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FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 1 Fundamentos do gerenciamento de projetos Apostila FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 2 ÍNDICE APRESENTAÇÃO 6 AULA 1: EVOLUÇÃO 7 INTRODUÇÃO 7 CONTEÚDO 7 PROJETOS 7 MUDANÇA DE PARADIGMA 8 METODOLOGIA APLICADA A PROJETOS – SÉCULOS XVIII E XIX 10 METODOLOGIA APLICADA A PROJETOS – INÍCIO DO SÉCULO XX 11 METODOLOGIA APLICADA A PROJETOS – SÉCULOS XX E XXI 13 SURGIMENTO DA CONCEPÇÃO DE PROJETO 14 CONCEITO DE PROJETO 15 PROJETOS SINGULARES 17 EXEMPLO 1 18 EXEMPLO 2 20 ATIVIDADE PROPOSTA 21 MUDANÇAS DE SUBSISTEMAS 22 APRENDA MAIS ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 25 REFERÊNCIAS 27 AULA 2: CONCEITOS BÁSICOS 28 INTRODUÇÃO 28 CONTEÚDO 28 INTRODUÇÃO 28 CONCEITOS BÁSICOS RELACIONADOS AO GERENCIAMENTO DE PROJETOS 29 INFLUÊNCIA DOS MODELOS DE ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS 34 COMPARAÇÃO ENTRE A TIPOLOGIA ORGANIZACIONAL ESTUDADA 41 ATIVIDADE PROPOSTA 43 APRENDA MAIS 43 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 43 FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 3 REFERÊNCIAS 44 AULA 3: CICLO DE VIDA DO PROJETO 46 INTRODUÇÃO 46 CONTEÚDO 46 INTRODUÇÃO 46 ELEMENTOS CONCEITUAIS DO CICLO DE VIDA DO PROJETO 47 IMPACTOS NA DINÂMICA DE FLUXO DO CICLO DE VIDA DE UM PROJETO 52 APRENDA MAIS 59 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 59 REFERÊNCIAS 60 AULA 4: PROCESSOS 62 INTRODUÇÃO 62 CONTEÚDO 62 INTRODUÇÃO 62 GRUPO DE PROCESSO DE INICIAÇÃO 68 GRUPO DE PROCESSOS DE PLANEJAMENTO 69 GRUPO DE PROCESSOS DE EXECUÇÃO 71 GRUPO DE PROCESSOS DE MONITORAMENTO E CONTROLE 72 GRUPO DE PROCESSOS DE ENCERRAMENTO 73 ATIVIDADE PROPOSTA 74 APRENDA MAIS 74 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 75 REFERÊNCIAS 77 AULA 5: ÁREAS DO CONHECIMENTO 78 INTRODUÇÃO 78 CONTEÚDO 78 INTRODUÇÃO 78 ÁREAS DE CONHECIMENTO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS 84 REFLEXÃO 89 ATIVIDADE PROPOSTA 91 APRENDA MAIS 91 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 91 FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 4 REFERÊNCIAS 93 AULA 6: CERTIFICAÇÃO PMI 94 INTRODUÇÃO 94 CONTEÚDO 94 INTRODUÇÃO 94 CONCEITOS DE CERTIFICAÇÃO 95 CERTIFICAÇÃO PELO PMI 100 OUTRAS CARACTERÍSTICAS DO PMI 103 ATIVIDADE PROPOSTA 105 APRENDA MAIS 105 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 106 REFERÊNCIAS 108 AULA 7: GERENCIAMENTO DE INTEGRAÇÃO - TAP 109 INTRODUÇÃO 109 CONTEÚDO 109 INTRODUÇÃO 109 PROCESSOS DE GERENCIAMENTO DE INTEGRAÇÃO 111 ATIVIDADE PROPOSTA 122 APRENDA MAIS 122 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 123 REFERÊNCIAS 125 AULA 8: GERENCIAMENTO DE INTEGRAÇÃO - PROCESSOS 126 INTRODUÇÃO 126 CONTEÚDO 126 INTRODUÇÃO 126 DETALHAMENTO DOS PROCESSOS DO GERENCIAMENTO DA INTEGRAÇÃO 126 CONCLUSÃO 142 ATIVIDADE PROPOSTA 142 APRENDA MAIS 143 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 143 REFERÊNCIAS 145 FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 5 ANEXOS ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ANEXO 1 ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. CHAVES DE RESPOSTA 146 AULA 1 146 ATIVIDADE PROPOSTA 146 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 146 AULA 2 146 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 146 AULA 3 147 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 147 AULA 4 147 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 147 AULA 5 147 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 147 AULA 6 147 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 147 AULA 7 148 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 148 AULA 8 148 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 148 CONTEUDISTA 148 FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 6 Fundamentos do Gerenciamento de projetos - Apostila Apresentação Se desejarmos gerenciar projetos, deveremos não só conhecer os principais conceitos que envolvem essa atividade mas também identificar como vem sendo concebida a visão das pessoas a respeito do assunto. Afinal, tais noções se modificam na medida em que as organizações são analisadas, de forma distinta, pela sociedade. Nesta disciplina, definiremos os fundamentos que sustentam a gerência de projetos e permitem a construção de metodologias para sua aplicação nas empresas. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: Definir os principais conceitos relacionados ao gerenciamento de projetos – tais como iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento; Identificar o ciclo de vida de um projeto e os processos relacionados a sua administração. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 7 Aula 1: Evolução Introdução Entender a ferramenta de gerenciamento de projetos vai muito além do que apenas aplicar uma ou mais metodologias de gerência no ambiente empresarial. Trata-se de observar como o homem compreende a noção de projeto e como esta se insere dentro da organização contemporânea. Nesta aula, conheceremos a evolução histórica desse conceito, identificando seus desdobramentos na atualidade. Objetivos: Conceituar projeto; Definir as diversas dimensões de singularidade aplicadas a projetos. Conteúdo Projetos históricos Quando pensamos em projetos, muito nos questionamos quanto a sua constituição e quanto à metodologia adotada pelas empresas para a aplicação da ferramenta de gerenciamento de projetos. Mas acabamos nos esquecendo de que esta é uma tarefa que realizamos desde os tempos mais remotos: GERENCIAR PLANOS DE TRABALHO. Quer ver alguns exemplos? Entre os primórdios, podemos citar as grandes construções da antiguidade realizadas pelo homem, tais como: Milenar pirâmide do Egito Planície de Gizé e Coliseu. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 8 Galeria de vídeos Assista ao vídeo A Necrópolis de Gizé. Muitas dessas construções só foram concluídas após gerações até chegarem às obras monumentais que conhecemos hoje: Mas será que é possível pensarmos nesses monumentos históricos sem os associarmos, incialmente, a um projeto? Provavelmente, NÃO! Ao longo desta disciplina, entenderemos como esse conceito é aplicado na atualidade, o que as organizações esperam ao elaborar projetos e como podemos gerenciá-los. Mudança de paradigma Há muito tempo, o ser humano vem buscando formas possíveis de executar ações de difícil concretização. Os exemplos mais clássicos dessa tentativa incluem projetos de Engenharia cujo resultado é um objeto tangível1. Nesses casos, podemos identificar objetivos, recursos, custos e funcionalidades típicos de um plano de trabalho. Além disso, dados históricos registram que, desde a antiguidade, esses elementos já eram exigidos para a finalização de um projeto. 1 Tangível Termo cuja origem vem do latim tangibĭlis e nos remete a tudo aquilo que podemos tocar ou, em sentido mais amplo, perceber de maneira precisa. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 9 Mas, no período do Renascimento2 e do Iluminismo3, houve uma mudança significativa no padrão de realização de atividades: o conhecimento voltou a ser o foco das atenções. A partir da criação das Escolas Politécnicas na França, surgiu o novo paradigma da sistematização da aprendizagem e do saber. Nesse cenário, o elemento-chave de diferenciação passou a ser a METODOLOGIA4. Entenda, a seguir, como essa noção auxiliou o gerenciamento de projetos. 2 Renascimento Movimento cultural que surgiu na Itália, no século XV, contra as concepções teocêntricas medievais. Sua principal característica filosófica foi a transiçãodo teocentrismo – que considerava Deus como o centro do universo – para o antropocentrismo – que colocava o homem nessa posição. Logo, a partir dessa manifestação de ordem artística, cultural e social, o homem passou a ser o centro de todos os interesses, e seu bem-estar constituía a preocupação primeira da sociedade. Apesar de revolucionária para a época, essa concepção de vida não era completamente nova, pois a antiga civilização greco-romana já defendia a liberdade e a dignidade do indivíduo em busca do homem ideal – do ponto de vista cívico –, intelectual e físico. É justamente o renascer da cultura clássica que justifica a nomenclatura desse período da história. Adaptado de: http://www.notapositiva.com/dicionario_historia/renascimento.htm 3 Iluminismo Movimento intelectual que ocorreu na Europa, no século XVIII, e teve sua maior expressão na França – palco de grande desenvolvimento da Ciência e da Filosofia. Também conhecido como Época das Luzes, esse período foi marcado por transformações na estrutura social europeia, na qual os temas de discussão giravam em torno da liberdade, do progresso e do homem. Disponível em: http://www.significados.com.br/iluminismo/. Acesso em: 2 set. 2013. 4 Metodologia Palavra derivada do vocábulo método, do latim methodus, que significa caminho ou via para a realização de algo. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 10 Metodologia aplicada a projetos – séculos XVIII e XIX Na antiguidade, os métodos de realização de projetos aplicavam-se apenas a objetos similares – tais como as próprias Pirâmides do Egito ou as câmaras mortuárias do Vale dos Reis. Mas, a partir da Revolução Industrial, fica claro que a metodologia para a execução de projetos era necessária. Já durante o século XIX, essa necessidade tornou-se mais evidente na realização de grandes e complexos projetos – ainda que focados em Engenharia. Em virtude do desenvolvimento da economia e do crescimento das demandas da sociedade, era preciso criar uma estrutura industrial em escala – o que só aconteceria se os modelos de projetos fossem sistematizados. Por isso, esse período foi marcado pelo esforço de sistematização de grandes projetos fomentados pelos governos de diversos países. Veja, a seguir, alguns exemplos criados dentro e fora do Brasil. Entre os projetos que se destacaram pela aplicação de métodos de execução, podemos citar a construção de dois navios em território nacional, ainda no período colonial: Nau Belém – localizado em um estaleiro do Pará; Nau São Sebastião5 – localizado no arsenal da Marinha do Rio de Janeiro. 5 De acordo com Greenhalgh (1951): “Não se conhece quem foi o autor do risco [nome que se dava, antigamente, ao projeto] tampouco se sabe de onde veio a mão de obra especializada empregada na construção. Tinha 59,6 metros de comprimento, 15,5 metros de boca e 13 metros de pontal. Segundo consta, o preço de sua construção, incluindo armamento e equipamento, foi de 50 Contos de Réis”. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 11 Como exemplos de grandes construções fora do Brasil, podemos citar: A malha ferroviária americana; Os metrôs de Paris e de Londres; A indústria naval europeia; O Canal de Suez; A Torre Eiffel etc. Atenção Nas indústrias, ainda existia o paradigma da elevação do esforço atrelado ao aumento de horas de trabalho e a linearidade na produção em escala. Galeria de vídeos Para saber mais sobre os grandes projetos construídos fora do Brasil, assista aos seguintes vídeos: História do Canal de Suez; 150 anos do metrô de Londres. Metodologia aplicada a projetos – início do século XX O início do século XX destacou-se como o momento em que as metodologias aplicadas a projetos se fortaleceram. Entre aqueles que contribuíram para implementar os modelos atuais de trabalho, podemos citar: Frederick Taylor FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 12 Os princípios defendidos por Taylor6 eram a sistematização de processos industriais e a busca de melhores resultados dentro das organizações. Henry Gantt Os diagramas de Gantt7 – utilizados até hoje, com poucas modificações – permitiram um melhor conhecimento dos fluxos de trabalho – tais como a integração de ações, as interdependências em termos de concretização de tarefas e os conflitos. 6 Taylor Engenheiro norte-americano que revolucionou todo o sistema produtivo no início do século XX ao introduzir o conceito da chamada Administração Científica – base sobre a qual se desenvolveu a atual Teoria Geral da Administração. Preocupado em estudar o tempo das ações humanas nas fábricas, Taylor acreditava na possibilidade de redução dos tempos mortos e dos movimentos desnecessários do operador, o que ampliaria as condições de otimização de qualquer processo de trabalho. Adaptado de: http://www.infoescola.com/biografias/frederick-taylor/. 7 Henry Gantt Engenheiro mecânico e assistente direto de Frederick Taylor, conhecido como o pai das técnicas de planejamento e controle do trabalho. Estudando detalhadamente a ordem das operações laborais, Gantt observou que o ser humano resistia a mudanças e a normas grupais que afetavam diretamente sua produtividade. Com o objetivo de manter o bem-estar dos trabalhadores articulado ao aumento de sua eficiência operacional, ele construiu diagramas com barras de tarefas e marcos que esboçavam a sequência e a duração de todas as suas atividades. Esses gráficos de Gantt se converteram em eficientes ferramentas analíticas de gerenciamento de projetos empresariais e, consequentemente, deram origem a outros mecanismos mais modernos de avaliação de processos de trabalho – como, por exemplo, a Estrutura Analítica do Projeto (EAP). Adaptado de: http://www.programabrasil.org/henry-gantt/#.UbuH3vmG1oM. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 13 Nesse cenário, as expectativas pela disponibilidade e rapidez de produtos – e, ao longo do século, por serviços – ocasionou uma contínua preocupação com o fator tempo. Toda essa apreensão se refletiu nos métodos de desenvolvimento de projetos, que buscavam associar as atividades a seu período de realização e aos resultados esperados. Não é de se estranhar que o tempo seja um dos focos do gerenciamento de projetos. No início do século XX, as metodologias aplicadas a projetos que associavam atividades, tempo e resultados se difundiram, rapidamente, em toda a área de conhecimento de Engenharia. Veja alguns exemplos extraídos de um relatório de acompanhamento de projeto de aterro e estabilização de cais do complexo da ilha das cobras no Rio de Janeiro: Metodologia aplicada a projetos – séculos XX e XXI Somente após a Segunda Guerra Mundial, os métodos aplicados a projetos passaram a se desenvolver de forma massiva até chegarem àqueles que conhecemos hoje. O ponto de mudança foi a incorporação das seguintes metodologias: Program Evaluation and Review Technic (PERT) – oriunda de projetos da indústria naval de defesa americana; Critical Path Method (CPM) – criada para auxiliar na manutenção de plantas fabris. Embora sua fonte de criação fosse distinta, ambas as técnicas matemáticas passaram a ser adotadas rapidamente e de forma conjunta, associadas ao diagrama de Gantt – que já se usava em larga escala. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS- APOSTILA 14 Atualmente, há diversas metodologias que nos auxiliam em projetos – algumas com foco em determinadas áreas de negócios e outras que podem ser implementadas, de forma transversal, em várias áreas. Entre elas, destacamos o Project Management Institute (PMI)8. Material complementar Para saber mais sobre as metodologias de gerenciamento de projetos, leia os seguintes artigos complementar no ambiente virtual: PERT/CPM – Manual do usuário; Metodologias em gerenciamento de projetos e sua implantação em Tecnologia da Informação (TI). Surgimento da concepção de projeto Como vimos ao longo deste estudo, desde os tempos mais remotos, alguns projetos já vinham sendo implementados pelo homem na sociedade. Embora não nomeados como tal, esses empreendimentos ou essas construções eram realizados com base em certas metodologias de execução. A evolução dessa sistematização deu origem àqueles planos de trabalho desenvolvidos atualmente dentro das organizações: os PROJETOS. Você saberia definir esse conceito? 8 Project Management Institute (PMI) Maior instituição internacional da atualidade dedicada ao conhecimento relacionado a gerenciamento de projetos. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 15 Pautados em uma visão contemporânea, Kaplan e Norton (2004) consideram que as escolhas estratégicas realizadas por uma empresa se materializam pela operacionalização de sua missão e de sua visão. Essas estratégias, por sua vez, desdobram-se em iniciativas ou ações, estruturando um verdadeiro PROJETO. Para entender melhor essa concepção, veja, a seguir, algumas definições difundidas na área de negócios. Conceito de projeto Na literatura mundial da área de negócios, encontramos diversas definições de PROJETO que possuem aspectos em comum. Veja sua evolução ao longo do tempo: Norma francesa X-50-105 (1991) “Passo a passo específico que permite estruturar, metódica e progressivamente, uma realidade futura. [Ele] é definido e colocado em serviço para elaborar a resposta à necessidade de um utilizador, de um cliente ou de uma clientela, e implica um objetivo e ações a serem empreendidas com recursos dados”. Disponível em: http://www.norme-standard.com/47741/x50-105-aout-1991/. Acesso em: 3 set. 2013. Gasnier (2001) “Conjunto de ações conduzidas para atingir um objetivo, com uma organização bem definida. Essas ações comportam, particularmente, fases de estudo e de realização. A aplicação de uma estrutura de projeto justifica-se desde que o objetivo a atingir necessite de uma coordenação de atividades transversas – multifuncionais”. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 16 ISO 10006 (2003) “Processo único consistente com um conjunto ordenado e controlado de atividades com data de início e término, conduzido para atingir um objetivo com requisitos especificados, incluindo restrições de tempo, custo e recursos”. Disponível em: http://www.iso.org/iso/catalogue_detail.htm?csnumber=36643. Acesso em: 3 set. 2013. PMBOK (2008) “Esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”. Definição acadêmica (2009) “Empreendimento único, com início e fim determinados, que utiliza recursos e é conduzido por pessoas, visando atingir objetivos predefinidos.” Conjugando esses conceitos, podemos considerar os seguintes aspectos típicos de um projeto: Temporalidade finita; Objeto final definido; Uso de recursos no processo de transformação. Mas se todos os projetos possuem características comuns, o que determina sua particularidade? Descubra-o a seguir. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 17 Material complementar Para saber mais sobre a evolução do gerenciamento de projetos, leia os seguintes textos: Gestão de projetos – abordagem conceitual; Gerenciamento de projetos – Dissertação de Paula Torreão. Projetos singulares Vamos retomar alguns exemplos de monumentos criados pelo homem que apresentamos no início da aula – tais como as Pirâmides do Egito, a Grande Muralha da China e a Torre Eiffel. Considerando essas construções e o que estudamos até o momento, você acredita que cada projeto possui SINGULARIDADE9? Se sua resposta foi positiva, você está correto: a percepção da singularidade pode estar associada a um objeto único que surge do término de um projeto. E cada um desses empreendimentos é um objeto particular. Quando essa observação foi transferida para o modelo industrial, a singularidade do objeto – PRODUTO –, que se centrava na noção de projeto único, passou a relacionar-se, também, à ideia de operacionalização. 9 Singularidade s.f. Qualidade do que é singular, unicidade. Peculiaridade distintiva essencial; particularidade. Modo extraordinário de pensar, falar ou proceder; excentricidade. Qualidade do que não é comum; originalidade. Adaptado de: http://www.dicio.com.br/singularidade/; http://aulete.uol.com.br/singularidade. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 18 Afinal, a produção em escala e a reprodução fidedigna de modelos originais exigidas pela época demandava essa mudança – passo fundamental para a garantia de qualidade e de conformidade dos produtos. Sendo assim, o projeto se configurou como o primeiro passo para a produção operacional. Isso nos permite diferenciar os conceitos de PROJETO e OPERAÇÃO. Veja, a seguir, alguns exemplos de projetos que implicaram operações. Material complementar Para saber mais sobre a noção de singularidade aplicada a contratos públicos no Brasil, veja o conceito de que trata o Artigo 25, Inciso II, da Lei nº 8.666/93. Exemplo 1 Considere uma indústria metalúrgica voltada para a construção naval de 1920 que tenha projetado um dique seco para fazer reparos em navios até determinada tonelagem. Esse projeto de construção poderia se concretizar no período estipulado de, por exemplo, 10 anos. A partir desse momento, ele entraria em operação, ainda que as características do objeto gerado não fossem modificadas – tais como a obsolescência tecnológica ou o requisito do cliente. Veja, nesta sequência, a representação do referido projeto: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 19 Obra do dique em andamento. Projeto do dique terminado recebendo um navio da época. Observe que o restante da infraestrutura do estaleiro ainda se encontra em construção. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 20 Dique em configuração mais recente, sem alterações do projeto original de 1920. Sua operação e suas atividades de manutenção ocorreram de forma contínua e ininterrupta por cerca de mais de 70 anos. Exemplo 2 O mesmo caso citado no exemplo anterior pode ser aplicado a um objeto específico e replicável. Tomemos como base um produto que esteja em produção por mais de 80 anos e que tenha sofrido pouquíssimas mudanças em relação ao projeto original. Na indústria, encontramos muitos produtos desse tipo que ainda se mantêm atualizados no mercado em relação ao cliente que os utiliza. Veja, por exemplo, a evolução da propaganda do Biotônico Fontoura – produto que continua em linha de produção até hoje: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 21Material complementar Para saber mais sobre o produto Biotônico Fontoura, conheça a empresa que controla sua produção e distribuição: Hypermarcas. http://www.hypermarcas.com.br/marca_medicamento.php?id=190 Atividade proposta Ambos os exemplos apresentados anteriormente nos remetem à singularidade dos produtos. Assim como esses casos, há diversas situações similares no mercado. Vamos, agora, ampliar essa perspectiva de singularidade em um projeto, aproveitando o exemplo 2 que acabamos de analisar. Ao longo de mais de 100 anos de produção, observamos inúmeras mudanças na forma de apresentação do produto Biotônico Fontoura ao consumidor. Em virtude dessas alterações, o que caracterizaria a singularidade de seu projeto original? FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 22 Mudanças de subsistemas Combinando as dimensões de singularidades expostas neste estudo, é possível entender como a indústria aplicou o gerenciamento de projetos ao longo da segunda metade do século XX. O objetivo era não só gerar produtos mas também deixar de lado a necessidade de reinventá-los a cada mudança acarretada pelo tempo. Uma decorrência direta e atual dessa atitude envolve os grandes conglomerados fabris – como, por exemplo, os produtos da KIA e da Hyundai. Desde o final do século passado, ambas as fábricas compartilham infraestrutura fabril e mantêm produtos finais diferenciados – cada qual com um projeto individualizado. A perspectiva de compartilhamento a que nos referimos acabou sendo sedimentada pela concepção sistêmica que, desde o final da década de 60, vem permitindo conceber as organizações como sistemas abertos que interagem com o ambiente. Em outras palavras, a empresa é vista como um conjunto de partes que forma um todo com elevado grau de interdependência e objetivos predefinidos. Cada parte, por sua vez, comporta-se como um subsistema desse todo no qual está inserida. Logo, as mudanças que ocorrem em determinados processos dentro de empresas representam alterações desses subsistemas, e não dos sistemas maiores a que pertencem. Por isso, é possível que haja projetos voltados apenas para modificações pontuais, sem que toda a organização precise apresentar um resultado FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 23 finalístico novo – e sim mais rentável ou que melhor atenda aos requisitos do ambiente. Material complementar Para saber mais sobre as marcas coreanas da Kia e da Hyundai, que iniciaram, em 2011, o processo de operação de suas unidades no Brasil, leia a notícia Hyundai e Kia exportaram mais de 2 milhões de veículos em 2011. Atendimento ao cliente A crescente difusão do conceito de empresa como conjunto de subsistemas trouxe benefícios à produtividade e à eficiência na indústria. E essa flexibilidade se estendeu, também, ao consumidor. Além da percepção de que a singularidade estava relacionada aos projetos e aos processos que envolviam sua operação, surgiu uma nova visão associada à personalização do produto para o cliente. Agora, o foco estava na customização do projeto original para atender às exigências dos consumidores. Como exemplo de empresa que tomou essa atitude em relação a seu público- alvo, podemos citar a Fiat, que, em 2010, enfatizou a possibilidade de o cliente escolher entre mais de 9 milhões de combinações de seu produto, permitindo- lhe obter um carro efetivamente único. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 24 Atenção Embora compartilhassem recursos na realização de processos que levavam à geração do produto, muitas vezes, as organizações se deparavam com requisitos ÚNICOS em função do atendimento oferecido ao cliente. Material complementar Para saber mais sobre a atitude da Fiat em prol da atração de clientes, leia o anúncio oficial de customização de seus produtos divulgado em 2010: Novo Uno. Novo Tudo. Prestação de serviços Atualmente, podemos aplicar a concepção de singularidade não apenas ao atendimento ao cliente, através da personalização de produtos, mas também à área de prestação de serviços. Nesse caso, a possibilidade de customização vai muito além dos elementos fabris. Mas você deve estar se perguntando: como associar projetos a essa perspectiva? Ora, no momento em que um contrato é firmado – formalmente e de modo consensual – entre o cliente e o prestador de serviço, determinam-se os requisitos do consumidor bem como os direitos e as obrigações das partes. Por definição, um contrato é único em função dessas obrigações. É justamente essa singularidade do objeto contratual que aparece na aplicação mais recente do gerenciamento de projetos dentro das organizações. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 25 Todo contrato pode gerar para o contratado a criação de um projeto voltado para o atendimento da singularidade ali acordada com o cliente. Ancorado nessa particularidade, o contratado pode gerir seu negócio por projetos, ainda que este seja baseado em processos sistematizados e compartilhe recursos em sua infraestrutura. Um exemplo que tanto pode ser aplicado na área pública quanto na privada é a terceirização de serviços de limpeza. Da ótica do contratante, trata-se de uma operação – atividade rotineira –, mas, na visão do contratado, esse projeto está associado à singularidade que rege a terceirização na forma de um contrato. Momento pesquisa Ao longo deste estudo, identificamos situações do passado similares àquelas em que, atualmente, aplicamos o gerenciamento de projetos. A partir dos exemplos expostos, pesquise, na região em que vive, casos semelhantes e compartilhe-os com seus colegas no Fórum de discussões – apresentando relatos, fotos, vídeos ou links sobre o assunto. Exercícios de fixação Questão 1 O Coliseu de Roma foi construído entre os anos 70 e 90 d.C. Iniciado por Vespasiano e inaugurado, mais tarde, por Tito, esse empreendimento colossal podia sustentar cerca de 50.000 espectadores em seu interior – em três andares de edifício. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 26 Esse local funcionou como área de entretenimento para a cultura vigente da época por quase 500 anos. Comparando sua construção com os modelos contemporâneos, podemos considerá-lo: a) Uma operação de edificação. b) Um projeto, somente após sua inauguração. c) Um projeto, ainda que tenha demorado cerca de 20 anos para ser finalizado. d) Um pseudoprojeto, porque não ficou pronto durante o período de governo de Vespasiano. e) Uma operação, pois o período de construção foi inferior ao tempo em que ficou em funcionamento. Questão 2 De acordo com Dinsmore (2009), um empreendimento único – com início e fim determinados – que utiliza recursos e é conduzido por pessoas, visando atingir objetivos predefinidos, é chamado de: a) Projeto b) Atividade c) Operação d) Metodologia e) Singularidade Questão 3 O conceito de singularidade nos leva à identificação da existência de determinado objeto que possui: a) Um projeto único. b) Múltiplos projetos. c) Múltiplas operações. d) Uma operação única. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 27 e) Múltiplas metodologias. Referências DINSMORE, P. C. Como se tornar um profissional em gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009. GASNIER, D. G. Gerenciamento deprojetos. 2. ed. São Paulo: IMAM, 2001. GREENHALGH, J. O arsenal de Marinha do Rio de Janeiro na história: 1763-1822. Rio de Janeiro: A Noite, 1951. v. 1. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Mapas estratégicos – convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. PROJECT Management Institute. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos – Guia PMBOK. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 28 Aula 2: Conceitos básicos Introdução Na construção de uma metodologia e em sua aplicação, o conhecimento dos conceitos relacionados é fundamental tanto para se entender a dinâmica metodológica quanto para permitir que customizemos a metodologia para nossa realidade percebida e impactada, fazendo com que ela seja efetivamente atuante no nosso sistema empresa. Nesta aula, você identificará os principais conceitos relacionados ao gerenciamento de projetos e suas definições utilizadas. Definiremos as estruturas organizacionais envolvidas em um projeto e conheceremos o ciclo de vida de um projeto. Objetivo: Conhecer os conceitos básicos relacionados ao Gerenciamento de Projetos; Definir as estruturas Organizacionais em projetos; Identificar os elementos que compõe o Ciclo de Vida de um Projeto. Conteúdo Introdução Agora que vimos não só a evolução do conceito de projeto como a sua definição atual e entendemos melhor como a questão da singularidade afeta a percepção do que pode ser um projeto, vamos detalhar alguns conceitos gerais relacionados ao gerenciamento de projetos. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 29 Conceitos básicos relacionados ao Gerenciamento de Projetos Conhecendo o conceito de um projeto, podemos associar a este conceito os aspectos relacionados à natureza da atividade de gerenciamento de projetos. Alguns pontos são bem identificados como: O projeto não existe a partir da organização que o suporta, mas decorre de uma necessidade de mercado ou instituição; Todo projeto possui objetivo bem definido e que resulta em uma tangibilidade, ainda que ela apresente detalhamento; O projeto possui início, meio, e fim bem definido; Não se deve confundir projeto com operação. Esta é rotineira e/ou repetitiva e o projeto é singular; Projetos consomem recursos humanos, financeiros e materiais ao longo do tempo; As escolhas estratégicas que balizaram o projeto podem gerar conflitos frequentes entre qualidade, custo e prazo; e Como decorrência de seu ciclo finito, os recursos não gastos e incorporados ao objeto finalístico são dispersados após o término do projeto. Podemos relacionar projetos com diferentes sistemas de produção sem que deixemos de ter aplicabilidade. Podemos aplicar projetos de linha de produção em modelos de produção em massa como por exemplo em indústria alimentícia ou têxtil. Também podemos aplicar a visão de projetos em modelos de produção em lote, como por exemplo na indústria de equipamentos ou montadoras como também no caso de produções de baixo volume e grande porte como obras de engenharia e indústria naval E para fazermos gerenciamento de projetos, a organização precisa ter alguns requisitos? FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 30 Embora ao longo desta aula vamos estudar alguns modelos de estrutura que facilitam a gerencia de projetos nas organizações, podemos pensar nestas condicionantes de forma mais ampla. Ao buscarmos gerenciar por projetos também vamos estar incorporando boas práticas à organização que se ainda não as tem, vai precisar implementa-las. Vejamos algumas destas boas práticas que se tornam decorrentes depois de implantarmos uma gerencia por projetos: Foco na melhor e constante escolha de estratégias; Reconhecimento da necessidade de ferramental de planejamento; Incorporação da governança corporativa ao modelo de gestão; Mapeamento, padronização e integração de processos; Sistema de métricas integrado ao planejamento e controle da ação planejada; Compromisso com a garantia da conformidade dos processos; Eficiência na alocação de recursos disponíveis Diferença de Processo para Projeto Em função das próprias similaridades que vão surgindo entre processos e projeto pois todo o projeto tem processos, mas nem todo o processo é projeto, surge a questão: Como diferenciar? Processo sempre vai ser contínuo e repetitivo enquanto uma determinada estrutura o suportar enquanto o projeto vai ter uma definição clara no tempo, ser singular e a estrutura é suportada pelo projeto, que se extinto leva junto a estrutura. Ambos tem a utilização dos recursos disponíveis como fator limitante e devem ser planejados, escutados e controlados, sendo geridos por pessoas. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 31 Por exemplo: Em uma organização que execute múltiplos projetos simultâneos, parte da estrutura existe apenas enquanto determinado projeto existir e outra parte existe para suportar processo de rotina que são utilizados por qualquer projeto que exista ou venha a existir, como o caso de uma setor de aquisições em uma organização que opera por projetos. Independente do ciclo de vida de determinado projeto, qualquer projeto precisará fazer aquisições, então a organização precisa sistematizar um processo de aquisições para atender diversos projetos. Programa Uma forma de gerenciar a complexidade de uma determinada situação é integrar projetos que possuem objeto específico em um programa que agrupa projetos de forma coordenada que busca gerar vantagens no atingimento conjunto dos projetos. Podemos ter esta situação quando o objeto resultante é integrado ou faz parte de uma relação maior com determinado cliente, ou quando temos forte compartilhamento de recursos que ao serem geridos de forma integrada tem sua eficiência potencializada. Carteira de Projetos (Portfolio) Podemos considerar o coletivo de projetos. No caso a diferença do portfólio para um programa é que a ideia de um portfólio é mais abrangente. Podemos ter no portfólio conjunto de projetos e programas de uma mesma empresa ou de uma mesma área da empresa. Normalmente associamos uma estrutura relacional ao portfólio para entendermos melhor as relações que podem existir entre seus componentes. Sendo basicamente uma estrutura que contem projetos, programas e seus agrupamentos locais, setoriais e corporativos. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 32 O próprio entendimento da composição desta carteira pode não ser de concepção simples. Veja a seguir dois estudos de caso de implantação de gerenciamento de portfólio: Estudo de caso – Gerenciamento de portfólios de projetos (UTFPR) Gerenciamento do portfólio de projetos (PPM) Subprojeto Assim como os programas agrupam projetos para melhor gerencia-los face a complexidade, podemos subdividir um projeto, como faríamos com um sistema, em partes menores chamadas subprojetos . Isto é muito útil por exemplo quando percebemos ser vantajoso terceirizar parte do projeto, enquadramos esta parte como um subprojeto e como vimos na aula anterior, a singularidade do contrato firmado com a terceirizada garante que esta subdivisão mantenha atendimento com o restante do projeto. Podemos também fazer esta subdivisão quando podemos definir claramente um membro da equipe para gerenciar uma parte bem identificada do projeto. StakeholdersO PMBOK 5 não só destacou, como elevou o status das partes interessadas (stakeholders) face a importância que tem. Podemos defini-los como organizações, grupos sociais ou indivíduos que além de estarem ativamente envolvidos no projeto, podem ter interesses que sejam afetados (positiva ou negativamente) pela execução ou inexecução do projeto. Entendemos também que eles podem exercer influência sobre o projeto ou até sobre seus resultados. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 33 O gerente de projeto e sua equipe não só devem conhece-los, como acompanhar suas necessidades e até mesmo buscar influenciá-los para garantir o resultado esperado do projeto. Embora possamos ter partes interessadas peculiares a uma organização ou projeto, na maioria das vezes podemos agrupa-las em grupos afim. Segundo XAVIER (2010), devemos fazer em seis grupos distintos: “ Gerente de Projeto: pessoa responsável pelo gerenciamento do projeto; Cliente: Pessoa ou organização que solicitou ou contratou produto ou serviço do projeto; Membros da equipe: pessoas que compõe a equipe do projeto; Organização executora: empresa em que o projeto está sendo executado; Patrocinador (sponsor): Pessoa ou grupo. Dentro ou fora da organização executora, que provê recursos financeiros e/ou apoio institucional para a execução do projeto; e Usuário: pessoa ou organização que irá utilizar o produto ou serviço do projeto. “ Para entendermos melhor o conceito estudado até aqui, vejam os artigos indicados nos links a seguir: Relacionamento entre empresa e stakeholders Análise de stakeholders Stakeholders e Desempenho Empresarial Escritório de Projetos Segundo o PMBOK, um escritório de projetos ou PMO (Project management office), é uma unidade Organizacional que centraliza e coordena o gerenciamento de projetos sob o seu domínio. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 34 Aproveite para ler um dos seis artigos relacionados a escritórios de projetos constantes no nosso Aprenda Mais. Influência dos modelos de estruturas organizacionais em gerenciamento de projetos Qual o impacto que uma estrutura organizacional tem em um projeto? Primeiro temos que considerar o grau de dependência dela ao próprio projeto. a) No caso de um projeto constituir a própria ordenação jurídica da organização (CNPJ próprio), a estrutura dele se confunde com a própria organização e neste caso a modelagem da estrutura vai ser diretamente desdobrada a partir da própria estrutura do projeto. b) Na maioria das situações o projeto vai ter uma relação de dependência com parte ou partes das estruturas da organização que o promove. Vamos ampliar então a percepção desta segunda situação. Inicialmente um gerente de projetos deve entender em que tipologia de organização ele está inserido, até porque muitas vezes não será ele que vai definir a estrutura organizacional da organização à qual o projeto está vinculado. Embora tenhamos diversas tipologias de estruturas organizacionais podemos centrar nosso foco de comparação em três delas: a funcional, a por projetos e a matricial. Estrutura Funcional A estrutura funcional, é um dos modelos mais tradicionais e utilizado a quase um século. Sua concepção básica envolve o agrupamento de atividades por funções que são agrupadas por áreas de similaridades. O conceito comum deste agrupamento é o departamento. Como vantagens conhecidas podemos citar: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 35 “ Membros da equipe se reportam a somente um Gerente funcional; Os recursos similares são centralizados; As empresas são compostas por funcionários especialistas; A definição de carreira é muito clara e está de acordo com a especialização técnica.” Dinsmore (2009) Como podemos constatar, as vantagens não são muitas nem se percebe claramente seu impacto no projeto em si. Em situações em que a organização possui projetos ocorrendo de forma sequencial e um de cada vez, estas vantagens podem ser suficientes para obter-se resultados. Um ponto notável neste tipo de organização é que o gerente de projeto não tem um lugar explicitado na estrutura e normalmente acumula a função de gerente de projeto com outra departamental que possui na estrutura funcional. Ela possui assim algumas desvantagens conhecidas. Vejamos agora as identificadas por HELDMAN (2005): “ Os Gerentes de projeto costumam ser também gerentes funcionais: Isto costuma puxar o gerente em várias direções e pode prejudicar os projetos por falta de atenção. Se o gerente do projeto não for também gerente funcional, a equipe do projeto pode não respeitar a sua autoridade. Camadas de burocracia: Esta estrutura torna mais lento o andamento do projeto, em razão da demora para obter aprovação ou tomar decisões. Competição pelos recursos: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 36 Quando se assumem diversas prioridades e projetos, um determinado departamento pode desgastar-se com o tamanho do fardo, o que pode prejudicar todo o trabalho. Os gerentes de projeto tem autoridade Limitada: Os gerentes de projetos de organizações funcionais em geral dependem muito das habilidades de negociação para obter recursos dos gerentes funcionais. Também possuem pouca ou nenhuma autoridade para delegar poderes aos membros da equipe. “ Exemplo gráfico de Estrutura Funcional: Fonte da imagem: PMBOK 4 : 2.4.2 Estrutura por projetos Estas estruturas são verticalizadas em relação ao projeto. Cada projeto está ligado diretamente ao primeiro escalão da organização e as funcionalidades são pertencentes ao projeto e segregadas nele. Neste tipo de estrutura o Gerente de projetos tem efetivamente autoridade sobre toda a estrutura que se desdobra a partir dele, o que permite que esta estrutura priorize especificamente o projeto na qual está dependente. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 37 Muitas vezes as organizações se estruturam desta forma quando a médio prazo as estruturas organizacionais possuem componentes geográficos e/ou por produtos e/ou divisionais. Assim o projeto surge com sua estrutura segregada e ao seu término e inicio de operação, a estrutura já está posicionada na organização. Vale por exemplo para organizações que planejam possuir diversas unidades fabris dispersas geograficamente, onde cada unidade fabril se inicia como um projeto específico em sua estrutura antes de se tornar operação. Dinsmore (2009) identifica algumas vantagens deste tipo de estrutura: “ Foco no projeto; Comunicação mais efetiva do que na estrutura funcional; Os membros das equipes se reportam apenas a um gerente; “ Também observamos este tipo de estrutura em organizações que atuam em projetos que apresentam especificidades onde o compartilhamento de funcionalidades com outros projetos não gera centralização de recursos. Uma utilização que vem crescendo muito mas ultimas décadas é a utilização deste tipo de estrutura em organizações que são contratadas como prestadoras de serviços (cada projeto é um contrato) ou que são contratadas pela área pública para a realização de um projeto de forma inteiramente terceirizada em sua execução (sabemos pelo preconizado na 8.666/93 que não se pode terceirizar a elaboração e a execução de um projeto para a mesma empresa). Temos identificadas também várias desvantagens nesta tipologia, HELDMAN (2005) explicita as seguintes:“ Reescalação dos membros de equipes: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 38 Encerrado o trabalho do projeto, os membros da equipe precisam procurar novas atribuições. Pode não haver outro projeto imediatamente disponível para alocá-los. Tempo ocioso: Os membros da equipe com habilidades especializadíssimas talvez somente sejam necessários em certas ocasiões para realizar atividades específicas no projeto. O que fazer com o tempo livre deles é problema difícil de resolver neste tipo de organização; Concorrência: Os gerentes de projeto disputam entre si os melhores recursos disponíveis dentro da organização ao formar suas equipes e ao obter os recurso materiais e de suporte de serviços. Isto pode ser negativo par ao cliente externo que tiver o azar de ficar com um gerente de projeto que não seja o mais afortunado.” Exemplo gráfico de Estrutura por projetos: Fonte da imagem: PMBOK 4 : 2.4.2 FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 39 Estrutura Matricial Uma solução interessante para minimizar as desvantagens e potencializar as vantagens existentes nas estruturas funcionais e por projetos vem sendo utilizada a mais de 50 anos e é conhecida como organização matricial. Nestes tipos de estrutura o Gerente de projetos e os gerentes funcionais tem um status hierárquico similar e uma vez constituído o projeto os gerentes de projeto exercem autoridade sobre as equipes que estão constituídas para o projeto. Nestes modelos utilizam-se três modelagens matriciais: A matricial fraca, a matricial forte e a matricial balanceada. Vejamos cada uma delas a seguir: a) Estrutura matricial fraca Nesta estrutura o gerente de projeto embora constituído , parece mais com