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CONTROLE DA MOSCA-BRANCA-DO-CAJUEIRO, Aleurodicus 
cocois (Curtis, 1846) (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE), COM FUNGOS 
ENTOMOPATOGÊNICOS, DETERGENTE NEUTRO E ÓLEO 
VEGETAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAERCIANA PEREIRA VIEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE 
DARCY RIBEIRO – UENF 
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ 
DEZEMBRO – 2007 
CONTROLE DA MOSCA-BRANCA-DO-CAJUEIRO, Aleurodicus 
cocois (Curtis, 1846) (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE), COM FUNGOS 
ENTOMOPATOGÊNICOS, DETERGENTE NEUTRO E ÓLEO 
VEGETAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAERCIANA PEREIRA VIEIRA 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Centro de Ciências e 
Tecnologias Agropecuárias da Universidade 
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 
como parte das exigências para obtenção do título 
de Mestre em Produção Vegetal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Richard Ian Samuels 
 
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ 
DEZEMBRO – 2007 
CONTROLE DA MOSCA-BRANCA-DO-CAJUEIRO, Aleurodicus 
cocois (Curtis, 1846) (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE), COM FUNGOS 
ENTOMOPATOGÊNICOS, DETERGENTE NEUTRO E ÓLEO 
VEGETAL 
 
 
 
 
 
 
LAERCIANA PEREIRA VIEIRA 
 
 
 
Tese apresentada ao Centro de Ciências e 
Tecnologias Agropecuárias da Universidade 
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 
como parte das exigências para obtenção do título 
de Mestre em Produção Vegetal 
 
 
 
Aprovada em 14 de dezembro de 2007 
 
 
 
Comissão examinadora 
 
 
 
Prof. Cláudio Luiz Melo de Souza (D.Sc., Produção Vegetal) – ISTCA/FAETEC 
 
 
 
 
Prof. Milton Erthal Jr. (D.Sc., Produção Vegetal) – ISTCA/FAETEC 
 
 
 
 
Prof. José Oscar Gomes de Lima (Ph.D., Entomologia) – UENF 
 
 
 
 
Prof. Richard Ian Samuels (Ph.D., Patologia de Insetos) – UENF 
(Orientador) 
 
 ii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu pai, Laer Vieira, e irmão, Laerciano Pereira Vieira, pelo 
incentivo, amor e paciência em todos os momentos. 
 
Dedico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMETOS 
 
 
A Deus, meu amigo incondicional. 
Ao meu pai, Laer Vieira, e irmão Laerciano Pereira Vieira. 
A minha amiga e irmã, Josimar de Souza Andrade (Josi), pela paciência e sabedoria. 
Ao meu amigão “Indiano”, Jatinder Singh Multani, pela identificação dos crisopídeos, 
companheirismo e carinho. 
Ao querido professor Richard Ian Samuels, pela orientação, paciência e incentivo. 
À equipe do Laboratório de Patologia de Insetos, Adriano (Driiiiiiii), Eliane, Denise, 
Milton, bolsistas e estagiários (Aline, Simone, Paulo César (PC), Wesley e Felipe) 
pelo suporte no laboratório e apoio nos trabalhos de campo, além dos momentos 
divertidos. 
À turma do “Crisolabi”, professor Gilberto, Gilson, Patrícia, Gustavo e Zinha, pelo 
apoio e alegria compartilhada. 
À UENF, pela oportunidade de realizar o curso de Mestrado. 
À FAPERJ, pela concessão da bolsa. 
Aos servidores da UENF, Vilarinho, Rita e Luciana, pelos serviços prestados. 
 
 
 
 
 
 
 
 iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
RESUMO......................................................................................................... vi 
ABSTRACT..................................................................................................... viii 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1 
2. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 4 
 2.1 A cultura do c aju, Anacardium occidentale L. ................................ 4 
 2.2 Aleurodicus cocois (Curtis, 1846).................................................... 5 
 2.2.1. Biologia.......................................................................................... 5 
 2.2.2. Distribuição.................................................................................... 6 
 2.3. Controle químico de A. cocois ........................ ................................. 6 
 2.3.1. Alternativas dos inseticidas químicos convencionais.................... 9 
 2.4. Controle Biológico de A. cocois....................................................... 10 
 2.4.1. Predadores e parasitóides............................................................... 11 
 2.4.2. Controle microbiano........................................................................ 12 
 2.5. Formulações de fungos entomopatogênicos................................. 17 
3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 19 
 3.1. Produção de conídios em arroz..................................................... 19 
 3.2. Aplicação de diferentes agentes para o controle de ninfas de A. 
cocois no campo.............................................................................. 
 
 
20 
 3.3. Efeito do Natur´oleo® no crescimento de Metarhizium 
anisopliae........................................................................................ 
 
22 
 v 
 3.4. Interação entre M. anisopliae , A. cocois e o seu predador 
Ceraeochrysa caligata .................................................................... 
 
 
22 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 25 
 4.1. Aplicação de diferentes agentes para o controle de ninfas de A. 
cocois no campo.............................................................................. 
 
 
25 
 4.2. Efeito do Natur´oleo® no crescimento de Metarhizium 
anisopliae........................................................................................ 
 
 
29 
 4.3. Interação entre M. anisopliae , A. cocois e o seu predador 
Ceraeochrysa caligata .................................................................... 
 
 
30 
5. CONCLUSÕES............................................................................................ 34 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 35 
7. APÊNDICES......... ....................................................................................... 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 vi 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
VIEIRA, L.P., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; 
dezembro de 2007. Controle da mosca-branca-do-cajue iro, Aleurodicus cocois 
(Curtis, 1846) (Hemiptera: Aleyrodidae), com fungos entomopatogênicos, 
detergente neutro e óleo vegetal; Orientador. Prof. Richard Ian Samuels. 
 
A mosca-branca Aleurodicus cocois, atualmente, é a principal praga do 
cajueiro na região Norte Fluminense do estado do Rio de Janeiro, provocando 
perdas de 100% na produção entre os anos de 2006 e 2007. Por ser uma cultura 
extrativista na região, buscaram-se alternativas de controle não tóxicas e viáveis 
economicamente como os fungos entomopatógenos, detergente neutro e óleo 
vegetal. Este trabalho teve como objetivos testar a eficiência do detergente neutro 
sobre A. cocois ; verificar a patogenicidade e virulência de isolados dos fungos 
entomopatogênicos Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana e Paecilomyces sp. 
sobre A.cocois ; analisar a possível associação desses microorganismos com o óleo 
vegetal no controle dos estádios imaturos da mosca-branca e verificar a 
compatibilidade do islado CG 136 de M. anisopliae com o predador Ceraeochrysa 
caligata. Foram realizados quatro testes em lavouras de cajueiros não comerciais. 
No primeiro, foram avaliadosos isolados do M.anisopliae (LPP45, LPP87 e ESALQ 
818) sem e com óleo de soja (8%), óleo de soja 8% sem fungo, detergente neutro 
(10%) e testemunha (Tween 0,05); no segundo teste, os isolados de B. bassiana 
(CG 149) e Paecilomyces sp. (CG 399) e testemunha (Tween 0,05); no terceiro, foi 
avaliado o isolado ESALQ 818 associado ao Natur´oleo® nas concentrações de 1 e 
5% e testemunha (Tween 0,05); e no quarto, Natur´oleo® a 1 e 5% e testemunha 
(água). As avaliações foram feitas aos três, sete, nove e 40 dias após as aplicações 
 vii 
quando foi registrado o número de mortos. Todos os tratamentos foram repetidos 
três vezes . Para os fungos , foram usados concentrações de 1x109conídios/ml. No 
teste 1, verificou-se que os tratamentos ESALQ 818 + óleo 8%, LPP45, LPP45 + 
óleo 8% e detergente neutro 10% obtiveram mortalidade superior à testemunha, 
variando entre 27 e 51,5%. No teste 2, não houve diferença significativa entre os 
tratamentos. No teste 3, verificou-se que os tratamentos com Natur´oleo® 1 e 5% 
sem fungo não diferiram entre si, proporcionando 54 e 56% da mortalidade após três 
dias. No teste 4, Natur´oleo® 5% + ESALQ818 e Natur´oleo ® 1% + ESALQ818 
apresentaram mortalidade superior à testemunha, com 51% e 38% de mortalidade 
aos três dias. Entretanto, os resultados do teste 3 foram semelhantes aos 
encontrados no teste 4, sugerindo que o efeito foi devido à ação do Natur´oleo® e 
não à presença do fungo . O Natur´oleo® na concentração de 1% mostrou-se mais 
eficiente no controle de A.cocois. Para o teste de compatibilidade entre o isolado CG 
136 e C. caligata, foram oferecidos como alimento ninfas de A. cocois infectadas 
com fungo e sem fungo. No tratamento com fungo, foram registrados 92% de 
mortalidade do predador no 3° instar. No segundo experimento, o predador foi 
exposto ao fungo inoculado nas folhas de caju. Os predadores foram alimentados 
com ovos de Anagasta kuehniella contato com o fungo. Das larvas que estiveram em 
contato com os conídios , apenas 16% sobreviveram. Para a testemunha, foram 
registrados 64% de mortalidade. Isso indica, a incompatibilidade do isolado de M. 
anisopliae CG136 com larvas C. caligata . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 viii 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
VIEIRA, L.P., State University of North Fluminense; December 2007. Control of 
the cashew whitefly, Aleurodicus cocois, Curtis 1846 (Hemiptera: Aleyrodidae), 
with entomopathoenic fungi, neutral detergent and vegetable oil. Supervisor: 
Richard Ian Samuels. 
 
