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TUCHMAN, Barbara Arte de Escrever – Cidadania & Cultura

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2017­6­19 Arte de Escrever – Cidadania & Cultura
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Cidadania & Cultura
Conquista de Direitos Civis, Políticos, Sociais e
Econômicos com Cumprimento de Deveres
Educacionais, Culturais e Comportamentais Éticos e
Democráticos
   
Arte de Escrever
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Fernando Nogueira da Costa in Educação  24/01/201030/04/2013� 1,113 Words�
2017­6­19 Arte de Escrever – Cidadania & Cultura
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(h便�ps://fernandonogueiracosta.files.wordpress.com/2010/01/barbara‑tuchman.jpg)Bárbara Tuchman é a
historiadora de maior sucesso nos Estados Unidos, duas vezes agraciada com o Prêmio Puli獋�er. Em seus
textos e palestras, apresenta‑nos lições sobre sua arte[1]. Vamos compilá‑las.
Antes de tudo, a paixão pelo assunto é indispensável para se escrever bem. Mas não basta. Bárbara
descobriu que se aprende a escrever, escrevendo. Descobriu que o elemento essencial para se escrever bem é
ter bom ouvido. Devemos ouvir o som de nossa prosa. Em sua opinião, as palavras curtas são sempre
preferíveis às longas. Quanto menos sílabas, melhor! Os monossílabos… são os melhores de todos!
Quando ela escreve, é seduzida pelo som das palavras e pela interação de som e sentido. As palavras
constituem material sedutor e perigoso, a ser usado com cautela.
Sua exposição deve ser feita em todo o seu valor emocional e intelectual, a público amplo, através da difícil
arte da literatura. Note‑se: “amplo público”! A ênfase deve sempre ser dada à escrita para o leitor comum,
em contraposição à escrita apenas para os colegas eruditos. Quando escrevemos para público amplo,
temos de ser claros e interessantes. Esses são os critérios que determinam bom texto.
O leitor é a pessoa que deve estar sempre presente na mente. Escrevamos nossos textos com um cartaz
pregado acima de nossa mesa, perguntando: – “Irá o leitor virar a página?”
O objetivo do autor é, ou deveria ser, manter a atenção do leitor. Querer que o leitor vire a página e
continue a fazê‑lo até o fim. Isso só acontece quando a narrativa avança com firmeza, e não quando entra
em impasse, sobrecarregada de todos os detalhes descobertos na pesquisa, significativos ou não. Contra o
texto tipo “rol de roupa”, o lema: “a exclusão de tudo que é redundante e de nada do que é significativo”!
O leitor é a outra metade essencial do autor. Entre eles há ligação indissolúvel. São necessários os dois para
cumprir a função da palavra escrita. Os escritos não nascem,ou seja, não têm vida independente, enquanto
não são lidos. Logo, primeiro é preciso prender a atenção do leitor.
O objetivo do escritor é a comunicação. Deve ter sempre presente o leitor como fosse ouvinte, cuja atenção
deve ser mantida, para que não vá embora.
Quem escreve tem várias obrigações com o leitor se quiser conservá‑lo. A primeira é destilar. Deve fazer o
trabalho preliminar para o leitor: reunir as informações, dar‑lhes sentido, selecionar o essencial, rejeitar o
irrelevante, sobretudo, rejeitar o irrelevante, e colocar o restante de modo a formar narrativa dramática que
se desenvolve de modo a capturá‑lo. Oferecer massa de fatos não digeridos é inútil para o leitor. Constitui
simples preguiça do autor ou pedantismo para mostrar o quanto leu.
O produto final é resultado daquilo que se escolheu para incluir, bem como daquilo que preferiu deixar de
lado. Colocar tudo, simplesmente, é fácil, e seguro, e resulta em uma dessas obras imensas, nas quais o
autor abdicou e deixou ao leitor todo o trabalho.
Para eliminar o desnecessário, é preciso coragem e também mais trabalho. Pascal terminou carta de 4
páginas a um amigo dizendo: – “Desculpe‑me tê‑lo cansado com carta tão longa, mas não tinha tempo
para escrever‑lhe carta breve”.
A arte de escrever, isto é, a prova do artista, é resistir à atração de desvios fascinantes e apegar‑se ao seu
assunto. São necessárias, simplesmente, coragem e confiança para fazer escolhas e, acima de tudo, para
deixar certas coisas de lado. O melhor quadro é aquele que mostra apenas as partes da verdade que
produzem o efeito do todo.
Ler, como escrever, é o maior dom com que o homem se dotou, por meio do qual podemos realizar viagens
ilimitadas. Ler possui sedução interminável. Escrever, pelo contrário, é trabalho pesado. É preciso sentar‑se
na cadeira, pensar e transformar o pensamento em frases legíveis, atraentes, interessantes, que tenham
sentido e que façam o leitor prosseguir. É trabalhoso, lento, por vezes penoso, por vezes, agonia. Significa
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sentido e que façam o leitor prosseguir. É trabalhoso, lento, por vezes penoso, por vezes, agonia. Significa
reorganizar, rever, acrescentar, cortar, reescrever. Mas provoca animação, quase êxtase, um momento no
Olimpo! Em suma, é ato de criação!
Tal como a Bárbara vê, o processo criativo tem três partes. Primeira, a visão extra com a qual o artista
percebe uma verdade e a transmite pela sugestão. Segunda, o meio de expressão: a língua para os
escritores, a tinta, para os pintores, o barro ou a pedra para os escultores, o som expresso em notas musicais
para os compositores. Terceira, o plano ou a estrutura.
A estrutura é, principalmente, problema de seleção, tarefa angustiante, porque há sempre mais material do
que se pode usar. Não se pode colocar tudo; o resultado seria massa informe. O trabalho consiste em
encontrar a linha narrativa sem se afastar dos fatos essenciais, ou sem deixar de fora qualquer fato
essencial, e sem deformar o material para que sirva às nossas conveniências.
Quando se trata de linguagem, nada mais satisfatório do que escrever boa frase. É prazer realizar, quando
se pode, prosa clara e corrente, simples e ao mesmo tempo cheia de surpresas. Isso não acontece por acaso.
Exige habilidade, trabalho árduo, bom ouvido e prática constante. As metas, como já disse, são a clareza, o
interesse e o prazer estético. É importantíssima a arte de tornar o sentido claro!
A comunicação é, afinal de contas, o objetivo para o qual a linguagem foi inventada. Há critério tríplice
para sua avaliação: a convicção do autor de que tem alguma coisa a dizer; que vale a pena ser dita, e que
pode dizê‑la melhor do que ninguém. Dizer não para poucos, mas para muitos. Juntamente com a
compulsão de escrever, deve estar o desejo de ser lido. Nenhuma página se torna viva, a menos que o escritor
veja, do outro lado de sua mesa, o leitor, e busque, constantemente, a palavra ou a frase que levará a ele a
imagem desejada e despertará a emoção que deseja criar nele. Sem a consciência de um leitor vivo, o que o
autor escreve morrerá em sua página.
De todos os instrumentos, a crença na grandeza de seu tema é o mais estimulante. É assim que o autor deve
considerar seu assunto. Isso faz com que nenhum leitor possa deixar seu texto de lado!
[1] TUCHMAN, Bárbara W.. A Prática da História. Rio de Janeiro, José Olympio, 1991 (original de 1989).
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