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Síntese de IED - 2º Semestre

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Síntese de Introdução ao Estudo do Direito – 2º Semestre
Fontes do Direito
“Fontes do direito”  é uma expressão utilizada no meio jurídico para se referir aos componentes utilizados no processo de composição do direito, enquanto conjunto sistematizado de normas, disciplinador da realidade social de um estado. Em outras palavras, fontes são  as origens do direito, a matéria prima da qual nasce o direito; OU SEJA, segundo Reale, os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legitima forma obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa. 
Existe uma oposição formal entre Fontes Materiais do Direito e Fontes Formais do Direito: 
Fontes Formais: Refere-se ao aspecto normativo, ou seja, apenas a lei expressa ou tácita, de modo a ser caracterizada como produto de diversas questões de direito.
Fontes Materiais: Refere-se aos fatores que geraram a necessidade da criação de um sistema organizado, no caso, o direito; que será esquematizado por instrumentos normativos. Considera-se os motivos politicas, sociais, econômicas, antropológicas e sociológicas que condicionaram o aparecimento e as transformações das regras de direito. Não existe propriamente uma nascente dessas formas, ela ocorre de acordo com a realidade social.
Controlando – se a produção das normas – as chamadas fontes do direito – controla-se imediatamente a maior parte da própria atividade jurídica.
Não existe correspondência quantitativa entre textos normativos e normas jurídicas.
Diversidade de fontes de direito: 
	O ordenamento jurídico atende as fontes principais do direito (lei) e as fontes subsidiárias do Direito (costumes, princípios gerais do direito, jurisprudência, doutrina e acordo de vontades).
Fontes formais / principais do Direito:
Lei: 
A lei é a forma moderna de produção do direito positivo; é o ato do poder legislativo que estabelece as normas, portanto faz parte de um gênero de normas. Distingue-se por seu sentido, podendo ser este estrito ou amplo. É o principal instrumento introdutório de norma no ordenamento jurídico, e costuma ser expressa. 
A lei é sempre certa e predestinada; há sempre um momento no tempo, e um órgão do qual emana o Direito legislado. Sendo assim, o termo lei, é uma regra ou um conjunto ordenado de regras escritas, que engloba regulamentos, decretos, resoluções, portarias, avisos, etc. 
- Lei no sentido estrito: referência genérica que atinge a lei.
- Lei no sentido amplo: preceito comum e obrigatório emanado no poder legislativo. 
Fontes subsidiárias do Direito:
Costumes: 
Os costumes são formas de conduta de regras de comportamento social, considerada obrigatoriedade pelos membros da sociedade. Originam-se de normas costumeiras, mesmo não sendo lei, obrigam igualmente. Essas condutas vêm a ser a regra de conduta que provém da consciência comum do povo, para corresponder a uma necessidade jurídica, ou seja, é o fato de empregar a mesma regra a uma situação que se repita, seguindo esta regra como legítima e obrigatória, é que forma o costume. "Um exemplo de regra consuetudinária é a "fila", quem chega antes, fica em primeiro lugar”.
Para que um costume seja reconhecido, é preciso que seja contínuo, constante, sem dúvidas, sem alteração, que seja moral e que não seja facultativo, ou seja, ele precisa ser institucionalizado, todos os cidadãos realizam a mesma prática sem qualquer manifestação, supondo dessa forma que foi consentido em sua maioria. Essa convicção de uso que confere a validade jurídica. 
A grande problemática de utiliza-lo como fonte de direito é regra de comportamento social, considerando a obrigatoriedade pelos membros da sociedade (difícil verificação), a difícil necessidade de reconhecimento judicial e de provas concretas. É utilizado somente quando há uma lacuna na Lei, sendo assim, está em “último lugar” na hierarquia das fontes do Direito, não podendo contrariar o direito escrito.
Por conta da primazia do controle normativo estatal sobre os costumes, a teoria geral do direito distingue entre costumes que confirmam a norma, que especificam a norma e que contrariam a norma:
Aos costumes estabelecidos CONTRA as estipulações normativas, ou seja, costumes opostos à lei, onde as normas costumeiras contrariam as normas de Direito escrito → Costume negativo ou contra legem.
Aos costumes que CONFIRMAM as estipulações normativas, ou seja, costumes contemplados na lei; o preceito, não contido na norma, é reconhecido e admitido com eficácia obrigatória → Costume secundum legem.
Aos costumes que são PRÁTICAS que detalham as normas jurídicas e especificam o seu uso, ou seja, costumes não abrangidos pela lei, mas que completam o sistema legislativo; na falta de um dispositivo legal aplicável, o juiz deverá decidir de acordo com o Direito costumeiro → Costume praeter legem.
Jurisprudência:
	É o entendimento de um conjunto de Órgãos Colegiados (tribunal) sobre determinado tema dentro de um intervalo de tempo especifico; ou seja, é a decisão tomada que tem a mesma direção interpretativa, ou seja, a jurisprudência surge quando uma situação é decidida reiteradamente no mesmo modo. É considerada como fonte subsidiária no direito, visto que, são individuais e, portanto referem-se a casos concretos, ou seja, apenas podem ser aplicadas em algumas situações. 