The whitefly Aleurodicus cocois is currently the most important pest of cashew 
is the region of North Fluminense in the State of Rio de Janeiro, causing 100% crop 
losses during 2006 to 2007. This study was carried out to test the efficency of neutral 
detergent against A. cocois ; verify the pathogenicity and virulence of isolates of the 
entomopathogenic fungi: Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana e 
Paecilomyces sp. against A. cocois , analyze the possible association of these 
microorganisms with vegetable oil for the control of immature stages of the whitefly 
and verify the compatibility of M. anisopliae isolate CG 136 with the predator 
Ceraeochrysa caligata. Four bioassays were carried out in non-commercial cashew 
plantations. In the first bioassay M.anisopliae isolates (LPP45, LPP87 e ESALQ 818) 
were evaluated by spraying with and without 8% soya oil, only 8% soya oil, 10% 
neutral detergent and controls ((Tween 0.05%). In the second bioassay applications 
of isolates of B. bassiana (CG 149) and Paecilomyces sp. (CG 399) and controls 
(tween 0,05%) were evaluated. In the third bioassay, ESALQ 818 was applied in 
association with Natur´oleo® (1 and 5%), Natur´oleo® 1 and 5% without fungus and 
controls (tween 0.05% and water). The evaluations were made 3, 7,9 and 40 da ys 
after applications, when the number of dead insects was counted. Each bioassay 
was carried out three times. The fungal concentration was 1x109 conidia /ml. The 
results for bioassay 1 showed that treatments with ESALQ 818 + 8% soya oil, 
LPP45, LPP45 + 8% soya oil and 10% detergent caused between 27% and 51.5% 
 ix 
mortality. In bioassy 2 there was no significant difference between treatments. In 
bioassay 3 the results showed that applications of 1 and 5% Natur´oleo ® without 
fungus were not statistically different, causing 54 and 56% mortality respectively 3 
days after application. In bioassay 4, 5% Natur´oleo® + ESALQ818 e 1% Natur´oleo® 
+ ESALQ818 caused greater mortality than the controls, with 51% and 38% mortality 
registered on the 3rd day after application. However, when compared to results of 
bioassay 3, it would appear that mortality is solely caused by Natur´oleo® and not the 
fungus or a combination of the two agents. Natur´oleo® applied at a concentration of 
1% was efficient and cost effective for the control of A.cocois. In order to test the 
compatibility of M. anisopliae isolate CG 136 and C. caligata, larvae of the predator 
were maintained on leaves with whitefly nymphs previously infected with CG 136 
(controls, whiteflys without fungal treatment). Predator mortality was 92% by the time 
the insects had reached the 3rd instar. In the second compatibility experiment, the 
predators were exposed to fungus impregnated cashew leaves. The predator larvae 
were maintained on Anagasta kuehniella eggs, which had no contact with the fungus. 
Only 16% of the C. caligata larvae survived following contact with the fungus. The 
non-fungus treated larvae had a 64% survival rate. These results indicate that isolate 
CG 136 is not compatable with the use of C. caligata in an integrated pest 
management program. 
 
 
 
 
 
 
 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 A mosca-branca é um inseto sugador, de importância econômica mundial, 
pertencente à família Aleyrodidae, com cinco gêneros principais: Bemisia, 
Aleurothrixus, Dialeurodes, Trialeurodes e Aleurodicus. É praga polífaga de alta 
capacidade reprodutiva, presente em mais de 300 plantas hospedeiras e 
manifesta alta resistência aos inseticidas tradicionais utilizados nas Américas 
(Mizuno e Villas Bôas, 1997). As injúrias podem ser causadas por adultos e ninfas 
por meio da sucção da seiva e, indiretamente, pela disseminação de vírus 
fitopatogênicos e favorecimento do crescimento do fungo conhecido como 
fumagina, que se desenvolve nas substâncias açucaradas (honeydew), excretada 
pelo inseto (Byrne e Bellows, 1991). 
No Brasil, dentre outras espécies , destaca-se Aleurodicus cocois (Curtis, 
1846), conhecida popularmente como a mosca-branca-do-cajueiro ou “mosca-
branca-gigante”, pelo maior tamanho dentre outros gêneros dessa família (Byrne 
e Bellows, 1991). Foi identificada como praga em potencial no ano de 1978 em 
três municípios do estado do Piauí e, atualmente , encontra-se distribuída em 
outras regiões, nos estados de Alagoas, Sergipe, Amazonas, Bahia, Ceará , Rio 
de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande 
do Norte (Melo e Bleicher, 2002). Segundo Carneiro et al. (2006), nos anos de 
2000 e 2001, ocorreram nos cajueiros infestações generalizadas provocando 
queda na produtividade de 90% em relação a 1999 (350 kg/hectare). Além dessa 
planta, outras culturas hospedam esse inseto (Apêndice: Quadro 1). 
 Apesar de a cultura do caju ser de padrão econômico influente nos 
estados da região nordeste do país, no estado do Rio de Janeiro , essa atividade 
 2 
tem se apresentado de forma extrativista. Esta cultura é adotada por famílias de 
baixa renda, as quais, na maioria das vezes, não efetuam tratos culturais dotipo 
nutricional e fitossanitário. Isso dificulta o controle da praga que atualmente tem 
apresentado infestações alarmantes na região norte fluminense do estado. 
No município de São João da Barra, as castanhas de caju geravam 
normalmente 1.200 reais na renda familiar no período de safra, setembro a 
março. Nos anos de 2004 e 2005 a produtividade sofreu redução de 70%, devido 
ao ataque da A. cocois . A expectativa para o ano de 2007 é perda de 100% da 
safra (Castro e Siqueira Filho, 2006). 
Sem tradição na cultura do cajueiro, o estado do Rio de Janeiro ocupa as 
colocações de quinto maior produtor de goiaba, oitavo de maracujá e coco-da-
baía no ranking nacional. Essa produção concentra-se atualmente no norte 
fluminense, destacando-se o município de Campos dos Goytacazes como maior 
produtor de maracujá da região, com área de 1.222 hectares e produção de 
15.250 toneladas no ano de 2004 (IBGE, 2004). Essas culturas já foram 
registradas como hospedeiras da praga em outras regiões . Isso faz da A. cocois 
uma praga em potencial para a fruticultura do norte do estado. 
Os fungos, parasitóides, vírus, bactérias e nematóides são responsáveis 
pelo controle natural de inúmeras pragas. Dentre esses inimigos naturais, os 
microorganismos representam atualmente um avanço ecológico na solução de 
problemas ocasionados pelo emprego indiscriminado de inseticidas (Garcia, 
2004). Segundo Faion (2004), as moscas-brancas não são suscetíveis a 
patógenos, como bactérias e vírus, em razão de sua alimentação ser realizada 
nos feixes vasculares das plantas. Levantamentos têm demonstrado que muitos 
fungos entomopatogênicos estão entre os inimigos naturais mais importantes dos 
aleirodídeos, devido à forma de infecção desse microorganismo ser realizada via 
tegumento. Fungos como Paecilomyces fumosoroseus , Verticillium lecanii, 
Aschersonia cf. goldiana, Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae infectam 
diferentes instares de desenvolvimento de moscas-brancas como Bemisia tabaci 
(Faria e Wraight, 2001) e Bemisia argentifolii (Saito e Sugiyama, 2005). 
Entretanto, no caso de ninfas de mosca-branca, Garcia (2004) relata que a 
cutícula produz lipídios de longas cadeias de ésteres, que formam uma barreira 
física para os conídios, prejudicando assim os processos de adesão, germinação 
e penetração dos fungos. Atualmente, a maioria dos testes com fungos foi 
 3 
realizada na espécie Bemisia tabaci. O efe ito desses microorganismos em A. 
cocois ainda é desconhecido. 
Os óleos emulsionáveis e vegetais corroboram a infectividade do fungo 
(Alves et al. 1998) e promovem essa excelente adesão à cutícula hidrofóbica do 
inseto (Prior e Jollands, 1988), quando associados com fungos. Lavor (2006) 
indica detergentes e sabões como possíveis agentes de controle de diversos 
insetos-pragas que possuem corpo pouco esclerotizado, como a mosca-branca. 
Assim, os objetivos deste trabalho foram testar a eficiência de detergente 
neutro sobre A. cocois ; verificar a patogenicidade e virulência de isolados dos 
fungos entomopatogênicos Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana e 
Paecilomyces sp. sobre A.cocois ; analisar a possível associação desses 
microorganismos com o óleo vegetal no controle dos estádios imaturos da mosca-
branca e verificar a compatibilidade do M. anisopliae com o predador 
Ceraeochrysa caligata. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
2.1 A cultura do caju, Anacardium occidentale L. 
 
O cajueiro pertence à família Anacardiaceae, constituída por árvores e 
arbustos tropicais e subtropicais, que apresentam ramos sempre providos de 
canais resiníferos e folhas alternadas, coriáceas e sem estípulas. Dentre as 22 
espécies de Anacardium já classificadas, A. occidentale L. destaca-se pelo seu 
aproveitamento econômico. No nordeste do Brasil, vegeta no período das chuvas 
(inverno) e frutifica no período de poucas chuvas (verão). As brotações podem 
ocorrer durante todo o ano em regiões onde o regime pluvial é bem distribuído 
(Melo & Bleicher, 1998). É uma planta brasileira nativa dos campos e das dunas 
da costa norte do país, hoje espalhada por toda a América Tropical e Antilhas e, 
até subespontânea, em várias zonas da África - Angola, Moçambique, Tanzânia - 
e da Ásia, Índia, Ceilão (Lima,1988). 
No Brasil, o cultivo do cajueiro concentra-se na região nordeste, 
principalmente no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. O principal objetivo da 
exploração do cajueiro tem sido a amêndoa da castanha de caju, com altas 
cotações no mercado internacional de nozes comestíveis. Segundo Cabral 
(2002), o Brasil apresenta -se como o segundo maior produtor e exportador, 
perdendo somente para a Índia e, apesar desta colocação, possui uma maior 
eficiência produtiva e qualitativa no processamento de amêndoas. 
Além da castanha, essa planta oferece o pseudofruto em aproveitamentos 
diversos, destacando-se os sucos concentrado e integral, o refrigerante 
gaseificado, a cajuína, doces e bebidas alcoólicas, totalizando mais de 50 tipos de 
 5 
aproveitamento industrial e com tecnologia disponível para o uso imediato 
(Carneiro et al., 2006). Apesar dos benefícios econômicos, a exploração dessa 
cultura em forma de monocultivo tem, como uma das principais conseqüências , a 
elevação das complicações de ordem fitossanitária, como doenças e pragas 
(Melo e Bleicher, 2002). 
No Brasil, os estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte produziram, 
no ano de 2006, aproximadamente, 239 mil toneladas de castanha de caju, 100% 
da produção nacional (Agrianual, 2007). 
No município de São João da Barra, estado do Rio de Janeiro, a produção 
média é de 250 toneladas de castanhas de caju por ano, visto que é uma cultura 
nativa explorada de forma extrativista (Castro e Siqueira Filho, 2006). 
 
