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Módulo Completo Direito Penal Atualizado

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Professor Camilo Carvalho
Direito Penal
Direito Penal Parte Geral
Indicação Bibliográfica:
Escolha um livro para seguir!!
Marque o texto apenas na segunda leitura do tópico!!
Se já tiver um livro que você adora, siga ele!!
Indico:
Rogério Greco (Parte Geral).
Código Penal Comentado – Rogério Greco (Parte Especial).
Código Penal para Concursos – Rogério Sanches Cunha (Parte Especial).
Crimes Federais. Claudio Baltazar.
Código de Processo Penal para Concursos (Fábio Roque e Nestor Távora).
A despender da banca use leitura complementar!!
Vamos estudar na Parte Geral:
- Teoria da Norma Penal (trabalharemos dentro da Teoria do Delito);
- Teoria do Delito; - Teoria da Pena
Aula 01
I – Conceitos de crime
Não existe concepção unívoca do crime.
Mas quais os conceitos jurídicos de crime?
Formal – crime é o que a lei disser que é crime.
Obs.: não se importa com a conduta, mas com a exteriorização da conduta criminosa.
Obs.: tal perspectiva fez surgir uma concepção crítica – teoria do labelling approach (teoria do etiquetamento). Critica inexistência de uma teoria material. Crime é uma etiqueta? Não pode ser. Influencia a teoria abolicionista, defendida, por exemplo, por Juarez Cirino dos Santos.
Material – tentativa de dizer o que é o crime em sua essência. O direito penal garantista, moderno, não pode criminalizar qualquer coisa porque não é democrático, constitucional e humanitário.
Obs.: O primeiro a tentar desenvolver essa teoria foi Rafael Garofalo (criador da criminologia). Ele criticava Lombroso (criador da antropologia criminal). Ambos pertencem ao positivismo penal, trabalhavam com a ideia de DETERMINISMO E NÃO DE LIVRE ARBÍTRIO.
Obs.: GAROFALO falava do sentimento de solidariedade social (contra a piedade – homicídio; contra a probidade – roubo). A conduta que viola o sentimento de solidariedade é que é crime.
Obs.: Para FERRI, crime é a conduta que viola o sentimento de moralidade média na sociedade.
Obs.: A eutanásia - matar por sentimento de misericórdia. É crime? Seria um homicídio privilegiado?
CASO - sujeito trabalha no hospital e mata para receber comissão de funerária. E neste caso??? Claro que é crime
Obs.: Pelo menos 90% da população entende como imoral o incesto. Na Alemanha, por exemplo, o incesto é crime. CASO II: irmãos criados separados passaram a ter uma relação da qual nasceram 4 filhos. As decisões do Tribunal Constitucional Alemão são secretas e há apenas 1 voto, exceto se houver uma divergência muito grande de um dos votantes. Nesse caso, haverá um voto em apartado, dizendo que não seria crime, como ocorreu no caso em análise.
Obs.: em 1834, BIRNBAHM criou o conceito de bem jurídico. Assim, o conceito material de crime é o de que: crime é a conduta de ofende o bem jurídico protegido.
Obs.: GÜNTHER JAKOBS entende que a função do direito penal é manter a higidez do sistema normativo, com base na Teoria de NIKLAS LUHMANN e FRIEDRICH HEGEL.
Obs.: Observe que nem todo bem tem tutela penal. Por exemplo, o crime de adultério foi extirpado.
Obs.: Só é bem jurídico penal para KLAUS ROXIN a conduta que seja capaz de violar a paz social, a convivência pacífica.
Resumindo: Prevalece a teoria do bem jurídico. Crime é o que viola o bem jurídico penal.
	Na teoria formal, o tributo é à legalidade. Na teoria material o tributo é à lesividade.
Legal – alguns autores não trabalham este conceito.
O Art. 1º da LICP diz que é crime a infração penal punida em abstrato com a reclusão/detenção e/ou isoladamente a pena de multa. Contravenção é a infração penal que comine abstratamente a prisão simples e/ou multa.
Muitos autores dizem que esse conceito não conceituou nada, apenas apresentou as consequências do crime.
De todo modo, temos um critério dicotômico de infração penal (crime e contravenção).
	No Brasil, delito = crime. Nem sempre a lei é técnica! O conceito de infração penal é ainda mais amplo!
Obs.: Com a Lei de Drogas, se o usuário de drogas não pode ser preso, diz LFG, que o usuário não pratica crime, nem contravenção (não há detenção, reclusão, multa ... nada que enquadre a hipótese em crime ou contravenção). Nesse caso, LFG diz que trata-se de crime sui generis. Segundo ele, teríamos um critério TRICOTÔMICO (crime, contravenção e crime sui generis).
Assim, pela teoria de LFG, houve a descriminalização do porte de drogas para consumo. Deixar de ser crime não significa legalizar. Cuidado!!!
Em fevereiro de 2007, o STF afastou a tese. Para o STF, o porte de drogas para consumo é crime, porque a lei fala que é crime. Se lei nova afasta alguns critérios, a conduta não deixa de ser crime...!!! Assim, para o STF não houve a descriminalização, mas a DESPENALIZAÇÃO.
	A decisão do STF é o que deve ser seguido em concurso, mormente em prova objetiva!!!
SALO DE CARVALHO disse que não houve despenalização, porque não deixou de haver pena, existe pena, o que não existe é pena privativa de liberdade... Então para ele houve a mera DESCARCERIZAÇÃO.
	Para parte da doutrina, não é possível criminalizar condutas auto-lesivas, isso viola o princípio da lesividade... O STF vai decidir isso... 
Analítico – Esse é o conceito mais importante de crime.
Podemos falar aqui em conceito:
BIPARTIDO. Crime é FATO TÍPICO E ILICITUDE.
Ex.: Damásio de Jesus, Capez, Flávio Monteiro de Barros...
Para essa doutrina, a culpabilidade é mero pressuposto para a aplicação da pena!!!
CASO: Menor pratica crime porque o fato é típico e ilícito!!!!
TRIPARTIDO. Crime é: FATO TÍPICO, ILICITUDE e CULPABILIDADE. Essa é a doutrina majoritária, no Brasil e no estrangeiro.
Ex.: Regis Prado, Rogério Greco, Nucci...
	Cuidado: O finalismo não adota a doutrina bipartida... Apenas parte dos finalistas adota essa teoria, p. ex., Damásio!
Essa é a doutrina que mais importa no concurso. De qualquer modo, nós temos de saber o que é fato típico, ilicitude e culpabilidade...
QUADRIPARTIDO. Crime é: FATO TÍPICO, ILICITUDE, CULPABILIDADE e PUNIBILIDADE.
À exceção de Luis Flávio Gomes, a doutrina entende majoritariamente que punibilidade não faz parte do crime.
O perdão judicial extingue a punibilidade. Assim como a morte do agente, perdão do ofendido aceito, prescrição, decadência... Essas hipóteses não extinguem o crime...
As duas teorias abaixo só são cobrada em concursos mais densos!!!
LFG e GARCIA PABLOS DE MOLINA entendem que crime é: fato TÍPICO, ILICITUDE e PUNIBILIDADE.
Esses autores trabalham com a insignificância imprópria – princípio da irrelevância penal do fato (fato típico, ilícito, culpável [embora para LFG não faça parte dos elementos do crime], mas há desnecessidade de pena). Ex.: casos de perdão judicial – filho que cai do carro do próprio pai. Para LFG perdão judicial leva à insignificância penal do fato. Isso é diferente da insignificância que exclui a tipicidade material (veremos mais adiante).
ROXIN – crime é: FATO TÍPICO, ILICITUDE E RESPONSABILIDADE PENAL (CULPABILIDADE + PREVENÇÃO).
Aqui a prevenção vem para dentro da teoria do crime. Em 1801, Feuerbach já falava em prevenção – a solução do crime deve prevenir a existência de outros crimes. Mas essa acepção estava ligada à teoria da pena. ROXIN trouxe a prevenção para a teoria do crime. Se a pena não traz a prevenção, não há porque aplicar a pena, para ROXIN não há crime.
	Na teoria do tipo estudamos:
1 – TEORIA DO TIPO AVALORATIVO – fato típico é uma coisa e ilicitude é algo totalmente diferente. (Completamente ultrapassado)
2 - TEORIA DA RATIO COGNOSCENDI (TEORIA INDICIÁRIA) – o fato típico é presumivelmente ilícito. Prevalece hoje essa teoria. A presunção é relativa (admite prova em contrário).
	Injusto penal: fato típico e ilícito
Crime: fato típico, ilícito e culpável
3 – TEORIA DA RATIO ESSENDI – o fato típico já é ilícito e constitui um único elemento. O segundo elemento é a culpabilidade.
	Crime = Fato típico e Ilícito + culpabilidade.
Aqui a excludente de ilicitude torna o fato atípico.
Adere a essa teoria Juarez Cirino do Santos.Mas importante do que se posicionar é saber o que é tipicidade, 
ilicitude e culpabilidade!!!!
	
Elementos da Teoria do Crime
	FATO TÍPICO
	Ilicitude
(excludentes)
	Culpabilidade
	Conduta humana
Ação/omissão
Dolosa/culposa
Resultado
Nexo Causal
Tipicidade
Formal / conglobante
	Estado de Necessidade
Legítima defesa
Estrito cumprimento do dever legal
Exercício regular de direito
Consentimento do ofendido (supralegal)
	Imputabilidade
Exigibilidade de conduta diversa
Potencial consciência da ilicitude
	
	
	
Questões
MPE/SE– Analista. A ideia de insignificância penal centra-se no conceito
a) formal de crime.
b) material de crime.
c) analítico de crime.
d) subsidiário de crime.
e) aparente de crime.
