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NFPSS - PARTE I

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 SUMÁRIO 
Direitos Humanos ............................................................................. 3 
Direito da Criança e do Adolescente ............................................... 56 
Direito Institucional da Defensoria .................................................. 97 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITOS HUMANOS1 
 
1. Origem, sentido e evolução histórica dos Direitos Humanos. 
2. A dignidade humana. 
3. Os fundamentos filosóficos dos Direitos Humanos. 
 
 Evolução histórica: A formação do rol de normas de direitos humanos confunde-se com a história da 
humanidade e é produto de diversas origens, que podem ser localizadas em diferentes civilizações e que se apoiam 
nos mais variados fundamentos. Confira-se:
 
ANTIGUIDADE 
Parte importante dos povos da Antiguidade já definia normas relativas à proteção de valores vistos como essenciais 
para a vida humana. O Código de Hamurábi (1690 a. C) consagrava a todos os indivíduos direitos como a vida a 
propriedade e a honra. 
O Povo Judeu, nos Dez Mandamentos, definia normas relativas à proteção à vida (“não matarás”), ao direito de 
propriedade (“não roubarás”), à proteção da família (“não cometerás adultério”) e da honra (“não darás falso 
testemunho”). 
Na Grécia Antiga, fazia-se alusão a um Direito natural anterior ao indivíduo e superior a suas leis e valores como a 
liberdade, a igualdade e a participação política. 
Em Roma, a Lei das Doze Tábuas também conferir direitos como a igualdade e a propriedade aos cidadãos romanos. 
Mas atente-se que, nesse momento histórico, era traço comum a praticamente todos os povos o fato de que os 
estrangeiros não faziam jus aos mesmos direitos. A mudança veio com a DOUTRINA CRISTÃ, que não só veio a 
reiterar e acrescentar novos valores, como também avançar enfaticamente na consagração da universalidade que é 
inerente aos direitos humanos. Também veio conferir atenção especial a certos grupos de pessoas que se 
encontravam em situação de maior fragilidade na sociedade, como os órfãos, viúvas, estrangeiros, doentes e as 
mulheres, antecipando o espírito dos atuais sistemas de proteção dos direitos humanos, que consagram normas 
específicas de proteção especial a pessoas em determinadas condições, como as crianças e as mulheres. 
#CONCLUSÃO: A gênese da noção de direitos humanos e de parte de seu conteúdo tem marcante influência 
religiosa. 
 
IDADE MÉDIA 
A Magna Carta, outorgada pelo Rei João Sem Terra, da Inglaterra, em 1215, é um marco importante, ao limitar os 
poderes do monarca inglês frente aos membros da nobreza que, em contrapartida, adquiriam certos direitos, como a 
liberdade de locomoção, o livre acesso à justiça e certa proteção na área tributária. 
O Bill of Rights, de 1689, avançaria na garantia de direitos e na limitação do poder estatal, fator estreitamente 
relacionado com a proteção dos direitos humanos. 
 
IDADE MODERNA E IDADE CONTEMPORÂNEA 
O ideário iluminista marcou a Independência Americana, em 1776, e alguns dos principais documentos relacionados 
com esse fato, a exemplo da Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia, de 1775, e a Constituição dos EUA, de 
1787. 
A Revolução Francesa também foi guiada pelo ideário iluminista e veio a consagrar diversos direitos da pessoa em 
documentos como a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e as Constituições de 1791 e 1793, 
que reconheceram expressamente a liberdade e a igualdade inerentes ao ser humano. 
 
 
1 
Por Gabriel Arruda 
3 
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A partir da segunda metade do século XIX, a preocupação com os direitos humanos passa a abranger as questões 
sociais, emergindo ideários como o Marxismo. 
Também no século XIX, a difusão de valores humanistas leva ao fortalecimento da preocupação com a 
regulamentação da guerra, com vistas a diminuir seu impacto negativo sobre a vida humana. É quando surge o 
direito humanitário. 
O início do século XX foi marcado por uma maior preocupação social. Após a I Guerra, surgem as primeiras 
organizações internacionais que atribuíram relevância à proteção dos direitos humanos: a Liga das Nações e a 
Organização Internacional do Trabalho (OIT). 
Após a II Guerra Mundial, os direitos humanos adquirem o caráter de prioridade da sociedade internacional, 
mormente a partir da criação da ONU (1945) e da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(1948). Ela consiste em uma mera resolução da ONU e que, nesse sentido, não é tecnicamente um tratado e não 
teria, a princípio, forca vinculante. Esse período pós-II Guerra é caracterizado pela abrangente positivação. 
É importante ter em mente os marcos que motivaram as grandes mudanças nos 3 principais ramos dos Direitos 
Humanos: Direito Internacional dos Refugiados (DIR) Direito Internacional Humanitário (DIH) e Direito Internacional 
dos Direitos Humanos (DIDH). 
 
Conceito 
 Conjunto de direitos considerado indispensável para uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e 
dignidade (André de Carvalho Ramos).
 Os três principais fundamentos dos direitos humanos são: Teoria JUSNATURALISTA (PRINCIPAL) - Os direitos 
humanos se fundamentam em uma ordem superior, universal, imutável e inderrogável; Teoria POSITIVISTA - Alicerça 
tais direitos na ordem jurídica posta, pelo que somente seriam reconhecidos como direitos humanos aqueles 
positivados. Teoria MORALISTA (DE PERELMAN) - Fundamenta os direitos humanos na “experiência e consciência 
moral de um determinado povo”, ou seja, na convicção social acerca da necessidade da proteção de determinado 
valor.
O entendimento majoritário é o de que os direitos humanos não encontram seu fundamento na positivação de suas 
normas. 
 
 Princípios de Direitos Humanos.
Principais características dos Direitos Humanos 
Universalidade  Aplicam-se a todos os seres humanos, sem distinção. 
Inerência 
 Pertencem aos seres humanos simplesmente pela sua condição de 
ser humano. 
Transnacionalidade 
 Independem da nacionalidade do indivíduo ou do fato de ser 
apátrida. 
 
 
Historicidade e proibição do 
retrocesso 
 Não configuram uma pauta fixa e estática, definida em um único 
momento da história. Ao revés, há um catálogo aberto a novos 
direitos. Além disso, vigora a proteção do retrocesso, impedindo a 
eliminação da proteção alcançada a algum direito. A proibição do 
retrocesso não significa vedação absoluta a qualquer medida que 
vise a alterar a proteção de um direito específico. 
Indisponibilidade, 
irrenunciabilidade e 
 Os direitos humanos são indisponíveis, inalienáveis e irrenunciáveis. 
 
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inalienabilidade 
Imprescritibilidade  Os Direitos Humanos são imprescritíveis. 
Indivisibilidade, Interdependência 
e Complementaridade 
 Os direitos humanos 
complementares. 
são indivisíveis, interdependentes e 
Primazia da norma mais favorável 
 Diante de um conflito entre duas normas de direitos humanos, deve 
ser aplicada aquela que melhor proteja a dignidade humana. 
 
 Entende-se que a base da construção dos direitos humanos, como meta-princípio diretor, é a dignidade da pessoa 
humana. Nos diplomas internacionais e nacionais, ela é inscrita como princípio geral ou fundamental, mas não como 
um direito autônomo. Trata-se de uma categoria jurídica que, por estar na origem de todos os direitos humanos, lhes 
confere conteúdo ético. Ainda, a dignidade humana dá unidade axiológica a um sistema jurídico, fornecendo um 
substrato material para que os direitos possam florescer. Não trata de um aspecto particular da existência, mas de 
uma qualidade inerente a todo ser humano, sendo um valor que o identifica como tal. Dessa forma, o conceito de 
dignidade humana é polissêmico e aberto, em permanente processo de desenvolvimento e construção.
 É possível identificar quatro usos habituais da dignidade humana na jurisprudência brasileira:
 Fundamentação da criação jurisprudencial de novos direitos, também denominado eficácia positiva do princípio 
da dignidade humana;
 Formatação da interpretação adequada das características de um determinado direito;
 Criar limites à ação do Estado. É a chamada eficácia negativa da dignidade humana;
 Fundamentar o juízo de ponderação e escolha da prevalência de um direito em prejuízo de outro.
 
 Classificação dos Direitos Humanos. A doutrina tradicional segue a classificação inaugurada por Karel Vasak, que 
divide os direitos humanos em gerações. Há críticas a esse conceito, já que poderia transmitir a falsa ideia de que há 
uma hierarquia entre direitos, razão por que moderna doutrina prefere o termo dimensões de direitos humanos: 
direitos humanos são indivisíveis e devem ser respeitados sempre e de uma vez, no máximo é possível decotar para 
fins doutrinários diferentes enfoques (dimensões) desses direitos. Assim sendo:
 
GERAÇÕES OU DIMENSÕES 
CLASSIFICAÇÃO CONFORME O DIREITO 
INTERNACIONAL - DIMENSÕES 
1ª geração: direito de liberdade Direitos civis e políticos 
2ª geração: direito de igualdade Direitos econômicos, sociais e culturais 
3ª geração: direito de fraternidade, vinculados à 
ooperação internacional e à promoção da igualdade 
entre os povos (paz, desenvolvimento, meio 
ambiente, etc.) 
 
