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66 introdução à sedimentologia cujos intervalos de malhas correspondem à escala de Wentworth, quando a condição acima será satisfeita. Esta condição também será satisfeita quando se usa escala logarítmica decimal ao longo dos valores de abscissa, com escala de Wentworth, porque eles determinam intervalos de classes equi- distantes entre si (veja a Fig. 13). <o\ , 3 0 _ 2 0 1 O 0 _ 2 _ t 0 + 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + ? + 8 + 9 e s c a I a 0 Figura 13. Histograma de distribuição granulométrica de uma amostra da Formação Barreiras (Pleistoceno? — E. Santo) Embora o histograma tenha sido discutido do ponto de vista de carac- terísticas granulométricas, é possível lançar quaisquer atributos dos sedimentos da mesma maneira. O histograma é essencialmente um "instrumento" esta- tístico usado para representar frequências de distribuição. Assim, podem ser representadas frequências de minerais, de formas, de texturas superficiais, etc. Curvas de frequências simples As curvas de frequências simples são equivalentes a curvas de contornos suaves desenhadas sobre os histogramas. Possuem formas senoidais mais ou menos definidas e correspondem ao limite dos histogramas, quando os seus intervalos granulométricos se tornam infinitamente pequenos, então as colunas desaparecem e resultam em curvas com contorno de sinos. Esta curva corresponde a uma distribuição log-normal em muitos sedimentos. Em uma curva de frequências simples podem ser rapidamente visualizadas: granulações com máxima frequência ou mínima frequência (ou várias má- ximas e várias mínimas, em casos de distribuições polimodais), intervalos de distribuição das diferentes classes (que é uma medida do grau de seleção), parâmetros de simetria da distribuição granulométrica, etc. (veja a Fig. 14). determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 67 "1 1 1 I 1 1 I 1 1 1 1 1 - 2 - 1 0 + 1 + 2 4 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 e s c o l a 0 Figura 14. Curva de frequência simples de distribuição granulométrica de uma amostra da For- mação Barreiras (Mesma amostra da Fig. 13) Curvas de frequência acumulada ou curvas acumulativas As curvas acumulativas granulométricas fornecem também uma boa visualização ~das distribuições granulométricas dos sedimentos. Em cada ponto da curva, representando uma determinada granulometria, as porcen- tagens das misturas de materiais mais grosseiros ou mais finos do que aquela granulometria podem ser rapidamente extraídas. As curvas acumulativas são construídas lançando-se nas ordenadas os valores, que representam a quantidade total de material maior ou menor que um determinado diâmetro. Assim, podem ser representadas em porcen- tagens de material retido (maior que aquele diâmetro) ou em porcentagens de material que passa (menor que aquele diâmetro). O tipo mais usado em Sedimentologia é aquele que representa os valores de diâmetros maiores que aqueles usados para representação ou, em outras palavras, pela por- centagem em peso do material retido. Para isso os valores menores dos intervalos granulométricos são escolhidos para se lançar a frequência de cada classe. As curvas acumulativas são construídas escolhendo-se uma escala de granulação ao longo do eixo das abscissas e uma escala de frequência, de 0 a 100%, ao longo do eixo vertical, das ordenadas. Elas são construídas com resultados de análises granulométricas, de tal modo que, começando dos grãos mais grosseiros, as proporções em peso (%) da classe granulométrica fina seguinte são adicionadas à soma das frequências de partículas mais grosseiras anteriores. Os valores percentuais das somas parciais são lançados sobre o diagrama: frequência granulométrica contra tamanho dos grãos. A curva que passa pelos pontos assim determinados é a curva acumulativa 68 introdução à sedimentologia de frequência granulométrica. A grande vantagem deste método de repre- sentação é a sua independência dos intervalos granulométricos escolhidos. Portanto, neste caso, não é necessário recalcular os resultados, quando sub- divisões não-eqiiidistantes são usadas, em contraste com o processo dos histogramas (veja a Fig. 15). O papel gráfico usado é do tipo com escala especial chamado papel de probabilidade aritmética, no qual a distribuição normal (simétrica) apa- recerá como uma linha praticamente reta. Desta maneira, desvios da linha reta são mais facilmente visualizados. A representação de dados de análises granulométricas sobre o papel de probabilidade tem se tornado cada vez mais comum nos últimos anos, embora tenha sido proposto há muito tempo E S C A L A Figura 15. Curva de frequência acumulada de distribuição granulométrica de sedimento da Formação Barreiras (ES) (Mesma amostra da Fig. 13) determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 69 por Otto (1939). As frequências granulométricas, baseadas em porcentagens de peso. são acumuladas de maneira usual e lançadas sobre este papel. Do mesmo modo que as curvas acumulativas comuns, a granulometria vai sobre o eixo dos X (abscissa) e a frequência percentual no eixo dos y(ordenada). Como este papel apresenta uma escala aritmética no eixo das abscissas é comum usarmos a escala granulométrica d> (fl) na representação dos diâ- metros. O fato de usarmos a escala <p permite que as operações sejam sempre feitas com números inteiros e, além disso, as curvas acumulativas construídas neste papel se apresentam normalmente menos desviadas da linha reta que quando usamos outros tipos de escalas. Este fato possibilita operações com maior precisão durante os cálculos