Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O direito serve para fomentar o lícito e reprimir o que é ilícito, ou seja, serve para incentivar o correto e desincentivar o errado. Por isso, ele é uma regra de convivência. *O estado detém o monopólio da força, mas eventualmente o Estado concede ao particular o direito de exercer a força (autotutela), como, por exemplo, nos casos de legítima defesa, se você for atacado pode revidar e nos casos de defesa da propriedade, se alguém invadir sua propriedade você pode usar da força para se defender. O direito reprime o ilícito através de sanções. Essas sanções têm gradações: pode ser uma sanção civil (indenização), sanção administrativa (multa), e quando essas duas sanções não forem suficientes ou quando o ilícito for muito grave, a sanção é como regra a privação da liberdade, que é a principal sanção penal. As condutas muito graves são os crimes e crime é a violação do bem jurídico protegido. O direito penal tem como uma de suas funções a proteção do bem jurídico protegido (honra, vida, propriedade, incolumidade física, patrimônio e etc). OBS: a privação da liberdade é o mais grave que o estado pode fazer com quem comete uma infração, não pode matar, torturar e etc. O direito penal assim como os outros direitos é uma forma de controle social. (Outras formas são: religião, escola, moral e etc). O direito é a mais poderosa força de controle social, pois ele pressupõe a atuação do Estado. A forma mais evasiva e violenta do direito como controle social é o direito penal. Funções do Direito Penal: Função de garantia: é a garantia do indivíduo contra o arbítrio do estado, é a certeza de que o Estado só vai fazer com o indivíduo o que ele pode fazer. Essa função serve tanto para o legislador, que deve obedecer às regras do jogo na hora de fazer as leis, quanto para o operador que deve seguir as regras do jogo para aplicar as leis. O estado não faz o que quer, ele faz o que a população o autorizou a fazer. Função preventiva: é uma função complementar, ou seja, serve para a pessoa ficar com medo e não fazer. Uma punição efetiva promove a prevenção geral. OBS: Punição exemplar: deve ser abandonada, geralmente quando a pessoa é punida para servir de exemplo, ela sofre mais do que ela merece. Punição específica: se a pessoas for punida por aquele crime, eu sei que aquele crime leva àquela consequência. Função sistemática: o direito tem que fazer sentido, tem que obedecer a um sistema, como por exemplo: não posso punir mais rigidamente o maltrato do animal que o maltrato do ser humano. Princípios que regem o Direito Penal: Legalidade: é o mais importante, os outros princípios derivam dele. O DP lida com a liberdade que é um bem muito precioso, logo, ele precisa de regras muito claras e pré-estabelecidas. Esse controle é a legalidade. A legalidade foi sistematizada: foi estabelecido que só há crime se uma lei anterior disser que aquilo é crime. Essa lei tem que ser escrita (as pessoas têm que ter a possibilidade de conhecer a lei), estrita (tem que especificar o que ela considera crime), certa (tem que dizer qual é a conduta errada) e prévia (a lei tem que existir antes do crime). A lei prévia também é chamada de princípio da anterioridade. *Nenhuma outra forma legislativa que não seja a lei, cria crime (ex: MP, costume, decreto presidencial, não criam crime). Princípio da lesividade/ofensividade/alteridade: é a capacidade de aquela conduta ferir um bem jurídico protegido. Esse princípio estabelece que pensamentos, escolhas, circunstâncias pessoais, considerações internas e etc, não podem ser recriminados. É o limite que é dado ao Estado para a formulação de leis. O estado só se ocupada das condutas que causam uma lesão. Princípio da fragmentaridade: está ligado com o princípio da última ratio. O direito penal só atua onde os outros controles do direito não atuam de forma satisfatória, o DP é fragmentado, ele não atua para tudo, só em condutas mais graves. Princípio da subsidiariedade: se o