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Contestação à Ação de Anulação de Negócio Jurídico

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Campinas/SP.
Processo nº: 1234.
JULIANA FLORES, brasileira, solteira, empresária, portadora da cédula de identidade nº XXXXX e inscrita no CPF sob o nº XXXXX, residente e domiciliada à Rua Tulipa, nº 333, Campinas/SP, CEP:XXXXX, com endereço eletrônico: XXXXX, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar
CONTESTAÇÃO
à AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO, movida por SUZANA MARQUES, devidamente qualificada nos autos em epígrafe, em curso perante esse Juízo, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:
I - DO BREVE RESUMO DA EXORDIAL
Primeiramente, cabe salientar que a Demandante alega que doou no dia 18/05/2012, um imóvel situado na Rua Melão, nº 121, Ribeirão Preto/SP, no valor de mercado de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), para o Orfanato Semente do Amanhã.
Declara ainda, que a tal doação foi decorrente da coação sofrida pela mesma, posto que era funcionária da empresa XYZ Ltda, em que a Ré é sócia majoritária, atuando como presidente., bem como diretora do orfanato em questão.
A Demandante também aduz que a Ré lhe dizia que deveria doar bens para a caridade a fim de que “reservasse seu espaço no céu”, crença esta da religião a qual pertencia. 
Por fim, a Autora alega que por receio de ser demitida, decidiu doar um imóvel de sua propriedade à instituição supracitada.
II – DAS PRELIMINARES
II.I. DA COISA JULGADA
Preliminarmente, há que se considerar que a Autora já postulou acerca dos mesmos objetos, mesma causa de pedir e contra a mesma parte, processo este que tramitou perante a 2ª Vara Cível da Comarca de Campinas, e que a sentença foi julgada improcedente.
Ora, é patente a existência de coisa julgada à medida que ambas as ações estão baseadas nos mesmos fatos e fundamentos, conforme estabelecido no art. 337, VII, §4º do CPC.
Posto isto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, V, do Código de Processo Civil, por existência de coisa julgada, sob pena de afronta não somente aos referidos artigos infraconstitucionais, mas também de violação direta do art. 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal.
II.II DA CARÊNCIA DE AÇÃO POR ILEGITIMIDADE PASSIVA
A legitimidade das partes é consoante o disposto no art. 17, do NCPC, uma das condições da ação, sem a qual é inviável a análise do mérito da demanda.
A legitimidade passiva, segundo a valiosa lição de Wambier, consiste na “relação de sujeição diante da pretensão do autor”. Destarte, se não há nexo de causalidade entre o direito invocado pelo autor e a conduta do réu, verifica-se a ocorrência de ilegitimidade passiva.
Salienta-se, que a parte Ré não é legítima para configurar no polo passivo da presente demanda, visto que não foi a beneficiária da doação realizada pela Autora.
Conforme dispõe o art. 339 do CPC, a parte que declarar ser ilegítima é incumbida de indicar o verdadeiro sujeito passivo da relação jurídica, e que no caso concreto é a instituição do Orfanato Semente do Amanhã.
 Sendo assim, requer que seja acolhida a preliminar de carência da ação por ilegitimidade passiva na forma do art. 337, XI do CPC, bem como a intimação da Demandante para que no prazo de 15 (quinze) dias promova a alteração do polo passivo, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito na forma do art. 338 do CPC.
III – DA PREJUDICIAL DE MÉRITO
III.I DA DECADÊNCIA
O direito de reclamar por eventuais vícios existentes no referido negócio jurídico já foi vitimado pela decadência, portanto a presente ação não merece prosperar.
Frisa-se, que mesmo que tivesse ocorrido a coação, o prazo legal para propositura de ação de anulação de negócio jurídico é de 4 (quatro) anos contados da data da coação na forma do art. 178, I do CC.
Destaca-se que, a Demandante alega ter sofrido coação por parte da Ré em meados de 2012, portanto teria até o ano de 2016 para requerer a anulação da doação.
Dessa forma, Vossa Excelência deve reconhecer de ofício a decadência do direito da Autora conforme dispõe o art. 210 do CC, bem como julgar extinto o processo com resolução do mérito na forma do art. 487, II do CPC.
IV – DO MÉRITO
Primeiramente, cumpre informar que “Coação é toda ameaça ou pressão exercida sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio. (SILVA, 2008)”.
Insta salientar que a Ré em nenhum momento praticou qualquer ato que colocasse a Autora em situação de coação, seja ela física ou moral.
Importante frisar, que a Demandada sugere aos seus funcionários que pratique atos de caridade, porém nunca obrigou nenhum destes a praticá-los, conforme pode ser comprovado por meio de testemunhas.