TCE-PR. Em relação ao conceito formal e material do crime é correto afirmar:
a) Somente no conceito material permite-se um desdobramento do tipo penal em ação ou omissão, tipicidade, ilicitude e culpabilidade.
b) No conceito formal, o delito constitui uma lesão a um bem jurídico penal.
c) O delito, sob a perspectiva material e formal, é punido com pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos
d) O conceito de delito formal é o fato humano proibido pela lei penal, e material há lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico-penal.
e) O delito é fato típico e antijurídico e a culpabilidade, para o conceito material, o distingue do conceito formal.
TCU. Na doutrina e jurisprudência contemporâneas, predomina o entendimento de que a punibilidade não integra o conceito analítico de delito, que ficaria definido como conduta típica, ilícita e culpável. C
PC/DF. Segundo a concepção material, crime é tudo aquilo que a sociedade entende que pode e deve ser proibido, mediante aplicação de sanção penal. Para a concepção formal, crime é a conduta proibida por lei, sob ameaça de aplicação de pena, ou seja, o fenômeno é tratado por uma visão legislativa. No seu conceito analítico, prevalece o entendimento de que crime é uma conduta típica, antijurídica e culpável. Acerca dos desdobramentos desta última teoria, assinale a alternativa correta.
a) Pela teoria bipartida, o autor de um fato típico e antijurídico que tenha sido levado à sua prática por erro escusável de proibição, sem ter a menor ideia de que o que pratica é ilícito, não é considerado um criminoso.
b) O finalismo, de Hans Welzel, nem sempre considerou o crime como fato típico, antijurídico e culpável.
c) Para a teoria causalista, o dolo e a culpa estão situados na culpabilidade. Então, logicamente, para quem adota essa teoria, impossível se torna acolher o conceito bipartido de crime.
d) Da concepção analítica de crime, é possível inferir que o Direito Penal não estabeleceu distinção entre crime e contravenção penal. Tanto no crime quanto na contravenção não é cabível a fixação da multa de maneira isolada.
e) É correto afirmar que a estrutura analítica do crime se liga, necessariamente, à adoção da concepção finalista, causalista ou social da ação delituosa.
TJAC – Notário. Assinale a alternativa correta.
a) O conceito de infração penal é mais amplo do que o conceito de crime.
b) O conceito de infração penal coincide com o conceito de delito.
c) O conceito de infração penal coincide com o conceito de crime.
d) O conceito de infração penal é menos amplo do que o conceito de crime.
(2015/FCC/DPE-MA/Defensor Público) A teoria finalista da ação, adotada pelo Código Penal em sua Parte Geral, concebe o crime como um fato típico e antijurídico. A culpabilidade diz respeito à reprovabilidade da conduta. O dolo, que integrava o juízo de culpabilidade, para esta teoria é elemento estruturante do fato típico. Essa adoção pretende corrigir contradições na teoria
 a) da equivalência dos antecedentes causais.
 b) da responsabilidade objetiva.
 c) da causalidade normativa.
 d) do domínio do fato.
 e) da imputabilidade.
FATO TÍPICO
Conduta humana
Ação/omissão
Dolosa/culposa
Resultado
Nexo Causal
Tipicidade
Formal / conglobante
Conduta Humana
- o homem é quem responde pelo crime.
- animais não (como já aconteceu em momentos remotos)
- e as pessoas jurídicas respondem por crime ?
Societas delinquere non potest = pessoa jurídica não pode delinquir
Antes da Revolução Francesa (RF), corporações e cidades eram punidas. Cidades podiam ser saqueadas como sanções.
Com a RF a responsabilidade penal passa a ser pessoal.
Com a CF/88 rompemos com esse paradigma. Como?
- art. 173,§5º - crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Isso nunca foi regulamentado!!! Já passaram quase 25 anos!!!
- art. 225, §3º - crimes ambientais. Regulamentado pela Lei 9.605/98 (art. 3º). HÁ RESPONSABILIZAÇÃO DA PJ POR CRIMES AMBIENTAIS!!!!
Tal § 3º leva a uma dupla imputação!! Aplica-se multa a uma pessoa jurídica, mas a pessoa física que está por trás também deve ser responsabilizada.
STF – não é necessária a dupla imputação.
Cuidado: Para o STJ a dupla imputação era obrigatória. Havia para o STJ um concurso necessário de pessoas. O crime devia ser considerado plurisubjetivo (necessariamente a PJ agiu com a PF). Para o STJ, se fosse denunciada apenas uma das pessoas, a denúncia deveria ser inepta, deveria ser rejeitada!!!
Decisão do STJ de mudança de entendimenti
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Conforme orientação da Primeira Turma do STF, “O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação” (RE 548.181, Primeira Turma, DJe 29/10/2014).
Diante dessa interpretação, o STJ modificou sua anterior orientação, de modo a entender que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Precedentes citados: RHC 53.208-SP, Sexta Turma, DJe 1º/6/2015; HC 248.073-MT, Quinta Turma, DJe 10/4/2014; e RHC 40.317-SP, Quinta Turma, DJe 29/10/2013. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015, DJe 13/8/2015.
Assim, atualmente, tem-se que há uma uniformidade na jurisprudência quanto à desnecessidade de aplicação da teoria da dupla imputação para fins de responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais.
A doutrina brasileira com muita frequência afirma não existir responsabilidade da PJ (Bittencourt, Regis Prado, Zaffaroni etc).
Quais são os argumentos contrários à responsabilização da pessoa jurídica?
Foto típico pressupõe conduta humana. PJ não possui conduta humana. O dolo e a culpa são da PF.
A pena não pode passar da pessoa do condenado (violação ao princípio da intranscendência da pena)
A pena deve ser pautada na prevenção e reprovação (art. 59 do CP). Não há como a PJ ter consciência de si, não há como prevenir outros crimes e não há reprovação de PJ.
O processo penal não está adequado à responsabilização penal da pessoa jurídica.
O maior defensor da responsabilização da PJ é o alemão Tiedemann. Com base nos estudos de  ULRICH BECK sobre a sociedade de risco...
A PF acionista, por exemplo, não tem consciência de todos os atos da empresa e pode ter seus valores e rendas reduzidos por multas etc. Cuidado: isso é uma consequência indireta da pena. Não há violação aqui da intranscendência da pena.
	Jurisprudencialmente é TOTALMENTE POSSÍVEL a responsabilização da PJ. Há previsão na CF e regulamentação legal.
É possível HC para PJ?
O HC pode ser suspensivo e trancativo.
O HC trancativo visa trancar o andamento do inquérito policial ou da ação penal.
Há resistência doutrinária ao trancamento do inquérito, porque a análise do crime está ainda muito primária.
Não cabe HC para PJ porque pessoal jurídica não tem liberdade ambulatorial (de ire vir).
	Ocorre que, indiretamente o STF admite que PJ se beneficie do HC. O STF julgou tal questão em 2008. Estavam envolvidos no crime uma PJ e duas PFs. As PFs impetraram HC trancativo do inquérito, o STF reconheceu a atipicidade da conduta e a PJ foi beneficiada.
Atenção: a responsabilização tributária é da PJ. Mas os crimes tributários são praticados por pessoas físicas, integrantes da PJ.
	Só há crime praticado por PJ, se for crime ambiental.
	Cuidado!
A Constituição possui mandados constitucionais de criminalização. Ex.: racismo é crime imprescritível.
Obs.: crime de responsabilidade não é crime, é infração administrativa, por isso o PR é julgado pelo SF. CF não define crime.
O crime de responsabilidade do prefeito é crime. Há legislação específica para isso! Lei define crime!!!
Exclusão da conduta humana penalmente relevante
Na prática é difícil, mas na teoria seria viável:
Movimentos reflexos. Ex.: teste do martelinho – ao levantar a perna o paciente atinge o rosto do médico. O fato se torna atípico porque exclui a conduta humana. Ex.2: corpo em convulsão causa acidente de trânsito. Ex. 3: pessoa que recebe descarga elétrica e pega em outra pessoa.
Obs.: não confunda movimento reflexo com ação em curto-circuito – retorção imediata. Isso não exclui a conduta ilícita. Haverá crime, exceto se for legítima defesa. Exclui a culpabilidade.
Estado de inconsciência.
Ex.: sonambulismo. Sujeito que dormindo pega uma faca e crava no peito do irmão. Na prática é difícil provar. Sonâmbulo não responde pelo crime porque o fato é atípico, exclui a conduta humana penalmente relevante.
Ex. 2: hipnose. Só exclui a conduta humana para o hipnotizado.
Força física irresistível (coação física irresistível ou vis absoluta). Ex.: pessoa mais forte coloca a sua mão no gatilho e aperta o gatilho. Ex.: ROXIN – sujeito que quer quebrar a vidraça e joga você nela!! Você que foi jogado, não responde pelo crime porque há exclusão da conduta humana penalmente relevante.
	Obs.: não confunda com a coação moral irresistível (vis compulsiva). A coação moral exclui a exigibilidade de conduta diversa, excluindo a culpabilidade (art. 22 do CP).
Aqui existe conduta humana, há direito de escolha. Mas a opção é muito dramática. Ex.: sequestro da família do gerente do banco. O gerente do banco tem direito de optar, mas ninguém vai exigir do gerente que troque sua família pelo dinheiro do banqueiro.
O fato é típico, ilícito, mas não há culpabilidade.
Questões:
TJCE (Juiz) - Na coação moral irresistível, há exclusão da
a) antijuridicidade.
b) culpabilidade, por inimputabilidade.
c) culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa.
d) tipicidade. e) culpabilidade, por impossibilidade de conhecimento da ilicitude.
(DPE/GO) Um determinado agente comete um crime sob coação a que podia resistir. Nesse caso, a consequência jurídica será a :
a) atipicidade da conduta.
b) exclusão da ilicitude da conduta.
c) exclusão da culpabilidade do agente.
d) aplicação de uma causa de diminuição de pena.
e) aplicação de uma atenuante genérica.
Elemento subjetivo da conduta humana (dolo/culpa)
Com o finalismo o dolo e a culpa se tornaram elemento do tipo.