	Por englobar vários Órgãos colegiados, não cria obrigatoriedade dos demais tribunais, mesmo porque o direito jurisprudencial não se forma através de uma ou três sentenças, mas exige uma série de julgados que guardem entre si, uma linha essencial de continuidade e coerência. A jurisprudência, muitas vezes, inova em matéria jurídica, estabelecendo normas que não se contêm estritamente na lei, mas resultam de uma construção obtida graças à conexão de dispositivos, nessas oportunidades, o juiz compõe, para o caso concreto, uma norma que vem completar o sistema objetivo do direito. 
Doutrina: 
	A doutrina contém o trabalho esquematizado e organizado de interpretação da atividade de juristas, professores, jurisconsultos, tratadistas, entre outros. Refere – se á obras acadêmicas, tratados jurídicos, manuais didáticos, artigos, comentários, etc. 
	Constitui um subsídio para análise do Direito, pois o conjunto de investigações e pensamentos teóricos e princípios expostos metodicamente estudos funciona como argumento de autoridade no sentido de conhecimento do tema, ou seja, caso não haja possibilidade de resolver o conflito através da legislação, é possível utilizar-se da análise do conhecimento reconhecido por doutrina, visto que é reconhecido por sua eficácia.
Princípios Gerais do Direito: 
	Servem como principio para a interpretação, identificação e interpretação das normas escritas e orientações gerais do ordenamento jurídico. Norteiam a aplicação do direito, pois tendem a confirmação das leis, ou na falta delas, como forma de subsidio. 
Trata-se de proposições mais abstratas que dão razão ou servem de base e fundamento ao Direito, ou seja, são atos presumidamente praticados de boa fé. Prestam-se também a um uso ideológico por parte do jurista. Por serem gerais, tais princípios não são estipulados nem especificados normativamente. Revelam-se como uma petição por horizontes gerais na confecção e na concretização da prática do direito.
Contratos ou Acordos de Vontade: (também podem ser chamados de “poder negocial” ou “normação privada”).
	É o acordo de vontades firmado pelas partes objetivando criar direitos e obrigações recíprocas. É considerada fonte num sentido diminuto, visto que, apenas geram implicações jurídicas, porque normas do direito positivo assim o estipularam. São considerados fontes de direito porque repercutem em situações jurídicas que lhe são dependentes, mas resultam da própria previsão normativa estatal. Por se tratar de um acordo / vinculação dos particulares, existe uma forte limitação por normas estatais, devido a essas condições particulares de manifestação de vontade. 
	A problemática dos acordosde vontade refere-se à materialização do contrato, transformando – o em lei, visto que não pode ser considerada fonte formal de direito, e como norma contratual não estabelece sanção. 
Direito Objetivo e Direito Subjetivo: 
	Na palavra direito existe uma plurivalência semântica, visto que ora significa o ordenamento positivo vigente em determinado Estado (direito objetivo), ora significa o poder que as pessoas têm de fazer valer seus direitos individuais (direito subjetivo).
Segundo o professor Caio Mário: “direito subjetivo e direito objetivo são aspectos de conceito único, compreendendo a facultas e a norma os dois lados de um mesmo fenômeno, os dois ângulos de visão do jurídico. Um é o aspecto individual, outro o aspecto social, o direito objetivo nos permite fazer algo porque temos o direito subjetivo de fazê-lo”.
Direito Objetivo 
	Das fontes de direito resulta uma trama ordenada de relações sociais que, em virtude das matrizes de que se originam, são dotadas de garantia especifica, ou sanções. Á medida que as fontes de direito desenvolvem e ordenam fatos, vão surgindo “modelos jurídicos”, correspondentes às diversas estruturas sociais e históricas e a estruturação dessas relações sociais possibilitam o seu estudo objetivo.
O Direito objetivo é o conjunto de normas que o Estado mantém em vigor. É aquele proclamado como ordenamento jurídico e, portanto, fora do sujeito de direitos. Essas normas são consagradas através de sua fonte formal: a lei. Numa visão mais moderna, o direito positivo se apresenta como o conjunto das regras vigentes em um determinado sistema jurídico, emanadas de uma autoridade estatal. O direito objetivo, através das normas, determina a conduta que membros da sociedade devem observar nas relações sociais.
O ordenamento jurídico é formado pelas diversas fontes de direito, sob proteção do Estado, como um sistema aberto e polivalente. Compreende além das fontes, os seus conteúdos e projeções, abrangendo tanto as regras explicitas como as elaboradas para suprir as lacunas do sistema. 
Características do direito positivo:
A necessidade de sua vigência/validade jurídica, devido à ocorrência da criação de um sistema organizador de regras sociais (ordem jurídica).
A necessidade de sua legitimidade, considerando sua subordinação em relação à lei e a justiça. 
Direito Subjetivo:
	Por direito subjetivo quer-se dizer a respeito do direito de algum sujeito (A palavra “subjetivo”, em direito, refere-se sempre ao sujeito).
	O direito subjetivo surgiu com o Capitalismo, na Idade Moderna, visto que, passa a não ser mais necessária a utilização da força física para ser proprietário de determinados bens, basta adquiri-los para se dizer que tem direito subjetivo sobre eles. 
	O direito subjetivo de um sujeito de direito é garantido pelo Estado, bem como também é extraído das normas jurídicas, sendo o Estado o elemento que lhe dá constituição. Apenas quando uma norma reconhece o direito de um sujeito é que ele poderá pleitear, perante o Estado, o cumprimento desse seu direito subjetivo; ou seja, todos os seres humanos possuem direitos subjetivos, entretanto nem todos têm esses direitos reconhecidos, como é o caso dos judeus na época de Hitler e dos negros na escravidão do Brasil. 
