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CAPÍTULO 1 - Introdução à Imunologia A função fisiológica do sistema imunológico é proteger os indivíduos contra as infecções. A imunidade inata é a primeira linha de defesa, mediada por células e moléculas que estão sempre presentes e prontas para eliminar os microrganismos infecciosos. A imunidade adquirida é mediada por linfócitos estimulados por antígenos microbianos, requer expansão e diferenciação clonal dos linfócitos antes de ela ser efetiva, e responde de forma mais eficaz contra cada exposição sucessiva a um microrganismo. Os linfócitos são as células do sistema imunológico adquirido e as únicas células com receptores distribuídos clonalmente bastante específicos para diferentes antígenos. A IMUNIDADE ADQUIRIDA é formada pela imunidade HUMORAL, na qual os anticorpos neutralizam e erradicam os microrganismos extracelulares e toxinas, e a imunidade CELULAR, na qual os linfócitos T erradicam os patógenos intracelulares. A resposta imunológica adquirida consiste em fases sequenciais: reconhecimento dos antígenos pelos linfócitos, ativação dos linfócitos para que proliferem e se diferenciem em células efetoras e de memória, eliminação dos microrganismos, declínio da resposta imunológica e memória duradoura. Existem diferentes populações de linfócitos que desempenham funções distintas e que podem ser diferenciadas pela expressão superficial de determinadas moléculas na membrana. Os linfócitos B são as únicas células que produzem anticorpos. Os linfócitos B expressam anticorpos de membrana, que reconhecem os antígenos, e a progênie de células B ativadas, chamadas plasmócitos, secretam anticorpos, que neutralizam e eliminam os antígenos. Os linfócitos T reconhecem fragmentos peptídicos dos antígenos proteicos apresentados por outras células. Os linfócitos T auxiliares produzem citocinas que ativam as células fagocitárias para que destruam os microrganismos ingeridos, recrutem linfócitos e ativem os linfócitos B para que produzam anticorpos. Linfócitos T citotóxicos (CTL) matam as células infectadas, hospedando os micróbios no citoplasma. As células apresentadoras de antígeno (APC) capturam os antígenos dos microrganismos que entram pelos epitélios, concentrando-os nos órgãos linfoides e apresentando-os às células T para reconhecimento. Os linfócitos e as APC se organizam nos órgãos linfoides periféricos, onde as respostas imunológicas são iniciadas e desenvolvidas. Os linfócitos virgens circulam através dos órgãos linfoides periféricos em busca de antígenos estranhos. Os linfócitos T efetores migram para locais periféricos de infecção, onde eles atuam a fim de eliminar microrganismos infecciosos. Os plasmócitos permanecem nos órgãos linfoides e na medula óssea, de onde secretam anticorpos que entram na circulação, encontram os microrganismos e os eliminam. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 1. Quais são os dois tipos de imunidade adquirida e que tipos de microrganismos essas respostas imunológicas combatem? Os dois tipos de imunidade adaptativa são a imunidade mediada por célula e a imunidade humoral. A imunidade mediada por célula, mediada por células T, é essencial para a proteção contra patógenos intracelulares. A imunidade humoral ou mediada por anticorpo fornece proteção primariamente contra patógenos extracelulares. 2. Quais são as principais classes de linfócitos e como suas funções se diferenciam? Os linfócitos B expressam imunoglobulina na superfície, que funciona como receptor de antígeno e medeia a imunidade humoral. Após a ativação, os linfócitos se diferenciam em plasmócitos secretores de anticorpos. Os linfócitos T expressam o receptor de antígeno de células T e a maioria expressa CD4 ou CD8 e medeia as respostas imunes mediadas por células. Após a ativação por antígenos peptídicos expressos pelas moléculas de MHC na superfície celular, as células T secretam citocinas, ligantes ativadores ligados à membrana e proteínas citotóxicas. Essas moléculas induzem inflamação, aumentam as funções de fagócitos, promovem respostas de anticorpos de células B e induzem a morte de células infectadas. 3. Quais são as diferenças importantes entre os linfócitos T e B virgens, efetores e de memória? Os linfócitos virgens (naïve) são células B ou T maduras que ainda não encontraram um antígeno estranho. Após a ativação, os linfócitos virgensse diferenciam em células que adquirem a habilidade de proteger contra ou eliminar patógenos. Esses linfócitos são conhecidos como células efetoras. A maior parte das células efetoras morre, mas um pequeno grupo de linfócitos ativados adquire a habilidade de viver por períodos longos, e são conhecidos como células de memória. Os linfócitos de memória não somente se autorrenovam e sobrevivem indefinidamente, mas também respondem mais rápida e vigorosamente quando desafiados por um antígeno. 4. Em que região dos linfonodos os linfócitos T e B estão localizados e como é mantida sua separação anatômica? Os linfócitos B residem nos folículos ou zonas de células B nos órgãos linfoides secundários. As células T residem na zona de célula T no córtex parafolicular dos linfonodos. As células B e T são mantidas nestes locais por citocinas específicas secretadas pelas células estromais no folículo e córtex parafolicular, respectivamente. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 5. Como os linfócitos T virgens e efetores diferem em seus padrões de migração? Os linfócitos virgenspermanecem nos órgãos linfoides secundários e recirculam entre estes órgãos. Os linfócitos efetores são gerados nos linfonodos, mas permanecem no local tecidual onde o antígeno ativador pode estar localizado. CAPÍTULO 2 - Imunidade Inata Todos os microrganismos multicelulares contêm mecanismos intrínsecos de defesa contra as infecções, que constituem a imunidade inata. Os mecanismos da imunidade inata respondem aos microrganismos e não a substancias não microbianas, são específicos para estruturas presentes nas diversas classes de patógenos, são intermediados por receptores codificados na linhagem germinativa e não são acentuados por exposições repetidas. Os receptores tipo Toll (TLR), expressos nas membranas plasmáticas e nos endossomas de diversos tipos celulares, são a maior classe de sistema de receptores da imunidade inata que reconhecem diferentes produtos microbianos, incluindo constituintes da parede celular bacteriana e ácidos nucleicos virais. Alguns receptores da família do NLR reconhecem microrganismos, produtos de células danificadas e outras substâncias, e esses receptores sinalizam através de um complexo de multiproteína citosólica, o inflamasoma, para induzir a secreção da interleucina-1 de citocina pró-inflamatória. Os principais componentes da imunidade inata são o epitélio, os fagócitos, as células dendríticas, as células Natural Killer, as citocinas e as proteínas plasmáticas, incluindo as proteínas do sistema complemento. O epitélio fornece barreiras físicas contra os microrganismos, produz antibióticos e contem linfócitos que podem prevenir infecções. Os principais fagócitos – neutrófilos e monócitos/macrófagos – são células sanguíneas que são recrutadas aos locais de infecção, onde são ativadas pelo envolvimento de diferentes receptores. Os macrófagos ativados destroem microrganismos e células mortas e iniciam o reparo tecidual; essas funções podem ser executadas por diferentes populações de macrófagos. As células natural killer (NK) destroem as células do hospedeiro infectadas com patógenos intracelulares e produzem interferon-gama, uma citocina que ativa os macrófagos para que destruam os microrganismos fagocitados. O sistema complemento é uma família de proteínas que são ativadas sequencialmente por alguns tipos de microrganismos e pelos anticorpos (no braço humoral da imunidade Caio Iezzi – Medicina 2014.2 Para reconhecer os microrganismos,os fagócitos usam uma variedade de receptores que reconhecem carboidratos microbianos e receptores Fc que reconhecem microrganismos recobertos (opsonizados) por anticorpos. Os microrganismos são internalizados nos fagossomas, que se fundem com os lisossomas, onde os microrganismos são destruídos pelas espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio e enzimas lisossomais. 