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Degradação dos manguezais em áreas urbanas especulações imobiliárias e mobilidade do Parque dos Manguezais Recife-PE

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FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
ESPECIALIZAÇÃO EM PERÍCIA AMBIENTAL – TURMA 2012.2 
 
 
 
MARXWELL JOSÉ ALBUQUERQUE ALVES DA SILVA 
 
 
 
DEGRADAÇÃO DOS MANGUEZAIS EM ÁREAS URBANAS: 
ESPECULAÇÕES IMOBILIÁRIAS E MOBILIDADE NO PARQUE 
DOS MANGUEZAIS, RECIFE/PE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2014 
 
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MARXWELL JOSÉ ALBUQUERQUE ALVES DA SILVA 
 
 
DEGRADAÇÃO DOS MANGUEZAIS EM ÁREAS URBANAS: 
ESPECULAÇÕES IMOBILIÁRIAS E MOBILIDADE NO PARQUE 
DOS MANGUEZAIS, RECIFE/PE 
 
 
Esta monografia foi julgada adequada para obtenção do Título de Especialista em 
Perícia e Auditoria Ambiental, pela Faculdade Frassinetti do Recife. 
 
 
Apresentada a turma de Especialização em Perícia e Auditoria Ambiental da 
Faculdade Frassinetti do Recife e avaliada pelo Professor Doutor Gevson Silva 
Andrade. 
 
 
 
___________________________________ 
Prof. Gevson Silva Andrade 
Orientador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2014 
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DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus, 
responsável por tudo que foi 
realizado. 
Aos meus pais Alderico Alves 
da Silva e Eunice Cavalcanti de 
Albuquerque Freire a quem devo a 
vida e toda minha formação, à minha 
esposa Vitória Teresa da Hora Espar 
pelo apoio incondicional e incentivo 
na minha trajetória. 
Aos caros colegas de curso 
pelo apoio e compartilhamento de 
experiências em diversas 
circunstâncias. 
 
 
�
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AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus pela coragem, fé e força que me deu 
durante esta jornada. 
À Faculdade Frassinetti do Recife, especialmente ao Departamento de Ciências 
Biológicas, a Coordenação de Pós Graduação, em especial à Professora Ana Ataíde, 
pelos conhecimentos e estruturas que me foram oferecidas. 
Ao meu Orientador, Professor Doutor Gevson Silva Andrade, pela atenção, 
compreensão e as orientações prestadas. 
Aos colegas de curso, em especial a Ana Paula, Edson Aquino, Diogo Paz, Fábio 
Costa, Roberto Amorim e Sheyla Silva, pelo companheirismo, incentivo e o 
intercâmbio de conhecimentos e experiências ao longo dessa trajetória. 
Às colegas de trabalho da UNDIME/PE: Adriana Neves, Rosa Torres e Socorro 
Gomes, pela compreensão, apoio nos momentos em que precisei estar ausente dos 
meus ofícios profissionais. 
Agradeço também, de forma muito especial, ao colega do Curso de Bacharelado em 
Geografia, Danilo Barros, que contribuiu com os resultados da pesquisa na utilização 
do software ArcGis; estendo, também, esse agradecimento, ao colega de trabalho Alex 
Brassan, que gentilmente formatou as aerofotometrias; ao meu primo Jeferson Souza 
pelas contribuições no desenvolvimento dessa pesquisa. 
Faço, aqui, também, um registro de agradecimento aos Órgãos Governamentais que 
cederam materiais para o enriquecimento dessa pesquisa: CONDEPE/FIDEM, 
Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano da Prefeitura do Recife, em nome de 
Aurélio Júnior. 
Finalizo, agradecendo à minha família pelo apoio e incentivo nos meus desafios. 
Agradeço a confiança e companheirismo dos meus pais, Alderico Alves da Silva e 
Eunice Cavalcanti Albuquerque Freire; meus irmãos; meus sogros, Leocádia Maria da 
Hora Neta e Miguel Espar Argerich, que sempre me incentivaram com palavras de 
apoio e orientações; a minha esposa Vitória Teresa da Hora Espar pela paciência, amor 
e apoio nos momentos difíceis; e minha luz inspiradora, minha filha Bruna da Hora 
Espar Albuquerque Alves. 
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“A crise ambiental é a crise do nosso tempo. O risco ecológico 
questiona o conhecimento do mundo. Esta crise apresenta-se a nós 
como um limite no real, que ressignifica e reorienta o curso da 
história: limite do crescimento econômico e populacional; limite dos 
desequilíbrios ecológicos e das capacidades de sustentação da vida; 
limite da pobreza e da desigualdade social.” 
Enrique Leff 
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RESUMO 
 
Pode-se dizer que, o processo de urbanização em grande escala nas grandes cidades 
brasileiras a partir da segunda metade do século XX foi um dos principais fatores para 
a degradação de vários biomas, dentre eles o manguezal, que vem sendo alvo de 
desmatamento até os dias atuais. O Parque dos Manguezais, um dos poucos resquícios 
de manguezal preservado da cidade do Recife, em uma das regiões mais povoadas da 
cidade, vem sendo degradado gradualmente devido a forte pressão da especulação 
imobiliária, implantação de um grande shopping center, e uma via expressa que 
pretende facilitar a mobilidade urbana diante da demanda de automóveis da região. 
Todo esse processo pode ser colocado como agressivo e danoso a um resquício de área 
de mangue. As consequências de todo desmatamento e ausência de uma política 
pública de proteção ambiental eficaz podem gerar consequências irremediáveis, tais 
como maiores impactos de inundações nos períodos de chuva devido à 
impermeabilização do solo, e a diminuição de áreas para escoamento das águas 
pluviais. 
 
Palavras-chave: Manguezais, Degradação ambiental, expansão urbana. 
 
ABSTRACT 
 
You could say that the process of urbanization on a large scale in large Brazilian cities 
from the second half of the twentieth century was a major factor in the degradation of 
various biomes, including mangroves, which has been the target of deforestation by 
the today. The Mangrove Park, one of the few remnants of mangrove preserved in 
Recife, one of the most populated areas of the city, has been gradually degraded due to 
strong pressure from speculation, deployment of a large shopping center, and a 
expressway aims to facilitate urban mobility on demand for cars in the region. This 
entire process can be placed as aggressive and harmful to a remnant of mangrove area. 
The consequences of all deforestation and absence of a public policy of effective 
environmental protection can cause irreparable consequences, such as greater impacts 
of flooding during the rainy season due to soil sealing, and reducing areas for 
stormwater run off. 
 
Keywords: Mangrove, environmental degradation, urban sprawl. 
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LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Localização do Parque dos Manguezais. Fonte: Google Earth 2014. _____ 33 
Figura 2: Situação da ZEPA 2 – Parque dos Manguezais. Fonte: Prefeitura do Recife 
(2004) _____________________________________________________________ 34 
Figura 3: Divisão das comunidades que circundam o Parque dos Manguezais. Fonte: 
Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano – PCR (2007). ___________________ 36 
Figura 4: Imagens aéreas do Parque dos Manguezais (1974). Fonte: 
CONDEPE/FIDEM __________________________________________________ 38 
 Figura 5: Imagens aéreas do Parque dos Manguezais (1981). Fonte: 
CONDEPE/FIDEM. __________________________________________________ 39 
Figura 6: Ramificação do comércio e verticalização na margem leste do Parque dos 
Manguezais (imediações da Av. Domingos Ferreira). Fonte: Lady Nascimento (2010).
 __________________________________________________________________ 40 
Figura 7: Imagens aéreas do Parque dos Manguezais (1997). Fonte: 
CONDEPE/FIDEM __________________________________________________ 41 
Figura 8: Colégios Boa Viagem, Santa Maria e Motivo exercem pressão no fluxo de 
veículos na região. Fonte: Eduardo Lins Cardoso/ Bobby Fabisak/ Eudes Santana _ 42 
Figura 9: Imagens aéreas do Parque dos Manguezais (2007). Fonte: Secretaria de 
Mobilidade e Controle Urbano – Prefeitura do Recife ________________________ 43 
Figura 10: Região Sul do Parque dos Manguezais, Condomínio L’Parcmargeando a 
área que pertence a ZEPA – Parque dos Manguezais (2012). Fonte: Raul Lopes ___ 44 
Figura 11: Alça Sul da Via Mangue, ligando o centro ao Sul de Boa Viagem (à 
esquerda construção do L´Parc em estágio avançado, e à direito surgimento de novos 
empreendimentos imobiliários). Fonte: Diário de Pernambuco (2014). __________ 45 
Figura 12: Área de Intervenção da Via Mangue. Fonte: CONSUPLAM, 2011. ____ 46 
Figura 13: Viaduto Capitão Temudo (principal ligação do Centro a Zona Sul). Fonte: 
Bernardo Soares/Jornal do Comércio (2011). _______________________________ 47 
Figura 14: Ponte que ligará dará mobilidade à localidade sentido Via Mangue, entre 
outras localidades (construção e projeção de sua conclusão). Fonte: Bobby 
Fabisak/Jornal do Comércio _____________________________________________ 47 
Figura 15: Início da construção da nova ponte, bem como as perspectivas de 
mobilidade ao Shopping/ empreendimentos e a Via Mangue. Fonte: Prefeitura do 
Recife (2012). _______________________________________________________ 48 
Figura 16: Shopping Rio Mar, e ao sul aeroclube e Parque dos Manguezais (2012). 
Fonte: Roberto Almeida. ______________________________________________ 49 
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Figura 17: Região Leste do Parque dos Manguezais, a imagem à esquerda registrada 
em 2009, e a direita a via já em fase de implantação 2014. Fonte: Marxwell 
Albuquerque (2009 e 2014). ____________________________________________ 49 
Figura 18: Contraste na redução das matas ciliares da margem leste do Parque dos 
Manguezais (análise comparativa 2009 e 2014). Fonte: Marxwell Albuquerque (2009 
e 2014). ____________________________________________________________ 50 
Figura 19: Impermeabilização da margem leste do Parque dos Manguezais. Fonte: 
Diário Pernambuco (2013). ____________________________________________ 51 
Figura 20: Alagamento no túnel do Pina (uma das consequências impermeabilização 
do solo). Fonte: Jornal do Comércio (2013) ________________________________ 51 
Figura 21: Condomínios surgindo às margens do Parque dos Manguezais, e área onde 
passará a Via Mangue (circundadas em amarela) (2011). Fonte: OLX (2014). _____ 52 
Figura 22: Área do Parque sofrendo aterro e associada a edifícios na imagem esquerda 
(2009), reordenamento e impermeabilização da área aterrada na imagem a direita 
(2014). Fonte: Marxwell Albuquerque, 2009 e 2014. ________________________ 53 
Figura 23: Alça Sul da Via Mangue, sobre a Avenida Antônio Falcão e novos 
empreendimentos imobiliários na área. Fonte: Diário de Pernambuco. ___________ 54 
Figura 24: Grandes empreendimentos favorecidos com a Via Mangue. Fonte: 
EIA/RIMA – Via Mangue. _____________________________________________ 55 
Figura 25: Nível avançado das obras do Le Parc. Fonte: OLX (2014). ___________ 56 
 