dos parâmetros, que são extraídos das curvas acumulativas. Segundo Ollier (1969), no entanto, o papel de probabi- lidade aritmética apresenta algumas desvantagens. Uma unidade correspon- dente a 1 % na altura de 95 % de probabilidade é cerca de quatro vezes maior que na altura de 50% de probabilidade, e o mesmo é verdadeiro para as unidades correspondentes em baixas probabilidades. As unidades são, por- tanto, progressivamente exageradas em ambos os sentidos da ordenada, partindo de 50 % de probabilidade, e portanto os desvios em relação à linha reta são exagerados em ambos os extremos da distribuição. Desta maneira, como as medidas de distribuições granulométricas, sofrem suas maiores imprecisões nos extremos das distribuições; assim, o uso do papel de probabi- lidade exagera essas imprecisões, enfatizando, portanto, os aspectos negativos das análises granulométricas das partículas. Pensa-se, muitas vezes, que certos materiais não seguem a distribuição normal mas um outro tipo de distribuição baseada na "lei da moagem". Rochas fragmentadas mecanicamente e carvões moídos, etc. são ditos se- guirem esta distribuição, sendo válido também para material piroclástico (cinzas vulcânicas, escória, etc.) e material intemperizado. Um tipo de gráfico foi desenvolvido, pelo qual tais distribuições apresentam-se como linhas retas. Este é o papel de distribuição de Rosin e Rammler, Fig. 16 (Ollier, 1969). Se tais distribuições fossem em realidade tipicamente seguidas pelas rochas intemperizadas, esta técnica gráfica poderia ser de muita utilidade nos estudos de inlemperismo. Dapples, Krumbein c Sloss (1953) têm demons- trado que a moagem de certos sedimentos normais, tanto de arcózios como de um arenito quartzoso normal, parece seguir a função de Rosin. No entanto, Irani e Clayton (1963) apontaram algumas objeções principais. Segundo esses autores a equação de Rosin-Rammíer é estritamente empírica e baseada fortemente na configuração das curvas, e tem sido verificado ser aplicável somente nos casos de carvão pulverizado, possuindo pequenas variações nas granulometrias. Mesmo uma equação de distribuição log-normal modi- ficada tem mostrado uma boa adaptação. Além disso, a distribuição de Rosin-Rammler hãopode ser convenientemente usada para obtenção das várias medidas estatísticas das partículas, tais como a medida do diâmetro médio, etc. E, justamente, a grande vantagem das curvas acumulativas é a de permitir a determinação desses parâmetros. 70 introdução à sedimentologia 1/8 1 / 1 6 1 / 3 2 1 / S 4 1 / 1 2 8 G R A N U L O M E T R I A E M M M Figura 16. Distribuição granulométrica lançada no papel de Rosin-Rammier. (A) Quartzo moido. (B) Rocha ígnea desintegrada. (Cl Detrito de gnaisse intemperizado (Segundo Pettijohn. 1957. In: Ollier. 1969) GRÁFICOS ENVOLVENDO TRÊS O U MAIS VARIÁVEIS Diagramas triangulares Se uma distribuição puder ser expressa em quantidades de três com- ponentes, então o sedimento poderá ser representado por um ponto no dia- grama triangular. Isto é comumente feito com solos, onde as porcentagens de areia, silte e argila fornecem um único ponto sobre o diagrama (Figs. 17 e 19). Os diagramas triangulares tiveram larga aplicação nos estudos sedi- mentológicos, não somente para representar atributos granulométricos mas também para representar características mineralógicas. Deste modo, por A R G I L A 1 0 0 % / xf 'N / A A / 1 0 0 % i A R E I A Y Figura 17. Diagrama triangular mostrando o método de locali- zação de pontos. A amostra é a mesma da Fig. 13. O pequeno triângulo indica a quantidade de grânulos no sedimento, que é a quarta variável i o o % s i LTE determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 71 exemplo, os minerais pesados encontrados nas rochas sedimentares podem ser agrupados de acordo com a sua origem a partir de rochas ígneas, sedimen- tares ou metamórficas. Um gráfico triangular dos resultados poderá indicar as contribuições relativas de cada uma das rochas matrizes dos sedimentos em estudo. A R G I L A 1 0 0 % " L O A M " * SOLO COM M E N O S DE 1 5 % DE A R G I L A E M E N O S DE 4 5 % DE SILTE 72 introdução à sedimentologia Nas classificações dos sedimentos elásticos mistos, em que participam areias, siltes e argilas, os diagramas triangulares podem ser usados (veja a Fig. 18). Nas classificações de tipos texturais de solos é também comumente usado o diagrama triangular. É possível usarmos os diagramas triangulares para lançar quatro variáveis. Para isso as quatro variáveis são recalculadas para 100%, e três delas são lançadas como foi explicado anteriormente. O resultado não será um ponto, mas uma área triangular abrangida por três linhas, cuja área indicará a quan- tidade da quarta variável (veja a Fig. 17). GRÁFICOS COM DISTÂNCIA O U TEMPO COMO VARIÁVEL INDEPENDENTE Distância Entre os gráficos muito usados nos estudos de sedimentos têm-se aqueles que representam a variação linear da granulação média dos sedimentos ao longo de uma linha de amostragem, variações de espessura de camadas em função da distância, etc. Com raras exceções, a escala horizontal de distância é aritmética e, se a escala logarítmica se fizer necessária, ela será usada como eixo vertical. Tempo O uso direto do tempo como variável independente em estudos de sedi- mentos não encontrou ampla aplicação porque, talvez, poucos estudos têm sido feitos do mesmo fenómeno, por um tempo apreciável. Entretanto, estudos relacionados feitos por engenheiro não são incomuns, tais como medidas de fluxo de um rio em função do tempo, medidas do conteúdo em silte e argila nas águas do rio em função dos meses do ano, etc. OUTROS