controle para determinada situação não funciona, utiliza - se o DP. Princípio da irrefragabilidade: só a lei cria crime e só ela desconsidera crime uma conduta. Uma norma penal incriminadora não deixa de existir pela sua inobservância. Princípio da responsabilidade social ou culpabilidade: para ser responsabilizado por uma conduta criminosa é preciso que a pessoa ou tenha pretendido praticá-la ou tenha praticado por falta de cuidado. A culpabilidade é um juízo de reprovação que o DP faz de determinada conduta. Só a pratica objetiva de uma conduta não é suficiente para que você seja penalizado, é preciso que você tenha agido com dolo e culpa. O Sistema do direito penal pode fazer uma escolha entre DP do autor e o DP do fato. Nos sistemas democráticos, é escolhido o DP do fato, ou seja, o que é punido não é a pessoa, e sim o que ela fez. Conceito do DP: DP é o conjunto de normas que define quais condutas são consideradas crimes e quais são as consequências da prática dessas condutas. Objeto do DP: ele estuda crimes, as consequências do cometimento do crime, as sanções, os institutos jurídicos penais, as ferramentas de aplicação do DP e os princípios do DP. DP objetivo: é o direito posto, positivo. É o conjunto de normas penais que disciplinam o DP, que estabelece os crimes e suas consequências, definem as leis penais e os princípios do DP. São as leis penais. (Objeto). DP subjetivo: diz respeito às pessoas envolvidas nas relações jurídicas. É o confronto entre o direito de punir do estado e o direito de liberdade do individuo. -> Princípio da adequação social: há condutas que parecem ser crimes, mas são socialmente aceitas. Norma Penal: é o comando do DP que regula nossa vida, por meio do qual a gente sabe o que deve ou não fazer. A norma não é o texto e sim o que se extrai dele. As normas podem ser princípios (comando genérico) ou podem ser regras (comando mais específico). Fonte do direito: é o local onde eu encontro o direito, sei que aquilo é direito, pois o localizei aquilo em uma fonte do direito que eu reconheço como fonte do direito. As fontes do direito podem ser: Diretas (ou cogentes): obrigatórias. A fonte direta do direito por excelência, o local onde eu percebo que este comando está ali, é a lei. São espécies do gênero lei: a CRFB, as leis e os tratados. Indiretas (ou não cogentes) ou suplementares: aquelas que ajudam na aplicação e interpretação do direito. Por força própria elas não obrigam as pessoas. As fontes indiretas são: a doutrina, o costume (que em alguns ramos do direito também obriga, mas no DP não) e jurisprudência (hoje a jurisprudência está migrando para as fontes diretas, obrigatórias). *Exemplo de jurisprudência obrigatória: Súmulas Vinculantes do STF. Para o DP interessas as fontes diretas, o DP obriga, e obriga pela lei. O princípio que determina isso é o Princípio da Legalidade. *Para tratar do DP a CRFB diz que apenas a União pode legislar, logo, os estados e municípios não podem criar leis penais, porém isso varia de país pra país. Diferença entre lei e norma: Lei: é o enunciado formal do comando, é o texto. Norma: é a forma como eu tenho que me comportar a partir da escrita. Um dispositivo legal pode ter mais de uma norma. Norma é a percepção do comando, é o que se extrai dos textos. A norma é composta por modais deônticos, ou seja, a norma é composta por diferentes espécies de deveres, que são: a) Permissão: a norma te permite fazer algo. Você pode fazer, mas não tem que fazer. Temos o exemplo da legítima defesa: se você for atacado, você pode se defender, revidar o ataque. b) Proibido: a norma proíbe a pessoa de fazer determinada conduta, ex.: matar alguém. c) Obrigatório: a norma obriga a pessoa à fazer. Ex.: você se souber nadar, é obrigado a socorrer uma pessoa que está se afogando. Então a norma pode ser permissiva, proibitiva ou obrigatória. *Os modais deônticos se extraem do texto da lei. Há dois tipos de norma penal: a) Incriminadora: é aquela que estabeleceo que é crime e o que não é