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LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Análise das Leis Federais ______________________________________ 20 
Tabela 2: Análise das Leis Estaduais _____________________________________ 20 
Tabela 3: Relação das leis autorizativas para supressão de manguezal no Estado de 
Pernambuco, entre os anos 1997 e 2010. __________________________________ 22 
Tabela 4: Análise das Leis Municipais ____________________________________ 23 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO _________________________________________________ 11 
2. REVISÃO DA LITERATURA ______________________________________ 13 
2.1. Manguezais: Características gerais e degradação em áreas urbanas. _____ 14 
2.2. As especulações Imobiliárias e a estruturas de materialização no espaço 
geográfico ________________________________________________________ 16 
2.3. Os marcos regulatórios em defesa da proteção do ecossistema manguezal: 
Breve análise das legislações nacionais e municipais ______________________ 19 
2.4. O papel do Estado na organização do espaço urbano e defesa das áreas de 
proteção ambiental _________________________________________________ 23 
2.5. Aspectos gerais do EIA/RIMA e da Via Mangue ____________________ 25 
2.5.1. Histórico: Alternativas de melhoramento da mobilidade na zona sul do Recife
 26 
2.5.2. Via Mangue: O Estudo de Impactos Ambientais (EIA) _______________ 27 
3. METODOLOGIA ________________________________________________ 31 
3.1. A natureza do estudo __________________________________________ 31 
3.2. A construção do corpus ________________________________________ 32 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ___________________________________ 37 
4.1. Análise temporal da área do Parque dos Manguezais _________________ 37 
4.2. Ocupações territoriais, especulação imobiliária e impactos ambientais na área 
do Parque dos Manguezais ___________________________________________ 45 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________________________ 56 
6. REFERÊNCIAS _________________________________________________ 59�
�
 
11 
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1. INTRODUÇÃO 
 
Os problemas ambientais na atualidade vêm afligindo em grande extensão 
diversas regiões no mundo, perpassando cada espaço geográfico existente, países, 
estados, cidades e bairros, porém, se apresentam de forma mais clara, principalmente 
nas grandes cidades, nas quais vêm provocando uma série de problemas, inclusive 
gerando catástrofes. Esses problemas gerados partiram de um processo de 
degradação de vários ecossistemas frágeis, tais como matas, mangues, estuários, 
entre outros. O processo de urbanização desordenado pode ser citado como um dos 
grandes contribuidores para os impactos ambientais existentes na atualidade: a 
demanda populacional exigia novos espaços, ampliações que entrariam numa 
proporção inversa a da conservação das áreas naturais pré-existentes, aumentando, 
então, o uso descontrolado dos recursos naturais, assim como sua degradação. 
O Brasil é o país que possui a maior extensão de manguezal do planeta; 
segundo levantamento realizado pelo Ministério do Meio Ambiente, no ano de 2006, 
os manguezais ocupam cerca de 1.225.444 hectares, ao longo de quase todo o litoral 
brasileiro, que vai do Oiapoque, extremo norte do país, a Laguna em Santa Catarina1. 
Essa área vem se tornando cada vez mais desmatada, seja para aterramento, 
ocupação irregular, ou para grandes e médias incorporações imobiliárias e 
empresariais; é um bioma que vem se tornando escasso nas áreas urbanas do país, e 
os poucos resquícios que ainda sobrevivem vêm sendo agressivamente devastado, 
diante de demandas que muitas vezes podem ser supridas de outras formas. 
A lei 4.771 de 15 de setembro de 1965, que trata da instituição do Código 
Florestal, em seu Artigo 2º, estabelece o manguezal como área de Proteção 
Permanente (APP); e a Resolução do CONAMA Nº 396 de 28 de março de 2006, são 
os marcos regulatórios que protegem o bioma do manguezal. Porém o processo 
intenso de urbanização vem estendendo-se às áreas remanescentes de manguezal. No 
que se refere a essa pesquisa, a cidade do Recife, aparece com um resquício do 
bioma do manguezal, pouco alterado pela ação antrópica, e bastante importante para 
a sobrevivência de várias comunidades que vivem da pesca de peixes, mariscos e 
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��Os manguezais se desenvolvem na faixa entre os trópicos de Câncer e Capricórnio (23° 27'N e 23° 27'S), o seu desenvolvimento 
pleno e máximo ocorrem próximo a Linha do Equador. Santa Catarina está na zona limítrofe entre o trópico de Câncer e 
Capricórnio, portanto, caracterizando o fator pelo qual o manguezal se estende até essa faixa zonal, ocasionalmente se estende em 
além dessas coordenadas (CORREIA e SOVIERZOSKI, 2005).�
12 
�
crustáceos desse ambiente, e que, além disso, é um espaço de escoamento das águas 
pluviais, servindo como filtro de retenção de sedimentos. A perspectiva é que os rios 
que cortam esse ecossistema (Pina, Jordão e Tejipió) ainda tornem-se mais poluídos 
diante dosnovos paradigmas. 
O Projeto Parque dos Manguezais, que é uma Zona Especial de Proteção 
Ambiental – ZEPA da cidade do Recife, ainda é um dos poucos resquícios de 
manguezais pouco alterado pelo homem; a cidade que foi erguida em uma planície 
flúviomarinha, ocupada em quase sua totalidade por várzeas e áreas de mangue, foi 
substituída pelo concreto, impermeabilizando e canalizando rios, o que traz como 
consequências em períodos de chuvas, as enchentes, devido às poucas áreas de 
escoamento dos recursos pluviais. 
Portanto, se faz necessário compreender a dinâmica urbana da região no 
tocante à degradação dos recursos naturais, nesse estudo, especificamente o 
manguezal. Verificar os princípios e fatores do desmatamento e mudança da 
paisagem dessa área, as consequências positivas, e os aspectos negativos que 
apresentam, tanto no que tange à especulação imobiliária como no que diz respeito à 
construção de via expressa. 
Nesse sentido, pretende-se analisar através de registros bibliográficos e 
iconográficos os processos de degradação da área no entorno e do que será o Parque 
dos Manguezais em Recife/PE, decorrente do processo de expansão urbana da 
metrópole. Além disso, verificar analogicamente os marcos regulatórios que visam à 
proteção de ecossistemas; analisar os pontos preponderantes na construção da via 
expressa e os impactos que a mesma virá a designar; e compreender o processo 
histórico de ocupação e urbanização das áreas lindeiras ao parque dos manguezais, 
diante das ocupações do seu espaço. A metodologia desse trabalho tem caráter de uma 
pesquisa descritivo-explicativa, utilizando como recursos a análise iconográfica do 
objeto de estudo, isto é, as distinções do espaço geográfico estudado em momentos 
distintos, tendo como base fotos áreas digitais, e imagens de pontos específicos, para 
poder interpretar-se as problemáticas em questão. 
Dessa forma, têm-se o arcabouço para compreensão dos aspectos que levaram 
a tal pesquisa. 
 
 
13 
�
2. REVISÃO DA LITERATURA 
 
Em todo seu contexto histórico o homem foi dependente do meio natural para 
sua sobrevivência. O uso desordenado dos recursos naturais e alterações feitas nesse 
meio são objetos de discussão de toda a sociedade, sobretudo a partir da segunda 
metade do século XX. Nesse sentido Silva e Travassos (2008) vêm ressaltando que a 
semelhança própria que tem entre os adensamentos urbanos e o seu sustentáculo 
físico, provocam impactos ao meio ambiente, ora negativos ora positivos, as alterações 
nos modelos produtivos bem como a dinamicidade populacional modificam a forma 
como os impactos ocorrem, e como consequência a natureza socioambiental dos 
agrupamentos urbanos. 
Há na literatura, diversas conceituações para meio ambiente, a Política 
Nacional do Meio Ambiente (artigo. 3°, Inciso I, da Lei 6.938/81), por exemplo, 
conceitua o meio ambiente como “conjunto de condições, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas”. Já ao que se refere a impactos ambientais, segundo o Artigo 1º 
da Resolução n.º 001/86 do CONAMA, impacto Ambiental é: 
“Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio 
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das 
atividades humanas que afetem diretamente ou indiretamente: A saúde, a 
segurança, e o bem estar da população; As atividades sociais e econômicas; 
A biota; As condições estéticas e sanitárias ambientais; A qualidade dos 
recursos ambientais.” 
Pode-se dizer que vários fatores vêm sendo responsáveis pelas degradações 
ambientais em áreas de manguezais, dentre os principais estão à expansão urbana, 
através das ocupações irregulares, pressão da especulação imobiliária, dos órgãos 
públicos e privados, dentre outros, que tendem a se cristalizar no espaço geográfico, 
tornando cada vez mais limitados os espaços verdes, de influências e ações bióticas. A 
zona Costeira, além de sofrer uma pressão pelas mudanças no contexto global, vem 
sendo a região de maiores adensamentos populacionais no mundo, abrigando grande 
parte de sítios urbanos e áreas industriais, obras para construções de porto, drenagens e 
aterros artificiais, urbanização, entre outros aspectos intervisionários, que 
consequentemente irão promover rápidas alterações das características ambientais da 
área (LACERDA et al. 2006). 
14 
�
Os marcos regulatórios em defesa do espaço geográfico natural estão voltados 
à proteção de áreas naturais, bem como à recuperação de áreas degradadas, e à 
aplicação de multas aos agentes infratores de tais marcos. 
O Estado, por sua vez, deve resguardar uma Política Ambiental vinculada às 
Políticas Públicas, com o objetivo de ampliar a influência das legislações e órgãos 
ambientais, não limitando apenas as atividades de gestão de áreas de proteção, e 
aplicação de leis. Contudo, muitas legislações são permissíveis a alterações de 
ecossistemas e ambientes naturais, na premissa de estar servido ao bem do coletivo 
(SOBRINHO e ANDRADE, 2004). 
Na construção da Via Mangue, que tem o objetivo de tornar eficiente o fluxo 
de automóveis na zona sul da cidade do Recife, observa-se que, acontece, exatamente 
o que afirmam Sobrinho e Andrade (2009, p.1) que “a existência de leis de proteção a 
esse ecossistema, oriundos dos órgãos ambientais, que não se configuram como 
suficientes para impedir a degradação do manguezal”. 
Diante dos fatores mencionados, é observado que apesar de termos leis que 
limitam a alteração de ambientes naturais, especialmente as áreas de proteção 
ambiental, quando há projetos de grande magnitude e vão ao encontro dos interesses 
das grandes corporações capitalistas e imobiliárias, os mesmos são colocadas em 
primeiro plano, sem muitas vezes levar em consideração os impactos futuros que os 
projetos vão implicar a essas regiões. 
 