Se não há dolo nem culpa, não há conduta humana penalmente relevante.
Ex.: suicida que se joga na frente de um veículo!!! O motorista não responde por nada porque não agiu nem com dolo nem com culpa. O fato é atípico.
Ex.2: motorista que fecha ciclista e este colide em outro carro. O motorista é o causador do acidente de forma culposa. O segundo motorista não deve responder por nada.
Questões
PGR. CRIME É CONDUTA TÍPICA, ANTIJURÍDICA E CULPÁVEL. A PARTIR DESTA DEFINIÇÃO ESTRATIFORME DO DELITO LEMBRA-SE O PRINCÍPIO "NULLUM CRIMEN SINE CONDUCTA". ENTRETANTO,
I. a conduta compreende o fato humano voluntário e o involuntário;
II. a conduta envolve a ação e a omissão, mas esta só tem relevância quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado;
III. a conduta atípica tem relevância no Direito Penal;
IV. a conduta humana é relevante para se verificar a ocorrência do delito, pois tem validade absoluta a parêmia latina "societas delinquere non potest'.
ANALISANDO AS ASSERTIVAS ACIMA, PODE-SE AFIRMAR QUE:
a) ( ) estão corretas as de números I e ll;
b) ( ) estão corretas as de números Il e lIl
c) ( ) estão corretas as de números Ill e IV;
d) ( ) todas estão corretas.
DOLO x CULPA
Dolo é elemento subjetivo por excelência. Culpa é elemento subjetivo por exceção.
A modalidade culposa só é punida expressamente.
Ex.: não existe furto culposo (levar objeto por engano).
Já imaginou um estupro culposo ou um roubo? Rsrsrs
DOLO
Teorias acerca do dolo:
Vontade – existe dolo quando existe a vontade de produzir o resultado. Se vc dirige a sua vontade nesse sentido, há dolo direto.
Assentimento (consentimento) – não havia vontade de produzir o resultado. Assumiu-se o risco de produzir o resultado. Há dolo eventual.
Representação - para que haja dolo, basta que o agente tenha previsto o resultado, ainda que não tenha querido ou assumido o risco de produzi-lo. Tal teoria não foi acolhida pelo nosso CP no que se refere à conduta dolosa. Isso no Brasil é conhecido não como dolo, mas como culpa consciente (você prevê o resultado, mas acredita piamente que ele não pode acontecer).
Modalidades de dolo
	Dolo Direto
	Dolo Indireto
	
	Dolo eventual
	Dolo Alternativo
	Ter a vontade e praticar o ato.
	Assumir o risco de produzir o resultado.
Manifestar indiferença em relação ao resultado.
“Dane-se! Se morrer morreu. Antes ele do que eu”!!!
	O agente possui mais de um resultado possível e qualquer dos dois satisfaz. Ex.: Eu atiro, se eu matar, ótimo, se eu lesionar também está ótimo!!!
	
	É difícil identificar na prática. Por isso trabalhamos com o “in dúbio pro reo”. A questão tem de deixar evidente!!!
	Não foi previsto no CP. A doutrina entende que se trata de uma modalidade de dolo eventual.
Exemplo: A quer matar B, mas B só anda com C, o segurança, e D, o motorista.
A paga um mecânico para colocar uma bomba no carro de B. Quando os três entram no carro, A detona a bomba. Em relação a B, temos um dolo direto, em relação a C e D não há dolo direto. Não há também dolo eventual porque há uma indiferença, mas neste caso era certo que C e D morreriam, não se tratava apenas de um risco. A partir daí a doutrina alemã fala em dolo direto de 1º grau (vontade de produzir o resultado) e dolo direto de 2º grau (o agente não tem a vontade, mas com a sua conduta torna esse resultado inevitável)
CULPA
Consiste na inobservância de um dever objetivo de cuidado. Agiu-se de forma descuidada. Materializa-se por meio de uma: negligência; imprudência; imperícia.
	Negligência
	Imprudência
	Imperícia
	Omissão. Não fazer o que deveria ter sido feito. Ex.: pai que deixa arma ao alcance da criança.
	Ação.
Ex.: Correr demais no trânsito.
	Ação ou omissão. Relacionada a arte, ofício ou profissão.
Ex.: erro médico.
A Culpa pode ser:
	Consciente
	Inconsciente
	Resultado previsto. Mas o agente acredita que pode evitar o resultado.
	Resultado imprevisto
Cuidado. Na culpa, o resultado é SEMPRE PREVISÍVEL. Aquilo que é imprevisível não é dolo nem culpa. 
Ex.: é imprevisível que o sujeito vai se jogar na frente do seu carro. Neste caso não há culpa nem dolo!!!
Ex. 1: Mesmo que alguém esteja correndo além do limite, é previsível que haja um acidente. Se no caso concreto não foi previsto e houver um acidente, a culpa é inconsciente.
Ex. 2: Atirador de facas. É previsível que haja um acidente, mas o atirador acredita que é tão bom que não lesionará ninguém.
Atenção! Não se preocupe. Um examinador tem de deixar isso muito claro.
	Atenção:
Crime de trânsito é dolo eventual ou culpa consciente?
E se o motorista ingerir bebida alcoólica?
O fato de ingerir bebida alcoólica por si só não leva ao dolo eventual...
O STF decidiu em 2011 que determinado sujeito que ingeriu bebida alcoólicae causou o acidente, agiu com culpa consciente. Há divergência na doutrina. A doutrina entende que, em alguns casos, é dolo eventual...
Se o sujeito acredita que dirige melhor quando está bêbado (idiotice) ... Neste caso temos culpa consciente.
Estamos discutindo para o novo código a possibilidade de aplicação da culpa temerária ... Apesar de não estar na legislação, pode cair em provas.
Culpa temerária é uma culpa de maior reprobabilidade. Seria o caso de homicídio na direção de veículo automotor. Um meio termo entre o dolo e a culpa clássica.
(ver: Selma Pereira de Santana)
	E o pega, o racha de carros?
Aqui o STF entendeu que é dolo eventual!!
Questões
TRE/RS NÃO é elemento do crime culposo:
a) Inobservância a um dever objetivo de cuidado.
b) Resultado naturalístico lesivo não querido, tampouco assumido, pelo agente.
c) Imprevisibilidade.
d) Conduta humana voluntária.
e) Tipicidade.
(2014/FCC/DPE-PB/Prova: Defensor Público)
Segundo a lei brasileira, tratando-se de condução de veículo automotor,
 a) no homicídio culposo, incide causa de aumento quando o crime é praticado em faixa de pedestre, na calçada ou área de estacionamento de veículos.
    Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
        Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o  No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:          (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;         (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;         (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;        (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.         (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
        V -        (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008)
§ 2o  Se o agente conduz veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência ou participa, em via, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente:        (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.        (Incluído dada pela Lei nº 12.971, de 2014)    (Vigência)
 b) não se aplicam as disposições da Lei nº 9.099/95 ao crime de lesão corporal culposa.
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
  c) constata-se o crime de conduta sob embriaguez com a concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 4 decigramas.
 Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
 Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
d) afastar-se do local do acidente para fugir à responsabilidade civil ou penal é uma faculdade do agente, desde que não haja vítimas fisicamente lesionadas.
        Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:
        Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
 e) poderá haver crime de omissão de socorro ainda que a vítima tenha sofrido morte instantânea. 
        Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
        Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
        Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves.
CRIME PRETERDOLOSO / PRAETERDOLOSO
Ocorre o dolo na conduta e a culpa no resultado.
Ex.: Você quer bater, mas acaba matando de tanto bater. (lesão corporal seguida de morte)
O crime preterdoloso tem de ser previsto expressamente em lei, afinal, envolve a culpa!!!
Vimos que a conduta é uma ação ou omissão dolosa ou culposa. Vamos estudar a ação e a omissão.
Os crimes podem ser, segundo a ação:
	Comissivos
	Omissivos
	Conduta Mista
	ação
	Próprio/Puro
	Impróprio/Impuro (comissivo por omissão / comissivo omissivo)
	Há uma ação e uma omissão (os dois, necessariamente)
	
	O tipo penal descreve a omissão!!!
	Envolve o garante! O tipo penal descreve uma ação. Mas com a omissão o garantidor pratica um crime comissivo.
	
	
	Ex.: omissão de socorro.
	Ex.: garantidor que não mata, mas deixa morrer. Pai que pode ajudar o filho que está se afogando e não o faz, pratica crime de homicídio.
Ex.2: pai que pode segurar o filho na balaustrada, mas deixa o filho cair. Perceba: isso é crime doloso!!!
Ex.3: policial que vê pessoa sendo roubada e não faz nada, responde pelo roubo.
Ex.4: Mãe que permite que o pai estupre a filha de 13 anos. A mãe responde por estupro de vulnerável (comissivo por omissão). E o pai responde por estupro de vulnerável. (neste caso, a mãe simplesmente permite, não era ameaçada etc)
	Ex.: apropriação de coisa achada.
Achar não é roubar, nem furtar.. de fato! É apropriação! Há uma ação (se apropriar da coisa) e uma omissão (deixar de entregar em 15 dias!!!)
Quem é o garantidor ou garante?
O Brasil adota as fontes formais do garantidor. Tais fontes devem ser admitidas em lei. (art. 13,§2º, do CP)
Pessoa que tem obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância. Ex.: policial, bombeiro, salva-vidas concursado; pais em relação aos filhos menores.
Aquele que de outra forma assumiu a responsabilidade de impedir a ocorrência do resultado. Aqui o dever é contratual. Ex.: segurança particular; salva-vidas do clube de recreação.
Aquele que com o seu comportamento anterior criou o risco de produzir o resultado. Ex.: aquele que coloca fogo culposamente em um lugar, se pode apagar, responderá pelo homicídio DOLOSO. Qualquer outra pessoa que poderia salvare não salvou, responde pelo crime de omissão de socorro!
	De qualquer modo o direito penal não pode exigir de ninguém atitudes heroicas. O garantidor só responde quando ele pode agir.