Elucida-se que a Demandante participa do mesmo centro religioso que a Ré, comprovando mais uma vez ter sido mera liberalidade de sua parte.
Dessa forma, não ficou configurado a coação no caso, e portanto o negócio jurídico não deve ser anulado, até mesmo porque o prazo para ajuizamento de ação desse tipo é de quatro anos.
Para provar o alegado, têm-se os seguintes julgados:
 TJ-RS - Apelação Cível AC 70010266179 RS (TJ-RS)
Data de publicação: 28/12/2004
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE DOAÇÃO. ALEGAÇÃO DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. COAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. Sem que tenha sido comprovada a alegada coação, não há fundamento legal para a anulação da doação. Ademais, os autos dão conta de que a presente ação não passa de reflexo do simples arrependimento da donatária.NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. (Apelação Cível Nº 70010266179, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alzir Felippe Schmitz, Julgado em 28/12/2004)
TJ-DF - 20150111452658 DF 0042524-18.2015.8.07.0001 (TJ-DF)
Data de publicação: 08/06/2017
Ementa: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. DOAÇÃO DE POSSE DE UM LOTE NÃO ESCRITURADO. COAÇÃO MORAL RELIGIOSA. NÃO COMPROVAÇÃO. DIREITOS POSSESSÓRIOS. AUSÊNCIA DE VÍCIO FORMAL. RECURSO IMPROVIDO.
TJ-SP - Apelação APL 03221976120098260000 SP 0322197-61.2009.8.26.0000 (TJ-SP)
Data de publicação: 19/03/2014
Ementa: Ação anulatória de doação. COAÇÃO. SENTENÇA DE Improcedência. 1. Doação realizada sob coação. Prescrição. Inteligência do artigo 147, II, CC16. Prazo decadencial de 4 anos. A doação foi feita em 23-10-1990 e a presente ação foi proposta somente em 17-04-2008.
Noutro ponto, o simples temor reverencial não é coação (art. 153, 2ª parte – CC). Assim, não se reveste de gravidade suficiente para anular o ato o receio de desgostar os pais ou outras pessoas a quem se deve obediência e respeito, como os superiores hierárquicos.
O emprego temor reverencial não vicia o consentimento quando desacompanhado de outros atos de violência (Gonçalves, 2012).
No caso em tela não se aplica a hipótese de temor reverencial, visto que quando a mesma realizou a doação em 18/03/2012, já havia recebido proposta de emprego em Fevereiro/2012 de uma empresa concorrente, inclusive com salário melhor.
Relata-se, que um mês após a transação, a Demandante aceitou a proposta de emprego e pediu demissão da empresa onde a Ré é sócia, o que demonstra que a mesma já tinha em mente a saída da XYZ Ltda quando da prática da doação.
Dessa forma, resta cristalino que o negócio jurídico realizado ao Orfanato foi ato de pura liberalidade da parte Autora, sendo esta uma manifestação de vontade voluntária e consciente.
Por fim, devem ser julgados totalmente improcedentes os pedidos autorais, tendo em vista que o negócio jurídico é desembaraçado de qual vício de consentimento ou coação na forma dos artigos 171, II e 151 do CC.
V – DO PEDIDO:
			Isto posto, digne-se Vossa Excelência determinar o que segue:
Inicialmente, o acolhimento da preliminar de coisa julgada, tendo em vista que a presente demanda, é a segunda ação ajuizada pela Autora com os mesmos pedidos, causa de pedir e partes, julgando extinto o processo sem resolução do mérito, na forma dos arts. 337,VII,§4º e 485, V do CPC;
Caso a preliminar não seja acolhida, requer a extinção do feito sem resolução de mérito, por carência de ação, em função da ilegitimidade passiva, a teor do disposto no art. 485, inc. VI, do NCPC;
c) Em sede de prejudicial de mérito, que seja acolhida a decadência do direito da Demandante, visto que o prazo para ação de anulação de negócio jurídico por coação é de quatro anos, julgando extinto o processo com resolução do mérito, conforme o art. 487, II CPC;
d) No mérito, por amor ao debate, que seja declarada a improcedência do pedido autoral, tendo em vista que a prática da Autora foi ato de mera liberalidade de vontade;
 e) A condenação da Demandante ao pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros previstos no art. 85, §2º do CPC.
VI – DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todas as provas em direito admitidas, notadamente o depoimento pessoal das partes, testemunhal, documentais, assim como a posterior juntada de documentos que se fizerem necessários ao deslinde da presente causa.
Termos pelos quais, aguarda deferimento.
Nova Friburgo, 25 de Outubro de 2016.
Assinatura do Advogado
OAB/UF

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