crime. Ela funciona descrevendo uma conduta, que é chamada de modelo de conduta proibida, e imediatamente em baixo dessa conduta, indica uma sanção. Ela define o crime e suas consequências. Preceito primário: modelo de conduta proibida, a descrição da conduta. Preceito secundário: estabelece a sanção. b)Não - incriminadoras: dizem como se aplica o DP, trabalham com os institutos jurídicos - penais. (Não trazem a descrição de uma conduta nem de uma sanção). Interpretação da norma penal (de que forma eu extraio do texto da lei aquilo que eu acho que é norma). Sujeito (quem interpreta): - autêntica: aquela em que a própria lei diz o que ela quer. - doutrinária: a interpretação que a doutrina faz (livros, por exemplo), essa interpretação auxilia a jurisprudencial. - jurisprudencial: a interpretação que é feita pelo juiz ou tribunal de qualquer hierarquia. O juiz quando interpreta se baseia muitas vezes na doutrina. Modo (como interpreta): - gramatical: ler o texto e já saber como interpretar. É a mais fraca de todas, pois ela parte da ideia de que não pode haver dúvida em relação ao texto. - lógica: tem que fazer um certo sentido, como por exemplo: o direito proíbe bigamia, mas logicamente entendemos que ele também proíbe a poligamia. - teleológica: é a intenção da lei. A descoberta do que a lei quer com aquilo. - histórica/ sociológica (ou progressiva): pensar porque a lei foi feita daquela maneira pelo legislador, situar a interpretação no contexto histórico. Objeto: - extensiva: ela pode estender a incriminação para além do que o princípio parece que é. A analogia é proibida no DP, ela é vedada pelo princípio da legalidade, que veda qualquer incriminação que não seja por lei, mas na interpretação extensiva há um raciocínio analógico, mas somente sob duas formas: a) a analogia que se dê em favor do réu (in bonam partem). Se for em benefício do réu, a analogia pode ser feita. b) a interpretação analógica (ou intra legem - dentro da própria lei). - declarativa: aquela em que a lei não disse o que queria dizer, mas é feito um raciocínio lógico para estabelecer o que deve ser entendido. - restritiva: restringe a interpretação. Norma penal em branco são normas penais que descrevem uma conduta se valendo de um elemento que é regulado por outra norma. É quando o preceito primário não é suficiente para criminalizar uma conduta, precisando assim fazer referência à alguma coisa que está fora dele. Ex.: importar, vender e etc drogas. Mas o que é droga? Quando a complementação for para uma norma de mesmo nível (é o mais comum) é chamado de norma penal em sentido amplo. Quando a complementação for para uma norma de mesma hierarquia é chamada de norma penal em sentido estrito. OBS: se você tira da norma penal a complementação, aquilo deixa de ser crime. Como por exemplo: não considerar mais anabolizante como droga faz com que importar, vender anabolizante, não seja mais crime. Vigência da lei penal A lei penal entra em vigor na data que a própria lei disser. E se ela não disser quando entra em vigor, no território brasileiro, entrará 45 dias depois de sua publicação e, no exterior, 3 meses depois. O tempo que a lei foi promulgada até ela entrar em vigor é chamado de vacatio legis. A lei perde a vigência pela revogação. Que pode ser a revogação parcial (ab-rogação) ou a revogação total (derrogação). *Em alguns casos a derrogação promove o efeito repristinatório: tem uma lei em vigor, uma nova lei entra em vigor e a 1° deixa de existir, quando essa deixar de existir e não for substituída por outra, ela volta a ter vigência (isso não acontece na lei penal). A revogação pode ser: Expressa: a lei pode dizer expressamente o que revoga na lei anterior. Tácita: a lei não diz expressamente o que revogou na lei anterior, mas isso é perceptível. É possível perceber o que a lei revogou na anterior. Lei Penal no Tempo - Art. 2º e 3º do CP. Art. 2º - a lei nova deixou de considerar aquela conduta como crime, logo, ninguém poderá ser punido por aquela conduta