	Para Kelsen, não há relação de direitos subjetivos entre uma pessoa e uma coisa. As normas jurídicas estipulam direitos e deveres apenas entre sujeitos de direito. É por isso que, tecnicamente, os animais e a natureza não são sujeitos de direito nem têm direitos subjetivos; por isso, o direito subjetivo é o direito do sujeito de direito, atribuído por meio de uma norma jurídica. 
Sendo assim, nos referimos a “direito subjetivo” quando dizemos:
O locador tem o “direito” de receber o aluguel;
O Estado tem o “direito” de desapropriar imóveis ou cobrar impostos;
O sindicato tem o “direito” de representar a respectiva categoria;
O cidadão tem o “direito” de votar;
O homem tem “direito” à vida, à liberdade, à propriedade, etc.
A teoria da vontade de Windscheid: o direito subjetivo como faculdade.
Para Windscheid, o direito subjetivo pode ser definido como o poder da vontade do sujeito reconhecido pela ordem jurídica.
 CRÍTICAS:
1. Direitos subjetivos sem vontade efetiva e real (Ex.: incapazes, nascituro, pessoas jurídicas, trabalhadores);
2. Quando da existência da vontade efetiva e real, o Direito não protege “sua vontade”, mas “seu direito” (Ex.: casa furtada). 
Teoria do interesse de Ihering: o direito subjetivo como poder
Para Ihering, existiria direito subjetivo quando houvesse atuação na forma de ação judicial para execução de uma consequência jurídica concreta (sanção) igual ao procedimento jurisdicional. A sanção somente pode ser aplicada quando apresentada petição por indivíduo com poder para tal (fazer valer o não cumprimento do dever)
• CRÍTICAS:
1. Interesse/bem jurídico não é o direito subjetivo em sim, mas seu objeto mediato (objeto imediato X objeto mediato da obrigação).
2. Há interesses protegidos em lei que não constituem direitos subjetivos. Exemplo: leis de proteção aduaneira à indústria nacional; interesse dos consumidores na fiscalização de alimentos vendidos à população. 
3. O poder jurídico descrito por Ihering não é reflexo do dever jurídico exercido numa relação de jurídica direito material, porque é exercido numa relação jurídica de direito processual. Para Kelsen, tal corresponde a um direito subjetivo em sentido técnico (poder jurídico de fazer valer...).
4. A estatuição de direitos subjetivos em sentido técnico (proteção jurídica) não é uma função essencial do Direito (aparece no Direito Privado e em partes do Direito Administrativo). Exemplo: ação penal pública incondicionada.
A posição de Kelsen: direitos subjetivos como “reflexos” do dever jurídico
Kelsen verifica uma oposição clássica entre direito objetivo (da ordem jurídica) e direito subjetivo (de um sujeito). Para ele, direitos e deveres são correlatos:
‘‘A é obrigado a uma conduta em face de B. A conduta de A corresponde a um conduta de B’’.
‘‘A pode exigir (tem o direito subjetivo de exigir) a conduta de B, conduta que B é obrigado em face de A ’’.
A bipolaridade é um dado estrutural da relação jurídica. Na relação jurídica, pelo menos um dos sujeitos é determinado, o outro...
Está determinado = DIREITO SUBJETIVO RELATIVO: sujeito passivo individualizado/direitos e deveres subjetivos relativos ou específicos/pretensão e dever de prestação (satisfação de interesse). Exemplo: locação, compra e venda.
Está indeterminado (mas há determinabilidade) = DIREITO SUBJETIVO ABSOLUTO: sujeito passivo generalizado (‘‘todos os sujeitos de direito’’) / gozo e dever negativo de abster-se ou omitir-se (respeitar a posição jurídica do titular ou não interferir em sua esfera de licitude) Exemplo: promessa de recompensa, direito à vida, direito à propriedade.
Kelsen conclui então que o direito subjetivo de um sujeito não pode ser designado como se fosse algo diverso do dever do outro sujeito; e que a ‘‘pretensão’’ ou ‘‘gozo’’ constituem apenas reflexos de deveres jurídicos.
Em suma: 
Teoria da Norma Jurídica
Introdução
Características das Normas Jurídicas: 
Abstratividade: a norma não foi criada para regular uma situação concreta ocorrida, mas para regular, de forma abstrata, abrangendo o maior número possível de casos semelhantes, que, normalmente, ocorrem de uma forma. A norma não pode disciplinar situações concretas, mas tão somente formular os modelos de situação, com as características fundamentais, sem mencionar as particularidades de cada situação, pois é impossível ao legislador prevê todas as possibilidades que podem ocorrer nas relações sociais.
Coercibilidade: pode ser explicada como a possibilidade do uso da força para combater aqueles que não observam as normas. Essa força pode se dar mediante coação, que atua na esfera psicológica, desestimulando o indivíduo de descumprir a norma, ou por sanção (penalidade), que é o resultado do efetivo descumprimento.
Imperatividade:a norma, para ser cumprida e observada por todos, deverá ser imperativa, ou seja, impor aos destinatários a obrigação de obedecer. Não depende da vontade dos indivíduos, pois a norma não é conselho, mas ordem a ser seguida.