um coordenador do projeto do que com um gerente. Ele inclusive pode não ter dedicação de tempo integral ao projeto e por isto este modelo acaba sendo muito parecido com o funcional. Fonte da imagem: PMBOK 4 : 2.4.2 FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 40 b) Estrutura matricial balanceada e matricial forte Nestas duas modelagens a figura do gerente de projetos é bem identificada e com autoridade definida permanentemente na estrutura. O grau de vinculação da equipe com o gerente é elevado e na maioria das situações o gerente do projeto exerce mais autoridade sobre a equipe do que o seu respectivo gerente funcional. HELDMAN(2005) aponta algumas vantagens e desvantagens deste modelo: “Vantagens: Foco da organização é o projeto; Podem surgir habilidades especializadas no projeto que são disseminadas para toda a organização; Oportunidades de evolução de carreira para os membros das equipes entre as partes das estruturas Desvantagens: Mais de um chefe para os membros das equipes; Risco dos membros das equipes confundirem prioridades de trabalho entre as orientações do gerente de projetos e dos gerentes funcionais; Aumento de conflito entre gerentes;” FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 41 Fonte da imagem: PMBOK 4 : 2.4.2 Comparação entre a tipologia organizacional estudada Podemos confrontar as principais características do projeto com cada uma destas estruturas organizacionais e obter uma tabela comparativa como exemplificado a seguir: Fonte da imagem: PMBOK 4 : 2.4.2 Estruturas Compostas Embora as tipologias muitas vezes sejam utilizadas no seu formato de concepção, no mundo real elas podem ser hibridizadas em função de características específicas de determinada área de negócios ou até mesmo de aspectos relacionados à cultura organizacional vigente. Assim, podemos ver estruturas funcionais que em parte delas tenhamos setores que operem em seu interior por projetos, ou estruturas matriciais fortes, que cada gerente de projetos tenha uma estrutura funcional própria, não do projeto mas de sua gerência de projetos FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 42 A todos estes modelos híbridos denominamos: Estruturas compostas Nas situações de maturidade de implantação do gerenciamento de projetos, as organizações já perceberam que a tipologia estrutural é mera decorrência dos requisitos dos clientes associada a uma conveniência gerencial administrativa e que o fluxo de poder é emanado pelo que foi negociado no projeto com seu cliente e/ou financiador. Lerner (2011), explicita isto na seguinte forma: “No ambiente de projeto atual, a autoridade máxima geralmente fica com o patrocinador, e qualquer autoridade concedida ao gerente de projeto [e definida nos termos de abertura de projeto. Embora autoridade formal seja importante para o cargo de gerente de projeto, os gerentes e executivos perceberam que o gerenciamento de projetos funciona bem quando o foco é direcionado não à autoridade formal, mas ao trabalho em equipe, à comunicação, a cooperação, à confiança e aos objetivos do projeto.” Sucesso do Projeto De que adianta gerenciar o projeto se ele não tem sucesso. Mais do que atingir o resultado esperado, ter sucesso em um projeto implica em aspectos que na maioria das situações extrapolam o próprio projeto como: Fidelização do cliente em outras relações de negócios; Aumento de participação no mercado com a potencialidade de novos clientes; Maturidade no negócio e possibilidade de redução do tempo de entrega dos projetos futuros; O cliente passar a ser o seu veiculo de publicidade. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 43 Atividade proposta A partir dos conceitos estudados, pesquise a estrutura de duas organizações que apresentem estruturas distintas entre si para que possa comparar cada estrutura com as tipologias estudadas e compartilhe com seus colegas no fórum de debates, compartilhando relatos, fotos, vídeos ou links. Aprenda Mais Leia o artigo Gerenciamento de projetos na administração publica. Leia o edital do SESI Projeto de implantação de EP. Leia o artigo Escritório de Projetos: Uma Visão Geral. Leia o artigo Implantação de EGP em pequenas e médias empresas . Leia a tese Estruturas organizacionais da FGV. Exercícios de fixação Questão 1 Luidge tem pouca experiência , mas foi admitido como gerente de projeto. Ele irá trabalhar em uma empresa de estrutura matricial e, sendo assim, qual deve ser a expectativa dele quanto à comunicação: a) Simples b) Aberta e exata c) Complexa d) De fácil gerência e) Centralizada FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 44 Questão 2 Juarez, patrocinador do projeto solicita uma reunião ao Rafael, gerente do projeto, para verificar o andamento. Rafael tem dificuldade para reunir a equipe para coletar informações pois a sua empresa deu prioridade a outros projetos em andamento. Neste caso a estrutura na qual Rafael está inserido: a) provavelmente é a matricial forte. b) não pode ser de forma alguma a funcional. c) tanto pode ser a matricial forte quanto a funcional pois se comportam de forma similar. d) provavelmente é a funcional. e) é a matricial balanceada. Questão 3: O conceito estudado de Portfólio é entendido como: a) Conjunto de programas e projetos. b) Um tipo de estrutura. c) Uma lista de subprojetos. d) Um dos principais stakeholders. e) Um projeto único. Referências DINSMORE, Paul C. Como se Tornar um Profissional em Gerenciamento de Projetos, Ed. Qualitymark, Rio de Janeiro,2009 XAVIER, Carlos Magno e outros. Metodologia de Gerenciamento de Projetos METHODWARE, BRASPORT, Rio de Janeiro, 2010. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 45 HELDMAN, Kim. Gerência de Projetos: Fundamentos: Um guia prático para quem quer certificação em Gerência de Projetos, Ed. Elsevier, Rio de Janeiro, 2005 KERZNER, Harold. O que os Executivos precisam saber sobre gerenciamento de projetos, Ed. Bookman, Porto Alegre, 2011. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 46 Aula 3: Ciclo de vida do projeto Introdução Na construção de uma metodologia e em sua aplicação, o conhecimento de sua dinâmica de fluxo e impactos que vem gerando mudanças ao longo do tempo é fundamental tanto para se perceber como esta dinâmica afeta o projeto, quanto a própria metodologia. Nesta aula conheceremos o ciclo de vida do projeto, detalharemos a sua estrutura e identificaremos como o Gerenciamento de Projetos Mudou para projetos orientados a valor. Objetivos: Entender o conceito de ciclo de vida do projeto; Detalhar a estrutura do ciclo de vida do projeto; Identificar os elementos que vem tendo mudança no gerenciamento de Projetos. Conteúdo Introdução Depois de termos estudado na aula anterior os principais conceitos associados a gerenciamento de projetos e antes de iniciarmos aspectos estritamente metodológicos estaremos nesta aula estudando a dinâmica de fluxo do projeto, centrando nosso foco no ciclo de vida, tanto do projeto quanto do gerenciamento do projeto. Pensar em dinâmica de fluxo é essencial ao gerenciamento de projetos (e ao gerente) pois permite que percebamos o projeto ao longo do tempo, não como uma sequencia de etapas e atividades interdependentes, mas como um FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 47 conjunto que caminha no espaço tempo sofrendo transformação durante este percurso. Isto vai evidenciar para nós alguns aspectos peculiares a determinados momentos e nos fazer entender melhor como gerenciar o projeto. Inicialmente vamos abordar os conceitos relacionados ao ciclo e em seguida confronta-los com as dinâmicas de fluxo que iremos abordar. Elementos Conceituais do Ciclo de Vida do Projeto Como já vimos, por definição, um projeto possui inicio e fim definidos e podemos compô-lo com fases intermediarias que definem se ciclo de vida. Vamos então começar com o próprio conceito de Ciclo de vida do Projeto, segundo o PMBOK 4: “Um conjunto de fases de um projeto, geralmente em ordem sequencial, e que às vezes se sobrepõe, cujo nome e numero são determinados pela necessidade de gerenciamento e controle da(s) organização(ões) envolvida(s), a natureza em si e sua área de aplicação. Um ciclo de vida pode ser documentado por metodologia.” Se observarmos diversas área de mercado vamos observar que muitas delas usam terminologias de ciclos especificas e ajustadas para a área. Podemos citar como exemplo a área de construção, onde é comum que o ciclo de vida seja representado pelas fases: Viabilidade; Planejamento; Desenho; FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 48 Construção; e Entrega Ou então uma área de P&D de uma corporação, onde o ciclo de vida de uma pesquisa é representado pelas fases de: Definição; Estudo de Viabilidade; Pesquisa; Seleção de Tecnologias / Fornecedores; Implementação ou Construção; Implantação; Acompanhamento Inicial da Operação; e Fechamento do Projeto. Nas áreas de marketing para desenvolvimento de novos produtos e representado pelas fases: Concepção; Pesquisa; Design; Contratação; Fabricação do Protótipo; e Fechamento do projeto. Se estivéssemos