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constitucional II

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Aluno: Fabiano Fragoso 201401111947
1. Do Poder Judiciário
 
Segundo a clássica teoria da separação das funções estatal, versada por Montesquieu em Espírito das Leis, o judiciário é o derradeiro dos “poderes”, agindo após a atuação do Legislativo, com a criação das leis, e do Executivo, visto que lhe é incumbido à missão primordial de trazer justiça aos casos concretos, aplicando as leis para dirimir litígios; e suas decisões, diferentemente do Executivo, no contencioso administrativo, e do Legislativo, no impeachment, possuem força definitiva de coisa julgada. 
Neste ponto reside a importância da função judiciária, na definitividade de suas decisões, trazendo segurança aos particulares por meio da imutabilidade do quanto sentenciado pelo Estado Juiz.
 Apesar de parte da doutrina não distinguir a função executiva da judiciária, visto que ambas aplicam a lei aos casos particulares, é necessário afirmar que não se confundem essas funções, como bem estabelece Manoel Gonçalves Ferreira Filho:
Esse conceito já sugere quão problemática é a colocação do Judiciário como executante de uma função, por sua natureza distinta, do Estado. De fato, em sua substância essa função é executar ou aplicar a lei a casos particulares. Ora, executar a lei é objeto de outra função, a executiva, ou administrativa. Destarte, limitando-se a pôr em prática, em casos concretos, decisões anteriores de caráter geral, o Judiciário exerceria uma função por sua natureza igual à desempenhada pela administração. É essa a lição de inúmeros autores modernos, como Burdeau, Wade etc., que podem abonar-se em Locke, o qual não a considerava função à parte, mas sim enquadrava o Judiciário no Poder Executivo.
Rejeitar-se a afirmação que o Judiciário desempenha uma função de natureza distinta das demais do Estado, ou reconhecer que ela, por sua natureza, se confunde com a administrativa, não significa que se recomende sua fusão com o Executivo nem que não se enxerguem as vantagens de sua separação. Afirma, ainda, José Afonso da Silva, a esse respeito, que para distinguir a função judiciária da executiva há que se considerar o que fora estatuído na constituição pelo poder legislativo originário a cada uma dessas funções e seus respectivos órgãos. Para a proteção dos direitos humanos e a liberdade dos cidadãos, inclusive em desfavor do governo e da administração, é necessário a existência de uma função estatal independente, não sujeita aos poderes e desmandos do chefe do executivo, nem aos interesses particulares dos parlamentares, e para tanto se sobrepõe o Poder Judiciário, como função autônoma, cuja imparcialidade se erige em direito constitucionalmente previsto, como garantia de plena justiça.
 E para o bom desempenho das atividades a que estão responsáveis, o judiciário e seus integrantes, é que lhes são conferidos garantias que, segundo José Afonso da Silva são constituídas por: 1) garantias institucionais, que resguardam o Poder Judiciário como uma das funções do Estado, e que por sua vez separa-se em garantias de autonomia orgânico-administrativa, e financeira; e 2) garantias funcionais, ou de órgãos, que garantem a independência e a imparcialidade.
 