2.2. Aleurodicus cocois (Curtis, 1846) 
 
2.2.1.Biologia 
 
 A mosca-branca, A. cocois (Hemiptera: Aleyrodidae), é um inseto que 
apresenta o hábito de sugar seiva dos feixes vasculares das plantas. Possui um 
aparelho bucal do tipo sugador labial, com canal de sucção e de saliva formados 
pela justaposição dos estiletes maxilares (Byrne e Bellows, 1991). 
 Este inseto apresenta metamorfose incompleta e sua reprodução ocorre de 
forma sexuada por oviparidade ou partenogênese arrenótoca (Gallo, et al., 2002). 
A sua forma adulta assemelha-se a uma pequena mosca, de cor branca, daí seu 
nome vulgar. São insetos alados, com quatro pares de asas membranosas 
cobertas por uma secreção pulverulenta branca, medindo 2 mm de comprimento 
e 4 mm de envergadura. Suas ninfas são achatadas, elípticas, ficam presas às 
folhas e medem 1 mm de comprimento; possuem colorações amareladas, 
semelhantes a cochonilhas e encontram-se envolvidas e rodeadas por uma 
cerosidade branca, que pode recobrir toda a folha atacada (Melo e Bleicher, 
1998). Localizam -se na parte inferior das folhas, onde são encontradas agrupadas 
em colônias numerosas. Na face dorsal, desenvolvem-se colônias de fungos , 
exibindo um contraste de coloração negra, opaca, que confere à folha atacada um 
aspecto característico. 
 6 
 Segundo Sales e Gondim (1984), a A. cocois apresenta período de 
incubação do ovo de 8,83 ± 0,59 dias; período de adulto de 16,14 ± 1,96 dias; 
período de pré-oviposição de 3,4 dias. A reprodução é sexuada e a proporção de 
sexo foi de duas fêmeas para macho. A viabilidade da fase de ovo alcanç ou 
níveis de 90,98 ± 5,96 . As durações dos instares varia de 5 a 8 dias como a 
seguir: 1° (6,17 ± 0,60 dias); 2° (7,50 ± 2,83 dias ); 3° (5,50 ± 0,73 dias ); e 4°(8,50 
± 2,83 dias). 
 
2.2.2. Distribuição 
 
 A. cocois está presente em países da América do Norte, Estados Unidos 
(Hawaii e Califórnia) e México; América Central, Trinidad e Tobago, Barbados, 
Jamaica, República Dominicana, Costa Rica, Porto Rico, Panamá, Santa Lúcia e 
El Salvador; e América do Sul, Honduras, Equador, Suriname, Venezuela, Peru, 
Chile, Colômbia, Bolívia e Brasil. Segundo Vergara (2004), em alguns países é 
descrita como uma nova espécie, sendo recentemente separada da espécie 
Aleurodicus iridescens. 
A. cocois , de ocorrência já constatada em cajueiro no Ceará, não era 
considerada praga importante na cajucultura fluminense. Pequenos focos de 
infestação eram observados, porém, sem atingir nível de dano econômico. Alguns 
autores relacionavam-na como praga secundária do cajueiro (Parente e Santos, 
1970). 
 Atualmente, ela ocorre com alta intensidade em outras áreas produtoras, 
sendo considerada praga de importância ec onômica (Arruda, 1971; Dunham e 
Andrade, 1971). A região compreendida desde a Bahia até o Rio Grande do Norte 
era considerada a área de maior incidência desta praga, porém, atualmente, 
encontra-se disseminada por todas as regiões produtoras e de atividade 
extrativista do caju como o norte fluminense do estado do Rio de Janeiro. 
 
2.3. Controle químico 
 
 Os agrotóxicos que têm sido mais utilizados para o controle da mosca-
branca são os organofosforados, carbamatos, piretróides e reguladores de 
crescimento. Melo e Bleicher (2002) relatam que os produtos que controlam A. 
 7 
cocois apresentam como princípio ativo os organofosforados: diazinon, 
metidathion, fenthion, endosulfan, parathion metil, diometoato, monocrotophos. 
 Rashid et al. (2003), em um experimento utilizando dimetoato, 
phosphamidon, malathion, diclovos e cypermethrin, para o controle de adultos e 
ninfas de Aleurodicus dispersus , constatarm 100% de mortalidade com dimetoato 
em 24 horas para adultos e ninfas. 
 Os organofosforados são considerados, dentre os outros grupos de 
agroquímicos, os mais tóxicos aos vertebrados e quimicamente persistentes. 
Estes funcionam inibindo algumas enzimas importantes do sistema nervoso, 
particularmente a colinesterase (Ware e Whitacre, 2004). 
 Os neonicotinóides são um exemplo da nova geração de agroquímicos. 
Eles atingem o sistema nervoso dos insetos causando bloqueios pós-sinápticos 
irreversíveis aos receptores de acetilcolina (Palumbo et al., 2001). 
 As vantagens do uso desses produtos resumem-se ao fato de se 
apresentarem menos tóxic os aos mamíferos, em relação a outros grupos de 
inseticidas, e serem mais específicos (Wollweber e Tietjen, 1999). Os 
neonicotinóides apresentam excelentes propriedades sistêmicas e atividade 
residual prolongada, tornando-se particularmente efetivos contra insetos 
sugadores (Kagabu, 1999). 
 O primeiro inseticida deste grupo, registrado para uso contra B. tabaci, foi o 
imidacloprid , que é inicialmente tóxico aos adultos durante a alimentação, além de 
repelir e impedir a alimentação e, conseqüentemente, o estabelecimento de 
formas imaturas de moscas-brancas nas plantas devido à diminuição da 
oviposição. Dentre os produtos comerciais com essa propriedade química, estão 
Admire®, Confidor®, Gaucho®, Merit®, Marathon ® e Provado®. Tais produtos têm 
mostrado uma longa e eficaz atividade residual contra a espécie em várias 
culturas , quando usados no tratamento de sementes de forma sistêmica e 
aplicações foliares (Faion, 2004). 
No entanto, em alguns sistemas agrícolas, o imidacloprid tem causado 
fitotoxidade em ramos de plantas jovens, dependendo da taxa e tempo de 
aplicação (Stansly et al., 1998). Em testes realizados por Marquini et al. (2003) na 
cultura do feijão, nenhum efeito significativo foi observado sobre B. tabaci. 
 Atualmente, novos neonicotinóides são encontrados no mercado. Estão 
incluídos, na segunda geração , o thiamethoxam (Platinum®, Actara®, Centric®, 
 8 
Adage® e Cruiser®), acetamiprid (Mospilan ®, Rescate®, Assail®), nitenpyram 
(Bestguard®) e thiacloprid (Calypso®). Em geral, estes possuem o mesmo modo 
de ação e parecem apresentar atividade translaminar maior quando aplicados na 
folhagem (Palumbo, et al., 2001). Contudo, em testes realizados por Scarpellini et 
al. (2002) na cultura do feijoeiro, nenhum dos tratamentos utilizados, com 
imidacloprid, thiamethoxam e diafenthiuron, apresentaram eficiência satisfatória 
no controle de adultos de B. tabaci biótipo B. 
Além dos produtos citados acima, existe um grupo que não possui ação 
neurotóxica, são os reguladores de crescimento de insetos (RCI). São citados na 
literatura controlando a espécie B. tabaci em algumas culturas, como algodão, 
melão e tomate. 
Buprofezin foi o primeiro RCI seletivo introduzido para controle de B. tabaci 
na cultura do algodão (Horowitz e Ishaaya, 1992). Esse componente atua 
especificamente em estádios imaturos, causando mortalidade durante ecdise 
(Yasui et al., 1987; Ishaaya et al., 1988). Apesar de não atuar na longevidade de 
adultos e oviposição de B. tabaci, pode reduzir a fecundidade e a eclosão de 
ninfas, quando as fêmeas são expostas a folhas tratadas sobre algumas 
condições (Ishaaya et al., 1988; Beevi e Balasubramanian, 1991, 1995). Esse 
produto não apresenta atividade sistêmica no solo e possui pouco movimento 
translaminar em folhas de algodão (De Cock et al., 1990). Os produtos comerciais 
que apresentam esse princípio ativo são NNI 750 e Applaud ®. Em um 
experimento realizado por Bleicher et al. (1999), buprofezin (Applaud®) causou 
76% de mortalidade na população de B. argentifolii , e quando aplicado junto com 
thiamethoxan apresentou 100% de mortalidade. 
Pyriproxyfen é semelhante ao hormônio juvenil e é usado na cultura do 
algodão desde 1991 (Horowitz et al., 1999). É um potente regulador de 
crescimento com atividade persistente contra vários insetos, incluindo B. tabaci 
(Schaefer et al., 1988; Ishaaya e Horowitz, 1992). Esse componente apresenta 
atividade juvenóide por desequilibrar o hormônio juvenil (Dhadialla et al., 1998) 
resultando na supressão de embriogênese, metamorfose e formação de adultos 
(Ascher e Eliyahu, 1988; Ishaaya e Horowitz, 1992, 1995). Pyriproxyfen não 
possui atividade tóxica direta sobre adultos de mosca-branca. Entretanto, possui 
alta atividade translaminar na folha. Os produtos comerciais que apresentam esse 
 9 
princípio ativo são S 9318, KnacK®, Tiger®, Admiral®, Distance®, Sumilarv® e 
Epingle®. 
 