2.1. Manguezais: Características gerais e degradação em áreas urbanas. 
�
Há várias conceituações para o ecossistema; pode-se dizer que é um sistema de 
organismos vivos, que estão em pleno intercâmbio de matéria e energia; ele possui 
elementos bióticos (planta, animais, etc) e abióticos (solo, água, etc), que se inter-
relacionam na formação de uma estrutura com uma determinada função (PILLAR, 
2002). 
O manguezal é um ecossistema inserido nas regiões de climas tropicais e 
subtropicais, em zonas úmidas; Schaeffer-Novelli (1995, p.7) conceitua o manguezal 
como um “ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, 
característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés”. 
15 
�
Os mangues se caracterizam como uma vegetação arbóreo-arbustiva que tem 
seu desenvolvimento, sobretudo em solos lamosos em rios de zonas tropicais e 
subtropicais, no espaço zonal de transição das marés, atuando dentro do estuário, cujas 
variabilidades das marés tendem a sobrepor as águas salgadas para a superfície 
continental através de canais fluviais, bem como pelas áreas lindeiras dos rios, que são 
áreas sujeitas a inundações ao longo dos estuários (OLIVEIRA e CUNHA, 2011). No 
que se refere à vegetação de mangue, Santa (2007, p.158) a descreve: 
[...] como relevante a manutenção do substrato pantanoso sobre o qual se 
situa e, além disto, com os sistemas radiculares e caulinares geotrópicos 
negativos de suas espécies componentes, diminui a velocidade das águas 
em seu interior, favorecendo a deposição de partículas de matéria orgânica 
e silte. Em algumas situações amplia a área do depósito e a sua extensão. 
Além disto, devido à elevada produtividade primária deste bioma, é 
reconhecido que muitas espécies animais têm parte do seu ciclo de vida 
relacionada com os manguezais, influindo na produtividade pesqueira de 
algumas regiões litorâneas. Estabilidade e função semelhantes também são 
exercidaspelas Florestas de Várzea e Paludosa, que fixam as margens das 
drenagens nas quais se situam, mantendo sua estrutura. 
 
No tocante à importância do manguezal, bem como a fatores considerados 
benéficos à sociedade, o manguezal proporciona uma forma de contenção das áreas de 
terra firme contra fortes chuvas e degradação de erosão, provenientes do fluxo das 
marés, tem uma grande capacidade de reter poluentes, bem como sedimentos finos que 
são transgredidos pelas águas; isso vem a favorecer a preservação dos canais de 
navegação, bem como a fauna marinha e pesqueira do estuário, promovendo assim 
oportunidades de recreação e lazer, como turismo ecológico e pesca esportiva (NANI, 
2005). 
Apesar da importância física do ecossistema manguezal, como descrita da 
citação anterior, vê-se um comportamento desprezível, por parte da sociedade, que vai 
do governamental ao privado, da população mais abastarda a mais carente; esta 
população, por sinal, carente de políticas públicas, veem nessas áreas as possibilidades 
de moradia, mesmo que em grande nível de marginalização, Vanucci (2002, p. 148) 
exprime que: 
“Vastas áreas de manguezais foram recentemente convertidas ou 
transformadas para outros usos. As áreas costeiras tropicais onde crescem 
os manguezais mais luxuriantes são as que sofrem maior pressão para o 
‘desenvolvimento’’. Na ânsia por lucros rápidos, para gerar empregos para 
o maior número de possível de pessoas, para obter dinheiro rapidamente e 
lucros em termos do que geralmente é identificado como ‘benefícios 
econômicos’.” 
 
Dessa forma, é notório que mesmo com todos os benefícios proporcionados 
pelo ecossistema manguezal, estão em voga outros interesses, incessantemente 
16 
�
voltados à obtenção de novos espaços, que vão se materializar para diversos fins, 
sobretudo tendo como premissa o desenvolvimento econômico, a mobilidade, e novas 
áreas de especulações imobiliárias, comerciais, industriais e ocupações irregulares, tais 
como invasões. Consequentemente os resultados tem sido devastadores, havendo uma 
degradação gradativa e uniforme dos manguezais nas áreas urbanas, principalmente 
nas grandes metrópoles. 
A expansão do espaço urbano vai exigir uma diversidade de fatores, e um dos 
mais significativos é a infraestrutura; tudo isso vai requerer novas áreas, alternativas 
de expansão, de mobilidade e da própria organização espacial em si. Dessa forma, a 
maneira como se dá essa expansão, na maioria das vezes não leva em consideração as 
áreas bióticas que vão sofrer alterações, o que se torna um processo em cadeia, que vai 
desde o desmatamento ao impacto direto à fauna que necessitados ecossistemas, que, 
alterados/ degradados, não suportam a sustentação de suas espécies. 
 
 
2.2. As especulações Imobiliárias e a estruturas de materialização no espaço 
geográfico 
�
Primeiramente se faz necessário compreender a noção de espaço geográfico, 
sua dinâmica no contexto do meio urbano, no que se refere a sua complexidade de 
fenômenos e aspectos, visto que vários agentes interagem e realizam a produção do 
espaço urbano simultaneamente. 
Sendo assim, o espaço geográfico passar a ter uma semântica diferenciada, pois 
o conceito de espaço passa a ser vinculado ao entendimento de que sua produção está 
ligada ao modo capitalista de produção, haja vista que o espaço carrega um valor 
econômico e político no que se refere ao processo de reprodução do capital. Dessa 
forma, Carlos2 (1994) apud Albuquerque (2009, p.25) destaca que: 
“O espaço como produto do trabalho do homem nos leva a refletir sobre o 
processo de produção social, o tipo de trabalho, o seu desenvolvimento, o 
modo como determinado produto é produzido. A questão é como se dá a 
configuração específica do processo de produção espacial através das 
relações capitalistas de produção. Em seu conjunto o capital aparece como 
uma relação social fundamentada nas lutas e contradições de classe, o que 
nos abriga a entender esse processo de dinamismo, isto é, no de suas 
contradições imanentes.” (CARLOS, 1994, p.23). 
 
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2
 CARLOS. Ana Fani Alessandri. A (RE) Produção Espaço Urbano: São Paulo: Edusp, 1994. 
17 
�
No que se refere à abordagem de conceitos, é fundamental a distinção dos 
conceitos de espaço, lugar e território, reforçando tal argumento, Andrade (1995, p.19) 
expressa que: 
“O conceito de território não deve ser confundido com o de espaço ou de 
lugar, estando muito ligado à ideia de domínio ou de gestão de determinada 
área. Assim, deve-se ligar sempre a ideia de território a ideia de poder, quer 
se faça referência ao poder público, estatal, quer ao poder das grandes 
empresas [...].” 
 
Vale salientar que o espaço capitalista é materializado pela ação antrópica, e 
esse processo de materialização é realizado através da concreta normatização e 
regulamentação. A força de trabalho é a mola do espaço produzido pelo homem, que 
está sob a égide dos agentes de produção. De acordo com Albuquerque (2009, p. 26): 
“[...] enquanto que os que têm a força de trabalho não possuem o capital, no 
caso, os meios de produção. Portanto as forças do capital não produzem um 
espaço homogêneo, determinado a produção diferenciada do espaço, em 
função da diferenciação desta produção no âmbito espacial e social do 
trabalho.” 
 
Dessa forma, pode-se dizer que a dinâmica do espaço globalizado a qual é 
retratada por Santos (2006, p.169) “supõe uma adaptação permanente das formas e 
normas” no tocante à forma geográfica o autor se refere aos instrumentos técnicos 
necessários para otimização da produção, e essa otimização somente é permitida 
através de normas técnicas, jurídicas e financeiras, no advento do controle de 
estabelecimento de preços, que vem a estar alinhado com as necessidades do mercado. 
Nesse contexto, a produção espacial se promulga na condição de espaço na 
forma de mercadoria, gerado pela propriedade privada da terra, que são guiadas 
através das estratégias do capital que vai estar direcionado nesse processo. 
Quando o espaço passa a torna-se vital para a reprodução do capital, torna-se 
mercadoria, o solo passa a ter um valor agregado que será determinado por 
especulações, haja vista que o solo como espaço físico propriamente dito tem 
fundamental importância para a reprodução do capital, bem como a consolidação da 
sua circulação. 
De acordo com todos os aspectos mencionados, o mercado imobiliário se 
apresenta como um elo importante para a acumulação de capital bem como a 
dominação de espaços, gerando diversas maneiras de obtenção de lucro, e a 
determinada utilização desses espaços de acordo com o valor do solo estabelecido para 
cada região, é que vem a proporcionar uma estratificação da sociedade, no que se 
18 
�
refere ao uso e ocupação do solo. Nesse contexto, reforçando tais aspectos, Carlos3 
apud Albuquerque (2009, p. 28) afirma que: 
“Na realidade, o processo de reprodução do espaço, no mundo moderno, se 
submete cada vez mais ao jogo do mercado imobiliário - na medida em que 
há novas estratégias do Estado - que se tende a citar um espaço de 
dominação e controle. Com isso transforma-se substancialmente o uso do 
espaço e, consequentemente, o acesso da sociedade a ele” (CARLOS, 2002, 
175). 
 