MÉTODOS DE REPRESENTAÇÃO GRÁFICA Em muitos casos estamos interessados em mostrar certo número de fenómenos relacionados sobre um único gráfico, independente do arranjo dos dados segundo variáveis ou eixos. Entre esses métodos de representação mencionaremos os diagramas de barras e os diagramas circulares. Diagramas de barras Estes são construídos escolhendo-se simplesmente uma escala vertical de frequência (porcentagem, volume, número, etc.) e representando as diversas variáveis por meio de barras verticais, todas de mesma largura. Esses dia- gramas não se prestam para análises granulométricas detalhadas, mas são apropriados para comparações rápidas e grosseiras, Fig. 20 (Krumbein e Pettijohn, 1938). determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 73 < O -I Figura 20. Diagrama de barras da compo- Figura 21. Diagrama circular com os mesmos sição média do folhelho (Dados de Clarke. dados da Fig. 20 (Segundo Krumbein e In: Krumbein e Pettijohn, 1938) Pettijohn, 1938) Diagramas circulares São usados com as mesmas finalidades dos diagramas de barras; mas neste caso as quantidades relativas são expressas por segmentos de circunferência. A Fig. 21 (Krumbein e Pettijohn, 1938) mostra os mesmos dados do diagrama de barras representados em diagrama circular. Elementos de análise estatística Um estudo minucioso de sedimentos inclui dados quantitativos sobre tamanho, composição mineralógica, textura superficial e talvez orientação dos grãos. Esses dados fundamentais estão relacionados a fatores físicos e químicos do ambiente de deposição. Para correlacionar essas características com o ambiente devem-se investigar as variações dos sedimentos da área, o que implica na comparação de uma amostra com outra. Esta comparação é mais convenientemente realizada por meio da análise estatística. A técnica estatística pode ser subdividida em várias etapas. A primeira operação é a coleção e classificação dos dados. Em termos sedimentológicos isso se refere à análise granulométrica ou mecânica, determinação minera- lógica, etc. A segunda fase é a apresentação dos dados na forma de tabelas e gráficos. Finalmente, os dados podem ser tratados estatisticamente e, dos valores obtidos, podem ser estabelecidas deduções sobre o sedimento. Diferentes tratamentos estatísticos podem ser atribuídos na análise estatística, dependendo da natureza dos dados. Uma série estatística, envol- vendo magnitude (como granulometria, porcentagem de minerais pesados, etc), é chamada de distribuição de frequência. Se locações geográficas são envolvidas (como na comparação de amostras através da extensão em área de uma formação), a série estatística é chamada de distribuição espacial. 74 introdução à sedimentologia Se o tempo é um fator importante (como na observação das características , sedimentológicas com o decorrer do tempo), a série é chamada de série de tempo. Cada um dos casos é importante no estudo dos sedimentos. CONCEITO DE DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA A discussão sobre distribuição de frequência será confinada aos estudos de análises granulométricas, mas deve-se ter em mente que os mesmos prin- cípios podem ser aplicados no estudo da composição mineralógica, forma dos grãos, etc. Em todas as distribuições de frequências granulométricas existem duas variáveis principais, granulometria e frequência. A distribuição de frequência em si é simplesmente o arranjo de dados numéricos segundo a granulometria. A granulometria é considerada variável independente e a frequência é a variável dependente. Isso significa que a frequência é função da granulometria, isto é, Y = f{X), onde Y é a frequência e f(X) significa função da granulo- metria. Por convenção, qualquer gráfico de distribuição de frequência é desenhado com a granulometria (diâmetros em milímetros ou quaisquer números representando tamanho, tais como os logaritmos dos diâmetros) ao longo do eixo X e frequência (porcentagem em peso ou número, geral- mente em peso) ao longo do eixo Y. As distribuições de frequência podem ser de dois tipos. Série discreta, em que as variáveis independentes crescem por incrementos definidos, sem gradação entre os valores. Na série discreta cada valor da variável está em grupo separado de itens, de modo que não pode ser traçada uma curva de contornossuaves pelos pontos determinados pelos dados. Exemplo: valores da moeda. O segundo tipo de distribuição de frequência é a distribuição contínua, em que a variável independente aumenta por valores infinitesimais ao longo da distribuição, isto é, existe uma completa gradação de um valor para outro. E óbvio que, quase sempre, os dados ligados aos estudos sedi- mentológicos caem na classe das distribuições contínuas. Ocorre em uma amostra de sedimento uma completa gradação de tamanho das partículas, desde os mais finos até os mais grosseiros. Em dados de distribuição contínua não há agrupamentos inerentes, mas algum tipo de classificação é necessária para analisar os dados. Assim, são escolhidos limites arbitrários que deter- minam os intervalos de classes. Então a análise granulométrica está preocu- pada em determinar a distribuição de frequência ou abundância dentro das classes ou intervalos granulométricos arbitrariamente estabelecidos. HISTOGRAMA COMO INSTRUMENTO ESTATÍSTICO O histograma é um dos gráficos mais usados na apresentação de fre- quência granulométrica dos sedimentos, provavelmente em virtude da rapidez e facilidade de compreensão, esclarecendo imediatamente diferenças e simi- laridades das amostras. Nos histogramas pode ser observado, por exemplo, determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 