1.1 Das garantias e o Direito Comparado
 
Antes de adentrarmos no cerne da questão, qual seja as garantias concedidas ao Poder Judiciário, cabe trazer à baila um rápido escorço histórico do Direito Comparado acerca de tais prerrogativas, cabendo salientar, primordialmente, que as garantias não são as mesmas em todos os países diversificando-se de acordo com a cultura política de cada nação. Em países europeus como a Bélgica, Espanha, Holanda, Portugal e Alemanha, além da garantia da inamovibilidade, que abrange a vitaliciedade, são concedidos aos magistrados privilégio de jurisdição e liberdade de associação, sendo que apresentam entre si algumas diferenças. Na Espanha, a liberdade de associação é restrita, admitindo-se tão somente a união com os membros da própria magistratura. Já na Alemanha é garantido constitucionalmente o direito de greve, além de poderem fazer parte de partido político e exercer funções eletivas, sendo que tomando posse da nova atividade aposenta-se automaticamente da magistratura.
 Em regra geral, os países de cunho político democrático, asseguram também a prerrogativa do juiz natural e a independência no desempenho das funções outorgadas pelo Poder Constituinte originário. Difere o sistema inglês e norte – americano do que ocorre nos países que assumem carreiras organizadas em relação ao judiciário, justamente por causa do seu pragmatismo, não havendo maiores preocupações no respeito a direito e garantias da magistratura, conforme fica claro do trecho extraído de trabalho acadêmico de universitários da UNIRP: 
Até o séc. XVII encontrava-se à discrição do rei nomear e revogar juízes. Lei de 1701 (“Act of Settlement”) instituiu liberdade definitiva destes últimos em face do rei e da administração. Hoje, quando a referida lei já não se encontra em vigor, o seu princípio básico (Quamdiu se bene gesserint) foi assimilado por lei de 1981 (Supreme Court Act).
Em face da natureza da sua designação, os juízes de paz, embora seja importante o seu papel sobretudo no juízo criminal, não gozam de garantias semelhantes. No entanto, são raras as destituições dos juízes de paz. Como se pode verificar, o sistema inglês é pragmático, lógico, simples e eficaz. Berço das garantias da magistratura, não se empolgou o país com elas a ponto de chegar ao paternalismo. Praticamente elas são as mesmas dentro do princípio básico segundo o qual valerão “enquanto o magistrado bem servir”.   
 Relativamente às garantias conferidas ao Poder Judiciário e seus órgãos, nos países de regime político socialista, há profundas diferenças de tudo quanto exposto até agora. As prerrogativas para a magistratura russa, por exemplo, são a não intromissão dos demais poderes ao exercício de suas funções, além de que a independência dos juízes esta baseada no fato de serem estes eleitos e não designados, e de que para tomarem suas decisões não se encontram presentes, no mesmo recinto, representantes das demais funções estatais.
 No respeito à magistratura brasileira sempre houve proteção para o desempenho de suas funções, desde as primeiras Cartas Constitucionais até os dias atuais. A Constituição do Império de 1824, por exemplo, estatuía no seu artigo 153 que os juízes de direito terão a garantia da perpetuidade em seus cargos, ressalvado, no mesmo preceito, que os juízes poderiam ser removidos ao tempo e de acordo com determinação legal.
 Neste ínterim, resta claro que, em se tratando de Direito Comparado, ao Poder Judiciário e seus órgãos é concedido prerrogativas básicas à sua perfeita atuação com vistas aos interesses da sociedade na proteção de seus direitos. 
 
1.2 Das espécies de garantias do Poder Judiciário
1.2.1 Garantias Institucionais do Judiciário
 
A Carta Constitucional de 1988, reportando-se ao princípio da separação dos poderes, assegura ao Judiciário a garantia de autonomia orgânico – administrativa e a garantia da independência financeira, conforme se depreende dos artigos 96 e 99, in verbis:
 
Art. 96. Compete privativamente:
I – aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos aseus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados;
II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
b) a criação e extinção de cargos e a fixação de vencimentos de seus membros, dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver, dos serviços auxiliares e os dos juízes que lhes forem vinculados;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias
...
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.
 
Segundo lições do professor José de Albuquerque Rocha, acerca das garantias constitucionalmente previstas para o poder Judiciário no âmbito administrativo - financeiro, a autonomia administrativa, chamada de autogoverno da magistratura, significa a capacidade conferida ao Judiciário de ministrar seus órgãos, abrangendo o pessoal e os meios financeiros, necessários ao desempenho das funções jurisdicionais.
                                                                                                                                                         1.2.2 Garantias funcionais do Judiciário
 
Os privilégios funcionais conferidos constitucionalmente em favor dos juízes para a manutenção de sua autonomia e para o exercício de sua função jurisdicional com a respeitabilidade e confiança a que este múnus público exige, segundo José Afonso da Silva: “... podem ser agrupadas em duas categorias: (a) garantias de independência dos órgãos judiciários; (b) garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários”.
​As garantias de independência, seguindo a classificação de José Afonso da Silva, são a vitaliciedade, a inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos, e estão presentes no texto constitucional no artigo 95, in verbis: 
 
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos  de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público,  na forma do art. 93, VIII;
III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, §4º, 150, II, 153, III, e 153, §2º, I.
 