Direitos globais. 
4ª geração: globalização dos direitos humanos X 
5ª geração: paz X 
 
#NÃOCONFUNDA: Obrigações “erga omnes” e normas de jus cogens (as provas costumam cobram a diferenciação). 
Jus cogens são normas imperativas de direito internacional geral, das quais nenhuma derrogação é possível, só 
admitindo revogação por outra norma da mesma natureza (e desde que seja para melhorar a proteção). Portanto, 
independe da vontade dos Estados, não cabem subjetivismos ou consensualismos. Muitas vezes, as cortes 
internacionais têm receio de dizer o que é ou o que não é jus cogens, para que depois não caiam em contradição ou 
 
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mesmo aconteça um fato novo que clame ser enquadrado como uma questão de jus cogens e se afirme que não é, 
porque não foi dito antes que seria. Então, as cortes internacionais têm criado algo que em muito se aproxima do jus 
cogens que são as chamadas obrigações “erga omnes”, que são obrigações a todos impostas, mas derrogáveis. 
 Pode-se dizer que a dignidade humana é um conceito multifacetado, com implicações na religião, na filosofia, na 
política e no direito. Segundo Luís Roberto Barroso, a dignidade humana é, antes de mais nada, um valor, um 
conceito vinculado à moralidade, ao bem, à conduta correta e à vida boa. Um valor é um conceito axiológico. 
Conceitos axiológicos são aqueles derivados da ideia de bem. Esse valor fundamental seria a qualidade intrínseca e 
diferenciadora de cada ser humano, que o protege contra todo tratamento degradante e discriminação odiosa, 
bem como assegura condições materiais mínimas de sobrevivência. Na área jurídica, além de valor, a dignidade 
humana também é considerada princípio. A maioria dos autores classifica a dignidade humana como um princípio 
jurídico com status constitucional, e não como um direito autônomo. Segundo Luís Roberto Barroso, princípios e 
direitos fundamentais são categorias intimamente ligadas, que, entretanto, não se confundem. Como a dignidade 
humana é tida como o alicerce último de todos os direitos verdadeiramente fundamentais e como fonte de parte 
do seu conteúdo essencial, seria contraditório considerá-la como um direito em si, já que ela é parte de diferentes 
direitos.
 
 
USOS DA DIGNIDADE 
HUMANA PELA 
JURISPRUDÊNCIA 
 
EXEMPLOS 
 
1 – Fundamentação da 
criação jurisprudencial 
de novos direitos. 
 O STF reconheceu o “direito à busca da felicidade”, sustentando que este resulta 
da dignidade humana: “O direito à busca da felicidade, verdadeiro postulado 
constitucional implícito e expressão de uma ideia-força que deriva do princípio da 
essencial dignidade da pessoa humana” (RE 477.554 – Recurso Extraordinário, Rel. 
Celso de Mello, informativo n. 635). 
2 – Interpretação 
adequada das 
características de um 
determinado direito. 
 O STF reconheceu que o direito de acesso à justiça e à prestação jurisdicional do 
Estado deve ser célere, pleno e eficaz. Para o STF, então: “A prestação jurisdicional 
é uma das formas de se concretizar o princípio da dignidade humana, o que torna 
imprescindível seja ela realizada de forma célere, plena e eficaz” (Rcl 5.758, Rel. 
Min. Cármen Lúcia, julgamento em 13-5-2009, Plenário, DJE de 7-8-2009). 
 
 
3 – Criar limites à ação 
do Estado. 
 O uso de tortura por agentes do Estado foi veementemente reprimido pelo STF, 
que assim se pronunciou: “A tortura constitui a negação arbitrária dos direitos 
humanos, pois reflete – enquanto prática ilegítima, imoral e abusiva – um 
inaceitável ensaio de atuação estatal tendente a asfixiar e, até mesmo, a suprimir a 
dignidade, a autonomia e a liberdade com que o indivíduo foi dotado, de maneira 
indisponível, pelo ordenamento positivo” (HC 70.389, Rel. p/ o ac. Min. Celso de 
Mello, julgamento em 23-6-1994, Plenário, DJ de 10-8-2001). 
 
 
4 – Fundamentar o 
juízo de ponderação e 
escolha da prevalência 
de um direito em 
detrimento de outro. 
 O STF utilizou a dignidade humana para fazer prevalecer o direito à informação 
genética em detrimento do direito à segurança jurídica, afastando o trânsito em 
julgado de uma ação de investigação de paternidade. Para o STF: “O princípio da 
segurança jurídica não seria, portanto, absoluto, e que não poderia prevalecer em 
detrimento da dignidade da pessoa humana, sob o prisma do acesso à informação 
genética e da personalidade do indivíduo. Assinalou não se poder mais tolerar a 
prevalência, em relações de vínculo paterno-filial, do fictício critério da verdade 
legal, calcado em presunção absoluta, tampouco a negativa de respostas acerca da 
origem biológica do ser humano, uma vez constatada a evolução nos meios de 
 
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prova voltados para esse fim” (RE 363.889, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 7- 
4-2011, Plenário, informativo 622, com repercussão geral.) 
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Tabela retirada de: RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. 
 
 
 
 
Fundamentos filosóficos dos Direitos Humanos: 
A. FUNDAMENTO JUSNATURALISTA 
Para tal teoria, os direitos humanos se fundamentam em uma ordem superior, universal, imutável e inderrogável. 
Existiria, portanto, um conjunto de normas vinculantes,anterior e superior ao sistema de normas fixadas pelo Estado 
(direito posto). 
B. FUNDAMENTO POSITIVISTA 
De acordo com a Escola Positivista, o fundamento dos direitos humanos está na existência da norma posta, cujo 
pressuposto de validade está em sua edição conforme as regras estabelecidas na Constituição. Somente seriam 
reconhecidos como direitos humanos aqueles positivados. 
C. FUNDAMENTO MORALISTA (CHAIM PERELMAN) 
Para essa terceira corrente, os direitos fundamentais (e humanos) decorrem da consciência moral e da experiência 
de determinado povo, no convívio e na experiência do convívio no seio social, configurando o denominado espiritus 
razonables (espírito razoável). Assim, os direitos fundamentais/humanos não são provenientes de uma ordem 
natural, e também não decorrem simplesmente do Direito positivo. Em verdade, os direitos fundamentais/humanos 
possuem como fundamento a consciência moral do povo. 
 
#PERGUNTADEPROVA: Os direitos humanos são universais ou culturalmente relativos? Para responder a tais 
perguntas surgiram as seguintes correntes: 
 
 Universalismo: Os direitos humanos são universais, devem prevalecer em relação às condições regionais, 
culturais, políticas ou econômicas de determinado Estado.
 Relativismo cultural: Cada cultura possui seu próprio discurso acerca dos direitos fundamentais, que está 
relacionado às específicas circunstâncias culturais e históricas de cada sociedade.
 Hermenêutica diatópica ou diálogo intercultural: Para a teoria da Hermenêutica Diatópica, todas as culturas 
possuem concepções distintas de dignidade humana, mas são incompletas. Assim é necessário um diálogo 
intercultural para uma construção de uma concepção cosmopolita.
 Universalismo de partida: Crítica feita por HERRERA FLORES à teoria universalista. Segundo o autor, o 
universalismo leva à crença de que só há uma verdade sobre os fenômenos essenciais da condição humana, e 
que esta verdade é válida para todas as pessoas em todos os tempos. Como crítica ao universalismo, ele chama 
isso de universalismo de partida.
 Universalismo de linhas paralelas: Crítica feita por HERRERA FLORES à teoria culturalista. Para o autor, o 
relativismo cultural entende a cultura como algo fechado, e, por isso, determinado grupo não valora ou não 
incorpora aquilo que não coincide com sua cultura. Como crítica ao relativismo, o autor criou o termo 
universalismo de linhas paralelas, pois cada cultura só olharia para si mesma, nunca se cruzando com outras, 
formando, portanto, um universalismo de retas paralelas.
 Universalismo de chegada: É a solução apresentada por HERRERA FLORES para os problemas existentes no 
universalismo (universalismo de partida) e no relativismo (universalismo de linhas paralelas). Herrera Flores 
acredita em uma cultura de direitos que acolha em seu seio a universalidade das garantias e o respeito pelo 
diferente. A visão complexa de Direitos Humanos assumiria a realidade e a presença de múltiplas vozes, todas
 
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com o mesmo direito a se expressar, a demandar e a lutar. Flores chega então ao conceito de “universalismo de 
chegada ou confluência" em que se propõe a construir um universalismo onde a convivência interpessoal e 
intercultural, o encontro com o outro é valorizado e respeitado. 
 
 
 
 
 
 
4. Direito internacional dos Direitos Humanos: fontes, classificação, princípios, características, gerações e 
dimensões dos Direitos Humanos. Normas de interpretação dos tratados de Direitos Humanos. 
Resolução de conflitos ante a colisão de Direitos Humanos. A responsabilidade internacional por violação 
dos Direitos Humanos: tratados internacionais de Direitos Humanos e as obrigações assumidas pelo 
Brasil, formas de reparação e sanções coletivas e unilaterais. A vigência e eficácia das normas do Direito 
Internacional dos Direitos Humanos. As possibilidades de aposição de reservas e de oferecer denúncias 
relativas aos tratados internacionais de Direitos Humanos. A incorporação dos tratados internacionais de 
proteção de Direitos Humanos ao direito brasileiro. A posição hierárquica dos tratados internacionais de 
Direitos Humanos em face da Constituição brasileira. O controle de convencionalidade. O direito da 
autodiscriminação: discriminação direta e indireta e ações afirmativas. A execução de decisões oriundas 
de tribunais internacionais de Direitos Humanos no Brasil. 
 
Principais características dos Direitos Humanos 
Universalidade  Aplicam-se a todos os seres humanos, sem distinção. 
Inerência  Pertencem aos seres humanos simplesmente pela sua condição de ser humano. 
Transnacionalidade  Independem da nacionalidade do indivíduo ou do fato de ser apátrida. 
 