TEORIAS DA AÇÃO (TEORIAS DA CONDUTA HUMANA)
Teoria Causal (causalismo)
LISZT e BELING foram os seus principais adeptos. RADBRUCH depois aprimorou as ideias do causalismo por influência Kantiana.
Os autores clássicos brasileiros eram causalistas.
As ciências da natureza e as ciências exatas, no período, passaram por uma supervalorização. Isso invadiu também as ciências sociais.
Para que haja o fato típico basta a relação de causa e efeito. Para o causalismo, o dolo e a culpa não fazem parte da conduta humana. Dolo e culpa fazem parte da culpabilidade.
Na prática, se alguém se jogasse na frente do seu carro e viesse a óbito, para o causalismo o fato era típico, mas não culpável. Haveria absolvição do mesmo jeito! A repercussão disso é que ainda hoje se o delegado só não instaura o inquérito se o fato for atípico.
Adota a teoria psicológica, porque o dolo e culpa estão na culpabilidade.
Mas o causalismo evolui:
culpabilidade puramente psicológica (apenas dolo e culpa) Liszt e Beling => culpabilidade psicológica-normativa (dolo/culpa, imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa) Radbrush, James Goldschimitt, Bertold Freudentaal, Edmund Mezger.
B) TEORIA FINAL DA AÇÃO (FINALISMO)
Criado no final da 1ª Guerra por Welzel.
Toda conduta humana é dirigida a um fim. Em todo crime há uma conduta com alguma finalidade. Se a finalidade é ilícita, a conduta é dolosa. Se é lícita (ex.: chegar mais cedo em casa) pode ser uma conduta culposa.
Logo, toda conduta é dolosa ou culposa.
Ou seja, o dolo e a culpa são transportados para o fato típico. Toda conduta humana é necessariamente dolosa ou culposa. A culpabilidade fica sendo: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa; potencial consciência da ilicitude.
O emento psicológico foi retirado da culpabilidade.
São afastas as teorias da culpabilidade psicológica e cria-se a teroria da culpabilidade normativa pura!!! 
Na culpabilidade, só devem existir elementos normativos!!!
Welzel aprimorou essa teoria para a teoria cibernética da ação – que é apenas o finalismo aprimorado por Welzel. Mas esse aprimoramento não foi aceito pela maior parte da doutrina, tendo Welzel mais adeptos do finalismo que da teoria cibernética.
C) TEORIA SOCIAL DA AÇÃO
Ebehard Scmitd tratou um pouco da teoria social e Johanne Wessels melhor desenvolveu a teoria.
Mas Hans Heinrich Jescheck foi quem melhor desenvolveu essa teoria.
Para que a conduta humana seja penalmente relevante deve ser socialmente inadequada. Uma conduta socialmente aceita torna o fato atípico.
O problema dessa teoria é que ela não trouxe parâmetros objetivos para dizer o que é socialmente aceito.
Outro problema e que: Se está previsto em lei um tipo penal e o julgador pode considerar aceito, o fato deixa de ser crime. Na prática o juiz poderia “revogar” a lei.
Obs.: O crime de casa de prostituição (até 2009) era manter casa para fins libidinosos e obtenção de lucro (isso é motel). Hoje não, há casa deve ser para exploração sexual.
No RS um juiz considerou que manter determinado bordel não era crime porque era socialmente relevante. O STJ, em última instância, afastou a aplicação da função social da ação.
D) TEORIA PESSOAL DA AÇÃO
É a teoria da ação defendida por ROXIN. Para ele, a ação é a manifestação da personalidade do agente.
Para Roxin eu não posso punir o mero cogitar, porque não há manifestação da personalidade.
E) FUNCIONALISMO
O funcionalismo em si não é uma teoria da ação. Roxin, por exemplo, é funcionalista.
O funcionalismo é uma forma de ver o direito, buscando a sua função.
A questão é que o funcionalismo veio para rebater o finalismo.
Há dois tipos de funcionalismo:
	Funcionalismo racional-teleológico (ROXIN)
	Funcionalismo sistêmico-normativista (JAKOBS)
	Tenta unir o direito penal com a política criminal. “Direito Penal é a barreira infranqueável da Política Criminal”
A função do direito penal é a tutela subsidiária dos bens jurídicos mais importantes da coletividade (bens jurídicos com dignidade penal – bens imprescindíveis à convivência pacífica em sociedade).
	Não trabalha com a idéia de bem jurpidico. Não entende o direito penal visa tutelar bens jurídicos.
A função do direito penal, com base em Luhmann, é manter a higidez do sistema normativo.
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(CESPE / Analista Judiciário - TRE-BA / 2010) A imputabilidade penal é um dos elementos que constituem a culpabilidade e não integra a tipicidade. C
Atenção: Segundo Luiz Greco alguns autores vem abandonando o conceito de ação. Não seria preciso teorias para explicar a conduta humana. Bastava uma concepção natural de conduta humana. Três grandes autores abandonaram o conceito de ação para Luiz Greco. Tratam-se de ex-finalistas: Bacigalupo, Zaffaroni, Juarez Tavares. Não se identificam mais com nenhuma teoria.
Obs.: existe uma teoria em formação, a teoria da ação significativa, estudada por Bittencourt.
RESULTADO
	Resultado Jurídico
	Resultado Material (ou naturalístico)
	Lesão ou exposição a perigo de lesão de um bem jurídico
	
	Quanto ao resultado jurídico os crimes se subdividem em crimes:
De dano – lesão ao bem jurídico! (maioria dos crimes)
De perigo concreto – real exposição do bem a perigo.
De perigo abstrato – a lei presume que a conduta expõe o bem jurídico a perigo.
Obs.: antes beber e dirigir não era crime, era infração administrativa. Aliás poderia configurar crime de direção perigosa (zig-zag; alta velocidade). Hoje, basta beber para ser crime!)
Obs.: hoje portar droga para consumo pessoal é crime; o bem protegido é saúde pública. Mas o perigo aqui não é concreto. Trata-se de uma perigo abstrato. 
Há forte doutrina que sustenta a inconstitucionalidade do crime de perigo abstrato. Para esta doutrina:
1)	Viola o princípio da lesividade porque pressupõe uma lesão ou exposição ao bem jurídico a um perigo de lesão.
2)	O crime de perigo abstrato viola a presunção de inocência. Ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado.
Tal entendimento não prevalece na doutrina. Na jurisprudência ele é totalmente desconsiderado.
Tudo pode mudar quando o STF decidir definitivamente sobre a legalização ...
Obs.: veremos mais a frente a distinção entre a tipicidade material e a formal. Ex.: subtrair 5 centavos não lesiona o patrimônio!!! Se a lei pressupõe que portar drogas expõe a saúde pública a perigo, não importa a quantidade de drogas. Mas hoje o STF já reconhece a insignificância no porte de drogas, ainda que formalmente a quantidade possa implicar no tráfico (precedentes).
	Nesse caso o crime se divide em resultado:
Material – o resultado naturalístico é imprescindível para a consumação. SEMPRE!! - maioria dos crimes.
Obs.: SV 24: os crimes da Lei Lei 8137/90 (ordem tributária/ ordem econômica / relações de consumo), art. 1º, são materiais – só se consuma com a redução ou supressão do tributo; os demais crimes da lei são formais.
Formal – O resultado naturalístico é dispensável para a consumação (ÀS VEZES). O resultado é mero exaurimento. Ex.: extorsão (art. 158 do CP).
Obs.: O iter criminis pode ter até 5 fases: cogitação; preparação; execução; consumação; exaurimento.
Mera conduta – não existe resultado naturalístico (NUNCA), porque o resultado naturalístico é impossível.
Ex.: visita que fica na sua casa. O dia que você manda ela ir embora, ela diz que não vai. A violação do domicílio neste caso não muda o mundo exterior.
O resultado de que falamos nos elementos da tipicidade é o resultado naturalístico ou jurídico?
Em todos os crimes temos resultado jurídico! O resultado naturalístico nem sempre ocorre, apesar disso falamos na estrutura do fato típico dos crimes materiais!!!
Para os crimes formais e de mera conduta a estrutura do fato típico é diferente porque não há resultado naturalístico nem nexo causal,por consequência.
	Tipicidade (crimes formais e de resultado)
Conduta
Resultado
Nexo
Tipicidade
NEXO CAUSAL (relação de causalidade ou nexo de causalidade) – Art. 13 do CP
Trabalharemos com as teorias que podem ser cobradas e não com todas as teorias históricas!!
Teoria da equivalência dos antecedentes (conditio sine qua non)
Teoria da causalidade adequada
Imputação objetiva
Teoria da equivalência dos antecedentes (conditio sine qua non)
Teoria acolhida como regra entre nós (art. 13, caput). É causa do resultado tudo aquilo que contribuiu para que o resultado tivesse ocorrido da forma como ocorreu.
Elemento trazido pela doutrina
Para saber qual a causa, é preciso usar o critério da eliminação hipotética (THIRÉN).
Basta que eu elimine a possível causa hipoteticamente considerada e verifique se o resultado ainda assim ocorreria.
Ex.: Fato: “A” mata “B” com tiro de revolver.
“A” adquire a arma;
“A” compra munição;
Antes disso, A corta o cabelo; => x
Espera “B” chegar e atira “B”;
Se “A” não adquirisse a arma o crime não teria ocorrido da mesma forma!
Se “A” não comprasse a munição o crime não teria ocorrido da mesma forma!
O fato de “B” cortar o cabelo não interfere na ocorrência do crime!
Se não esperasse “B” e não atirasse, não mataria.
Obs.: nós não diferenciamos causa de concausa nessa teoria. Assim nós chegaremos ao infinito...
Como limitamos o regresso ao infinito? Limitamos o regresso ao infinito por meio do dolo e da culpa. Por que a mãe de “A”, que o gerou, não responde pelo crime? Porque não agiu nem com dolo nem com culpa.