Quando a terra passa a ter valor de mercado, vem ser fundamental no processo 
de produção do espaço, a circulação do capital, passando esse espaço a ser consumido 
como mercadoria, o que vai interferir na mais complexa forma de utilização pela 
sociedade, delimitando e definindo as formas de utilização, determinando 
características e ações, que vão acarretar numa produção desigual de espaço. 
Correia (1989) vem trazer à baila a diversidade da sociedade no que se refere à 
reorganização do espaço urbano, sendo todas as características apresentadas,partes do 
complexo e especulativo mercado imobiliário, e ocupação e uso do solo urbano: 
“A complexidade da ação dos agentes sociais inclui práticas que levam a 
um constante processo de reorganização espacial que se faz via 
incorporação de novas áreas ao espaço urbano, densificação do uso do solo, 
deteriorização de certas áreas, renovação urbana, relocação diferenciada da 
infraestrutura e mudança, coercitiva ou não, do conteúdo social e 
econômico de determinadas áreas da cidade” (CORREIA, 1989, p. 11). 
 
Com o crescimento populacional, a expansão urbana, os espaços vão se 
tornando cada vez mais escassos, o que vai ocasionar na supervalorização dos 
mesmos, e vem a se apresentar com moeda de troca e de circulação de capital. Dessa 
forma, o processo de urbanização e o espaço tido como mercadoria passaram a ter até 
um crescimento vertiginoso; o espaço vem adquirir valor comercial, que vai variar de 
acordo com diversos requisitos, podendo ser um espaço valorizado ou até mesmo 
desvalorizado, isso irá depender de suas características. 
 
 
 
 
 
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��CARLOS. Ana Fani Alessandri (org). Novos caminhos da geografia: São Paulo: Edusp, 2002.�
19 
�
2.3. Os marcos regulatórios em defesa da proteção do ecossistema manguezal: 
Breve análise das legislações nacionais e municipais 
 
É do conhecimento de todos que o ecossistema manguezal está bem 
representado ao longo do litoral brasileiro, e, sendo considerado no país como uma 
área de preservação permanente, tendo vários dispositivos normativos que sancionam 
a proteção desse ecossistema, como os dispositivos constitucionais (Constituições na 
esfera Federal e Estadual), bem como as infrainstitucionais (leis decretos, resoluções, 
convenções). A observação desses dispositivos legais traz em voga a necessidade de 
imposição de diversas ordenações do uso e ações em áreas do ecossistema manguezal. 
Nesse sentido, serão brevemente apresentadas as leis: Constituições Federais 
Estaduais e do município de Recife (campo de estudo da pesquisa) que trata direta 
e/ou indiretamente da defesa e/ou supressão do ecossistema manguezal. 
 
20 
�
Tabela 1: Análise das Leis Federais 
LEI/ RESOLUÇÃO/ 
MEDIDA PROVISÓRIA DESCRIÇÃO ANÁLISE 
Lei Nº 4.771/65 
(Revogada pela Lei nº 
12.651, de 25/5/2012) 
Institui o Código Florestal A instituição do Código em 1965 não traz diretamente proteção ao ecossistema manguezal, mas traz aspectos importantes quanto ao uso e 
ocupação do solo em áreas lindeiras as reservas florestais estipulando dimensões. Contudo, desde a sua homologação vem sofrendo 
alterações em seus parágrafos com inclusões de questões pertinentes e de caráter atual, através das medidas provisórias e leis concernentes 
à alteração da alteração do Código de 1965. 
CONAMA Resolução Nº 
004/1985 
Dispõe da designação das reservas ecológicas. Mecanismo importante que menciona manguezal como formação florísticas, já denotando o ecossistema como área de proteção 
permanente, sendo assim uma reserva ambiental (Artigo 3º). 
'Constituição Federal de 
1988 
Artigo 225 
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações.” 
Defesa universalizada do meio ambiente, não faz referência direta ao ecossistema manguezal em seu parágrafo e alíneas, entretanto no que 
se refere à incumbência do poder público traz alguns aspectos importantes, como estudo prévio dos impactos ambientais para instalação de 
obras com potencialidade de degradação ambiental. 
Lei Federal Nº 7.661, de 
16/05/88 
Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – 
PNGC 
Ressalta o manguezal dentre outras áreas/ ecossistemas prioritárias para o zoneamento costeiro visando à proteção desses ambientes. 
Lei Federal Nº 7.803/89 Altera a redação da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, 
e revoga as Leis nºs 6.535, de 15 de junho de 1978, e 7.511, 
de 7 de julho de 1986. 
Alteração importante no Código Florestal, pois devido a essa mudança o ecossistema manguezal torna-se área de preservação permanente, 
de acordo com o Artigo 2º, parágrafo 5º, alínea f. 
Lei Federal Nº 9.605/1998 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas 
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá 
outras providências. 
Mecanismo importante para aplicação de multas e compensações a danos ambientais, não faz menção direta ao manguezal, entretanto faz 
um adendo relevante no que se refere à conservação das áreas de conservação permanente e as sansões punitivas às infrações decorrentes 
das danificações desses ambientes. Artigo 38. 
Lei No 9.795/1999. Estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental Mecanismo importante e que já se fazia necessidade no momento em que foi promulgado, não traz diretamente referência ao ecossistema 
manguezal, mas sim trata do conscientização, educação e defesa dos recursos naturais do país. 
Medida provisória Nº 2.166-
67/2001 
Acréscimo de parágrafos no artigo 4º, que trata de áreas de 
preservação permanente. 
Limita a supressão de mangue, dunas e vegetação nativa protetora de nascentes apenas para fins de utilidade pública. Nesse contexto várias 
áreas de manguezais entre outros ecossistemas vêm sendo degradadas em níveis elevados. Vem sendo bastante permissiva, sobretudo em 
obras governamentais de grandes impactos, sobretudo ambientais. Artigo 4º, parágrafo 5º. 
Lei Federal Nº 12.651/2012 Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis 
nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de 
dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; 
revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 
7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 
2.166- 67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras 
providências. 
O novo Código Florestal faz alusões pertinentes à proteção do ecossistema manguezal, distintamente do primeiro Código Floresta de 1965, 
diante dos novos paradigmas globais dos problemas ambientais. Nesse contexto traz em seu Artigo 3º, parágrafo XIII, Artigo 4º, parágrafo 
VII, Artigo 8º, parágrafo 2º, menções que ressaltam descrição, preservação permanente, processos de intervenções e supressões, este último 
levando em consideração o processo de urbanização, organização fundiária e de interesse social, em caso de funções ecológicas 
comprometidas. Referências importantes que se tornam mecanismos dos Órgãos de Proteção ao Meio Ambiente, sociedade civil e 
Organizações Não Governamentais. 
 
Tabela 2: Análise das Leis Estaduais 
LEI/ RESOLUÇÃO/ 
MEDIDA PROVISÓRIA DESCRIÇÃO ANÁLISE 
Lei Estadual Nº 11.206/1995 Dispõe sobre a Política Florestal do Estado de Pernambuco e 
dá outras providências. 
Faz alusão à defesa de áreas de preservação permanente, nesse contexto está inserido indiretamente o ecossistema manguezal. Autoriza 
supressão de mata para fins de utilidade pública, precedida de homologação de lei, elaborações de EIA/ RIMA, e licenciamento dos órgãos 
competentes. Artigo 8º, Inciso 1, parágrafo 1. 
Lei Estadual Nº 9.931/1986 
Define como área de proteção ambiental as reservas 
biológicas constituídas pelas áreas estuarinas do Estado de 
Pernambuco. 
Faz alusão à proteção de áreas estuarinas, e veda qualquer tipo de desmatamento de vegetação, despejo de lixo e efluentes nos recursos 
hídricos, Artigo 4º, parágrafos 2º, 3º e 4º. 
Lei Estadual Nº 14.258/2010 
Institui a Política Estadual de 
Gerenciamento Costeiro, e dá outras providências. 
Na traz diretamente enfoque ao ecossistema manguezal, entretanto como se trata de um gerenciamento costeiro está inserido no contexto 
geral. 
21 
�
Ainda no que tange às legislações Estaduais, as supressões de áreasde 
preservação permanente estão destacadas na Política Ambiental do Estado de 
Pernambuco, Artigo 8º, que versa: 
“É proibida a supressão parcial ou total da vegetação de preservação 
permanente, salvo quando necessária à execução de obras, planos ou 
projetos de utilidade pública ou interesse social e não exista no Estado 
nenhuma outra alternativa de área de uso para o intento (Art. 8º da Política 
Florestal do Estado de Pernambuco)”. 
 