e quem já foi condenado deixa de ter cometido crime. Houve o Abolitio Criminis (aboliu o crime). A lei nova que de alguma maneira beneficie o agente deve ser aplicada em seu favor, ela pode beneficiar diminuindo a pena ou criando um atenuante que favoreça o acusado. * Art 107, III, do CP - a punibilidade é extinta pelo abolitio criminis. Ex.: se a pessoa foi condenada por adultério, e é elaborada uma lei que adultério não é mais crime, a pessoa tem a sua punibilidade extinta. É o juiz da execução (não é aquele juiz que julgou o crime) quem vai decidir sobre a aplicação mais benéfica ao acusado quando ele já estiver sido condenado. Se o processo estiver em curso quem vai aplicar a lei nova é o próprio órgão julgador, o próprio juiz da causa. Ou seja, a lei posterior só retroage em favor do réu. Art. 3º - na vigência da lei excepcional ou temporária, mesmo que decorrido o tempo de vigência, ainda ocorre à aplicação da lei aos fatos praticados no tempo que ela estava em vigor. Ou seja, se você praticou uma conduta criminosa durante a vigência de uma lei temporária, você será punido mesmo que a sua vigência acabe, você não será beneficiado. Isso é a extra- atividade da lei penal: o quanto a lei penal alcança ou não os fatos no tempo. - Irretroativa: a lei penal é irretroativa. A pessoa pratica uma conduta que não é crime, mas um dia depois essa conduta vira crime, a pessoa não pode ser punida. É a regra absoluta do Princípio da Legalidade, que diz que a lei deve ser prévia. -Retroativa: é quando a lei nova alcança a pessoa, mesmo que ela tenha praticado aquela conduta antes daquela lei ser feita. A lei só pode retroagir quando for beneficiar o acusado. (Art. 2º). -Ultratividade: a lei vai além do seu tempo de vigência. Quando a lei nova agrava a situação do acusado, a lei antiga ,que é mais benéfica, ultra-age. OBS: Crime permanente: é um crime que se pro cai. Crime instantâneo: faz na hora e acaba Crime continuado: todo dia eu furto uma caneta da coleção de uma colega. Com o objetivo de ter a coleção pra mim. Quando descobrem que eu furtei as canetas, o DP "finge" que eu furtei a coleção, não cada caneta. Se o crime for permanente, será aplicada a lei nova mais grave, porque quando a lei for aplicada o crime ainda estará sendo praticado. No crime continuado, há quem diga que deve ser dividido, aplicar a lei antiga para o crime antes do surgimento da lei nova, e a lei nova para o crime que foi feito a partir da vigência dela. Para o STF, que é o que vale, é aplicada a lei nova mais grave. Tempo do crime – Art. 4º (estudo para se saber em que momento o crime foi cometido) Há 3 teorias se ocupam do tempo do crime: -resultado: o crime foi praticado quando se verificar o seu resultado. -atividade: o crime aconteceu quando se verificar a conduta, independentemente da época do resultado. -ubiquidade: afere o tempo do crime tanto pela conduta quanto pelo resultado. O Brasil adotou a teoria da atividade para o tempo do crime, ou seja, acontece crime quando a conduta foi praticada, não importa quando acontece o resultado. Conflito aparente de normas: O conflito sempre pode ser resolvido, por isso é aparente. É quando uma única conduta que parece se moldar a mais de um modelo de conduta proibida. A gente fica em dúvida sobre qual foi o crime cometido. O conflito aparente de normas se soluciona por 4 princípios: - Especialidade: é quando existe uma lei especial sobre a geral. A conduta tem uma característica especial (Infanticídio é diferente de homicídio). - Subsidiariedade: (ou soldado de reserva) é quando se tem uma previsão padrão e se não for um crime mais grave, consegue-se responsabilizar a pessoa pelo crime menos grave. Se não tem como prender pelo crime mais grave, tem uma reserva na lei para punir o crime menos grave. - Consunção: quer dizer absorção. É quando para você praticar determinado crime,você pratica uma conduta que parece ser outro crime. É quando você pratica em tese mais de uma conduta, só que uma é considerado meio para