Teoria da causalidade adequada
Só é causa do resultado, aquilo que por si só produziu o resultado.
Utilizando o mesmo exemplo:
•	“A” adquire a arma;
•	“A” compra munição;
•	Antes disso, corta o cabelo; => x
•	Espera “B” chegar; Atira em “B”;
Adquirir a arma, a munição, cortar o cabelo e esperar “B” chegar, por si só, não produzem o resultado. Ou seja, só seria causa do resultado o ato de efetuar os disparos.
Vimos que a regra está no art. 13, caput.
O art. 13,§1º, do CP, quando trata da causa relativamente independente superveniente, adere à teoria da causalidade adequada.
Ex.: Eu dou um tiro, o sujeito é levado ao hospital. No meio do caminho o carro tem um acidente. O sujeito morre em razão do acidente e não do tiro.
Neste exemplo, se adotássemos a primeira teoria, quando eu atirei eu daria causa ao resultado ... se eu não tivesse atirado, ele não estava na ambulância e assim sucessivamente.
Em conformidade com o §1º, o agente só responde neste caso pelos atos até então praticados...
Mas o que é afinal é uma causa relativamente independente?
Pegar um engarrafamento, por exemplo, é mero desdobramento normal de uma conduta criminosa. Isso não pode ser considerado causa relativamente independente...
Ex.: para concurso, infecção hospitalar é algo tão corriqueiro que não pode ser considerado causa relativamente independente. Assim, se você der um tiro em alguém e essa pessoa morrer em razão de infecção hospitalar, você responderá por homicídio.
Teoria da Imputação Objetiva (Roxin e Jakobs)
Não busca ultrapassar a teoria da conditio cine qua non, mas apenas estabelecer mais um limite a essa teoria.
O limite na equivalência dos antecedentes é o dolo e a culpa. Trata-se de um limite subjetivo.
A imputação objetiva pretende trazer um limite objetivo à teoria.
Não é causa do resultado:
1) conduta que visa diminuir o risco proibido
2) conduta que visa incrementar o risco permitido.
Ex.1: você impede que uma criança seja atropelada. Mas na queda a criança se machuca muito.
Pela teoria da conditio sine qua non você deu causa ao resultado lesão corporal, produzindo o fato típico, mas há uma excludente de ilicitude (estado de necessidade).
Se você acolhe a teoria da imputação objetiva, você não responderia pelo crime porque você pretendeu diminuir o risco à vida da criança... Não foi dada causa ao resultado.
Ex. 2: conduta que visa incrementar o risco permitido...
Aqui o risco é o risco inerente à sociedade.
Imagine um sujeito que quer herdar a fortuna do tio, já em idade avançada. Ele compra uma passagem de avião para o tio e espera que esse avião caia. Por ironia do destino, o avião cai e o tio morre. Perceba que aqui houve dolo, mas houve uma excludente de ilicitude (exercício regular do direito). Para a teoria da imputação houve um incremento de o risco permitido, afinal comprar passagem é algo corriqueiro, um risco da vida em sociedade... Não foi dada causa ao resultado!
Questões
TJ-PA. O artigo 13, do Código Penal Brasileiro, que trata do resultado, ou seja, do efeito material da conduta humana, não se aplica aos crimes:
a) habituais, comissivos e de mera conduta.
b) permanentes, formais e comissivos.
c) formais, omissivos próprios e de mera conduta.
d) comissivos, culposos e formais.
e) omissivos próprios, habituais e culposos.
 (CESPE / Procurador - AGU) Segundo a teoria da causalidade adequada, adotada pelo Código Penal, o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. E – conditio sine qua non
 (CESPE / Direito – Corpo de Bombeiros Militar) Armando, tencionando matar João, disparou vários tiros contra o desafeto, produzindo-lhe ferimentos graves. João foi socorrido por populares e levado ao hospital, onde faleceu em virtude de infecção hospitalar advinda da intervenção cirúrgica em virtude dos disparos. Nessa situação hipotética, Armando deve responder por lesão corporal grave, pois não deu causa à morte de João. E
(2013/FCC/DPE-AM/Defensor Público)
No que se refere aos elementos do crime, é correto afirmar que 
 a) o estrito cumprimento do dever legal exclui a imputabilidade.
 b) o dolo e a culpa integram a tipicidade e a culpabilidade, respectivamente.
 c) o arrependimento eficaz afasta a ilicitude.
 d) a exigibilidade de conduta diversa é pressuposto da culpabilidade.
 e) o crime impossível extingue a punibilidade.
(2014/FCC/DPE-PB/Prova: Defensor Público)
Quanto à tipicidade penal, é INCORRETO afirmar que, segundo a teoria
 a) causalista, conduta é um comportamento humano voluntário no mundo exterior que consiste em fazer ou não fazer alguma coisa.
 b) social, conduta é a manifestação externa da vontade humana que tenha relevância social.
 c) finalista, conduta é a atividade humana conscientemente dirigida a uma finalidade.
 d) da imputação objetiva, conduta é a atividade que cria ou incrementa um risco que, permitido ou não, produza resultado lesivo ou expositivo ao bem jurídico tutelado.
 e) da equivalência dos antecedentes, todos os fatores que concorrem fisicamente para a produção de um resultado criminoso naturalístico são considerados sua causa.
TIPO e TIPICIDADE
Conceito de tipo penal – descrição da conduta humana na lei penal (norma penal incriminadora).
O tipo penal possui sujeitos, objetos e núcleo.
	Sujeitos
	Objeto
	Núcleo
	Ativo – Agente
Quanto ao sujeito ativo o crime pode ser:
Comum – qualquer um pode praticar
Próprio – exige qualidade especial do agente. Ex.: crimes funcionais
De mão-própria – além de exigir qualidade especial do agente, não admite co-autoria, mas admite participação. Ex.: falso testemunho.
Obs.: advogado que orienta a testemunha a mentir é partícipe (para a doutrina). O STF, porém, diz que neste caso o crime é próprio, o advogado deve responder como coautor!!!!
	Jurídico – bem jurídico tutelado pela norma penal.
Ex.: roubo – tipo pluriofensivo – ofende mais de um bem jurídico (patrimônio e integridade física ou higidez psíquica da pessoa)
Material (naturalístico) – pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa.
Nem sempre se confunde com o sujeito passivo direto.
	Verbo do tipo penal.
Há tipos penais que são plurinucleares!!!
	Passivo – pode ser:
Direto (eventual ou imediato) – a vítima
Indireto (constanteou mediato) – SEMPRE é o Estado. As vezes o Estado é SP Direto.
	
	
Elementos do tipo penal
	Objetivos
	Subjetivos
	Podem ser:
Normativos – dependem de valoração SOCIAL ou JURÍDICA (você lê no CP, mas só compreende se fizer uma valoração social. Ex.: mulher honesta – quando existia no CP se referia à moral sexual; pessoa mal afamada (crime de abandono); funcionário público – depende de uma valoração jurídica.
Descritivos – não depende de valoração social nem jurídica. Ex.: matar alguém (“alguém” sempre foi a mesma coisa)
	Elemento subjetivo da conduta humana - dolo ou culpa.
Existe o dolo genérico e o dolo específico (especial finalidade do agir).
Ex.: prevaricar – funcionário público que não faz o que a lei manda ou faz em desacordo com a lei, para atingir um interesse pessoal (interesse específico).
TIPICIDADE
É compreendida na Europa como tipicidade formal e material. No Brasil falamos ainda em tipicidade conglobante, que se divide em: material e antinormatividade (Zaffaroni).
Tipicidade formal – relação de adequação da conduta humana ao tipo penal. Essa adequação típica tem de ser perfeita.
Ex.: furto – subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. Furto de uso não é crime porque não quero a coisa pra mim. Energia elétrica no Brasil é equiparada a coisa alheia móvel (art. 155 do CP).
	Sinal de TV a cabo para o STJ era “coisa alheia móvel”. Em 13/04/2011, o STF entendeu que se trata de fato atípico. Esse também é o entendimento da maior parte da doutrina. Para parte da doutrina, porém, há estelionato com o desvio de sinal de TV a cabo porque há a indução de pessoas a erro.
	O STF não enfrentou o problema de fraude a concurso, mas enfrentou um caso de fraude ao vestibular. O Procurador da República (tratava-se uma universidade pública) denunciou como crime de estelionato. O pai de um dos vestibulandos tornou-se deputado e a análise foi levada ao STF. O PGR classificou o crime como falsidade ideológica (inserir informações fraudulentas em documento para se beneficiar). Mas o STF decidiu que o fato era atípico, apesar da alta reprobabilidade moral. No dia 16/12/2011, veio nova lei e inseriu o art. 311-A (fraude a concursos, certames, seleções públicas, inclusive para ingresso em universidades)
Até agora falamos de adequação típica direta ou imediata!
Mas é possível adequação típica indireta ou mediata. Nesse caso, é preciso recorrer às normas de extensão para se chegar à tipicidade.
Ex.: no art. 121 fala-se em “matar alguém”. Mas aquele que “tenta matar alguém” responde pela tentativa em razão da combinação com o art. 14,II, do CP.
O mesmo raciocínio serve para o partícipe e para o coautor (tem o domínio do fato) em razão do art. 29 do CP (todo aquele que incorreu para que o crime acontecesse do modo como ocorreu, responde pelo crime, na medida da sua culpabilidade).
	Até mais ou menos a década de 60, falávamos apenas em tipicidade formal. A influência de ROXIN trouxe a tipicidade material para a dogmática. A função do direito penal é trazer uma tutela subsidiária.
Tipicidade conglobante (tipicidade material + antinormatividade)
Tipicidade material – só está presente quando a conduta além de tipicamente formal, conduz a uma efetiva lesão ao bem jurídico.
Se a lesão é insignificante, não há que se falar em tipicidade material. Se a conduta é insignificante, não há tipicidade material.
O princípio da insignificância torna a conduta atípica.
