. Os ataques devem ser dirigidos apenas contra objetivos militares. Fonte: CICV (1998). Observação Essas regras, delineadas pelo CICV, resumem a essência do DIH. Elas não possuem a autoridade de um instrumento legal e de forma alguma procuram substituir os tratados em vigor; de fato, foram redigidas com o intuito de facilitar a promoção do DIH. Cronologicamente, podemos indicar da seguinte forma os principais instrumentos de DIH e outros instrumentos relacionados sobre direitos humanos em conflito armado, que a partir de 1864 apresenta a Convenção de Genebra: • 1864: Convenção de Genebra para melhorar a situação dos militares feridos nas forças armadas em campanha. • 1868: Declaração de São Petersburgo (proibição do uso de certos projéteis em tempo de guerra). • 1899: Convenções de Haia respeitantes às leis e costumes da guerra em terra e à adaptação à guerra marítima dos princípios da Convenção de Genebra de 1864. 55 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS • 1906: revisão e desenvolvimento da Convenção de Genebra de 1864. • 1907: revisão das Convenções de Haia de 1899 e adoção de novas Convenções. • 1925: Protocolo de Genebra relativo à proibição de utilizar gazes asfixiantes, tóxicos ou similares na guerra. • 1929: duas Convenções de Genebra: — Revisão e desenvolvimento da Convenção de Genebra de 1906; — Convenção de Genebra relativa ao tratamento dos prisioneiros de guerra (nova). • 1949: Convenções de Genebra: — I Convenção de Genebra para Melhorar a Situação dos Feridos e Doentes das Forças Armadas em Campanha. — II Convenção para Melhorar a Situação dos Feridos, Doentes e Náufragos das Forças Armadas no Mar. — III Convenção Relativa ao Tratamento dos Prisioneiros de Guerra. — IV Convenção Relativa à Proteção das Pessoas Civis em Tempo de Guerra (nova). • 1954: Convenção de Haia para a Proteção dos Bens Culturais em caso de Conflito Armado. • 1972: Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, da Produção e da Armazenagem de Armas Bacteriológicas (Biológicas) ou Tóxicas e sobre a Sua Destruição. • 1977: dois Protocolos Adicionais às quatro Convenções de Genebra de 1949, que fortalecem a proteção das vítimas de conflitos armados internacionais (Protocolo I) e não internacionais (Protocolo II). • 1980: Convenção sobre a Proibição ou Limitação do Uso de Certas Armas Convencionais que Podem ser Consideradas como Produzindo Efeitos Traumáticos Excessivos ou Ferindo Indiscriminadamente (CCW), que inclui: — Protocolo (I) relativo aos Estilhaços Não Localizáveis; — Protocolo (II) sobre a Proibição ou Limitação do Uso de Minas, Armadilhas e Outros Dispositivos; — Protocolo (III) sobre a Proibição ou Limitação do Uso de Armas Incendiárias. 56 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II • 1993: Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Utilização de Armas Químicas e sobre a sua Destruição. • 1995: Protocolo sobre Armas Laser que Causam a Cegueira (Protocolo IV [novo] da Convenção de 1980). • 1996: Protocolo Revisto sobre a Proibição ou Limitação do Uso de Minas, Armadilhas e Outros Dispositivos (Protocolo II [revisto] da Convenção de 1980). • 1997: Convenção sobre a Proibição da Utilização, Armazenagem, Produção e Transferência de Minas Antipessoais e sobre a sua Destruição. • 1998: Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. • 1999: Protocolo à Convenção de 1954 sobre a Propriedade Cultural. • 2000: Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança, relativo à participação de crianças em conflitos armados. • 2001: Emenda ao Artigo 1 da CCW, alargada aos conflitos não internacionais. • 2002: entrada em vigor do Estatuto de Roma, estabelecendo o primeiro tribunal penal internacional permanente. • 2002: entrada em vigor do Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança, relativo à participação de crianças em conflitos armados. • 2003: Protocolo sobre Explosivos Remanescentes de Guerra (Protocolo V da Convenção de 1980). • 2008: Convenção sobre Munições de Fragmentação. 6.4 Direito ao trabalho No Brasil, foi a partir do governo do presidente Getúlio Vargas que o direito do trabalho passou a ser regulamentado e implementado no cotidiano do trabalhador. Isso ocorreu através do Decreto-lei n° 5.452, de 1º de maio de 1943, chamado de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que estatui as normas que regulam as relações individuais ou coletivas de trabalho entre o empregador e o empregado. A CLT trata dos direitos e deveres de ambos, abordando os itens que determinam a identificação do trabalhador por meio da carteira de trabalho, responsável por registrar a vida profissional do trabalhador, com a contratação, o salário, os benefícios recebidos e a rescisão do contrato. Por meio dela, o trabalhador garante que os benefícios a que tem direito, como a aposentadoria, sejam pagos. 