No parágrafo 1º desse artigo traz que tal supressão deve ser precedida de Lei 
Específica, elaboração do EIA/RIMA e o licenciamento do órgão competente. Já no 2º 
parágrafo desse mesmo artigo traz que a supressão da vegetação deve ser compensada 
com a compensação e preservação de ecossistema semelhante, que corresponda, no 
mínimo, a área degradada. 
Nesse sentido, entre os anos de 1997 a 2010 o Estado de Pernambuco teve 12 
leis autorizativas, onde 10 já foram executadas e dois aguardam a autorização de 
supressão (TAVARES, 2013). 
 Para demonstrar tal aspecto, seguirá abaixo relação das leis autorizativas bem 
como descrição de tais permissões: 
 
 
 
 
 
 
22 
�
Tabela 3: Relação das leis autorizativas para supressão de manguezal no Estado de Pernambuco, 
entre os anos 1997 e 2010.4 
LEI AUTORIZATIVA 
EMPREENDIMENTO 
CORRESPONDENTE 
ÁREA DE ATUAÇÃO 
Lei Estadual Nº 11.517/1997 
- Implantação de Projeto de Complementação 
do Sistema de Trens Metropolitanos do Recife, 
nos trechos TIP/Timbi e Recife/Cajueiro Seco; 
- Continuação da implantação da Zona 
Industrial Portuária de Suape – SUAPE; 
- Implantação do Complexo das obras 
decorrentes da ampliação da pista do Aeroporto 
dos Guararapes. 
0,90ha; 
-28,1 ha de mangue em 
regeneração e 26,3 
ha de mangue conservado; 
- 0,2 ha. 
Lei Estadual Nº 11.907 /2000 
Implantação de traçado da rodovia 
denominada Vila litorânea dos Carneiros - 
SETUR. 
0,5 ha. 
Lei Estadual Nº 12.177/2002 
Implantação de traçado da rodovia 
denominada Vicinal, entr. Rodovia PE-60 
(Camela)/Ponta de Serrambi - DER. 
0,6 ha. 
Lei Estadual Nº 12.453 /2003 
Implantação e pavimentação da duplicação da 
rodovia PE-22. 
1,066 ha. 
Lei Estadual Nº 12.508/2003 
Urbanização industrial da Zona Industrial – 03 
do Complexo Industrial Portuário – SUAPE. 
21,23 ha. 
Lei Estadual N° 13.285/2007 
Implantação da Refinaria Nordeste Abreu e 
Lima – RNEST - SUAPE. 
1,76 ha. 
Lei Estadual Nº 13.557/2008 
Instalação de moinho de trigo e uma unidade 
industrial alimentícia de massa, além da 
dutovia da Refinaria do Nordeste Abreu e 
Lima – RNEST, na Zona Industrial Portuária 
– SUAPE. 
47,3611 ha. 
Lei Estadual Nº 13.615/2008 
Implantação e pavimentação da rodovia PE-
051 e de pavimentação da ciclovia na rodovia 
PE-09 – SETUR. 
2,22 ha. 
Lei Estadual N° 13.637/2008 
Ampliação de área de implantação do 
Estaleiro Atlântico Sul, na Zona Industrial 
Portuária – SUAPE. 
26,8036 ha. 
Lei Estadual N° 13.921/2009 
Implantação e pavimentação da rodovia 
vicinal, trecho: entroncamento da BR 101/Rua 
Padre Nestor de Alencar – DER. 
1,01 ha. 
Lei Estadual N° 14.046/2010 
Ampliação do Complexo Industrial Portuário 
– SUAPE. 
508, 3614 ha. 
Lei Estadual N° 14.129/2010 
Implantação das 2ª e 3ª etapas do projeto 
denominado Via Mangue - Empresa de 
Urbanização do Recife. 
8,91ha. 
 Total: 675,3221 ha. 
 
Nesse sentido, 675,3221 ha. de áreas de manguezal, isto é, seis milhões, 
setecentos e cinquenta e três mil, duzentos e vinte e um metros quadrados serão 
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4
 Tabela adaptada: TAVARES. Patrícia Tavares; JÚNIOR, Clemente Coelho. Uma Abordagem sobre 
a perda de áreas de manguezal pelas leis autorizativas no Estado de Pernambuco. Congresso de 
Gestão Ambiental, IV, Salvador/BA, 2013. Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais – IBEAS. 
23 
�
eliminadas. Demonstrando-se, assim, problemas graves no que se refere à 
permissividade da legislação para tais processos. 
 
Tabela 4: Análise das Leis Municipais 
LEI/ RESOLUÇÃO/ 
MEDIDA PROVISÓRIA DESCRIÇÃO ANÁLISE 
Lei Municipal Nº 16.243/96 
Código do Meio Ambiente e do 
equilíbrio ecológico da cidade do 
Recife. 
 
Traz referência direta a proteção do 
ecossistema manguezal, Artigo 75, 
inciso I, parágrafo III, levando em 
consideração o Código Florestal; no 
Artigo 76, trata da competência da 
prefeitura quanto à proteção desse 
ecossistema, bem como Artigo 86. 
Lei Municipal N.º 15.946/94 
 
Institui o Parque do Manguezais 
estabelece o programa de dinamização 
urbana de sua área de influência, cria 
incentivos e formas para sua 
implementação e dá outras 
providências. 
Primeiro marco regulatório da cidade 
do Recife em atenção à área do Parque 
dos Manguezais (Pina), que visa à 
proteção do ecossistema, tanto por 
especulações imobiliárias, como para 
aterros e ocupações irregulares. 
Lei Municipal Nº 16.176/96 Estabelece o uso e a ocupação do solo 
da cidade do Recife 
Mecanismo importante para defesa de 
ecossistemas e áreas de preservação 
permanente, nos Artigos 19, 20 
(parágrafo 2º) e 22, classifica os 
manguezais como Zonas de Proteções 
Ambientais – ZEPAs. 
Decreto Municipal nº. 
25.565/10 
Regulamenta a Unidade Protegida 
Parque dos Manguezais 
Define o Parque dos Manguezais como 
uma Zona Especial de Proteção 
Ambiental – ZEPA, que veda 
intervenções em maior grau na região 
em que está inserido o Parque, 
seguindo o Código Florestal para 
supressão de manguezal para fins 
governamentais e da coletividade 
(construção da via mangue) 
 
2.4. O papel do Estado na organização do espaço urbano e defesa das áreas de 
proteção ambiental 
 
O Estado tem um papel muito importante na defesa das áreas de proteção 
ambiental, que é o de promover uma política pública alinhada à política ambiental; 
contudo, isso nem sempre se configura nas gestões públicas do país, caracterizada 
muitas vezes por ações voltadas ao meio ambiente de modo pontual, algo não 
permissível para os dias atuais. 
24 
�
Dessa forma, Sobrinho e Andrade (2009, p.2) corroboram tais aspectos, 
explicitando que: 
“[...] Os órgãos ambientais restringem-se a atividades de gestão das áreas 
verdes nos espaços urbanos e à fiscalização de fontes fixas de poluição. 
Ainda assim, essas atividades são desenvolvidas de forma pontual, em 
desconexão com seu contexto histórico, econômico, social, cultural”. 
 
Sendo assim, são desprezados tais aspectos, que na configuração espacial 
urbana estão plenamente inseridos no contexto ambiental, inclusive se correlacionam 
com questões como saneamento, mobilidade, organização e regulação do uso e 
ocupação do solo, são geralmente pautadas sem uma correlação com a questão 
ambiental, havendo assim uma contradição do poder público na integração do 
planejamento e com a execução unilateral dessas ações. 
O papel do Estado vai além da integração; a preservação, conservação e 
proteção do meio ambiente vão depender, sobretudo, de marcos regulatórios que irão 
dar subsídios à defesa dos ambientes naturais, e grosso modo há leis, uma gama de 
leis, decretos e medidas provisórias que visam à proteção de áreas de preservação 
permanente, bem como áreas naturais degradadas com passivos ambientais, porém 
possíveis a ou passíveis de medidas de mitigação. 
 É visto também que são contraditórios alguns aspectos nos marcos legais, 
como por exemplo, o que se vislumbra no Código Florestal (Lei Federal Nº 
12.651/2012), que remete às mesmas medidas nas leis Estaduais e Municipais, como 
por exemplo, a supressão de áreas de preservação permanente para fins de utilidade 
pública; e dessa maneira, tanto Estados quanto Municípios, diante da expansão da 
malha urbana, diante de tal medida, tem permissividade para desmatar, deslocar fluxosfluviais, entre outros impactos ambientais, necessários para uma determinada obra 
estatal, como por exemplo, a construção de uma rodovia, ponte, entre outros. 
Nesse contexto, muitas leis são criadas sob a égide das adequações, e em 
grande parte não configuram como normas suficientemente necessárias para 
materializar de fato uma proteção efetiva dos recursos naturais. Levando em 
consideração o objeto de estudo dessa pesquisa, Sobrinho e Andrade (2009, p.2) 
afirmam que: 
“Verifica-se, então, a existência de leis de proteção a esse ecossistema, 
oriundos dos órgãos ambientais, que não se configuram como suficientes 
para impedir a degradação do manguezal.” 
 
25 
�
Pode-se dizer também que o Estado, apesar dos aspectos contraditórios, diante 
das demandas ambientais nos tempos atuais, tem um papel bastante importante no que 
se refere à gestão ambiental, Milaré (2004, p.91) ressalta que: 
“O Poder Público passa a figurar não como proprietário dos bens 
ambientais, mas como gestor ou gerente, que administra bens que não são 
dele, e por isso, deve explicar convincentemente sua gestão. Essa 
concepção jurídica vai conduzi-lo a ter que prestar contas, sobre a 
utilização dos bens de uso comum do povo”. 
 
Por todos os aspectos mencionados, fica evidenciada a incumbência do Poder 
Público quanto ao seu papel perante os recursos naturais dispostos no espaço urbano; é 
fundamental a preservação, conservação e proteção do meio natural, tendo como 
premissa a associação direta das políticas públicas associadas às políticas ambientais. 
Sabe-se também o quão desafiador é tratar das contradições, tanto no que se refere às 
leis como no que se refere a uma efetivação de uma política ambiental mais objetiva e 
permanente. Contudo cada vez mais o Estado passa a ser coadjuvante no tocante ao 
planejamento urbano e, sobretudo, ambiental. 
 