	O princípio da insignificância não está expressamente previsto em nenhum diploma. Mas é válido em conformidade com a doutrina e a jurisprudência.
OAB 2011.3 – 1ª fase - mulher que subtraiu três sabonetes do supermercado (insignificância); 2ª fase – empregada doméstica que subtraiu 50 reais do seu patrão. Aqui só há insignificância em conformidade com a situação do patrão. O patrão ganhava mais de 50.000 por mês. Também há insignificância.
Atualmente: está abaixo da linha da pobreza quem consome menos de 70 reais por mês (dados do IBGE). Subtrair 50 reais de uma pessoa nessa situação não é insignificante.
	Mas CUIDADO, o critério não é só o patrimonial, deve-se levar em consideração o desvalor da conduta. Quem rouba, por exemplo, 10.000 reais (não importa se a vítima é bilionária) deve ser punido.
	Para aplicar a insignificância o STF traz critérios objetivos:
a)	Mínima ofensividade da conduta;
b)	Inexpressividade da lesão jurídica;
c)	Ausência de periculosidade social;
d)	Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
Caso 1: furto de ovos de páscoa que não totalizavam 20 reais. Em HC, o STF considerou que não se tratava de insignificância. Quem furtou foi um policial militar fardado. Veja que a lesão ao bem jurídico é apenas um dos critérios a ser analisado.
Caso 2: furto qualificado pela escalada. Ao chegar ao local não havia nada a ser furtado. A STF entendeu que a estrema habilidade do sujeito demonstra a sua periculosidade. Foi afastado o princípio da insignificância.
Caso 3: É possível insignificância em crime contra a vida ou sexual? NÃO. Mas a doutrina cria exemplos esdrúxulos.
A) lesão corporal insignificante (arrancar um fio de cabelo);
B) sujeito que aponta a arma ou agride a vítima para levar 10 centavos. É possível insignificância no roubo?
1 C – doutrina minoritária. O roubo é um tipo penal complexo (resulta da junção de mais de um tipo penal: roubo (art.157) = furto (art. 155) + lesão corporal (art. 129) ou ameaça (art. 147) ou constrangimento ilegal – art. 146). Para esta doutrina, poderíamos desconsiderar a lesão patrimonial, respondendo o sujeito pela lesão, ameaça ou constrangimento ilegal.
2 C – majoritária. Não existe insignificância em crime praticado mediante violência ou grave ameaça.
C) Existe insignificância em crime ambiental?
Para os defensores do direito ambiental não se fala em insignificância porque uma agressão ao meio ambiente em regra é pequena considerando o planeta. Assim, não haveria crimes ambientais.
Mas para a jurisprudência cabe. 
Atenção: o STJ já admitia a insignificância. O STF considerou a insignificância recentemente em um caso envolvendo propriedade particular, onde existia uma área de preservação ambiental.
D) Cabe insignificância no crime militar?
Um simples deslize militar é apenado. Neste sentido, o STM não vislumbra insignificância nos crimes militares.
Mas, para o STF, cabe insignificância no crime militar.
E) Cabe insignificância em crime de perigo abstrato?
No crime de perigo abstrato há uma presunção da lesividade.
Há insignificância no porte de drogas para consumo. Tudo bem! Mas veja o caso:
Em um caso concreto, um soldado do quartel na função de sentinela que fumava maconha foi denunciado e condenado pelo juiz militar e depois pelo STM. Em recurso ao STF (fevereiro de 2011), o Supremo reconheceu a insignificância. Portanto: foi admitida a insignificância em crime militar e foi admitida a insignificância em crime de perigo abstrato.
	Acompanhe sempre a jurisprudência por meio do sistema push do STJ e do STF.
F) Cabe insignificância nos crimes contra a fé pública?
O STF já admitia a insignificância no crime de moeda falsa (isso desde 2004). Em 2008 o entendimento começou a ser cindido. Hoje prevalece o entendimento de que não cabe. Tratando-se de crime contra a fé pública, a fé é comprometida independentemente do valor. Não se trata de crime patrimonial.
G) Cabe a insignificância no crime contra a Administração Pública?
Há diversos conceitos de Administração Pública, mas há um central – conjunto de agentes, órgãos e atividades para o desempenho do interesse público.
Para o Direito Penal o bem jurídico Administração Pública relaciona-se com o direito que tem o administrado perante a atuação do Estado. Trata-se do prestígio do poder público.
Para o STJ não cabe insignificância. Para o STJ o tal bem jurídico é imensurável, não patrimonial.
Para o STF cabe. Sob o ponto de vista material é precisa analisar quando um crime atinge o bem.
Para a doutrina também cabe.
Ex.1:policial de trânsito que pede dinheiro (5 reais) ao motorista. Neste caso, o valor é insignificante. Solicitar valor indevido é crime formal.
Ex. 2: Pessoa que exerce cargo e tem direito a apartamento funcional. Se quando sai leva o fogão pratica peculato (apropriar-se de coisa que se serve no exercício do cargo). O STF entendeu que era insignificante.
H) É impossível insignificância no crime tributário?
O entendimento MAJORITÁRIO é que SIM.
Mas a jurisprudência passou a tratar de valores específicos para verificar a insignificância.
Nos crimes patrimoniais, o patrimônio da vítima é levado em consideração. Já vimos. O STF já falou de salário mínimo, de sexta básica, de padrão do Dieese.
Para o STF o crime tributário é insignificante se envolve valor inferior a R$ 20.000. A partir desse valor é obrigatório o ajuizamento da execução fiscal pela União. Se nem o processo civil da execução fiscal é relevante, imagine o penal?!!!
Veja a decisão!
(...) 1. Não obstante a compreensão até então vigente nesta Corte, a Quinta Turma deste Sodalício, com a intenção de uniformizar a jurisprudência quanto ao tema, passou a adotar a orientação, firmada pela Corte Suprema, que admite o reconhecimento da atipicidade material da conduta sempre que o valor dos tributos sonegados não ultrapassar a vinte mil reais, parâmetro previsto na Portaria n. 75/2012 do Ministério da Fazenda. 2. Tendo a Corte a quo registrado que o valor sonegado somou R$ 11.295,48, não há como se afastar a aplicação do princípio da insignificância à hipótese dos autos. 3. O acórdão recorrido não fez qualquer referência à existência de outros registros que pudessem indicar a contumácia delitiva impeditiva do reconhecimento da atipicidade material. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.(AgRg no AgRg no REsp 1447254/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 04/11/2014, DJe 11/11/2014)”
Ex.: a apropriação indébita previdenciária está no rol de crimes patrimoniais, mas envolve um tributo (contribuição previdenciária). Aqui o STF utilizava os mesmos critérios de insignificância do crime tributário. Em decisão recente disse o STF que não cabe insignificância no crime de apropriação indébita previdenciária (afastou, portanto, a possibilidade de aplicação da insignificância). Nesse caso disse o Supremo que não se fala em insignificância porque o bem jurídico é supraindividual. Se isso pegar, não caberá insignificância também em crimes ambientais, contra a administração, crimes militares... Isso pode mudar tudo, por enquanto, ainda não mudou!!!
Obs.: o que é o princípio da insignificância imprópria? É a aplicação da teoria da irrelevância penal do fato. É uma teoria de LFG (crime típico, ilícito, culpabilidade, mas não há necessidade de pena). Ex.: perdão judicial. Perceba: aqui não há exclusão da punibilidade, há apenas desnecessidade da pena...
Atenção: a utilização do princípio da insignificância exclui a tipicidade material!!!
Antinormatividade
Entenda a tipicidade conglobante como englobante. A tipicidade deve englobar todos os ramos do direito, não apenas o direito penal
Para que a conduta seja típica penalmente, ela deve ser antinormativa:
Não é considerada obrigatória por outro ramo do direito;
Não é fomentada por outro ramo do direito.
Ex. 1: carrasco – funcionário público encarregado de cumprir a pena capital. O carrasco liga a cadeira elétrica.
Veja que a conduta do carrasco é típica (formal e materialmente). Mas o direito administrativo cria o cargo do carrasco, obrigando o sujeito a matar. Nesse sentido essa conduta não pode ser típica em conformidade com a tipicidade conglobante.
Ex. 2: policial que usa algemas. O processo penal obriga o policial a prender em flagrante, então não pode ser penalizado por restringir a liberdade da pessoa que está sendo presa, ainda que essa conduta seja formalmente e materialmente típica.
Ex. 3: a conduta fomentada pelo ordenamento jurídico é aquela estimulada: cirurgia terapêutica (não é cirurgia estética). Perceba que há lesão corporal, mas a conduta não é antinormativa.
	Atenção: onde não é adotada a teoria da tipicidade conglobante, tais pessoas agem estrito comprimento do dever legal.
Assim:
Para a teoria clássica – exclusão da ilicitude (o policial, o carrasco e o médico agem em estrito cumprimento do dever legal)
Para a teoria de Zaffaroni - Tipicidade conglobante – exclusão da tipicidade.
O que Zaffaroni faz é deslocar o estrito cumprimento do dever legal para dentro da tipicidade. Essa é uma das principais críticas ao autor.
O exercício regular de um direito é praticar conduta fomentada ou autorizada pelo ordenamento. Parte do exercício regular do direito (conduta fomentada) é transportada para a tipicidade por Zaffaroni.
Críticas:
Utilizar palavras diferentes para falar da mesma coisa
O art. 23 do CP (estrito cumprimento do dever legal) torna-se letra morta no Brasil
Independente disso. Você precisa saber a teoria! Principalmente para a magistratura!
Atenção: a adequação social exclui a tipicidade.
Questões
TRT/Juiz. É causa de exclusão da tipicidade,
a) a insignificância do fato ou a sua adequação social, segundo corrente doutrinária e jurisprudencial.
b) o erro inevitável sobre a ilicitude do fato.
c) a coação moral irresistível.
d) a não exigibilidade de conduta diversa.
e) a obediência hierárquica.