A vitaliciedade, conforme depreende-se do artigo supra – mencionado, garante ao titular nomeado ou concursado a perpetuidade no cargo que exerce na Administração Pública. Deve restar claro que não se trata de prerrogativa da pessoa do juiz e sim do poder Judiciário, como um todo, pois pensada para resguardar esta instituição concedendo-lhe condições favoráveis ao bom desempenho da função a que esta responsável. O exercício da função judiciária, através da prerrogativa da vitaliciedade concede a permanência e a definitividade necessárias, para que os juízes não se sintam jungidos às decisões a serem tomadas nas demandas que se lhe apresentam. A perda de tal garantia com a desvinculação ao cargo só ocorre a pedido do magistrado; por meio de processo judicial, geralmente penal, em que se comprova infração com abuso de poder ou violação do dever inerente à função pública, sendo que é facultado ao juiz a ampla defesa e o contraditório; bem como por aposentadoria compulsória, que é a garantia de inatividade remunerada aos setenta anos de idade, com subsídios proporcionais; ou por disponibilidade.
​Já a inamovibilidade, prevista no artigo 95, II, da Carta Magna, se refere a fixação do juiz ao cargo e ao local para onde foi designado para a prática de suas funções, não devendo ser removido sem o seu prévio consentimento, garantindo-lhe que exercerá sua atividade sem pressões político – econômicas, pois, do contrário, o magistrado estaria à mercê de remoções “arranjadas”, tudo para que não contrarie interesses do “poder” vigente no local de suas atividades jurisdicionais. 
 Inclusive, pode também o magistrado, por meio desta prerrogativa, recusar promoção na carreira, quando restar claro que se trata de manobra política para afastá-lo da prática de sua função naquela localidade determinada. Nem mesmo o tribunal a que o magistrado esta vinculado poderá envia-lo para desempenho da função judiciária em outro local diferente, a não ser por interesse público, mediante voto de dois terços do tribunal, assegurada a ampla defesa. 
​A irredutibilidade de subsídios é a terceira das garantias instituídas pela Constituição Federal à magistratura, e significa que não poderão ser reduzidos os proventos percebidos pelo desempenho de sua função, sendo que ficam adstritos aos limites fixados no artigo 37, X a XII da Carta Magna. Esta prerrogativa tem ligação direta com a imparcialidade do juiz quando de suas decisões judiciais, pois este tem a segurança de que seus julgamentos e suas posições não se vincularão ao recebimento de seus proventos, como afirma Marcus Vinícius Amorim de Oliveira: “Com efeito, a mera hipótese de o magistrado sofrer redução em seu salário em decorrência de algum ato judicial implicaria em motivo de inibição no exercício da judicatura.”
​No respeito às garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários, estão presentes no texto constitucional, no artigo 95, parágrafo único, sob a forma de impedimentos, com o fim de salvaguardar a independência e a imparcialidade do magistrado. Senão vejamos:
 
Art. 95.
...
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III – dedicar-se à atividade político – partidária.    
​
Ademais, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, Lei 35/76, também trás em seu artigo 36 algumas vedações ao magistrado, como a proibição para o exercício do comércio ou participação em sociedade comercial, o exercício de cargo de direção de sociedade civil, associação ou fundação, ou manifestar opinião sobre processo pendente de julgamento.
 
