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Aula 07 Direito Civil p/ TRF 2ª Região (Analista Judiciário - Área Judiciária e Oficial) - Com videoaulas Professor: Aline Santiago 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Aula 07 Dos Contratos. Apresentação da Aula 07 .............................................................................................................. 2 Cronograma da Aula - 07 .............................................................................................................. 3 Relação dos Assuntos com o Código Civil ...................................................................................... 3 Teoria Geral dos Contratos. .......................................................................................................... 4 Os Contratos no Código Civil. ....................................................................................................... 5 Disposições Gerais (art. 421 a 480). .............................................................................................. 5 ¾ Da classificação dos contratos. ..................................................................................................... 5 Preliminares (arts. 421 a 426). ...................................................................................................... 8 Da formação dos contratos (arts. 427 a 435). .............................................................................. 13 ¾ A proposta. ................................................................................................................................ 14 ¾ A aceitação. ............................................................................................................................... 18 Do contrato preliminar (arts. 462 a 466). .................................................................................... 20 Estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438). ..................................................................... 23 Da Promessa de Fato de Terceiro (art. 439 e 440). ...................................................................... 25 Dos Vícios Redibitórios (art. 441 a 446). ..................................................................................... 26 Da Evicção (arts. 447 a 457). ....................................................................................................... 29 Dos Contratos Aleatórios (art. 458 a 461). .................................................................................. 34 Do Contrato com Pessoa a Declarar (art. 467 a 471). ................................................................... 36 Da Extinção do Contrato (art. 472 a 480). ................................................................................... 37 ¾ Do distrato (arts. 472 e 473). ...................................................................................................... 37 ¾ Da Cláusula Resolutiva (arts. 474 e 475). ..................................................................................... 38 ¾ Adimplemento substancial .............................................................................................................. 39 ¾ Da Exceção de Contrato não Cumprido (arts. 476 e 477). ............................................................. 40 ¾ Da Resolução por Onerosidade Excessiva (arts. 478 a 480). ......................................................... 41 Espécies de contratos (arts. 481 a 853). ...................................................................................... 43 ¾ Compra e venda (arts. 481 a 532). .............................................................................................. 43 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi ¾ Cláusulas especiais do contrato de compra e venda. ...................................................................... 49 ¾ Retrovenda. ...................................................................................................................................... 49 ¾ Venda a contento. ............................................................................................................................ 51 ¾ Da preempção ou preferência. ........................................................................................................ 52 ¾ Da venda com reserva de domínio. ................................................................................................. 54 ¾ Da venda sobre documentos. .......................................................................................................... 55 ¾ Do depósito. .............................................................................................................................. 56 ¾ Do Depósito Necessário (arts. 647 a 651). ....................................................................................... 61 ¾ Do mandato. .............................................................................................................................. 63 ¾ Das Obrigações do Mandatário (arts. 667 a 674). ........................................................................... 66 ¾ Das Obrigações do Mandante (arts. 675 a 681)............................................................................... 68 ¾ Da Extinção do Mandato (arts. 682 a 691)....................................................................................... 68 ¾ Do Mandato Judicial (art.692).......................................................................................................... 71 ¾ Da fiança. .................................................................................................................................. 71 ¾ Dos Efeitos da Fiança (arts. 827 a 836). ........................................................................................... 74 ¾ Da Extinção da Fiança (arts. 837 e 839). .......................................................................................... 77 Considerações Finais .................................................................................................................. 78 Resumo da Matéria .................................................................................................................... 79 Questões Comentadas ............................................................................................................... 88 Lista de Questões ..................................................................................................................... 118 Gabarito .................................................................................................................................. 132 $8/$��� &2175$726��',6326,d®(6�*(5$,6��9È5,$6�(63e&,(6�'(� &2175$72��&2035$�(�9(1'$��'(3Ï6,72��0$1'$72��),$1d$� Apresentação da Aula 07 Olá aluna (o)! A aula de contratos está EDVWDQWH�³FDUUHJDGD´, portanto tenha calma e leia com atenção. Começaremos falando da teoria geral dos contratos, sobre as disposições gerais e sobre a extinção do contrato. E encerraremos falando sobre as espécies contratuais que foram pedidas em seu edital. Você precisará ao menos ter uma noção geral de cada um, saber identificar cada modalidade de contrato, seus conceitos, as principais características e quais as figuras (pessoas) envolvidas. ;) 7HQKD�PXLWR�FXLGDGR�DR�³GRVDU´�VHX�HVWXGR� Este assunto é bastante extenso, sendoassim, muita coisa não será cobrada em prova. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Atenção! No certame de 2011, a banca cobrou apenas algumas espécies de contartos, como ainda não há edital na praça, vamos disponibilizar a matéria completa. Tudo bem!? Como o assunto é muito grande, optamos por transcrever todos os artigos. Os artigos que não foram comentados são de fácil compreensão ou, então, são pouco lembrados nas provas, mas, se você tiver dificuldade no entendimento de algo, por favor, não hesite e entre em contato conosco. - Abraços e coragem, Aline & Jacson. Cronograma da Aula - 07 AULA Tópicos abordados DATA AULA 07 Contratos: disposições gerais. Várias espécies de contrato: Compra e venda. Depósito. Mandato. Fiança. 06/12/2016 Relação dos Assuntos com o Código Civil A U L A 0 7 Tópicos que serão abordados neste curso Artigos da Lei Dos Contratos em Geral: Disposições Gerais. Extinção dos contratos. Art. 421 ao 480 do CC Das Várias Espécies de Contratos: Compra e Venda Depósito Mandato Fiança Art. 481 a 532 do CC Art. 627 a 652 do CC Art. 653 a 692 do CC Art. 818 a 839 do CC 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 2%6(59$d2� ,03257$17(�� HVWH� FXUVR� p� SURWHJLGR� SRU� GLUHLWRV� DXWRUDLV� �FRS\ULJKW��� QRV� WHUPRV� GD� /HL� ���������� TXH� DOWHUD�� DWXDOL]D� H� FRQVROLGD� D� OHJLVODomR�VREUH�GLUHLWRV�DXWRUDLV�H�Gi�RXWUDV�SURYLGrQFLDV� *UXSRV� GH� UDWHLR� H� SLUDWDULD� VmR� FODQGHVWLQRV�� YLRODP� D� OHL� H� SUHMXGLFDP� RV� SURIHVVRUHV� TXH� HODERUDP�RV� FXUVRV�� 9DORUL]H�R� WUDEDOKR�GH�QRVVD�HTXLSH� DGTXLULQGR�RV�FXUVRV�KRQHVWDPHQWH�DWUDYpV�GR�VLWH�(VWUDWpJLD�&RQFXUVRV� ��� $8/$���� &2175$726��',6326,d®(6�*(5$,6��9È5,$6�(63e&,(6�'(� &2175$72��&2035$�(�9(1'$��'(3Ï6,72��0$1'$72��),$1d$�� Teoria Geral dos Contratos. Contrato é o acordo de duas ou mais vontades, é um negócio jurídico bilateral ou plurilateral, que deve estar em conformidade com a ordem jurídica e que tem por finalidade estabelecer uma relação entre a vontade das partes. O escopo de um contrato é o de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. Sendo o contrato um negócio jurídico, ele requer, para sua validade, a observância dos requisitos do artigo 104 do CC, quais sejam: Agente capaz; Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e Forma prescrita ou não defesa em lei. Os contratos possuem dois elementos: o estrutu ral e o funcional: O estrutural, como o próprio nome diz, refere-se à estrutura. Para termos um contrato é necessária a existência de duas ou mais pessoas1 que acordam sobre um determinado objeto. 1 Alguns doutrinadores entendem se pode admitir, em nosso ordenamento jurídico, o autocontrato ou o contrato consigo mesmo, quando uma só pessoa possa representará ambas as partes. Seria a hipótese do art. 117 do Código Civil. Art. 117. Salvo se o permitir ¹a lei ou ²o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Já o funcional diz respeito à composição de interesses contrapostos (mas harmonizáveis) entre as partes, constituindo, modificando e solvendo direitos e obrigações. Os Contratos no Código Civil. Os contratos são tratados na parte especial do Código Civil de 2002, Livro I ± Do direito das Obrigações: No Título V, temos o capítulo I, que traz as disposições gerais e o capítulo II, que traz a extinção do contrato. No Título VI, temos as várias espécies de contrato. Disposições Gerais (art. 421 a 480). ¾ Da classificação dos contratos. Antes de começarmos a aula propriamente dita, falando das disposições gerais dos contratos, vamos citar e explicar as principais classificações dos contratos. Esta parte é bastante teórica, mas você verá que ela é muito importante para a resolução de determinadas questões. Contratos típicos e atípicos: Serão típicos, ou nominados, quando estiverem regulamentados pelo ordenamento jurídico através do CC, ou por qualquer norma extravagante2. Serão atípicos, ou inominados, os negócios bilaterais cujo perfil não se encaixe em qualquer das espécies contratuais prescritas pelo sistema. Contratos mistos e coligados: Os contratos mistos (ou complexos) são caracterizados pela coexistência de obrigações pertinentes a tipos diferentes de contratos, que estão ligados pelo caráter econômico que asseguram, segundo Gonçalves3��³2�FRQWUDWR�PLVWR� resulta da combinação de um contrato típico com cláusulas criadas pela 2 Normas que regulamentam um tipo de contrato, mas que, neste caso, não são localizadas no Código Civil. 3 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, ed. Saraiva, 2ª ed., pág. 770. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi vontade GRV� FRQWUDWDQWHV´�� -i� RV�contratos coligados se caracterizam pela coexistência, num mesmo negócio, de obrigações simplesmente justapostas, sem a ligação de caráter econômico entre elas. É, na realidade, uma pluralidade, pois há vários contratos interligados. Contratos unilaterais e bilaterais4: Contratos bilaterais (ou sinalagmáticos) são os contratos com obrigações recíprocas e correlativas, são aqueles de que nascem obrigações para ambas as partes. Já os contratos unilaterais se caracterizam por acarretar obrigações para apenas um dos contratantes. ATENÇÃO: todo contrato, pela sua própria natureza, é negócio jurídico bilateral, que envolve duas ou mais vontades. Quando se fala em contratos unilaterais, emprega-se a palavra não no sentido de sua formação, mas no sentido de seus efeitos. (apenas um dos contratantes assume obrigações perante o outro) Contratos individuais e coletivos: Chamamos contratos individuais (ou singulares) aqueles em que cada uma das partes intervém para convencionar diretamente aquilo que lhe interessa. Os contratos coletivos são aqueles em que a vontade da maioria prevalece sobre a vontade da minoria. Contratos coletivos são aqueles estabelecidos, por exemplo, pelo acordo de duas pessoas jurídicas que representam categorias profissionais. Contratos impessoais e pessoais: São impessoais os contratos em que a pessoa do devedor é fungível ± quer dizer, interessa ao credor ter sua obrigação satisfeita, não importando quem efetivamente o faça. Os contratos pessoais ou intuito personae, por sua vez, são aqueles em que as partes contratantes especificam quem está incumbido de prestar ± não se admitindo que terceiro satisfaça a obrigação, justamente por se tratar de obrigação personalíssima.Contratos consensuais, formais e reais: Os consensuais são os que requerem para seu aperfeiçoamento, apenas a conjugação de vontades, ou seja, apenas o consentimento das partes. Os 4 Cuidado para não confundir com a classificação dos negócios jurídicos em bilaterais e unilaterais. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi formais são os que exigem o cumprimento de determinadas formalidades legais para o seu aperfeiçoamento. Já os contratos reais são os que exigem a efetiva tradição 5 do objeto contratual para sua formação, ou seja, que além do consentimento dos contratantes, que haja a entrega da coisa (da res), do objeto. Contratos onerosos e gratuitos: São onerosos os contratos em que ambas as partes visam recíprocas atribuições patrimoniais, próprias ou para terceiros, assim entendida toda vantagem avaliável em dinheiro, ou seja, os contratantes têm o intuito de auferir vantagem própria, assumindo encargos recíprocos. Os contratos gratuitos (ou benéficos), por sua vez, caracterizam-se, objetivamente, por haver uma parte que obtém vantagem e a outra que deve suportar o sacrifício, não há contraprestação, apenas uma das partes é onerada. Normalmente, um contrato bilateral será oneroso e um contrato unilateral será gratuito. No entanto, a doutrina cita o contrato de mútuo feneratício (ou oneroso) como exemplo de contrato unilateral e oneroso (pois é convencionado o pagamento de juros). E cita o mandato como bilateral e gratuito, pois a obrigação para o mandante surgiria em um momento posterior. Contratos comutativos e aleatórios6: Considera-se comutativo o contrato em que há proporcionalidade entre a atribuição patrimonial auferida e o sacrifício suportado, justamente por se saber com certeza quais são as prestações. O contrato aleatório, ao seu tempo, baseia-se na ideia de álea, de risco, de sujeição ao acaso, à sorte. Recebe a classificação de aleatório quando a prestação devida depende de um acontecimento incerto e que faz com que não seja possível a determinação do ganho ou da perda, senão até que este acontecimento se realize. Contratos de execução imediata, de execução diferida e de trato sucessivo: É de execução imediata, ou instantânea, o contrato cuja obrigação é adimplida por intermédio de uma única prestação que importa na extinção completa da obrigação. No contrato de execução diferida no tempo, ou retardada, a prestação a ser cumprida se dará somente em termo futuro. 5 Termo jurídico que significa entrega. 6 Trata-se de uma subclassificação dos contratos onerosos e que analisa a relação entre a vantagem e o sacrifício que sofrem as partes. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Já o contrato de execução sucessiva (continuada), ou de trato sucessivo, é aquele que se renova periodicamente com o adimplemento das obrigações contratadas e que serão cumpridas sucessivamente. As obrigações, isoladamente, não tem o condão de extinguir a relação, que persiste e não se extingue por completo até o advento de um termo contratual ou do implemento de uma condição contratualmente fixada. Contratos principais e acessórios: São principais os contratos que tem existência autônoma, ou seja, independentemente e não se submetem a sorte de qualquer outro contrato. Os contratos acessórios, por sua vez, existem em virtude dos contratos principais, tendo, destarte, sua existência condicionada a do principal, como por exemplo, a fiança. Após citarmos como os contratos podem ser classificados, vamos dar continuidade à aula, analisando as disposições gerais sobre contratos encontradas no código civil! Preliminares (arts. 421 a 426). O primeiro artigo referente às disposições gerais dos contratos fala da liberdade de contratar e nos traz o princípio da sociabilidade (a função social do contrato). Este princípio estipula a prevalência dos valores coletivos sob os individuais, sem esquecer, contudo, do valor fundamental da pessoa humana. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. A liberdade de contratar está condicionada ao respeito à função social do contrato. Deste modo, limita-se por preceitos de ordem pública, que proíbem, por exemplo, que o acordo entre as partes seja contrário aos bons costumes. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Este artigo dá continuidade ao princípio da sociabilidade e introduz mais dois princípios que devem guiar os contratantes. São eles: o princípio da probidade e o princípio da boa-fé objetiva. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi O princípio da probidade - que impõe as partes o dever de agir com lealdade, honradez, integridade e confiança recíproca. O da boa-fé objetiva - que está ligado não só à interpretação do contrato, mas também ao interesse social de segurança das relações jurídicas. Segundo este princípio as partes devem agir de forma honrada durante as tratativas, a formação e também durante a execução do contrato. Além dos princípios citados acima, existem outros, que podem eventualmente ser cobrados em provas. Eles são os seguintes: O da autonomia da vontade, através do qual as partes poderão elaborar livremente seus contratos, de acordo com seus interesses (respeitando as normas gerais). O do consensualismo, no qual o acordo de vontades das partes bastaria para dar origem a um contrato válido7. O da obrigatoriedade da convenção, pois, uma vez feito um contrato, ele deve ser fielmente cumprido pelas partes, sob pena de responsabilização no caso de inadimplemento, podendo o inadimplente sofrer uma execução patrimonial. O da relatividade dos efeitos do negócio jurídico contratual, já que o contrato normalmente vincula exclusivamente as partes participantes, ou seja, não atinge terceiras pessoas, estranhas a relação contratual. Todos estes princípios contratuais estão ligados ao do respeito e proteção à dignidade da pessoa humana, dando proteção jurídica aos contratantes para que através de seus contratos efetivem a função social da propriedade, do contrato e a justiça social. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/TJM-SP/ Juiz de Direito Substituto. Foi considerado correto o seguinte enunciado: A boa-fé a ser observada na responsabilidade pré- -contratual é a objetiva, haja vista que esta diz respeito ao dever de conduta que as partes possuem, podendo a empresa desistente arcar com a reparação dos danos, se comprovados, sem qualquer obrigação de contratar. 7 Sem esquecer, no entanto, que para determinados contratos (para que sejam válidos) há a exigência de certas formalidades legais. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 132 DIREITO CIVIL- TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi O artigo 423 nos traz a figura do contrato de adesão. ³$FKR�TXH�HX�Mi�RXYL�IDODU�GLVWR�´� Sim, provavelmente você já se deparou com um contrato deste tipo. O contrato de adesão é aquele em que apenas uma das partes estipula as cláusulas e o modo como será o contrato. Cabendo à outra parte ± que é chamada de aderente (você -), apenas aderir a este contrato, ou seja, aceitar as ³UHJUDV´�SUp-estabelecidas. O contrato de adesão contrapõe-se, deste modo, ao chamado contrato paritário8, pois neste as partes discutem livremente as condições. Como exemplos de contratos de adesão, temos aqueles contratos que assinamos (quando assinamos) para receber um cartão de crédito e para formalizar determinados seguros. Acreditamos que você nunca presenciou alguém, no momento de assinar um contrato deste tipo, discutindo as cláusulas com o gerente do banco ou com o corretor, não é mesmo? O contrato já chega pronto, fazemos apenas a adesão. Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Portanto, quando o contrato de adesão contiver cláusulas ambíguas ou contraditórias, caberá ao intérprete, no momento de apreciá-las, adotar a interpretação mais favorável ao aderente (nada mais justo, uma vez que ao aderente ³não é permitido´ discutir as cláusulas deste tipo de contrato). Em tese -, quem faz o contrato de adesão deverá de redigi-lo de maneira mais clara possível, para que o aderente ao se decidir sobre a adesão entenda o que está fazendo. Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. ³2�TXH�LVWR�TXHU�GL]HU"´ 8 O contrato paritário é do tipo tradicional. Nele as partes estão em situação de igualdade, pois discutem as condições do contrato. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi No contrato de adesão o aderente encontra-se em uma situação desfavorável e, por este motivo, terá direitos resultantes da natureza deste negócio. Por exemplo, seria legítima uma cláusula contratual determinando a eleição de foro, no entanto, caso a escolha do foro estipulada em um contrato de adesão (veja que ele foi escolhido apenas por uma das partes) seja abusiva e prejudicial ao aderente, ela poderá ser desconsiderada, mesmo que o aderente tenha renunciado ao direito de escolha. Não pode ser válida (será nula) a cláusula que implique renúncia antecipada de direitos inerentes à natureza do contrato de adesão. Lembre-se também que o contrato deve seguir os parâmetros estipulados pelos princípios da probidade e da boa-fé, para atingir assim sua função social. Observe alguns Enunciados sobre o assunto: Jornada III STJ 167: ³$UWV������D������&RP�R�DGYHQWR�GR�&yGLJR�&LYLO�GH������� houve forte aproximação principiológica entre esse Código e o Código de Defesa do Consumidor no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são LQFRUSRUDGRUHV�GH�XPD�QRYD�WHRULD�JHUDO�GRV�FRQWUDWRV�´ Jornada III STJ 172: ³$UW�� ����� $V� FOiXVXODV� DEXVLYDV� QmR� RFRUUHP� exclusivamente nas relações jurídicas de consumo. Dessa forma, é possível a identificação de cláusulas abusivas em contratos civis comuns, como, por exemplo, DTXHOD�HVWDPSDGD�QR�DUW������GR�&yGLJR�&LYLO�GH������´ Jornada IV STJ 364: ³$UWV������H������1R�FRQWUDWR�GH�ILDQoD�p�QXOD�D�FOiXVXOD�GH� renúncia antecipada ao benefício de ordeP�TXDQGR�LQVHULGD�HP�FRQWUDWR�GH�DGHVmR�´ O contrato de adesão tem características de contratos nominados ou típicos, isso porque está previsto pelo ordenamento jurídico. Em contrapartida, lembre-se de que existem os contratos chamados inominados ou atípicos, que são aqueles para os quais não há previsão legislativa, ou seja, não tem sua estrutura prevista em lei. Assim, contratos atípicos são aqueles que não estão disciplinados pelo Código Civil, nem por leis extravagantes. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi O que existe no Código Civil sobre os contratos atípicos é apenas uma autorização para que possam celebrá-los. Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. 'HVWH�PRGR��DV�SHVVRDV�SRGHP�³LQYHQWDU´�XP�FRQWUDWR�TXH�QmR�Hxista no mundo jurídico (isto é lícito), entretanto, ao fazê-lo, precisam observar as normas gerais fixadas pelo ordenamento jurídico. Ou seja, podem elaborar contratos atípicos, mas valem as normas gerais, para a validade, por exemplo, devem respeitar o art. 104. ³'LUHLWR�SULYDGR��$WLSLFLGDGH��1R�GLUHLWR�SULYDGR�YLJRUD�R�SULQFtSLR�GD�DWLSLFLGDGH� dos negócios jurídicos, vale dizer, as partes podem criar negócios jurídicos DWtSLFRV��QmR�UHJXODGRV�H[SUHVVDPHQWH�SHOD�OHL�����´ 9 2XWUD�³UHJUD�JHUDO´�TXH�RULHnta a celebração de contratos é a encontrada no art. 426: Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/TRT - 4ª REGIÃO (RS)/Juiz do Trabalho Substituto. Foi considerado correto o seguinte enunciado: Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Este preceito é de ordem pública e veda que a herança de uma pessoa ainda viva seja objeto de contrato10. Ainda no campo das disposições gerais, vamos estudar agora como se dá a formação dos contratos. 9 Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 560. 10 Nosso ordenamento jurídico prevê duas formas de sucessão: a primeira é a legítima ± que acontece quando a pessoa morre sem deixar disposições de última vontade, situação em que a herança será dada aos herdeiros especificados pelo código; a segunda é a testamentária ± que é quando a pessoa antes de morrer deixa testamento, situação em que parte da herança será distribuída de acordo com a sua vontade. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Da formação dos contratos (arts. 427 a 435). Vimos que todo contrato requer um acordo de vontade entre as partes, é o chamado consentimento. Além disso, também será necessária a manifestação desta vontade, seja ela de forma expressa ou tácita. Sendo a manifestação de vontade o ponto principal de todo o negócio jurídico contratual, é muito importante que se caracterize o momento em que ela se verifica, pois será a partir deste momento que decorrerá a própria existência do contrato. Quando chegamos a um contrato pronto (já finalizado), precisamos ter em mente que para chegar neste ponto o contrato passou por ¹negociações preliminares; teve duas manifestações de vontade bem características, ²a proposta e ³a aceitação; e teve a fase do contrato preliminar. Tartuce11, ao citar o que se reúne da melhor doutrina, diz que é possível identificar quatro fases na formação dos contratos: Fasede negociações preliminares ou pontuação; Fase de proposta, policitação ou oblação; Fase de contrato preliminar; Fase de contrato definitivo ou de conclusão do contrato. Na maioria das vezes haverá negociações preliminares, conversas, entendimentos e, ainda, reflexões sobre a oferta. Isto tudo até o momento em que se encontre uma solução satisfatória para as partes. Esta é uma regra, porém, sem necessariamente ter havido a fase de negociações, pode acontecer de um contrato surgir apenas com uma proposta de negócio seguida de uma aceitação imediata. A fase pré-contratual não cria direitos nem obrigações e tem como objetivo a preparação do consentimento para a conclusão do negócio jurídico contratual. Não se estabelece qualquer laço jurídico e, por este motivo, não se 11 Flávio Tartuce, Manual de Direito Civil, ed. Método, 2ª ed., pág. 557. 1º as Negociações Preliminares 2º a Proposta 3º a Aceitação 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi pode imputar responsabilidade civil contratual àquele que houver interrompido essas negociações. Nas negociações preliminares, as partes podem passar a elaboração da minuta, que nada mais é do que colocar por escrito alguns pontos constitutivos do contrato (cláusulas ou condições) sobre os quais já tenham chegado a um acordo. Esta minuta no futuro poderá servir de modelo para o contrato que realizarão. Nesta fase ainda não existe vínculo jurídico entre as partes. ³1HVWD� IDVH�GH�QHJRFLDo}HV�QmR�Ki�DLQGD�D� UHVSRQVDELOL]DomR� FLYLO"´ Muito cuidado! Não há responsabilidade civil contratual, mas apesar da falta de obrigatoriedade dos entendimentos preliminares, excepcionalmente pode surgir a responsabilização civil extracontratual. Isto acorrerá, na hipótese de um participante criar no outro a expectativa de que o negócio será celebrado, levando-o a executar despesas, a não contratar com terceiros ou, então, a alterar planos de sua atividade imediata. A parte que, injustificavelmente, desistir e causar prejuízos (mesmo que indiretos) terá a obrigação de ressarcir os danos incorridos. Não se trata da responsabilidade por inadimplemento contratual, mas sim da responsabilidade pela prática de ato ilícito (extracontratual). Sendo o contrato um acordo de duas ou mais vontades, estas não são emitidas ao mesmo tempo, mas sim sucessivamente, com um intervalo razoável entre uma e outra. Existe uma parte que toma a iniciativa, dando início à formação do contrato, ao formular a proposta. A proposta constitui uma declaração inicial de vontade e cuja finalidade é a realização de um contrato. A oferta de contrato, em regra, obriga o proponente. ¾ A proposta. Pode-se dizer que a proposta é uma declaração receptícia de vontade, que se dirige de uma pessoa para a outra e na qual se manifesta a intenção de se considerar vinculada se a outra parte aceitar. Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/TRT - 4ª REGIÃO (RS)/Juiz do Trabalho Substituto. Foi considerado correto o seguinte enunciado: A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. 