 
2.5. Aspectos gerais do EIA/RIMA e da Via Mangue 
 
Será realizada a seguir uma breve análise dos pontos mais relevantes do EIA/ 
RIMA do Projeto de implantação da via expressa “Via Mangue”, que tem o objetivo 
de melhorar o tráfego nos bairros de Pina e Boa Viagem, como também melhorar o 
potencial turístico desses bairros, trazer mais investimentos privados para os mesmos, 
e, além disso, evitar as especulações sobre a área onde está localizado o Parque dos 
Manguezais que é uma Zona de Proteção ambiental desde o ano de 2010, através do 
Decreto Municipal Nº 25.565/10. 
O bairro do Pina é tido como estratégico para a formação urbana e histórica da 
cidade do Recife, sobretudo, tendo em vista sua lócus geográfico, que interliga a zona 
sul a outra áreas de cidade, e além disso há um considerável ecossistema de mangue 
que está acerca do adensamento urbano de Boa Viagem. O bairro do Pina vem sendo 
motivo para grandes debates entre os atores sociais da região, trazendo como pauta as 
políticas públicas que devem ser implementadas na localidade (SERAFIM, 2001) 
Sendo assim, percebe-se a importância da área em questão, e nesse contexto 
será realizado, além da análise do documento norteador da implantação da via 
26 
�
expressa, um breve destaque a projetos anteriores que especulavam a utilidade da 
região em que está inserido o Parque dos Manguezais. 
 
 
2.5.1. Histórico: Alternativas de melhoramento da mobilidade na zona sul 
do Recife 
 
Diante dos aspectos já mencionados, o bairro do Pina é tido como uma região 
estratégica para a cidade do Recife, por estar acerca do bairro de Boa Viagem, e 
sobretudo, por dispor de uma área de ecossistema pouco alterado pela ação antrópica, 
o que faz gerar especulações entre o poder público e privado, sendo alvo de projetos e 
diferentes dinâmicas de planejamento e ocupação desses espaços. 
Nesse contexto, antes da implementação do Projeto da “Via Mangue”, outros 
projetos tiveram notoriedade, contudo não chegaram a ser de fato executados. São 
eles: A Ecovia, a Via Verde, o Metrô S.M.I.L.E e a linha verde (URB-PCR. 2009, 
p.19). 
O Ecovia previa a ocupação da parte oeste dos estuários do rio Pina e Jordão; 
seria uma paralela da Avenida Mascarenhas de Moraes, margeando o ecossistema. Já a 
via Verde tratava-se de um projeto que viria a implantar uma via expressa que cortaria 
o Parque dos Manguezais. 
“Embora fosse a alternativa que permitia o menor tempo de percurso, 
possuía o inconveniente de cortar o mangue ao meio, com todas as 
implicações ambientais e paisagísticas que daí decorreriam. Além disso, 
não contemplava derivações estratégicas de entrada e saída tão necessárias 
para se atingirem os diversos pontos do Pina e de Boa Viagem” (URB-
PCR, 2009, p.19). 
 
No que se refere ao Projeto de Metrô S.M.I.L.E (Sistema de Metrô Integrado 
Leve Elevado), atravessaria a bacia do Pina ao centro, e tinha como objetivo interligar 
os Shoppings Tacaruna ao Recife, bem como ao Guararapes; porém não foi visto 
como uma alternativa para a redução do tráfego na zona sul, bem como os custos 
elevados para os cofres públicos. 
Por último, o Projeto Linha Verde, foi tido como uma nova alternativa para a 
mobilidade na região, com a proposta de redução dos transtornos provocados pelo 
congestionamento das principais vias que ligam a zona sul a outras regiões do Recife. 
A construção da via é bastante próxima a última proposta implantada, construção de 
27 
�
uma via margeando o mangue, contudo as contradições estavam nos impactos 
socioambientais que a mesma causariam à região, bem como dúvidas sobre a sua real 
eficácia; outro aspecto negativo seria a cobrança de pedágios na via, que seria 
construída com capital privado, em que o pagamento dos pedágios custeariam o 
financiamento de tal construção. 
 
 
2.5.2. Via Mangue: O Estudo de Impactos Ambientais (EIA) 
 
O Projeto via Mangue foi proposto pela Empresa de Urbanização do Recife 
(URB), tendo a coordenação e o desenvolvimento do mesmo pela empresa Consultoria 
e Planejamento (CONSUPLAN); o projeto tem como objetivo a construção de uma via 
expressa exclusiva para carros, com cerca de 5,1 km de extensão, e além disso, visa à 
promoção e desenvolvimento de um polo turístico, ambiental, econômico e cultural, 
sendo construídas áreas de lazer, de cunho turístico, como também ambiental, assim 
como a construção de um jardim botânico e áreas destinadas a trilhas e caminhadas. 
 
As áreas de intervenção 
 
No Tocante às áreas de intervenções, foram subdivididas no projeto sob dois 
aspectos: as áreas de influência direta e as áreas de influências indiretas. 
Nas áreas de influência direta o relatório apresenta os meios a ser interferidos 
em questão (físico e biológico), citando os impactos da obra nas bacias hidrográficas 
que estão inseridos na área do Parque dos Manguezais tais como: Estuário do Rio 
Jordão, do Rio Pina e Canal de Setúbal. São consideradas as áreas onde se sentirão 
mais impactos na implantação e operacionalização da obra, uma vez que as 
modificações poderão acarretar na supressão de vegetação, bem como mudanças na 
dinâmica do estuário, o que afetaria parcialmente a bacia hidrográfica. Já os impactos 
de ordem socioeconômica: 
“Nestas áreas o empreendimento refletirá no uso do solo e nos componentes 
de ordem econômica e cultural, impactando a ocupação territorial, a 
população em si e sua renda, além do mercado imobiliário, o turismo, o 
comércio; repercutindo no município, em termos de receita pública, 
infraestrutura e serviços” (URB-PCR, 2009, p.23). 
 
28 
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No tocante às áreas de influência indireta, há uma projeção de impactos físicos 
e biológicos a parte da jusante do rio Tejipió, visto como remotas as possibilidades de 
impactos. No meio socioeconômico, atinge os bairros do Paissandu, Coque, Joana 
Bezerra, São José, Cabanga, Pina, Boa Viagem e Imbiribeira. 
 
Fluxo de Veículos 
 
Aborda que o sistema de circulação nos bairrosdo Pina e Boa Vigem são 
ineficientes, isso em todos os aspectos: 
“É realizada através de estruturas suportadas pelo sistema viário da região 
que não têm condições para atender aos requisitos mínimos de 
trafegabilidade para os veículos e pedestres que dele se utilizam. As vias 
componentes desse sistema viário são inadequadas para dar passagem ao 
fluxo de veículos que demandam a região” (URB-PCR, 2009, p.63). 
 
Segundo a CONSUPLAM, é argumentado que as condições de deslocamento 
de veículos na zona sul de Recife, estão cada vez mais críticas; mesmo após alterações 
no trânsito promovidas pela CTTU, há um alto número de veículos que transitam na 
região diariamente, o transporte individual se sobressai com relação ao transporte 
coletivo de forma exacerbada, e a capacidade do sistema viário da região de absorver 
tal carga é ineficiente, promovendo assim, os impactos de congestionamentos diários; 
ainda são remetidos problemas no que se refere às condições físicas do sistema viário, 
pavimentação, sinalização, calçadas, entre outros, que o estudo aponta como: 
“[...] inadequadas para suportar uma quantidade de veículos com essa 
composição, tornando a circulação de veículos e pedestres bastante 
deficiente. O atrito verificado pelo uso inadequado das instalações 
existentes repercute desfavoravelmente no desempenho do sistema” (URB-
PCR, 2009, p.63). 
 
Análise econômica ambiental 
 
Nesse contexto o EIA/RIMA aponta que a Via Mangue poderá promover uma 
melhoria no que se refere ao meio ambiente, bem como uma maior dinâmica 
econômica à cidade, destacando as possibilidades de redução da poluição atmosférica, 
diminuição do número de acidentes, e ainda uma forma de proteção do Parque dos 
Manguezais para futuros aterros e pressões acerca da região. Coloca também o fator de 
redução de tempo para deslocamento, bem como promoção de benefícios econômicos 
para a cidade. 
29 
�
Traz neste bojo a necessidade e a obrigatoriedade dos estudos e relatórios 
prévios dos impactos ambientais que farão parte da implantação do projeto; contudo, 
devendo-se conhecê-los, mas também potencializar as possibilidades positivas, como 
forma de se detectar os riscos, recomendar as medidas mitigadoras, e reparando danos. 
O estudo adverte para que no Projeto Via Mangue se tenha precaução em 
alguns aspectos: 
“No Projeto da Via Mangue, deve-se tomar o cuidado de incorporar todos 
os aspectos e custos que afetam o meio ambiente e a população da cidade. É 
importante que seja do interesse da população, não prejudique qualquer 
grupo social em particular e nem pressione, exagerada e negativamente, a 
área de manguezais, rios e lagoas que compõem o sistema estuarino das 
bacias do Pina e do Jordão” (URB-PCR, 2009, p.63). 
 
 
Algumas recomendações 
 
Sob a égide do meio ambiente e da economia, a Via Mangue é vista como uma 
boa alternativa para a melhoria do trânsito nos bairros do Pina e Boa Viagem. 
No tocante à supressão do manguezal, é visto que o projeto deverá fazer a 
reconversão de determinadas áreas para mitigar tais impactos. Além disso, é colocado 
como argumento que a Via poderá propiciar proteção do ecossistema tendo em vista 
que se torna uma barreira de contenção contra especulações de ocupações. 
 