Historicidade e 
proibição do 
retrocesso 
 
Indisponibilidade, 
irrenunciabilidade e 
inalienabilidade 
 Não configuram uma pauta fixa e estática, definida em um único momento da história. 
Ao revés, há um catálogo aberto a novos direitos. Além disso, vigora a proteção do 
retrocesso, impedindo a eliminação da proteção alcançada a algum direito. 
 A proibição do retrocesso não significa vedação absoluta a qualquer medida que vise 
alterar a proteção de um direito específico. 
 
 Os direitos humanos são indisponíveis, inalienáveis e irrenunciáveis. 
Imprescritibilidade  Os Direitos Humanos são imprescritíveis. 
Indivisibilidade, 
Interdependência e 
Complementaridade 
 Os direitos humanos são indivisíveis, interdependentes e complementares. 
Primazia da norma 
mais favorável 
 Diante de um conflito entre duas normas de direitos humanos, deve ser aplicada 
aquela que melhor proteja a dignidade humana. 
 
Classificação tradicional: A doutrina divide os direitos humanos em gerações: 
 
 
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 PRIMEIRA GERAÇÃO  Direitos civis e políticos, ou direitos de liberdade. Afirma-se a partir de ideais iluministas 
e liberais em voga nos séculos XVIII e XIX e dos movimentos político-sociais da descolonização da América Latina. 
Tais direitos são oponíveis contra o Estado.
 SEGUNDA GERAÇÃO  Refere-se aos direitos econômicos, sociais e culturais. São também conhecidos como 
“direitos de igualdade”. Relaciona-se com as consequências negativas da Revolução Industrial e do liberalismo 
sobre significativos contingentes humanos. Exigem do Estado prestações positivas.
 TERCEIRA GERAÇÃO  São os “direitos de fraternidade”, de caráter difuso, que não se distinguem 
especificamente a um indivíduo ou a um grupo social, mas ao próprio gênero humano como um todo. Ex.: direito 
ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum da humanidade.
 QUARTA GERAÇÃO  PAULO BONAVIDES defende a existência de uma quarta geração dos direitos humanos, 
adequada ao período da globalização na área política e à formação de um mundo marcado por fronteiras 
nacionais mais permeáveis, incluindo o direito à informação, à democracia e ao pluralismo.
 QUINTA GERAÇÃO  PAULO BONAVIDES defende ainda a existência de uma quinta geração de direitos 
humanos, preocupada com a PAZ MUNDIAL, entendida como fundamento da ‘alforria espiritual, moral e social 
dos povos, das civilizações e das culturas’ da forma de governar a sociedade ‘de modo a punir terrorista, julgar 
criminoso de guerra, encarcerar o torturador, manter invioláveis as bases do pacto social, estabelecer e 
conservar por intangíveis as regras, princípios e cláusulas da comunhão política.’
 
DIMENSÕES: 
 
A doutrina passou a classificar os direitos humanos em civis e políticos de um lado, e econômicos, sociais e culturais 
de outro, formando as ‘dimensões’ dos direitos humanos a partir da celebração, em 1966, do Pacto Internacional 
dos Direitos Civis e políticos e do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
 1ª DIMENSÃO  DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS, ‘a expansão da personalidadesem interferência do Estado’ e 
‘proteção dos atributos que caracterizam a personalidade moral e física do indivíduo.’ Os direitos políticos 
seriam aqueles exercidos frente ao Estado ou no Estado, consistindo em ‘poderes da pessoa de tomar parte na 
vida política e na direção dos assuntos políticos de seu país.’
 2ª DIMENSÃO  DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS. José Afonso da Silva afirma que têm uma 
dimensão institucional, baseada no poder estatal de regular o mercado, em vista do interesse público. Os 
direitos sociais teriam a ver com ‘prestações positivas proporcionadas pelo Estado.’ Os direitos culturais são os 
que se relacionam aos elementos portadores de referência à identidade, à ação, à memória de uma sociedade, 
sendo composto por bens físicos e espirituais.
 3ª DIMENSÃO  Carlos Weis trata ainda da dimensão adicional dos direitos humanos, os DIREITOS GLOBAIS,
que corresponderiam aos direitos de terceira geração. 
 
O termo “dimensão” é mais adequado para compor uma classificação dos direitos humanos, visto que a expressão 
“geração” pode induzir a erro, dando a entender que tais direitos se substituem ao longo da história, o que não é o 
caso. Assim, o termo dimensões reflete melhor a complementariedade e a interdependência dos direitos humanos, 
evidenciando que há ampliação do rol de possibilidades de proteção da pessoa. Afinal, todos os direitos são 
importantes para dignidade humana, não se podendo suprimir um em detrimento de outro em vista das 
características das dimensões às quais pertençam. 
Processo de incorporação dos tratados: (i) Celebração do tratado: Competência privativa do Presidente da 
República; (ii) Referendo (resolução definitiva sobre tratados que acarretem encargos): Anuência parlamentar 
(decreto legislativo); (iii) Ratificação: É competência do Presidente (ato discricionário), após anuência do Congresso. 
Teoria da junção de vontades ou teoria dos atos complexos: A Constituição exigiu um procedimento complexo para 
a formação da vontade do Brasil no plano internacional, que une a vontade concordante dos Poderes Executivo (art. 
84, VIII, CF) e do Legislativo (art. 49, I, CF) no que tange aos tratados internacionais. 
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NATUREZA DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS (TEORIA DO DUPLO ESTATUTO) 
NATUREZA CONSTITUCIONAL  Para os aprovados no rito especial do art. 5º, §3º, CF. 
NATUREZA SUPRALEGAL  Para todos os demais (de direitos humanos), quer sejam anteriores ou posteriores à EC 
45/04 e que tenham sido aprovados pelo rito comum (maioria simples, turno único em cada casa). 
NATUREZA DE LEI ORDINÁRIA FEDERAL  Demais tratados que não sejam de DH (tratados comuns incorporados 
internamente). 
CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE 
O controle de convencionalidade é um assunto recorrente dentro das provas de direitos humanos, e encontra-se 
intimamente ligado à atuação da Corte Interamericana. Por isso, é importante ter em mente algum conhecimento 
acerca do instituto da inconvencionalidade, bem como os principais casos em que a Corte Interamericana 
reconheceu a inconvencionalidade de normas dos Estados, como no caso da Lei de Anistia (Gomes Lund e outros vs 
Brasil). 
#AÇÕESAFIRMATIVAS #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA 
É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos 
e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta. STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 868). 
É legítima a utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação, desde que 
respeitada a dignidade da pessoa humana e garantidos o contraditório e a ampla defesa. STF. Plenário. ADC 41/DF, 
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 868). 
 
#PONTOESPINHOSO Em que consiste a DISCRIMINAÇÃO INDIRETA? 
Nas palavras do Ministro Edson Fachin, consiste na discriminação “que, desprovida dessa intencionalidade 
[discriminatória], produz impactos desproporcionais a determinadas pessoas ou grupos sociais”. 
No STF, o conceito foi mencionado em dois casos. O primeiro caso ocorreu na ADI n. 146/DF, em que se reconheceu 
que o teto dos benefícios da previdência social poderia gerar discriminação indireta contra mulheres caso fosse 
aplicado também à licença-gestante. O segundo consistiu na ADPF n. 291, em que o Ministro Roberto Barroso 
afirmou que o crime de pederastia configuraria discriminação indireta contra pessoas homossexuais, na medida em 
que a norma, apesar de aparentemente neutra, seria substancialmente aplicada, por diversas razões, a militares 
gays. 
 
5. O sistema internacional de proteção e promoção dos Direitos Humanos: Organização das Nações 
Unidas (ONU). Declarações, tratados, resoluções, comentários gerais, relatórios e normas de organização 
e funcionamento dos órgãos de supervisão, fiscalização e controle. Órgãos convencionais e 
extraconvencionais. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Pacto Internacional dos Direitos Civis e 
Políticos (PIDCP). Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. Segundo 
Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos visando à abolição da pena de 
morte. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC). Protocolo Facultativo 
ao Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Convenção para a Prevenção e 
Punição ao Crime de Genocídio. Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados. Protocolo sobre o 
Estatuto dos Refugiados. Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial. 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. Protocolo 
Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. 
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes. 
Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos 
 
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ou Degradantes. Estatuto de Roma sobre Tribunal Penal Internacional. Convenção sobre os Direitos da 
Pessoa com Deficiência. Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. 
Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos 
Membros das suas Famílias. Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas Contra o 
Desaparecimento Forçado. Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. 
 