a conduta final que você quer praticar, ai um crime é absorvido pelo outro. - Alternatividade: se aplica aos tipos mistos e alternativos, isto é, quando o crime é descrito no modelo de conduta proibida de várias maneiras. Qualquer das condutas é considerado crime. É a garantia de que o criminoso não deixará de ser punido por ter feito uma conduta e não outra. São usados na lei vários nomes para que a pessoa não escape da punição. Um exemplo é a lei antidrogas. Lei penal no espaço – Arts. 5º, 6º e 7º (onde a lei penal é aplicada): A lei penal é aplicada no território, o direito penal é territorial. Art. 5º: diz o que é o Brasil Juridicamente. Embarcações oficiais brasileiras, onde quer que elas se encontrem, são Brasil e embarcações ou aeronaves privadas (ex:avião da TAM), quando em espaço internacional (ex: alto mar e espaço aero brasileiro), são Brasil. Embarcações privadas estrangeiras no território brasileiro também é território brasileiro. Art. 6º: diz aonde o crime foi praticado. Usa três teorias para isso: -atividade: o crime foi praticado aonde foi cometido. -ubiquidade: estar em dois ou mais lugares ao mesmo tempo, o crime foi praticado tanto num lugar quanto em outro. -resultado: o crime foi cometido onde se verificou o resultado. O Brasil adota a teoria da ubiquidade, ou seja, o crime foi praticado no local onde se cometeu a conduta e também no local onde se verificou o resultado. Isto é importante para o crime a distância, como por exemplo: uma pessoa manda uma carta bomba para a Argentina. Para o Brasil a pessoa cometeu o crime em dois lugares. Essa teoria serve para impedir que nos crimes a distância a pessoa diga que não cometeu crime na jurisprudência. Art. 7º - extraterritorialidade: O inciso 1 do artigo trás os crimes que são cometidos fora do Brasil, mas ficam sujeitos a lei brasileira. Nos crimes descritos nesse inciso, é desconsiderado se a pessoa já foi julgada ou não, ela é processada de acordo com a lei brasileira. O inciso 2 diz que se um brasileiro cometer um crime em outro país e não for julgado lá, quando ele retornar pro Brasil ele será julgado. Diz também que a lei brasileira vai alcançar o brasileiro que cometer crime em qualquer lugar no mundo. E diz ainda que se o Brasil obrigou a reprimir um crime, mesmo que ele tenha sido cometido fora do Brasil, a lei brasileira o alcança. Nesses casos a aplicação da lei brasileira dependerá das seguintes condições: a pessoa tem que voltar para o Brasil após ter cometido o crime, tem que ser crime também no país em que foi praticado a conduta e o crime tem que estar incluídos entre os quais a lei brasileira permite a extradição. Se o agente já tiver sido condenado, o Brasil não pode julgar de novo e se o agente tiver sido perdoado, o Brasil não pode se meter. *Tudo isso se aplica a um estrangeiro que comete um crime contra um brasileiro. Mas é preciso que haja a requisição do ministério da justiça para punir o estrangeiro que comete um crime contra o brasileiro. Art. 8º Trata da consequência de uma pena cumprida no estrangeiro, quando pelo mesmo crime for a pessoa punida no Brasil. Quando a pena for maior no Brasil, a gente diminui o que a pessoa já cumpriu e se a pena for igual, a gente impõe a pena, mas a pessoa não vai cumprir, porque ela já cumpriu. Imunidades: A imunidade é um obstáculo para a atuação da lei penal, ou seja, a pessoa está fora do alcance da lei penal. Isso ocorre nos casos de: - Atividade diplomática: tem imunidade absoluta, material, o diplomata não comete o crime e não é processado pelo crime. A imunidade diplomática é absoluta, porque essa atividade é atípica. Toda atividade do diplomata é atividade diplomática, então você não sabe quando ele está fazendo uma atividade diplomática ou não. - Atividade Consular: é uma atividade administrativa praticada por um agente de outro país no exterior. Só se protege o exercício efetivo da atividade consular, como por exemplo: celebrar casamento, atestar óbito, expedir certidões, emitir visto... Se