 
2.5.3. Via Mangue: Interpretação do Estudo de Impacto Ambiental 
 
• É notória a necessidade que urge para melhoria do fluxo de veículos na cidade 
do Recife como um todo, e a zona sul da cidade é um dos pontos mais 
conturbados pelo trânsito diante da demanda de automóveis que se deslocam 
diariamente na região, tendo em vista ser uma das áreas de maiores 
concentrações de renda no município. Contudo, os aspectos socioambientais 
deveriam ser levados em consideração de forma mais ampla, diante da grande 
magnitude do projeto. Além disso, a cidade deve primar pela melhoria 
substancial do transporte público, acessibilidade através de ciclofaixas, por 
exemplo, entre outros mecanismos que venha a facilitar o deslocamento da 
30 
�
população. A via contraditoriamente não contempla faixas especiais para 
transportes coletivos. 
• De acordo com o projeto 8,52 há de vegetação de mangue estão sendo 
suprimidas/ aterradas para a implantação da via, que gerará impactos 
consideráveis no que concerne, por exemplo, à danificação da originalidade da 
área, interferindo em todo ecossistema. 
• O EIA/RIMA traz na via a perspectiva de propiciar uma linha de contenção 
quanto a futuras agressões ao mangue, De acordo com os aspectos 
mencionados acima, o que garante que a implantação da Via Mangue venha 
significar proteção às futuras supressões do mangue? Está sendo visualizada, 
atualmente, na região, uma gama de empreendimentos que estão sendo 
especulados, alguns empresariais, outros residenciais, tendo em vista que a via 
está favorecendo um fluxo de interligação entre os dois maiores shoppings da 
região Metropolitana (Recife e Rio Mar). 
• Além disso, não se pode ter certeza plena de que uma via especulada há quase 
20 anos (com mudanças de projetos, trajetos e objetivos), vai conseguir suprir a 
carga de veículos que a cidade do Recife hoje possui, tendo em vista que as 
demandas e os estudos realizados nessa década, por exemplo, são diferentes 
das demandas e da realidade que se tem atualmente. Segundo a Companhia de 
Trânsito e Transporte Urbano - CTTU, a cidade do Recife hoje tem uma frota 
com cerca de 400 mil veículos registrados na Prefeitura; se contar com o fluxo 
de veículos da Região Metropolitana do Recife, que circulam diariamente na 
cidade chegam aos 620 mil veículos diários, devido à polaridade de serviços da 
metrópole. Ainda, segundo pesquisa da CTTU, na última década a cidade teve 
um aumento de 44% de sua frota, uma média de três mil novos veículos ao 
mês, números estes, exacerbadamente alarmantes. 
• A especulação imobiliária não foi levada em consideração no projeto; mesmo 
com a grande magnitude da implantação da Via Mangue, foi desprezado o 
contexto da valorização da região, e a especulação imobiliária, principalmente 
nas áreas lindeiras ao Parque, o que aumentará a pressão sobre os recursos 
naturais remanescentes, e até mesmo, de acordo com o crescimento natural 
desordenado, a ocupação de áreas do próprio Parque, tornando-se cada vez 
mais difícil a proteção e preservação do manguezal. 
31 
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3. METODOLOGIA 
 
3.1. A natureza do estudo 
 
A metodologia desse trabalho está pautada nos parâmetros de uma pesquisa 
descritivo-explicativa, utilizando procedimento de análise iconografia do objeto de 
estudo em momentos diferentes, através de orfofotos digitais, para poder ter-se uma 
noção mais ampla da problemática em questão. 
O conceito de iconografia é opositivo ao de iconologia, trazendo para uma 
análise etimológica, nesse sentido cabe afirmar que a distinção dos conceitos se deve 
ao fato de a iconologia ser uma análise descritiva e classificatória de imagens, 
trabalhando com temas específicos, como por exemplo, a etnografia, que é a 
classificação das raças humanas, caracterizando assim um estudo limitado, já a 
iconografia estuda aspectos vinculados análise temporal, da gênese, bem como da 
autenticidade, trazendo subsídios para as mais diversas formas de interpretações, 
contudo essa análise interpretativa depende de um estudo diagnóstico dos aspectos em 
questão (PANOFSKY, 1991). 
A ortofoto digital é conceituada como uma imagem digital que é sobrepujada à 
projeção cartográfica, e pode ser armazenada de forma eletrônica ou impressa em 
papel. São, contudo, representações que podem ser tratadas com diversas ferramentas 
disponíveis, sobretudo no tocante ao processo digital de imagens (PDI) (ANDRADE, 
J. 1998). 
Dessa forma, o método da iconografia no contexto dessa pesquisa visa buscar 
reconhecer através de imagens as dinâmicas da região onde é localizada a área do 
Parquedos Manguezais, o fluxo de uso e ocupação do solo de acordo com os anos e as 
perspectivas futuras após a implantação da Via Mangue. 
Com relação ao método dialético de pesquisa, Diniz (2008, p.1) ressalta que ele 
possibilita: 
“[...] caminho na construção do saber científico no campo das ciências 
humanas. Ele torna-se a trajetória percorrida pelo sujeito (pesquisador) na 
busca de conhecer e perceber-se na construção desse conhecimento do 
objeto (fenômeno/fato investigado) que se constrói e (des) constrói nas 
interações entre o sujeito e o objeto.” 
 
Nesse contexto, o método dialético na pesquisa realizada tem como proposição 
fazer uma interpretação com dinamicidade e que consiga totalizar a realidade, 
32 
�
ressaltando que os fundamentos dessa pesquisa não podem desconsiderar os contextos 
sociais, políticos, econômicos, e, sobretudo, ambiental, tornando dessa forma uma 
pesquisa de âmbito qualitativo. 
 
 
3.2. A construção do corpus 
 
Serão utilizadas imagens aerofotométricas, ou seja, fotografias aéreas, do 
objeto de estudo, ortofotos produzidas nos anos de 1974, 1981, 1997 e 2007, todas as 
imagens são partilhadas devidas ao tamanho das escalas utilizadas, e precisam ser 
editadas para formação de um mosaico, imagem única. Dessa forma, serão realizados 
alguns procedimentos para obtenção da imagem única. 
Sendo assim, as etapas de iconografia seguiram tais processos: 
 
Fonte: Marxwell Albuquerque, 2014. 
 
1. Junção das imagens partilhadas: Software Corel Drawn X6; 
2. Edição do mosaico: Software Adobe Photoshop; 
3. Projeção georeferenciamento e mapeamento: O software Arcgis 9.2. 
Também foram coletadas imagens a partir de visitas in loco (anos de 2009 e 
2014), bem como em sites especializados. 
33 
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3.3. Caracterização do lócus5 
 
O Parque dos Manguezais está localizado na porção sul da cidade do Recife, 
entre os bairros de Boa Viagem e do Pina, numa área conhecida como antiga “Estação 
Rádio Pina” da Marinha do Brasil. Possui uma área total de 307,83 ha. E tem seu 
acesso principal feito pela Avenida Domingos Ferreira. 
 
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Figura 1: Localização do Parque dos Manguezais. Fonte: Google Earth 2014. 
A Figura 01 apresentada mostra a situação geografia desta área de mangue. 
Como é possível observar, o Parque está espremido numa área bastante edificada, 
próxima à beira mar (praia), localização bem valorizada da cidade, situação que faz 
aumentar a pressão sobre o parque, principalmente pelo setor imobiliário. 
A Figura 02 a seguir mostra a situação dessa região de manguezais no que 
tange a ocupações que margeiam essa área, bem como em que localização geográfica 
está situada na cidade do Recife. 
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Figura 2: Situação da ZEPA 2 – Parque dos Manguezais. Fonte: Prefeitura do Recife (2004) 
 
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O parque possui aspecto essencialmente aquático, com manguezais e ilhas 
envolvidas por braços dos rios Jordão e Pina, mas com influência de outros dois rios, 
Tejipió e Capibaribe. Segundo a Prefeitura do Recife (RECIFE, 2004) “o espaço 
urbano do Parque dos Manguezais encontra-se ainda bem conservado e pode ser 
considerado um verdadeiro santuário ecológico tão especialmente característico do 
panorama da c idade do Recife”. 
 
A região do entorno onde se localiza o Parque dos Manguezais é composta por 
dez comunidades denominadas como: Bacardi, Beira Rio, Bode, Pantanal, Ilha do 
Destino, Paraíso, Deus nos Acuda, Xuxa-Pelé, Beira da Maré e Valdir Pessoa. 
Segundo a Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), a estimativa é de que 10 mil pessoas 
vivam no entorno do Parque, região esta carente de políticas públicas essenciais, tais 
como saúde, educação e saneamento básico, desprovidas economicamente, bem como 
habitacionalmente, que como consequência desse desprovimento, ocupam por falta de 
opção e necessidade as áreas alagadas da região (MARTINS, 2007). 
 
36 
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Figura 3: Divisão das comunidades que circundam o Parque dos Manguezais. Fonte: Secretaria 
de Mobilidade e Controle Urbano – PCR (2007). 
 
Em contraponto as ocupações das áreas lindeiras do Parque pela população de 
menor poder aquisitivo, a localização geográfica da região que está entre o bairro de 
Boa Viagem e o Centro da Cidade, com o diferencial do ecossistema mangue em um 
bom estágio de conservação, tornou-se um dos motivos de atenção para o destino 
espacial da área (SERAFIM, 2001). Isso se dá tanto por parte do poder público, como 
pelo setor privado, exercendo desse modo pressão, no tocante às especulações 
imobiliárias e projetos de mobilidade. 
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
4.1. Análise temporal da área do Parque dos Manguezais 
 
Foram coletadas ortofotos dos anos de 1974, 1981, 1997 e 2007 (representadas 
nas figuras 03, 04, 05 e 06 respectivamente), onde serão destacadas e analisadas as 
ocupações dos solos da região do Parque de acordo com esses anos. Além disso, serão 
referenciados autores que trabalharam correlatamente esta área. Será utilizada como 
parâmetro de análise comparativa a ortofoto do ano de 1974. 
 
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Figura 4: Imagens aéreas do Parque dos Manguezais (1974). Fonte: CONDEPE/FIDEM 
 
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 Figura 5: Imagens aéreas do Parque dos Manguezais (1981). Fonte: CONDEPE/FIDEM. 
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Fazendo uma comparação da figura 04 com a figura 05, é possível observar as 
primeiras diferenciações entre as ortofotos de 1974 e 1981, no tocante às ocupações ao 
norte da região, que se se refere à ampliação dos viveiros de camarões. Já na porção 
oeste há ocupações residenciais que margeiam a Avenida Mascarenhas de Morais, na 
parte sudoeste o início das construções de edifícios, bem como construções irregulares 
na margem do Parque. Nesse período também se intensifica o aumento da pressão 
imobiliária na porção leste, proximidades da Avenida Domingos Ferreiras, e entrada da 
Estação de Rádio da Marinha. Especialmente ocupações direcionadas ao comércio 
(supermercados, lojas, etc). 
 