 Declaração Universal dos Direitos Humanos: Proclamada em 1948, por meio de resolução da Assembleia Geral 
da ONU, a declaração NÃO É UM TRATADO, mas sim mera resolução, de caráter recomendatório, não vinculante 
(soft law, portanto).
- MUITA ATENÇÃO: segundo PORTELA, na atualidade é majoritário o entendimento de que os dispositivos 
consagrados na Declaração são juridicamente vinculantes, visto que os preceitos contidos em seu texto já foram 
positivados em tratados posteriores e no Direito interno de muitos Estados. 
- A declaração não é exaustiva, permitindo outros direitos; 
- Fundamenta-se no princípio de que todos nascem iguais em dignidade e direitos; 
- Orienta-se pelos princípios da UNIVERSALIDADE, IGUALDADE E NÃO-DISCRIMINAÇÃO; 
- Não trata da pena de morte. 
- Os direitos humanos não podem ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas, 
pelo que o exercício de direitos não pode justificar a violação de direitos de outrem (art. 29, III); 
- Consagra: 
 
 DIREITOS CIVIS: direito à vida, liberdade e segurança (art. 3º), mas SEM REGULAR A PENA DE MORTE, que 
ficou a cargo de instrumentos posteriores; Liberdade de pensamento, consciência, religião, opinião e expressão, 
reunião e associação pacíficas. Integridade pessoal, vedação da tortura, direitode asilo; Direito a uma nacionalidade 
e a não ser arbitrariamente privado de sua nacionalidade; Direito de PROPRIEDADE, de não ser privado 
arbitrariamente da sua propriedade (art. 17), direito AUTORAL; 
 DIREITOS POLÍTICOS: direito de tomar parte no governo de seu país; 
 DIREITOS SOCIAIS: Direito de FAMÍLIA (art. 14), de contrair matrimônio; Direito DO TRABALHO: proibição da 
escravidão, da servidão, do tráfico de escravos, direito ao trabalho, a condições justas e favoráveis, à proteção contra 
o desemprego, igual remuneração, justa e satisfatória, de organizar sindicatos, repouso, lazer, limitação razoável das 
horas de trabalho, férias remuneradas etc. (art. 23 e 24); Direito a um padrão de vida capaz de assegurar o bem- 
estar, saúde, alimentação vestuário etc. Proteção à maternidade; Direito à livre participação na vida cultural da 
comunidade 
- Ao final, consagra a PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL. 
 Obs.1: a declaração não avança no sentido de estabelecer órgãos específicos. 
 Obs.2: posteriormente, dois tratados diferentes foram criados para complementar, que veremos abaixo. 
 A proteção dos direitos essenciais do ser humano no plano internacional recai em três sub-ramos específicos do 
Direito Internacional Público: o Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH), o Direito Internacional 
Humanitário (DIH) e o Direito Internacional dos Refugiados (DIR).
 A inter-relação entre esses ramos é a seguinte: ao DIDH incumbe a proteção do ser humano em todos os 
aspectos, englobando direitos civis e políticos e também direitos sociais, econômicos e culturais; já o DIH foca na 
proteção do ser humano na situação específica dos conflitos armados (internacionais e não internacionais); 
finalmente, o DIR age na proteção do refugiado, desde a saída do seu local de residência, trânsito de um país a outro, 
concessão do refúgio no país de acolhimento e seu eventual término.
 Logo, o Direito Internacional dos Direitos Humanos é o ramo do DIP que visa a proteger e a promover a dignidade 
humana em caráter universal. Com isso, normas internacionais de direitos humanos assumem o status de
 
 
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prevalência, devendo ser aplicadas antes de qualquer outra, limitando a própria soberania nacional, passando a ser 
incluída dentre os preceitos de jus cogens. 
 Marcos iniciais do processo de internacionalização dos direitos humanos: o Direito Humanitário; a Liga das 
Nações; a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
 Universalismo de linhas paralelas: exacerbação do relativismo cultural, segundo a qual cada cultura é 
responsável por uma visão correta de mundo, capaz de explicar tudo (universal), que não se toca com outras visões.
 Universalismo de confluência e concepção intercultural: se propõe a construir um universalismo onde a 
convivência interpessoal e intercultural, o encontro com o outro é valorizado e respeitado. Guardando profundas 
semelhanças com o conceito de “diálogo intercultural" de Boaventura de Sousa Santos, o “universalismo de 
chegada" é um universalismo de misturas, cruzamentos, que permite ao indivíduo se deslocar pelos diferentes 
pontos de vista sem pretensão de negar a possibilidade de luta pela dignidade humana a ninguém.
 Universalismo abstrato: aquele que ignora as diferenças culturais, com base em princípios que seriam universais 
(concepção liberal iluminista), mas que denotam uma visão de mundo eurocêntrica.
 Cidadania universal: Ter cidadania universal, mundial, ou cosmopolita, significa gozar dos direitos humanos 
consagrados nos instrumentos jurídicos internacionais e nacionais sempre e em todo lugar. Ou seja, a pessoa não 
deve ser respeitada apenas em sua pátria, mas em todo mundo. Não há estrangeiro no planeta Terra.
 Declaração e programa de ação de Viena: Em 1993, os países da ONU se reuniram na II Conferência Internacional 
de Direitos Humanos, a fim de discutir sobre o sistema global. Tratava-se de encontro travado em contexto 
absolutamente diverso da DUDH e dos Pactos de 1966, pois já findada a Guerra Fria. Em Viena foi definitivamente 
legitimada a noção de indivisibilidade dos direitos humanos, cujos preceitos devem se aplicar tanto aos direitos civis 
e políticos quanto aos direitos econômicos, sociais e culturais. A Declaração de Viena também enfatiza os direitos de 
solidariedade, o direito à paz, o direito ao desenvolvimento e os direitos ambientais.
 
Declaração e Programa de Ação de Viena (1993) 
Firmada em 1993, por ocasião da Conferência Mundial sobre Direitos Humanos. Seu objetivo é 
reafirmar os princípios da proteção da dignidade da pessoa humana e atualizá-los ao novo quadro 
internacional. 
 Tecnicamente, a Declaração de Viena NÃO É UM TRATADO, consistindo apenas num documento de 
caráter político. Assim, suas normas não são vinculantes (são soft law). 
Destaca-se a preocupação com questões de caráter geral, como a paz e o bem-estar, e temas 
específicos, como a discriminação e a violência contra as mulheres e a situação dos indígenas. 
A Declaração salienta que os direitos humanos são “direitos naturais”, de todos os seres humanos, e 
que sua natureza universal está “fora de questão” (art. 1º). 
 #SELIGA: O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS POSICIONA-SE OFICIALMENTE PELO 
 UNIVERSALISMO, EM DETRIMENTO DO RELATIVISMO. 
De acordo com o art. 5º, os direitos humanos são indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados, 
devendo ser tratados pela comunidade internacional de forma justa e equitativa. 
Além disso, a soberania nacional não foi excluída da ordem internacional, mas apenas limitadas. 
Assim, AS VIOLAÇÕES A DIREITOS HUMANOS EM UM ESTADO DEVEM SER OBJETO DE AÇÃO POR MEIO 
OU COM A ANUÊNCIA DA ONU OU DE OUTRO ORGANISMO LEGITIMADO PARA TAL, e nunca por 
iniciativa unilateral. 
A Declaração reconhece que a extrema pobreza inibe o pleno e efetivo exercício dos direitos 
humanos. Além disso, manifesta preocupação com o manejo ilícito de substâncias e de resíduos 
tóxicos. 
Por fim, reitera que é dever prioritário dos Estados ELIMINAR TODAS AS FORMAS DE RACISMO E 
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 DISCRIMINAÇÃO RACIAL 
 
 O Sistema Internacional de promoção e proteção dos Direitos Humanos é suplementar e paralelo ao direito 
interno. Seus instrumentos possuem natureza subsidiária, e são acionados sempre que os procedimentos nacionais 
falharem ou forem, de qualquer forma, omissos.
 Desde 1945, pode-se falar em um Sistema universal de proteção (Sistema da ONU ou ONUSIANO), o qual é 
formado por instrumentos normativos gerais e especiais, bem como por organismos e mecanismos de vigilância, 
supervisão, monitoramento e fiscalização dos direitos humanos.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUADRO-RESUMO SISTEMA GLOBAL DE DIREITOS HUMANOS (Universal ou Onusiano) 
 
 
Formação 
 Carta Internacional de Direitos Humanos 
Compreende: 
a. Carta de São Francisco; 
b. Declaração Universal de DH de 19482; 
c. Pacto de direitos civis e políticos; 
d. Pacto de Direitos sociais, econômicos e culturais. 
Demais tratados de DH 
 
Mecanismos de 
monitoramento 
e proteção: 
 
Convencionais 
(ou treaty- 
monitoring bodies) 
 São criados comitês específicos no âmbito de tratados 
específicos. 
 São eles: 
(i) Sistema de relatórios periódicos3; 
(ii) Investigações in loco4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
#Atenção: A DUDH, sob o ponto de vista técnico-formal é uma resolução e não um tratado. Por conta disso, entende-se 
que a DUDH não é formalmente vinculante, sendo mero indicativo de amplo consenso internacional, integrando o 
chamado soft law. Contudo, isso não acarreta a sua irrelevância jurídica. 
É importante ter em mente ainda que os direitos consagrados na DUDH foram posteriormente previstos em tratados, 
como o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociaise 
Culturais. 
3 
Por esse sistema, ao ratificar tratados, os Estados comprometem-se a enviar informes, nos quais devem constar as ações 
que realizaram para respeitar e garantir os direitos mencionados nesses tratados. 
Podemos mencionar, ainda, a possibilidade de envio de relatórios por parte das ONGs (“shadow report”). 
4 
Necessária aceitação expressa do Estado investigado. 
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 O que são treaty bodies? Os principais tratados internacionais de direitos humanos criam Comitês, a fim de 
realizar o monitoramento da situação dos direitos protegidos e acordados. Tais monitoramentos são realizados por 
meio de envio de relatórios pelo Estado-membro, cabendo ao Comitê analisá-los e emitir eventuais recomendações. 
Referidos Comitês também são denominados treaty bodies. Exemplo: A convenção sobre a eliminação de 
Discriminação Racial determinou a criação do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial.
 O sistema global, como visto, é centrado na ONU, cujo principal órgão é o Alto Comissariado das Nações Unidas 
para os Direitos Humanos, para melhor entender, segue o quadro abaixo:
 
5 
A competência dos Comitês para exercício dos mecanismos quase judiciais também deve ser reconhecida 
expressamente pelos Estados. 
#VAICAIR #APOSTACICLOS: Na Comissão Interamericana os Estados não precisam aceitar expressamente a sua 
competência para petições individuais = é OBRIGATÓRIO. 
6 
#FOCOAQUI Somente julga Estados, e somente Estados podem apresentar petições. Indivíduos ou organizações 
internacionais NÃO. 
7 
Cabe somente (i) pedido de esclarecimento e (ii) revisão por fato novo, em até 10 anos. 
8 
Lembre-se  Sentenças de Tribunais Internacionais NÃO precisam ser homologadas pelo STJ e NÃO se confundem com 
sentenças estrangeiras. 
9 
Mecanismo coletivo e político, que prevê que TODOS os Estados da ONU sejam avaliados por seus pares (e NÃO por 
julgadores independentes), em períodos de 4 a 5 anos, evitando-se a seletividade e os parâmetros dúbios da escolha de 
um determinado país e não outro.  São nomeados 3 Estados para o relatório final (= troikas). 
10 
Envolve a nomeação de um Relator especial ou de um Grupo de trabalho, imparciais, para averiguar violações e 
desenvolver relatórios não vinculantes (apenas recomendações). Pode abranger Estados específicos (mandatos 
nacionais) ou temas específicos (mandatos temáticos) e pode ser confidencial ou público, caso o Estado não colabore. 
 