57 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS Saiba mais Consulte o texto original da CLT e verifique as transformações que ele foi sofrendo ao longo dos anos: ___. Decreto-lei n° 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Rio de Janeiro: 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 22 jul. 2016. 6.5 Direito à privacidade O direito à privacidade pode ser estudado em diferentes documentos legais. A seguir, apontaremos os direitos presentes em cinco textos legais, a Constituição Federal de 1988, a Lei nº 9.296/96, a Lei nº 8.078 (Código do Consumidor), a Lei nº 9.507 (habeas data) e a Lei nº 10.406 (Código Civil). Na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), o artigo 5º, nos incisos IV, X e XII, garante que todos são iguais perante a lei e assegura a inviolabilidade dodireito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade, à manifestação do pensamento, da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material e legal. Da mesma forma, é inviolável o direito ao sigilo de correspondência e das comunicações, e é por isso que, para que haja esse tipo de violação, é necessária ordem judicial. Veja o texto original da Constituição: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Em 24 de julho de 1996, a Lei n° 9.296 trata da questão referente às interceptações de comunicações telefônicas então regulamentadas e assevera que o não cumprimento prevê punição penal. Observa-se, nesse ponto, a dificuldade de usar de forma ética e moral as informações privadas de pessoas, garantindo os direitos humanos. 58 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II Observe o texto da Lei nº 9.296 (BRASIL, 1996a): Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. [...] Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Já no Código do Consumidor (Lei n° 8.078), encontramos o direito do consumidor a informações em cadastros e fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados: Art. 43. O consumidor [...] terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. § 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos. § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. 59 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS § 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas (BRASIL, 1990a). Outra lei importante com relação ao tema do acesso a informações é a Lei nº 9.507, que trata do habeas data e prevê a possibilidade de direito ao acesso a informações sobre dados de registros ou de bancos: Art. 1º Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações. Art. 7° Conceder-se-á habeas data: I – para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público (BRASIL, 1997); No Código Civil (Lei n° 10.406), também estão previstos o direito à personalidade, a sua inviolabilidade e a proibição da limitação de seu exercício, além da preservação da honra, da imagem e da respeitabilidade: Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. 60 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II 7 LIBERDADE DE EXPRESSÃO E LIBERDADE DOS MEIOS DE INFORMAÇÃO Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão (Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos – ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, [s.d.]). Ao discutirem-se liberdade de expressão e liberdade dos meios de informação, são abordados os elementos substantivos do direito e a proibição da apologia do ódio e da violência. A discussão, desse modo, toca temas como as restrições legitimas e ilegítimas, a importância da democracia e da sociedade e os direitos humanos na sociedade de informação. Os principais elementos da liberdade de expressão são: • liberdade de ter opiniões sem interferência (liberdade de opinião); • liberdade de procurar, receber e transmitir informação e ideias (liberdade de expressão, liberdade de informação), oralmente, por escrito, ou de forma impressa, inclusive como expressão artística; através de qualquer meio de informação (liberdade dos meios de informação), sem limitação de fronteiras (liberdade de comunicação internacional). Alguns elementos do direito de expressão estão também relacionados com outros direitos humanos, tais como o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião, definido no artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, [s.d.]); O direito dos autores de se beneficiarem da proteção dos interesses morais e materiais resultantes de uma produção científica, literária ou artística, isto é, os direitos de autor, estão descritos no artigo 15, nº 2, do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (BRASIL, 1992a); Relativamente ao direito humano à educação,conforme artigo 13 do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (BRASIL, 1992a), a liberdade de expressão também inclui