2.3.1 Alternativas dos inseticidas sintéticos convencionais 
 
 Dentre os produtos de baixa toxidade a mamíferos, incluem-se os extratos 
de plantas de diversas famílias botânicas, destacando-se as meliáceas. O nim, 
Azadirachta indica, é a meliácea mais conhecida por ser tóxica a insetos e afetar, 
além de várias pragas, todos os estádios da mosca-branca (Souza e Vendramim, 
2005). Este produto apresenta muitos compostos úteis, inclusive Azadiractinas , 
para o manejo ecológico de pragas. Essas substâncias causam diversos efeitos 
sobre os insetos, agindo como inibidores de alimentação, reguladores de 
crescimento e esterilizantes. 
 Silva,et al. (2003) utilizaram inseticida formulado à base de Azadiractina a 
1% no controle de Bemisia argentifolii, na cultura do meloeiro, em condições de 
campo, apresentando 67,8 e 70,1% de mortalidade dos adultos,e 87,7% das 
ninfas. Sigueñas e Cámara (2002) registraram mortalidade de 74% sobre ninfas 
de A. cocois na concentração de 0,5% de Neemix®. Em Bemisia tabaci, o extrato 
aquoso de sementes de nim a 0,5% apresentou ação translaminar, sistêmica e de 
contato, provocando 100% de mortalidade em ninfas desta espécie (Souzae 
Vendramim, 2005). Tal resultado também foi encontrado por Pinheiro e Quintela 
(2004), em que os produtos a base de óleo de nim em concentrações de até 1% 
podem ser recomendados para o controle de ninfas, ao contrário dos extratos de 
folhas de nim. Isso confirma que os extratos de folhas de nim e outras meliáceas 
não apresentam o mesmo efeito inseticida sobre a mosca-branca que o óleo 
extraído das sementes. 
 São encontrados ainda na literatura o uso do cinamomo, Melia azedarach, 
no controle de ovos e ninfas de Bemisia tabaci (Souza e Vendramim, 2000), 
extrato de Trichilia pallida, com efeito, ovicida, apresentando 52% de mortalidade 
na concentração de 3% (Souza e Vendramim, 2000), e extratos de raiz de 
açafrão, arruda e fumo, sendo este eficiente no controle de ninfas nas 
concentrações acima de 2% (Pinheiro e Quintela, 2004). 
 Marques et al. (2004) avaliaram em laboratório a ação de várias 
concentrações do óleo de nim sobre isolados de Beauveria bassiana, Metarhizium 
 10 
anisopliae e Paecilomyces farinosus , visando à possibilidade do uso associado 
destes no controle biológico de insetos. Eles concluíram que o óleo afetou o 
crescimento e a esporulação de todos fungos testados, mas não afetou a 
viabilidade dos conídios, sendo que M. anisopliae apresentou ser menos sensível 
à ação do óleo de nim que os demais fungos. Além do óleo de nim, são 
encontrados na literatura o uso de óleo de soja, algodão, milho, canola e girassol 
no controle de Bemisia tabaci (Leal Junior et al., 2006). 
 Os óleos emulsionáveis são boa alternativa de utilização como adjuvante 
na calda de pulveriz ação, pois se misturam à água, permitindo a aplicação do 
inseticida microbiano com equipamentos convencionais já utilizados pelos 
produtores rurais (Alves et al. 2000), além da possibilidade em aumentar a 
infectividade do fungo (Alves et al. 1998). Os óleos também têm a vantagem de 
promover excelente adesão à cutícula hidrofóbica do inseto (Prior e Jollands, 
1988). 
Lavor (2006) relata o uso de detergentes e sabões como possíveis 
candidatos ao controle de diversos insetos-pragas que possuem corpo pouco 
esclerotizado como as moscas -brancas. Embora o mecanismo de ação destes 
produtos não tenha sido totalmente esclarecido, acredita-se que cause injúrias à 
película de cera sobre a cutícula dos insetos e que interfira no metabolismo da 
respiração, além de causar repelência. Na Índia, Ramani et al. (2002) relataram 
que a adição de detergentes a inseticidas tem apresentando excelentes 
resultados no controle da mosca-branca Aleurodicus dispersus. 
 
2.4 Controle biológico 
 
 O uso intensivo de agroquímicos tem causado diversos problemas, entre 
eles, pode-se citar a resistência de pragas a inseticidas, exigindo um aumento da 
concentração e do número de aplicações (Garcia, 2004). Esses problemas se 
intensificam quando a praga apresenta características morfológicas e ecológicas , 
como as da mosca-branca - substâncias cerosas compondo a cutícula, hábito de 
colonizar a parte inferior das folhas e rápido desenvolvimento - (Osborne e Landa, 
1992). Situações como essa estimulam pesquisas sobre o uso dos agroquímicos 
e seus efeitos e reforçam a importância de se ter, como aliado, agentes de 
controle biológico, como predadores, parasitóides e microorganismos. 
 11 
2.4.1 Parasitóides e predadores 
 
 Muitos inimigos natura is são encontrados associados atacando moscas -
brancas do gênero Aleurodicus (Kairo et al., 2001). Dentre estes, os parasitóides 
e predadores são relatados na literatura contribuindo para o equilíbrio das 
espécies desse gênero em países como Índia e Trinidad e Tobago (Ramani, et 
al., 2002; Kairo et al., 2001). 
 Segundo Vergara (2004), espécies dos gêneros Encarsia e Encarsiella 
(Aphelinidae) são relatados como inimigos naturais em potencial de A. cocois . 
Oito espécies foram registradas, sendo cinco da família citada anteriormente , 
dentre estas, Encarsiella noyesi Hayat, Encarsia guadeloupae Viggiani e 
Encarsia. sp. nr meritória Gahan sp., consideradas mais importantes, por 
apresentarem níveis de controle sobre Aleurodicus satisfatórios, alcançando 
índice de 95% em Trinidad e Tobago, e por serem incluíd as em programa de 
controle biológico em Barbados . Os outros parasitóides são dois do gênero 
Metaphycus (Encyrtidae) e um do gênero Signiphora spp. (Signiphoridae), 
possivelmente um hiperparasitóide (Kairo et al., 2001). 
 Ramani et al. (2002) registraram que na Índia as espécies Encarsia. sp. nr 
meritória e E. quadeloupae foram introduzidas acidentalmente nos anos de 1998 
e 1999. Essa introdução “acidental” rendeu níveis de controle de 70 a 80% de 
Aleurodicus pulvinatus na cultura da goiaba por E.. sp. nr meritória (Beevi et al., 
1999) e sucesso de 60 a 92% de parasitismo em diferentes culturas por E. 
quadeloupae (Ramani, 2002). 
Entre os predadores de Aleurodicus , estão algumas espécies de 
coccinelídeos, a maioria registrada na Índia, dos gêneros Nephaspis (Kairo et al., 
2001), Scymnus, Anegleis, Axinoscymnus, Cheilomenes, Chilocorus, 
Cryptolaemus, Curinus, Horniolus, Jauravia, Nephus, Pseudaspidimerus, 
Pseudoscymnus, Rodolia, Serangium (Ramani, et al., 2002) e a espécie 
Cryptognatha nodiceps, registrada em laboratório por Lopez et al. (2004), 
alimentando-se de adultos de A. cocois. Também são relatados predadores das 
famílias Chrysopidae (Apertochrysa sp. Chrysoperla carnea (Stephens), Mallada 
astur (Banks), M. boninensis (Okamoto) e Nobilinus sp.), Hemerobiidae 
(Hemerobius sp.), Nitidulidae (Cybocephalus sp.), Cecidomyiidae (Triommata 
 12 
coccidivora) na Índia (Ramani, et al., 2002) e Syrfidae em Trinidad e Tobago 
(Lopez et al., 1997). 
 