o consular atropela alguém, ele é punido aqui no Brasil, diferentemente do diplomata. - Atividade Parlamentar: é uma imunidade material absoluta por opiniões, palavras e votos. Se o cara disse um absurdo, ele está protegido, pois é esse o seu serviço. Os deputados estaduais, federais e os senadores, têm imunidade material e formal. O vereador só tem imunidade material no município dele, e ele não tem imunidade formal. Contagem de prazos: Os prazos são contados sempre com o computo do dia inicial. O prazo sempre favorece o réu. O primeiro dia computado é sempre o dia que inicia a pena, mesmo que faltem só 15 minutos para acabar o dia. A prescrição fulmina o exercício de um direito. O DP é uma tensão entre o direito de punir do Estado e o direito de liberdade do indivíduo. Logo, a prescrição é a extinção do Estado exercer o seu direito de punir. A prescrição significa que no direito nada pode ficar em aberto por muito tempo. O direito trabalha com dois valores: justiça e segurança. Para o direito segurança também é justiça, por exemplo: você cometeu um crime, mas ninguém viu, então o estado tem um prazo pra conseguir te achar. *Frações do dia não são computados, ninguém é preso por horas, só por dias. OBS: O Direito Penal não está todo no código penal, a sua parte especial –que são os crimes- estão nas leis penais extravagantes, como por exemplo, os crimes contra o sistema financeiro nacional, que estão previstos fora do CP. Essas leis extravagantes podem prever o crime, mas a parte geral do tratamento que se dará as condutas proibidas se encontra no código penal. Conduta Típica Ilícita e Culpável: A conduta é um comportamento humano consciente, ou seja, a pessoa que não tem consciência não comete crime algum, como por exemplo, o sonâmbulo. O direito penal não pune a pessoa e sim a conduta dela. A conduta é um comportamento, uma ação humana, que pode ser: a) comissiva: a pessoa faz algo que ela não deveria fazer, como por exemplo: matar alguém b) omissiva: a pessoa deixa de fazer uma coisa que ela deveria ter feito, como por exemplo: ajudar alguém que está se afogando. Ela pode ser própria, que é o deixar de fazer algo que devia (é a comum) ou imprópria, que significa um não fazer intencional para provocar um resultado (é a comissão por omissão ou crime por omissão). A omissão própria pode ser feita por qualquer pessoa. A omissão imprópria é praticada por determinadas pessoas, aquelas que têm obrigação de fazer uma determinada coisa. * Art. 13 § 2º diz quem são essas pessoas que têm obrigação de agir e não agindo cometem o crime comissivo por omissão: “a” – a pessoa que tem obrigação de cuidar da proteção ou vigilância (ex: mãe). “b” – a pessoa que por outra forma assumiu a responsabilidade de assumir o resultado (ex: guia de turismo que te leva na trilha). “c” – a pessoa que com o comportamento anterior causou o risco da ocorrência do resultado (ex: a pessoa te coloca em uma situação de risco e tem como te salvar, ela tem obrigação de te salvar). Teorias da conduta: Essa ideia entre as diferenças das teorias das escolas de condutas se divide em onde eu vou colocar o que se passa na cabeça do agente quando ele pratica o crime. Se eu vou estudar isso no tipo ou na conduta. Essas escolas se ocupam em saber como se estuda o comportamento. Teoria Causal naturalística (teoria clássica do sec. XIX): É uma teoria do positivismo, que diz que a conduta é um evento mecânico, não é preciso estudar se a pessoa queria fazer a conduta. Ex.: só preciso saber que a pessoa pegou a arma e atirou, não preciso saber se ela quis fazer isso. Essa teoria separa a conduta em elemento objetivo (mecânica do movimento) e em elemento subjetivo (o que se passa na cabeça do agente). Teoria Causal valorativa: não desconsidera a 1ª teoria, mas acha que é preciso acrescentara ela algum valor, um valor moral à conduta. Não se ocupa apenas dos movimentos mecânicos. São estudados os movimentos mecânicos que violam os bens jurídicos protegidos, não quaisquer