atuando em uma área de promoção de eventos, teríamos as fases de: Concepção; Preparação do Evento; Realização do Evento; e Fechamento do Projeto. (Exemplos adaptados de XAVIER – 2010) FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 49 Assim, observamos que cada fase está relacionada a um conjunto de atividades que guardam similaridade entre si e que podem ser relacionadas de uma forma racional, centrada na entrega que o projeto como sistema busca atingir. Por isto muitas vezes associamos as fases do ciclo a pontos técnicos de atenção, relacionados ao objeto singular do projeto. Se focarmos desta forma (técnica) não teremos uma única e melhor forma de representar estas fases. Mas se pretendemos buscar uma metodologia de gerenciamento devemos buscar as fases que compõe um ciclo de gerenciamento, pois assim não incorporamos a questão técnica na metodológica e focamos no ciclo do projeto como processo sistêmico. Na figura a seguir, podemos verificar que uma forma interessante de fazer esta correlação é associarmos o eixo tempo a uma função de concentração de similaridades, que podemos denominar “volume de atividades” e ao longo deste fluxo de tempo estabelecer um sistema de métricas de controle que nos retornem informações desta dinâmica de fluxo. GIDO (2010) Uma percepção sistêmica interessante é se posicionarmos este ciclo do projeto como parte de algo maior que envolva o ciclo de operação do objeto produzido FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 50 pelo projeto (visão típica do modelo industrial de projetos). Veja a representação gráfica disto na figura a seguir: (GIDO2010) A solução metodológica indicada no PMBOK 4 busca atender a questão do distanciamento do fluxo específico técnico de um projeto em relação ao seu fluxo gerencial e aglutina, em quatro fases, esta percepção: Inicio do Projeto; Organização e Preparação; Execução do trabalho do projeto; e Encerramento do Projeto. (PMBOK 4 – item 2.1.1) Visualmente se associarmos o conceito anteriormente estudado de função de volume de atividades ao volume acumulado de custos, obteremos uma representação do ciclo similar à indicada a seguir. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 51 Podemos indicar que tudo começa quando surge uma necessidade, normalmente identificada e demandada pelo cliente. Normalmente estes requisitos são formalizados por uma chamada de propostas (CP), do inglês “request for proposal” (RFP). Mas também vemos inúmeras situações onde isto não é claramente formalizado Uma vez estudado e analisado o que o cliente demanda, produzimos uma proposta que contém já definida uma estrutura, o que representa o final da segunda fase exemplificada na figura anterior. Uma vez tendo esta estrutura tendo sido acordada e formalizada podemos passar para uma terceira fase que representa a implementação e execução deste planejamento e ela dura tanto quanto for a complexidade do projeto. Por último e com a finalidade de concluir o objeto singular do projeto temos uma fase de encerramento, cujo objetivo é efetuar todas as conclusões necessárias para que entregue o objeto, o projeto se encerre. Mas para termos uma metodologia estruturada, cada uma destas fases deve ter um detalhamento do que se espera dela. O PMBOK 4 definiu para isto um conjunto de processos de gerenciamento de projetos que representam uma FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 52 visão por grupos de processos, mas que não guardam uma relação linear com as fases do projeto. Veremos isto de forma mais detalhada na aula 4. Por enquanto, vamos desdobrar a visão da dinâmica defluxo e sua relação com a agregação de valor e mudança em um projeto. Impactos na dinâmica de fluxo do ciclo de vida de um projeto Nesta sequência vamos explicitar algumas relações que geram impacto na dinâmica de fluxo do tempo de ciclo de um projeto Uma primeira abordagem, envolve relacionar o percentual de término do projeto com o seu ciclo no tempo. O início de um projeto por possuir diversos processos que envolvem analise cognitiva e entendimento do objeto tende a ter um fluxo lento. Na medida em que se estrutura o projeto e que se executa tarefas dentro de uma estrutura montada, o fluxo tende a se inverter e se tornar rápido (muito mais rápido do que no início). Próximo do encerramento, em função do incremento de atividades de controle e ajustes finos a tendência do fluxo é voltar a se tornar lento, diminuindo a velocidade quanto mais próximo do final do projeto estamos. Algumas atividades de desmobilização também contribuem para isto por serem morosas e não agregarem percentual de conclusão ao objeto. Na figura a seguir podemos verificar visualmente esta dinâmica: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 53 Adaptado de KERZNER (2011) Outra dinâmica é confrontar o tempo com o nível de esforço dispendido no projeto. Podemos perceber na figura a seguir como o volume de esforço está concentrado no período de execução do projeto, onde as atividades estruturadas dão a tônica da demanda. Relacionando com o que vimos na figura anterior podemos relacionar que o nível de esforço maior também está associado a uma velocidade maior de atingimento de conclusão do projeto. Adaptado de KERZNER (2011) Como decorrência deste confronto, a taxa de eficácia de se adicionar esforço ao projeto decai na medida em que aumenta o grau de conclusão do mesmo. Isto deriva de que na medida em que concluímos o projeto, as atividades em execução contribuem proporcionalmente menos com a o todo gerado. Podemos evidenciar esta relação na figura a seguir: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 54 Uma consequência do confronto visto anteriormente (esforço no tempo e potencial de adicionar valor com este esforço) é que quanto mais próximo do final de um projeto estamos, maior é o custo do ajuste (mudanças ou correções) no projeto, justamente, pois a taxa de esforço sobre o que falta para terminar um projeto gera necessidade de esforço crescente para menor adicional. Podemos evidenciar isto na figura a seguir: Uma outra consideração que podemos ter relacionada a dinâmica do fluxo no ciclo é confrontar a incerteza e risco com o tempo. Na medida em que caminhamos no fluxo do ciclo do projeto, os riscos e incertezas decaem. Isto também implica em uma menor pressão nos custos associados a ajustes ou pequenos retrabalhos. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 55 Veja na figura a seguir uma esquematização deste confronto entre risco e quantidade arriscada. O interessante é que o maior risco ainda ocorre quando o projeto pouco se materializou. Este conceito está fortemente sedimentado na pratica de mercado e a própria legislação pública na forma do art. 56 da LEI 8.666/93 (lei de licitações e contratos) prevê a existência de garantia do contrato para arcar com eventuais riscos decorrentes de sua execução, a qual se associa além do percentual definido em lei, o valor do objeto tangível que faça parte do contrato, quando ele está sob a guarda do contratado (fiel depositário). Analisando esta dinâmica de fluxo no tempo podemos ainda perceber outras relações que terão ligação com performance ou custos. Uma destas relações possíveis e identificarmos para determinada natureza de objeto qual a melhor duração do ciclo do projeto para termos os custos totais minimizados. Este tipo de entendimento permite que ao modelarmos a estrutura do projeto no planejamento busquemos um ponto ótimo na duração. Na figura a seguir, podemos ver de forma esquemática gráfica, este ponto onde obtemos a melhor relação de custo x benefício: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 56 Adaptado de KERZNER (2011) E de uma forma similar e pensando complementarmente, onde obtemos a melhor performance em relação ao tempo do ciclo. Como pode ser visualizado a seguir: Adaptado de KERZNER (2011) Outra percepção interessante no ciclo é associarmos a curva de esforço no tempo vista inicialmente com a aplicação de pessoal no projeto. Embora esta seja uma percepção bem antiga do ponto de vista de projetos industriais, no modelo industrial típico, fazíamos esta associação como curva de carga de HH, notadamente de HH direto. No caso de projetos que utilizem intensamente HH na sua execução, esta relação continua válida, mesmo que não seja uma FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 57 atividade industrial (pode ser uma prestação de serviços com uso intenso de HH). Mas, contemporaneamente precisamos considerar todas as aplicações de pessoas, sejam laborais no tempo (apropriação de HH), de supervisão e controle e as cognitivas. Podemos agrupar estas ideias na forma de habilidades humanas requeridas e confronta-la com habilidades técnicas. A figura a seguir ilustra esta relação: Adaptado de HELDMAN (2005) Também como decorrência desta percepção da interação humana, se confrontarmos as exigências de performance com a geração de conflitos/ansiedade, que está visualizada na figura a seguir e a compararmos com o gráfico anterior podemos perceber que o pico de conflitos também está situado próximo do ponto onde a taxa de incremento de necessidades de habilidades humanas está em sua maior expressão. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 58 Adaptado de HELDMAN (2005) Por último, uma comparação interessante, ainda usando a questão das pessoas no fluxo do tempo, a alocação das equipes em um projeto não é linear. Normalmente iniciamos o projeto com um grupo pequeno e próximo do ponto de inicio de execução, as equipes vão se agregando cada vez mais rapidamente, vindas de outros projetos que encerraram ou de outros grupos funcionais e ali permanecem em todo o período de velocidade acelerada do fluxo. Na medida em que a velocidade do fluxo decai, estas equipes também vão sendo desmobilizadas e direcionadas para outros projetos ou outros grupos funcionais, como pode ser visualizado na figura a seguir. Adaptado de HELDMAN (2005) FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 59 Aprenda Mais Leia o artigo Habilidades de um gerente de projetos. Leia o artigo sobre as Ferramentas BIM. Leia o artigo Ciclo de vida da gestão em arquitetura de software. Leia o artigo Uso de opções reais na avaliação de fases de um projeto. Exercícios de fixação Questão 1 Segundo o PMBOK 4, um conjunto de fases de um projeto, geralmente em ordem sequencial, e que às vezes se sobrepõe, cujo nome e numero são determinados pela necessidade de gerenciamento e controle da(s) organização(ões) envolvida(s), a natureza em si e sua área de aplicação é chamado de: a) Portfolio b) Estrutura por Projeto c) Ciclo de Vida do Projeto d) Mapa do Projeto e) Matriz do Projeto Questão 2 Juarez, empreendedor na área de eventos musicais que não usa a metodologia de gerenciamentos de Projetos do PMI, solicita uma reunião ao Rafael, gerente do projeto “Rock in Floripa”, para verificar o andamento do projeto.Rafael apresenta que ele está finalizando a fase de concepção. Neste caso se a organização de Juarez estivesse utilizando a metodologia do PMI, ele estaria em qual fase do ciclo de vida do projeto? FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 60 a) Inicio do Projeto; b) Organização do Projeto c) Execução do trabalho do projeto d) Encerramento do Projeto e) Controle do Projeto Questão 3 Uma necessidade, normalmente identificada e demandada pelo cliente, normalmente é formalizada por um(a): a) Lista de requisitos b) RFP c) WBS d) Stakeholder e) Pedido de serviço Referências HELDMAN, Kim. Gerência de Projetos: Fundamentos: Um guia prático para quem quer certificação em Gerência de Projetos, Ed. Elsevier, Rio de Janeiro, 2005 Project Management Institute, INC. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos GUIA PMBOK® 4ª Ed., Ed. Saraiva, São Paulo, 2008 (ATUALIZAR PARA A 5ª Ed.) GIDO, Jack. Gestão de Projetos, Ed. Cengage Learnng, São Paulo, 2010 XAVIER, Carlos Magno e outros. Metodologia de Gerenciamento de Projetos METHODWARE, BRASPORT, Rio de Janeiro, 2010. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 61 KERZNER, Harold. O que os Executivos precisam saber sobre gerenciamento de projetos, Ed. Bookman, Porto Alegre, 2011 FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 62 Aula 4: Processos Introdução Na construção de uma metodologia e em sua aplicação, o conhecimento de seus processos é fundamental. Efetuar uma ligação das partes que compõe um projeto sob a ótica sistêmica somente é possível se entendermos o que são e como se relacionam seus processos associados. Nesta aula conheceremos os principais grupos de processos do projeto, detalharemos a sua composição e identificaremos as principais saídas destes processos. Objetivos: Entender a dinâmica dos processos de um projeto; Detalhar a estrutura dos principais grupos de processos do projeto; Identificar as saídas dos processos do projeto; Conteúdo Introdução Após o nosso estudo relativo ao ciclo de vida do projeto e suas fazes, realizado na aula anterior vamos detalhar como este ciclo pode ser percebido na forma de processos de gerenciamento que de integram ao mesmo tempo em que se desdobram para possibilitar um entendimento mais focal dos elementos que compõe um projeto. Neste momento a preocupação deve estar focada tanto da adaptação dos recursos da organização aos processos do projeto, como também perceber que restrições ambientais podem impactar no projeto. Tanto o gerente do projeto como sua equipe devem concentrar esforços para que: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 63 a) Sejam selecionados processos que atendam os objetivos do projeto; b) Escolher uma abordagem que atenda aos requisitos conhecidos; c) Verificar se os requisitos das partes interessadas estão sendo atendidos d) Identificar, monitorar e buscar manter equilíbrio entre demandas concorrentes; O conjunto de processos normalmente está associado ou ao fluxo do projeto e que envolvem as diversas ferramentas e técnicas por área de conhecimento que serão identificadas na aula cinco e desdobradas em outras disciplinas do curso e os processos que se orientam ao próprio projeto e seu objeto e que é fundamental para que o próprio escopo do projeto seja construído. Orientação geral: Tanto o Gerente como sua equipe devem ter atenção em cada processo às entradas e saídas relacionadas ao processo. Palavras-Chave: Integração Interdependência O gerenciamento de projetos é metodologia baseada no modelo sistêmico de transpormos a realidade para uma abstração racional e desta forma os processos se comportam como subsistemas do um projeto. Desta forma um dos focos de interesse refere-se às interações entre os processos, assim como a percepção da empresa como sistema aberto deve ser aplicada no próprio projeto. Segundo o preconizado no PMBOK 4, Agrupamos os processos em cinco grupos de processos, conhecidos como: a) Iniciação; b) Planejamento; FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 64 c) Execução; d) Monitoramento e controle; e. e) Encerramento Um ponto que deve ser lembrado é que mesmo com a visão sistêmica, ainda estamos no campo do conhecimento das ciências sociais aplicadas (e não no das ciências exatas) e por isto um mesmo projeto pode ser gerenciados de múltiplas formas e ainda assim resultar no mesmo objeto esperado. Os processos então podem ser sobrepostos, limítrofes e até mesmo recorrentes e ainda assim serem pertinentes e alinhados. O que alinha eles é a própria saída esperada no fluxo de execução do projeto. Podemos dizer que eles se permeiam entre si e que muitas vezes possuem zonas de contato que nem sempre são distinguíveis pelo grupo social que atua nos próprios processos. A figura abaixo (PMBOK 4 figura 3-1) visualiza graficamente este conceito: Como podemos verificar na figura a relação recorrente é sistêmica e alinhada com o fluxo e no bojo desta relação o controle da ação planejada de um processo é envolvida pelo monitoramento e controle. FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 65 Sistemicamente podemos encadear esta imagem, considerando que uma entrega de um processo pode ser insumo de outro e assim construir uma relação entre partes tal como ocorre em no conceito de um sistema. Dessa forma uma visualização interessante entre estas relações de entrega e de entradas pode ser construída usando esta conceituação sistêmica como base conceitual, alinhando cada um dos grupos de processos como fluxo linearizado. O PMBOK 4 em sua figura 3-2 (reproduzida a seguir) se apropria desta conceituação sistêmica tradicionalmente construída para exemplificar este fluxo entre os processos. O PMBOK 5 acrescentou cinco processos aos já existente o que atualmente compõe uma preconização de 47 processos, que podemos evidenciar de forma gráfica e relacional as seguir: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 66 (TRENTIM – 2013) Site: http://blog.mundopm.com.br/wp-content/uploads/2013/03/figura-4-1024x765.jpg No PMBOK 5 também ocorreu a transferência de alguns processos entre áreas de conhecimento. Na figura a seguir temos evidenciadas estas mudanças e a atual composição preconizada no PMBOK 5: FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 67 (TRENTIM – 2013) Site: http://blog.mundopm.com.br/wp-content/uploads/2013/03/Captura-de-Tela-2013-03-14- %C3%A0s-15.14.53.png De uma forma gráfica podemos visualizar a sequência dos processos segundo o PMBK 5 no Material Complementar. Vamos então desdobrar os processos existentes nos grupos de processos em cada um dos grupos! FUNDAMENTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS - APOSTILA 68 Grupo de Processo de Iniciação Agrupamos aqui os processos que irão definir um novo projeto ou uma nova fase de um projeto existente. Neste momento definimos o escopo inicial, comprometemos os recursos financeiros iniciais e identificamos as partes interessadas internas e externas que irão interagir e influenciar o resultado geral do projeto. É aqui também que, caso ainda não esteja definido, o gerente do projeto deve ser designado. Também inserimos estas informações no termo de abertura do projeto e no registro das partes interessadas. Logo
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