2. Estrutura do Poder Judiciário
2.1 Supremo Tribunal Federal
A) A importância do Judiciário, de acordo com o professor Paulo Bonavides, está em toda parte por indeclinável à sustentação de um sistema democrático, republicano e federativo, em normal correspondência com o Estado de Direito, do qual é uma das mais sólidas colunas de legitimidade.
O Supremo Tribunal Federal – STF pertence à cúpula da estrutura do Poder Judiciário brasileiro e tem a atribuição específica de interpretar a lei constitucional, colocando-se em posição de proeminência em relação a todos os demais poderes. Neste sentido, suas decisões repercutem profundamente na economia, na política e na sociedade em geral. 
Os Tribunais Constitucionais são essenciais na concretização dos ideais do constitucionalismo democrático, na medida em que lhes é atribuída a função de zelar pela aplicação de regras e limites estabelecidos pela Constituição aos sistemas democráticos.
Insta verificar se o STF, guardião da Constituição, é uma genuína Corte Constitucional, nos moldes dos Tribunais europeus, tendo competência precípua da jurisdição constitucional. Caso a resposta seja negativa, resta-nos, saber, portanto, ante a atual conjuntura do país, se é viável a criação de uma Corte Constitucional brasileira. 
É necessário, ainda, analisar a legitimidade do STF à luz do papel institucional e político que exerce. O fato de sua composição e competência estarem previstas na Constituição de 1988, não significa que referida Corte seja legítima, pois legalidade e legitimidade não se confundem. 
O tema, portanto, revela-se fundamental para analisar o papel político institucional do STF e esclarecer sobre suas funções e consequências de suas decisões para a efetivação (ou não) de um Estado Democrático de Direito.
2.2 COMPOSIÇÃO E FORMA DE INGRESSO
O STF ocupa a ápice da estruturado Poder Judiciário brasileiro. Segundo o art. 101 da Constituição Federal, a Corte é composta de 11 (onze) ministros vitalícios, escolhidos dentre cidadãos com mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Tem sede em Brasília – DF, e os ministros são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. 
Extrai-se da leitura do referido dispositivo que não é requisito que o cidadão venha da Magistratura, Ministério Público ou outra carreira jurídica, bastando tão-somente o “notável saber jurídico” e a “reputação ilibada”.
Mister ressaltar que na Constituinte de 1988 foram discutidas várias propostas para alteração no processo de nomeação de Ministros, conforme alerta Gilmar Ferreira Mendes, mas acabou preservando-se o modelo já consagrado na história constitucional republicana. 
2.3 COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA E DERIVADA
A competência originária está disciplinada no art. 102, inciso I, alíneas ‘ a’ até ‘ q’, da Carta Magna, sendo, sem dúvida, a inscrita na alínea ‘ a’ a mais importante, ao prever que cabe ao STF processar e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual. Consoante Carlos Mário Velloso, esta é a competência maior do STF, pois “apenas essa competência poria o Supremo Tribunal em pé de igualdade com o Tribunal Constitucional alemão”. 
É por meio da ação direta de inconstitucionalidade que o Supremo realiza o controle concentrado, guarda a Constituição, desenvolvendo-se num processo sem partes, com vistas à proteção da ordem jurídica, no qual não há litígio que diga respeito a direitos individuais.
O art. 102, inciso II, da Constituição, define a competência recursal ordinária do STF. Dispõe a alínea ‘ a’ do citado dispositivo que cabe ao Supremo Tribunal Federal julgar em recurso ordinário: 
habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção, decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, quando denegatória a decisão. Cabe, ainda, de acordo com o art. 102, inciso II, alínea ́b́, recurso ordinário ao STF de decisões que tenham por objeto crimes políticos. 
A matéria, em princípio, nada tem de constitucional. O recurso da decisão, proferida pela justiça federal de primeiro grau, sobe imediatamente ao STF. Segundo Velloso, isto não tem sentido. O crime político deve ser julgado pelo juiz federal e o recurso deveria ser para o Tribunal Regional Federal, com recurso especial para o STJ, e recurso extraordinário, se ocorrente o pressuposto constitucional, vale dizer, o contencioso constitucional. Em recurso extraordinário, o Supremo Tribunal exerce o controle difuso de constitucionalidade. Nos termos do art. 102, inciso III, compete ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: contrariar dispositivo da Constituição; declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição; julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
A combinação desses dois sistemas confere ao STF, de acordo com Gilmar Ferreira Mendes, uma peculiar posição tanto como órgão de revisão de última instância, que concentra suas atividades no controle das questões constitucionais discutidas nos vários processos, quanto como Tribunal Constitucional, que dispõe de competência para aferir a constitucionalidade direta das leis estaduais e federais no processo de controle abstrato de normas.
Assim, o STF ficou encarregado de várias questões que se afastam da sua função precípua de guardião da Constituição, como disposto no caput do art. 102, da Lei Maior, o que acaba prejudicando o desempenho da jurisdição constitucional. 
B) Súmulas Vinculantes 
 1) Os Tribunais têm competência, como é cediço, para editar súmulas sobre temas de relevante controvérsia, a fim de otimizar seus trabalhos. 
O órgão máximo do Judiciário, o Supremo Tribunal Federal, pode expedir tanto súmulas comuns como as de caráter vinculante, diferentemente daquelas editadas pelos demais Tribunais, STJ, TST, TRT, TJMG, porquanto estes não podem atribuir a mesma característica às suas, sendo, pois, apenas súmulas. 
 O conceito de súmula é delineado como “entendimentos solidamente assentes pelos Tribunais acerca de uma mesma questão, dos quais se retira um enunciado (...), servindo de referencial em julgamentos posteriores sobre a mesma controvérsia.”.
 A finalidade da súmula comum, latu sensu, é de refletir o entendimento do respectivo órgão que a editou, proporcionando maior uniformidade aos julgamentos que versem acerca da mesma matéria. Importante notar que a súmula vinculante espelha o sentido dado às normas constitucionais pelo STF sobre as quais recaiam atual divergência e, a partir daí, surja indesejável insegurança jurídica.