6. Qual o papel das moléculas do MHC no reconhecimento das células infectadas pelas células NK e qual o significado fisiológico desse reconhecimento? As células NK expressam receptores inibitórios que reconhecem moléculas do MHC de classe I nas células hospedeiras e podem então reduzir a ativação das células NK. Nas células viralmente infectadas, as moléculas do MHC de classe I são reguladas negativamente e, portanto, falham em ocupar os receptores inibitórios, e assim as células NK podem ser ativadas para matar estas células infectadas. 7. Qual o papel das citocinas TNF, IL-12 e interferons tipo I na defesa contra infecções? O TNF estimula a inflamação em parte auxiliando os neutrófilos e monócitos recrutados para os locais de infecção. A IL-12 produzida pelos macrófagos e células dendríticas contribui para a ativação das células NK e T. Os interferons tipo I inibem a replicação viral (o estado antiviral). 8. Como as respostas imunológicas inatas acentuam a imunidade adquirida? A resposta imune inata induz a expressão de coestimuladores nas células dendríticas que podem fornecer sinais secundários para a ativação da célula T. As células imunes inatas produzem citocinas que modulam a resposta imune adaptativa. A ativação do complemento como parte da resposta imune inata pode levar à geração de fragmentos do complemento que aumentam a ativação do linfócito B. CAPÍTULO 3 - Captura e Apresentação dos Antígenos aos Linfócitos O desencadeamento das respostas imunológicas contra antígenos proteicos dos microrganismos depende de um sistema especializado de captura e apresentação desses antígenos para que sejam reconhecidos pelas raras células T virgens específicas para qualquer antígeno. Os microrganismos e os antígenos microbianos que entram no corpo através do epitélio são capturados pelas células dendríticas localizadas no epitélio e transportados para os linfonodos regionais, ou pelas células dendríticas residentes nos linfonodos e no baço. Os antígenos proteicos dos microrganismos são apresentados pelas células apresentadoras de antígenos (APC) às células T virgens que circulam pelos órgãos linfoides. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 As moléculas codificadas pelo complexo principal de histocompatibilidade (MHC) realizam a função de apresentar os peptídeos derivados de antígenos proteicos. Os genes do MHC classes I e II que contem fendas de ligação peptídica, onde os resíduos polimórficos ficam concentrados, e regiões constantes que ligam os correceptores CD8 e CD4, respectivamente. As proteínas do compartimento extracelular que são ingeridas pelas APC são degradadas proteolíticamente dentro de vesículas, e os peptídeos gerados se ligam à fenda das moléculas do MHC classe II recém-sintetizadas. O CD4 liga-se à parte constante do MHC classe I porque o CD4 + T auxiliar só pode ser ativado pelos peptídeos associados ao MHC classe I derivados principalmente das proteínas extracelulares. As proteínas produzidas no citoplasma de células infectadas ou que entram no citoplasma por fagossomas são degradadas por proteassomas, transportadas para o reticulo endoplasmático por TAP, ligando-se à fenda das moléculas do MHC classe I recém- sintetizadas. Essas moléculas são reconhecidas pelo CD8 + , e por isso os linfócitos T citotóxicos podem ser ativados somente pelos peptídeos associados ao MHC classe I derivado das proteínas citosólicas. O papel das moléculas do MHC na apresentação de antígenos garante que as células T só reconheçam antígenos proteicos associados a uma célula e que o tipo certo de célula T (célula auxiliar ou citolítica) responda ao microrganismo que possa combater melhor. Os microrganismos ativam as APC para que expressem proteínas de membrana (chamadas de coestimuladores) e secretem citocinas que forneçam sinais que atuam juntamente com os antígenos para estimular as células T especificas. A necessidade desse segundo sinal garante que as células T respondam a antígenos microbianos e não a substancias não microbianas inofensivas. Os linfócitos B reconhecem antígenos proteicos e não proteicos, mesmo em sua configuração original. As FDC apresentam antígenos às células B dos centros germinativos e selecionam células B de alta afinidade durante a resposta imunológica humoral. 1. Quando os antígenos entram através da pele, em que órgãos eles se concentram? Que tipo(s) de célula(s) desempenha(m) um papel importante nesse processo de captura de antígenos? Os antígenos que entram através da pele são capturados pelas células dendríticas que residem na epiderme e derme e são transportados para os linfonodos que drenam a pele, onde os antígenos são concentrados e apresentados aos linfócitos. 2. O que são as moléculas do MHC? Como as moléculas do MHC humanas são chamadas? Como as moléculas do MHC foram descobertas e qual é a sua função? As moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) são proteínas da superfície celular que apresentam os antígenos peptídicos às células T. as proteínas do MHC humanas são chamadas de moléculas HLA. Elas foram inicialmente descobertas como produtos de genes polimórficos que medeiam a rejeição a transplantes. Sua função fisiológica é a apresentação de antígeno. 3. Quais são as diferenças entre os antígenos que são apresentados pelas moléculas do MHC classe I e classe II? adquirida). As proteínas do complemento cobrem (opsonizam) os microrganismos para que sejam fagocitados, estimulam a inflamação e destroem os patógenos. As citocinas da imunidade inata estimulam a inflamação (TNF, IL-1, quimiocinas), ativam as células NK (IL-12) e os macrófagos (IFNgama) e previnem as infecções virais (IFN tipo 1) A inflamação consiste no recrutamento de fagócitos aos locais de infecção e dano tecidual, um processo mediado pela ligação a molécula de adesão endotelial que são induzidas pelas citocinas TNF e IL-1 e pela resposta a quimioatraentes solúveis, incluindo as quimiocinas, fragmentos do complemento e peptídeos bacterianos. A isto se segue a ingestão e destruição de microrganismos e células danificadas. A defesa antiviral é mediada por interferons tipo 1, que inibem a replicação viral, e por células NK, que matam células infectadas. Além da defesa inicial contra as infecções, as respostas imunológicas inatas fornecem sinais que atuam em conjunto com antígenos para a ativação dos linfócitos B e T. Essa exigência de um segundo sinal garante que a imunidade adquirida seja desencadeada po de anticorpo e de célula T (TCR) contêm domínios variáveis que estão envolvidos no reconhecimento de antígeno e domínios constantes que, em casos dos anticorpos, medeiam funções efetoras. Domínios variáveis contêm resíduos que contribuem para o reconhecimento do antígeno. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 CAPÍTULO 5 - Imunidade Mediada pelas Células T Os linfócitos T são as células da imunidade mediada por células, o braço do sistema imunológico adquirido que combate os microrganismos intracelulares, os quais podem ser englobados por fagócitos e viver dentro dessas células ou podem infectar células não fagocitárias. Os linfócitos T também medeiam a defesa contra alguns microrganismos extracelulares e ajudam os linfócitos B a produzir anticorpos. As respostas dos linfócitos T são constituídas de etapas sequenciais: reconhecimento de microrganismos associados a células pelas células efetoras e células de memória. As células T utilizam seus receptores para antígenos para reconhecer os antígenospeptídicos apresentados pelas moléculas do MHC presentes na superfície das células apresentadoras de antígenos (APC), que são responsáveis pela especificidade da resposta resultante, e os resíduos polimórficos das moléculas do MHC, que são responsáveis pela restrição das respostas das células T ao MHC. O reconhecimento de um antígeno pelo TCR desencadeia sinais que são liberados para o interior das células por moléculas associadas ao TCR (as cadeias CD3 e ζ) e pelos correceptores, CD4 e CD8, que reconhecem as moléculas do MHC classes II e I, respectivamente. A ligação das células T às APC é intensificada pelas moléculas de adesão, notadamente pelas integrinas, cuja afinidade por seus ligantes é aumentada pelo reconhecimento do antígeno pelo TCR As APC expostas a microrganismos ou às citocinas produzidas como parte das reações imunológicas inatas aos microrganismos expressam coestimuladores que se ligam aos receptores presentes na superfície das células T e liberam sinais secundários necessários para a ativação dessas células T. Os sinais bioquímicos desencadeados nas células T pelo reconhecimento e pela coestimulação de um antígeno resultam na ativação de vários fatores de transcrição que estimulam a expressão de genes que codificam citocinas, de receptores para citocinas e de outras moléculas envolvidas nas respostas das células T. Em resposta ao reconhecimento de um antígeno e à coestimulação, as células T secretam citocinas, que induzem a proliferação das células T estimuladas pelo antígeno e medeiam as funções causadoras das células T. As células T auxiliares CD4 + podem diferenciar-se em subgrupos de células efetoras que produzem grupos limitados de citocinas e realizam funções diferentes. As células T h 1, que produzem IFN-ɣ, ativam fagócitos para que estes eliminem os microrganismos englobados e estimulam a produção de anticorpos opsonizantes e anticorpos ligados ao complemento. As células T h 2, que produzem IL-4 e IL-5, estimulam a produção de IgE e ativam eosinófilos, os quais atuam principalmente na defesa contra helmintos. As células T h 17, que produzem IL-17, estão envolvidas em várias doenças inflamatórias e podem participar na defesa contra infecções bacterianas extracelulares e fúngicas. As células T CD8 + conhecem peptídeos de antígenos proteicos intracelulares (citosólicos) e podem precisar da ajuda das células T CD4 + para se diferenciar em CTL efetores. A função dos CTL é destruir as células que produzem antígenos microbianos citoplasmáticos. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 1. Quais são os componentes do complexo TCR? Quais desses componentes são responsáveis pelo reconhecimento de um antígeno, e quais são responsáveis pela transdução de sinais? O complexo do receptor de célula T (TCR) é composto por cadeias de TCR α e β, responsáveis pelo reconhecimento do antígeno, e o complexo CD3 e homodímeros ζ, necessários para a transdução do sinal. 2. Cite algumas das moléculas que, quando adicionas ao TCR, são utilizadas pelas células T para iniciar suas respostas aos antígenos, e quais são as funções dessas moléculas? Outras moléculas diferentes do TCR que são utilizadas pelas células T para responder aos antígenos incluem os co-receptores CD4 e CD8, que se ligam às moléculas do MHC de classes I e II, respectivamente; receptores coestimuladores tais como CD28, que se ligam aos coestimuladores expressos nas APCs ativadas, e moléculas de adesão. tais como a integrina LFA-1, que medeia a adesão célula-célula e o controle da migração das células T. 3. O que é coestimulação? Qual é o significado fisiológico da coestimulação? Cite alguns dos pares ligante-receptor envolvidos na coestimulação. A coestimulação se refere aos sinais liberados a um linfócito que são reconhecidos para a ativação do linfócito, mas são independentes da sinalização do receptor do antígeno. Sinais coestimuladores são comumente referidos como um “segundo sinal” e fornecem aos linfócitos informações de que o antígeno que eles estão reconhecendo pode ser de origem microbiana. B7- 1 e B7-2 são os principais coestimuladores nas células apresentadoras de antígenos que se ligam ao CD28 nas células T. 4. Resuma as ligações existentes entre o reconhecimento de um antígeno, as principais vias bioquímicas da sinalização das células T e a produção de fatores de transcrição. O reconhecimento do antígeno resulta na aproximação da tirosina quinase Lck aos correceptores das células T, nas proximidades de CD3 e cadeia ζ de ITAMs. A fosforilação dos ITAMs resulta no recrutamento e ativação da tirosina quinase ZAP-70, que então inicia diferentes vias de sinalização através da ativação diferentes enzimas. A ativação da fosfolipase Cγ resulta na sinalização de cálcio e na subsequente ativação do fator de transcrição NFAT. A ativação da PKCθ resulta na ativação do fator de transcrição NF-κB. a ativação das MAP quinases leva à produção do fator de transcrição AP-1. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 5. Qual é o principal fator de crescimento para as células T? Por que as células T antígenoespecíficas se expandem mais que outras células T (as espectadoras) quando expostas a um antígeno? O principal fator de crescimento para células T é a interleucina-2 (IL-2). Células T específicas para antígenos recebem sinais dos receptores de antígenos, coestimulação e estimulação mediada por citocina. As células T que reconhecem os antígenos expressam níveis elevados de receptores para fatores de crescimento e são, assim, preferencialmente estimuladas durante as respostas imunes aos antígenos. 6. Quais são os principais subgrupos de células T auxiliares CD4 + e como elas se diferenciam? Os subtipos de célula T auxiliar CD4+ incluem as células TH1 que produzem interferon-γ, que então estimula as atividades microbicidas dos fagócitos. As células TH2 secretam IL-4, IL-5 e IL- 13 e medeiam respostas alérgicas e anti-helmínticas. As células TH17 produzem IL-17 e contribuem para o recrutamento de neutrófilos para os locais de infecção. 7. Que sinais são necessários para induzir as respostas das células T CD8 + ? As células T CD8+ são ativadas por antígenos peptídicos-MHC de classe I, sinais coestimulatórios e citocinas (i.e., IL-12) e se diferenciam em células T citotóxicas. CAPÍTULO 6 - Mecanismos Efetores da Imunidade Mediada por Células T A imunidade mediada por células é a alça da imunidade adaptativa que erradica infecções por microrganismos associados a células e utiliza dois tipos de células T. As células T auxiliares CD4 + recrutam e ativam fagócitos para destruir microrganismos ingeridos e alguns microrganismos extracelulares, e os linfócitos T citotóxicos (CTL) CD8 + destroem células portadoras de microrganismos em seu citosol, eliminando reservatórios de infecção As células T efetoras são geradas em órgãos linfoides periféricos, principalmente linfonodos drenando locais de entrada de microrganismos, pela ativação de linfócitos T virgens. As células T efetoras são capazes de migrar para qualquer local de infecção. A migração das células T efetoras é controlada por moléculas de adesão e por quimiocinas. Várias moléculas de adesão são induzidas nas células T após a ativação e se ligam a seus Caio Iezzi – Medicina 2014.2 ligantes, que são eles próprios induzidos sobre as células endoteliais por microrganismos e por citocinas produzidas durante as respostas imunes inatas aos microrganismos. A migração das células T é independente do antígeno, mas células que reconhecem antígenos microbianos nos