75 que uma determinada classe é mais abundante e que as frequências diminuem em ambos os sentidos a partir desta classe. A classe mais abundante é chamada de classe modal. Pela extensão de espalhamento (número de classes granu- lométricas) pode-se ter ideia da variação granulométrica e, portanto, do grau de seleção das amostras. Finalmente pode-se verificar se as frequências de distribuição são simétricas ou não. Infelizmente os histogramas sofrem a influência dos intervalos de classes usados e então a forma varia de acordo com os limites de classes escolhidos. As dificuldades surgem porque se tenta representar uma distribuição con- tínua de frequência como se ela fosse de classes discretas. É por isso que na estatística se recomenda o uso de curvas contínuas e suaves para representar dados de distribuições contínuas. CURVAS ACUMULATIVAS COMO INSTRUMENTO ESTATÍSTICO As dificuldades surgidas, devido à influência de intervalos de classes nos histogramas, resultaram na ampla adoção das curvas acumulativas nos estudos sedimentológicos. As experiências têm demonstrado que, enquanto os histogramas variam com os intervalos de classes escolhidos, as curvas acumulativas permanecem quase que constantes, independentes dos limites cie classes. As curvas acumulativas também podem dar as indicações fornecidas pelos histogramas sobre a natureza de frequência granulométrica dos sedi- mentos. A classe modal está situada na parte mais inclinada da curva. Irregu- laridades nas curvas, através da acentuação da declividade da curva, indicam classes modais secundárias. Do mesmo modo, grau aproximado de seleção e de espalhamento da constituição granulométrica dos sedimentos podem ser deduzidos a partir da tendência geral das curvas acumulativas. Na Fig. 22 têm-se curvas acumulativas de quatro tipos diferentes de sedimentos. Um D I Â M E T R O E M M M Figura 22. Curvas acumulativas típicas de alguns sedimentos característicos (Segundo Krumbein e Sloss, 1963) / b introdução à sedimentologia rápido exame permite constatar que as areias fluviais e de dunas são bem selecionadas, sendo a segunda mais selecionada que a primeira e mais simé- trica. O "loess" e o folhelho são bem mais finos e o primeiro é mais selecionado que o segundo. Os dados desses mesmos sedimentos poderiam ser represen- tados em papel de probabilidade aritmética. Neste caso, a ordenada é repre- sentada em escala de probabilidade e na abscissa usa-se a escala (j> de Wentworth. Da mesma maneira poderia ser usada a escala zeta em corres- pondência aos graus de Atterberg. Na Fig. 23 têm-se as relações entre as escalas logarítmicas e os diâmetros em milímetros. E S C A L A Z E T A — * J ° t 1 • • • L . , . . , " i 2 0 109 1 - T — . D I Â M E T R O EM MM m x '— 1 1 1 "1 - J — 4 - 1 - 4 5 - 2 - 1 o 1 F S r A i A a 2 3 - i 0 1 2 3 E S C A L A F l »• Figura 23. Relação entre escala logarítmica e diâmetro em milímetros. A escala zeta é adaptada à escala de Atterberg, e a escala fi à escala de Wentworth (Segundo Krumbein e Pettijohn, 1938) INTRODUÇÃO ÀS MEDIDAS ESTATÍSTICAS Embora muita coisa em relação às frequências granulométricas possa ser mostrada por métodos puramente gráficos, é mais conveniente termos as características das curvas expressas em números. Os estatísticos têm desen- volvido fórmulas analíticas, que permitem expressar as características das curvas em função das frequências de distribuição. A Fig. 24 (Krumbein e Pettijohn, 1938) mostra seis curvas de frequência simples, todas desenhadas na mesma escala. As curva A e B são simétricas, mas a primeira possui pico menos acentuado que a segunda; e tanto A como B são menos amplamente espalhadas (portanto, mais selecionadas) que C. As curvas D, E e F são todas assimétricas e são inclinadas ou desviadas em sentidos opostos. A curva D mostra o maior grau de assimetria. Para expres- sarmos numericamente essas diferenças entre as curvas, que poderiam repre- sentar resultados de análises granulométricas de amostras de sedimentos, necessitamos das medidas estatísticas. MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL As medidas de tendência central são, provavelmente, os parâmetros estatísticos mais importantes. Em geral, esses valores caracterizam a classe granulométrica mais frequente, embora tal não suceda em curvas assimétricas. Essas medidas de tendência central são denominadas médias e incluem: diâmetro médio aritmético, mediana, diâmetro modal, diâmetro médio geométrico, etc. determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 77 . G R A N U L O M E T R I A G R A N U L O M E T R I A f G R A N U L O M E T R I A G R A N U L O M E T R I A Figura 24. Curvas de frequência de distribuição granulométrica. A abscissa pode ser diâmetro em milímetros, logaritmos de diâmetros ou outra escala (Segundo Krumbein e Pettijohn, 1938) Do ponto de vista sedimentológico a granulação média de um sedimento é de interesse porque indica a ordem de magnitude dos tamanhos das par- tículas. A granulação média é também útil na comparação de amostras co- letadas segundo o sentido de transporte dos sedimentos ao longo de um rio ou praia. Curvas de valores de granulometrias médias em função da distância podem mostrar as leis que regem essas relações. Do mesmo modo, podem ser construídos mapas mostrando variações da granulação média dentro de um determinado ambiente, para ser usado como base no raciocínio geo- lógico sobre as causas dessas variações. MEDIDAS DE GRAU DE DISPERSÃO O U ESPALHAMENTO Duas curvas de frequência com os mesmos diâmetros médios podem ter graus de dispersão completamente diferentes, tais como as curvas A e C