 Mas, afinal, quais as diferenças entre a súmula comum e a vinculante?
 A súmula simples, por si só, serve como parâmetro para decisões posteriores, não constituindo obrigatoriedade em ser seguida, uma vez que não possui força de lei, mas apenas qualidade legal. 
Entretanto, é importante observar que se uma decisão estiver em conformidade com súmula do STJ, o recurso de apelação não será admitido, consoante §1.º do art. 518 do CPC (Cuidado com esse detalhe*). É o que chamamos de "súmula impeditiva de recurso".
 Quanto à súmula vinculante, podemos dizer que é quase um tipo especial daquela, haja vista suas características peculiares, qual seja, a força de vincular as decisões. O que significa isto? 
 Significa dizer que tanto o Judiciário quanto os órgãos da Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, ao se depararem com questões sobre as quais haja súmula vinculante, não poderão decidir de modo diverso, devendo seguir o enunciado sumulado. Isto ocorre porque há, no bojo da vinculação da súmula, as características imperatividade e coercibilidade.
 Contudo, neste ponto é necessário um cuidado todo especial: apesar de a súmula vinculante ter as características supramencionadas, vinculando o Poder Judiciário e a Administração Pública em todas suas esferas, o mesmo não ocorrerá com o Poder Legislativo na sua atividade legiferante.
 Significa dizer, pois, que há possibilidade de haver a edição de lei com conteúdo diverso do qual dispõe a Súmula vinculante, tendo em vista o exercício da atividade legislativa. 
 Os efeitos produzidos pela súmula vinculante são dotados de uma “força” que a súmula simples carece, qual seja, o poder de vincular. Significa dizer que em se tratando da primeira, o aplicador do direito não tem a faculdade de seguir o enunciado, tendo em vista que é obrigado a fazê-lo, cumprindo com estrita legalidade.  
 Entretanto, não se pode fazer uma súmula vinculante sobre qualquer matéria, mas somente sobre as que produzam “controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica” e de natureza constitucional.
2) Neste contexto, a Súmula Vinculante, instituto de Direito Processual, foi introduzida ao ordenamento jurídico pátrio, com o objetivo de conferir maior celeridade nos julgamentos, garantir a efetividade na aplicação das leis, e ainda afiançar a aplicação uniforme da jurisprudência resultante do Supremo Tribunal Federal. Efetividade, em suma, significa a realização do direito, o desempenho concreto de sua função social. Ela representa a materialização, no mundo dos fatos, dos preceitos legais e simboliza a aproximação, tão íntima quanto possível, entre o dever-ser normativo e o ser da realidade social.
Importa mencionar que o seu principal objetivo é estabelecer as teses jurídicas que devem ser seguidas pelos membros do tribunal que a editou, para que direcione o julgamento e por consequência facilite o exercício da atividadejurisdicional, na condição de verdadeiro referencial de julgamento.
Embora prevista pela primeira vez em lei no Direito Brasileiro em 1973, no artigo 479 do Estatuto Adjetivo Civil, a súmula já tinha sido adotada pelo Supremo Tribunal Federal desde o ano de 1964. Importante esclarecer, contudo, que no ordenamento jurídico pátrio atual, há previsão de edição de súmulas simples e das chamadas súmulas vinculantes, neste último caso de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal.
Disso conclui-se que a súmula vinculante além de servir de orientação, adquire também um caráter obrigatório, pois além de ser um referencial para os demais órgãos do poder judiciário e os órgãos da administração pública direita e indireta nas esferas federal, estadual e municipal, também obrigam tais pessoas a adotar a interpretação sumulada pelo Supremo Tribunal Federal.
Em termos de conteúdo, o objeto da Súmula Vinculante deverá tratar de questões constitucionais em sentido amplo.
Assim, a expressão súmula vinculante utilizada pelo artigo 103- A da Constituição Federal designa o ato do Supremo Tribunal Federal, ou seja, sua manifestação de vontade e posicionamento acerca de controvérsia a respeito de validade, interpretação e eficácia das normas analisadas.
2.B) Com o intuito de regulamentar o Art. 103-A da C.F. incluído pela E.C. nº. 45 de 2004, foi promulgada a Lei 11.417 de 19 de Dezembro de 2006, que disciplinou a edição, revisão e cancelamento de súmula vinculante por parte do Egrégio STF e deu outras providências. 
Saliente-se que a lei regulamentadora limita-se a estabelecer o quorum qualificado de apreciação pelo plenário, rol de legitimados ativos para propositura de enunciado com efeito vinculante da súmula do Pretório Excelso, possibilidade de manifestação de terceiros, modelação de efeitos matérias e temporais do respectivo verbete, a possibilidade de reclamação em face da inobservância da súmula vinculante bem como a aplicação subsidiária do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
 A apreciação de proposta de edição, revisão ou cancelamento de súmula vinculante é de competência do órgão pleno do Supremo Tribunal Federal, o qual irá deliberar pelo quorum qualificado de 2/3 (dois terços) de seus membros.
Formulada a proposta ex officio ou por parte de um dos legitimados ativos, esta será distribuída a um relator que, em homenagem ao disposto no art. 103, §1º, da CRFB, e em obediência ao art. 2º, §2º, da lei regulamentadora, irá proceder à oitiva do Procurador-Geral da República, tão-somente, nas proposições não formuladas pelo mesmo, podendo, ainda, admitir, ou não, manifestação de terceiros.
3) Feito isto, o procedimento será submetido ao pleno do Pretório para deliberação. Uma vez apreciado o pedido no sentido de editar, rever ou cancelar enunciado de súmula com efeito vinculante, o Supremo Tribunal Federal terá prazo de 10 dias para publicar o respectivo verbete na imprensa oficial, a qual irá produzir efeitos imediatos, a partir da data de sua publicação, podendo, todavia, o Pretório Excelso modular seus efeitos temporais, restringindo, ainda, sua eficácia vinculante, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.
 Outrossim, há que ser ressaltado que a formulação de proposta de enunciado de súmula com efeito vinculante não autoriza a suspensão dos processos subjetivos que tenha como fundamento questão idêntica, não tendo o referido procedimento força de questão prejudicial.
 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA
 