Promotor/SP. A Suprema Corte tratou do tema antecipação do parto ou interrupção da gravidez na ADPF 54 em que foi postulada a interpretação dos arts. 124 e 126 do Código Penal – autoaborto e aborto com o consentimento da gestante – em conformidade com a Constituição Federal, quando fosse caso de feto anencéfalo. Após julgar procedente a ação, o Colendo Tribunal declarou que a ocorrência de anencefalia nos dispositivos invocados provoca a
a) exclusão da antijuridicidade.
b) exclusão da tipicidade.
c) exclusão do concurso de crimes.
d) aplicação de perdão judicial.
e) inexigibilidade de conduta diversa.
INSTITUTOS RELACIONADOS AO FATO TÍPICO
Tentativa
Desistência Voluntária
Arrependimento eficaz
Arrependimento posterior
Crime impossível
TENTATIVA
“Quero produzir a execução mas não posso” – fórmula de Frank
Iter criminis = itinerário, caminho, fases do crime.
Pode ter ATÉ cinco fases: Cogitação, Preparação, Execução, Consumação e Exaurimento.
- Cogitação – pensar em realizar o crime. Esta fase nunca pode ser punida. Não é possível punir o que não foi exteriorizado.
Obs.: pelo princípio da lesividade não se pode punir a mera cogitatio. Também não é possível punir as condutas auto-lesivas (princípio da alteridade). Não se pode punir estados existenciais (só se pode punir o sujeito pelo que ele fez e não o que ele é = contra o direito penal do fato). Só se pode punir se houver uma exclusiva proteção ao bem jurídico.
- Preparação – às vezes o ato preparatório é crime.
Ex. 1: crime de moeda falsa – art. 289 do CP; art. 291 – pretechos para falsificação de moeda – aqui há preparação como o crime de moeda falsa e é também o crime autônomo.
Ex. 2: porte ilegal de arma de fogo – pode ser uma preparação para o homicídio, mas é também um crime autônomo.
- Execução – aqui o crime começa a ser punido. Há tentativa quando iniciado o crime e por circunstâncias alheias à vontade do agente o crime não ocorre.
Caso: sujeito se esconde no banheiro de uma loja, esperando o ambiente ser fechado para realizar o furto, mas acaba adormecendo e é surpreendido pelo segurança. A questão é: trata-se de uma tentativa? Começou a execução?
Quais as teorias para explicar isso?
Objetiva Formal – só começa a execução se iniciada a realização do núcleo central do crime
Objetiva Material – não é preciso realizar o núcleo do tipo, mas uma conduta imprescindível para chegar ao núcleo do tipo.
Subjetiva – basta que o sujeito manifeste a sua intenção.
Hostilidade ao bem jurídico – há ato de execução quando iniciada a lesão ao bem jurídico (ex.: arrombar a porta da loja). TEORIA MAJORITÁRIA.
Quais as consequências da tentativa? Aplica-sea pena do crime consumado, diminuída de 1/3 a 2/3, salvo quando a disser o contrário (art. 14 do CP).
Quanto mais próximo se chegar à consumação, menos a pena é reduzida.
Qual a natureza jurídica da tentativa? Trata-se de diminuição de pena (minorante) prevista na parte geral do 21CP.
Qual a classificação doutrinária da tentativa?
Tentativa branca (ou incruenta) – da tentativa, a vítima sai ilesa.
Tentativa vermelha (cruenta) – a vítima sai lesionada.
Tentativa abandonada – não se trata de verdadeira tentativa. Na verdade é desistência voluntária (veremos adiante).
Tentativa inidônea – também não é tentativa. É o chamado crime impossível (veremos adiante)
Tentativa perfeita (acabada ou crime falho) – o crime não se consuma por circunstâncias alheias, mas tudo o que poderia ter sido feito para a consumação foi feito (foi exaurida a potencialidade lesiva. Ex.: todas as balas foram atiradas).
Tentativa imperfeita (inacabada) – não foi exaurida a potencialidade lesiva. Ex.: a arma travou ou alguém segurou o sujeito.
Infrações penais que NÃO ADMITEM TENTATIVA
Contravenção penal – por expressa disposição legal fica proibida a tentativa na contravenção penal.
Crime de atentado ou empreendimento – é punido com a mesma pena do crime consumado. Ex.: evasão violenta de preso. Obs.: a fuga por si só não é crime, mas infração administrativa. Mas o CP diz que a evasão VIOLENTA ou a TENTATIVA de evasão VIOLENTA são punidos da mesma forma.
Crime unissubsistente – aquele cuja conduta não pode ser fracionada. Ex.: crimes praticados na modalidade verbal: crime contra a honra, ameaça, corrupção ativa e passiva.
Atenção: em tais crimes, quando PRATICADOS POR ESCRITO, é cabível a tentativa. A carta, o email, pode não chegar!!!
Obs.: o crime plurissubsistente pode ser fracionado, havendo vários atos. Por isso é possível a tentativa. Pode ser iniciada a execução e o crime não ocorrer. Ex.: homicídio.
Crime omissivo próprio – o crime omissivo próprio é unissubsistente, por isso não é cabível a tentativa. Aqui a descrição da conduta na lei já é uma omissão. NÃO É POSSÍVEL FRACIONAR A OMISSÃO!!
Crime culposo – tentativa pressupõe vontade. Você não pode tentar fazer o que você não quer!! Está no CP (art.14)!! Não se consuma o crime por circunstâncias alheias à vontade!!!
Atenção: no dolo eventual não há vontade mas indiferença. Para parte da doutrina não cabe tentativa no dolo eventual. Essa corrente é muito CONTROVERSA.
ATENÇÃO: na CULPA IMPRÓPRIA, POR EXTENSÃO OU ASSIMILAÇÃO, não é possível a tentativa.
Ex.1: sujeito que vê um celular igual ao seu e, acreditando ser o seu, coloca no bolso e vai embora. Trata-se de um ERRO DE TIPO (FALSA NOÇÃO DA REALIDADE QUE RECAI SOBRE ELEMENTAR DO TIPO = “COISA ALHEIA MÓVEL”) O erro de tipo exclui o dolo, mas permite a condenação por culpa se houver previsão da modalidade culposa. Se não houver a modalidade culposa, torna-se atípico. Neste caso, não há furto culposo e o fato é atípico.
Ex.2: sujeito mata uma pessoa sem saber que é uma pessoa. Trata-se também de um erro de tipo (matar alguém). Mas no homicídio existe a modalidade culposa, o sujeito responderá pelo homicídio culposo. A isso chamamos CULPA IMPRÓPRIA, POR EXTENSÃO OU ASSIMILAÇÃO. Essa é a única culpa que admite a tentativa, há uma vontade de produzir o resultado, mas o sujeito está em erro.
crime preterdoloso (dolo na conduta, culpa no resultado) – não cabe tentativa aqui porque também não há intenção de produzir o resultado.
Crime formal ou crime de mera conduta (majoritário) – não há resultado naturalístico nesse crime. Não há como não obter o resultado. Isso é controverso. Vimos os casos de crimes de dano por escrito. Vai depender, portanto do caso concreto.
- Consumação – preenchimento de todos os elementos da definição típica.
- Exaurimento.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA (art.15 do CP)
“Posso prosseguir na execução mas não quero” – fórmula de FRANK
Ex.: deflagro disparo na vítima, ela cai, mas, em vez de continuar, eu deixo pra lá. Ou alguém me aconselha e eu deixo pra lá.
Atenção: a desistência deve ser voluntária, NÃO NECESSARIAMENTE ESPONTÂNEA. A espontaneidade parte do agente. Isso não é necessário. Basta o conselho de alguém.
Qual a consequência da desistência voluntária?
O agente responde apenas pelos atos até então praticados. Ex.: aponta a arma, mas não atira. Pode ser ameaça.
Aqui é desnaturada a tentativa. A vontade inicial é desconsiderada. Se apenas houve ameaça ou lesão corporal responderei por isso.
ARREPENDIMENTO EFICAZ (art. 15)
Parecido com a desistência voluntária.
Aqui o agente exauriu a potencialidade lesiva.
Depois te ter executado, o agente desiste. Nesse sentido o agente vai envidar todos os esforços para impedir o resultado. (ex.: colocar o sujeito no carro e levá-lo ao hospital para impedir a morte).
Se for consumado, o agente responde pelo crime.
O arrependimento eficaz e a desistência voluntária serão levadas em consideração na dosimetria da pena.
Na prática a consequência é a mesma tanto na desistência voluntário quanto no arrependimento eficaz.
Qual a natureza jurídica da desistência voluntária ou do arrependimento eficaz?
Nelson Hungria dizia que a natureza desses institutos são de cláusulas extintivas da punibilidade não previstas no art. 107 do CP (causa exemplificativas). Isso não prevalece.
Para a doutrina majoritária são hipóteses da atipicidade.
A atipicidade pode ser relativa porque o crime principal deixa de existir, mas pode haver outro crime: ameaça, dano etc.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR (ART. 16)
É o único em que há uma consumação.
O crime já está consumado, daí o nome: é um arrependimento POSTERIOR à consumação do CRIME.
O crime não pode envolver violência ou grave ameaça. Ex.: furto, apropriação indébita, estelionato.
Após a consumação o agente vai reparar o dano ou restituir a coisa, NECESSARIAMENTE até o recebimento da denúncia ou queixa crime.
A reparação do dano deve ser integral, mas se a vítima aceitar o pagamento não integral o agente também pode ser beneficiado. Esse é o entendimento da doutrina.
Ex.: furto de uso é atípico. Mas se a intenção era ficar com o bem e o sujeito desiste e devolve a coisa é arrependimento posterior. Perceba: na prática é difícil perceber.
O arrependimento posterior deve ser voluntário, mas não precisa ser espontâneo.
Consequência:
A mesma consequência da tentativa. Aplica a pena, mas há a diminuição da pena de 1/3 a 2/3.