Teoria Legislativa do Direito: 
Preeminência da legislação como fonte do Direito.
Não exclusão das demais fontes - subsidiariedade.
Complexidade da relação entre lei e demais fontes
Teoria da Coatividade das Normas: 
DIREITO: ordem coativa da conduta humana.
ATO COATIVO: São características da coação → 
Tutela das situações consideradas indesejáveis
Sanção / um mal indesejado pelo destinatário.
Motivação à realização da conduta prescrita / evitar a sanção
COATIVIDADE DAS NORMAS (ato efetivo da força) e COERCIBILIDADE DO DIREITO (efeito psicológico, ameaça da aplicação da lei). 
SANÇÃO: consequência de uma ação ou de uma omissão estatuída pela ordem jurídica
Teoria da Imperatividade do Direito/ Teoria da Norma Jurídica: A imperatividade do Direito consiste na aplicação da lei vigente, forçando o operador do direito a limitar sua atuação jurídico-social à legalidade positivista preexistente. Sendo assim, é preciso ressaltar algumas características vigentes nessa teoria:
Estado = única fonte (produtora) do Direito;
Lei = única expressão do poder normativo do Estado
Estatalidade da norma jurídica
A norma jurídica tem a estrutura de um COMANDO / PRESCRIÇÃO / IMPOSIÇÃO / ORDEM.
IMPERARTIVIDADE/PRESCRITIBILIDADE DAS NORMAS JURÍDICAS: direito designa/prescreve ordens (OBRIGAÇÃO), estabelece vedações (PROIBIÇÕES) ou atribui autorizações (PERMISSÃO) = MODAIS DEÔNTICOS DA NORMA JURÍDICA.
→ de proibição: a norma jurídica, ao se dirigir ao destinatário, proíbe, isto é, aquele que deve cumprir seu comando estará diante de uma proibição
Exemplos: "É proibido fumar neste estabelecimento".
Art. 15, Código Civil. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 
→ de obrigatoriedade: a norma jurídica, ao se dirigir ao destinatário, obriga, isto é, aquele que deve cumprir seu comando estará diante de uma obrigação 
Exemplos: "É obrigatório o uso de crachá de identificação para a entrada neste setor".
Art. 28, Código de Trânsito. O condutor deverá, a todo o momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
→ de permissão: o modal de permissão não gera um comando que deve ser obedecido (é proibido! É obrigatório!). Ele dá uma prerrogativa ao destinatário, para que este dela se utilize quando quiser. Por exemplo: "É permitido o uso de traje de banho neste shopping Center". Não é obrigatório ir de traje de banho, nem é proibido; é possível ir; basta que o indivíduo queira.
Muitas vezes tais modais surgem misturados, no amplo complexo de normas jurídicas que compõem o ordenamento. Por exemplo: é permitido casar, mas é obrigatório que os noivos sejam maiores ou tenham autorização dos pais ou responsáveis, sendo proibido o casamento entre menores absolutamente incapazes, entre irmãos etc. Portanto a permissão para casar, surge se não estiver dentro das proibições e depois de supridas as obrigações.
ORDENAMENTO JURIDICO “FECHADO”: possui norma jurídica implícita (de fechamento): “Tudo o que não é proibido ou obrigatório, é permitido”. Nos ordenamentos jurídicos fechados, as ações permitidas não reclamariam qualquer norma para serem reconhecidas.
Imperativos e permissivos estão entre si em relação de negação recíproca.
Teoria da Interpretação Lógica (mecanicista) do Direito: Refere – se à atividade do jurista, e o ato interpretativo em sentido amplo; ou seja, a interpretação do ato humano segundo a norma jurídica. O resultado da interpretação do ato jurídico gera condutas valiosas e desvaliosas; e é justamente nesse momento que se utiliza o mecanismo de positivação de valores, onde verifica – se solução do interprete. 
Exemplo: Art. 135 do Código Penal - Omissão de socorro. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesse caso, o socorre à autoridade pública. – Pena: detenção, 1 a 6 meses ou multa.
A partir das normas jurídicas abstratas e gerais é possível construir as normas concretas e individuais, as quais são resultados da operação chamada SILOGISMO JURIDICO.
Exemplos: 
Todos os moradores do edifício “Doce Lar” podem usar gratuitamente a piscina. (PREMISSA MAIOR)
Renata é moradora do edifício “Doce Lar”. (PREMISSA MENOR)
Renata pode usar a piscina gratuitamente. (CONCLUSÃO) 
“Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros (...)” (Art. 14, § 2º, CF) (PREMISSA MAIOR = NORMA JURÍDICA)
John é americano (PREMISSA MENOR = FATOS REFERENTES E PESSOAS)
John não pode votar (CONCLUSÃO = CONSEQÜÊNCIA JURÍDICA DO RELACIONAMENTO ENTRE PREMISSA MAIOR E PREMISSA MENOR).
Teoria do Ordenamento Jurídico: Indica um tipo de sistema normativo, não um tipo de norma, pois "só em uma teoria do ordenamento o fenômeno jurídico encontra sua adequada explicação". Assim, a norma jurídica é definida a partir do ordenamento, e não o contrário. Sendo assim, não existem ordenamentos porque há normas jurídicas, mas existem normas jurídicas porque há ordenamento; OU SEJA, para além da norma isoladamente tomada, existirá o conjunto das normas jurídicas de uma dada sociedade.
