Buscar

Aula 05 ADM I

Prévia do material em texto

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Ao estudarmos os princípios do Direito Administrativo, terminamos por verificar que o regime jurídico administrativo é caracterizado por prerrogativas e sujeições impostas à Administração Pública. Lembrem-se! Em razão da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público.
As prerrogativas são privilégios concedidos à Administração para oferecer-lhe meios, a fim de assegurar o exercício de suas atividades, enquanto as sujeições representam limites opostos à atuação administrativa em benefício dos direitos dos cidadãos.
Outrossim, dentre as prerrogativas da Administração Pública, encontram-se os poderes administrativos, tendo como características:
Caráter instrumental » os poderes da administração pública são os instrumentos pelos quais a mesma busca atingir seu fim, qual seja, a proteção e promoção do interesse público;
Poder-dever » estes poderes não possuem a conotação de poder-faculdade, e sim poder-dever, já que o administrador tem o dever de utilizá-los, não podendo dispor de seu exercício » princípio da indisponibilidade do interesse público. Como conseqüência desta característica, podemos afirmar que “os poderes da Administração são irrenunciáveis” 
Limites definidos em lei » como toda atividade administrativa, os poderes têm seu exercício condicionado ao disposto em lei.
Pois bem, como a utilização do poder deve guardar conformidade com o que a lei dispuser, se o exercício destes ultrapassar os limites da mesma e afastar-se do interesse público, ocorrerá abuso de poder.
 O abuso de poder se divide em:
Excesso de poder » acontece toda vez que o administrador atua além dos limites de sua competência estabelecida em lei;
Ex: suponha que determinado agente não tenha competência para interditar estabelecimentos comercias, mas mesmo assim o faz.
Desvio de poder » ocorre quando o agente atua nos limites da competência legalmente definida, mas visando finalidade diversa a do interesse público.
Ex: determinada autoridade administrativa diante de suposta “ineficiência” de servidor “X” decide removê-lo ex ofício com o objetivo de puni-lo. Ocorre que, mesmo que fique comprovada a ineficiência e falta de produtividade do servidor, a remoção não é uma espécie de penalidade, mas, sim, um meio que dispõe a administração para suprir a carência de servidores em determinadas localidades. Desse modo, como a remoção foi utilizada com finalidade diversa (punição) daquela para qual foi criada (suprir carência de pessoal), deverá ser anulada pela própria Administração ou pelo Judiciário. 
Vejam que o excesso de poder é mais fácil de ser constatado, já que basta cotejar a autoridade que praticou a conduta e a lei que atribui à competência. Já o desvio de poder revela-se mais difícil de ser comprovado. Por isso, diz a literatura que o desvio de poder é passível de prova por meio de traços ou sintomas presentes no ato inquinado do vício.
A lei 4717/65 permite o ajuizamento de ação popular para sanar o desvio de finalidade, conforme o art. 2º, parágrafo único, alínea “e”.
Ressalte-se ainda que o abuso de poder, em qualquer de suas modalidades (excesso ou desvio) pode ser sanado por meio do mandado de segurança ou outros remédios constitucionais pertinentes.
Abuso de poder por omissão
A omissão dos administradores também pode caracterizar o abuso de poder. Entretanto, faz-se necessário distinguir a omissão genérica da omissão específica.
No primeiro caso, não há como configurar abuso de poder, porque a omissão está relacionada ao momento mais oportuno para a implementação das políticas públicas, que dependem de recursos financeiros quase sempre escassos (doutrina moderna fala em “reserva do possível”) e não possuem prazo determinado.
Por outro lado, na omissão específica, a Administração tem o dever de agir diante de um caso concreto, podendo a lei prever, ou não, prazo para a prática do ato, que não havendo, deverá ser razoável. Aqui, o que não se admite e configura abuso de poder é a ausência de manifestação de vontade da Administração quando ela está obrigada a agir.