tecidos são mantidas nesses locais. As células efetoras do subgrupo T h 1 das células T auxiliares CD4 + reconhecem os antígenos dos microrganismos que foram ingeridos por macrófagos. Essas células T expressam o ligante CD40 e secretam IFN-ɣ, que funcionam de forma cooperativa ativando macrófagos.Os macrófagos ativados produzem substancias, incluindo espécies de oxigênio reativas, oxido nítrico e enzimas lisossômicas, que destroem microrganismos ingeridos. Os macrófagos também produzem citocinas que induzem inflamação e alguns macrófagos produzem citocinas que promovem fibrose e reparo de tecidos. As células T h 17 estimulam o recrutamento de neutrófilos e de monócitos e a inflamação aguda, que são essenciais para a defesa contra certas bactérias extracelulares e fungos. As células T auxiliares CD4 + efetoras do subgrupo T h 2 estimulam a inflamação eosinofilica e inibem s funções microbicidas dos macrófagos ativados. Os eosinófilos são importantes para a defesa do hospedeiro contra parasitas helmínticos. O equilíbrio entre a ativação de células T h 1 e T h 2 determina a evolução final de muitas infecções, com as células T h 1 promovendo e as células T h 2 suprimindo a defesa contra microrganismos intracelulares. As células T CD8 + se diferenciam em CTL que destroem células infectadas, principalmente por induzir a fragmentação do DNA e a apoptose. As células T CD4 + e CD8+ com frequência funcionam em cooperação para erradicar infecções intracelulares. Muitos microrganismos patogênicos desenvolveram mecanismos para resistir à imunidade mediada por células. Esses mecanismos incluem inibição da fusão de fagolisossomos, escape das vesículas dos fagócitos, inibição da montagem de complexos peptídeo-MHC classe I e produção de citocinas inibitórias ou de receptores para citocinas iscas (decoy) 1. Quais são os tipos de reações imunes mediadas por linfócitos T que eliminam microrganismos que estão sequestrados nas vesículas de fagócitos e microrganismos que vivem no citoplasma de células do hospedeiro infectadas? Os microrganismos intracelulares que residem nos fagossomas são eliminados pelas células T auxiliares, especialmente aquelas do subtipo TH1 que ativam fagócitos para destruir microrganismos ingeridos. Os microrganismos que residem no citoplasma podem ser eliminados pela morte mediada pelas células T CD8+ infectadas, eliminando assim o reservatório da infecção. 2. Por que as células T efetoras diferenciadas (que foram ativadas por antígenos) migram preferencialmente para tecidos que são locais de infecção e não para linfonodos? As células T efetoras diferenciadas perdem a expressão de L-selectina e CCR7 (ambos os quais estão presentes nas células T virgens) e podem não permanecer nos linfonodos. As células efetoras se ligam às moléculas de adesão no endotélio exposto às citocinas inflamatórias e respondem às quimiocinas produzidas nos locais da inflamação, migrando preferencialmente para estes locais. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 células T auxiliares, que incluem citocinas secretadas que se ligam aos receptores de citocinas na célula B, e ligante CD40 nas células T auxiliares ativadas, que se liga ao CD40 nas células B. Os sinais que induzem respostas na célula B ao polissacarídeo do antígeno são gerados pela ligação do polissacarídeo, que é polivalente, a duas ou mais moléculas de Ig de membrana na célula B, fazendo assim uma ligação cruzada entre dois ou mais receptores de células B e ativando vias de transdução de sinais. Os fragmentos de complemento ligados aos antígenos ocupam o receptor CR2 do complemento nas células B, que produz sinais que aumentam a ativação da célula B. Isto é especialmente importante para polissacarídeos e outros antígenos não proteicos. 2. Descreva algumas das diferenças entre as respostas primárias e secundárias de anticorpos a um antígeno proteico. As respostas secundárias de anticorpo se desenvolvem mais rapidamente e são de maior magnitude do que as respostas imunes primárias. As respostas secundárias aos antígenos proteicos também diferem das respostas primárias pelo fato de que os anticorpos produzidos são anticorpos de alta afinidade IgG, IgA ou IgE, enquanto os anticorpos IgM de baixa afinidade são principalmente produzidos na resposta primária. 3. Como as células T auxiliares específicas para um antígeno interagem com os linfócitos B específicos para o mesmo antígeno? Onde essas interações ocorrem principalmente em um linfonodo? As células B expressam moléculas Ig de membrana que ligam proteínas intactas e facilitam sua endocitose. As proteínas internalizadas são processadas em peptídeos e os peptídeos são ligados às moléculas do MHC de classe II e apresentadas na superfície da célula B. As células T auxiliares podem reconhecer o complexo peptídeo-MHC apresentado por uma célula B, levando à ativação da célula T. Assim, uma célula B e uma célula T reconhecem diferentes partes da mesma proteína em sequência. O reconhecimento da célula B ocorre primeiro e é independente da célula T, e o reconhecimento da célula T ocorre em sequência e requer a apresentação da célula B de um fragmento de peptídeo do antígeno. Após o reconhecimento e ativação do antígeno, os dois tipos celulares migram um em direção ao outro em resposta às quimiocinas. As interações iniciais B-T ocorrem na interface das zonas das células B e T nos linfonodos ou baço, do lado de fora dos folículos. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 4. Quais são os mecanismos pelos quais as células T auxiliares estimulam a proliferação e a diferenciação das células B? Quais são as semelhanças entre esses mecanismos e os mecanismos de ativação de macrófagos mediada pelas células T? Os sinais liberados pelas células T auxiliares induzem troca de isótipo de cadeia pesada nas células B. Estes sinais incluem o ligante CD40, que se liga ao CD40 das células B, e citocinas secretadas pelas células T auxiliares, que se ligam aos receptores de citocinas nas células B. Os sinais das citocinas determinam qual locus do gene de cadeia pesada irá se tornar acessível para a troca de recombinação e o sinal CD40 inclui a expressão da enzima AID, que é responsável pelo início das mudanças de DNA necessárias para a troca de recombinação. 5. Quais são os sinais que induzem a troca de isótipo de cadeia pesada e qual é a importância deste fenômeno na defesa do hospedeiro contra microrganismos diferentes? A troca de isótipo de cadeia pesada é importante porque permite que a resposta do anticorpo seja especializada em localizações particulares e tipos de microrganismos. Por exemplo, a IgE é importante para a erradicação de infecções por vermes; a IgA secretada no intestino é importante para o combate a patógenos intestinais, e certos subtipos de IgG são transportados através da placenta e são importantes para a proteção de recém-nascidos contra infecções. A troca de alguns subtipos de IgG também aumenta a meia-vida dos anticorpos porque a IgG circulante é protegida contra o catabolismo. 6. O que é maturação da afinidade? Como ela é induzida, e como as células B de alta afinidade são selecionadas para sobreviver? A maturação da afinidade é o aumento na afinidade média dos anticorpos contra um antígeno proteico que ocorre quando uma resposta imune se desenvolve ao longo do tempo. Ela ocorre no centro da reação germinal, onde os sinais das células T auxiliares foliculares, incluindo citocinas e ligante CD40, induzem pontos de maturação nas regiões variáveis dos genes dos loci de cadeias pesada e leve. As células B nas quais essas mutações resultam em afinidade aumentada dos anticorpos que elas produzem têm uma vantagem seletiva para a ligação do antígeno apresentado pelas células dendríticas foliculares. Essas células B recebem sinais através dos receptores da célula B que previnem a morte apoptótica, e assim as células B de alta afinidade são selecionadas para sobreviverem e se desenvolverem em plasmócitos. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 As principais funções do sistema complemento são promover a inflamação, opsonizar os microrganismos para a fagocitose e lisar diretamente os microrganismos. A inflamaçãoé promovida pelos fragmentos de proteína C3 e C5a do complemento. A opsonização é mediada pelo C3b. A lise é mediada pelo complexo de ataque de membrana composto por C5b, C6, C7, C8 e C9. 8. Como os anticorpos impedem infecções por microrganismos inalados e ingeridos? IgA e algumas IgM são secretadas na luz intestinal ou vias aéreas, onde elas neutralizam patógenos. 9. Como os neonatos são protegidos contra infecção antes de seu sistema imune ter atingido a maturidade? A IgG materna é transportada para dentro da circulação fetal através da placenta, assim o feto nasce com uma grande variedade de anticorpos contra microrganismos aos quais a mãe foi exposta no passado. IgA e IgG no leite materno são ingeridas pelo recém-nascido e protegem contra patógenos intestinais. CAPÍTULO 9 - Tolerância Imunológica e Autoimunidade Tolerância imunológica é a não responsividade específica a um antígeno induzido pela exposição dos linfócitos àquele antígeno. Todos os indivíduos são tolerantes aos (não responsivos a) seus antígenos (próprios). A tolerância contra antígenos pode ser induzida pela administração deste antígeno por vias particulares, e essa estratégia pode ser útil para o tratamento de doenças imunológicas e para prevenir a rejeição de transplantes. A tolerância central é induzida nos linfócitos imaturos que encontram antígenos nos órgãos linfoides geradores. A tolerância periférica resulta do reconhecimento dos antígenos pelos linfócitos maduros nos tecidos periféricos. A tolerância central das células T é o resultado do reconhecimento de alta afinidade dos antígenos no timo. Algumas dessas células T autorreativas morrem (seleção negativa), o que elimina as células T potencialmente perigosas, que expressam receptores de alta afinidade para os antígenos próprios. Outras células T da linhagem CD4 evoluem para células T reguladoras que suprimem a reatividade própria na periferia. A tolerância periférica nas células T é induzida por múltiplos mecanismos. A anergia (inativação funcional) resulta do reconhecimento dos antígenos sem coestimuladores (segundos sinais). Os mecanismos de anergia incluem bloqueio na sinalização do TCR e ocupação de receptores inibidores, como CTLA-4 e PD-1. Algumas células T autorreativas reguladoras suprimem células T potencialmente patogênicas. A deleção (morte por apoptose) ocorre quando as células T encontram antígenos próprios. Em linfócitos B, a tolerância central é induzida quando células imaturas reconhecem os antígenos próprios na medula óssea. Muitas dessas células trocam seus receptores (edição de receptor) e outras morrem por apoptose (seleção negativa ou deleção). A tolerância Caio Iezzi – Medicina 2014.2 periférica é induzida quando as células B maduras reconhecem antígenos próprios sem o auxilio das células T e isso resulta em anergia e morte das células B, ou envolvimento dos receptores inibitórios. As doenças autoimunes resultam de falha na tolerância própria. Múltiplos fatores contribuem para a autoimunidade, incluindo a herança de genes de suscetibilidade e gatilhos ambientais como infecções. Muitos genes contribuem para o desenvolvimento da autoimunidade. Existem fortes associações entre os genes do HLA e as várias doenças autoimunes mediadas pelas células T. As infecções predispõem à autoimunidade, por causar inflamação e induzir a expressão dos coestimuladores ou devido às reações cruzadas entre os antígenos microbianos e os próprios. 1. O que é tolerância imunológica? Por que é importante? O sistema imune adaptativo normalmente não ativa respostas imunes efetivas contra as próprias moléculas. Este estado de irresponsividade imune a ele próprio é chamado de tolerância e é importante porque o sistema imune adaptativo irá desenvolver células T e B que expressam receptores de antígenos que reconhecem os próprios antígenos, e estes linfócitos têm de ser controlados ou mortos para prevenir a doença autoimune. Também, os mecanismos de indução de tolerância pode ser usados para inibir respostas imunes prejudiciais aos alérgenos, autoantígenos e transplantes. 2. Como é induzida a tolerância central nos linfócitos T e nos linfócitos B? A tolerância central é a eliminação ou inativação das células T e B autorreativas durante seu desenvolvimento no timo ou medula óssea, respectivamente. A tolerância central é induzida em células T imaturas no timo após elas expressarem receptores de células T. Se uma célula T em desenvolvimento reconhece com alta avidez ou as próprias moléculas do MHC ou peptídeos derivados de autoproteínas ligadas ao próprio MHC apresentado pelas células tímicas apresentadoras de antígenos, sinais serão gerados para levar à apoptose da célula T (chamada de deleção clonal ou seleção negativa) e as células T CD4+ sobreviventes poderão se desenvolver em células T regulatórias inofensivas e protetoras. Além disso, algumas proteínas expressas principalmente pelas células em um tipo particular de tecido ou órgão periférico também podem ser expressas pelas células epiteliais medulares tímicas (TMECs) sob controle da proteína AIRE. As células T em desenvolvimento que reconhecem peptídeos dessas autoproteínas em complexo com o próprio MHC são destruídas. A tolerância central se desenvolve nas células B imaturas após elas expressarem um complexo de receptor na membrana funcional da célula B. O reconhecimento de autoantígenos pelas células B imaturas Caio Iezzi – Medicina 2014.2 As moléculas do MHC alogeneicas com qualquer peptídeo provavelmente se assemelham ao próprio MHC mais um peptídeo estranho, e assim as células normais podem fazer uma reação cruzada com moléculas alogeneicas. Existem milhares de cópias das moléculas do MHC em cada célula de enxerto, exibindo muitos peptídeos doadores diferentes. Muitos desses complexos peptídeo-MHC podem ser reconhecidos por um entre os milhares de clones de células T do receptor do enxerto. Indivíduos desenvolvem tolerância aos próprios antígenos, mas não são tolerantes aos antígenos estranhos a um enxerto. 7. Quais são os principais mecanismos de rejeição de aloenxertos? Os aloenxertos podem ser rejeitados por anticorpos contra MHC alogeneicos ou outros antígenos de histocompatibilidade menores. Se os anticorpos estão pré-formados no receptor como resultado de uma gravidez anterior, transfusões ou transplante, eles podem se ligar às células endoteliais do enxerto e causar rejeição hiperaguda. Se os anticorpos se formarem como resultado da exposição ao aloenxerto após o transplante, eles podem contribuir para a rejeição humoral aguda. Os aloenxertos também podem ser atacados pelas células T alorreativas que são ativadas após o transplante. Os linfócitos T citotóxicos CD8+ reconhecerão as moléculas do MHC de classe I nas células do enxerto e matarão diretamente aquelas células. As células T CD4+ reconhecerão as moléculas do MHC de classe II e iniciarão as respostas inflamatórias que irão danificar as células do enxerto. Estas respostas das células T contribuem para a rejeição celular aguda. Na rejeição crônica, as células T alorreativas podem induzir inflamação que promove doença vascular do enxerto, levando à falha no enxerto devido a suporte sanguíneo inadequado. 