 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22 ed. São Paulo: Saraiva. 2001.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 27 ed. São Paulo: Saraiva. 2001.
 
FRANCO, Humberto; MARTINS, Israel; ESTENIO, Jean; BELON, Juliano; CERA, Marcos. Idade mínima para ingresso na magistratura e vitaliciedade. Disponível em: http :// www.jus.com.br. Acesso em: 30 abr 2002
 
MAZZILLI, Hugo Nigro. A reforma constitucional e as garantias da magistratura. Disponível em: http :// wwwbuscalegis.ccj.ufsc.br. Acesso em: 02 jun 2002
 
MELO, Adriana L.; CAMPOS, Luciene de; LENTINI, Rita H.; SODRÉ, Sílvia R.. Perda do cargo de magistrado e seus efeitos. Disponível em: http :// www.jus.com.br. Acesso em: 31 ago 2002
OLIVEIRA, Marcus Vinícius Amorim de. Garantias da magistratura e independência do Judiciário. Disponível em:  http :// www.jus.com.br. Acesso em: 04 abr 2002
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 16 ed. São Paulo: Malheiros. 1999.
SOUZA, Silvia Bednarski de; SOUZA, Silvio Geraldo de; NAGATA, Leila; HERNANDES, Rodrigo Carlos; FARIAS, Edmundo José Dantas. Direitos e garantias dos magistrados na reforma do judiciário. Disponível em: http :// www.jus.com.br. Acesso em: 30 abr 2002.
 
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 15 ed. São Paulo: Malheiros. 1999.

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