2.4.2 Controle microbiano 
 
 O uso de microorganismo para o controle de pragas representa atualmente 
um avanço ecológico para solucionar problemas ocasionados pelo emprego 
indiscriminado de inseticidas. Os grupos mais importantes são os fungos, 
bactérias, vírus, protozoários e nematóides . Conforme Faion (2004), as moscas -
brancas não são susceptíveis a vários destes patógenos, como bactérias e vírus, 
devido à sua alimentação ser realizada diretamente nos feixes vasculares das 
plantas. 
 Entretanto, segundo Hunter et al. (2001), um tipo de iridovírus foi isolado de 
células de Bemisia tabaci biótipo B, coletadas do campo, e foi denominado de 
“Insect Iridescent Vírus 6”. Outros tipos de iridoviroses em insetos têm sido 
relatados como de grande importância econômica quando infectam pragas. 
Apesar disso, o modo de transmissão e a persistência de iridoviroses em moscas -
brancas ainda não são conhecidos. 
 São encontrados na literatura relatos de alguns fungos entomopatogênicos , 
causando infecções naturais em alguns aleirodideos. Dentre estes, foram 
registradas espécies de hyphomycetes, especialmente, Paecilomyces, 
Verticillium, Aschersonia, Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae. Outros 
fungos como Entomophthorales são relatados atacando B. tabaci e espécies dos 
gêneros Acremonium, Cladosporium, Aspergillus e Fusarium, que vivem 
associadas, apresentando hábito s aprófito (Faria e Wraight, 2001). 
 Dentre os fungos entomopatogênicos mais comuns dessa praga, estão os 
do gênero Aschersonia, que possuem um reduzido número de hospedeiros, 
limitando-se a mosca-branca e aos coccídeos (Faion, 2004). São encontrados 
aproximadamente 50 representantes desse gênero, dentre estes, Aschersonia 
aleyrodis, A. flava, A. flavocitrina, A. goldiana, A. placenta e A. viridaus , além do 
grupo Aleyrodiicolae, no qual estão incluídos patógenos específicos de mocas -
brancas (Osborne e Landa, 1992). 
 A. aleyrodis ocorre naturalmentecomo patógeno específico de várias 
espécies de moscas-brancas na região subtropical e hemisfério ocidental. 
 13 
Epizootias naturais foram relatadas em populações de Aleuxocanthus woglumi 
Ashby, Aleurothrixus floccosus (Maskel), B. tabaci, B. giffardi (Kotinsky), 
Dialeurodes citri (Ashmead), D. citrifolii (Morgan), Tetraleurodes acaciae 
(Quaintance), Trialeurodes abutiloneus (Haldeman) e T. vaporariorum (Osborne & 
Landa, 1992). Os ovos dos aleirodídeos não são susceptíveis à infecção desse 
fungo e sim os 1°, 2° e 3° instares, sendo o 4° instar pouco susceptível. Após a 
infecção, o hospedeiro apresenta coloração amarela, ao contrário de um indivíduo 
saudável, que apresenta uma coloração translúcida (Fransen, 1987). 
Apesar de Aschersonia apresentar relevante importância como agente de 
controle biológico, Fransen (1987) e Lourenção et al. (1999) relatam, em seus 
trabalhos, a grande necessidade de alta umidade (100% RH) para germinação de 
esporos e temperatura adequada. Faion (2004) relata que esse microorganismo 
possui longa persistência sobre as folhas e é compatível com o parasitóide 
Encarsia formosa. 
A interação entre o fungo e o parasitóide foi estudada, introduzindo ambos, 
inimigos naturais, para controle de mosca-branca. Observações concluíram que o 
parasitóide é capaz de distinguir os hospedeiros infectados dos não infectados 
com A. aleyrodis . O parasitóide foi capaz também de transmitir o fungo através do 
ovipositor contaminado para outras ninfas em um processo designado de “prova”, 
no qual o inimigo natural seleciona o hospedeiro para ovipositar (Fransen, 1987). 
A. aleyrodis é um entomopatógeno representativo em lavouras de citrus em 
regiões tropicais e subtropicais , porém, segundo Osborne e Landa (1992), a 
natureza de sua epizootia ainda não é compreendida. 
 Lourenção et al. (1999) registraram a epizootia natural da espécie A. 
goldiana, no estado de São Paulo, sobre B. tabaci. Segundo esse autor, foram 
encontradas no país algumas espécies desse fungo infectando aleirodídeos , tais 
como, A. andropogonis P.Henn, A. blumenaviensis P. Henn e A. brunnea Petch. 
 Outro entomopatógeno que ataca espécies de moscas-brancas é o fungo 
Paecilomyces fumosoroseus . É uma espécie cosmopolita registrada como 
patógeno de diversos insetos, dentre estes, lepidópteros e coleópteros. Foi 
registrada pela primeira vez como inimigo natural dos aleirodídeos na China, 
sendo isolado da espécie Trialeurodes vaporariorum após causar epizootia 
natural em casa de vegetação. Além desse gênero, este fungo foi relatado em 
Aleurodicus no Brasil e Índia (Ramani et al., 2002), e em espécies de Bemisia em 
 14 
vários países , sendo considerado mundialmente um dos mais importantes 
inimigos naturais dessas espécies (Faria e Wraight, 2001). 
 O sucesso do fungo P. fumosoroseus deve-se ao fato de esse 
microorganismo ser capaz de infectar todos os estádios de desenvolvimento da 
mosca-branca (Faion, 2004). Segundo Saito e Sugiyama (2005), tal fungo causou 
uma mortalidade de 98% nas ninfas de B. argentifolii. Esse fungo apres enta bom 
desenvolvimento entre as temperaturas de 15 e 30°C (Osborne e Landa, 1992). 
Porém, comprovaram-se o desenvolvimento mais rápido e o aumento nos índices 
de valores de crescimento quando colocado a 30°C e mais lento a 12°C. A 
umidade relativa apresenta-se como um dos fatores limitantes, promovendo a 
inibição da germinação do microorganismo (Faion, 2004). No hospedeiro , 
apresenta infecção rápida dentre 24 a 48 horas após o contato. 
 Verticillium lecanii é uma espéc ie cosmopolita, registrada 
predominantemente como patógeno de homópteros, particularmente de afídeos, 
moscas -brancas e coccídeos. Podem ser encontrados com menor freqüência em 
ortópteros, tisanópteros, coleopteros, lepidópteros e himenópteros. Assim como 
P. fumosoroseus, V. lecanii causa infecções em todos os estádios de 
desenvolvimento da mosca-branca e causa, em um período curto, infecção no 
hospedeiro (Landa e Osborne, 1992). Porém, Gindin et al. (2000), em um teste de 
patogenicidade realizado com 35 variedades desse fungo, originário de diferentes 
hospedeiros e localizações geográficas, comprovou que os ovos de B. argentifolii 
são imunes à infecção. Os adultos apresentaram 52% e as ninfas recém 
emergidas 95 a 98% de mortalidade. Em testes realizados com B. tabaci em 
feijão, V. lecanii causou mortalidade em 73% dos adultos (Quintela at al., 1991). 
 No estado do Maranhão, Lourenção et al. (2001) relataram a ocorrência de 
epizootias de V. lecanii em campo, sobre ninfas de diferentes estádios de B. 
tabaci biótipo B, reduzindo drasticamente as populações deste inseto na cultura 
da soja. Segundo este autor, a umidade relativa foi um fator primordial para esse 
fenômeno. A umidade média da região é de 45% e, no período da epizootia, 
registraram-se 90%. 
 Sobre a interação entre o fungo e outros inimigos naturais como 
predadores e parasitóides, Leite et al. (2005) relataram que o isolado CG 904 de 
V. lecanii não foi infectivo aos inimigos naturais Cycloneda sanguinea, descrito 
 15 
como um dos principais predadores de Cinara atlantica em pinus , e Xenostigmus 
bifasciatus, parasitóide exótico introduzido para o controle dessa mesma praga. 
 Beauveria bassiana é uma espécie de ocorrência generalizada em todos os 
países, sendo mais freqüente sobre insetos e em amostras de solo, onde pode 
resistir por longo tempo em saprogênese. Em condições de laboratório, pode 
colonizar a maioria dos insetos, sendo que, em campo, ocorre de forma enzoótica 
e epizoótica em coleópteros, lepidópteros, hemípteros e em ocorrências 
enzoóticas sobre dípteros, himenópteros e ortópteros (Alves, 1998). Apesar dessa 
diversidade de hospedeiros, esse entomopatógeno não é considerado um 
regulador natural de populações de mosca-branca (Faion, 2004). Contudo, 
algumas pesquisas referem-se a indivíduos de Bemisia spp. infectados com este 
fungo, quando contaminados diretamente por uma suspensão concentrada de 
conídios (Wraight et al., 1998). 
 Maranhão et al. (2005) testaram a patogenicidade de 29 isolados e um 
produto comercial de B. bassiana sobre ninfas do 3° e 4° instares de B. tabaci. 
Dentre estes, destacaram-se dois isolados com 77% de mortalidade, enquanto o 
produto comercial não ultrapassou 32%. Segundo Azevedo et al. (2005), o 
produto comercial a base de B. bassiana apresentou-se menos eficiente no 
controle des ta praga em relação ao produto químico utilizado. Estes resultados 
podem estar relacionados com as condições inadequadas de armazenagem do 
produto comercial, concentração de conídios ou forma de aplicação. 
 Segundo Faria e Wraight (2001), os estádios ninfais de B. tabaci são 
altamente susceptíve is à infecção de B. bassiana. Esta característica também foi 
observada na espécie B. argentifolii para 1°, 2°, 3° e 4° instares, apresentando 
mortalidade de 93,6% em experimentos realizados em laboratório (Liu & Stansly, 
1996). Ainda para essa espécie, Saito e Sugiyama (2005) constaram 60% de 
mortalidade das ninfas de 3° instar usando B. bassiana. 
 São encontrados na literatura relatos da utilização desse fungo em outros 
hemípteros. Reinert et al. (1999) obtiveram índices de 100% de mortalidade dos 
percevejos Boisea trivittatus e Jadera haematoloma aos oito dias após a 
aplicação de B. bassina. Oliveira et al. (2001) registraram a eficiência desse fungo 
no controle do percevejo-de-renda da mandioca (Vatiga illudens), com índice de 
100% de mortalidade. 
 16 
De acordo com Alves (1998), as condições favoráveis para o 
desenvolvimento desse microorganismo são a umidade relativa em torno de 90% 
e a temperatura na faixa de 23 a 28°C,sendo os limites mínimo e máximo de 
crescimento de 5 e 35°C, respectivamente. 
Em relação à capacidade de integrá-lo em um programa de controle 
biológico com outros inimigos naturais, Santos Jr. et al (2006) concluíram que dois 
isolados de fungos, B. bassina e M. anisopliae, não reduzem a longevidade média 
do parasitóide Oomyzus sokolowskii. Nos ovos e larvas do predador Chrysoperla 
externa, Pessoa et al. (2005) constataram uma atividade entomopatógena de B. 
bassina apenas sobre as larvas do 3° instar. Além disso, apresentou baixa 
suscetibilidade ao entomopatógeno, sendo recomendado em aplicação conjunta 
com esse microorganismo em programas de controle biológico. 
O fungo M. anisopliae é caracterizado por atacar um grande número de 
espécies de insetos. Amplamente distribuído na natureza, pode ser encontrado 
facilmente nos solos, onde sobrevive por longos períodos (Alves, 1998). Segundo 
Faria e Wraight (2001) isolados desse fungo são altamente virulentos a todos 
instares de ninfas de B. tabaci. 
A partir do terceiro dia após a inoculação, M. anisopliae ocasionou 
aproximadamente 30% de mortalidade em B. tabaci, sendo o pico da mortalidade 
observado no quinto dia. A suscetibilidade das ninfas aos isolados de M. 
anisopliae foi evidente nos experimentos, sendo o seu uso promissor para o 
controle de ninfas (Ramos, 2001). Azevedo, et al. (2005) relataram em um teste 
realizado na cultura do meloeiro, mortalidade de apenas 30% de B. tabaci biótipo 
B, quando aplicado M. anisopliae. 
Em relação ao desempenho desse patógeno em outros hemípteros, 
Loureiro et al. (2005), após testarem em 79 isolados de M. anisopliae sobre 
Mahanarva fimbriolata, constataram uma variação de 66 a 100% de mortalidade. 
Oliveira et al. (2001) registraram mortalidade de 74% do percevejo-de-renda, 
Vatiga illudens , na cultura da mandioca, após a aplicação do M. anisopliae, no 
Distrito Federal. 
 