8. Qual é a possibilidade da rejeição do enxerto reduzida no transplante clínico? Pacientes com necessidade de transplante podem ser avaliados para testar a presença de anticorpos séricos que reagem com diferentes moléculas do MHC. Doadores com moléculas do MHC reconhecidas pelos anticorpos de pacientes não serão utilizados. Receptores podem ser classificados para os alelos de HLA que eles possuem, e órgãos podem ser escolhidos com os alelos mais bem combinados. Isto é mais importante para o transplante de medula óssea. A rejeição é prevenida principalmente com o tratamento do receptor com fármacos imunossupressores, tais como inibidoresde calcineurina (p. ex., ciclosporina, tacrolimus). Inibidores de mTOR (p. ex., rapamicina), anticorpos anticélulas T, corticosteroides e antimetabólicos (micofenolato mofetil). 9. Quais são alguns dos problemas associados ao transplante de células da medula óssea? Caio Iezzi – Medicina 2014.2 As células T transplantadas com as células da medula podem responder a moléculas de histocompatibilidade menores no recebedor, causando a doença do enxerto-versus-hospedeiro. Os receptores também são frequentemente imunodeficientes quando seus sistemas imunes são reconstituídos. CAPÍTULO 11 – Hipersensibilidade As respostas imunes que causam injuria tecidual são chamadas de reações de hipersensibilidade, e as doenças causadas por essas reações são chamadas de doenças de hipersensibilidade ou doenças inflamatórias imunomediadas. Reações de hipersensibilidade podem surgir de resposta descontroladas ou anormais a antígenos estranhos ou repostas autoimunes contra antígenos próprios. As reações de hipersensibilidade são classificadas de acordo com o mecanismo de lesão tecidual. A hipersensibilidade imediata (tipo I, comumente chamada de alergia) é causada pela produção de anticorpo IgE contra antígenos ambientais ou medicamentos (alérgenos), sensibilização dos mastócitos pela IgE e degranulação desses mastócitos na exposição subsequente ao alérgeno. As manifestações clinicopatológicas da hipersensibilidade imediata resultam das ações dos mediadores secretados pelos mastócitos: as aminas dilatam os vasos e contraem os músculos lisos, os metabolitos do ácido araquidônico também contraem os músculos, e as citocinas induzem a inflamação, o marco da reação de fase tardia. O tratamento das alergias visa inibir a produção e antagonizar as ações dos mediadores e combater seus efeitos nos órgãos terminais. Os anticorpos contra antígenos celulares e teciduais podem causar lesão tecidual e doença (hipersensibilidade tipo II). Os anticorpos IgM e IgG promovem a fagocitose das células a que se ligam, induzindo inflamação pelo recrutamento de leucócitos mediado por receptor de Fc e complemento, e podem interferir nas funções das celulas ao se ligarem a moléculas e receptores essenciais. Nas doenças do complexo imune (hipersensibilidade tipo III), os anticorpos podem ligar-se aos antígenos circulantes para formar os complexos imunes, que são depositados nos vasos, levando à inflação na parede do vaso (vasculite), que provoca de maneira secundária a lesão tecidual em função do fluxo sanguíneo comprometido. Doenças mediadas por célula T (hipersensibilidade tipo IV) resultam de inflamação causada por citocinas produzidas por células CD4 + T h 1 e T h 17 ou pelo extermínio de células do hospedeiro por CTL CD8 + . 1. Quais são os principais tipos de reações de hipersensibilidade? Caio Iezzi – Medicina 2014.2 QUESTÕ 1 ES PARA INTEGRADA E TESTES!!!!!!!!!! 1) A principal função do sistema imune é: a) Defesa contra o câncer. b) Reparo de tecidos lesionados. c) Defesa contra infecções microbiais. d) Prevenção de doenças inflamatórias. e) Proteção contra toxinas ambientais. 2) Um menino previamente saudável, de 8 anos de idade, é infectado com um vírus do trato respiratório superior pela primeira vez. Durantes as primeiras horas de infecção, qual dos seguintes eventos deve ocorrer? a) O sistema imune adaptativo responde rapidamente ao vírus e mantem a infecção viral sob controle b) O sistema imune inato responde rapidamente à infecção viral e a mantem sob controle c) A imunidade passiva, mediada por anticorpos maternos, limita a disseminação da infecção d) Linfócitos B e T reconhecem o vírus e estimulam a resposta imune inata. e) O vírus causa transformação maligna nas células epiteliais da mucosa respiratória e as células malignas são reconhecidas pelo sistema imune adaptativo 3) Aos 15 meses de idade, uma criança recebeu uma vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR). Aos 22 anos de idade, ela está vivendo com uma família no México que não foi vacinada e ela é exposta ao sarampo. Apesar da exposição, ela não é infectada. Qual das seguintes propriedades do sistema imune adaptativo é melhor ilustrada por este cenário? a) Especificidade. b) Diversidade. c) Especialização d) Memória. e) Não reatividade ao próprio. 1 * Gabaritos no Final. :D Caio Iezzi – Medicina 2014.2 4) No sangue de um indivíduo saudável, o tipo mais abundante de linfócitos é: a) Células T CD4+ b) Células T CD8+ c) Células B. d) Células Natural Killer. e) Células plasmáticas. 6) Um menino de 5 anos de idade, com infecções recorrentes, é diagnosticado com uma deficiência genética que impede a maturação de células B. Quais das seguintes anormalidades são mais comumente encontradas nestes pacientes? a) Timo com tamanho reduzido. b) Ausência de folículos nos linfonodos e baço. c) Tonsilas com tamanho aumentado. d) Zonas parafoliculares diminuídas nos linfonodos. e) Medula óssea hipocelular. 7) Detecção de anticorpos específicos para um microorganismo particular é comumente usada como evidência de infecção primária por aquele microorganismo. Para obter esses anticorpos, o sangue é coletado em tubos e deixado coagular. Os anticorpos são encontrados na fração sanguínea que permanece fluida após a coagulação. Como esta fração fluida é chamada? a) Plasma. b) Soro. c) Linfa. d) Água. e) Urina. 8) A estrutura de qual porção de um anticorpo define seu isotipo? a) A região variável das cadeias leves. b) A região variável das cadeias pesadas. c) As regiões constantes das cadeias pesadas. d) A cadeia J. e) A região determinante de complementaridade. 9) Quais das seguintes afirmativas constituem a maior importância das diferenças isotípicas entre os anticorpos? a) Alguns isotipos são mais comumente auto-reativos do que outros. b) Os isotipos refletem variantes alélicos de genes da cadeia pesada e cada indivíduo em uma população expressará somente um subtipo de isotipo. c) Somente certos isotipos de anticorpos são radioativos d) A função e distribuição corporal dos anticorpos são determinadas pelo isotipo. e) A especificidade antigênica do anticorpo é determinada pelo isotipo. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 a) Rejeição a aloenxerto. b) Autoimunidade. c) Atopia. d) Anergia. e) Acne 27) Qual dos seguintes fatores geralmente favorece a tolerância a um antígeno e não estimula a resposta do sistema imune? a) Altas doses do antígeno b) Curta persistência do antígeno c) Porta de entrada cutânea d) Presença de adjuvante e) Expressão de coestímulo em células apresentadoras de antígeno 28) Interleucina (IL)-2 é uma citocina produzida por linfócitos T que atua como um fator de crescimento para linfócitos T. Uma célula T deve ligar-se e responder à mesma molécula de IL-2 que ela secreta. Qual dos seguintes termos melhor descreve este modelo de ação de uma citocina? a) Endócrino. b) Parácrino c) Autócrino. d) Autoimune. e) Holócrino. 