Obs.1: há precedentes do STJ que dizem que se trata de uma causa de diminuição de pena objetiva e não subjetiva. Por exemplo, se são três réus e um repara os demais se beneficiam.
Há argumentos para todos os lados:
- o problema de ser subjetivo é que havendo três réus, se um reparar tudo, os outros dois não têm mais o que reparar. Não pode haver um enriquecimento sem causa!
Mas cuidado, a matéria aqui é penal e não civil.
Obs. 2: nem sempre cabe arrependimento posterior porque, em determinados casos, a reparação é mais benéfica ao réu que a diminuição da pena.
Ex.1: crime tributário – o pagamento do tributo até o recebimento da denúncia não vai reduzir a pena, mas extinguir a punibilidade.
Ex.2: peculato culposo – de forma culposa o funcionário público acaba contribuindo pelo crime praticado por outro. Ex.: agente que deixa a porta destrancada permitindo o furto.
No peculato culposo a reparação do dano ou a restituição da coisa deve acontecer até a sentença definitiva irrecorrível (sentença transitada em julgado).
Aqui, havendo a reparação, haverá a extinção da punibilidade do agente.
Atenção: a reparação da coisa pode ser inclusive posterior à sentença irrecorrível; neste caso haverá apenas a redução da pena pela metade.
CRIME IMPOSSÍVEL
É impossível consumar o crime por absoluta impropriedade do meio ou objeto.
Ex.: no homicídio, o objeto do crime é a pessoa. Se o sujeito atirar em uma pessoa já morta o objeto material do crime não existe. Nesse caso, há fato atípico. Não é vilipêndio a cadáver, porque esse crime só é praticado namodalidade dolosa.
Nesse caso não se pune nem a tentativa.
Havia uma teoria subjetiva que diz que o sujeito deveria ser penalizado pela vontade. Essa doutrina não foi acolhida por nós.
Ex.: sujeito que quer furtar a carteira de alguém, mas quando enfia a mão no bolso não tem nada. Veja o objeto material não existe. Há absoluta impropriedade do objeto.
Cuidado: se a carteira estivesse no outro bolso, haveria tentativa. Aqui há uma relativa impropriedade do objeto.
Absoluta impropriedade do objeto – crime impossível
Relativa impropriedade do objeto – tentativa
A absoluta ineficácia do meio também torna o crime impossível.
Ex.1: alguém que ministra açúcar, pensando ser veneno.
Ex.2: se é ministrada uma pequena dose de veneno que, no caso concreto, não matou. Aqui temos relativa ineficácia do meio => tentativa.
Teorias do crime impossível:
Subjetiva – deve haver a punibilidade porque o sujeito está manifestando vontade de conseguir o resultado. Teoria não acolhida.
Teoria objetiva pura – a conduta não deveria ser punida se houvesse impropriedade do objeto ou ineficácia do meio ABSOLUTA ou RELATIVA. Teoria não acolhida.
Teoria objetiva temperada (matizada, relativizada) – o crime só é punido se houver ABSOLUTA impropriedade do objeto ou ineficácia do objeto.
Obs.1: O STJ entendia que se o sujeito estivesse em constante vigilância de câmara de segurança o furto seria impossível por absoluta ineficácia do meio. ISSO MUDOU!!! Claro. A constante vigilância por câmara de segurança implica na RELATIVA ineficácia do meio. Nesse caso, há tentativa.
Obs. 2: Súmula 145 do STF – trata do flagrante preparado ou provocado. O policial provoca o sujeito a praticar o crime. Nesse caso, ocorre uma situação em que teremos uma hipótese de crime impossível. Esse é o entendimento do STF. (Estudaremos isso no Curso de Processo Penal) !!!
Questionamento: a súmula fala em policial. E se o agente provocador for um particular? Para a doutrina majoritária o crime seria impossível da mesma forma.
Atenção: o crime impossível é também chamado de tentativa inidôneo.
(2012/FCC/DPE-PR/Defensor Público)
Considere as afirmações abaixo, entre tipicidade e antijuridicidade. 
I. Para a teoria do “tipo avalorado” (também chamado de “neutro”, “acromático”), a tipicidade não indica coisa alguma acerca da antijuridicidade. 
II. Para a teoria indiciária (ratio congnoscendi), a tipicidade é um indício ou presunção iuris et iuris da normatividade da licitude. 
III. Para a teoria da identidade, a tipicidade é a ratio essendi da antijuridicidade, onde afirmada a tipicidade resultará também afirmada antijuridicidade.
 
IV. Para a teoria do tipo puro, a tipicidade representa uma valoração subjetiva da normatividade da licitude.
Falar um pouco sobre Max Weber! Apreensão da realidade, como compreender!
Estão corretas APENAS as afirmações 
 a) I e III.
 b) I e II.
 c) II e III.
 d) II e IV.
 e) III e IV.
Verdadeiro ou falso (DPU/2015)?
Configura-se a desistência voluntária ainda que não tenha partido espontaneamente do agente a ideia de abandonar o propósito criminoso, com o resultado de deixar de prosseguir na execução do crime.
Em relação à tentativa, adota-se, no Código Penal, a teoria subjetiva, salvo na hipótese de crime de evasão mediante violência contra a pessoa.
O STJ tem firmado entendimento de que, na tentativa incruenta de homicídio qualificado, deve-se reduzir a pena eventualmente aplicada ao autor do fato em dois terços.
(2014/VUNESP/DPE-MS) Considerando a teoria do crime, assinale a alternativa correta.
 a) Conforme entendimento jurisprudencial, é suficiente para fundamentar a aplicação do princípio da insignificância a presença de um dos seguintes elementos: mínima ofensividade da conduta do agente, ínfima periculosidade da ação, ausência total de reprovabilidade do comportamento e mínima expressividade da lesão jurídica.
 b) O abolicionismo, ou minimalismo penal, propõe a eliminação total da pena de prisão como mecanismo de controle social e sua substituição por outro mecanismo de controle.
Distinga comigo!!
Abolicionismo penal (política criminal verde)
Abolicionismo moderado ou minimalismo penal
Direito penal máximo:
c) A teoria constitucionalista do delito preconiza que o direito penal somente poderá ser aplicado diante de condutas capazes de causar lesão (ou perigo de lesão) concreta e intolerável aos bens jurídicos com relevância penal.
d) Idealizado por Günter Jakobs, o direito penal do inimigo é considerado um direito penal de terceira velocidade, por utilizar a pena privativa de liberdade, mas, também, permitir a flexibilização de garantias materiais e processuais de todos integrantes da sociedade, podendo, inclusive, ser observado no direito brasileiro alguns institutos da lei que trata dos crimes hediondos.
Fechamos aqui todo o estudo do fato típico! \0/\0/\0/\0/
ILICITUDE
Atenção: falaremos agora de ilicitude. A doutrina penal trata ilicitude e antijuridicidade como a mesma coisa.
Quem discorda disso?
Atenção: O ato jurídico pode ser lícito ou ilícito. O ilícito pode ser penal ou extra-penal. Se crime é ato jurídico não seria possível falar em antijuridicidade. Por isso alguns preferem falar apenas em ilicitude.
As excludentes de ilicitude são também chamadas de justificantes ou causas de justificação.
Quais as excludentes de ilicitude?
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
Causa supralegal de excludente de ilicitude.
Em algumas hipóteses o consentimento o ofendido não exclui a ilicitude, mas a tipicidade.
Ex.: estupro é uma relação sexual não consentida. Se houver consentimento à exclusão é da tipicidade e não da ilicitude. Pensar o contrário é esdrúxulo!!!
Ex. 2: imagine que alguém queira morrer e contrate alguém para matá-la, paga por isso e ainda entregue o carro. Resultado: o sujeito mata e leva o carro!!! Pergunta? A DEFESA PODE ALEGAR O CONSENTIMENTO DO OFENDIDO?
Não.
Quais os requisitos para o consentimento?
Disponibilidade do bem jurídico. Perceba: a vida é bem jurídico indisponível. Bem jurídico supraindividual é indisponível (ex.: meio ambiente).
Bens disponíveis: liberdade sexual (cuidado: apesar de a liberdade sexual de um menor ser disponível, ele não tem capacidade para dispor); patrimônio.
E a integridade física? Para Juarez Cirino é disponível. Isso é minoritário. A maioria da doutrina afirma que se a lesão for leve é indisponível (ex.: tatuagem; corte de cabelo), mas se a lesão for grave não vale o consentimento.
Ex.: sujeito que tem um bem furtado. Depois de identificado o bem a vítima deixa para lá e diz que dá o bem para o ofensor. Isso exclui a ilicitude? Não ↓
Consentimento anterior ou concomitante com a conduta criminosa
Capacidade do ofendido para consentir.
Atenção: essa capacidade não se confunde com a capacidade civil. A partir dos 14 anos é possível consentir acerca da liberdade sexual.
Legitimidade para dispor do bem.
Só quem é dono pode dispor do seu patrimônio.
Não pode haver nenhum dos vícios do consentimento.
Questões
 (Juiz/MT) Podem ser consideradas causas supralegais de exclusão do crime
a) o exercício regular de direito e a inimputabilidade, afastando a ilicitude e a culpabilidade, respectivamente.
b) a insignificância e o erro sobre a ilicitude do fato, ambas afastando a culpabilidade.
c) a adequação social e a coação moral irresistível, ambas afastando a tipicidade.
d) o consentimento do ofendido, nos casos em que não integrar a descrição típica, e a inexigibilidade de conduta diversa.
e) as descriminantes putativas e a coação física irresistível.
(2014/FCC/DPE-CE/Defensor Público de Entrância Inicial)
Segundo entendimento doutrinário, o consentimento do ofendido (quando não integra a própria descrição típica), a adequação social e a inexigibilidade de conduta diversa constituem causas supralegais de exclusão, respectivamente, da
 a) tipicidade, da culpabilidade e da ilicitude.
 b) culpabilidade, da tipicidade e da ilicitude.
 c) ilicitude, da tipicidade e da