 
 
 
 17 
2.5 Formulações com fungos entomopatogênicos 
 
 Geralmente, os fungos entomopatogênicos requerem um ambiente próximo 
à saturação por água, para a ocorrência da germinação e esporulação. O tipo de 
formulação empregada deve atender às fases de produção do organismo, bem 
como otimizar sua ação sobre a praga-alvo, em condições adversas de campo, 
tais como, temperaturas elevadas, umidade relativa baixa e radiação ultravioleta, 
além de permitir fácil aplicação por meio de métodos relativamente simples e 
economicamente viáve is. O produto final deve também ter um maior tempo de 
prateleira, permitindo sua estocagem sem perdas efetivas no seu potencial, ou 
seja, manter suas propriedades ao longo do tempo compreendido desde a 
produção até sua utilização no campo (Batista Filho et al., 2001). 
 Um fator que limita a padronização de um biopesticida refere -se ao seu 
modo de infecção, que ocorre principalmente por contato, dificultando assim a 
determinação da quantidade de esporos envolvidos no processo infeccioso, além 
de ser difícil garantir que a suspensão fúngica permaneça aderida sobre o 
tegumento do inseto tratado (Habib et al., 1998). O reflexo dessa característica 
pode ser encontrada em insetos como a mosca-branca. Substâncias cerosas 
compondo a cutícula dessa praga têm diminuído a efetividade de alguns 
inseticidas e até mesmo a atividade de entomopatógenos. Segundo Byrne e 
Bellows (1991), a cera que reveste externamente as espécies de mosca-branca 
como B. tabaci e T. vaporariorum consiste primariamente de triacilgliceróis (65 – 
75%) com vestígio de esteres, ácidos graxos livres, álcoois e hidrocarbonos. Essa 
camada funciona como uma barreira protetora. 
O uso de óleos como componentes das formulações fúngicas tem 
demonstrado aumento na eficiência de fungos entomopatógenos em condições 
adversas como baixa umidade relativa, facilitando a aderência dos esporos do 
fungo ao tegumento do inseto, mostrando-se mais viável que as formulações 
convencionais à base de água (Prior et al.,1988; Batta, 2003). Além dessas 
vantagens, as formulações oleosas são compatíveis à aplicação em ultrabaixo 
volume (UBV), tornando-a mais prática e econômica (Thomas et al., 1996; 
Bateman, 1997). As formulações fúngicas à base de óleos vêm sendo testadas 
com sucesso pelo programa LUBILOSA substituindo os pesticidas químicos no 
controle de gafanhotos (Lomer et al., 1999). Formulações à base de óleo vegetal 
 18 
possibilitam o uso do fungo em condições secas, pois o óleo propicia um 
microambiente favorável aos conídeos, reduzindo a dependênc ia da umidade do 
ambiente para a rápida germinação e infecção, além de melhorar a fixação destes 
nos insetos. Também, as formulações em óleo facilitam as pulverizações em 
ultrabaixo volume (Thomas et al. 1996). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. MATERIAL E MÉTODOS 
 
 
 Os trabalhos de laboratório foram realizados no setor de Patologia de 
Insetos do Laboratório de Entomologia e Fitopatologia (LEF) da Universidade 
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), em Campos dos 
Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, no período julho de 2006 a agosto de 
2007. Os testes de campo foram conduzidos em áreas de cajucultura extrativista 
no distrito de Campo Novo, município de São João da Barra, nos meses de março 
a agosto de 2007, quando foram coletados os dados climáticos de temperatura, 
umidade e radiação. 
 
3.1 Produção de conídios em arroz 
 
Para a produção em arroz de conídios dos fungos entomopatogênicos (B. 
bassiana, M. anisopliae e Paecilomyces sp.), foram utilizados : Erlemeyers de 250 
ml contendo 25 g de arroz parboilizado cru + 10 ml de água destilada, fechados 
com algodão e autoclavados durante 15 minutos, a 1 atm (120o C). A inoculação 
foi feita com a adição de 1,25 ml da suspensão de conídios dos isolados de B. 
bassiana, M. anisopliae e Paecilomyces sp., na concentração de 5 x 106 conídios/ 
ml de Triton (0,05%) em cada erlemeyer, com o auxílio de uma pipeta estéril, 
fazendo movimentos circulares de forma a obter uma distribuição uniforme do 
inóculo entre os grãos de arroz. Os frascos foram mantidos em câmara BOD ( 27o 
C) e a produção de conídios foi determinada aos 5, 10 e 15 dias após a 
inoculação, retirando-se cinco amostras (1g de arroz) de cada isolado, colocadas 
 20 
em tubos de ensaio contendo 5 ml de água destilada estéril + Triton X (0,05%), 
para posterior quantificação em câmara de Neubauer. 
Para o teste de patogenicidade, suspensões de conídios em câmera de 
fluxo, previamente esterilizada com álcool 70% e 15 minutos de luz UV, com 
auxílio de uma alça de platina mergulhada em álcool 100% e, posteriormente , 
flambada. Os conídios foram transportados para o tubo de plástico (eppendoff®), 
contendo Tween 80 (0,05%). 
A quantificação de conídios foi feita em câmera de Neubauer e, uma vez 
estabelecida, foi realizada a diluição consecutiva até a obtenção da concentração 
desejada, em um volume de 30 mL. 
 
3.2 Aplicação de diferentes agentes para o controle de ninfas de A. cocois 
no campo 
 
Em áreas de cajucultura extrativista foram selecionados cajueiros 
infestados por A. cocois para a realização dos bioensaios de campo. Foram 
testados cinco isolados de fungos, sendo três da espécie Metarhizium anisopliae, 
um de Beauveria bassiana e outro de Paecilomyces sp. (Tabela 1), óleo de soja, 
sabão neutro e o produto comercial Natur´oleo®. Por questão de 
operacionalidade, o trabalho foi conduzido em quatro etapas. 
 
Tabela 1- Isolados de Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana usados nosTestes de patogenecidade e virulência em Aleurodicus cocois . 
 
N° do acesso 
 
Espécies 
 
Hospedeiro original 
 
Origem geográfica 
LPP 87 M. anisopliae Diatraea saccharalis 
(Lepidóptera: Cambidae) 
Goiânia –GO 
ESALQ 818 M. anisopliae Isolado do solo Piracicaba – SP 
LPP 45 M. anisopliae Isolado do solo Monte Negro- RO 
CG 136 M. anisopliae Hemiptera: Cercopidae EMBRAPA/CERNAGEN - DF 
CG 149 B. bassiana Deois flavopicta 
(Cercopidae) 
EMBRAPA/CERNAGEN - DF 
CG 399 Paecilomyces sp. - EMBRAPA/CERNAGEN - DF 
 
 21 
Teste 1. Utilizaram-se três isolados de M. anisopliae (LPP 45, LPP87 e 
ESALQ 818), pertencentes à coleção de isolados do Laboratório de Entomologia 
e Fitopatologia da UENF, óleo de soja 8% (Sadia®) e detergente neutro . Cada 
isolado foi testado com e sem óleo de soja na mesma concentração, totalizando 
nove tratamentos: LPP 87, LPP87+ óleo 8%, LPP45, LPP45+ óleo 8%, 
ESALQ818, ESALQ818+ óleo 8%, óleo 8%, detergente 10 % e, como 
testemunha, Tween 0,05%. As formulações com fungo continham uma 
concentração de 1x109 conídeos /ml em Tween (0,05%). Cada tratamento constou 
de três repetições. 
 Teste 2. Utilizaram-se os isolados de Paecilomyces sp. (CG399) e 
Beauveria bassiana (CG149), fornecidos pela EMBRAPA/CERNAGE N. Os 
isolados foram testados na concentração de 1x109 conídeos/ml e Tween (0,05%). 
Não foram feitos tratamentos com óleo de soja. Cada tratamento constou de três 
repetições. 
 Teste 3. Utilizou-se o óleo vegetal comercial Natur´oleo ® nas 
concentrações de 1 e 5%. Cada tratamento constou de três repetições. 
 Teste 4. Foi testado o isolado ESALQ 818 de M. anisopliae em 
combinação com Natur´oleo® a 1% e 5%. Cada tratamento constou de três 
repetições. Foram utilizados nas formulações concentração de 1x109 conídeos /ml 
e Tween (0,05%). 
Os testes foram realizados em árvores de caju não comerciais, localizadas 
em Campo Novo, distrito de São João da Barra. 
As formulações foram aplicadas com o pulverizador ultrabaixo volume, 
ULVA+® (Micron, Inglaterra). Após determinar o pomar de caju a ser trabalhado, 
selecionou-se aleatoriamente, em cada árvore, um galho/repetição, infestado com 
ninfas de A. cocois. Foram aplicados 200 ml de cada formulação após 16 horas, 
devido à baixa radiação. Utilizou-se uma árvore por tratamento. As avaliações 
foram realizadas aos três, sete, nove e 40 dias, exceto para o bioensaio 3, 
quando não houve avaliação com 40 dias. Em cada avaliação, foram escolhidas 
quatro folhas do galho pulverizado e levadas ao Laboratório (LEF/UENF) para 
contagem das ninfas mortas. 
Em cada folha, foram selecionados três pontos aleatoriamente com 1 cm de 
diâmetro cada. Com auxílio de um alfinete e microscópio esterioscópio (aumento 
de 40x), foram feitas as contagens das ninfas sadias e não sadias, considerando-
 22 
se a turgidez do inseto, movimento do aparelho bucal e, para as formulações à 
base de fungo, considerou-se, também, a coloração e a presença de estruturas 
fúngicas do patógeno. 
Para confirmação da presença do fungo, foi retirado, com auxílio de um 
perfurador, 1 cm de diâmetro de cada folha, totalizando 4 cm por tratamento, e 
expostos por 20 segundos à luz UV, a uma distância de 90 cm, para eliminação 
de possíveis contaminantes. Após a esterilização superficial, os cadáveres foram 
acondicionados em placas de Petri forradas com papel-filtro úmido e mantidos em 
câmara úmida para promover a conidiogênese. Foram feitas observações diárias 
durante seis dias. A infecção ou não do inseto foi confirmada pela observação das 
estruturas fúngicas do patógeno nas ninfas que também foram quantificadas e 
comparadas com os resultados encontrados no campo. Os resultados foram 
analisados pela ANOVA e as porcentagens de mortalidade foram comparadas 
pelo Teste de Duncan (P=0,05). 
 
3.3 Efeito do NATUR´OLEO no crescimento de M. anisopliae 
 
Nesse teste, foram preparadas duas suspensões fúngicas nas 
concentrações de 1x107 conídeos/ml e Tween (0,05%) do isolado ESALQ818 e 
acrescidas de Natur´oleo® 1 e 5% cada, para inoculação no meio de cultura SDA, 
sendo três placas de Petri por tratamento. Com o auxílio de uma micropipeta, foi 
aplicada, sobre o meio de cultura uma alíquota de 10 µl da suspensão no centro da 
placa, sendo posteriormente acomodada em câmara BOD a 25±1°C e fosfatase de 
12 horas durante seis dias. O diâmetro das colônias foi medido com o auxílio de 
uma régua, os dados foram submetidos à análise de variância sob delineamento 
estatístico inteiramente casualizado com três tratamentos e três repetições. O 
crescimento médio das colônias foi avaliado pelo Teste de Duncan (P=0,05). 
 
