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sustentabilidade aula 7

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Aula 7: Sustentabilidade
Algumas pessoas acreditam que temos a responsabilidade ética de não degradar os ecossistemas, a biodiversidade e a biosfera para todas as formas de vida, assim como acreditam que qualquer visão do mundo centrada no ser humano falhará no final, pois ela assume, de forma errada, que agora temos ou podemos ter conhecimento suficiente para nos tornarmos gerentes ou administradores efetivos da Terra (Miller Junior, 2007). 
O mesmo autor afirma que esses críticos, apontam que não sabemos como muitas espécies vivem na Terra, muito menos quais são seus papéis, como interagem umas com as outras e como é seu ambiente não vivo. Temos apenas uma suspeita do que acontece em um punhado de solo, em uma campina ou em qualquer outra parte da Terra. 
A partir dessa informação, surge uma questão: Se não conhecemos o suficiente a Terra e nem temos a capacidade de reproduzir esse grande sistema, por que, então, a estamos  destruindo (mesmo sabendo que ela é um recurso esgotável)?
Visões de mundo
Antes de entrarmos nos conceitos e objetivos da sustentabilidade, tal qual ela o é, vamos continuar lendo o texto de Miller Junior (2007) para podermos entender melhor as explicações da aula:Alguns críticos acreditam que as visões de mundo ambientais centradas no ser humano deveriam ser expandidas para reconhecer o valor intrínseco ou inerente de todas as formas de vida, independentemente de seu uso potencial ou real para os seres humanos. A maioria das pessoas que têm essa visão de mundo acredita que temos responsabilidade ética de evitar a extinção prematura de espécies por meio de nossas atividades por três razões. 
1º Cada espécie é depósito único de informações genéticas e deveria ser respeitada e protegida simplesmente porque existe (valor intrínseco). 
2º Cada espécie é um bem econômico potencial para uso humano (valor instrumental). 
3º Populações de espécies são capazes, por meio da evolução e da especiação, de se adaptar às mudanças das condições ambientais.
Alguns acreditam que devemos ir além de focar nas espécies. De acordo com essas pessoas, temos responsabilidade ética de não degradar os ecossistemas, a biodiversidade e a biosfera para esta e para as futuras gerações de seres humanos e de outras espécies.  Essa visão de mundo ecocêntrica é dedicada à preservação da biodiversidade e do funcionamento de sistemas de suporte à vida para todas as vidas. 
Uma das visões de mundo centradas na Terra é chamada visão de mundo de sabedoria ambiental. Em muitos aspectos, ela é o oposto da visão de mundo de gestão planetária. 
De acordo com essa visão de mundo, somos parte – não estamos isolados – da comunidade de vida e dos processos ecológicos que sustentam todas as formas vivas. 
Manejo Planetário Nós estamos afastados do restante da natureza e podemos utilizá-la satisfazer nossas necessidades e desejos crescentes.
Por causa de nossa inventividade e tecnologia não haverá falta de recursos.
O potencial para o crescimento econômico é ilimitado. 
Nosso sucesso depende de quão bem utilizaremos os sistemas de suporte à vida principalmente em nosso benefício
Gerenciamento Temos responsabilidade ética de sermos os gerentes ou administradores cuidadosos da Terra.
Provavelmente não ficaremos sem recursos, mas eles não devem ser desperdiçados
Deveríamos encorajar formas benéficas de crescimento econômico e desencorajar as formas prejudiciais ao meio ambiente. 
Nosso sucesso depende de quão bem utilizaremos os sistemas de manutenção da vida em nosso benefício e do restante da natureza. 
Sabedoria Ambiental Nós somos uma parte da natureza e dependemos dela; a natureza existe para todas as espécies.
Os recursos são limitados, não são exclusividade nossa. 
Deveríamos encorajar formas sustentáveis de crescimento econômico e desencorajar as formas degradantes.
Nosso sucesso depende de aprender como a natureza se sustenta e integrar essas lições ao nosso modo de pensar.
Visão de conjunto
Agora ficou mais claro como podemos ter visões de mundo diferentes. Nosso desafio é tentarmos focar naquela que se reverta em benefício conjunto: Terra, homem e outras formas de vida. 
Mas, e as definições de sustentabilidade, o que é afinal sustentabilidade? 
Miller Junior (2007), coloca que sustentabilidade é a capacidade dos diversos sistemas da Terra, incluindo as economias e sistemas culturais humanos, de sobreviverem e se adaptarem às condições ambientais em mudança. 
Segundo o mesmo autor, a primeira etapa é conservar o capital natural da Terra – os recursos e serviços naturais que mantêm a nossa e outras espécies vivas e que dão suporte às nossas economias. 
Renda natural 
O primeiro passo em direção à sustentabilidade é entender os componentes e a importância do capital natural e da renda natural ou biológica que ela fornece. 
Para os economistas, capital é a riqueza para sustentar uma empresa e gerar mais riqueza. O capital financeiro pode gerar renda financeira. Por exemplo, suponha que você invista R$ 10.000,00 e obtenha 10% de retorno sobre o valor aplicado ao ano. Em um ano você terá R$ 1.000,00 de rendimento e aumentará seu capital para R$ 11.000,00. 