14 
 
Convencionais 
quase judiciais 
 Também são geridos pelos Comitês instituídos por 
determinados tratados5. 
 São eles: 
(i) Comunicações interestatais; 
(ii) Petições individuais. 
  Realizado pela CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA, órgão 
 
 
Convencional 
Judicial 
judicial da ONU. 
 15 juízes 
 Mandato de 9 anos, com possibilidade de reeleição. 
 Somente os Estados podem ser partes6. 
 Depende de adesão facultativa dos Estados, que podem 
 condicionar sua aceitação à presença de reciprocidade. 
 Sentença proferida pela CIJ é definitiva e inapelável78. 
  Existem no âmbito da ONU e seu mandato é entendido de 
 maneira ampla, não se focando exclusivamente em um ou dois 
 tratados, mas em vários deles, sem contar outras fontes de direito 
 internacional. 
 São de responsabilidade do CONSELHO DE DIREITOS 
Extraconvencionais HUMANOS. 
 47 Estados-membros; 
 Vinculado à Assembleia Geral da ONU. 
 Duas espécies: 
(i) Revisão periódica universal (= sistema peer view)9 
(ii) Procedimentos especiais10 
 
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1. ALTO COMISSARIADO DAS 
NAÇÕES UNIDAS PARA OS 
DIREITOS HUMANOS (OHCHR) 
 
2. CONSELHO DE DIREITOS 
HUMANOS (UNHRC/CDH) 
3. COMITÊ DE DIREITOS 
HUMANOS E PROTOCOLO 
FACULTATIVO AO PACTO DOS 
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
 É o principal órgão da ONU, 
sendo parte da estrutura da 
Secretaria-Geral da ONU. 
 Função principal: proteger e 
promover os direitos humanos no 
mundo. NÃO EXAMINA CASOS. 
 Competências específicas: 
apoio aos demais órgãos da ONU; 
coordenação das atividades; apoio 
aos Estados; prevenção de 
violações; promover a cooperação 
internacional. 
 No exercício de sua função, 
priorizará os casos mais urgentes 
de violação, especialmente os que 
envolvam o direito à vida e grupos 
vulneráveis. 
 
Obs.: o Alto Comissariado não 
examina casos. 
 O CDH é VINCULADO À 
ASSEMBLEIA GERAL DA ONU, com 
sede em Genebra. Ele SUBSTITUIU 
A EXTINTA COMISSÃO DE DIREITOS 
HUMANOS. 
 FUNÇÃO GERAL: promover o 
respeito universal aos direitos 
humanos, podendo inclusive 
formular recomendações à 
Assembleia Geral. 
 Ocupa-se de examinar 
violações dos direitos humanos e 
de emitir recomendações. 
 Princípios do Conselho: 
a) universalidade; 
b) imparcialidade; 
c) não-seletividade; 
d) proteção de todas as 
dimensões de direitos 
humanos e promoção do 
diálogo internacional. 
Obs.1: o Conselho funcionará 
com base no diálogo e na ampla 
participação. Ele herdou da 
Comissão de Direitos humanos 
os “procedimentos especiais”, 
que são objeto de um mandato 
conferido a um especialista, 
chamado “relator especial” 
(special rapporteur). 
Obs.2: tais procedimentos 
podem incluir visitas aos 
Estados, desde que haja prévia 
anuência do Estado, através de 
“convites permanentes” 
(standing invitations). 
Obs.3: O Conselho (CDH) NÃO 
ACEITA PETIÇÕES INDIVIDUAIS. 
 Foi concebido para monitorar o 
Pacto dos Direitos Civis e Políticos. É, 
portanto, um órgão de tratado. 
 O Comitê pode expedir 
“recomendações finais”, expressando 
seu parecer acerca da aplicação do 
Pacto e apresentando as 
recomendações eventualmente 
cabíveis. Pode também emitir as 
“observações gerais”. 
 Pode também examinar, 
CONFIDENCIALMENTE, denúncias de 
violações dos direitos consagrados no 
Pacto, observados os seguintes 
requisitos: 
a) o Estado acusado deve ser parte 
do Protocolo, ou, se não for parte, 
ter reconhecido a competência do 
Comitê. 
b) A comunicação deve ser escrita; 
c) Os recursos internos devem ter 
sido esgotados; 
d) Não haver litispendência 
internacional; 
 Por fim, o Comitê pode oferecer 
seus bons ofícios para a solução de 
um problema, inclusive por meio de 
uma “Comissão de Conciliação”. 
 
Obs.1: o Comitê aceita PETIÇÕES 
INDIVIDUAIS ou DENÚNCIAS DE 
ESTADOS. 
 
 
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 Principais instrumentos do sistema. O Sistema Onusiano conta com uma série de tratados sobre a 
proteção de Direitos Humanos. Alguns tem natureza geral (como os Pactos de 1966), outros buscam 
garantir proteção temática e específica para grupos hipervulneráveis (mulheres, crianças, idosos, etc). 
Segue abaixo um quadro-resumo os principais instrumentos.
 
QUADRO-RESUMO TRATADOS DO SISTEMA GLOBAL 
TRATADOS GERAIS 
 
 
 
 
CARTA DAS NAÇÕES 
UNIDAS 
 É o tratado que criou a Organização das Nações Unidas, também chamado de 
Carta da ONU, formada em 1945, em São Francisco (Decreto 19.841/1945). 
 Ela não consagra direitos, nem cria órgãos específicos para a sua proteção. 
A proteção dos direitos humanos é prevista como objetivos da Assembleia 
Geral e do Conselho Econômico e Social. 
Obs.: não havendo ainda um tribunal internacional de direitos humanos, 
nada impede que a Corte Internacional de Justiça, principal órgão judiciário 
do Sistema das Nações Unidas, também examine questões dessa natureza. 
Mas se ligue: somente Estados acionam e são julgados pela CIJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PACTO INTERNACIONAL 
SOBRE DIREITOS CIVIS E 
POLÍTICOS 
(PACTO CIVIL) 
 Foi assinado em 1966 (Decreto 592/1992). Possui preceitos JURIDICAMENTE 
VINCULANTES (ao contrário da Declaração Universal). 
Consagra: 
i. Direito à autodeterminação dos povos (art. 1º)  NADA AUTORIZA 
QUALQUER AÇÃO QUE POSSA AFETAR A INTEGRIDADE TERRITORIAL OU A 
UNIDADE NACIONAL DEESTADO JÁ EXISTENTE; 
ii. O comprometimento do Estado em garantir a todos os indivíduos que se 
encontrem em seu território os direitos reconhecidos no Pacto; 
iii. Igualdade entre todas as pessoas perante a lei (art. 26); 
iv. Igualdade entre homens e mulheres; 
v. Proteção às minorias étnicas, religiosas ou linguísticas; 
vi. Direito à vida; 
vii. Para os Estados que recorram à pena de morte, o Pacto determina sua 
imposição apenas nos casos de CRIMES MAIS GRAVES; 
viii. Proibição de tortura e vedação da imposição de uma pessoa a experiências 
médicas ou científicas (art. 7º); 
ix. Proibição de trabalhos forçados; 
x.A prisão deve ocorrer apenas pelos motivos e dentro dos procedimentos 
estabelecidos em lei. A pessoa presa deverá ser informada desde logo dos 
motivos de sua prisão e conduzida sem demora à autoridade habilitada por lei; 
xi. Proibição da prisão por mero descumprimento de contrato (art. 11); 
xii. Os presos provisórios devem ter tratamento distinto, bem como os presos 
mais jovens; 
xiii. Direito de ir e vir, livremente circular e sair de qualquer país, bem como de 
 