movimentos. Teoria Finalista: Essa teoria diz que a conduta é uma ação humana consciente direcionada para uma finalidade, por isso, é teoria finalista. Se essa finalidade é relevante ou não para o DP é outra questão. Mas, toda conduta que interessa para o DP é necessariamente movida por uma finalidade. É a teoria adotada no Brasil. Teoria da ação social: o direito penal não se ocupa do que é socialmente admissível, é o princípio da adequação social. Ausência da ação: É quando a pessoa não fez alguma coisa, mesmo que mecanicamente pareça que ela tenha feito. Coação física irresistível: é quando eu estou escrevendo e uma pessoa pega a minha mão e enfia no olho da outra pessoa. Eu não vou ser punida por isso. Para o DP, a pessoa sofreu a coesão irresistível, então ela não será punida. Coação moral irresistível: é a chantagem e para o DP, a pessoa que sofreu chantagem não será punida. Inconsciência: uma pessoa sonâmbula, dopada, ou sedada, que comete uma infração também não será punida. A intenção ou não de praticar um crime a gente chama de culpa ou dolo. A pessoa só pratica um crime se ela fez aquilo com culpa ou dolo. Dolo: é a consciência e a vontade de praticar o tipo objetivo, que está descrito no modelo de conduta proibida. Ele pode ser direto e indireto. Se for direto ele pode ser genérico: é a consciência e vontade de praticar o tipo objetivo. Ou pode ser específico: é uma finalidade especial, que não tem em todo tipo. Essa finalidade especial vai além do dolo geral. Se for indireto ele pode ser alternativo: tem duas intenções possíveis e ambas são erradas. Ou pode ser eventual: quando para conseguir alguma coisa, a pessoa assume o risco de fazer outra coisa. A pessoa sabia que aquele resultado aconteceria, mas não se importa. EX.: quero matar alguém dentro de uma sala, então eu explodi a sala e matei quem eu queria, mas também matei as outras pessoas que estavam na sala. Culpa: é a ausência de um dever de cuidado objetivo. Culpa é a ausência de cuidado que qualquer pessoa teria na mesma situação, um mínimo de cuidado que é exigido a todos. * A regra no DP é sempre punir pelo dolo (pelo que a pessoa quis fazer), mas eventualmente, ele pune por culpa, quando o resultado causado pela falta de cuidado. Em regra, as condutas são puníveis a titulo de dolo, e as exceções são por certos tipos de culpa (quando o resultado for muito grave). A culpa pode ser por: a) negligência: é uma desatenção com alguma coisa que você tinha que ter cuidado, exemplo: mãe que deixa a panela no fogo com a criança perto. b) imprudência: é um excesso de falta de cuidado, exemplo: dirigir em alta velocidade em um local que tem escola. c) imperícia: é a falta de cuidado do especialista. Só o perito pode ser imperito, exemplo: médico que deixa a gase dentro do paciente. A culpa também pode ser inconsciente: é quando a pessoa não perceber o que é previsível. Ou ela pode ser consciente: é quando a pessoa prevê o previsível, mas acredita sinceramente aquele resultado não vai acontecer (essa culpa é mais grave). Conduta Típica Ilícita e Culpável: O tipo é um modelo de conduta proibida. O tipo deve ser objetivo, certo, escrito e estrito. Ele não pode ser muito aberto, não pode ter elementos jurídicos muito indeterminados, não pode haver dúvidas sobre o que está dizendo. A teoria finalista que é adotada no Brasil coloca o estudo sobre o que se passa na cabeça do agente no tipo, ou seja, a própria conduta já tem a intenção. A estrutura do tipo é: preceito primário – tipo de conduta proibida; e preceito secundário – é a imposição de uma sanção. As normas incriminadoras são os tipos de crime. Elas estabelecem a conduta proibida e qual será a sanção prevista. O tipo pode ser aberto: se o tipo for muito aberto começa a violar o Princípio da Legalidade. Ou pode ser fechado: quanto mais fechado mais as pessoas vão saber como se comportar com o direito. O tipo tem que ser o mais objetivo possível. A função do tipo pode ser: De garantia: é preciso saber qual é a conduta