2016/TRF - 4ª REGIÃO/ Juiz Federal Substituto. Foi considerado correto o seguinte enunciado: A proposta de contrato obriga o proponente se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio ou das circunstâncias do caso, salvo, entre outras hipóteses, se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Nesta fase da formação do contrato, quem faz a proposta é chamado de proponente (ou policitante), já quem aceita é chamado de destinatário (ou oblato). De acordo com o artigo 427, visto acima, o proponente não pode retirar a proposta sem explicações sob pena de responder por perdas e danos. É importante destacar que este não é um preceito absoluto, uma vez que existem situações em que a proposta não obrigará o proponente, quais sejam: ¹quando tratar-se apenas de um convite a contratar (lá na fase das negociações preliminares); ²quando na própria proposta contiver uma cláusula afirmando que a proposta não é obrigatória; ou ³quando o contrário não resultar da natureza do negócio ou das circunstâncias do caso. envia a proposta e aguarda a aceitação Destinatário, Aceitante (oblato) aceita ou não a proposta, devendo a sua resposta chegar no prazo previsto ou em tempo suficiente o Proponente (policitante) 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi O artigo seguinte nos traz os casos em que a proposta não será obrigatória12: Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; Se a proposta foi feita entre presentes (ou seja, o contato é feito pessoalmente) e não sendo aceita de pronto, desobrigará o proponente. ± considera-se também um contato feito pessoalmente, aquele realizado por intermédio de telefone ou outro meio de comunicação semelhante, de forma direta ou simultânea. Então, por exemplo, João fez uma proposta pessoalmente a Paulo e não estipulou um prazo para resposta, caso Paulo não a aceite imediatamente, a proposta deixa de ser obrigatória. II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; Obviamente o proponente não está obrigado a esperar ³LQGHILQLGDPHQWH´�� Se já houver decorrido um tempo tido como suficiente e não chegar uma resposta, a proposta deixa de ser obrigatória. Ou seja, deve-se esperar apenas por um tempo razoável, suficiente para que a proposta chegue ao destinatário (oblato) e para que retorne a sua aceitação. III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; Nesta hipótese, a proposta foi feita a pessoa ausente e com um prazo certo para que fosse dada uma resposta. Se o oblato (destinatário) não se pronunciar no tempo estipulado, fica obviamente o proponente desobrigado. IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. 12 No sentido de obrigatoriedade do cumprimento da proposta. Nesta análise é levado em FRQVLGHUDomR�R�IDWR�GH�D�SURSRVWD�VHU�HQWUH�SUHVHQWHV�RX�HQWUH�DXVHQWHV��2�WHUPR�³ausentes´� (aqui empregado) refere-se apenas à existência ou não de um contato direto entre os contratantes. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e QuestõesAula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi O inciso IV é bastante lembrado em provas. - Se o proponente retirar a proposta e sua retratação chegar antes ou simultaneamente com a proposta original, também deixará de ser obrigatória. Existe uma situação que é equiparada a proposta, trata-se da oferta ao público (é a propaganda feita ao público). Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. O artigo 429 preceitua que a oferta ao público ganha caráter de proposta quando seu conteúdo oferece os requisitos essenciais à contratação, gerando vínculo obrigatório para o ofertante. Estas ofertas ao público podem ser aquelas transmitidas por rádio, televisão ou quaisquer outros meios de comunicação em massa. A revogação da proposta feita ao público é possível, mas deverá ser feita da mesma forma e com o mesmo destaque com que foi feita a proposta e desde que tenha resguardado este direito na proposta feita. Então se aquele ³MRUQDO]LQKR´� FRORFRX� D� RIHUWD� HP� OHWUDV� ³JDUUDIDLV´� D� UHYRJDomR� GHYHUi� WHU� R� mesmo destaque. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/Câmara de Cambará/Procurador Jurídico. Foi considerado correto o seguinte enunciado: Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada essa faculdade na oferta realizada. 2016/DER-CE/Procurador Autárquico. Foi considerado correto o seguinte enunciado: a oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi ¾ A aceitação. A aceitação vem a ser a manifestação da vontade, expressa ou tácita, por parte do destinatário (ou oblato). A aceitação deve ser feita dentro do prazo proposta, chegando oportunamente ao conhecimento do ofertante. Ao aceitar a proposta o aceitante adere a todos os seus termos. Segundo Mosset13: ³$� DFHLWDomR� p� XPD�GHFODUDomR� XQLODWHUDO� GH� YRQWDGH�� UHFHSWtFLD��GHVWLQDGD�DR�SURSRQHQWH�H�GLULJLGD�D�FHOHEUDomR�GR�FRQWUDWR�´ Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. Se a aceitação chegar fora do prazo, por circunstâncias imprevistas, o proponente deverá comunicar imediatamente ao aceitante sobre o atraso, para se precaver de possíveis prejuízos por conta da não conclusão do contrato. Se não tomar tal providência corre o risco de responder por perdas e danos14. Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/TRT - 4ª REGIÃO (RS)/Juiz do Trabalho Substituto. Foi considerado correto o seguinte enunciado: A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. Se a aceitação chegar ao proponente fora do tempo hábil para o aceite ou, ainda, se trouxer modificações à proposta original, será considerada uma nova proposta (ou contraproposta) do aceitante direcionada ao proponente, ficando sujeita à sua concordância. Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo a recusa. 13 Mosset, Contratos, p 105. Em Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 566. 14 CC Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi O art. 432 nos trouxe o caso de aceitação tácita, nesta situação o contrato será considerado perfeito e acabado se a recusa não chegar a tempo. A aceitação tácita é válida em duas situações: Não seja costume a aceitação expressa; ou O proponente a tiver dispensado. Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. A mesma regra que vimos para a proposta vale para a aceitação, ou seja, se a retratação do aceitante chegar antes da aceitação, ou simultaneamente a esta, considera-se inexistente a aceitação. O contrato entre ausentes nem sempre está relacionado à presença física dos contratantes no momento da formação do contrato, mas sim a existência de relacionamento direto entre os contratantes. Para a lei, em relação aos contratos, são considerados ausentes os que fazem suas negociações através da troca de correspondências ou documentos. Quando o contrato é celebrado entre ausentes, o contrato se tornará perfeito, em regra, quando a aceitação do oblato for expedida. As exceções são encontradas nos incisos do art. 434. Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I - no caso do artigo antecedente; Este inciso nos remete ao art. 433, que trata a hipótese da retratação do aceitante chegar antes ou ao mesmo tempo do aceite. Quando isso acontecer, sendo válida a retratação, será considerada inexistente a aceitação. II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Neste caso, em que o proponente se compromete a esperar a resposta do oblato, o contrato se aperfeiçoará no momento da recepção da aceitação, e não no momento da expedição. Neste caso, enquanto a aceitação não chegar às mãos do proponente o contrato não se aperfeiçoará. III - se ela não chegar no prazo convencionado. Este inciso é um tanto óbvio, pois, se existe um prazo para que a resposta seja enviada e ela não chegar neste intervalo de tempo ou chegar atrasada não houve a aceitação e, portanto, não há um contrato. Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Quando o contrato for entre presentes ± também considerado o celebrado por telefone ou videoconferência, o lugar da celebração será onde as pessoas se encontrarem presentes e onde o contrato é proposto. Quando o contrato for entre ausentes, o lugar será aquele onde for expedida a proposta. Do contrato preliminar (arts. 462 a 466). O contrato preliminar está disciplinado no CC, nos artigos 462 a 466 e tem como objeto outro contrato (o definitivo), não devendo ser confundido com o contato preliminar. O contrato preliminar ³QmR�VH�FRQIXQGH�FRP�R�FRQWDWR�SUHOLPLQDU��TXH�p�IDVH� eventual da formação dos contratos em que se manifesta a disposição de FRQWUDWDU´.15 Um bom exemplo de contrato preliminar é o compromisso de comprae venda de imóvel. Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/TRT - 4ª REGIÃO (RS)/Juiz do Trabalho Substituto. 15 Tomasetti, contrato preliminar, § 3º, p. 18. Em Nelson Nery Júnior, Código Civil Comentado, Revista dos Tribunais, 8ª ed., pág. 580. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Foi considerado correto o seguinte enunciado: O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. 2016/TJ-SP/ Titular de Serviços de Notas e de Registros. Foi considerado correto o seguinte enunciado: O contrato preliminar, tal como regulado no Código Civil, prescinde da observância da forma prescrita para o contrato definitivo. Cuidado! Isto aparece bastante em provas. - No contrato preliminar já devem estar estabelecidos os requisitos essenciais do contrato definitivo, somente a forma ainda é livre. Por exemplo, mesmo que o contrato principal precise ser feito por instrumento público, o contrato preliminar poderá ser elaborado por instrumento particular. Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. Assim, o contratante interessado pode exigir do outro a celebração do contrato definitivo, desde que não haja cláusula de arrependimento16, isto ocorre por meio de notificação judicial ou extrajudicial, onde constará o prazo para sua efetivação. Art. 463. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. Para que o contratante interessado possa exigir a celebração do contrato definitivo, o contrato preliminar deve ser registrado no cartório competente. O registro serve para se dar conhecimento a todos da existência do contrato, seja ele preliminar ou definitivo, sendo, por este motivo, um ato necessário. 16 Cláusula de arrependimento, como o próprio nome diz, é a cláusula que permite às partes o arrependimento da celebração do contrato. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Jornada I STJ 30: ³Art. 463: A disposição do parágrafo único do art. 463 do novo &yGLJR�&LYLO�GHYH�VHU�LQWHUSUHWDGD�FRPR�IDWRU�GH�HILFiFLD�SHUDQWH�WHUFHLURV�´ Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. Este artigo autoriza que o contratante interessado recorra à justiça para ter, a partir do contrato preliminar, o contrato definitivo. Assim, o juiz, na sentença, fixará um prazo para que a outra parte efetive o contrato. Se esta decisão judicial não for cumprida, o juiz suprirá a manifestação de vontade faltante, transformando o contrato preliminar em definitivo. STF 168: ³3DUD�RV�HIHLWRV�GR�'HFUHWR-Lei 58, de 10.12.1937, admite-se a inscrição imobiliária do FRPSURPLVVR�GH�FRPSUD�H�YHQGD�QR�FXUVR�GD�DomR´� STF 413: ³O compromisso de compra e venda de imóveis, ainda que não loteados, dá GLUHLWR�D�H[HFXomR�FRPSXOVyULD��TXDQGR�UHXQLGRV�RV�UHTXLVLWRV�OHJDLV´� Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/TJ-DFT/Juiz. Foi considerado correto o seguinte enunciado: No que se refere ao contrato preliminar, a outra parte desobriga-se diante da inércia do estipulante. De acordo com este artigo, pode o contratante interessado, para a efetivação contratual, ao invés de acionar o judiciário, simplesmente desistir do contrato e pedir perdas e danos. Trata-se de escolha, que ficará a critério do contratante interessado. Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi ³2� TXH� VH� HQWHQGH� SRU� SURPHVVD� GH� FRQWUDWR� XQLODWHUDO� PHVPR"´ É quando a promessa acarretar obrigações a apenas uma das partes, TXH�VHUi�D�SDUWH�³GHYHGRUD´� Quando a promessa de contrato for unilateral a parte que se beneficiará (o credor) deve manifestar-se no prazo previsto (se existir) da opção de realizar o contrato ou não. Se não existir prazo, deverá o devedor estipular um. Se o credor não se manifestar em tempo hábil, fica a promessa sem efeito, sem validade. Perceba que o contrato preliminar tem por objetivo delinear os contornos do contrato definitivo, gerando, inclusive, direitos e deveres para as partes, pois estas assumem uma obrigação, a de fazer o contrato final. Trata-se de uma promessa de contratar. Estipulação em favor de terceiro (arts. 436 a 438). De acordo com Carlos Roberto Gonçalves17: ³'i-se a estipulação em favor de terceiros, pois, quando, no contrato celebrado entre duas pessoas, denominadas estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceira pessoa, alheia à formação do vínculo contratual´� (grifos nossos) Na estipulação em favor de terceiro (como o próprio nome diz) existirá uma terceira pessoa. Temos, então, a presença de três figuras, que são: o estipulante ± aquele que estipula em benefício da terceira pessoa; o promitente ± aquele que se obriga a cumprir o acordo em favor do beneficiário; e o beneficiário (que é o terceiro) - a pessoa determinada ou indeterminada que receberá o benefício. É importante destacar que embora a validade do contrato não esteja subordinada a vontade do beneficiário, o mesmo não podemos afirmar com relação à eficácia do negócio, porque, neste caso, será necessária a aceitação por parte daquele que se beneficia18. 17 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, 2ª ed. 18 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro 3, ed. Saraiva, 9ª ed. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Um exemplo bastante comum de contrato em favor de terceiro é aquele que beneficia em um seguro, uma terceira pessoa, que não participou diretamente da relação, do vínculo, contratual. O terceiro não é parte no contrato. Ainda explicaremos o contrato de seguro, mas haverá uma exceção, trata-se de uma impossibilidade de se estipular em favor de terceiro, no concubinato. Art. 793. É válidaa instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era separado judicialmente, ou já se encontrava separado de fato. Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. O art. 436 dá ao estipulante o poder de exigir o cumprimento da obrigação por parte do promitente. O beneficiário também poderá exigir o cumprimento do contrato, isto se este direito não estiver vedado expressamente no próprio contrato e desde que o estipulante não o tenha substituído, conforme o autoriza o art. 438. Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade. Assim, o beneficiário substituído perderá todo e qualquer direito que lhe fora conferido, não cabendo nenhuma indenização. Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Deste modo, o estipulante tem o direito de substituir tanto o beneficiário como também de substituir, exonerando o promitente da obrigação. Caso isso venha a acontecer ± exoneração do promitente, a estipulação em favor de terceiro ficará sem efeito. Mas se for autorizado ao beneficiário reclamar a execução do contrato, o estipulante não poderá exonerar o promitente. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Da Promessa de Fato de Terceiro (art. 439 e 440). Neste caso, o promitente se compromete a conseguir que terceira pessoa assuma uma obrigação, seja ela obrigação de fazer, de não fazer, ou de dar alguma coisa. Observe que o terceiro de quem se quer alguma coisa não faz parte diretamente do contrato. Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, ¹dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e ²desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Assim, se o terceiro não efetuar a obrigação pretendida pelas partes o promitente responderá com uma indenização por perdas e danos. O parágrafo único traz a exceção de tal responsabilidade, no caso de o terceiro ser o cônjuge do promitente. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/TJ-MG/ Titular de Serviços de Notas e de Registros. Foi considerado correto o seguinte enunciado: ³A´ promete a ³B´ que ³C´ irá prestar-lhe serviço, e ³B´, com base nesse compromisso, celebra contrato de promessa de fato de terceiro. Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/CASAN/Advogado. Foi considerado correto o seguinte enunciado: Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. Quando o terceiro se comprometer a efetuar a obrigação a situação se modifica. Neste caso, não haverá para o promitente qualquer responsabilização. Quando o terceiro aceitar a obrigação que o promitente lhe 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi propôs, ele deixa de ser estranho à relação jurídica e, agora, recairá sobre ele uma eventual indenização. Dos Vícios Redibitórios (art. 441 a 446). De acordo com Carlos Roberto Gonçalves19: ³9tFLRV� UHGLELWyULRV� VmR� RV� defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato comutativo20, que a tornam ¹imprópria ao uso a que se destina ou ²lhe diminuem o valor´ (grifos nossos). Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. Deste modo, a pessoa que adquire uma coisa que contenha um vício ou defeito oculto, que a tornem imprópria para o uso ou lhe diminuam o valor, poderá ajuizar uma ação redibitória para a rejeição da coisa e a devolução do valor pago, com a devolução da coisa a seu antigo dono. Poderá também propor uma ação estimatória, para o caso de o defeito oculto diminuir o valor da coisa, onde pedirá a devolução de parte do valor que pagou como abatimento. Segundo o parágrafo único do art. 441, as disposições aplicáveis aos vícios e defeitos cultos também são aplicáveis quando o negócio se deu por doações onerosas. Doações onerosas são aquelas em que o doador impõe ao beneficiário uma incumbência ou dever, há, por exemplo, um encargo. Este tipo de doação, nos termos do art. 539, deve ter aceitação expressa pelo beneficiário (donatário). Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/TJ-MG/ Titular de Serviços de Notas e de Registros. Foi considerado correto o seguinte enunciado: A coisa recebida em virtude de doações onerosas pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. 19 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, 2ª ed. 20 Contrato comutativo é aquele contrato oneroso em que a prestação corresponde a uma contraprestação, que é certa e determinada. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi 2016/Prefeitura de Sertãozinho ± SP/Procurador Municipal. Foi considerado correto o seguinte enunciado: Admite-se, nas doações com encargo, a rescisão contratual com fundamento na existência de vício redibitório. Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. Este artigo apresenta uma opção ao adquirente da coisa. Assim, se o adquirente da coisa que contém vício redibitório quiser, em vez de tornar sem efeito o contrato e pedir o valor da coisa de volta, poderá pedir o abatimento do valor pago, através de uma ação estimatória, permanecendo o bem em seu poder. Art. 443. ¹Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; ²se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. O artigo 443 estabelece diferenças entre o alienante que age de má-fé e o que age de boa-fé, quais sejam: ¹se o vendedor sabia do vício, e, portanto, agiu de má-fé, terá que pagar ao adquirente o valor que foi pago pela coisa mais perdas e danos; porém ²se o vendedor não sabia do vício ± agiu de boa- fé, terá que restituir o valor recebido mais as despesas do contrato.Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. O adquirente poderá: Vícios ou defeitos ocultos (vícios redibitórios) reclamar abatimento no preço rejeitar a coisa ou 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Nesta situação, o vendedor responde pelo vício nos mesmos termos do artigo antecedente, mesmo que a coisa se acabe em poder do adquirente e desde que o motivo que tenha ocasionado este perecimento seja o vício oculto já existente na época da venda. Dos prazos para reclamar (prazos decadenciais): Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. Estes dois prazos volta e meia aparecem nas provas, vamos utilizar esta dica para memorização: Logo após passar no concurso, com seu primeiro vencimento você resolve comprar um carro (bem móvel) e um apartamento (bem imóvel). Caso existam defeitos ocultos, você terá 30 dias para reclamar com relação ao carro e um ano para reclamar com relação ao apartamento. E um detalhe, digamos que você já estava de posse destes bens, neste caso os prazos contam da alienação e são reduzidos pela metade. § 1º. Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. § 2º. Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. Assim, se houver garantia da coisa, e o defeito aparecer após a coisa ser adquirida, esta garantia impede que os prazos de decadência previstos no art. 445, comecem a correr. Somente começarão a correr após o término da garantia. No caso do vendedor não solucionar o defeito, aí sim poderá o adquirente ajuizar a ação redibitória ou a estimatória. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Da Evicção (arts. 447 a 457). Segundo Carlos Roberto Gonçalves: ³(YLFomR� p� D� perda da coisa em virtude de sentença judicial, que a atribui a outrem por causa jurídica SUHH[LVWHQWH�DR�FRQWUDWR´21. (grifos nossos) Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/Câmara de Marília - SP/ Procurador Jurídico. Foi considerado correto o seguinte enunciado: Há garantia pela evicção quando a aquisição tenha sido realizada em hasta pública. 2016/Prefeitura de Rosana - SP/ Procurador do Município. Foi considerado correto o seguinte enunciado: para o exercício do direito de evicção, é suficiente que a parte fique privada do bem em decorrência de ato administrativo. Deste modo, a evicção aparece como uma garantia dada em favor do adquirente, em um contrato oneroso, contra o alienante. Na evicção temos três figuras: o evicto ± que é quem perde o bem na ação; e o alienante que é quem vendeu o bem e o responsável pela evicção; o evictor ± que é quem ganha à ação na justiça e ³readquire´ o bem. Assim, para que haja a evicção, é necessário que se configure em um contrato do tipo oneroso, um vício de direito anterior ou ao mesmo tempo da celebração do contrato. Por meio de uma sentença judicial, na hora em que for realizar o negócio jurídico a pessoa perderá a posse, o uso ou a propriedade da coisa. A evicção poderá, ainda, ser total - quando recair sobre a totalidade do bem, ou parcial ± quando recair somente sobre uma parte dele. Vamos a uma explicação prática: ¹Paulo (alienante) vende coisa a ²João (adquirente). Demos o exemplo de uma compra e venda para que você se lembre de que a evicção está 21 Carlos Roberto Gonçalves Direito Civil Esquematizado, 2ª ed. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi relacionada a contratos onerosos. Acontece, no entanto, que havia um fato anterior a este negócio jurídico e no qual estava envolvido³Lucas. Somente agora o fato é decidido judicialmente e provoca a evicção (a causa jurídica da evicção é anterior ao contrato firmado entre Paulo e João). Temos então a figura de um terceiro em relação ao contrato. Trata-se de Lucas, que será denominado evictor. São figuras envolvidas na evicção: ¹Paulo, que é o alienante. ²Joao, que é o comprador (adquirente), sendo que nesta situação será o chamado evicto. ³Lucas, que é o evictor, o terceiro que reivindica a coisa que foi alienada para Joao. RESUMINDO O que ocorre na evicção é o seguinte: fica decidido judicialmente que Paulo não tinha o direito legítimo sobre a coisa alienada. O titular do direito sobre a coisa passou a ser Lucas. Ocorreu a perda da coisa para um terceiro (Lucas), por exemplo, por usucapião. Paulo (alienante), nesta situação, responderá pela evicção junto ao adquirente (João). Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. As partes contratantes, por acordo seu, podem estipular expressamente no contrato cláusula, para reforçar, diminuir ou excluir o alienante da responsabilidade da evicção. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/Prefeitura de Registro - SP/Advogado. Foi considerado correto o seguinte enunciado: Por cláusula expressa, é possível diminuir a responsabilidade pela evicção. Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Este artigo prevê uma limitação que é a colocação de cláusula conforme previu o artigo anterior ± art. 448. Assim, o valor da coisa deverá ser devolvido, mesmo se o contrato contiver a cláusula que exclui ou diminui a responsabilidade do alienante, se o evicto não sabia do risco da evicção ou se foi avisado, mas não o assumiu ± neste caso deverá também, estar expresso no contrato. No segundo caso, em que o evicto foi avisado do risco da evicção,mas não o assumiu, terá direito a receber apenas o valor pago pela coisa. Não terá direito a perdas e danos porque sabia do risco. Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; Estes frutos são gerados periodicamente pela coisa ou pela propriedade, sem alteração de sua natureza e sem que se extinga sua ação produtiva. Assim, além de cobrar do alienante o preço da coisa poderá também cobrar a indenização sobre os frutos que teve que pagar ao evictor. Veja como esse assunto foi cobrado por outras bancas: 2016/TJ-MT/Analista Judiciário ± Direito. Foi considerado correto o seguinte enunciado: O evicto tem direito à restituição integral das quantias que pagou, salvo estipulação em contrário. II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; O evicto terá o direito de cobrar pelas despesas do contrato como, por exemplo, o custo da escritura. Também terá direito aos prejuízos resultantes da evicção como, por exemplo, a diferença de valor do bem a época que o perdeu com a evicção em relação à época que o adquiriu. III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Assim, tem direito o evicto de receber do alienante, o preço paga pela coisa, as custas judiciais da ação de evicção e também os honorários do advogado. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. Quando a evicção for total, o evicto terá direito de receber o valor da coisa na época da evicção. Se a coisa se valorizou receberá esta diferenciação do alienante, se a coisa sofreu depreciação poderá o alienante pagar um valor menor ao evicto. Quando a evicção for parcial o valor a ser restituído também será o da época que se deu a evicção, e a indenização será proporcional à parte que se perdeu. Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. Por este artigo, a responsabilidade do alienante persiste, mesmo que a coisa esteja deteriorada. Só estará isento desta responsabilidade, se o evicto agiu de má-fé com o intuito de prejudicar o evictor e o alienante, de forma dolosa. Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. Imaginemos que João era dono de uma casa, e que resolveu transformá- la. E durante esta transformação vendeu portas e janelas que não iria mais usar. Aqui vamos ter duas situações: se João ± que obteve vantagens com a venda, for condenado por sentença judicial a indenizar o evictor por conta da transformação da casa, terá ele direito de receber do alienante o valor total da casa perdida por evicção. Porém, se João que obteve vantagens com a venda das portas e janelas, e não foi condenado a restituir este valor ao evictor, o valor a ser ressarcido pelo alienante sofrerá um abatimento. Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi Este artigo nos traz uma situação diferente. Onde o evicto será indenizado pelo evictor pelas benfeitorias necessárias ou úteis que fez na coisa e que não foram abonadas22. Este valor entrará na conta de indenização que será paga pelo alienante, que por sua vez poderá ingressar com uma ação regressiva contra o evictor. Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. Neste caso, as benfeitorias foram feitas pelo alienante, e se entraram na conta da indenização ± foram abonadas, portanto, o alienante poderá descontar o valor referente a tais benfeitorias, do total a ser pago ao evicto. Se as benfeitorias não foram abonadas na sentença, deverão ser pagas pelo evictor para o alienante. Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. Se a evicção for parcial, mas a perda for considerável, o evicto poderá optar pela rescisão contratual, e neste caso deverá devolver a coisa ao alienante, no mesmo estado que a recebeu, e o alienante restituirá o preço pago. Se o evicto optar pela restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido, este valor será calculado proporcionalmente ao valor da coisa no tempo da evicção. Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo. Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos. Este artigo foi revogado pela Lei nº 13.105/15. Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Este é o caso em que o adquirente não está protegido da evicção, porque sabia que a coisa era de outra pessoa, que não pertencia ao alienante, ou que 22 Quer dizer que não foram reembolsadas na sentença. 02697927328 02697927328 - ISABELLE PRATA www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 132 DIREITO CIVIL - TRF 2ª REGIÃO (AJAJ) Teoria e Questões Aula 07 ± Profa Aline Santiago / Prof. Jacson Panichi era objeto de litígio judicial, agiu de má-fé, portanto terá direito somente ao valor que pagou pela coisa. Dos Contratos Aleatórios (art. 458 a 461). Contrato aleatório (ou contrato de sorte) é aquele que envolve uma álea ± envolve um risco. É oneroso, em que uma ou ambas as prestações das partes estão na dependência de um evento futuro e incerto. O exemplo clássico deste tipo de contrato é o seguro. São exemplos encontrados em Nery Junior23: ³Entre outros, são aleatórios: I) por natureza: os contratos de jogo, de aposta, de loteria, de seguro de acidentes, de seguro de vida, cessão de crédito pro soluto, contrato de sociedades em conta de participação (CC 991); II) por vontade das partes: o contrato de compra e venda de coisa futura, pelo qual o comprador deve pagar o preço, ainda se a coisa não venha a existir na quantidade ou qualidade esperadas (CC 459)´� (grifos nossos). OBS: O contrato de seguro por tempo indeterminado, aquele que é para a vida inteira, não pode ser considerado aleatório. Será comutativo, uma vez que a morte é um evento futuro, mas que não é incerto. Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir
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