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não ser impedido de entrar no Estado de sua nacionalidade; 
xiv. Liberdade religiosa, de expressão etc. A liberdade de expressão pode ser 
limitada por lei, com vista a assegurar outros direitos, bem como proteger a 
segurança nacional, a saúde ou a moral públicas; 
xv. Direito de reunião pacífica e livre associação; 
xvi. Direitos PROCESSUAIS: Igualdade das partes no processo; Independência a 
imparcialidade dos julgadores; Publicidade; Devido processo legal; Direito à 
assistência de um intérprete; Presunção de inocência; Direito a não depor 
contra si mesmo ou de se confessar culpado; Julgamento célere; Indenização 
por erro judiciário; Vedação do bis in idem; DIREITO AO RECURSO À 
INSTÂNCIA SUPERIOR; anterioridade da lei penal (salvo para beneficiar). 
xvii. Direitos da CRIANÇA: direito ao nome, a uma nacionalidade, de ser 
registrada após o seu nascimento etc. 
xviii. Direitos de proteção e reconhecimento da pessoa jurídica (art. 16), proteção 
à família e ao casamento (art. 23), acesso aos serviços públicos (art. 25); 
xix. Direitos dos ESTRANGEIROS: direito contra a expulsão arbitrária (art. 13); 
xx. O seu art. 4º criar a possibilidade de DERROGAÇÃO TEMPORÁRIA DE CERTOS 
DIREITOS EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS QUE SEJAM PROCLAMADAS 
OFICIALMENTE COMO TAL (ESTADO DE SÍTIO ETC.). Tal derrogação não pode 
ser incompatível com as demais obrigações impostas aos Estados pelo DIP, 
devendo ser respeitado um núcleo básico, composto por: 
o Proteção à vida e limitação à pena de morte (art. 6º); 
o Proibição de tortura e tratamentos desumanos, cruéis ou 
degradantes (art. 7º); 
o Proibição da escravidão, servidão ou tráfico de escravos (art. 
8º); 
o Anterioridade da norma e irretroatividade da lei penal 
maléfica; 
o Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (art. 
16); 
o Liberdade de pensamento, consciência e religião (art. 18). 
xxi. PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL 
 Foi firmado em 1966 e promulgado Pelo Decreto 591/1992. 
Determina que os direitos sociais e culturais deverão ser exercidos sem 
discriminação. Todavia, os países em desenvolvimento poderão determinar 
em que medida garantirão os direitos reconhecidos no Pacto aos 
estrangeiros (art. 2, parágrafos 2º e 3º). 
Consagra, dentre outros: 
i. Direito ao trabalho; 
ii. Condições de emprego justas e favoráveis, com igual oportunidade de 
 
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PACTO INTERNACIONAL 
DOS DIREITOS 
ECONÔMICOS, SOCIAIS 
E CULTURAIS 
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 promoção a categoria superior; 
iii. Descanso, lazer, limitação das horas de trabalho, alimentação, vestimenta e 
moradia adequadas; 
iv. Proteção contra a fome, através de métodos de produção, conservação e 
distribuição de alimentos e educação nutricional; 
v. Liberdade sindical; 
vi. Direito de GREVE (art. 8, parágrafo 1º, “d”)  Mas atente: a liberdade sindical 
pelos membros da administração pública ou forças armadas e policiais poderá 
ser restringido. 
vii. Proteção especial às mulheres e crianças, principalmente as mães; 
viii. Diminuição da mortalidade infantil, prevenção ao tratamento de doenças; 
ix. EDUCAÇÃO: 
o Educação PRIMÁRIA  Obrigatória e gratuita; 
o Educação SECUNDÁRIA e a TÉCNICO-PROFISSIONAL  
Deverão ser generalizadas e tornar-se acessíveis a todos, com a 
implementação progressiva do ensino gratuito. 
x. Autodeterminação dos povos (art. 1º); 
xi. Proteção à família e ao livre consentimento no ato de contrair matrimônio 
(art. 10); 
xii. Direitos culturais e liberdade de criação; 
xiii. PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATADO DE ROMA 
(TPI) 
 TPI possui personalidade jurídica de direito internacional público; 
 O TPI destina-se a julgar indivíduos, e não instituições como os Estados. Os 
indivíduos estão sujeitos a ENTREGA (surrender ou remise). 
 Entrega ≠ extradição. A extradição é entre Estados. A entrega é para o TPI, que é 
um organismo internacional. 
 Imputabilidade internacional é atingida aos 18 anos; 
 Responsabilidade penal internacional subjetiva; 
 Princípio da irrelevância da qualidade oficial: as imunidades diplomáticas não são 
oponíveis ao TPI; 
 Pode examinar apenas atos cometidos no território dos Estados-partes do 
Estatuto de Roma. Porém, poderá atuar contra atos cometidos em territórios de 
Estados não membros, desde que estes aceitem sua competência; 
 Os juízes, procurador e secretário do TPI gozarão dos mesmos privilégios e 
imunidades reconhecidos aos chefes de missões diplomáticas; 
 Sujeição aos princípios da legalidade, anterioridade da lei penal, ne bis in idem, 
irretroatividade (salvo para beneficiar o réu), vedação do emprego de analogia in 
malam partem, igualdade, imparcialidade, contraditório, ampla defesa, razoável 
duração do processo, publicidade, devido processo legal etc.; 
 Os Estados têm o dever de cooperar com o TPI quando necessário; 
 Não há pena de morte no TPI. Os crimes são imprescritíveis; 
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  O TPI possui alcance universal dos seguintes crimes: crimes de guerra, crimes 
contra a humanidade, crimes de agressão e genocídio. 
TRATADOS ESPECIAIS 
Convenção para a 
Prevenção e a 
Repressão do Crime de 
Genocídio 
 Firmada em 1948 (Decreto 30.822/52), logo após a II Guerra Mundial. 
 São puníveis não só o genocídio, como também o ACORDO, O INCITAMENTO, A 
TENTATIVA E A CUMPLICIDADE NO ATO (art. 3). 
#IMPORTANTE: GENOCÍDIO NÃO É CRIME POLÍTICO! 
 
 
 
 
Convenção 
Internacional sobre a 
Eliminação de todas as 
formas de 
Discriminação Racial 
 Firmada pelo Brasil em 1966 (Decreto 65.810/1969), tendo por objetivo o 
combate à discriminação racial, sob os princípios da: 
o UNIVERSALIDADE; 
o IGUALDADE; 
o NÃO-DISCRIMINAÇÃO. 
A discriminação racial não inclui apenas a discriminação por motivo de raça, 
mas também pela cor, descendência ou origem étnica ou nacional (art. 1º). 
Obs.: não configuram discriminação racial as distinções, exclusões, restrições 
e preferências entre cidadãos e não cidadãos, estabelecidas pelos Estados. Da 
mesma forma, as políticas de ações afirmativas são possíveis. 
Pela Convenção, os Estados são obrigados a combater a propaganda e as 
organizações que se inspirem em ideias ou teorias baseadas na superioridade 
de uma raça ou de um grupo étnico (art. 4º). 
 
 
Convenção sobre 
Eliminação de Todas as 
Formas de 
Discriminação contra a 
Mulher 
 Firmada em 1979, promulgada pelo Decreto 86.460/84, visa a conferir maiorpeso político e jurídico à proteção da dignidade da mulher, com a adoção pelos 
Estados de medidas especiais (INCLUSIVE DE CARÁTER TEMPORÁRIO) destinadas 
a acelerar a igualdade de fato entre o homem e a mulher. 
 Além disso, os Estados devem combater o tráfico e a exploração da mulher (Art. 
6). 
Por fim, consagra a proibição da discriminação por motivo de casamento, 
consagrando ainda o direito da mulher ao acesso a serviços médicos que 
atendam às peculiaridades da condição feminina. 
 
 
Convenção contra a 
Tortura e outros 
Tratamentos ou Penas 
Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes 
 Foi celebrada em 1984. 
 Para fins de Convenção, a tortura consiste no “ato pelo qual dores ou 
sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma 
pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões; de 
castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de 
ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por 
qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais 
dores ou sofrimentos são infligidos POR UM FUNCIONÁRIO PÚBLICO ou outra 
pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu 
consentimento ou aquiescência”. 
 