- ESTÁTICA JURÍDICA:
Estrutura lógica da norma jurídica: a proposição-em-si-mesma retirada do contexto empírico = a estrutura pode ser utilizada nas mais diversas hipóteses do mundo fático.
As estruturas lógicas são construídas depois do conhecimento do objeto, mas valem antes de qualquer conhecimento.
Interpretação jurídica tem a função de construir a proposição jurídica tendo por base o texto do Direito Positivo. 
A norma jurídica é uma proposição jurídica que pode ser formulada a partir de enunciados diversos (“leis”) por meio da interpretação.
Estrutura Lógica da Norma Jurídica
Apresentação lógica de toda norma jurídica: 
Exemplos:
1.
2.
Suporte Fático
Quando falamos em suporte fático, estamos fazendo referência a algo (fato, evento ou conduta) que poderá ocorrer no mundo e que, por ter sido considerado relevante, tornou-se objeto da normatividade jurídica.
Não é o suporte fático na sua totalidade (“bruto”) que ingressa no mundo jurídico. É a norma jurídica que prescreve suas propriedades selecionadas. O suporte fático se concretiza, dando origem a fato jurídico e se extingue, mas o fato jurídico permanece no mundo jurídico, independente da permanência dos elementos do suporte fático.
Exemplo.: negócio jurídico (vontades negociais) e manifestantes da vontade falecidos.
Norma jurídica Primária (Hipótese Normativa, Hipótese de incidência, hipótese tributária):
Hipótese de incidência → A hipótese de incidência é um fato previsto em lei que, quando praticado pelo sujeito passivo (pessoa física ou jurídica), torna-se fato jurídico, vinculando o contribuinte ou responsável ao sujeito sanções prevista nas normas, ou seja, o antecedente da norma jurídica primária descreve uma possível situação fática do mundo natural. 
INCIDÊNCIA NORMATIVA, HIPÓTESE NORMATIVA, SUPORTE FÁTICO E FATO JURÍDICO:
• Incidência normativa: é a forma de o Direito se referir a objetos do mundo real, transformando em hipótese normativa a parte do suporte fático que o Direito reputou relevante (valoração). Ex.: tormenta em alto mar
Somente há incidência de norma vigente (possibilidade de produzir efeitos/incidir); a simples existência (validade) significa apenas presença fática no mundo. Na incidência existe a necessidade de estabelecer o sentido da norma, o mesmo é construído pelo intérprete no momento da aplicação da incidência, originando seu produto construído pelo homem. 
Com a incidência normativa ou juridicização (o fenômeno da juridicização ocorre neste momento, com a incidência da norma quetransforma a parte relevante do fato que ocorreu concretamente em fato jurídico; somente ultrapassado este momento lógico é que se pode falar em efeitos jurídicos, entre os quais, a relação jurídica), propicia-se a causalidade normativa: vinculação de efeitos jurídicos a suportes fáticos ocorridos (quando de sua ocorrência) = fatos jurídicos.
Por consequência, se dá o nascimento, modificação ou extinção de relações jurídicas e de seus direitos (vinculação de efeitos jurídicos = direitos e deveres). Em decorrência, nem à lei isolada, nem ao fato sem incidência se pode atribuir qualquer efeito jurídico.
Exemplo: morte de alguém em uma caçada.
Desjuridicização: a norma retira o fato jurídico do mundo do Direito, levando-o de volta ao mundo dos fatos, eliminando a juridicidade que outra norma lhe atribuíra anteriormente. Ex.: normas jurídicas de revogação.
Juridicização: Transforma parte relevante do suporte fático em fato jurídico do mundo do Direito, decorrente da incidência normativa.
Pré-exclusão de juridicidade: quando uma norma é estabelecida com a finalidade de evitar que certo fato ou conjunto de fatos venha a se tornar jurídico, como por exemplo, as imunidades tributárias.
Incondicionabilidade e infalibilidade da incidência: ocorrência do suporte fático no mundo fenomênico / efeitos jurídicos / cumprimento ou não cumprimento da norma (aplicação/execução).
Inesgotabilidade da incidência: toda vez que o suporte fático ocorrer, a norma incidirá. 
OBS.: normas que regulam casos isolados = a não formação do suporte fático não significa não incidência.
Fato jurídico:
Fato comum é aquele que não tem reflexo na ordem jurídica, que são irrelevantes para o direito, mesmo que de forma ilícito; por exemplo, fenômenos como a chuva, rotaçãoda terra, etc. 
• Fato jurídico: é o fato importante para o Direito, recolhido da realidade pela norma jurídica e ocorrido efetivamente no mundo fenomênico.
O fato jurídico subsiste mesmo com a revogação da lei que estabeleceu a incidência normativa sobre seu(s) suporte(s) fático(s).
Exemplo: modificação de uma lei sobre determinado contrato que não altera as suas cláusulas pactuadas em desacordo com as normas vigentes antes da modificação.
IMPORTANTE: diante dos institutos da coisa julgada, ato jurídico perfeito e direito adquirido, é exceção à desconstituição de fatos jurídicos por leis.