proibida, e é possível saber qual é a conduta proibida lendo no preceito primário. Indiciária: o tipo é um indicador da ilicitude da conduta. É um indício de que provavelmente aquela conduta proibida é ilícita. Tipo objetivo: é a descrição da conduta proibida. Elemento descritivo: “subtrair para si ou para outro, coisa alheia móvel...” A gente sabe o que é subtrair e também o que é coisa. Elemento normativo: “suprimir ou reduzir tributo” Mas o que é tributo? É o direito que vai determinar o que é o elemento. Tipo subjetivo: é a intenção do agente ao praticar a conduta proibida. Dolo geral: é a consciência e vontade de fazer a ação. Não é a motivação. Elemento subjetivo especial: finalidade especial. Não é a motivação. Vai além do dolo geral. OBS: Se o tipo não disser nada sobre dolo ou culpa, aquilo é uma conduta dolosa. Se for culposa o tipo dirá. O tipo poder ser: Doloso (é a regra – teoria finalista que traz o dolo e a culpa no tipo): é a consciência e vontade de praticar o tipo objetivo (que é a descrição da conduta proibida). Culposo: a culpa ou tipo culposo é sempre uma exceção. A culpa vem sempre expressa na lei. É a prática da conduta por falta de cuidado de dever objetivo. O DP só se ocupa dela quando essa falta de cuidado provoca um resultado muito grave. Preterdoloso: é uma conduta inicialmente dolosa com um resultado culposo mais grave. E esse resultado forma um novo crime. Também é conhecido como: crime qualificado pelo resultado. É preceito primário e secundário. O resultado do crime é mais grave do que foi previsto. Dolo além do dolo inicial. Temos o exemplo do latrocínio. O resultado pode ser: - Material: é aquele que é experimentado no mundo das coisas materiais. Você pode ver uma alteração no mundo físico, exemplo: quebro alguma coisa, suprimi um tributo, matei alguém... - Formal: é uma discrição da norma, a norma diz que aquilo é o resultado. Não tem ocorrência no mundo material. Exemplo: ameaça. - Mera conduta: só a conduta já é o crime. Só de fazer o que a conduta diz já é crime, independente do resultado. Esse crime de mera conduta gera um resultado formal. Nexo de causalidade: Não basta a conduta e o resultado, eles têm que estar ligados, e essa ligação são o nexo de causalidade. Que pode ser direto, indireto ou superveniente. Tudo que ajuda, participa do resultado, é causa do resultado. Essa ideia se chama na doutrina de Teoria da Equivalência dos Antecedentes: tudo que concorre para aquele resultado é causa do resultado, tudo que antecede o resultado é causa do resultado. O perigo dessa teoria é o regresso do infinito – punir o engenheiro que fez a arma com a qual um cara foi morto. Para limitar o regresso do infinito, o DP criou a Teoria da Condição Sem a Qual o Resultado Não Teria Acontecido – essa teoria diz que contribui como causa do resultado aquilo que pode ser imputado a alguém a titulo de dolo ou culpa. A pessoa é responsabilizada quando da sua conduta o resultado se desloca. *Os crimes podem ser de dano ou de perigo: Crime de dano é aquele que causa um dano no mundo dos fatos e crime de perigo é aquele que você não causou nenhum dano, mas coloca as pessoas em perigo, esse crime poder ser concreto ou abstrato. A conduta típica tem que ser formal e material: Formal: a conduta se adéqua a mera descrição da lei. Aquela conduta se encaixa no modelo de conduta proibida. Material: típica no conteúdo e na forma. Para saber se é tipo de verdade: Lesividade: tem que verdadeiramente ofender um bem jurídico protegido. Insignificância (ou bagatela): o DP não se ocupa de coisas insignificantes. Quem decide o que é insignificante é o juiz no caso concreto. Reconhecimento da insignificância é o reconhecimento de quea conduta não é típica. Adequação social: se for aceitável socialmente não é conduta típica. Tipicidade (conglobante): se algum ramo do ordenamento jurídico autoriza a conduta em determinada circunstâncias, ela não é conduta típica. Engloba as condutas que outros ramos do direito autorizam.
Compartilhar