as liberdades acadêmicas e a autonomia das instituições de ensino superior de proteger essas liberdades. Uma importante qualificação da liberdade de expressão está contida no artigo 20 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (BRASIL, 1992b), que proíbe a propaganda em favor da guerra e qualquer apelo ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, hostilidade ou violência. O pacto assegura que o Estado tem a obrigação de fazer cumprir essas proibições através de lei nacional. A cronologia das legislações que tratam liberdade de expressão e liberdade dos meios de informação é a seguinte: • 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos (artigo 19); 61 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS • 1966 – Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (artigo 19); • 1978 – Declaração sobre os Princípios Fundamentais Relativos à Contribuição dos Meios de Comunicação Social para o Reforço da Paz e da Compreensão Internacionais para a Promoção dos Direitos Humanos e para o Combate ao Racismo, ao Apartheid e ao Incitamento à Guerra (documento produzido pela Unesco); • 1983 – Comentário Geral do Comitê dos Direitos Humanos da ONU sobre o artigo 19º do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos; • 1993 – Relatoria Especial das Nações Unidas para a Proteção e a Promoção do Direito à Liberdade de Opinião e de Expressão; • 1997 – Relatoria Especial da Organização dos Estados Americanos (OEA) para a Liberdade de Expressão; • 1999 – Resolução da Comissão de Direitos Humanos sobre a Liberdade de Opinião e de Expressão (1999/36); • 2001 – Convenção sobre o Cibercrime (Conselho da Europa – CdE) e Protocolo Adicional de 2003; • 2003 – Cimeira Mundial sobre a Informação, primeira parte, em Genebra: Declaração de Princípios e Plano de Ação; • 2004 – Relator Especial para a Liberdade de Expressão em África; • 2005 – Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação, segunda parte, em Túnis: Compromisso de Túnis e Agenda de Túnis para a Sociedade da Informação; • 2005 – Declaração do Conselho da Europa sobre Direitos Humanos e Internet; • 2006 – Primeiro Fórum sobre a Governação da Internet; • 2011 – Sexto Fórum sobre a Governação da Internet; • 2011 – Comentário Geral nº 34 do Comitê dos Direitos Humanos sobre o artigo 19 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. 7.1 Direitos à democracia O CDDPH, com base nas determinações do Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH-3), tem incentivado a criação dos conselhos estaduais e municipais de direitos humanos como forma de ampliar a rede de defesa e promoção desses direitos. Em 2013, será realizado encontro nacional dos Conselhos Estaduais de Direitos Humanos. No Brasil, os direitos à democracia revelam a construção de um sistema de legislação e de acordos internacionais que refletem o caminho do País em direção à garantia de direitos civis, sociais e políticos, que estão expressos na cronologia a seguir: 62 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II • 1824 – Constituição Imperial; • 1864 – Primeira Convenção de Genebra; • 1871 – Lei do Ventre Livre; • 1885 – Lei dos Sexagenários; • 1888 – Lei Áurea; • 1891 – Constituição Republicana; • 1897 – Antônio Conselheiro – Última Prédica; • 1907 – Segunda Convenção de Genebra; • 1934 – Sanção do Código Florestal, que impõe limites ao exercício do direito de propriedade, e o Código de Águas; • 1934 – Promulgação da Segunda Constituição Republicana; • 1945 – Fundação da ONU; • 1946 – Constituição de 1946; • 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos; • 1964 – Criação do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH); • 1964 – Estatuto da Terra; • 1965 –Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial; • 1966 – Aprovação do Pacto Internacional de Direitos Civis, Políticos, Sociais e Culturais; • 1968 – Primeira Conferência Internacional de Direitos Humanos da ONU; • 1969 – Assinação, em São José da Costa Rica, da Convenção Americana de Direitos Humanos (à qual o Brasil só aderiu, parcialmente, em 25 de setembro de 1992 e, na íntegra, apenas em novembro de 1998); • 1973 – Estatuto do Índio; • 1979 – Segundo Congresso Nacional pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita; 63 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS • 1982 – Primeiro Encontro Nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH); • 1988 – Aprovação da nova Constituição do Brasil; • 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente • 1991 – Código de Defesa do Consumidor; • 1992 – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – ECO 92; • 1993 – Instituição, pelo Congresso Internacional sobre Educação em Prol dos Direitos Humanos e da Democracia, do Plano Mundial de Ação para a Educação em Direitos Humanos; • 1993 – Aprovação, pela Segunda Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada em Viena, da declaração que define os direitos humanos como interdependentes, indivisíveis e irremovíveis; consagrando, assim, a democracia como o regime político que melhor protege e promove os direitos humanos; • 1994 – Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, adotada em Belém do Pará, Brasil, em 9 de junho de 1994, a ter vigência a partir de março de 1995; • 1995 – Afirmação, na Conferência Geral da Unesco, do compromisso de dar prioridade à educação de crianças, adolescentes e jovens ante as formas de intolerância, racismo e xenofobia; • 1995 – Quarta Conferência Mundial da ONU sobre a Mulher; • 1995 – Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos; • 1996 – Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH I); • 1996 – Primeira Conferência Nacional de Direitos Humanos; • 1997 – Morte do grande educador e escritor Paulo Freire; • 1997 – Segunda Conferência Nacional de Direitos Humanos; • 1998 – Terceira Conferência Nacional de Direitos Humanos; • 1999 – Quarta Conferência Nacional de Direitos Humanos; • 2000 – Quinta Conferência Nacional de Direitos Humanos; • 2001 – Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância (CMR), realizada em Durban, África do Sul; 64 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II • 2001 – Sexta Conferência Nacional de Direitos Humanos; • 2001 – Estatuto da Cidade; • 2002 – Promulgação, no Brasil, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, pelo Decreto n° 4.377, de 13 de setembro de 2002; • 2002 – Sétima Conferência Nacional de Direitos Humanos; • 2002 – Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH II); • 2003 – Oitava Conferência Nacional de Direitos Humanos; • 2003 – Criação do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos; • 2003 – Estatuto do Torcedor; • 2003 – Estatuto do Idoso; • 2003 – Estatuto da Igualdade Racial; • 2004 – Nona Conferência Nacional de Direitos Humanos; • 2004 – Lançamento do Plano Nacional de Educação; • 2004 – Lançamento do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos; • 2004 – Estatuto do Desarmamento; • 2005 – Unificação dos programas sociais de renda mínima no Brasil; • 2006 – Décima Conferência Nacionalde Direitos Humanos; • 2006 – Atualização do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos; • 2006 – Criação do Conselho de Direitos Humanos da ONU; • 2009 – Décima Primeira Conferência Nacional de Direitos Humanos e regulamentação do PNDH III; • 2009 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência; • 2013 – Estatuto da Juventude; • 2013 – Fórum Mundial de Direitos Humanos. 65 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS Embora haja consenso nacional e internacional do avanço que as leis brasileiras apresentam, é necessário reconhecer a precariedade de muitos setores e o não cumprimento de todas as legislações em sua totalidade, o que aponta a fragilidade interna em setores básicos da sociedade. 7.2 Direito das minorias O direito das minorias é um tema importante para a compreensão da construção histórica da igualdade, da eficácia no plano jurisdicional e das discussões e decisões tomadas a esse respeito. Na realidade, o debate sobre o direito das minorias aponta elementos relacionados a como interpretar os direitos fundamentais e justificar a fundamentação dessa interpretação. Na materialização da democracia, destaca-se que a orientação interpretativa deve pautar-se pelo conceito de democracia presente na Constituição de 1988, de forma que sua concretização, na esfera social, corresponda à garantia dos direitos das minorias. Assim, a construção argumentativa deve possibilitar a compreensão de como os princípios são aplicados para possibilitar a construção de parâmetros necessários para salvaguardar os diretos das minorias. O direto das minorias, aliás, está diretamente ligado ao Estado democrático de direito, pois não se limita ao governo da maioria, preocupando-se, em vez disso, também em abrir espaço para comportar as diversas visões existentes em uma comunidade política na qual prevalece uma. O referencial comum deve ser o pressuposto da diversidade. No Brasil, isso se faz necessário pois, historicamente, privilegiaram-se determinadas visões de mundo por imposição, discriminação ou desvalorização das outras. Atualmente, a democracia, como é entendida e promovida, não consegue oferecer as mesmas condições de reconhecimento às variadas visões de mundo e tampouco permite espaço para a manifestação democrática da diversidade. É nesse sentido que a democracia não é um valor absoluto e consolidado e sim um processo que precisa de constante promoção, desenvolvimento e aprendizagem. Assim, minoria aparece como categoria jurídica, e é um conceito aberto, que necessita da determinação de parâmetros para seu emprego na análise das relações estabelecidas contextualmente entre os pertencentes ao grupo minoritário e ao grupo majoritário. Tratar de minorias é falar da multiplicidade de existências possíveis, é permitir que a diferença seja reconhecida e possa ser manifesta no espaço público, como um princípio da igualdade, no qual os membros dos grupos minoritários sejam respeitados. É um conceito de origem internacional e envolve complexidades inerentes à sociedade plural e multicultural como a brasileira, cuja alteridade encontra reconhecimento nos valores democráticos presentes na Constituição Federal de 1988. 