 
Figura 6: Ramificação do comércio e verticalização na margem leste do Parque dos Manguezais 
(imediações da Av. Domingos Ferreira). Fonte: Lady Nascimento (2010). 
 
 
 
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Figura 7: Imagens aéreas do Parque dos Manguezais (1997). Fonte: CONDEPE/FIDEM 
 
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Em 1995 a Estação de Rádio da Marinha foi desativada, assim como o 
aeroclube, sendo apenas a área resguardada como propriedade da Marinha; contudo, o 
aumento da pressão sob a região tornou-se eminente, e na ortofoto de 1997 (figura 7), 
pode-se perceber o aumento da ocupação territorial na porção sudoeste da região 
(imediações da Antônio Falcão), outro aspecto importante é o grande fluxo de veículos 
nessa região devido à cadeia de grandes escolas inseridas na área, como os Colégios 
Santa Maria, Boa Viagem e Motivo, o fluxo nessa região é intenso, sobretudo nos 
horários escolares, outro aspecto que foi influenciado por essas unidades de ensino, foi 
a densificação e a verticalização do uso do solo, com a presença de muitas unidades de 
residências multifamiliares. 
 
 
 
Figura 8: Colégios Boa Viagem, Santa Maria e Motivo exercem pressão no fluxo de veículos na 
região. Fonte: Eduardo Lins Cardoso/ Bobby Fabisak/ Eudes Santana 
 
Na faixa do rio próximo a Mascarenhas de Morais (Imbiribeira) ocorre o 
estreitamento de um dos braços do rio Jordão (figura 7) oestedo Parque, e ocupações 
irregulares na região noroeste (comunidade Valdir Pessoa), na porção leste se 
consolidam as áreas de expansão imobiliária, com a verticalização de muitas áreas; 
outras ocupações irregulares tornam-se mais efusivas na região sudoeste, como é o 
caso das comunidades Deus nos Acuda, Pantanal e Paraíso. No extremo norte é 
possível observar o estreitamento do braço do rio Pina. 
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Figura 9: Imagens aéreas do Parque dos Manguezais (2007). Fonte: Secretaria de Mobilidade e 
Controle Urbano – Prefeitura do Recife 
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A figura 09 já caracteriza uma região bastante adensada; Boa Viagem já é um 
bairro praticamente verticalizado, e a pressão imobiliária torna-se mais efetiva na 
Porção Sul do Parque dos Manguezais, com a perspectiva da continuação do Projeto 
da Via Mangue, cujos dois viadutos cortarão o sul da região (imediações da Antônio 
Falcão e Av. General Mac Arthur), a região Sul é vista pelos empreendimentos 
imobiliários como área de forte potencial para adensamento populacional, bem como 
potencial para os empreendimentos empresariais: o Condomínio Residencial Le´Parc, 
por exemplo, é lançado às margens da parte sul do Parque dos Manguezais e outros 
empreendimentos vêm sendo lançados próximos à região, na premissa de visualizar no 
futuro próximo a malha viária expressa que ligará o Centro da cidade/Pina a essa 
região. 
Figura 10: Região Sul do Parque dos Manguezais, Condomínio L’Parc margeando a área que 
pertence a ZEPA – Parque dos Manguezais (2012). Fonte: Raul Lopes 
 
 
 
 
 
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Figura 11: Alça Sul da Via Mangue, ligando o centro ao Sul de Boa Viagem (à esquerda construção do 
L´Parc em estágio avançado, e à direito surgimento de novos empreendimentos imobiliários). Fonte: 
Diário de Pernambuco (2014). 
 
 
4.2. Ocupações territoriais, especulação imobiliária e impactos ambientais na 
área do Parque dos Manguezais 
 
A área que concerne ao Parque dos Manguezais vem sofrendo especulações e 
ocupações de acordo com os anos; pode-se observar que, sobretudo, após desativação 
da Estação de Rádio da Marinha, esta região passa a ser alvo de pressões, tanto por 
parte governamental no que tange à implantação de Via Expressa, áreas de lazer e 
promoção do turismo, como por parte privada, referindo-se à construções de imóveis, 
verticalização, áreas comerciais, dentre outros. 
Com a confirmação da cidade do Recife como sub-sede da Copa do Mundo de 
2014, o Projeto de Mobilidade na área (outubro de 2012), volta a ser tônica e 
prioridade dos gestores públicos, e a partir de 2011, o projeto da Via Mangue, tendo 
como um dos seus principais objetivos tornar eficiente a mobilidade na Zona Sul da 
cidade do Recife. 
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Figura 12: Área de Intervenção da Via Mangue. Fonte: CONSUPLAM, 2011. 
Dessa forma, muitos empreendimentos imobiliários vieram a se estabelecer, 
como produto da confirmação de implantação da Via Expressa, dentre os de maiores 
repercussões está o Shopping Rio Mar, inaugurado no ano de 2012, está inserido na 
ramificação de início da Via Expressa, e que estabelecerá o acesso do Shopping a 
demais áreas da Zona Sul, e praticamente interligado ao outro grande mall da região, o 
Shopping Center Recife. 
Vale ressaltar que outro aspecto importante no projeto de implantação da Via 
Expressa foi à estruturação da via que liga o centro da cidade a Zona Sul. O Viaduto 
Capitão Temudo passou pelo processo de alargamento para atender as demandas 
viárias na região sul da cidade, uma das primeiras etapas concluídas do Projeto de 
Mobilidade Urbana da Zona Sul da cidade do Recife. 
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Figura 13: Viaduto Capitão Temudo (principal ligação do Centro a Zona Sul). Fonte: Bernardo 
Soares/Jornal do Comércio (2011). 
 
Apesar de concluída, a obra até o momento não consegue suprir a demanda 
automotiva que se desloca para a região Sul, e constantemente é alvo de grandes 
congestionamentos, a expectativa para melhoramento do trânsito é a conclusão da 
nova ponte que está sendo ligada a Ponte Paulo Guerra, com a perspectiva de dar 
opção aos condutores seguirem pela Via Mangue. 
 
 
Figura 14: Ponte que ligará dará mobilidade à localidade sentido Via Mangue, entre outras 
localidades (construção e projeção de sua conclusão). Fonte: Bobby Fabisak/Jornal do Comércio 
 
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Figura 15: Início da construção da nova ponte, bem como as perspectivas de mobilidade ao 
Shopping/ empreendimentos e a Via Mangue. Fonte: Prefeitura do Recife (2012). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 16: Shopping Rio Mar, e ao sul aeroclube e Parque dos Manguezais (2012). Fonte: Roberto 
Almeida. 
Além do Shopping Rio Mar, vários edifícios empresariais estão sendo 
construídos na região, e como num processo comum da expansão imobiliária, 
abarcando também empreendimentos residenciais na região. 
No que se refere aos impactos da obra da Via Expressa, pode-se observar a 
agressividade da mesma à paisagem do ecossistema manguezal, é o primeiro aspecto a 
ser observado. As figuras 16 e 17 refletem bem esse aspecto, tendo em vista que 
apresentam duas realidades dessa região em anos distintos. 
 
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Figura 17: Região Leste do Parque dos Manguezais, a imagem à esquerda registrada em 2009, e a 
direita a via já em fase de implantação 2014. Fonte: Marxwell Albuquerque (2009 e 2014). 
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Observa-se assim que a via cortará em grande parte regiões que margeiam os 
rios que cortam o Parque, na sua porção leste, o que poderá agravar ainda mais os 
impactos no que tange a alagamentos na região da Avenida Domingos Ferreira. Há no 
margeamento da Via Mangue a impermeabilização do solo e consequentemente 
restritos espaços para o escoamento das águas pluviais. 
 
Figura 18: Contraste na redução das matas ciliares da margem leste do Parque dos Manguezais 
(análise comparativa 2009 e 2014). Fonte: Marxwell Albuquerque (2009 e 2014).�
No contexto de uso e ocupação do espaço urbano, a especulação imobiliária é 
um dos fatores principais para a degradação de ecossistemas, sobretudo nas grandes 
metrópoles, uma nova via em áreas de ecossistema preservado de modo geral agrega 
consigo empreendimentos de ordem residencial, empresarial e industrial, além da 
pressão ocasionada por ocupações irregulares. No caso da implantação da Via 
Mangue, veem-se as ocupações das áreas lindeiras do Parque do Manguezal associada 
às ocupações irregulares pré-existentes em detrimento da impermeabilização do solo 
do Parque, bem como os projetos imobiliários na região. 
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Figura 19: Impermeabilização da margem leste do Parque dos Manguezais. Fonte: Diário Pernambuco 
(2013).�
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Figura 20: Alagamento no túnel do Pina (uma das consequências impermeabilização do solo). Fonte: 
Jornal do Comércio (2013) 
 
De acordo com a URB-PCR, 963 famílias foram cadastradas e realocadas nas 
03 etapas da obra da Via Mangue; contudo, vários aspectos negativos vieram 
associados a esses reassentamentos, sobretudo, questões relacionadas à assistência 
dessas famílias após relocação. 
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Nas figuras 20 e 21 são evidenciadas todos os aspectos mencionados e fotos 
áreas de anos distintos que a especulação imobiliária e a área do Parque dos 
Manguezais já estavam em degradação, muito antes da implantação da Via Expressa; 
essa construção só fez com que tal aspecto fosse materializado. Denota-se assim, o 
sentido da antecipação espacial, ou seja, o território fragmentado é tido como uma 
reserva territorial, na perspectiva da garantia do controle na organização espacial, que 
vai garantir possibilidades de expansão do espaço de atuação em questão, 
reproduzindo condições de reprodução, seja através dos empreendimentos 
empresariais ou residenciais, vai nesse ponto consolidar a gestão do

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