da Fig. 24 (Krumbein e Pettijohn, 1938), porque o valor médio representa simplesmente o ponto central e não indica nada sobre o espalhamento dos dados em ambos os lados do ponto central. Logo tornam-se necessárias medidas do grau de dispersão dos dados em torno da tendência central. Tais medidas são o desvio médio, o desvio padrão, o desvio dos quartéis, etc. Do mesmo modo que nas granulometrias médias o problema dos estatís- 78 introdução à sedimentologia ticos consiste da escolha de medidas apropriadas para expressar essas carac- terísticas. Do ponto de vista geológico, a dispersão média das curvas, que significa a tendência de os grãos se distribuírem em torno do valor médio, é uma outra característica importante dos sedimentos. Alguns agentes geológicos são mais efetivos como agentesselecionadores, e isto pode se manifestar nos sedimentos pelo maior ou menor selecionamento das partículas em função das suas granulações. Teoricamente, poder-se-ia esperar por sedimentos de seleção perfeita aqueles que fossem constituídos por uma única classe, mas em quaisquer situações naturais ocorrem desvios dessa medida, em virtude das flutuações na velocidade da corrente, forma e densidade dos grãos, etc. Consequentemente, o grau de dispersão das frequências granulométricas dos sedimentos podem se constituir em importante chave para desvendar a natureza dos depósitos sedimentares. Por exemplo, é bem conhecido que a seleção dos sedimentos aumenta ou decresce no sentido de transporte. Perfis de valores de dispersões médias ao longo de uma linha transversal ou mapas de espalhamento médio de uma formação podem fornecer as chaves para identificarmos variações no agente deposicional. MEDIDAS DO GRAU DE ASSIMETRIA Duas curvas podem ter a mesma granulometria média e o mesmo grau de dispersão, mas podem ter graus de assimetria diferentes. Esta situação pode ser aproximadamente constatada pelas curvas A e E (Fig. 24). Assim, é necessário ter-se uma medida da tendência dos dados de se dispersarem de um ou do outro lado da média. Este parâmetro é denominado de grau de assimetria e, como pode ocorrer à direita ou à esquerda do diâ- metro médio, assume valores positivos ou negativos. Desta maneira as curvas E e F (Fig. 24) estão desviadas em sentidos opostos; a escolha do sentido positivo ou negativo pode ser convencional. Em casos de assimetria extrema, como no caso da curva D (Fig. 24), podem ser necessárias medidas adicionais para descrever a forma da curva ou aplicar métodos matemáticos para tornar a curva simétrica (normalização), mudando-se a variável independente. A assimetria é um atributo dos sedimentos ainda pouco conhecido. Quando as curvas granulométricas são construídas com os diâmetros em milímetros, como variável independente, quase sempre elas mostram tipos extremos de assimetria, mas o grau de assimetria é reduzido quando os logaritmos dos diâmetros são usados como variáveis independentes. Por essa razão é, muitas vezes, matematicamente mais simples analisar os dados sedimento- lógicos em base logarítmica. O significado físico da assimetria não pode ser interpretado muito facilmente, porque, por exemplo, erros de amostragem podem se manifestar em forma de assimetria ou porque mais de uma frequência de distribuição granulométrica foi incluída em uma única amostra, em virtude da má seleção das amostras ou porque a amostra de uma única população é muito pequena para refletir os atributos da distribuição original. Do mesmo determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 79 modo, a assimetria pode resultar da ação de agente com transporte seletivo removendo apenas uma porção do material. Segundo Gripenberg (1934), a assimetria teria significado genético em alguns casos e sedimentos depo- sitados por uma corrente uniforme podem aumentar o grau de simetria, quando o material é seguido no sentido do seu transporte. Relativamente poucos são os estudos feitos sobre a variação dos graus de assimetria dentro dos depósitos sedimentares, e os dados são insuficientes para estabelecermos generalizações. A presença quase universal da assimetria nos sedimentos, especialmente em termos de diâmetro como variável inde- pendente, sugere que existe uma relação genética entre os agentes de trans- porte e a assimetria, assim como sugeriu Gripenberg, e que os graus de assi- metria podem variar em área de acordo com leis próprias. MEDIDAS DE GRAU DE AGUDEZ DOS PICOS (Peakedness) Curvas de frequências granulométricas com mesmo grau de assimetria podem apresentar diferentes graus de agudez de picos. As curvas A e B da Fig. 24 ilustram esta diferença. A curva B possui pico mais pronunciado do que A. Medidas estatísticas idealizadas para expressar este atributo são as medidas de curtose. Não se conhece muito sobre o significado geológico da curtose nos sedimentos. Parece estar relacionada à ação seletiva do agente geológico, mas a soma total dos fatores, que entram nos processos seletivos, não é co- nhecida. As curtoses das curvas, especialmente de distribuições simétricas, possuem um significado geométrico definido, mas não se conhece seu sig- nificado físico ou geológico. Não existem estudos completos sobre a variação em área dos valores de curtose e virtualmente pouco se conhece sobre sua magnitude ou frequência nos sedimentos. DISTRIBUIÇÕES DE FREQUÊNCIAS ARITMÉTICAS E LOGARÍTMICAS Tipos de curvas de assimetrias extremas como mostrada na curva D (Fig. 24, já vista) são comumente encontrados nos estudos sedimentológicos, especialmente quando os dados são lançados com diâmetros em milímetros como variável independente. Quando os mesmos dados são