66 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II 7.3 Direito ao asilo O direito a requerer asilo, a proteção em relação à perseguição e o princípio da não repulsão são os temas que são tratados no direito ao asilo. A realidade diária de muitas pessoas ao redor do mundo envolve perseguições e deslocamentos à força como resultado de conflitos antigos ou novos em diferentes partes do mundo. O direito a requerer asilo é um direito humano e encontra-se disciplinado pelo direito internacional e em obrigações mútuas. Assim, quando uma pessoa é forçada a fugir de seu país e requer o asilo em outro Estado, é protegida pelo direito internacional, pactuado pelos países membros e consentido, o que torna esse direito parte de obrigações do pais. Dessa maneira, o asilo está relacionado à segurança humana, vez que a perseguição leva a pessoa a viver com medo e com privações de diferentes ordens, ferindo o gozo dos direitos humanos, como o direito à vida, a não tortura, e outras penas, ausência de perseguição, liberdade e segurança, tratamentos cruéis e desumanos. O refugiado definido pelo direito internacional pode ser categorizado como: • prima facie: vítima de violência generalizada que leva ao deslocamento em massa; • alternativa de fuga interna: refere-se, com solicitação bem fundamentada, à perseguição em sua zona de residência; • apátridas: pessoas que não conseguem obter cidadania num país específico por diferentes motivos; • migrantes: não se aplicam à Convenção de Genebra. Há a preocupação com o que se chama de “boas práticas” no caso de pessoas que recorrem ao asilo. São elas: • esquema de reunificação familiar; • refword: fonte de informações sobre o estatuto do refugiado; • emancipação dos refugiados. Observação “Toda pessoa sujeita à perseguição tem o direito de procurar e de se beneficiar de asilo em outros países” – artigo 14, nº 1, da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, [s.d.]). 67 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 DIREITOS HUMANOS A seguir indicamos a cronologia do direito ao asilo discutido e consentido internacionalmente: • 1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos; • 1950 – Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais (Conselho da Europa); • 1951 – Convenção de Genebra Relativa ao Estatuto dos Refugiados; • 1954 – Convenção Relativa ao Estatuto dos Apátridas; • 1961 – Convenção para a Redução dos Casos de Apátridas; • 1966 – Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (PIDCP); • 1966 – Princípios de Bangkok sobre o Estatuto e Tratamento de Refugiados (adotado pelo Comité Jurídico Consultivo Afro-Asiático – Asian-African Legal Consultative Committee); • 1967 – Protocolo Relativo ao Estatuto dos Refugiados; • 1969 – Convenção da Organização de Unidade Africana que Rege os Aspetos Específicos dos Problemas dos Refugiados na África; • 1984 – Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes (CCT); • 1984 – Declaração de Cartagena sobre Refugiados (adotada pelo Colóquio sobre a Proteção Internacional dos Refugiados na América Central, México e Panamá); • 1985 – Declaração da Assembleia-Geral das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos dos Indivíduos que não são Nacionais do País onde Vivem; • 1998 – Princípios Orientadores em Matéria de Deslocamento Interno 516 II; • 2000 – Protocolo Contra o Contrabando de Migrantes por Terra, Mar e Ar, a suplementar a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional; • 2003 – Agenda para a Proteção, adotada pelo Agência da ONU para Refugiados; • 2006 – Convenção das Nações Unidas para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimentos Forçados. 8 A LUTA GLOBAL PELOS DIREITOS HUMANOS Atualmente a cidadania é o predicado atribuído à pessoa humana e que expressa toda sua existência no mundo contemporâneo. É por ela que nos tornamos pessoas, reafirmamos nossa individualidade e nos reconhecemos como sujeitos coletivos pertencentes a determinado lugar no mundo. 68 CO M UM - R ev isã o: G io va na - D ia gr am aç ão : F ab io - 2 7/ 07 /2 01 6 Unidade II Diferentemente dos animais, cuja existência
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