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 De acordo com a Convenção, NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA EXCEPCIONAL 
PODERÁ SER INVOCADA PARA JUSTIFICAR A TORTURA, como a ameaça ou o 
estado de guerra, instabilidade política etc. 
 Determina, ainda que: 
- Os Estados são competentes para prender indivíduos que se encontrem em seus 
territórios (extraterritorialidade) e que tenham cometido atos de tortura em outros 
Estados e, caso não os extraditem, são também competentes para processá-los e 
julgá-los; 
- Os Estados deverão cooperar no combate do problema, inclusive por meio do 
fornecimento de provas de atos de tortura (art. 9); 
- A EXTRADIÇÃO, EXPULSÃO OU DEPORTAÇÃO PARA O ESTADO ONDE EXISTA 
RISCO DE QUE A PESSOA POSSA SOFRER TORTURA SÃO ATOS INADMITIDOS pela 
Convenção (art. 3). Por outro lado, a tortura é entendida como crime extraditável em 
qualquer tratado (art. 8); 
- Nenhuma declaração prestada sob tortura poderá ser invocada como prova em 
qualquer processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como prova de que 
a declaração foi prestada (art. 15); 
- O Estado deve assegurar o direito de a vítima de tortura apresentar queixa a 
respeito perante as autoridades competentes, tomando as medidas cabíveis para 
protegê-la contra qualquer intimidação. 
 Foi firmada em 1989 (Decreto 99.710/90). Orienta-se pelo princípio de que a 
criança necessita de proteção especial, em razão de sua falta de maturidade 
física e mental. 
Para fins da convenção, CRIANÇA É TODO INDIVÍDUO MENOR DE 18 ANOS, 
SALVO SE, DE ACORDO COM A LEI APLICÁVEL À CRIANÇA, A MAIORIDADE 
SEJA ALCANÇADA ANTES (ART. 1º). Nesse sentido, a Convenção não distingue 
crianças de adolescentes. 
 Assegura que: 
- As crianças são titulares de direitos sem distinção de qualquer espécie, inclusive 
por conta de fatores como impedimentos físicos, nascimento ou qualquer outra 
condição de seus pais, representantes legais ou familiares (art. 2); 
- A criança tem direito à vida (art. 6) e, logo ao nascer, ao nome, à nacionalidade 
e ao registro civil (art. 7); 
- O Estado deve conferir proteção especial às crianças. No entanto, a tarefa não 
deve considerar os direitos e deveres que os pais, os responsáveis e a família como 
um todo continuam a ter na educação dos filhos (art. 5); 
- Toda criança tem direito de conhecer seus pais e de ser cuidada por eles. A 
responsabilidade dos pais é primordial (art. 18); 
- Nenhuma criança deve ser separada dos pais. No entanto, essa separação pode 
ocorrer, em caso de maus tratos ou de descuido por parte de seus genitores, ou 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Convenção sobre os 
Direitos da Criança e 
Protocolos Facultativos 
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quando estes vivem separados, e uma decisão deva ser tomada a respeito do local 
da residência do menor; 
- A criança privada de seu ambiente familiar faz jus à proteção estatal; 
- Direito à liberdade de expressão das crianças, com liberdade de buscar, receber 
e transmitir informações e ideias de todos os tipos, independentemente de 
fronteiras, de forma oral, escrita ou impressa; 
- Liberdade de pensamento, consciência e de crença, de associação e reunião 
pacíficas e à privacidade. 
- Direito de condições satisfatórias de saúde, com atenção especial às portadoras 
de necessidades especiais; 
- Direito à educação, que deve ser OBRIGATÓRIA NO NÍVEL PRIMÁRIO. 
- Dever dos Estados de combater o tráfico de crianças para o exterior (art. 11); os 
maus tratos físicos ou mentais; a exploração, inclusive sexual (art. 19 e 34), 
incluindo a participação de menores de 18 anos em espetáculos ou na produção 
de materiais pornográficos; exploração econômica (art. 32); 
- Necessidade de os Estados estabelecerem a jornada e condições de trabalho 
para as crianças, vedado o trabalho perigoso ou que interfira na sua educação, ou 
que seja nocivo à saúde; 
- Vedação do tráfico do tráfico de crianças (art. 35) e o envolvimento de crianças 
em conflitos armados  MENORES DE 15 ANOS NÃO PODERÃO SE ENVOLVER 
EM HOSTILIDADES QUE ENVOLVEM OS CONFLITOS ARMADOS (art. 38); 
- A adoção é regulada pela Convenção (art. 21), devendo atender aos maiores 
interesses da criança e ser concedida apenas pelas autoridades competentes. A 
adoção por estrangeiros é permitida, mas apenas após esgotadas as alternativas 
internas, não devendo envolver benefícios financeiros; 
Obs.1: a Convenção estabelecer que CABE AOS ESTADOS DEFINIREM UMA 
IDADE MÍNIMA DA IMPUTABILIDADE PENAL. 
 Firmada em 2000, parte da necessidade de proteção da criança contra toda 
forma de exploração e de atos prejudiciais a seu desenvolvimento saudável. 
 Parte também do princípio de que a abordagem da questão deve ser HOLÍSTICA. 
 As medidas previstas no Protocolo incluem: 
- Recursos à cooperação internacional; 
- Assistência e recuperação de vítimas (art. 4-12); 
- O Protocolo Facultativo sobre os Direitos das Crianças relativo aos Envolvimento 
de Crianças em CONFLITOS ARMADOS foi firmado em 2000. Ele determina que os 
Estados devem proteger os menores de 18 anos contra o impacto de guerra. Os 
Estados também devem, progressivamente, elevar a idade mínima de 
recrutamento, que atualmente é de 15 anos, exigência que não se aplica a 
escolas operadas ou controladas pelas forças armadas dos Estados Partes (art. 3), 
como colégios militares. A norma também se aplica aos grupos armados distintos 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Protocolo Facultativo à 
Convenção sobre os 
Direitos da Criança 
referente à Venda de 
Crianças, à Prostituição 
Infantil e à Pornografia 
Infantil de 2000 
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 das forças armadas de um Estado (art. 4). 
Regras Mínimas da 
ONU para 
Administração da 
Justiça da Infância e 
Juventude (REGRAS DE 
BEIJING), Regras 
Mínimas da ONU para 
a proteção dos Jovens 
Privados de Liberdade 
(DIRETRIZES DE RIADE) 
e Diretrizes das Nações 
Unidas para a 
Prevenção da 
Delinquência Juvenil 
 No campo específico da proteção da criança e do adolescente, a comunidade 
internacional vem demonstrando crescente preocupação com a situação dos 
menores de 18 anos. Os principais documentos são: 
i. Regras Mínimas da ONU para a Administração da Justiça da Infância e 
Juventude (Regras de BEIJING)  Resolução 40/33, de 1985; 
ii. Regrasmínimas da ONU para Proteção dos Jovens Privados de Liberdade 
Resolução 45/113, de 1990; 
iii. Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da Delinquência Juvenil 
(Diretrizes de Riade)  Resolução 45/112, de 1990. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Regras Mínimas das 
Nações Unidas para o 
Tratamento de Presos 
 As regras sobre tratamento de presos estão em vários diplomas internacionais: 
1º - DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Por ela, os presos não poderão ser submetidos a tortura, nem a tratamento 
ou castigo cruel, desumano ou degradante (art. 5), regra repetida pelo Pacto 
dos Direitos Civis e Políticos (art. 7), que amplia o marco legal da proteção do 
recluso. 
2º - PACTO DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
Consagra que: 
i. A privação de liberdade não pode ocorrer arbitrariamente; 
ii. O preso deve ser informado das razões da prisão e notificado, sem demora, 
das acusações; 
iii. O preso deverá ser conduzido, sem demora, à presença da autoridade 
judicial, com direito a ser julgado em prazo razoável ou de ser posto em 
liberdade; 
iv. A prisão preventiva deve ser excepcional; 
v. O preso tem direito a recorrer ao tribunal; 
vi. O regime penitenciário terá como objetivo principal a reforma e a 
reabilitação moral dos detentos; 
vii. O preso poderá ser obrigado a trabalhar, sem que isso configure trabalho 
forçado (art. 8, “c”, par. 1). 
3 – REGRAS MÍNIMAS PARA O TRATAMENTO DE RECLUSOS (Res. de 1955, 
atualizada em 1957) 
Objetiva estabelecer normas gerais de uma organização penitenciária 
 
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compatível com a dignidade humana e os padrões internacionais mínimos 
relativos ao tratamento de reclusos. Consagra que: 
i. Regra geral, os presos não podem ser tratados de maneira discriminatória; 
ii. São detidos separadamente: mulheres e homens; presos preventivos e 
condenados; reclusos do foro civil e do foro criminal; jovens e adultos; 
iii. No momento da admissão, cada recluso deve receber informação escrita ou 
oral (se analfabeto) sobre o regime aplicável aos detentos da sua categoria, as 
regras disciplinares do estabelecimento e os meios autorizados para obter 
informações e formular queixas; 
iv. Idealmente, salvo circunstâncias excepcionais, as celas não devem ser 
ocupadas por mais de um recluso; 
v. Os reclusos devem ter contato com o mundo exterior; 
vi. Nenhum recluso pode ser punido sem ter sido informado da infração de que é 
acusado e sem que lhe seja dada uma oportunidade adequada de defesa; 
vii. Todo menor de dezoito anos privado de sua liberdade terá direito a manter 
contato com sua família, por meio de correspondência ou de visitas, salvo em 
circunstâncias excepcionais. Terá, por fim, direito a assistência jurídica. 
 Foi assinado em 2000. Seu objetivo é promover a cooperação internacional para 
prevenir e combater o tráfico de pessoas, especialmente mulheres e crianças, 
prevenindo e combatendo o tráfico de pessoas, com especial atenção às 
mulheres e às crianças; proteger e ajudar as vítimas do tráfico, com respeito 
pleno aos seus direitos humanos; e promovendo a cooperação entre os Estados 
Partes com a finalidade de atingir tais objetivos. 
 A expressão “tráfico de pessoas” abrange o recrutamento, transporte, 
transferência, alojamento ou acolhimento de pessoas por meio de artifícios 
com a ameaça ou o uso da força, a coação em geral, o rapto, a fraude, o engano, 
o abuso de autoridade, a situação de vulnerabilidade, ou, ainda, a entrega ou 
aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma 
pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. 
Cabe destacar que o CONSENTIMENTO DA VÍTIMA É IRRELEVANTE CASO 
QUALQUER DOS MEIOS TENHA SIDO EMPREGADO. 
Também serão considerados ilícitos a TENTATIVA de tráfico, a CUMPLICIDADE 
e a ORGANIZAÇÃO ou INSTRUÇÃO de ações de tráfico de pessoas (art. 5). 
Os Estados deverão tomar medidas para prevenir o tráfico de pessoas, 
especialmente mulheres e crianças, o que incluirá o intercâmbio de 
informações entre autoridades competentes, mediante a assistência e 
proteção às vítimas de tráfico de pessoas (inclusive proteção da privacidade e 
da identidade das vítimas de tráfico de pessoas); medidas que permitam a 
recuperação física, psicológica e social das vítimas de tráfico de pessoas; 
 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Protocolo de 
Prevenção, Supressão e 
Punição do Tráfico de 
Pessoas, especialmente 
Mulheres e Crianças, 
complementar à 
Convenção das Nações 
Unidas contra o Crime 
Organizado 
Transnacional 
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segurança física das vítimas de tráfico de pessoas; viabilização da 
possibilidade de, no sistema jurídico, as vítimas obterem indenização por 
danos sofridos; medidas que permitam às vítimas de tráfico 
permanecerem no território do Estado Parte a título temporário ou 
permanente. 
#NOVIDADELEGISLATIVA: Em 06 de outubro de 2016, foi editada, no Brasil, a 
Lei 13.344/2016, que dispõe sobre prevenção e repressão ao tráfico interno e 
internacional de pessoas e sobre medidas de atenção às vítimas; altera a Lei 
no 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro), o Decreto-Lei 
no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e o Decreto-Lei 
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); e revoga art. 231 e art. 
231-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). 
 O Brasil é parte da Convenção de Nova Iorque e de seu Protocolo Facultativo, 
assinados pelo Estado brasileiro em 2007. (Decreto 6.949/2009). 
 Os tratados em apreço são os primeiros atos internacionais que se revestem do 
status de emenda constitucional no Brasil. 
 A Convenção visa a promover, a proteger e a assegurar o exercício pleno e 
equitativo dos direitos humanos por todas as pessoas portadoras de deficiência e 
a fomentar o respeito pela dignidade que lhes é inerente (art. 1º), tratando-as em 
condições de igualdade, de modo a corrigir as desvantagens sociais. 
 Entende-se por deficiência as pessoas que têm impedimentos de longo prazo de 
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com 
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na 
sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas. 
 Os princípios da Convenção de Nova Iorque estão em seu art. 3, quais sejam: 
a) Respeito pela dignidade inerente a todos os portadores de 
deficiência; 
b) Autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias 
escolhas; 
c) A independência das pessoas; 
d) A não-discriminação; 
e) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade; 
f) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como 
parte da diversidade humana e da humanidade; 
g) Acessibilidade; 
h) Igualdade entre a mulher e o homem; 
i) Respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças. 
Os deficientes são titulares dos mesmos direitos de qualquer outro ser 
humano, como o direito de não serem discriminados, a proteção especial das 
 