Os fatos jurídicos são divididos em 2 espécies: 
 
FATO JURÍDICO STRICTO SENSU (FATO NATURAL): Alheio à vontade humana ou para o qual este atual indiretamente, ou seja, Decorrem de simples manifestação da natureza. Dividem-se em ordinários e extraordinários. 
Ex.: decurso do tempo, um temporal.
Fatos da natureza somente são suportes fáticos quando o direito lhe atribui certo sentido (valoração). Ex. morte conhecida; nascimento com vida.
ATO JURÍDICO LATO SENSU (FATO HUMANO): decorrente da vontade humana (atos voluntários), ou seja, são ações humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos. Dividem-se em lícitos e ilícitos.
Divisão dos atos lícitos: 
Divisão dos atos ilícitos: 
Atitudes interiores (intenção, conhecimento, desconhecimento) podem ser relevantes para o Direito. Ex.: dolo, vícios redibitórios.
Não só acontecimentos concretos, mas probabilidades podem ser elementos constitutivos de suportes fáticos de atos jurídicos em sentido estrito. Ex.: lucro cessante em relação ao ato ilícito do qual decorre uma indenização
Fatos já juridicizados do tipo ato jurídico em sentido estrito (portanto, fatos jurídicos) podem constituir-se suportes fáticos de outros fatos jurídicos. Ex.: proposta (oferta) e aceitação em relação ao contrato.
Relação jurídica
As relações sociais podem ou não se configurar relações jurídicas (Exemplo: mandar um telegrama felicitando pelo aniversário).
Para Kelsen, a relação jurídica é uma relação entre normas, os sujeitos são pontos de confluência de normas, visto que, elas qualificam os sujeitos e lhes prescrevem condutas de acordo com a realidade das relações jurídicas, que é justamente o sentido normativo da conduta humana.
A relação jurídica consiste num vínculo entre sujeitos e só existirá se certas ações suas forem reguladas em normas jurídicas.
Geralmente os termos da relação jurídica são ocupados por sujeitos de direito ou sujeitos jurídicos. O sujeito de direito, apresentando-se como ser humano, é pessoa física ou pessoa natural, entretanto, o sujeito de direito também pode se apresentar como pessoa jurídica ou pessoa moral, um organismo dotado de vontade própria distinta daquelas que dela participam. Sendo assim, o sujeito é caracterizado por ser um ponto de confluência de diversas normas, podendo ser pessoa, física ou jurídica, ou um patrimônio. 
 
Teorias tentam explicar a natureza da pessoa jurídica:
TEORIA DA FICÇÃO LEGAL (Savigny): Pessoa jurídica é uma criação artificial da lei para exercer direitos patrimoniais e facilitar a função dessas entidades. 
Crítica: se o Estado (Pessoa jurídica) é uma ficção, o direito criado por ele também o será.
TEORIA DA EQUIPARAÇÃO (Windscheid, Brinz): Pessoa jurídica é um patrimônio equiparado em tratamento às pessoas naturais.
 Crítica: eleva bens à categoria de sujeitos de direito e obrigações.
TEORIA DA REALIDADE OBJETIVA OU ORGÂNICA (Gierke, Zitelmann, Tuhr): Pessoas jurídicas são organismos sociais com existência e vontade próprias distinta da vontade de seus membros para realizar um objetivo social. 
Crítica: recai na teoria da ficção afirmando que Pessoa jurídica tem vontade própria.
TEORIA DA REALIDADE DAS INSTITUIÇÕES JURÍDICAS (Hauriou, Rénard): “há um pouco de verdade em cada uma dessas acepções”, pois a personalidade jurídica deriva do direito, que pode concedê-la a agrupamentos ou a bens para realização de interesses humanos. Pessoa jurídica é uma realidade.
Relação jurídica: Sujeitos Jurídicos
Os termos-sujeitos da relação jurídica podem ser:
De direito interno (direitos e deveres são exercidos e decorrem de normas do ordenamento jurídico nacional) 
De direito internacional (direitos e deveres decorrem de normas pertencentes a mais de um ordenamento = há necessidade de uma sobrenorma)
De direito público e de direito privado (Possuem 3 teorias relativas aos mesmos)
TEORIAS DO SUJEITO: têm em vista os destinatários das normas (Estado ou particulares). 
Crítica: sujeitos de direito público que atuam como sujeitos e em relações particulares. Ex.: contrato de locação
TEORIAS DO INTERESSE: têm em vista os interesses tutelados pela norma (comuns/que envolvem a coisa pública ou particulares).
 Crítica: interesses particulares de relevância social. Ex.: direitos trabalhistas.
TEORIA DO PODER DE IMPÉRIO OU DO PODER DE DOMINAÇÃO: tem em vista o exercício ou não do poder de império (subordinação/incontrastabilidade X paridade/autonomia da vontade = acordo de vontade ou atos unilaterais). 
Vantagem da teoria: privilegia o fato de que nem todos os atos do Poder Público são soberanos / transparecem poder de império.
Relação jurídica: Bipolaridade Irreflexiva e Efectual 
- BIPOLARIDADE: fazem parte da relação jurídica pelo menos dois sujeitos (ou equiparados) cada qual alocado em um dos pólos da relação (sujeito ativo e sujeito passivo).
- A bipolaridade é EFECTUAL: para cada norma de direito material há duas relações jurídicas.