3.4 Interação entre M. anisopliae, A. cocois e o seu predador Ceraeochrysa 
caligata 
 
Para verificar a compatibilidade dos fungos entomopatogênnicos e 
predadores, como crisopídeos , foram montados dois testes . 
 Foram realizadas coletas de crisopídeos nos pomares de caju, no período de 
maio a agosto de 2007, para verificar a espécie de maior freqüência para os 
 23 
testes 1 e 2. Todas as larvas encontradas nas folhas dos testes anteriores a estes 
foram coletadas, registradas e acondicionadas em tubos de ensaio de 40 ml, 
vedados com algodão, para evitar o canibalismo enquanto larvas, e alimentadas 
com ovos de Anagasta kuehniella, para , posteriormente, serem identificadas. 
Teste 1 - Os adultos de Ceraeochrysa caligata foram coletados no cajueiro e 
transferidos para o laboratório, onde foram mantidos em gaiolas plásticas de 340 
ml, com tampa telada na parte superior e tubo de vidro com água destilada, 
tampado com algodão, inserido em orifício na lateral da gaiola, para obtenção dos 
ovos que deram início ao experimento. Os adultos foram alimentados com dieta à 
base de levedo de cerveja, frutose e mel (proporção de 1:1:1) e mantidos em 
câmaras de germinação do tipo B.O.D. à temperatura de 24 ± 1ºC e fotoperíodo 
de 16hL:8hE. 
As larvas foram criadas individualmente em tubos de ensaio de 40 ml, 
vedados com algodão, para evitar o canibalismo. Estas foram alimentadas com 
ninfas de mosca-branca, Aleurodicus cocois, durante todo o seu desenvolvimento. 
Após a mudança de estádio de pré-pupa para pupa, foi colocado uma tira de 
papelão dentro de cada tubo para auxiliar na fixação do adulto farado, para que 
este possa efetuar a muda final para o estádio adulto propriamente dito. 
O estudo foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com dois 
tratamentos: ninfas de mosca-branca, A. cocois com e sem fungo 
entomopatogênico a 24 ± 1ºC e 16 horas-luz/dia de fotofase, em câmaras de 
germinação do tipo B.O.D. 
Para obtenção de ninfas de mosca-branca doentes , foi selecionada uma 
árvore onde foi aplicada diariamente, em 10 folhas, a concentração do fungo de 
1x109 conídeos/ml. O entomopatógeno utilizado no presente trabalho foi o isolado 
CG136, Metarhizium anisopliae. As ninfas sadias foram coletadas em outras 
árvores. 
Os testes tiveram inicio com 25 ovos de crisopídeos por tratamento. Foram 
feitas observações diárias em cada tubo de ensaio, a fim de determinar a 
influência do isolado CG136 na duração dos estádios de desenvolvimento e na 
mortalidade. 
Os insetos mortos foram expostos por 20 segundos à luz UV, a uma distância 
de 90 cm, para eliminação de possíveis contaminantes. Após a esterilização 
superficial os cadáveres foram acondicionados em placas contendo em seu 
 24 
interior papel filtro úmidos e encaminhados para câmara úmida para promover a 
conidiogênese. 
 Teste 2 - Nesse experimento , as larvas foram alimentadas com ovos de 
Anagasta kuehniella durante todo o seu desenvolvimento. Após a mudançade 
estádio de pré-pupa para pupa, foi colocada uma tira de papelão dentro de cada 
tubo para auxiliar na fixação do adulto farado, para que este possa efetuar a 
muda final para o estádio adulto propriamente dito. 
O estudo foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com dois 
tratamentos. As larvas foram acomodadas em tubos contendo em seu interior um 
pedaço de folha sadia de caju, tratada com isolado CG136, na concentração 
1x109 conídeos/ml e Tween (0,05%). O procedimento repetiu-se no segundo 
tratamento, com exceção de a folha não ter recebido suspensão fúngica. Esses 
tubos foram mantidos a 24 ± 1ºC e 16 horas -luz/dia de fotofase, 100% de 
umidade em câmaras de germinação do tipo B.O.D. Para evitar o contado com o 
fungo, os ovos de A. kuehniella foram acondicionados em pequenos pedaços de 
papel alumínio e trocados diariamente, assim como as folhas de caju. 
Os testes tiveram inicio com 25 ovos de crisopídeos por tratamento. Foram 
feitas observações diárias, para verificar a patogenicidade do fungo e a sua 
influência na duração dos estádios de desenvolvimento e na mortalidade. 
Os insetos mortos foram expostos por 20 segundos à luz UV, a uma distância 
de 90 cm, para eliminação de possíveis contaminantes. Após a esterilização 
superficial, os cadáveres foram acondicionados em placas de petri, forradas com 
papel-filtro e mantidas em câmara úmida para promover a conidiogênese. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
4.1 Aplicação de diferentes agentes para o controle de ninfas de A. cocois 
no campo 
 No teste 1, os tratamentos ESALQ 818 + óleo 8%, LPP45, LPP45 + óleo 
8% e detergente neutro 10% resultaram em mortalidade superior à da 
testemunha, variando entre 27 e 51,5% (Tabela 2). Os períodos de avaliação não 
diferiram entre si. 
 
Tabela 2- Mortalidade (%) de Aleurodicus cocois após aplicação de fungos 
 entomopatogênicos em combinação óleo de soja, Campos dos 
 Goytacazes, 2008. 
 
 Mortalidade (%) 
 
Tratamentos 
3 DAP 7 DAP 9 DAP 40 DAP 
Testemunha (Tween) 24,0 A1 a2* 25,7 A 25,3 A 20,9 A 
O. S. 8% 33,1 A ab 25,2 A 26,4 A x 
Detergente 10% 44,0 A b 43,0 A 40,0 A x 
LPP 87 24,4 A ab 25,7 A 36,4 A 37,2 A 
LPP 87 + O.S. 8% 29,7 A ab 23,2 A 31,9 A 37,3 A 
ESALQ 818 37,1 A ab 44,5 A 30,8 A 23,6 A 
ESALQ 818 + O.S. 8% 35,8 A b 31,9 A 32,6 A 51,5 A 
LPP 45 38,9 A b 27,7 A 42,6 A 38,2 A 
LPP 45+ O.S.8% 43,0 A b 29,4 A 35,1 A 36,4 A 
O. S.: Óleo de soja; x= não avaliado; DAP: Dias após a aplicação; 
Valores seguidos de letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste de Duncan (P=0,05) 
1 letras maiúsculas = dias de avaliação; 2Letras minúsculas = tratamentos. 
*O teste estatístico de comparação de tratamentos foi igual a todos os dias após aplicação, sendo 
somente mostrado na primeira coluna. Os resultados foram iguais para todos os dias de aplicação. 
 26 
No teste 4, Natur´oleo® 5% + ESALQ 818 e Natur´oleo® 1% + ESALQ818 
apresentaram mortalidade superior à da testemunha com 50,6% e 37,5% aos três 
dias, respectivamente. Entretanto os resultados do teste 3 mostraram 
porcentagens de mortalidade semelhantes aos encontrados no teste 4, sugerindo 
que o efeito foi devido à ação do Natur´oleo® e não à do fungo (Tabela 3). 
 
Tabela 3 - Mortalidade (%) de Aleurodicus cocois submetidos a dois tratamentos 
 dos testes 3 e 4. 
 
% Mortalidade 
 
Tratamentos 
3 DAP 7 DAP 9 DAP 40 DAP 
Teste 3 
Testemunha (água) 31,0 A1 a2* 15,6 AB 15,2 B x 
Nat 1% 54,0 A b 34,7AB 35,5 B x 
Nat 5% 56,1 A b 50,9 AB 28,7 B x 
 
Teste 4 
Testemunha (Tween) 29,6 A a 29,7A 18,8 A 36,4 A 
Nat 1% + ESALQ 818 37,5 A ab 47,9 A 40,6 A 23,7 A 
Nat 5% + ESALQ 818 50,6 A b 42,1 A 41,1 A 32,5 A 
Nat: Natur´oleo ®; x= não avaliado; DAP: Dias após a aplicação; 
Valores seguidos de letras diferentes, diferem estatisticamente pelo teste de Duncan no nível de 
5% de probabilidade. 
1 letras maiúsculas = dias de avaliação; 2Letras minúsculas = tratamentos. 
*O teste estatístico de comparação de tratamentos foi igual a todos os dias após aplicação, sendo 
somente mostrado na primeira coluna. 
 