29) Uma mulher de 19 anos de idade é consultada por um médico devido a infecções intracelulares severas e sistêmicas por Mycobacterium avium. Ela tinha uma historia de três infecções micobacterianas similares entre as idades de 4 e 17 anos e apresentou infecções sistêmicas severas por Salmonella do tipo B quando ela tinha 4, 7 e 14 anos de idade. Nenhuma anormalidade no número ou marcadores de superfície de células T, células B, células natural killer ou macrófagos foi detectada. Células mononucleares do sangue da paciente produzem pouco interferon- os com células de doadores saudáveis. O paciente respondeubem ao tratamento com terapia antibiótica. Qual das seguintes afirmações é a melhor explicação para o histórico médico da paciente? a) Defeito na sinalização do receptor de interleucina IL-12 b) Defeito na sinalização do receptor de IL-4 c) Defeito na função de linfócitos T citolíticos. d) Defeito na produção de anticorpos por células B. e) Defeito na expressão do receptor de IL-7. 30) Um homem mendigo de 67 anos de idade é levado ao departamento de emergência após ter sido encontrado na porta de um bar, durante uma temperatura congelante. Na sua chegada, ele estava com Caio Iezzi – Medicina 2014.2 muitos calafrios, febre e uma tosse que produzia um escarro manchado por sangue. Uma radiografia peitoral demonstrou consolidações lombares consistentes com pneumonia bacteriana. Culturas sanguíneas foram positivas para Streptococcus pneumoniae. Qual dos seguintes padrões moleculares reconhecidos por receptores do tipo Toll, expressos na superfície de fagócitos do paciente, é importante para a ativação do sistema imune inato contra esta infecção de bactéria gram-positiva? a) Peptidoglicana. b) RNA de dupla fita. c) Lipopolissacarídeo (LPS) d) Lipoarabinomanana. e) Fosfatidilinositol dimasosídeo. 31) Qual dos seguintes é o receptor expresso em macrófagos que é especifico para uma estrutura produzida por bactéria, mas não por células de mamíferos? a) CD36 (receptor scavenger) b) Receptor Fc. c) Receptor do complemento. d) Receptor de manose. e) ICAM-1 32) A ativação do complemento no sistema imune inato pode ser iniciada na ausência de anticorpo. Qual dos seguintes componentes moleculares do sistema complemento está envolvido na iniciação da ativação do complemento independente de anticorpo? a) C1. b) C9. c) Lectina ligadora de manose. d) CR2. e) Receptor de manose. 33) A diferenciação de células TH2 de precursores de células virgens é dependente de qual dos seguintes? a) Ligantes de receptores do tipo Toll (TLR). b) T-bet. c) Interleucina-12 d) GATA-3 e) Interferon-β 34) Qual das seguintes moléculas NÃO é importante na interação entre um linfócito T citolítico e uma célula- alvo? a) B7-1 b) ICAM-1 c) LFA-1. d) Receptor de célula T. e) MHC de classe I. 35) Qual das seguintes regiões anatômicas é normalmente protegida de patógenos somente pela resposta imune humoral e não por resposta imune mediada por células? Caio Iezzi – Medicina 2014.2 17. B – Camundongos geneticamente deficientes para a expressão de CD4 não contêm células T restritas ao MHC maturas porque o correceptor CD4 tem um papel essencial na maturação de células T no timo. A maioria das células T CD4 restritas ao MHC de classe II auxiliam a produção de citocinas e participam na defesa contra micróbios intracelulares. Estas células T auxiliadoras são críticas na ativação de células B para a produção de anticorpos e para ativação de macrófagos para uma eficiente fagocitose e morte dos micróbios. Camundongos geneticamente deficientes, que não expressam CD4, não apresentam células T auxiliadoras. A produção de anticorpos IgM não é dependente da ajuda de células T CD4+. Devido ao fato de CD8 ainda ser expresso, células T virgens restritas a classe I ainda estão presentes e são capazes de responder a infecções intracelulares, embora esta habilidade deva ser diminuída pela perda de células T auxiliadoras. A produção de neutrófilos pela medula óssea deve ser relativamente normal. 18. B – A seleção negativa é um mecanismo que promove um repertório de linfócitos autotolerantes para ambos os linfócitos T e B. Isto ocorre nos órgãos linfoides geradores (medula óssea e timo) quando linfócitos em desenvolvimento expressam receptores de antígenos que se ligam fortemente a antígenos próprios. O principal mecanismo é a indução ativa de apoptose; linfócitos imaturos que recebem um forte estímulo mediado pelo receptor de antígeno são particularmente susceptíveis à morte por apoptose. A seleção positiva no timo promove um repertório de células T restrito ao MHC próprio. 19. E – Células Natural Killer (NK) não expressam receptores de antígenos distribuídos clonalmente e codificados por genes formados pela recombinação VDJ dependente de RAG-1 e RAG-2 (ou seja, estas células não expressam Ig ou TCRs). Assim, células NK são esperadas em um numero normal ou até aumentado em pacientes com deficiências em linfócitos B e T. Timócitos duplo positivos sofrem maturação de précélulas T em resposta a sinais gerados por um pré TCR funcional, o qual apresenta uma cadeia β do TCR. RAG-1 e RAG-2 são necessários para formar um gene funcional de cadeia. Células plasmáticas, células B secretoras de IgA e linfócitos T citolíticos são todos linfócitos efetores diferenciados. O desenvolvimento e diferenciação destes linfócitos requerem a expressão de receptores de antígeno funcionais codificados por genes formados pela recombinação VDJ dependente de RAG-1 e RAG-2. 20. A – A transferase deoxirribucleotidil terminal (TdT) é uma enzima que adiciona nucleotídeos não modelos de uma maneira aleatória às junções entre os segmentos V, D e J, principalmente nos genes recombinados das cadeias pesada de Ig e TRs. A enzima é expressa principalmente durante o desenvolvimento de células B e T, quando os genes das cadeias IgH e TCR sofrem recombinação. Deaminase induzida por ativação é uma enzima envolvida na mutação somática e mudança de isotipos dos genes de IG. Recombinase ativadora do gene-1(RAG-1) e proteína quinase dependente de DNA são componentes de recombinase V(D)J que medeiam a junção discreta de segmentos de genes, mas estas enzimas não contribuem, de fato, para a diversidade juncional. 21. E – Células apresentadoras de antígeno (APCs) são responsáveis por apresentar o complexo MHC- peptídeo e moléculas coestimulatórias às células T virgens; isto leva à ativação de células T. A APC mais potente são células dendríticas, pois elas expressam, constitutivamente, altos níveis de moléculas coestimulatórias. Células de Langerhans são células dendríticas encontradas na epiderme. Outras APCs incluem macrófagos encontrados no fígado. Neutrófilos ou células dendríticas Caio Iezzi – Medicina 2014.2 foliculares (FDCs) não estão envolvidas na apresentação de antígeno para células T. FDCs não são relacionadas às células dendríticas e são encontradas nos centros germinais dos linfonodos. 22. A – Btk é uma família Tec de proteínas tirosina quinase que é particularmente importante na sinalização do complexo de receptor de células pré-B e, portanto, na maturação e ativação de células B. Mutações na Btk são responsáveis pela agamaglobulinemia ligada ao X. Itk e Tec são outros membros da família Tec que são importantes para as células T. A quinase PI-3 é uma quinase fosfolipídica envolvida na sinalização em muitos tipos de células, incluindo células B e T, e Zap-70 é uma proteína tirosina quinase particularmente importante na sinalização do TCR em células T. 23. A – A resposta humoral necessita da ativação de células B dependente de antígeno, através da ligação de antígenos à Ig de membrana em células B virgens ou células B de memória, para respostas primárias e secundárias, respectivamente. Em muitos casos, antígenos não-proteicos não estimulam a mudança de isotipo ou a maturação de afinidade porque estas mudanças precisam da ajuda de células T auxiliadoras, e somente antígenos proteicos podem estimular células T. Tanto para antígenos proteicos como para não proteicos,as células secretoras de anticorpos, que são geradas, devem viver por meses, geralmente na medula óssea. 