- IRREFLEXIBILIDADE: cada sujeito tem um direito subjetivo e um dever jurídico aos quais correspondem um dever jurídico e um direito subjetivo do outro sujeito, respectivamente.
Relação jurídica: Dever Jurídico e Responsabilidade
A relação jurídica estrutura-se internamente por meio de termos e um operador que faz a função de relacioná-los intersubjetivamente por direitos e deveres. Este relacionamento se dá por meio dos modais deônticos da norma e estabelece a possibilidade de condutas humanas, segundo estes modais.
- DEVER: expressa o comportamento lícito que deve se cumprir para evitar a sanção (dever é condição para que se evite a sanção). CRÍTICA:dívida de jogo = obrigação natural = quem a contrai não pode ser punido por não cumpri-la, mas se a paga não pode exigir o pagamento de volta (a obrigação natural comporta um dever cujo descumprimento não enseja uma sanção). – [ou seja, conduta do sujeito que, por seu comportamento, pode provocar ou evitar a sanção].
- RESPONSABILIDADE: se refere a quem suporta a sanção, ou melhor, o objeto da sanção (antijuridicidade é condição para que se provoque a sanção, cuja execução corresponde à responsabilização). – [ou seja, objeto da sanção, quem a suporta].
O objeto da relação jurídica, a obrigação, expressa um vínculo que é expressão de um dever (o dever se localiza no vínculo)
A obrigação de reparar um dano nem sempre pressupõe o dever na forma mencionada (a responsabilidade se localiza na exigência da prestação sancionadora).
Nos casos de responsabilidade objetiva, a responsabilidade ganha certa independência do sujeito da obrigação, não se levando em conta o vínculo do sujeito com seus atos mas somente o risco potencial que emerge da situação.
A responsabilização não se exige porque o sujeito se compromete por sua ação ou porque dela resultou um dano.
OBSERVAÇÕES:
1. “Ser obrigado a” é diferente de “ter responsabilidade por” (Exemplo: médico)
2. Sujeito do dever jurídico e objeto da sanção podem coincidir ou não (Exemplo: acidente de trânsito e seguradora).
Teoria do Ordenamento Jurídico
É necessário questionar porque uma norma jurídica deve ou não ser obedecida? Qual sua relação com o comportamento das pessoas? Porque deve ser aplicada ao caso concreto? E porque pertence a uma determinada ordem?
As normas jurídicas não estão no mesmo plano hierárquico. (Exemplo: relação entre normas de estrutura e norma de comportamento)
 
 
Existem alguns problemas que podem ocorrer no ordenamento jurídico, tais como, problemas de validade (principal), antinomias (secundário) e lacunas (secundário). É preciso buscar solucionar essas questões, visto que, o sistema jurídico tende a sempre ter normas novas, situações complementares e etc; e essa rotatividade proporciona a dificuldade de mantê-lo fora dessas adversidades. 
VALIDADE: É o principal problema do ordenamento jurídico, e estuda as relações de SUBORDINAÇÃO E COORDENAÇÃO; se essas relações forem compreendidas e o problema da validade for resolvido, temos um sistema normativo de UNIDADE. 
Normas inferiores derivam e por isso dependem das normas superiores, visto que, retiram delas seu fundamento de validade. A relação entre hierarquia das normas e validade se dá pois a validade de uma norma somente pode ser concebida em razão de outra que deve ser = uma norma fundamenta outra porque se situa num plano superior a esta.
Exemplo: cumpro a norma ‘‘A’’ porque a norma ‘‘B’’ a fundamenta. 
Conforme se vai subindo na hierarquia dos instrumentos normativos, as normas se tornam cada vez menos numerosas e mais genéricas, como os decretos legislativos, as medidas provisórias, as leis delegadas, leis ordinárias e leis complementares. Conforme se vai descendo a hierarquia das normas, as normas se tornam cada vez mais numerosas e específicas, como as normas abstratas e gerais. 
Obs.: As normas inferiores geralmente regulam/regulamentam normas superiores.
Observar os limites permite verificar se a norma inferior emanou legitimamente e, portanto, é válida = norma válida advém de uma autoridade competente e observa os limites materiais e formais ditados por ela.
A Constituição foi concebida por autoridade jurídica mais alta que as demais, as quais foram estabelecidas a partir desta, sendo assim, a validade da Constituição é fundamentada por um ato de vontade supra-ordenado ao autor desta Constituição, em uma norma não concebida por meio de um processo legislativo
De acordo com a concepção original de Kelsen, tal norma é norma pressuposta (porque é condição para o pensar dogmaticamente o Direito – inegabilidade dos pontos de partida) = norma hipotética fundamental (NHF).
A NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL DE KELSEN: É a única norma de onde nascem todas as demais (dá poderes ao Poder Originário, dá validade à Constituição e a todo ordenamento jurídico). É uma norma pressuposta, não escrita e exterior ao ordenamento jurídico, não fixada por um ato de vontade e prescreve o reconhecimento da 1ª norma posta, que serve como fundamento para as demais .
A Norma Hipotética Fundamental apenas fornece o fundamento de validade das demais normas e não o conteúdo das normas sobre ela fundadas. É da validade da norma geral resultará a validade da norma individual, visto que, a norma inferior foi produzida como prescreve a norma superior; entretanto é importante ressaltar que a validade da NHF não pode estar relacionada à existência de outra norma especifica, isto porque, ela é a primeira, e portanto, não é relacional e sim transcendental.