lançados com os valores dos logaritmos dos diâmetros como variáveis independentes, a curva torna-se mais simétrica. Esta influência da escala logarítmica de tornar as curvas mais simétricas foi mencionada anteriormente, mas aqui o assunto será discutido em termos de aplicação de medidas estatísticas aos dados. Do ponto de vista matemático é mais simples descrever uma curva simétrica do que assimétrica. Uma curva simétrica pode ser descrita somente em função de duas medidas: granulometria média e grau de dispersão em torno da média. Se a curva for moderadamente assimétrica, três medidas normal- mente satisfarão, mas nos casos de curvas extremamente assimétricas o trabalho envolvido no cálculo de número necessário de medidas torna-se 80 introdução à sedimentologia tedioso. Assim, do ponto de vista de conveniência, somente o efeito de tornar as curvas mais simétricas com o uso de escalas logarítmicas é amplamente justificável. Existe, no entanto, outra justificativa: muitos sedimentólogos preferem lançar os seus dados em escala logarítmica, porque as classes granu- lométricas tornam-se equidistantes, facilitando assim a interpretação dos resultados. Uma precaução importante nas práticas sedimentológicas é que a iden- tidade das variáveis independentes deve ser sempre conhecida, de modo que em quaisquer pontos das curvas de análises os resultados possam ser convertidos para qualquer tipo de escala. MEDIDAS DOS QUARTÉIS E DOS MOMENTOS Conjugado com o problema da escolha de variáveis independentes adequadas para os dados sedimentológicos temos o problema da seleção de conjuntos de medidas em termos de teorias matemáticas, que suportam este tratamento. Na prática da estatística convencional dois tipos de medidas têm sido usados.. MEDIDAS DOS QUARTÉIS Quando as frequências de distribuição granulométrica dos sedimentos são arranjadas em ordem de suas magnitudes, com as menores partículas em um dos extremos (geralmente do lado direito) e com uma gradação con- tínua para as maiores partículas (geralmente do lado esquerdo das curvas), é possível escolher certas partículas como representantes de valores signi- ficativos. A granulometria da partícula correspondente a 50% da distribuição é chamada de mediana. Para se determinar a dispersão das granulometrias em torno da mediana, duas outras medidas de granulometria são tomadas nas curvas. A primeira medida é de partículas maiores que 1/4 da distribuição (primeiro quartel) e a segunda medida é das partículas maiores que 3/4 da distribuição (terceiro quartel). Medidas de dispersão são baseadas nas dife- renças ou razões entre os dois quartéis, dependendo se são consideradas medidas de dispersão aritméticas ou geométricas. Do mesmo modo, medidas logarítmicas são baseadas nos logaritmos dos quartéis. Para medidas de assimetria é feita uma comparação entre o valor da mediana com a média entre o primeiro e o terceiro quartéis, tanto aritmética como geométrica ou logaritmicamente.Um fato importante das medidas dos quartéis é que elas são confinadas à metade central da distribuição de frequência e os valores obtidos não são influenciados pelas partículas extremas, tanto maiores como menores. Além disso, as medidas dos quartéis são efetuadas muito rapidamente e maior parte dos dados pode ser obtida diretamente da curva acumulativa por processos gráficos. Por essas razões, as medidas dos quartéis têm sido usadas intensivamente em trabalhos sedimentológicos e são aplicáveis mesmo a determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 81 conjuntos incompletos de dados. Esta é uma vantagem para os sedimentos de granulação fina, em que parte do material está além dos tamanhos abran- gidos pelos métodos comuns de análises granulométricas. MEDIDAS DOS MOMENTOS Em contraste com o método de medidas dos quartéis, as medidas dos momentos são influenciadas por todos os indivíduos da distribuição, desde os mais finos até os mais grosseiros. As medidas dos momentos são matema- ticamente mais complicadas do que as medidas dos quartéis e elas envolvem cálculos bastante trabalhosos. No entanto, as medidas dos momentos são extensivamente usadas nas práticas da estatística convencional devido à sua grande sensibilidade à influência de cada membro da distribuição e a sua base matemática mais unificada. Um entendimento mais global da natureza dos momentos não é possível sem o recurso do cálculo, mas, feliz- mente, com o uso do computador os significados geométricos podem ser avaliados sem um conhecimento matemático profundo. Como os momentos são afetados pelo valor de cada grão na distribuição, sua aplicação aos dados sedimentológicos é mais limitada. Quando as análises são expressas de tal modo que todos os materiais mais finos (ou mais grosseiros), em vez de uma dada classe, são agrupados em uma única classe, os valores dos momentos mais altos ficarão distorcidos. Entretanto, técnicas aperfeiçoadas de análise, especialmente entre os sedimentos de granulação fina, podem remediar esta dificuldade. QUESTÃO DE FREQUÊNCIA Os dados sedimentológicos diferem conspicuamente da maioria dos dados estatísticos convencionais em um aspecto. As frequências em dados sedimentológicos são geralmente expressas em peso em vez de número e, além disso, em forma de frequência percentual relativa e não em frequência absoluta. Não foram feitas investigações amplas sobre o problema que advém desta diferença, e o problema ainda não está solucionado. Do ponto de vista geológico o problema da frequência pode ser consi- derado sob vários ângulos. Em termos de energia cinética do meio trans- portador, o trabalho necessário para movimentar