DEVERES DOS ADMINISTRADORES PÚBLICOS
O direito positivo não confere apenas poderes aos administradores públicos. Ao contrário, estabelece certos deveres que devem ser por eles cumpridos para evitar que sejam responsabilizados.
Probidade
O administrador público deve gerenciar os bens e interesses coletivos com ética, honestidade e moralidade. Não deve cometer favorecimentos, desvios de conduta, tampouco nepotismo, cabendo-lhe optar sempre pelo que melhor servir ao interesse público.
(Lei 8.429/92; Lei 4.717/65; Art. 85, V da CF/88).
Prestação de Contas
Como é encargo dos administradores públicos a gestão de bens e interesses da coletividade, decorre daí o natural dever, a eles cometido, de prestar contas de sua atividade (dever de transparência).
(Art. 70 e ss. da CF/88; Art. 84, XXIV da CF/88; LC 101/00).
Eficiência
O dever de eficiência dos administradores públicos reside na necessidade de tornar cada vez mais qualitativa a atividade administrativa. Pessoal qualificado, técnica, especialização, economia, celeridade, desempenho, resultado, todos esses fatores que qualificam a própria atividade pública e traduzem maior eficiência.
(Princípio da eficiência - art. 37, caput, CF/88).
OBS* - O art. 6º do DL 200/67 aponta as melhores atividades para que o administrador público alcance a eficiência.
PODERES ADMINISTRATIVOS
�
Quanto à margem de liberdade:
I – vinculado;
II – discricionário.
Quanto às espécies:
I – Hierárquico;
II – Disciplinar;
III – Normativo ou Regulamentar;
IV – De Polícia.
�
PODER VINCULADO OU REGRADO
Poder vinculado ou regrado deve ser entendido como aquele que estabelece um único comportamento possível a ser tomado pelo administrador diante do caso concreto, sem nenhuma liberdade, para um juízo de conveniência e oportunidade. Não há margem de escolha na atuação!
Exs: lançamento de crédito tributário pelo agente fazendário; licença para construir; concessão de aposentadoria.
PODER DISCRICIONÁRIO
No poder discricionário, o administrador também está subordinado à lei, diferenciando-se do vinculado, por que o agente tem liberdade para atuar de acordo com um juízo de conveniência e oportunidade, de tal forma que, duas ou mais alternativas, o administrador poderá optar por uma delas, escolhendo a que, em seu entendimento, preserve melhor o interesse público.
Nas palavras de Carvalho Filho, poder discricionário é “a prerrogativa concedida aos agentes administrativos de eleger, entre várias condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público”. Tal poder encontra-se enraizado em dois elementos dos atos administrativos » motivo e o objeto » e consubstancia o que doutrinariamente se denomina mérito administrativo.
Ex: administrador pode alienar bem imóvel adquirido por meio de decisão judicial através de concorrência ou leilão.
Também existe discricionariedade quando a lei utiliza conceitos jurídicos vagos (ou indeterminados) o que dá margem ao administrador fazer juízo de valor.
Ex: a administração pode dissolver passeata se houver “tumulto”. O que é tumulto? O mesmo raciocínio vale para “boa-fé”; “decoro”; “bons costumes”? 
Importante não confundir margem de liberdade com arbitrariedade. Ex: para determinada infração a lei prevê suspensão de 30 a 60 dias e o agente suspende por 90 – este ato é arbitrário, ilegal e não discricionário.
Atenção! O judiciário pode analisar os limites do mérito administrativo, uma vez que são impostos pela lei. De fato, a análise dos limites do mérito não é mérito, mas sim legalidade. Por exemplo, quando se trata de conceitos jurídicos vagos. Há uma zona de incerteza na qual o administrador decide dentro do interesse público. Ocorre que a interpretação destes conceitos deve ser feita dentro dos limites da razoabilidade (proibição de excessos).OBS* - Parte da doutrina, com base no escólio de Hely Lopes Meirelles, afirma que três requisitos dos atos administrativos são sempre vinculados, quais sejam: competência, finalidade e forma.

Continue navegando