ANTINOMIA: caracterizada como um conflito entre normas / incorreção do sistema a ser solucionada. É função do jurista verificar de forma sistemática se existe alguma antinomia do ordenamento; e caso haja, pesquisar os critérios para solucionar a contradição. Sendo assim, a antinomia refere-se às contradições entre as normas, que pode ser resolvido se aplicada à coerência. 
Exemplo: A x B → Supostamente, são normas que tratam do mesmo assunto, porém são contraditórias; por exemplo, A afirma que não é possível fumar na rua, entretanto B afirma que pode – se fumar livremente na rua. 
Segundo Kelsen, o princípio lógico da não – contradição não se aplica a textos normativos conflitantes, mas às proposições que as descrevem = juízos de verdade ou de falsidade. Sendo assim, um texto normativo não é verdadeiro nem falso, mas válido ou inválido = o conflito de normas pressupõe que ambas as normas conflitantes sejam válidas, pois, do contrário, não haveria conflito.
Existem condições para a existência da ANTINOMIA: 
É necessário que exista, pelo menos, duas normas válidas;
 Identificar no ordenamento jurídico duas normas que tenham operadores (modais deônticos) opostos e seus conteúdos (atos e omissões) devem ser e negação interna um do outro, ou seja, possuir operadores contrários. 
 
Ambas as normas sejam jurídicas: não se pode confrontar uma norma com uma lei físico-natural por pertencerem a gêneros diferentes (ser e dever-ser); sendo assim, precisam fazer parte do mesmo ordenamento.
As duas normas antinômicas devem ser vigentes e devem pertencer ao mesmo ordenamento (emanadas pela mesma autoridade competente). 
As duas normas tenham o mesmo âmbito de validade:
 
 
Antinomias aparentes: Existe a antinomia, porém os critérios que estão a disposição do intérprete o deixam solucioná-las. 
Quanto ao critério de solução:
CRITÉRIO HIERÁRQUICO: (lex superior derogat legi inferiori) ocorre quando as normas são incompatíveis de níveis diferentes, qualquer que seja a ordem cronológica. É utilizado com NORMAS CONTEMPORÂNEAS (ocorrem ao mesmo tempo) e devem TER O MESMO GRAU DE ABSTRAÇÃO. 
Exemplo: Constituição Federal (Norma Superior) X Código Civil (Norma Inferior)
OBS.: para Kelsen não há, em normas de diferentes escalões, conflito, porque a norma inferior tem seu fundamento de validade na superior. 
CRITÉRIO CRONOLÓGICO/TEMPORALIDADE: (lex posterior derogat legi priori) normas incompatíveis sucessivas, do mesmo escalão. O princípio jurídico fundamental é inexpressão, o legislador pode revogar lei anterior, criando uma nova lei com ela incompatível, que ocupará seu lugar. As normas precisam ser do MESMO NIVEL HIERÁRQUICO, e possuir o MESMO GRAU DE ABSTRAÇÃO. 
Exemplo: Normas posteriores/Recentes X Normas anteriores/Antigas – O Código Civil de 1916 estabelecia que a maioridade civil se dava aos 21 anos completos e o Código Civil de 2002 estabeleceu que a maioridade civil se dá aos 18 anos completos.
CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE: (lex specialis derogat legi generali) normas incompatíveis, sucessivas ou contemporâneas, do mesmo escalão; ou seja, uma trata uma determinadasituação jurídica de modo geral, outra de modo especial, uma é gênero e a outra é espécie. As normas precisam ser do MESMO NIVEL HIERÁRQUICO, e possuir o MESMO GRAU DE ABSTRAÇÃO.
Exemplo: Normas Especiais (contrato) X Normas Gerais (lei ordinária) – O Código Civil estabelece que, nos contratos de compra e venda, a obrigação é cumprida quando houver entrega da coisa e pagamento do preço e uma lei ordinária que trate da compra e venda de softwares estabelece que, para regularidade do negócio deve haver comunicação do número de série do software adquirido ao fabricante do produto. 
Conflito de critérios:
Antinomias reais: Existe a antinomia, porém não há critérios objetivos para sua solução. 
Os critérios não ajudam a solucionar a antinomia porque as normas são contemporâneas, de mesmo nível hierárquico e ambas gerais ou ambas especiais (lacuna de regra de solução) OU porque se está diante de situações em que surgem antinomias entre os próprios critérios, quando a um conflito de normas seriam aplicáveis dois critérios, que, contudo, não poderiam ser ao mesmo tempo utilizados na solução da antinomia, pois a aplicação de uma levaria à preferência de uma das normas e a de outro resultaria na escolha de outra norma (antinomia de critérios)
Exemplo.: um dispositivo do Código Civil de 2002 estabelece a vedação aos relativamente capazes para prática de qualquer ato da vida civil e outro dispositivo do Código Civil de 2002 estabelece que os relativamente capazes possam praticar qualquer atos da vida civil, desde que assistidos de seus representantes legais.
Nesse caso, não há obrigação do aplicador em eliminar a incompatibilidade e o juiz, diante do dever de decidir, deve optar fundamentando a escolha na realização de valores indicados no ordenamento. A solução definitiva será a ab-rogação de uma das normas, pelo produtor de normas.

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