A eficiência dos tratamentos ESALQ 818, LPP87, LPP45, CG 149 e CG 
399 mostraram-se coerentes ao relato de Garcia (2004). No caso de ninfas de 
mosca-branca, a cutícula produz lipídios de longas cadeias de ésteres, que 
formam uma barreira física para os conídios. Tal fato prejudica os processos de 
adesão, germinação e penetração dos fungos, o que justifica a eficiência dos 
isolados na mortalidade das ninfas de A. cocois , já que, em relação a outras 
espécies, esta produz uma camada de cera significativamente espessa. 
O isolado CG 149 de B. bassiana apresentou média de 19% de 
mortalidade, considerando-se todos os dias avaliados. A maior mortalidade 
registrada foi de 28%, nove dias após a aplicação. Vicentini et al. (2001) 
registraram, para o mesmo isolado em ninfas de B. tabaci Biotipo B, o índice de 
 27 
90% de mortalidade, 14 dias após a aplicação em laboratório. Apesar de não 
serem da mesma espécie, elas apresentam características semelhantes, porém 
em situações ambientais distintas. 
O Paecilomyces sp., isolado CG 399, comportou-se de forma contrária ao 
relatado por Faion (2004). Segundo a qual, essa espécie de fungo é capaz de 
infectar todos os estádios de desenvolvimento da mosca-branca Bemisia tabaci a 
temperaturas variando entre 15 a 300C. Esse foi o único isolado que não 
apresentou estruturas fúngicas durante as avaliações, além da baixa mortalidade. 
O caráter hidrofóbico dos conídios dos fungos reforça a necessidade da 
associação com produtos que venham proporcionar melhor adesão à praga a ser 
controlada. Os óleos, por exemplo, melhoram a adesão e a dispersão dos 
esporos sobre a cutícula hidrofóbica dos insetos. Os esporos podem ser 
carregados pelos óleos a micro habitats encontrados no corpo do inseto 
hospedeiro ou da planta hospedeira, sendo assim protegidos do vento, radiação e 
de outros estresses ambientais (Faria et al., 2001). Apesar de oferecer benefícios, 
o óleo de soja e o Natur´oleo® não aumentaram a virulência dos isolados nos 
bioensaios 1 e 3, embora os tratamentos ESALQ 818 + óleo 8%, LPP45 + óleo 
8%, ESALQ 818 + N 1% e ESALQ 818 + N 5% tenham apresentado diferença 
significativa da testemunha. Resultado diferente foi encontrado para as ninfas que 
receberam óleo emulsionável Natur´oleo® nas concentrações de 1 e 5% sem 
fungo. Neste caso, o produto mostrou eficiência de 56% três dias após aplicação. 
Não foi significativa mortalidade apresentada pelo óleo de soja 8% sem 
fungo. Resultado semelhante ao de Leal Junior et al. (2006), cujos estudos não 
apresentaram diferença estatística em relação à testemunha, após aplicarem 
óleos de soja, milho, girassol e canola na concentração de 1%, para o controle da 
mosca-branca B.tabaci em plantas de feijão. 
Em relação às observações feitas na câmara úmida, após as coletas, foi 
constatado que os tratamentos não diferiram entre si estatisticamente em relação 
à persistência no campo. Nas avaliações realizadas três, sete e nove dias após as 
aplicações, todas as amostras, com exceção do isolado CG 399, apresentaram 
ninfas de A. cocois com estruturas fúngicas . No entanto, tais resultados foram 
estatisticamente diferentes da avaliação realizada 40 dias após as aplicações, 
quando não foi encontrado vestígio do fungo, o que sugere a não persistência do 
microorganismo no campo (Figura.1). 
 28A baixa eficiência dos isolados do bioensaio 2, CG399 e CG149, podem 
estar relacionado ao alto índice, no campo, de radiação no período da aplicação 
(Apêndice: Quadro 2). Para os demais testes, foram registradas médias 
relativamente favoráveis aos microorganismos. 
Os detergentes e os sabões apresentam, geralmente, eficiência de 40 a 
50% de mortalidade, com ação de contato sem efeitos residuais (Lavor, 2006). 
No teste 1, o tratamento à base de detergente neutro 10% apresentou 43% de 
mortalidade após sete dias. Isso contradiz os resultados encontrados por Koehler 
et al. (1983) para mosca-branca Trialeurodes vaporariorum. Imenes et al. (2002) 
encontraram para a concentração de 5% de detergente, 87 % de mortalidade da 
cochonilha Protopulvinaria pyriformis (Hemíptera, Coccidae) após 12 dias. 
Curkovic e Araya (2004) encontraram, para concentração de 1% de detergente , 
82% de mortalidade do ácaro Panonychus ulmi ( Tetranychidae). Lavor (2006) 
registrou 96% de mortalidade do pulgão Aphis craccivora (Hemíptera, Aphididae), 
quando aplicou o detergente na concentração de 4%. 
A concentração de detergente utilizada no teste 1 não contribuiu 
suficientemente para o controle da mosca-branca A. cocois . Segundo a literatura , 
esse produto causa a morte pela excessiva perda de água do inseto, o que não 
ocorreu com a praga em questão. 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
3 7 9 40
Dias após aplicação
%
 in
d
iv
íd
u
o
s 
co
m
 c
o
n
id
io
g
ên
es
e
LPP 87
LPP87 + ÓLEO
ESALQ 818
ESALQ 818 + ÓLEO
LPP45
LPP 45 + ÓLEO
N 1% + 818
N 5% + 818
CG 149
CG 399
 
Figura 1 - Persistência dos isolados de M. anisopliae, B. bassiana e 
 Paecilomyces sp. após aplicação no pomar de caju. 
 
 29 
Lavor (2006) relata que altas concentrações de sabão e detergente podem 
ser tóxicos também à planta. Serão necessários novos testes, talvez com 
concentrações menores, porém com número maior de aplicações, ou associação 
com doses menores de inseticidas. Medeiros et al. (2001) usaram 0,5% de 
detergente neutro associado com dimethoato no controle da mosca-branca B. 
tabaci Biótipo B. Esta formulação apresentou 64% de eficiência. 
Um dos fatores que talvez não tenha contribuído para o sucesso dos 
bioensaios com fungos é a forma de pulverização. O aparelho ULVA+ ® apresenta 
a vantagem de aplicação ultrabaixo volume e é econômico ao disseminar o 
produto, criando uma nuvem de gotículas. Nos experimentos , foram utilizados 
somente 200 ml de solução a cada pulverização. 
Apesar das vantagens, este aparelho não imprime impacto sobre as folhas 
infestadas com a densa massa pulverulenta da A. cocois. Talvez sejam 
necessários testes com o pulverizador costal. Apesar de não ser econômico e de 
difícil manuseio, poderia apresentar um melhor resultado. 
 
4.2 Efeito do NATUR´OLEO no crescimento de M. anisopliae 
 
 O teste mostrou que as concentrações de Natur´oleo ® 1 e 5% não diferiram 
estatisticamente entre si em relação ao crescimento . Foi observado que, além de 
não prejudicar o desenvolvimento da colônia, o produto contribuiu para o 
crescimento durante os seis dias de avaliação (Figura-2) 
Os resultados, obtidos no laboratório condizem com os resultados 
encontrados por Zappelini et al. (2006) e Silva et al. (2006), nos quais , ao 
avaliarem efeitos tóxicos de alguns emulsificantes, dentre eles, Natur´oleo® nas 
concentrações de 1,5 , 5 e 10% sobre conídios dos fungos B. bassiana, M. 
anisopliae e Paecilomyces sp., concluíram não haver efeito inibitório sobre a 
germinação dos conídios. Nos bioensaios 3 e 4, pode-se observar o efeito 
contrário. Em condições de campo, o Natur´oleo® não favoreceu o 
desenvolvimento dos isolados. Este resultado pode estar relacionado às 
condições ambientais ou a forma de aplicação. 
 
 
 
 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.3 Interação entre M. anisopliae, A. cocois e o seu predador Ceraeochrysa 
caligata 
 
 Foram coletados 162 crisopídeos, dentre larvas e adultos, distribuídos em 
três espécies , Ceraeochrysa caligata, Ceraeochrysa cincta e Ceraeochrysa 
claveri, sendo a maioria dos indivíduos da primeira espécie (Figura 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1,9 %
12,3 %
85,8 %
C. caligata C. cincta C. claveri
 Figura 3 – Espécies de crisopídeos coletados nos pomares de caju no período 
 de maio a agosto de 2007, em Campos dos Goytacazes, RJ. 
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1 2 3 4 5 6
Dias
C
re
sc
im
en
to
 (m
m
)
Testemunha
Nat 1%
Nat 5%
 
Figura 2 – Crescimento do isolado ESALQ 818, M. anisopliae, em diferentes 
 concentrações de Natur´oleo ® em meio SDA. 
 
 31 
No teste 1, o período de desenvolvimento das larvas nos dois tratamentos 
foi semelhante até o terceiro instar. Nenhum dos indivíduos do tratamento com 
fungo alcançou o estádio de pré-pupa. Na câmara úmida, foi observada a 
presença de estruturas fúngicas nos indivíduos desse tratamento. A testemunha 
resultou em dois adultos. 
 Neste teste , a sobrevivência foi baixa para a testemunha, significando 
talvez que a A. cocois, como presa, tenha interferido no desenvolvimento dos 
indivíduos (Figura 4). Apenas 14,3% dos indivíduos empuparam. De Bortoli e 
Murata (2006) relataram que larvas de Ceraeochrysa paraguaia não se 
desenvolveram como o relatado por De Bortoli et al. (2005), com a mesma presa 
e o C. cincta . Esse resultado pode ser devido à grande quantidade de cera 
apresentada pela presa, o que dificultaria a alimentação do predador. 
Característica essa também encontrada na A.cocois. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No teste 2, foi observada semelhança entre o desenvolvimento dos 
indivíduos nos dois tratamentos até o segundo instar. No estádio pré-pupa, os 
indivíduos do tratamento com fungo apresentaram média de 5,2 dias de 
desenvolvimento, enquanto a testemunha, 4,1 dias (Figura 5). Essa diferença 
pode estar relacionada a uma interferência fisiologia do microorganismo na larva, 
retardando seu desenvo lvimento. Em relação à sobrevivência, apenas quatro 
0
5
10
15
20
25
30
Ovo 1 instar 2 instar 3 instar Prépupa pupa
N
° 
de
 in
di
ví
du
os
Sem fungo
Com fungo
 Figura 4 – Teste 1: Número de sobreviventes após se alimentarem de ninfas 
 de A. cocois infectadas com o isolado CG136, M. anisopliae. 
 32 
indivíduos chegaram ao estádio adulto no tratamento com fungo, sendo dois 
machos e duas fêmeas (Figura 6). Na testemunha, 16 chegaram ao estádio 
adulto, ou seja, 64%, sendo oito fêmeas e oito machos. Provavelmente, a 
sobrevivência da testemunha neste teste foi maior que no teste 1, em virtude de o 
alimento oferecido ser ovos de A. kuehniella . 
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Ovo 1 instar 2 instar 3 instar Prépupa pupa
M
éd
ia
s 
d
o
s 
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ia
s 
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im
en
to
Testemunha T. fungo
 
 
 
0
5
10
15
20
25
30
Ovo 1 instar 2 instar 3 instar Prépupa pupa Adulto
N
° 
de
 in
di
ví
du
os
Sem fungo 
Com fungo
 
 
 
Figura 6 – Teste 2: Número de sobreviventes após contado 
 com o isolado CG136, M. anisopliae. 
Figura 5 – Teste 2: Media de dias dos estádios de desenvolvimento dos 
 indivíduos que estiveram em contato com o isolado CG136, M. 
 anisopliae. 
 33 
Cardoso et al.,(2004) não observaram mortalidade

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