seixos varia diretamente com a sua massa (peso), considerando a velocidade da corrente constante. Portanto existe uma relação física entre peso e energia. Por outro lado, sob uma forma geométrica determinada, a frequência numérica pode ser con- vertida em frequência em peso, e logo existe também uma relação entre número e energia. Mas, se número ou peso deve ser tomado como frequência mais significativa, ainda não está resolvido. Se a conveniência for tomada como um critério, existirá pouca dúvida que na maior parte dos casos peso é uma variável muito mais rapidamente determinável do que número, especialmente entre os grãos mais finos. Um ponto importante a ser enfatizado aqui é a frequência ser sempre variável 82 introdução à sedimentologia dependente e, portanto, a interpretação física dos dados pode variar com a maneira de se expressar a frequência; o significado geométrico das medidas estatísticas é o mesmo, independente da escolha particular do tipo de fre- quência. ANÁLISE ESTATÍSTICA DE DADOS GRANULOMÉTRICOS Os parâmetros de análise estatística em uso mais corrente, hoje em dia, são calculados com base em dados extraídos graficamente de curvas acumu- lativas de distribuição de frequência das amostras de sedimentos analisados. Estes parâmetros são geralmente calculados com dados granulométricos na escala <p de Krumbein e servem para caracterizar a curva no que diz respeito a sua tendência central, grau de dispersão, grau de assimetria e grau de agudez dos picos, já anteriormente discutidos. As unidades <p granulométricas são encontradas por conversão a partir da escala de Wentworth em mm, onde <p é - log 2 do diâmetro em mm (veja o gráfico de conversão: Fig. 5). Este método tem a vantagem de não precisar usar frações decimais muito longas para os diâmetros de partículas muito pequenas e além disso para as granulometrias mais comuns os valores <p são positivos. Para se obter os parâmetros requeridos para a descrição mais efetiva das amostras, os resultados das análises granulométricas são geralmente lançados em curvas acumulativas por pontos indicando partículas sedi- mentares mais grosseiras do que cada valor fixado. Sobre o eixo das abscissas os valores das unidades <p crescem da esquerda para a direita; isto significa que os sedimentos finos estão do lado direito da abscissa. A ordenada é usada para frequências acumulativas, onde as porcentagens aumentam para cima. Essas curvas acumulativas podem ser construídas em papéis comuns de gráficos (por exemplo, em papel milimetrado), mas neste caso os extremos das curvas tornar-se-iam difíceis de serem interpretados. Um sedimento normal sobre este tipo de papel mostrará uma curva em forma de "S", come- çando na parte basal esquerda e terminando no topo à direita do gráfico. Como as caudas das curvas são de grande importância na análise das carac- terísticas dos sedimentos, é interessante que os valores de porcentagens mais grosseiras e mais finas possam ser lidos nessas partes das curvas. Isto pode ser feito quando as curvas são construídas sobre o papel de probabilidade aritmética, que tem uma escala de probabilidade usada como ordenada para lançar as frequências percentuais. Este tipo de papel tem a vantagem de, nas curvas de distribuição normal, resultar em linha reta, de tal modo que constitui um meio eficiente para se ter, em um relance dos olhos, a veri- ficação da normalidade de uma distribuição. Um gráfico bastante simples deste tipo é mostrado na Fig. 25 (King, 1966). Os valores das granulações de porcentagens significativas, mais grosseiras que certos valores, podem ser lidos diretamente sobre o gráfico. Porcentagens mais comumente usadas são: 5, 16, 25, 50, 75, 84 e 95",,. Usando-se estes valores torna-se possível determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 83 Figura 25. Exemplos de distribuição granulométrica de amostras de areia analisadas por peneiramento a seco, em papel de pro- babilidade aritmética e unidade <p. Ambas são areias de praia (Segundo King, 1966) 1— - 9 9 , 9 - 9 9 , 8 A / B / • 9 9 , 5 • 9 9 - 9 8 I I * . 9 5 / I w _ / 1 w . 9 0 ' 1 ta 1 ° • 8 4 1 ce • 8 0 / ° • 7 0 / 0 1 - 6 0 / "* / s - 5 0 • 4 0 / z - 3 0 / • • 2 0 TA - 1 6 f z • 1 0 / UJ o - 5 / tt o " 0. • 2 1 y • 1 1 1 2 ' i 3 t 1 descrever os sedimentos em termos de suas várias propriedades, incluindo a média e a mediana, que fornecem as medidas de tendência central e também o grau de seleção, o grau de assimetria e a curtose podem ser considerados. Em seguida descreveremos estas várias medidas que podem ser obtidas dos dados de leituras de curvas acumulativas. TENDÊNCIA CENTRAL As medidas de tendência central usadas desde longa data tem sido o diâmetro mediano, isto é, o valor da granulação no ponto correspondente a 50",; da distribuição sobre os gráficos de frequências acumulativas, e de- fine a granulometria que separa a amostra analisada em duas metades iguais em peso. A mediana, no entanto, não leva em consideração as distribuições granulométricas em ambos os ladosdos 50%. Então existe uma outra ma- neira de expressar a tendência central, que é através do valor médio: se a curva for simétrica a mediana e o diâmetro médio terão valores iguais, mas, se a amostra for assimetricamente distribuída, a média diferirá da mediana! Inman (1952) define o diâmetro médio pela fórmula A vantagem da média aritmética é que ela é mais conveniente para as análises matemáticas; é a média de uma série de amostras e pode ser obtida pela soma dos valores nas amostras dividida pelo número de amostras. Os valores escolhidos por Inman fornecem valores bastante próximos da- queles obtidos