Por analogia, os recursos renováveis que compõem parte do capital natural da Terra, podem nos fornecer uma renda biológica indefinidamente renovável, desde que não usemos esses recursos mais rápido do que a natureza o renova. Por exemplo, os serviços naturais, como a reciclagem de nutrientes e o controle do clima (incluindo a precipitação), renovam os recursos naturais, como a superfície do solo e os depósitos de água subterrâneos (aquíferos). A sustentabilidade significa sobreviver com essa renda biológica sem exaurir ou degradar o capital natural que a fornece (Miller Junior, 2007). 
Sustentabilidade na sociedade atual
Vamos ler agora, o texto modificado de Reis, Fadigas e Carvalho (2009) para entendermos os objetivos da sustentabilidade na sociedade atual: Desde as primeiras discussões relacionadas ao meio ambiente, nas quais é possível ressaltar o papel coordenador da Organização das Nações Unidas (ONU), vários acordos ambientais têm sido negociados e inúmeros fóruns de discussão criados com o objetivo de repensar o modelo economicista adotado para o desenvolvimento e de conter o encaminhamento para a exaustão dos recursos naturais. 
Embora ocorram grandes discussões, a implementação de ações objetivas tem sido muito lenta, em grande parte devido à complexidade do cenário multifacetado das nações, ao desequilíbrio da organização institucional do mundo e aos interesses políticos e econômicos específicos. 
É percebido, que nos últimos 20 anos, a agenda ambiental internacional e a busca pela sustentabilidade têm evoluído tanto no sentido de implementar  os acordos já assinados, como no sentido de encontrar formas de proteger outros recursos naturais essenciais como, por exemplo, mananciais de água. Muito trabalho tem sido feito principalmente em nível político e científico. No setor econômico nota-se ainda cautela no sentido de adotar formas de produção sustentáveis, mas muitas empresas e setores já se posicionaram progressivamente nesse sentido. 
Muitas companhias internacionais não mais ignoram o fato de que padrões de sustentabilidade irão afetar mais e mais os padrões de consumo da sociedade e as formas de produção e de relação com os consumidores que dominarão o século XXI, sendo, portanto, condicionantes significativos de competitividade. 
Para que se alcancem os objetivos de sustentabilidade é importante que o trabalho iniciado prossiga em diversas frentes, em âmbito global e local, com a modificação dos sistemas produtivos e das práticas de uso dos recursos naturais. 
Para a pesquisadora Elisete Batista da Silva Medeiros, o objetivo da sustentabilidade é colocado sob forma de três restrições que vêm enquadrar a função utilidade intertemporal: 
1 Os recursos naturais devem ser extraídos procurando fazer a substituição por recursos equivalentes.
 2 A exploração dos recursos renováveis deve ser feita respeitando a sua renovação.3 A emissão de rejeitos deve ser compatível com a capacidade de assimilação do ambiente.
Segundo a mesma autora, o fator determinante da sustentabilidade é a rede de relações entre cinco componentes que configuram um determinado modelo de ocupação territorial, a partir de então pode se propor que a sustentabilidade depende das inter-relações entre seu/sua: população, referente a seu tamanho, sua composição e dinâmica demográfica; organização social, referente aos padrões de produção e de resolução de conflitos, e estratificação social; entorno, refere-se ao ambiente físico e construído, processos ambientais, recursos naturais; tecnologia, no que tange à inovação, ao progresso técnico, ao uso de energia; aspirações sociais, quanto aos padrões de consumo, os valores e a cultura. 
Novo estilo de desenvolvimento
Quando o ser humano constitui a razão de ser do processo de desenvolvimento significa defender com razões e argumentos um novo estilo de desenvolvimento que seja: 
Ambientalmente sustentável no acesso e no uso de recursos naturais conjuntamente com a preservação da biodiversidade. 
Socialmente sustentável na redução da pobreza e das desigualdades sociais e promovendo a justiça e a equidade.
Culturalmente sustentável na conservação de valores, práticas e símbolos de identidade.
Politicamente sustentável ao aprofundar a democracia e garantir o acesso e a participação efetiva da população no processo de decisão de ordem pública, ainda segundo Medeiros.   
Esse estilo é guiado por uma nova ética de desenvolvimento, ética essa na qual os objetivos econômicos do progresso estão subordinados às leis de funcionamento dos sistemas naturais e aos critérios de respeito e dignidade humana e de melhoria da qualidade de vida das pessoas.    
Essa interpretação reflete um paradigma de desenvolvimento. Além disso, a sustentabilidade do desenvolvimento é resultado da preservação da integridade dos processos naturais que garantem os fluxos de energia e de materiais na biosfera, e que se consiga preservar a biodiversidade do planeta (Medeiros, 2007).
Conclusão 
Nós precisamos entender que a Terra não precisa que a manejemos para que ela avance, mas nós precisamos da Terra para sobreviver. Não podemos salvar o planeta porque ele não precisa ser salvo (Miller Junior, 2007). 
O que precisamos salvar é a existência da nossa e de outras espécies que podem se tornar extintas por causa de nossas atividades, essa é a lição pregada pela sustentabilidade.

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