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Convenção 
Internacional sobre os 
Direitos das Pessoas 
com Deficiência e seu 
Protocolo Facultativo 
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 mulheres e das crianças com deficiência, o direito à vida, liberdade, acesso à 
justiça, prevenção contra exploração etc. 
Além disso, a Convenção tutela questões específicas dos portadores de 
deficiência, tais como: 
- Conscientização em relação à situação dessas pessoas (art. 8); 
- Acessibilidade (art. 9); 
- Vida independente e inclusão na comunidade (art. 19); 
- Mobilidade pessoal(art. 20); 
- Habilitação e reabilitação (art. 26); 
- Educação, saúde, trabalho etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direitos humanos e 
comunidades 
tradicionais 
 O Sistema de Proteção Internacional dos Direitos Humanos no âmbito global tem 
se importado bastante com a situação das comunidades tradicionais, que 
incluem, no Brasil, os povos indígenas. 
Tal atitude parte da noção de universalidade dos direitos humanos, partindo 
do art. 27 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos, que dispõe: “Nos estados em 
que haja minorias étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas pertencentes a 
essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com 
outros membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e 
praticar sua própria religião e usar sua própria língua. ”. 
Destacam-se: 
i. DECLARAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DOS POVOS INDÍGENAS 
(RES. 1/2 DO CONSELHO DOS DIREITOS HUMANOS DA ONU DE 2006 E RES. 
61/295, DE 2007, DA ASSEMBLEIA GERALD A ONU) como mera declaração que é, 
NÃO TEM CARÁTER VINCULANTE. 
Dispõe que os povos indígenas têm os mesmos direitos de todos os demais grupos 
humanos. Entretanto, fundamenta-se também na noção de que tais povos devem 
ser respeitados em suas particularidades. 
Os povos indígenas têm direito à AUTODETERMINAÇÃO, pelo qual “determinam 
livremente sua condição política e buscam livremente seu desenvolvimento 
econômico, social e cultural” e “têm direito à AUTONOMIA ou ao AUTOGOVERNO 
nas questões relacionadas a seus assuntos internos e locais, assim como a 
disporem dos meios para financiar suas funções autônomas” (arts 3-5). 
A Declaração consagra também o direito a “manter e desenvolver seus sistemas ou 
instituições políticas, econômicas e sociais” e a “determinar e elaborar prioridades e 
estratégias para o exercício do seu direito ao desenvolvimento” (art. 20). 
Os povos indígenas têm “direito à VIDA, à INTEGRIDADE física e mental, à 
LIBERDADE e à SEGURANÇA pessoal” e não poderão ser submetidos a atos de 
genocídio, violência, transferência forçada de crianças para outro grupo ou 
assimilação forçada, privação de terras ou remoção compulsória das áreas onde 
habitam e destruição de sua cultura, dentre outros (arts. 7, 8 e 10). 
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Os artigos 11 a 16, 24, 25, 33 e 34 consagram o direito de preservar sua CULTURA, 
TRADIÇÕES, COSTUMES e práticas religiosas, incluindo o direito a conservar locais 
e bens de relevância cultural. 
Os povos indígenas também têm o direito de estabelecer e controlar seus sistemas 
e instituições educativos, que ofereçam educação em seus próprios idiomas, em 
consonância com seus métodos culturais de ensino e de aprendizagem. 
Também têm o direito de desfrutar plenamente de todos os direitos estabelecidos 
no direito trabalhista internacional e nacional aplicável (art. 17). 
O direito à TERRA é regulado pelos artigos 26 a 28 e 32. Por esses dispositivos, 
restou consagrado que “os povos indígenas têm direito às terras, territórios e 
recursos que possuem e ocupam tradicionalmente ou que tenham de outra forma 
utilizado ou adquirido”. Assim, devem os Estados estabelecer procedimentos de 
reconhecimento das terras indígenas. 
Por fim, têm direito à REPARAÇÃO PELAS TERRAS, TERRITÓRIOS E RECURSOS QUE 
POSSUÍAM TRADICIONALMENTE, OU DE OUTRA FORMA OCUPAVAM, E TENHAM 
SIDO CONFISCADOS OU TOMADOS. 
Os ovos indígenas não podem ser privados ou removidos à força de suas terras. 
A proteção do MEIO AMBIENTE e PATRIMÔNIO CULTURAL encontra previsão nos 
artigos 29 a 31. Dentre os direitos elencados, está consagrada a proibição de 
atividades militares, salvo no interesse público ou livremente decididas com os 
povos interessados, ou por estes solicitadas. 
No que concerne às atividades culturais, os povos indígenas têm o direito de 
manter, controlar, proteger e desenvolver seu patrimônio cultural, seus 
conhecimentos tradicionais, suas expressões culturais tradicionais e as 
manifestações de suas ciências, tecnologias e culturas, compreendidos os recursos 
humanos e genéticos, os medicamentos, o conhecimento das propriedades da fauna 
e da flora, as tradições orais, as literaturas, os desenhos, esportes e jogos 
tradicionais e as artes visuais interpretativas. 
ii. CONVENÇÃO 169 DA OIT SOBRE POVOS INDÍGENAS E TRIBAIS 
Firmada em 1989, a Convenção 169 da OIT versa sobre os direitos das comunidades 
tradicionais em geral, incluindo direitos relacionados ao universo laboral, com teor 
muito semelhante ao da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos 
Povos Indígenas. 
Atente: o Direito Internacional do Trabalho, embora enfatize o universo laboral, se 
preocupa com a melhoria da vida humana como um todo. 
A convenção é regida pelo PRINCÍPIO DA NÃO-DISCRIMINAÇÃO, segundo o qual “os 
povos indígenas e tribais deverão gozar plenamente dos direitos humanos e 
liberdades fundamentais, sem obstáculos nem discriminação” (art. 3). 
A Convenção visa a promover a maior participação possível das comunidades 
tradicionais nas decisões acerca de seus destinos, determinando o seu envolvimento 
em qualquer iniciativa referente a políticas de seu interesse. Objetiva também 
 
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fortalecer as comunidades tradicionais, conferindo-lhes o direito a determinar 
suas próprias prioridades no tocante aos respectivos processos de 
desenvolvimento (arts. 6 e 7). 
As comunidades tradicionais têm direito “a conservar seus costumes e instituições 
próprias, INCLUSIVE MÉTODOS AOS QUAIS OS POVOS INTERESSADOS RECORREM 
TRADICIONALMENTE PARA A REPRESSÃO DOS DELITOS cometidos pelos seus 
membros”, desde que não sejam “incompatíveis com os direitos fundamentais”. 
Se ligue: as comunidades tradicionais PODEM MANTER SEUS MÉTODOS DE 
REPRESSÃO AOS DELITOS, desde que compatíveis com os direitos fundamentais. 
Os Estados deverão reconhecer aos povos interessados os direitos de propriedade e 
de posse sobre as terras que tradicionalmente ocupam, além de tomar 
providências para salvaguardar o direito dos povos interessados de utilizar terras 
que não estejam exclusivamente ocupadas por eles, mas às quais, tradicionalmente, 
tenham tido acesso para suas atividades tradicionais e de subsistência. 
Em caso de pertencer ao Estado a prioridade dos minérios ou dos recursos do 
subsolo, ou de ter direitos sobre, ou de ter direitos sobre outros recursos, existentes 
nas terras, os governos deverão estabelecer ou manter procedimentos com vistas a 
consultar os povos interessados. Além disso, os povos interessados deverão 
participar sempre que possível dos benefícios que essas atividades produzam. 
Os povos indígenas e tribais não deverão ser transladados das terras que ocupam. 
Todavia, se a saída for necessária, tal providência deve decorrer do consentimento 
livre dos integrantes dessas comunidades. Nesse caso, deverá ser providenciado o 
retorno tão logo possível. Quando isso não for viável, os povos interessados deverão 
idealmente receber terras cuja qualidade e estatuto jurídico sejam pelo menos 
iguais. 
Por fim, os Estados deverão adotar medidas, inclusive por meio de lei adequada, 
para impedir “toda intrusão não autorizada nas terras dos povos interessados” ou 
“todo uso não autorizado das mesmas por pessoas alheias a eles”. 
Deverão adotar medidas especiais para garantir aos trabalhadores proteção eficaz 
em matéria de contratação e condições de emprego, inclusive com programas de 
formação profissional que atendam às necessidades especiais dos povos, com 
ênfase no artesanato, indústria rural e comunitária, atividades tradicionais etc. 
Por fim, a Convenção 169 se preocupa com questões relativas à saúde e à 
seguridade social (arts. 24 e 25), à educação, à cooperação entre comunidades 
tradicionais

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