24. D – Antígeno independente de célula T consiste de polissacarídeos, glicolipídios e ácidos nucleicos com epítopos múltiplos repetidos, tanto que uma ligação máxima do receptor de célula B é induzida, então transpondo a necessidade de células T auxiliadoras. Com relação às opções de resposta, a melhor escolha é o antígeno sanguíneo do grupo ABO, devido à sua estrutura glicolipídica polivalente. Lisozima e fator Rh são antígenos proteicos. Benzeno e glucose-6-fosfato não são polivalentes. 25. C – A tolerância imunológica é designada a não resposta do sistema imune a um antígeno particular e se desenvolve sob prévia exposição ao antígeno. Embora as exatas necessidades para a indução de tolerância não sejam claramente definidas, os fatores que influenciam a tolerância incluem a concentração do antígeno, o modo de administração do antígeno e a presença de moléculas coestimulatórias nas células apresentadoras de antígenos para antígenos peptídicos. 26. B – Autoimunidade é uma reação imune contra autoantígenos (autólogo). Para esta reação acontecer, um mecanismo normal de tolerância deve falhar. Rejeição de aloenxerto é uma reação imune contra antígeno alogênico, mas não autólogos. Atopia é o nome para doenças alérgicas, as quais são causadas por uma resposta imune a antígenos estranhos mediada por mastócitos e IgE. Acne é uma infecção do folículo piloso na pele e foi incluída como uma escolha porque começa com a letra A; esta não é uma doença autoimune. 27. A – Altas doses de um antígeno favorecem a deleção tímica (se o antígeno é um autoantígeno) ou deleção periférica por morte celular induzida por ativação. Antígenos que induzem uma resposta imune geralmente estão presentes por curta duração, entram pela pele e são associados com adjuvantes que aumentam a apresentação de antígenos e a expressão de moléculas coestimulatórias Caio Iezzi – Medicina 2014.2 carcinoma e nem provam que existe resposta imune protetora contra tumores que se desenvolvem espontaneamente em pessoas. 42. E – As manifestações clínicas descritas são clássicas de mononucleose infecciosa secundária à infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV). Estas incluem inflamação de garganta, febre, fadiga e linfoadenopatia generalizada. O diagnóstico diferencial para inflamação de garganta inclui infecção estreptocócica; entretanto, o teste rápido para detectar infecção estreptocócica foi negativo nesta paciente. Além disso, o esfregaço de sangue periférico do paciente com mononucleose geralmente contém um número abundante de linfócitos grandes, morfologicamente atípicos. A infecção por EBV é um dos fatores etiológicos associados com a malignidade de tumores, incluindo carcinoma nasofaríngeo em populações chinesas, linfoma de Burkitt em populações equatorianas africanas, e outros linfomas de células B em indivíduos imunossuprimidos. 43. B – O vírus de Epstein-Barr (EBV) é um vírus de DNA de dupla fita da família do herpesvírus que infecta células do epitélio nasofaringeal, bem como células B. O vírus estabelece uma infecção latente nestas células e a imunidade mediada por células T é necessária para o controle da infecção por EBV e, em particular, para a morte de células B infectadas pelo EBV. Tem sido demonstrado que a perda da função normal de células T permite a latência de células B infectadas e a progressão para a transformação maligna. Então, pacientes com desordens que causam imunodeficiências em células T (ex.: AIDS, síndrome de DiGeorge, infecção por malária e pacientes transplantados que recebem terapias imunossupressoras) apresentam um risco maior para desenvolver linfoma de Burkitt. A doença de Bruton é uma deficiência de célula B isolada devido à mutação em Btk, uma tirosina quinase necessária para a maturação de células B na medula óssea. Portanto, pacientes com doença de Bruton comumente não desenvolvem linfoma de célula B. 44. D – As doenças de hipersensibilidade são causadas pela resposta imune. Uma condição comum que leva ao desenvolvimento de doença mediada por hipersensibilidade é a falha de autotolerância, com subsequente resposta imune direta contra autoantígenos (doenças autoimunes). Doença mediada por hipersensibilidade também deve resultar de uma resposta não controlada ou excessiva contra antígenos estranhos, incluindo micróbios e substâncias ambientais. A falha da maturação de linfócitos, a terapia com corticoesteróides e a desnutrição são associadas com imunodeficiências. 45. C – Doenças mediadas por hipersensibilidade geralmente são categorizadas por designação numérica. Tipo III é uma doença de imunocomplexos. Tipo I é uma doença de hipersensibilidade imediata (alérgica). Tipo II é uma doença causada pela ligação de anticorpos a antígenos nos tecidos. Tipo IV é uma doença mediada por célula T. Não existe hipersensibilidade do tipo V. 46. B – Indivíduos que são positivos para o alelo HLA-B27 de classe I apresentam de 90 a 100 vezes mais chance de desenvolver espondilite anquilosante com relação a indivíduos sem B27. Esta constitui a mais forte associação de doença mediada por HLA descrita até o momento. Espondilite anquilosante é uma doença autoimune que afeta as junções vertebrais. Artrite reumatoide, pênfigo vulgar, diabetes mellitus e esclerose múltipla são mais comumente desenvolvidas em indivíduos com certos alelos MHC de classe II, mas esses apresentam menos risco relativo. Caio Iezzi – Medicina 2014.2 47. A – Atopia, ou alergia, é a desordem imune mas comum e afeta 20% dos indivíduos nos Estados Unidos. Dentro desta categoria, rinite alérgica é talvez a doença alérgica mais comum e consequência de uma reação de hipersensibilidade imediata a alérgenos comuns, como pólen e ácaros de casas, que ocorre no trato respiratório superior após inalação do alérgeno. A deficiência seletiva de IgA é a imunodeficiência primária mais comum. 48. A – Um alérgeno é definido como um antígeno que elícita uma reação de hipersensibilidade imediata. Porque estas reações são dependentes de células T, alérgenos devem ser proteínas, ou agentes químicos ligados a proteínas, que induzem resposta mediadas por anticorpo IgE em indivíduos atópicos. Portanto, antígenos independentes de célula T, como polissacarídeos, não são alérgenos, a menos que eles formem conjugado hapteno-carreador (ex.: uma pequena molécula de fármaco conjugada a resíduos de aminoácido de uma proteína própria). Embora muitos alérgenos, como as proteases cisteína de ácaros de casas, sejam enzimas, a importância da atividade enzimática em desencadear uma reação de hipersensibilidade imediata não é conhecida. Proteínas alergênicas são produzidas por animais, plantas e fungos. 49. C – Agamaglobulinemia ligada ao X, ou agamaglobulinemia de Bruton, é uma imunodeficiência caracterizada pelo bloqueio na maturação inicial de células B e ausência de Ig no soro. Como em outras deficiências de células B, a morfologia dos tecidos linfoides é principalmente marcada pela ausência ou redução de folículos e centros germinais (ex.: as zonas de células B). Em contraste, as deficiências de células T geralmente não afetam o tamanho do folículo, mas estes perdem os centros germinais e as regiões parafoliculares devem ser reduzidas (ou seja, as zonas de células T). 50. B – A deficiência seletiva de Riga é a imunodeficiência primária mais comum e é estimado afetar aproximadamente 1 em 700 indivíduos brancos. A maioriados casos ocorre esporadicamente. Enquanto muitos pacientes não demonstram sintomas clínicos, outros apresentam infecção respiratória e diarreia ocasional. Em casos raros, os pacientes apresentam infecções severas e recorrentes que levam à injuria permanente intestinal e das vias respiratórias, com outras desordens autoimunes associadas
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