por outros métodos matemáticos sem o uso de curvas acu- 84 introdução à sedimentologia mulativas, mas, como o uso do gráfico é mais rápido do que outros métodos, ele é preferível aos analíticos. A mediana situa-se no valor de ordenada que divide a distribuição em duas áreas iguais, enquanto que o diâmetro médio fornece o valor do diâmetro do centro de gravidade da curva de distribuição de frequência. Quando se usa escala em milímetro em vez de escala <p, o diâmetro médio, Md>, fornecerá uma média logarítmica em milímetros, enquanto que o diâmetro médio é aritmético em unidades ^ se o valor <j> for convertido em milímetros, ele dará a média geométrica da distribuição granulométrica em milímetros. Folk e Ward (1957) mostraram que o valor de Inman para a média fornece um bom resultado para curvas de distribuição aproximadamente normais, mas, quando as curvas são muito assimétricas ou bimodais, os resultados serão insatisfatórios; e assim eles sugeriram uma forma modificada para o diâmetro médio: M z = </>16 + 050 + ^84. Este valor é proposto porque 0 1 6 fornece uma média razoável para o terço (1/3) mais grosseiro da amostra e <p84 para o terço mais fino, en- quanto que r/>50 fornece uma média do terço intermediário, dando assim uma visão mais completa da curva de distribuição. Isto quer dizer que Mz foi proposto para se obter um valor mais preciso, quando comparado com o método de cálculo da média dos momentos. Folk e Ward sugerem que o diâmetro médio seja uma medida melhor que a mediana, para expressar a granulometria do sedimento e, normalmente, a mediana não deve ser usada já que possui eficiência muito pequena em certos casos de distribuição. Uma outra medida da tendência central é a moda, mas é difícil encontrar uma definição numérica representativa da moda. A moda é a granulometria mais frequente. Amostras de sedimentos, tais como areias conglomeráticas, podem ter duas ou mais modas, em que a mais abundante é chamada de moda primária e as outras são secundárias ou subordinadas. Folk e Ward sugerem que ela possa ser encontrada por tentativa e erro, sendo o objetivo o de localizar o ponto em que, no intervalo de classe 0,5$, o peso seja máxi- mo. Assim, examinamos as porcentagens entre 1,1 e 1,60; depois entre 1,2 e 1,70, etc, até que o valor máximo seja encontrado. O uso do resultado, quando ele tiver sido encontrado, resume no fato de ele fornecer alguma medida do grau de seleção na parte da curva próxima da moda. Mas ela é pouco usada, sendo a mediana e o diâmetro médio os parâmetros mais usados para definição da tendência central. Dessas medidas de tendência central, o diâmetro médio é inegavelmente o mais importante. Geologicamente ele reflete a média geral de tamanho dos sedimentos, sendo afetada pela fonte de suprimento do material, pelo processo de deposição e pela velocidade da corrente. As curvas de variação do diâmetro médio em função da distância a partir da fonte resultam em curvas exponenciais (Krumbein, 1937). É mais representativa que a .mediana, determinação das propriedades das rochas sedimentares em laboratório 85 pois que esta, baseando-se apenas em um ponto da curva de distribuição (50%), com frequência pode apresentar iguais valores para sedimentos, que apresentam curvas de distribuição completamente diferentes. Recentemente, no entanto, tem sido despertada a atenção para as modas como parâmetro especialmente útil no estudo de fontes mistas de material com grande significado genético, provavelmente maior que o do diâmetro médio, na decifração da origem dos sedimentos (Curray, 1960; Brezina, 1963). McCammon (1962), em um trabalho extremamente interessante, deter- minou os graus de eficiência na aproximação das médias dos momentos calculados a partir de distribuições normais, de medidas de médias pro- postas por vários autores, tendo encontrado os seguintes resultados: Trask(1930) Mediana, 0 5 O 64% Otto (1939) e Inman (1952) Mà> = (4>16 + 0 8 4 ) /2 74% Folk e Ward (1957) Mz = ( 0 1 6 + 0 5 Q + é>S4)/3 88 % McCammon (1962) (<f>10 + 0 3 O + 0 5 O + 0 7 o + 0 9 o)/5 93 % McCammon (1962) (0 5 + (t>í5 + 4>25 + •••• + i>S5 + <t>95)/W 97% Os graus de eficiência estão representados em porcentagem. GRAU DE SELEÇÃO O grau de seleção nas amostras é um outro aspecto importante das análises granulométricas dos sedimentos. O desvio-padrão pode ser usado como uma medida da dispersão. A razão por que usamos valores em d) cor- respondentes aos percentis d>16 e <j>84 é que estes podem ser usados direta- mente para fornecer o desvio-padrão da distribuição. Em uma curva normal, cerca de 2/3 da amostra ficam situados dentro dos valores dados pelo desvio- -padrão. Inman sugeriu um parâmetro chamado medida de desvio <p (<p de- viation measure), que é calculado pela fórmula. Oíp = y ( 0 8 4 - 0 1 6 ) . Este parâmetro fornece o desvio-padrão da curva em termos de uni- dades Wentworth, porque uma unidade <p é igual a uma divisão Wentworth. Em uma curva muito assimétrica o desvio-padrão d> pode diferir do desvio- -padrão dos momentos calculados matematicamente. O processo acima pode ser comparado à fórmula antiga, que já foi usada, isto é, o coeficiente de seleção de Trask (1932) dado pela fórmula: So = yfQJQT3. Trask usa na sua fórmula os quartéis inferior e superior da curva de frequência, isto é, os valores de percentis (p15 e <p25 na escala em mm. Fica claro que esta fórmula considera menos os comportamentos das caudas da distribuição do que a fórmula de Inman, além disso é mais desprovida de bases mate- máticas e não possui nenhuma conexão com o desvio-padrão. Novamente
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